1 de janeiro de 2000

O Cemitério Paroquial


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- Vista parcial do Cemitério Paroquial de Guisande, em fotografia datada de 1966

Conforme se pode verificar, ainda existiam as sebes de bucho a delimitar os quatro canteiros e para além dos jazigos da Casa do Sr. Almeida do Viso, da capela da Casa do Sr. Moreira da Igreja e mais um ou outro jazigo realizados em granito, a maioria das campas eram rasas, em terra, assinaladas com as características lápides de louza. As dificuldades eram outras e, porque não dizê-lo, as vaidades eram menores.

As verdejantes sebes em bucho foram retiradas aquando da pavimentação das zonas de circulação, no ano de 1973.
Também (na zona marcada por círculo vermelho) se pode ver ainda a existência da lápide em granito, encimada por uma cruz que existia na campa do Padre Carvalho, fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Infelizmente, por desmazelo ou por outro motivo, esta lápide foi destruída ou encontra-se desaparecida. Foi um acto imperdoável e que em nada dignifica a freguesia e a respectiva confraria.

A ter em conta as informações constantes na monografia "Defendei Vossas Terras", do nosso ilustre conterrâneo o Cónego Dr. António Ferreira Pinto, o cemitério terá sido edificado no ano de 1910, logo a seguir à construção da residência paroquial (1906/1908) e a Casa dos Mordomos. 
Ainda segundo a mesma fonte, o cemitério seria quadrado com as dimensões de 40 x 40 m, por isso com 1600,00 m3, mas terá errado nas medidas pois na realidade a geometria do cemitério velho corresponde a um rectângulo com as dimensões de 30 x 40 m. 
As obras de construção foram custeadas por ofertas (subscrição) de um grupo de guisandenses, certamente dos mais abastados.

Apesar dessa indicação de data (1910), temos razões para pensar que o local terá começado a ser usado para sepultamentos por volta de 1846 na sequência da proibição de sepultar os mortos dentro dos templos religiosos, o que até aí era prática. Esta medida ocorreu no tempo do Costa Cabral, que a par de outras acções pouco populares, desencadearam a conhecida revolução da Maria da Fonte.

Por conseguinte, até 1910, data em que foram realizadas as obras, presume-se que o cemitério era um espaço amplo constituído por campas razas.
Já só os mais antigos se lembram, mas no cemitério velho, sensivelmente um em cada canto, existiam 4 enormes cedros, tão característicos dos cemitérios antigos, que mais tarde acabaram por ser abatidos.

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- Data inscrita no frontão da entrada do cemitério, que se refere ao ano das obras de vedação

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- Data inscrita na calçada do cemitério, evocando o ano em que foi realizada a pavimentação. Até então os passeios de circulação eram em terra de saibro

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- Vista de sul para norte, abarcando o cemitério novo e o cemitério velho

O cemitério foi ampliado no final dos anos 80, tendo sido benzido e inaugurado pelo Bispo Auxiliar da Dioceso do Porto, D. Manuel Pelino, em 15 de Julho de 1990, depois de ter visitado a freguesia para a aadministração do Sacramento do crisma.
A ampliação foi desenvolvida para sul do cemitério antigo, desenvovendo-se em relação a este com uma cota ligeiramente inferior.
Esta ampliação veio cobrir a necessidade de procura de terreno para campas e jazigos a que o cemitério velho já não correspondia. Tendo em conta o lento crescimento da freguesia, de resto um problema nacional, com o abaixamento da taxa de natalidade, pelo que se prevê que o actual cemitério cubra as necessidades durante pelo menos as próximas duas décadas.

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- Capela da Casa do Sr. Moreira. Belo trabalho em cantaria lavrada, de autoria de um mestre guisandense (Raimundo Fonseca e filhos)

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- Belo conjunto com capela em granito e imagem em mármore. Tal como a capela da Casa do Sr. Moreira, esta capelinha  foi esculpida pelo mestre guisandense (Raimundo José da Fonseca)

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- Vista aérea do Cemitério Paroquial de Guisande. A contorno azul o cemitério velho e a contorno vermelho o cemitério novo