5 de janeiro de 2017

Unidades e uniões

Já o escrevi por aqui, por enquanto e em face do que vou lendo e ouvindo, não tenho uma opinião muito formada quanto ao assunto da pretensão de saída da freguesia de Milheirós de Poiares para o concelho vizinho de S. João da Madeira. Essencialmente porque  considero que há legitimidades, pontos de vista e argumentos válidos em qualquer uma das partes. Acima de tudo, qualquer decisão eventualmente a tomar deve assentar no respeito pela vontade largamente expressa pela população da freguesia e não com base naquela que resultou de um referendo realizado em 2012, pouco participada face à importância do assunto. Por outro lado, obviamente que o município de Santa Maria da Feira, enquanto parte interessada, deve também manifestar-se, não por petições ou abaixo-assinados mas por referendo e qualquer boa decisão das estâncias superiores deve ter isso em conta.

Por princípio, como feirense, sou obviamente pela unidade do concelho, como fui e sou pela independência das freguesias, e mais do que isso contra a Reforma Administrativa que foi imposta às populações contra a vontade generalizada destas, por um senhor Relvas e o Governo que então o apoiou e tomou a decisão. Em todo o caso, uma união deve ser desejada por todos e mais do que geográfica deve sê-lo na prática.

Sou ainda inclinado a concordar em parte com o presidente da concelhia do PS Feira, Henrique Ferreira, quando lembra que, em contraponto a esta questão de Milheirós de Poiares, aquando da Reforma Administrativa os nossos autarcas aceitaram a mesma de forma muito pacífica, sem oposição, não defendendo então com a mesma veemência a integridade da independência das freguesias, empurrando-as para uniões indesejadas e algumas até desequilibradas.

Em todo o caso, sem ainda tomar partido, considero que a Câmara da Feira e sobretudo o seu presidente, estão a fazer bem o que têm e devem fazer, isto é, defender a unidade do concelho. Não se esperaria outra posição. Pena é que não tenha havido este vigor aquando da mexida nas freguesias, porque esse, sim, seria um sinal de respeito pela unidade do todo mas também das partes.

Por enquanto, no que a este assunto diz respeito, esta é a minha humilde opinião. Não assinei nem assino petições mas em caso de referendo votarei a favor da unidade do município.