16 de abril de 2018

A ilha de Black Mór



Eu sei que são opções, quase uma heresia à luz de algum fanatismo clubístico quase generalizado, mas como há vida para além do futebol (e que tal cultura?) em detrimento de assistir ao Benfica-Porto, ontem preferi ver o excelente filme de animação "A Ilha de Black Mor",  que passou na RTP 2, precisamente no mesmo horário em que decorria o jogo de futebol. 

Este filme de longa duração (85 minutos), de origem francesa, foi produzido em 2004, com um orçamento de 3,21 milhões de euros, dirigido pelo cineasta Jean-François Laguionie, um importante nome no mundo da animação gaulesa, sendo lançado em 2005. Desde então foi merecendo críticas muito positivas de vários quadrantes do mundo da animação, cultura e entretenimento. Claro que tem passado despercebido porque se situa à margem do circuito comercial do cinema de animação hollyoodesco.

O filme num registo de duas dimensões com cores planas com predominância de tons pastel e traços fortes, narra a aventura de Kid, um rapaz de 15 anos que em 1803 escapa de um orfanato situado na costa da Cornualha, onde está trancado e sujeito a um regime de quase escravidão e vai em busca do tesouro de um lendário pirata, Black Mór, do qual tomou conhecimento através de um velho professor do orfanato que nas poucas horas livres lhe lia um livro com a história do lendário capitão pirata.
No dia em que fazia 15 anos, Kid é chamado pelo director do orfanato que, seguindo as instrução do seu pai, deveria libertar o rapaz e entregar-lhe uma carta com instruções. Mas o director nega-lhe ambas e situações e tem a intenção de manter o cativeiro. Kid aproveita uma desatenção do director e escapa por uma janela, a única do orfanato sem grades, e cai directamente no mar envolvente ao estabelecimento, sendo, depois de buscas, dado como afogado.  Kid, porém, sobrevive e vai dar à costa sendo recolhido por dois estranhos que vão ficar seus comparsas na aventura da descoberta do tesouro. Com a ajuda desses companheiros e de uma rapariga, que leva de um mosteiro que assaltam na viagem (pensando ser um rapaz) consegue partir e descobrir o imenso tesouro, mas o maior de todos, para além da descoberta das suas raízes e identidade, descobriu a liberdade e o amor. O ouro e a prata ficam para trás porque para a frente é a liberdade do sonho e da aventura simbolizados no mar alto.

O enredo desta longa metragem absorveu inspiração no romance de aventuras "A Ilha do Tesouro" de Robert Louis Stevenson, e ainda em elementos fantasiosos ligados ao mundo de Júlio Verne,entre outras referências. Apesar de dirigido a crianças, o filme tem uma forte componente poética e mesmo uma abordagem técnica e narrativa mais adequadas a um público mais maduro. Em resumo, um filme para todas as idades.

Quem gostar do género, recomendo.