8 de abril de 2018

Meninos, é hora do recreio


Muitos recordarão esta cena e este local. Muitos outros, os mais novos, seguramente não. Mas trata-se, julgo, de um fotografia  dos anos 50, da Escola do Viso, junto ao recreio do lado nascente. Pelo aspecto da brincadeira, seria em tempo de magusto pois vê-se a pequenada, alguns de pés descalços, à roda da fogueira. Curiosamente apenas se veem rapazes, o que não é de admirar pois por esses tempos, os rapazes tinham uma sala (lado nascente) e as raparigas outra sala (lado poente) e não havia misturas, pelo que o mais provável é que do outro lado do recreio também as meninas estivessem a ter o seu magusto. 
Obviamente que hoje o local está muito mudado. Se o edifício principal ainda existe, embora incorporado no Centro Social, e já, infelizmente, sem a função de escola, toda aquela zona do recreio alpendrado, com as características colunas em "tijolo burro", foi demolida e agora só apenas em algumas escassas fotografias e sobretudo no álbum de memórias  na cabeça de muitos e muitos guisandenses que por ali passaram e aprenderam as primeiras (e últimas) letras. Afinal de contas, a cavalgada do tempo.

Adenda 1: Já depois desta publicação e partilha no Facebook, ali alguém perguntou se a professora aqui de costas, seria a D. Célia Azevedo. Sem ter certezas, até porque esta fotografia em princípio será dos anos 50, mas sem confirmação se da primeira ou segunda metade, respondi que tenho indicações que não será a Prof.ª Célia Azevedo, já que esta terá começado ali a leccionar apenas pelo início dos anos 60.
Assim, e estando de costas, o que não ajuda a identificação, poderá ser a Prof. Noémia, que ali deu aulas nos primeiros tempos, ou ainda a Prof.ª Georgina, que por ali também leccionou nos anos 50. Mas, dependendo da real data da fotografia, não está posta de parte a possibilidade de ser a Prof.ª Célia, logo no início da sua actividade. É uma interessante dúvida e que certamente havemos de resolver. Ainda por esses tempos também ali leccionou a Prof.ª Balbina, a qual em Guisande conheceu e veio a casar com o Custódio da Casa do Santiago.
É claro que durante todo o tempo em que funcionou como tal a escola primária do Viso, foram muitas as professores e professores que ali passaram. Pela parte que me toca, mesmo tendo nascido quase à sombra da escola, apenas ali leccionei a primeira classe, seguindo depois para a então recente escola primária da Igreja onde completei o ensino primário. Nessa minha primeira classe tive como professora a D. Lúcia, de Gião, ainda minha parente. Esta professora leccionou ainda durante vários anos em Guisande.

Adenda 2 - Lançada a curiosidade sobre a eventual identificação da professora que na foto acima aparece de costas e, mais do que isso, sobre o interesse histórico e documental, conversei pessoalmente com a Prof.ª D. Célia Azevedo, a qual, sem prejuízo de uma futura conversa com mais calma e mesmo biográfica, deu algumas interessantes informações. Desde logo que acabada a sua formação iniciou a sua carreira de professora precisamente na Escola Primária do Viso. Começou no dia 1 de Outubro de 1960 e por ali andou até 1970, altura em que passou para a então novinha Escola Primária da Igreja, onde leccionou mais 23 anos, por isso com uma carreira de ensino de 33 anos.
Nesse começo na Escola do Viso, dava aulas aos rapazes na parte da tarde enquanto que as raparigas tinham como mestra a professra Noémia, natural de S. Roque - Oliveira de Azeméis (que viverá actualmente em Milheirós de Poiares).
Por sua vez, na parte da manhã eram professoras A D. Brilhantina Porto, de Louredo e Maria Balbina, a tal que veio a conhecer e a casar com o Custódio da Casa do Santiago, das Quintães.
A professora Georgina, natural do Porto, muito falada entre os mais velhos, foi de facto a primeira a leccionar na Escola do Viso, logo após a sua construção, por isso aproximadamente de 1950 até quase 1960.
É certo que, como já dissemos, pela Escola do Viso foram passando muitas professoras ao longo dos anos, mas a D. Célia do seu tempo no Viso recorda-se também de professoras como a D. Fernanda,  de S. João de Ver, a Alcinda, essa sim, filha do professor Cabral, de Duas Igrejas - Romariz e ainda de uma colega a quem a rapaziada, pela forma muito disciplinadora, com muitos castigos à mistura, chamavam de "Preta". Na altura da nossa conversa não tinha a memória fresca quanto ao seu nome, mas com uma ideia de que se chamaria Fernanda, vinda de Grijó - Vila Nova de Gaia.
Aos poucos procuraremos aprofundar mais esta questão, mas penso que algumas peças do puzzle estarão já encaixadas.