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31 de outubro de 2023

Na véspera dos 61

 


Só para o recordar daqui a mais alguns anos, se chegado lá. Um treinito de hoje, nocturno, na véspera dos 61. Nada mais nem sequer para ser levado a sério.

29 de outubro de 2023

A idade não perdoa

 


Às portas, a poucos dias, dos 61, um treininho dominical que, como dizem os verdadeiros atletas, em rtimo descontraído e de descompressão até porque ainda com sinais de uma recente lesão muscular numa coxa a impedirem de alargar a passada. 

Não é de todo a minha praia partilhar estas merdas, porque a poucos ou mesmo a ninguém interessam, mas como está na moda, não me custa mostrar, aos mais chegados, as limitações de quem já não vai para novo e ainda com uns quilos a mais.

Como dizia o outro, eu já pesei só 10 Kg. Até eu!

13 de setembro de 2023

Fotógrafo mestre! - Ena?

 


Nada que interesse ao mais comum dos mortais, mas entedeu a Google, pela minha humilde contribuição no Google Maps, como Guia Local Nível 7, conceder-me agora o nível de Fotógrafo Mestre, isto porque já adicionei  mais de 100 diferentes locais, mais de 1000 fotos e estas com pelo menos 1 milhão de visualizações.

Fica aqui a nota para um ou outro colaborador do Google Maps que melhor perceberá o significado da coisa.


24 de outubro de 2022

O oleiro do tempo

Deixem-me, amigos, que vos diga,

O tempo, esse nunca volta p´ra trás,

Um ano, um mês, sequer um dia.

Os anos têm um peso que fustiga,

Que da frescura viçosa dum rapaz

Transforma-a em doce melancolia.


O tempo é assim, um laborioso oleiro

A moldar o barro de que somos feitos,

Inacabados desde o momento primeiro

Como vasos a girar na roda, imperfeitos.

19 de outubro de 2022

Fonsecas de Cimo de Vila

 



A minha mãe, Eugénia, é filha de Américo José da Fonseca, de Cimo de Vila, e de Lúcia Alves, do Outeiro. 

Quanto à sua mãe, minha avó, Lúcia Alves Moreira, faleceu quando ela era ainda tenra criança. Já o seu pai, meu avô,  nasceu em Março de 1919 e faleceu em Julho de 2001, sendo um dos vários filhos de Raimundo José da Fonseca (meu bisavô), do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz, e de Margarida da Conceição (minha bisavó), do lugar das Quintães da freguesia de Guisande. 

Este meu bisavô materno, Raimundo José da Fonseca, nasceu em 17 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929, muito jovem, apenas com 45 anos.

Por sua vez, era neto paterno de Manuel José da Fonseca e de Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e Ana Maria d´Oliveira (todos estes meus tetra-avôs maternos)

A minha bisavó materna era filha de António Caetano de Azevedo e de Maria da Conceição, do lugar das Quintães - Guisande. Quando casaram em 9 de Maio de 1907 ele tinha 22 e ela 21 anos de idade.

O meu bisavô Fonseca trabalhava com o pai e com alguns irmãos, sendo  afamadas mestres e oficiais de pedreiro e cantaria, tendo realizado em vários locais diversas obras de cantaria e escultura da mais fina traça. Terá sido ele a realizar a fonte existente na sacristia da nossa igreja matriz bem como a capela mortuária da Casa do Moreira, existente no nosso cemitério e ainda o jazigo de meus avôs paternos, com uma imagem de Nossa Senhora esculpida em mármore sob uma espécie de capela em granito assente em quatro colunas. Similar a este modelo tem de sua autoria um trabalho no Cemitério Paroquial de Fermedo - Arouca.

Naturalmente que tenho muitas memórias dos tempos de criança ligadas a este ramo familiar materno e por conseguinte ao lugar de Cimo de Vila onde tinham casa a minha bisavó - que depois passou para a filha Laurinda - o meu avô e o irmão deste, o Joaquim, cuja casa acima está na fotografia.

Esta casa, ali à face da Rua de Cimo de Vila, está naturalmente velhinha, mas dela tenho várias e boas memórias porque por lá passei muito tempo da minha infância, já que a minha mãe, presa aos trabalhos da casa e do campo, e por essa altura já com três filhos pequenos (eu, o meu irmão mais velho, o Joaquim, e o Manuel, que me segue na idade), deixava-nos ela entregues à minha bisavô Margarida e muitas vezes às suas primas, que ali naquela sua casa trabalhavam como costureiras. Recordo-me, pois, de muitas vezes ali subir à parte de cima daquela espécie de torre e passar as horas entretido a brincar com paninhos e botões e a desfolhar revistas da Crónica Feminina ao som de um pequeno rádio.

Não raras vezes, acompanhava a Ti Ilda Fonseca, prima de minha mãe, bem como a minha bisavó, a que chamávamos mãe Guida, ao Souto D´Além, já a caminho de Cimo de Aldeia - Louredo, onde enquanto apanhavam tojo e carqueja eu brincava  a construir casinhas de pedras e musgo. Outro sítio recorrente de brincadeiras infantis, era o campo da porta e na eira ali bem junto àquele canastro do lado sul da casa. A marginar esse campo, existia um rego que pelo Verão trazia a água da abundante fonte de Cimo de Vila, onde eu montava rodízios de bugalhos e largava barquitos de papel que acompanhava como timoneiro atento já quase até à descida para as Barreiradas, quando o dito "rio" dobrava o muro da Cancela que acompanhava.

Claro está que o largo fronteiro, era palco de habituais brincadeiras e chutos na bola com vários rapazes do lugar, e toda aquela zona envolvente, com a tal casa das primas de minha mãe, a do meu avô e a da minha bisavó, e ainda o amplo campo da Cancela, onde os meus pais também tinha uma parte por herança, eram no conjunto uma espécie de presépio bucólico e do qual tenho fortes lembranças, mesmo que já gastas pelo tempo, tal como a casa.

Muitas coisas mudaram de lá para cá por parte desta cepa de Fonsecas. Faleceu a minha bisavó (já era eu adolescente), o meu avô, os meus segundos tios, a Laurinda Fonseca e o marido Alexandre, e antes deles o Joaquim Fonseca e a esposa Albertina e já alguns filhos destes como o Hilário e o Alexandrino e mais recentemente a Conceição e a Alzira (esta há poucas semanas). Desse ramo dos Fonsecas de Cimo de Vila ainda andam por cá a Ilda, a Celeste, a Idília, a Madalena e o Abel - julgo não ter esquecido mais alguém - , todos irmãos, primos de minha mãe, por isso meus segundos primos. De todos os Fonsecas de Guisande, têm ali em Cimo de Vila a sua origem.

Somos oito irmãos e nem todos ficaram com o apelido de Fonseca. Pela minha parte herdei-o logo a seguir ao nome. De resto, Américo Fonseca, como o meu avô materno e também meu padrinho.

Somos, pois, Fonsecas, com raízes conhecidas em Romariz, porventura mais além, mas os apelidos são como os pássaros, andam por aí de lado para lado, sem poiso certo mesmo para fazer o berço dos filhotes. Uma vezes, como as andorinhas, até regressam ao mesmo ninho, outras vezes, na maior parte delas, vão e não voltam.

As memórias, essas também parecem ter asas e permitem-nos voar e ver as coisas de cima, como uma velha casa, um largo, um lugar. Cerrando os olhos, avivando a chama das memórias, ainda será possível ouvir crepitar na fogueira do tempo, por ali, naquele lugar, os gracejos e algazarras da criançada, que por esse tempo em Cimo de Vila era em mais quantidade do que agora em toda a freguesia. Outros tempos, naturalmente.

Se recordar é viver, também é voar sobre as velhas memórias.

13 de outubro de 2022

Vida de cão num filme com cabra


Porque já se faz tarde para bicicletar antes do jantar, ontem fui correr: Só para quem gosta de números, 10 Km em 55 minutos. É o que se pode arranjar para quem está à porta dos 60 e com a balança ainda a queixar-se. 

Mas não é isto que interessa porque interesse não tem para quem isto escreve muito menos para quem o lê.

Passe o prefácio, o principal da jornada é que já na parte final da corrida, ali pela Leira, vi uma cabra amarrada a um poste com um metro de corda, a balir insistentemente apesar de ter erva fresca à sua volta.

Estranhei e questionei a mim próprio quem é que ali amarraria o raio de uma cabra apenas num metro de corda? Seria para limpar as ervas da valeta, metro a metro? A ideia não seria inovadora mas teria a sua piada.

Por outro lado fiquei a pensar que as cabras às tantas são como as  galinhas, e àquela hora (19 e picos) já com o sol a esconder-se, quereria recolher à corte e mais não fazia que reclamar ao dono.

Mas logo de seguida, percebi: Afinal a cabra viera perdida do lugar de Azevedo, como um cão vadio sem rumo, e às tantas alguém ali na Leira meteu-lhe as mãos aos cornos e prendeu-a à espera do dono, que já estava a chegar com uma corda mais comprida, certamente para a levar de volta e agradecendo a quem ali a parou e reteve na sua caminhada de cabra solta que saltara a cerca. 

É claro que este filme foi exibido em poucos segundos.

Enquanto corria para casa fiquei a pensar na cena e a imaginar se em vez de cães vadios, de tantos que por aí andam, fossem cabras ou cabritos? Mas foi um pensamento inútil, porque se assim fosse ao fim de um dia já estavam todas, pelo menos os cabritos, recolhidas. 

Uma cabra dá leite e mesmo já velha come-se em chafana. Quanto a cabritos, que o diga o Relvas, que não dá mãos a medir a aviar assadeiras domingueiras lá para os lados da Gestosa.

Por conseguinte, andam por aí cães vadios porque em rigor ninguém os quer, nem dentro nem fora da porta muito menos salteados com batatas. É que nisto de os comermos, ainda não estamos na China.

Ora por cá ninguém abandona uma cabra, muito menos um cabrito, mas um cão não tem essa sorte e o que não faltam por aí é cabrões a abandonar cães ou a tê-los presos a um metro de cadeado em que, ao contrário da cabra deste filme, não têm erva verde mas um chiqueiro polido de pó ou lama.

Será por isso, com certeza, que se diz, em lamento, "vida de cão"!

2 de outubro de 2022

Direito ao Domingo


Mesmo só tendo comido uma pequena parte (dividido por 5 a contar com o cão), parece que amanhã lá terei que correr mais 12 Km.

Sempre será melhor que pastilhas e gelatinas.

Mas, que raio, afinal um cozido-à-portuguesa tem direito ao Domingo. E não digam que não é vegetariano: Arroz, batata, cenoura, dois tipos de couve...

27 de setembro de 2022

O Tono Mota chegou aos 60





O Tono Mota (António dos Santos Mota) chega, neste dia 27 de Setembro, aos 60 aninhos. Nascido a 27 de Setembro de 1962, é assim, em cerca de um mês, um pouco mais velho que eu. 

Não sei quantas crianças nasceram em Guisande neste ou no ano anterior. Seriam 4, 5,  meia-dúzia? Mais ou menos? Admito que o ignoro, mas sei que no ano de 1962, por isso há 60 anos, nasceram em Guisande 33 crianças. Foi frutífero, parece-me. Deu homens e mulheres com vidas de trabalho, seriedade e dignidade. São hoje homens e mulheres de família, com filhos e netos, quiçá bisnetos. 

Uns ainda por cá, outros por terras de fora e ainda umas poucas que a morte já ceifou, de que destaco, pela idade jovem com que partiu, bem como por ser também meu colega de infância e juventude, o Carlos, filho do Zeferino Gomes, também já falecido, e da D. Fernanda. Que Deus o tenha na sua companhia!

Dessa trintena de gente nascida em 62, julgo saber o nome de vários: O António Mota, de quem agora recordo a propósito do seu aniversário, a Paula Lopes, o Mário Joaquim, a Maria Albertina, a Maria da Conceição (do Alcides de Jesus), o Joaquim (da Guilhermina), a Maria Fernanda, o Carlos (do Teixeira), o José Carlos (da Pereirada), a Maria da Anunciação, a Laura (falecida), a Maria Albertina (da Eva), o Leonel (do Menina), a Maria de Fátima (da Natália), o Carlos Alberto (meu primo), o Carlos Alberto (do Zeferino) (falecido), que atrás referi, o Eduardo (da Palmira), o António Fernando (do Cartel), a Maria Jacinta, da Leira, e outros mais. Portanto, mesmo não sabendo o dia e mês de aniversário da maior parte deles, alguns já fizeram e outros a fazer os tais 60 anos, de algum modo, para além de um número redondo, cheio de significado. 

Seja como for, o Tono do Mota, ou o Mota, como o chamo, tenho-o como um dos melhores amigos dos bons velhos tempos, desde a escola primária, Ciclo Preparatório, em Lobão, pelos tempos de juventude, confidências e conquistas de namoricos e depois os tempos da tropa, ele no Exército, na especialidade de Comandos, orgulhosamente com a sua boina vermelha, e eu na Marinha, com o meu panamá branco.

É certo que depois de ambos casados (e fui ao seu casamento, num dia frio de Inverno, na freguesia de Louredo), as nossas vidas naturalmente tornaram-se outras, já não com a liberdade desenfreada de solteiros e tempos de copos e farras, mas fazendo então pela vida,  construindo casa e criando filhos. Apesar disso, até pela proximidade dos nossos ninhos, fomos sempre "tropeçando" um no outro, ora no café,  no trabalho, ao final de uma missa, ou mesmo numa qualquer festa, pondo então a conversa e o rumo da vida mais ou menos em dia.

O Mota foi sempre um tipo certinho, menos dado a brincadeiras e tropelias como, por comparação, com as do Beto Jorge, outro amigo comum dos bons velhos tempos. Mas se não tão expansivo e brincalhão como o filho do Albertino, seguramente mais assertivo, sempre leal nas pequenas e grandes coisas, no tempo em que partilhamos muito das nossas saídas em solteiros. De resto muitas vezes ia-mos à boleia um do outro, nas nossas motorizadas, na minha Fórmula 1 EFS-Sachs e na dele, uma V5 Sachs. 

Temos, por isso, mesmo que já enevoadas pela neblina do tempo, muitas aventuras e histórias em comum, correndo e galgando tudo quanto era sítio, festas e desfolhadas, na cata de raparigas namoradeiras. E quando algum de nós se prendia, mesmo que por dois ou três domingos, era simultaneamente um nó na garganta, porque depois do almoço, de um café e um "pneu" (águas castelo com uma rodela de limão) no café do Américo, acabada na RTP a corrida de Fórmula 1, quase sempre ganha pelo Nelson Piquet, Alan Prost ou Nikki Lauda, lá ía-mos os dois, já não juntos a partilhar a motorizada, mas separados, cada um por si. 

É claro que nisto de procurar a rapariga certa para a vida era uma espécie de jogo de aprendizagem por tentantiva e erro, e assim depois de dois, três ou quatro domingos a dar conversa, lá ficávamos novamente solteiros e de novo juntos nas saídas. Mas algum dia tinha que ser e o Mota, bem dentro do seu estilo de certinho, pouco depois de terminar a tropa, procurou assentar e arranjou uma valente mulher para a vida, ali bem perto de casa, na vizinha freguesia de Louredo. Lá me deixou, o Mota,  sozinho nas saídas domingueiras, mas nesta coisa de colegas de solteiro é como a partida das andorinhas depois do Verão e sentidos os primeiros frescos de Outono, uma a uma vão partindo todas.

Assim, poucos anos depois também lá deixei a solteirice e, seguindo o exemplo do Mota, fiquei igualmente por perto, até mesmo na mesma terra. Coisas.

Como disse, o Mota casou bem,  fez casa, criou e educou bons filhos e tem estado por ali bem perto da igreja de Louredo, quase a meio caminho da sua casa natal, no lugar do  Reguengo, que parte dela herdou dos pais, o Sr. Celestino e a Sr.a Isabel. 

Teve sociedade na área da construção civil com o seu irmão Manel que já depois deste abraçar a reforma, tem estado a trabalhar por sua conta e risco, sempre com muito trabalho e competência, mas sem canseiras exageradas, destas que por vezes e como certas corridas, nos levam à tentação de dar passos maiores que as pernas, tropeçando. Para quê empreender  muralhas se podemos fazer muros? O Mota foi e é assim, de passos curtos mas certos.

Apesar da sua discrição, tem integrado a vida da comunidade de Louredo, fazendo parte, desde há anos, do seu excelente grupo coral. Quem diria? Um pedreiro a arrancar salmos, hossanas e aleluias? É assim mesmo! Afinal, comigo e com outros, como o Rui Giro, o Orlando, o Maximino Gonçalves, etc, fez parte do grupo de alunos da primeira escola de música de Guisande, ali pelo início dos anos 1980, no Salão Paroquial. De resto, como nas parábolas cristãs, todos temos alguns talentos e, por poucos que sejam, importa que os façamos render e apresentar boas contas a quem no-los confiou. 

Não quero nem importa dar rasgados e exagerados elogios ao Mota, nomeadamente enfeitar o ramalhete com flores que ele não tem no seu jardim, mas tão somente  enaltecer a sua simplicidade, o bom carácter, a amizade e a lealdade, e dizer-lhe, publicamente, que tenho-o como amigo e um dos melhores dos meus bons velhos tempos. 

Não sei se me tem em igual conta, mas quero acreditar que sim, e por isso, porque quase a par nesta coisa do caminhar pelos degraus da escada da vida, em que nunca sabemos quando terminará, vamos continuando a subir, ou, como me parece ao chegar aos 60, a descer, mas que seja, até quando Deus quiser. Importa é descer de passo firme, sem nunca escorregar.

Bom aniversário, Mota, e que venham muitos mais e bons e que eu os conte!

24 de setembro de 2022

O regador mágico


Os mais novos, e por conseguinte a maioria dos que andam pelas redes sociais, não se lembram de todo, mas em meados dos anos 1970 passava na televisão uma série de humor inglesa, "O regador mágico", do original "Pardon my genie". Grosso modo era um regador que, tal como na lâmpada mágica do Aladino, continha um génio que de lá saía quando era esfregado e concedia o habitual desejo ao seu dono.

Mas este pequeno regador verde, em plástico, nada tem de mágico. A sua magia reside simplesmente no facto de, mesmo sendo pequeno, ter o tamanho certo para nele caber e brincar um pequeno gato, genial mas não génio dos desejos.

Daqui a umas semanas já lá não caberá e perder-se-á a magia. 

Esta cena faz-me recuar aos tempos de infância em que na casa paterna existia (e existe) uma daquelas aberturas estreitas e baixas, chamadas gateiras, porque feitas precisamente para por elas entrarem os gatos e  assim caçarem os ratos nas lojas (arrecadações) das casas antigas. 

Mas nesses tempos de tenra infância, eu conseguia transpor, ladino como um gato, essa gateira, de fora para dentro e vice-versa.  É claro que hoje já lá não cabe a cabeça, quanto mais os ombros. 

Mas estas coisas, afinal, só ajudam a relembrar que todos nós já fomos pequenos, pequeninos, capazes de entrar e sair por sítios onde só passam gatos.

A vida como ela é, com magia mas sem génios.

19 de setembro de 2022

Náufrago do tempo


Eis-me aqui, todo em pleno mar,

Sem farol a guiar a porto seguro,

Sem barco, sem âncora, nem bóia

Em água temerosa.


Fugi, perdi-me para me encontrar,

Mais livre, solitário, mais puro,

Como quem busca tesouro ou  jóia

Mais rica, valiosa.


Talvez nesta imensidão ondulante,

Espelho da negrura da alma e céu,

Eu encontre uma rocha firme, a fé,

Que me resgate desta morte certa.

Serei então um solitário mareante

Digno, sereno, despojado de labéu,

Um novo e renovado homem Crusoé

No reencontro da ilha deserta.


Eis-me aqui, náufrago em verdade

Já com fundada, renovada esperança,

Porque passada a dor, a tempestade, 

Ressurge a doce e vindoura bonança.


Eis-me aqui, vivo, já fora do mar,

Seguro, mesmo que a noite caia,

Porque um homem pode naufragar

Mas dará sempre à sua praia.

16 de setembro de 2022

Gente nossa - O José Almeida está de parabéns!



Porra! Anda um homem a escrever coisas bonitas e sentidas para os de fora e não as há-de escrever sobre alguém da família? 

Mas olhem que não é fácil, porque nestas coisas de enaltecimentos, os famíliares são sempre os mais poupados, não porque esquecidos ou menosprezados, mas um pouco como o pai do filho pródigo no tratamento para com o seu primogénito: - Filho, tu estás sempre comigo, e as minhas coisas são as tuas!

Mas a verdade é que esta parábola é mesmo difícil de mastigar, ao alcance  de poucos na sua aplicação, mas por isso, por quase impossível ao entendimento pelos olhos da nossa frágil humanidade, é que Cristo a contou como exemplo. Mas, retomando, nestas coisas de falar dos outros, estes são os filhos pródigos e os da casa, os filhos mais velhos. Creio estar desculpado ou pelo menos justificado.

Mas, hoje, a propósito do seu aniversário, e nem importa saber quantos, quero dar uma palavrita ao José Almeida, meu primo por parte dos nossos pais, o meu, o António, o dele, o Joaquim.

O José Almeida, o Zé ou o Zé da Glória, está naturalmente mais mole porque com o peso dos anos, os ensinamentos da vida e as artimanhas dos ossos. Mas mesmo que ainda com uns arrebates dos velhos tempos, já não é o que era de impetuoso, e por isso para melhor. Tinha um temperamento de mar do norte, ora calmo e sereno, ora a levantar ondas e tempestades. A bem dizer, fervia em pouca água, mas com a particularidade de apenas quando sentia que estava a ser desrespeitado ou desconsiderado.

Perdoar-me-á, mas só para atestar esta fácil fervura, partilho um episódio testemunhado na primeira pessoa: Houve uma altura em que o acompanhava à lota a Matosinhos onde comprávamos peixe congelado. Ao chegar, no parque de estacionamento estava ali um lugar disponível, mas ele precisava de dar a volta com a sua carrinha e então pediu-me que ficasse a guardar o lugar enquanto manobrava. Assim fiz, mas entretanto chega de rompante um chico-esperto, que mesmo contra a minha indicação de que o meu primo já ali vinha estacionar, ignorou e estacionou. Pois, bem! Ali chegado e posto ao corrente, o meu primo enfrentou o tipo com impropérios, sacou de uma espécie de bacamarte de partir queixadas, que tinha algures na carrinha, e o condutor espertalhão, perante aquela tempestade vulcânica não teve outro remédio senão, com o rabo entre as pernas, esgueirar-se a ir procurar abrigo. É que se não fosse isso, e a propósito do local, ele iria apanhar umas valentes solhas, congeladas, porque mais duras. Mas felizmente, a coisa resolveu-se, senão iria ser ali uma peixeirada. E num instante o Zé já estava outra vez envolto em bonança, calmo, sereno, a encher a carrinha de peixinho do mar do norte.

Mas apesar desta sua característica, o Zé é uma pessoa com uma enorme bondade e disponível para ajudar. É certo que esse seu temperamento por vezes dificulta as coisas, para ele e para quem com ele convive, mas, porra, quando um homem se sente com razão, não há força que o cale! Fosse a jogar uma sueca, a ver ou ouvir um jogo do seu Porto, convinha não agitar as águas com o Zé.

O José tem uma vida pacata e certinha, que vive ao lado da sua Adelaide de sempre, boa e fiel companheira, mesmo a aturá-lo na fervura. Bom marido, bom pai, e bom avô. Criou filhos e já com netos, e creio que bisnetos. Casou cedo, porque apesar de viver numa família onde nada faltava, tinha uma educação austera e por esses tempos as mãos maternas, porque calejadas, eram pesadas. Assim casou novo e e a lua-de-mel não tinha aquecido e já marchava para o serviço militar em África. Depois emigrou para França, regressou, trabalhou na Câmara Municipal da Feira e, finalmente, na merecida reforma, já há uns anos.

Mesmo com esse seu tal feitio que não é defeito, foi sempre participante da vida comunitária, exercendo, e bem, a sua quota parte de cidadania. Integrou corpos directivos do Guisande F.C., fez parte da política, do associativismo, até do Grupo Coral, e desde há alguns anos que é ministro da Comunhão cá na paróquia. Não se pode exigir mais. Há quem, literalmente, nunca tenha mexido uma palheira pela terra e pela comunidade.

Por tudo isso, e bastaria o ser gente, tanto mais boa gente porque familiar, faço votos de um feliz aniversário e que por cá ande muitos mais, mesmo que de vez em quando chateado com os ossos. É a vida!

Parabéns, primote, e desculpa qualquer coisinha por te expor assim publicamente!


15 de setembro de 2022

Efemeridade

Ainda ontem, durante a minha corrida, cruzei-me duas vezes com ele, um gato estilo siamês, ali entre a rotunda da Farrapa e a Rua das Fogaceiras (Urbanização de Linhares). Na parte inicial, fugiu assustado à minha frente, subindo com agilidade ao mato, mesmo entre tojo e silvas. Passado algum tempo, no regresso, 10 Km depois, já na berma, com ares de assustado, mas manteve-se calmo e parado enquanto eu passava ofegante. Percebeu que a minha corrida não era de perseguição mas a de um tolo qualquer a cansar o corpo.

Era, pois, um gato que por ali andava. De resto já o tinha visto dias antes.

Hoje, novamente no regresso da corrida, dei com ele nas piores circunstâncias, já na valeta, defunto por uma forte pancada certamente de automóvel. O chão ainda ensanguentado. Teria sido durante o dia de hoje.

Um pouco antes, tinha ouvido o sino de Guisande a gemer a finados. Não foi pelo gato, pois não, mas poderia ter sido. 

Rais´parta a vida como ela é!  Uma feliz criatura num dia, vivaço e livre, e no dia seguinte uma amálgama de nada, inerte, sem vida. 

Estragou-me o dia. Não o gato, mas o seu triste fim. Ainda tinha muita gatice pela frente, mas o destino ou o raio de gente apressada a conduzir que, mesmo podendo, nem se desvia, encurtaram-lhe a vida, ali, bem perto do território que marcara como seu.

Acredito que os animais também têm alma. Se não a têm, têm a que lhe damos.

Paz à sua alma!

6 de setembro de 2022

Dador de sangue - Dar o seu a seu dono

Sou dador benévolo de sangue desde 1983, altura em que iniciei o serviço militar, mas com regularidade desde Fevereiro de 1991, altura em que em Guisande se iniciaram as colheitas com regularidade bi-anual.

Inicialmente os primeiros eventos de colheita estiveram a cargo do Instituto Português do Sangue – Porto, e posteriormente passaram para a o núcleo de Coimbra, situação que ainda se mantém.

Inicialmente os cartões de dador eram em formato de papel, sendo as dádivas ali anotadas. Depois deu-se a transição para o formato digital com micro-chip.

Em Agosto de 2019, questionei os serviços centrais do IPS para confirmar o número total das minhas dádivas e foi-me respondido que à data contabilizava 27 dádivas. Ora este número não podia estar certo, até porque até 2009 eu já tinha recebido dois certificados correspondentes a 20 dádivas e por isso com direito a uma medalha cobreada, pelo que com mais 10 anos em cima, num total de 20 episódios de recolha, a que sempre compareci, era pouco crível que apenas me fossem contabilizadas apenas mais 7 dádivas.

Questionei ainda o serviço da Associação de Dadores de Santa Maria da Feira mas também não foram capazes de dar a informação global, para além da indicada pelos serviços centrais. Voltei a questionar, anexando novas informações, mas nem sequer obtive resposta.

Na última sessão de recolha efectuada aqui em Guisande - Santa Maria da Feira, em 23 de Julho de 2022, foi-me informado que atingi um número superior a 30 dádivas, ficando, por isso, abrangido com a isenção definitiva de taxas. Mas obviamente poderei continuar a doar sangue, até aos 65.

Inconformado com este número, por estes dias voltei a questionar o serviço central e voltei a juntar argumentos e documentos, incluindo o anterior cartão em formato papel, e finalmente, reconheceram o erro e relacionaram ambos os históricos, pelo que tenho neste momento 45 dádivas efectivadas, e com o tal direito à medalha prateada (40 dádivas).

A medalha é obviamente uma questão menor, mas mais importante é a reposição da verdade. Se um dador concedeu 45 dádivas, porque carga de água lhe hão-de ser consideradas apenas 32?

Lamenta-se que, nestas como noutras coisas, os serviços por vezes falhem e não sejam capazes de agir com rigor e justiça. Felizmente, por força da minha insistência e com provas e argumentos mais que válidos, lá reconheceram a falha e prontificaram-se a repor a verdade e a actualizar o histórico.

Serve esta conversa para fazer ver a outros dadores, nomeadamente de Guisande, que certamente estarão na mesma situação. Por conseguinte, quem assim o entender, por uma questão de justiça e rigor, que procure accionar os seus direitos.

Parece-me, finalmente, que à própria Associação de Dadores de Santa Maria da Feira caberia e ficaria bem ajudar a resolver esta disparidade e a repor a justeza. Infelizmente, nos contactos que tive, não me pareceu haver essa disponibilidade em ir mais além.

5 de setembro de 2022

A vida em papelada



Quando temos algum tempo livre, mesmo que já no queimar dos últimos cartuchos de uma pausa no trabalho, designado por muitos, de férias, há a tentação de deitar mãos à obra e mexer em velhas papeladas, dando o devido destaque a umas, organizando outras e queimando outras mais. 

Com esta minha velha mania de guardar caixas e embalagens e outros papéis (e ainda bem, porque à conta disso tenho cadernetas de cromos dos anos 70 a valerem 500 e mais euros, e cromos a valerem 5 euros por unidade), às tantas damos de caras com a box do telemóvel Nokia 6600, da máquina fotográfica Sony DSC-P71, do CD da Sapo ADSL, de uma colecção do “Bits & Bytes” – suplemento do Jornal de Notícias, da colecção da revista PC Guia dos anos 90,  revistas dos anos 70, como a Tele Semana e a Crónica Feminina, etc, etc, coisas e tecnologias que ainda há duas ou três dezenas de anos eram a cereja no topo do bolo e que hoje nos parecem as velhas mocas dos homens das cavernas.

As coisas são como são. Nem sempre é saudável mexer no estrume com que plantamos e fizemos crescer as nossas vivências e convivências, mas verdade se diga, tudo o que somos hoje, para o bem e para o mal, somos o fruto dessas árvores.

E posto isto nestes termos, porque guardados, damos de cara com os cadernos diários dos primeiros tempos de escola dos nossos filhos, e dos seus desenhos inocentes, e percebemos que, como num flash, passaram vinte anos, duas décadas. 

E o lugar comum de que "ainda parece que foi ontem" torna-se mesmo realidade.

Ficamos assim atados nesta dicotomia do que é mais certo, se o guardar tudo aquilo que um dia nos vem dar um murro no estômago sobre a saudade do reviver em imagens o tempo passado se, pelo contrário, queimar tudo na primeira oportunidade e com isso fazer das memórias e testemunhos apenas cinza que o vento leva.

Tem que se lhe diga. E se há gente que queima os vestígios do seu passado sem o mínimo de esmorecimento, já outros, como eu, teimam em guardar tudo o que um dia nos possa abrir a janela do passado, mesmo que isso nos possa fazer chorar. Se de dor ou de saudade, ou de vergonha, isso pouco importa.

Mas, verdade se diga, com tanto já vivido e incerto quanto ao que virá,  pouco importa mudar agora a agulha como num velho gira-discos. O sulco já é demasiado profundo.

15 de junho de 2022

José Baptista e Délia Lopes - Bodas de Ouro

 

No Grupo Coral aquando do meu casamento

Num momento de convívio num aniversário da LIAM

Ouvi dizer que o José Baptista e a Maria Délia Lopes estão por estes dias a celebrar 50 anos de matrimónio (Bodas de Ouro).

Sendo assim há que endereçar os parabéns a ambos e ficar à espera dos 75. Não é para todos mas há que ter esperança.

O Zé Baptista sendo de Lobão, é de Guisande há pelo menos este meio século e como tal é dos nossos. Não podemos negar que é uma figura carismática da nossa freguesia e que a ela tem dado um positivo contributo nomeadamente nas suas participações na Assembleia de Freguesia, dirigente do Guisande F.C. e sobretudo no âmbito da paróquia onde por várias fases e durante muitos anos foi um elemento destacado do Grupo Coral, com a sua voz bem timbrada e característica. Mesmo quando fora do grupo, mas apenas na assembleia das celebrações, a sua voz ouve-se e distingue-se.

É certo que o peso dos anos amacia as pessoas e como tal também ele está mais caseiro, menos participativo nas coisas comunitárias, mas sempre com uma grande energia que dedica no amanho e cultivo da terra, que faz com paixão.

Estão já para trás os seus tempo de mais juventude, em que o nome José Pereira Baptista era sinónimo de Picheleiro e Electricista, como assim publicitava o jornal "O Mês de Guisande" pela década de 1980. 

Adepto ferrenho e apaixonado do F.C. Porto e politicamente Social Democrata convicto, tem sido uma pessoa de convicções mesmo que por vezes com um temperamento exacerbado, mas que mais que um defeito é uma característica positiva da sua forte personalidade. De resto, a freguesia precisa de pessoas feitas com esse molde. Gente que nem aquece nem arrefece, que entre muda e sai calada, é o que não falta por cá. Fazem falta mais Batistas.

Pessoalmente tenho por ele uma grande estima e consideração pessoal e creio que ele o reconhece. Nos momentos em que tivemos oportunidade de conviver, nomeadamente no Grupo Coral, Grupo da LIAM, etc, foi sempre uma pessoa positiva e bem disposta. Por vezes vira-se do avesso, é certo, mas, caramba, até os melhores têm os seus arrebates.

Quanto à  Maria Délia, como a conhecemos, é bem mais sossegada e discreta, mas igualmente dedicada às suas coisas e fazendo parte também das nossas, da paróquia, nomeadamente como catequista, na LIAM, etc. 

De um modo ou outro, este casal procurou viver de acordo com os bons valores do matrimónio como a compreensão, tolerância, estima e dedicação. Não tiveram a felicidade de ter filhos mas têm-se um ao outro e sobretudo à grande família de ambos e também os amigos Só com essas qualidades alguém, nos dias de hoje, pode ter o privilégio de celebrar bodas de ouro matrimoniais.

Parabéns a ambos e felicidades para o que falta vir!

28 de maio de 2022

Família Gonçalves - Guisande - 20º Convívio


A família Gonçalves de Guisande teve hoje, 28 de Maio, o seu convívio anual, depois da interrupção nos últimos dois anos devido à pandemia. A última edição realizou-se no Monte do Viso em 2019 e neste ano de 2022 decorreu no Parque de Lazer da Várzea - Pigeiros. 

Como será compreensível, ainda em contexto de pandemia, e porque naturalmente a muitos não será fácil conciliar as agendas pessoais e profissionais com a data e o local, até porque vivendo em locais afastados e mesmo no estrangeiro, o número de participantes esteve bem abaixo do que se verificou em anos anteriores. Seja como for, é sempre importante manter a ligação a quem quer e pode participar.

Esta família, de cujo ramo começa no lugar de Estôse, mas com ligações antecedentes à freguesia de Duas Igrejas, actualmente lugar da freguesia de Romariz, tem já centenas de elementos espalhados pelo país, ilhas e estrangeiro. 

Parabéns ao Pedro Santos pela organização e a todos quantos contribuiram para que nada faltasse. Bem-hajam!

Sobre as origens da família Gonçalves:

Do latim Gundisalvici, de formação patronímica - "filho de Gonçalo" - Deriva ainda do germânico Gundisalvus que pode significar "salvo no combate", "homem disposto a participar de toda luta" ou simplesmente "guerreiro".

A família é de origem espanhola , do reino da Galícia, com Moniz Gonzalo. Seu descendente Dom Antão Gonçalves foi o primeiro da linhagem portuguesa. Senhor de Alentejo, Visconde e Arquiduque, títulos nobiliários reconhecidos com méritos pelos serviços prestados à Coroa, a quem antes do séc. XVI, foram concedidas armas que já figuram no Livro do Armeiro-Mor datado de 1509.


Brasão:

-De verde, uma banda de prata, carregada de dois leões (ou leopardos) rampantes (de pé, eréctil, com as patas dianteiras levantadas) ou passantes (caminhando com a pata direita levantada) de púrpura, armados e lampassados (língua de fora) de vermelho.

-Timbre: um leão de púrpura, sainte, armado (garras de fora) e lampassado de vermelho.

Luz de Maio

Não! Não há luz como a de Maio

Porque límpida, desenevoada,

Quase um esplendor em ensaio.


Nasce na manhã fresca, solteira

Como noiva bela, perfumada

No seio em flores de laranjeira.


Ao poeta tão pouco lhe basta

Mas Maio, farto, dá-lhe tanto

Chegando a sobrar inspiração.


Então a palavra sai pura, casta,

Num devaneio de singelo encanto

E dela o poema brota de emoção.


A. Almeida

25 de maio de 2022

O Jorge Ferreira está de parabéns!


Sei que não vai muito com estas manifestações (lamechices) expressas de forma pública, mas atrevo-me a fazê-lo, essencialmente porque me considero seu amigo e tenho-o igualmente em tal conta.

Sendo certo que é um pouco mais velho do que eu, temos tido uma boa relação desde há muito. E começou logo quando foi convidado ao meu casamento, ainda com o cabelo e bigode pretos. 

Depois, muitos anos em actividades ligadas à Associação Cultural de Guisande "O Despertar", companheiro de futebol de salão quase durante vinte anos e, mais recentemente, companheiro habitual das caminhadas por trilhos, subindo e descendo montes e vales, sempre numa boa passada.

Por tudo isso é merecida uma justificação de parabéns por mais um aniversário. De resto nem custa dar os parabéns aos amigos. 

Em todo o caso, principalmente para os mais novos que naturalmente não conhecem ou ignoram o percurso dos mais velhos, importa lembrar que o Ferreira, como quase sempre lhe chamámos, merece os parabéns, não só dos mais chegados, como familiares e amigos, mas de um modo geral de todos os guisandenses, já que para além de tudo teve e ainda tem um importante percurso e um contributo de cidadania, que é de enaltecer num tempo em que muitos dos valores que nos ligam à identidade da freguesia estão em perigo. 

O Jorge foi um exemplar jogador do Guisande F.C., dirigente da Associação “O Despertar”, sempre pronto e disponível, nomeadamente quando existia a secção de natação e Escola de Música. Ainda membro da Assembleia de Freguesia e secretário da Junta de Freguesia de Guisande (2001-2005). Colaborador nas coisas da paróquia, provavlemente mais que muitos que são assíduos fregueses.

Mesmo agora, já merecedor do retempero da reforma, continua a ajudar o Centro Social, a Associação de Dadores de Sangue, etc.

Para além de tudo, enquanto funcionário do Banco Espírito Santo, foi sempre prestável e disponível para ajudar na questão das burocracias relacionadas às nossas poupanças. Quem já não precisou dos seus serviços e favores?

Por tudo isso, desculpa lá, Jorge, mas fica aqui este registo. Não devemos guardar para amanhã o que podemos e devemos dizer hoje.

Parabéns, e quanto a anos de vida que venham, se não muitos, pelo menos os suficientes, mas bons, pois ainda temos muitos quilómetros para trilhar por esses montes e vales e a próxima jornada já está marcada. 

Não importa quantos faças mas os que faltam fazer. Parabéns!

10 de abril de 2022

Veríssimo, um dos cinco reis da alegria


Nas minhas habituais voltas de bicicleta, em 99,99% das vezes ando sozinho. E não porque o não pudesse fazer com companhia, mas essencialmente porque gosto de andar sozinho. No fundo fazer, 40, 60 100 ou 120 Km é naturalmente um exercício físico mas é sobretudo uma jornada espiritual já que sou apenas eu próprio, a bicicleta, a estrada, os lugares e os meus pensamentos. Depois, o esforço e tantas vezes algum sofrimento quando já cansado, enfrenta-se mais uma subida de 6, 8, 10 ou mais quilómetros.

Mas por vezes lá arranjo um companheiro de viagem, não daqueles que andam por aí convencidos com eles próprios que ainda podem ir à Volta a Portugal ou mesmo ao Tour de França, e passam e andam sem qualquer aceno ou cumprimento, e por vezes até apanhados à frente, mas daqueles que se metem ao nosso ritmo e se dão a conhecer, dizem de onde vêm e para onde vão, e às tantas partilhamos parte da corrida num ritmo vivo mas ao lado e com boa conversa. Assim ficamos a conhecer aqueles ilustres desconhecidos que também por aí andam solitariamente a pedalar, sem se importarem em dar a conhecer ao mundo as suas voltas, os seus ritmos e a suas médias.

Pois bem, ontem, pedais ao caminho e mais uma volta por terras de Oliveira de Azeméis, Vale de Cambra e Arouca. Pelo caminho conheci o Veríssimo, com mais 12 do que eu e menos 30 do que eu. Descodifico: Mais 12 de idade e menos 30 de peso. Um autêntico pena de pavão, que bem poderia ser bailarino  ou jockey de um veloz garanhão. Mas simpático e falador e com muitas histórias para contar.

O Veríssimo será do lugar de Goím, Romariz e mora em S. João da Madeira. Na reforma, pois claro, pedala quase todos os dias e assim tão levezinho quase vai de barco à vela, sem esforço, ao sabor do vento. Para ele até as subidas são a descer.

Mas o Veríssimo é eclético e, tocador de acordeão,  também faz parte de uma banda de música popular, um trio, sendo que em tempos fez parte de um conjunto, de que, pasme-se, já eu tinha ouvido falar, ali pelos finais da década de 1970. É verdade, o Veríssimo era um dos "Cinco Reis da Alegria" e conhecedor dos meandros dos conjuntos típicos desses tempos. Até é amigo do Nocas, dos Irmãos Leais.

Gostei de conhecer este Veríssimo e um dia destes talvez o volte a encontrar a pedalar. É certo que me convidou para levar comigo a minha guitarra e aparecer nos ensaios, mas já não tenho vida para isso. Em casa vou dando uso à guitarra, concertina  e órgão, mas apenas por desfastio e por ora a minha música vai sendo outra. Quem sabe, quando e se chegar à reforma, faça um treininho com o Veríssimo a tocar o "Eras tu, ó Madalena".

Gostei de conhecer o Veríssimo. Um genuíno rei da alegria e camaradagem.

4 de abril de 2022

Sobre o meu livro (a caminho)

O meu livro de poesia e contos ("Palavras Floridas"), já em fase final de produção, o qual conto que me seja entregue ainda antes da Páscoa, ou não acontecendo, logo de seguida, não se destina à venda

Será sobretudo para oferecer a familiares e amigos e a outros guisandenses próximos que demonstrem esse interesse pelas coisas da poesia e cultura e, claro, dentro da disponibilidade e da quantidade que mandei imprimir.

Já quanto ao meu futuro livro, também já em preparação adiantada, e que tenho projectado que seja publicado lá mais para o  primeiro trimestre do próximo ano, porque relacionado a assuntos da freguesia e com uma publicação mais onerosa, já que estou a prever que tenha entre 250 a 350 páginas, nessa altura terei que equacionar pelo menos a venda de parte da tiragem, o que a acontecer será sempre a preço de custo. Mas claro que na altura as coisas serão melhor definidas.

Até lá ainda há trabalho pela frente, nomeadamente de composição, grafismo e revisão. Os conteúdos está praticamente definidos faltando seleccionar e complementar.