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28 de setembro de 2018

Olha o passarinho...


Esta fotografia de 16 de Junho de 1955, é porventura, das conhecidas, uma das mais antigas relacionada à nossa igreja matriz e zona envolvente a norte e nascente, com o adro e a residência paroquial. Como se poderá perceber, foi tirada a partir de um terraço da casa da família do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, então conhecida como Casa do Sr. Moreira (sogro do Dr. Joaquim Inácio).
Pode-se observar vários pormenores, desde logo as árvores que existiam no adro, como a famosa e frondosa cerejeira, abatida em 1 de Dezembro de 1956, de que já falamos aqui. Também uma oliveira na parte mais central, à direita Por essa altura o adro estava ainda despido quanto aos arbustos que foram plantados em fase posterior, pelo início dos anos 60..
Ainda os pormenores interessantes da residência paroquial, nomeadamente a pintura da chaminé original (esta posteriormente demolida e edificada em seu lugar uma mais pequena, aquando de obras na cozinha) bem como um lambrim igualmente em pintura. Não o sabendo, seria natural que fosse em tom azulado.
Ao fundo, percebe-se ainda a antiga Casa dos Mordomos, que anos depois, no princípio dos anos 60, seria demolida parcialmente para dar lugar ao actual Salão Paroquial.
Por todos os aspectos que dela se podem obter, esta foto é em si mesma um importante documento e testemunha de um passado já algo distante (63 anos).

Abaixo a foto com a indicação do local onde foi obtida a foto de cima


Abaixo a foto com a vista geral do local, na actualidade, percebendo-se a ausência da referida chaminé existente na residência paroquial em 1955.



12 de setembro de 2018

Sinais dos tempos


Bem sabemos que normalmente estas coisas, que não dependem única e exclusivamente da nossa vontade,  nem sempre são como desejaríamos que fossem. Daí poder compreender que a rua que liga Guisande a Louredo (Rua 25 de Abril/Rua de de S. Vicente) fosse marcada muito tempo depois de ser pavimentada e  já depois de outras ruas no concelho, mesmo que pavimentada antes. Ou mesmo que a Rua Nossa Senhora de Fátima passados cinco anos após a sua pavimentação continue ainda sem o remate das caixas e sem qualquer marcação no pavimento. Pormenores.

Já quanto ao tipo de marcação da Rua 25 de Abril/Rua de S. Vicente, parece-nos exagerado que toda ela tenha linha contínua. Percebe-se que com isso se pretende salvaguardar as questões de segurança e velocidades regulamentares, mas face a uma situação de trânsito lento, como um tractor ou outro veículo, seria razoável que existissem algumas zonas de linha interrompida que permitissem ultrapassagem em segurança e sem a tentação de transgressão, que assim é recorrente. Ora na referida rua há pelo menos dois ou três locais em que tal seria possível, nomeadamente no Reguengo, imediatamente a seguir ao viaduto e até meio da subida, no sentido nascente/poente. Mas, enfim, manda quem quer e quem pode. 

Em todo o caso, será adequado que a sinalização horizontal esteja compatível com a vertical, o que não acontece, por exemplo, conforme o atesta a fotografia acima, na zona de Louredo, no sentido poente/nascente em que em oposição à linha contínua no pavimento o sinal vertical no lado direito indica fim de zona de proibição de ultrapassagem. Ora tal contradição suscita naturalmente  confusões e delas perigos, até porque de acordo com a hierarquia das sinalizações, as verticais têm prioridade face às sinalizações horizontais/marcas rodoviárias no pavimento. Creio não estar enganado neste particular.

Quanto à sinalização no geral nas ruas da nossa União de Freguesias, há algumas lacunas que seriam de rectificar ou melhorar. Na altura em que era membro do executivo chamei a atenção para algumas situações de ausência de sinal de STOP em saídas secundárias para estradas principais e de trânsito mais intenso (por exemplo, Rua da República - Lobão -  para a Rua Nossa Senhora de Fátima - Guisande), no que pode proporcionar acidentes já que nestas situações o hábito dos condutores que seguem na rua principal é não pressupor a falta de tais sinais e assim considerarem que transitam com prioridade, não atendendo à regra desta. Depois...pumba, catrapumba. Ora o custo de um sinal é imensamente inferior ao de um acidente ou de uma vida.

7 de novembro de 2017

Livro de apontamentos sobre o Padre Francisco Gomes de Oliveira


É um projecto, ou pelo menos uma intenção antiga, despontada logo nos anos imediatos à sua morte (em 1998), o elaborar um pequeno livro baseado em alguns apontamentos, biográficos e muitos de carácter pessoal, sobre o saudoso ex-pároco de Guisande, o Pe. Francisco Gomes de Oliveira. 

A ideia tem estado parada, embora com muito material já compilado e escrito, e sempre que encontro alguma disponibilidade tenho estado a acrescentar conteúdo, a passar a limpo e a esquematizar a sua estrutura. Digamos que tem estado a ser cozinhado.

Tive intenção inicial que o mesmo se concretizasse pela evocação dos 20 anos de falecimento mas tornou-se impossível. 
Por outro lado, a determinada altura achei por bem reorientar o objectivo do livro. Será um conjunto de apontamentos históricos e sócio-culturais sobre a nossa freguesia e paróquia em que naturalmente o Pe. Francisco terá um espaço significativo.

Seja como for, será sempre um livro de edição de autor, por isso custeado a expensas próprias a não ser que surja algum apoio mais institucional que deva considerar mas que, em princípio não pedirei.

A ver vamos se será possível essa concretização com a brevidade possível.

Por isso, siga em frente a ver no que dá.

22 de maio de 2017

Historiando - Padre Manuel de Carvalho



Pouco se sabe da biografia do Abade Manuel de Carvalho, que foi pároco de S. Mamede de Guisande em grande parte da primeira metade do séc. XVIII (de 1710 a 1754), para além da referência que na lista de párocos lhe é feita pelo Cónego António Ferreira Pinto na sua monografia sobre Guisande "Defendei Vossas Terras", publicada em 1936, que abaixo se transcreve:

-Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. Alma verdadeiramente apostólica, fundou uma obra, que ainda hoje está florescente e é o orgulho de Guisande. Refiro-me à Confraria de N. S. do Rosário, fundada em 1733, com todas as licenças dos Dominicanos e autorizações necessárias, cujos Estatutos foram aprovados em 2 de Setembro de 1734 e modificados em Janeiro de 1794. O segundo livro do registo paroquial foi rubricado por este zeloso pároco, em virtude da comissão que lhe deu o Provisor, em 24 de Novembro de 1733. Por motivo de grave doença, resignou, em 1752, em favor do seu sucessor e faleceu, a 4 de Fevereiro de 1758, deixando muitas esmolas e legados. Esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria, acompanhada de 8 dias de sermões, que pregou um sacerdote dominicano, em Dezembro de 1933.

Ficamos por isso a saber alguns dados importantes, desde logo que foi o fundador da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, a qual ainda existe e está activa  na nossa paróquia, embora já sem a importância que teve noutros tempos e que lhe trazia irmãos provenientes de muitas freguesias vizinhas.
Infelizmente, e será um assunto para futura pesquisa, não sabemos a sua naturalidade, sendo de considerar que não seria natural de Guisande, já que o Cónego António Ferreira Pinto não o inclui na lista dos sacerdotes naturais de Guisande que elencou na sua monografia atrás referida. Sabe-se que por sua vontade foi sepultado no solo da capela-mor da nossa igreja matriz, tendo os seus restos mortais sido exumados e transferidos para o cemitério paroquial duzentos anos após o seu falecimento, aquando da comemoração do segundo centenário da Confraria, em 1933.

A sua sepultura durante muitos anos esteve assinalada por uma simples mas imponente lápide em pedra, encimada por uma cruz, que se destacava das simples lápides em ardósia das demais sepulturas, em campa rasa, com então era norma. Esta lápide, por desleixo ou incúria e até de desrespeito pela memória de tão importante figura, aquando da realização de obras no cemitério no início dos anos 70,  foi removida para local incerto ou até mesmo transformada em cascalho como uma vulgar pedra. O local ocupado pela sepultura, certamente foi vendido pela Junta de Freguesia de então, dando lugar a um novo jazigo. 

Foi uma grande perda e de facto lamentável e até reprovável. Desconhece-se também qual o destino que foi dado aos seus restos mortais caso ainda fossem existentes à data das obras e se houve ou não esse cuidado. Eventualmente terão sido removidos para campa comum, a qual também foi vendida posteriormente. À falta de testemunhos e documentos, tudo indica que o descuido neste assunto foi muito ou mesmo total.

 Felizmente, para além da memória e como única prova da existência dessa lápide, existe uma  fotografia datada de Julho de 1966, que abaixo se reproduz, com vista para o cemitério da Guisande, nela sendo perfeitamente visível a lápide e o local da sepultura.



 Como sabemos pela referência deixada na monografia "Defendei Vossas Terras", o Padre Manuel de Carvalho, por doença, resignou em 1752 e faleceu poucos anos depois, precisamente em 4 de Fevereiro de 1758 e sepultado no dia seguinte. Após a sua resignação, sucedeu-lhe no cargo o Padre Dr. Manuel Rodrigues da Silva, natural de Santo Ildefonso, Porto. 

Abaixo reproduzimos as páginas do livro de assentos paroquias (com registos entre 1733 e 1780), em que se verifica o último assento lavrado pela mão do Padre Manuel de Carvalho, relativo ao falecimento de um Domingos Ferreira, viúvo do lugar do Outeiro, curiosamente com a data de 14 de Janeiro de 1754, o que se deduz que apesar da sua doença e da sua resignação, continuou à frente da paróquia pelo menos mais dois anos. já que o primeiro registo do seu sucessor, Padre Dr. Manuel Rodrigues da Silva, no livro de assentos paroquiais, tem a data de 15 de Maio de 1754, referente ao falecimento de Anna (10 anos de idade), filha de José da Mota e Maria Pinto, do lugar da Barrosa. Em face destas duas datas, é natural concluir que o Padre Manuel de Carvalho terá sido efectivamente substituído nas funções de pároco entre Janeiro e Maio do ano de 1754.


 Abaixo, o assento de falecimento do próprio Padre Manuel de Carvalho, lavrado pela mão do seu sucessor Padre Dr. Manuel Rodrigues da Silva.


A. Almeida

12 de maio de 2017

Historiando – Lista de párocos em S. Mamede de Guisande

Joyon Pais, era abade de Guisande na era de 1322, ano de 1284. Consta do livro de algumas cartas sobre foros e decretos da Feira e outros julgados, existentes na Torre do Tombo, gaveta 12, maço 11, n.º 24.

Domingos Esteves, foi apresentado pela Abadessa de Rio Tinto e confirmado pelo bispo D. Vicente em 1295.

Martim Annes, falecido em 13 de Fevereiro de 1503.

Artur Gonçalo Annes, bacharel formado, foi confirmado pároco, em 12 de Janeiro de 1504.

João de Araújo permutou com o antecedente, em 28 de Junho de 1505. Estes três párocos são do tempo do bispo D. Diogo de Sousa.

Rodrigo Afonso, cónego da Sé do Porto, permutou com o anterior, em 1 de Fevereiro de 1510.

João Alves Pais, cónego arcediago da Sé do Porto, foi confirmado pároco, em 27 de Junho de 1530.

João Martins foi confirmado, em 12 de Junho de 1533, depois da renúncia do antecessor.

João Alves Pais voltou novamente a ser pároco de Guisande, em 31 de Agosto de 1534 e viveu, pelo menos, até 1541. Aparece também como cónego da Colegiada de Cedofeita.

Afonso Correia.

Manuel de Sá, arcediago da Sé do Porto, foi nomeado pároco, em 3 de Junho de 1555 e faleceu em 1561.

João Campelo, entre 1562 e 1570, foi apresentado pela Abadessa do mosteiro de S. Bento da Avé Maria, mas o bispo D. Rodrigo Pinheiro não o aceitou como pároco de Guisande, nem lhe conferiu a instituição canónica. A Abadessa apelou para a Relação de Braga, que lhe foi favorável. O tribunal bracarense julgou in solidum a favor do mosteiro, isto é, que a este pertencia sempre a apresentação, sem alternativa episcopal ou romana. No Arquivo do Cabido há referências a uma casa deixada pelo cónego João Campelo, em 1569, como consta do livro das Sentenças com o n.º 766. Deve ser o pároco de Guisande.

Manuel de Seabra, que renunciou a favor do seguinte.

Gaspar de Figueiroa, foi confirmado em Setembro de 1572, e recebeu a instituição canónica na mesma data. Estava vaga a diocese pelo falecimento de D. Rodrigo e ainda era viva D. Maria de Melo, que foi a primeira Abadessa de S. Bento da Avé Maria.

Dr. João Diogo Carrilho de Mendonça, foi colado em 1 de Setembro de 1595. Renunciou a favor do seguinte.

António de Castro, foi colado em 6 de Junho de 1600.

Manuel Caldeira de Miranda, recebeu o benefício de Guisande em 1630, pela renúncia de António de Castro.

Vicente Carneiro Diniz, foi pároco de Guisande pela renúncia do seu antecessor, em 1635.

Marcos de Meireles Freire, era natural de Gandra, no concelho de Paredes, e pertencia à ilustre e antiga família dos Moreiras, da casa de Sousa. Formado pela Universidade de Coimbra, foi também comissário do Santo Ofício e visitador das comarcas do bispado, segundo informações transmitidas pelo rev. Francisco Moreira das Neves, de Gandra, recolhidas num manuscrito de 1730, de que é autor António Henriques Moreira da Cunha. Do arquivo de S. Bento consta que, em 1672, apareceu na residência de Guisande o Juiz das Sentenças do Cabido e o procurador do mosteiro da Avé Maria, exigindo a Marcos de Meireles Freire o título ou documento da sua apresentação. Respondeu que tinha sido nomeado e apresentado pelo Cabido, “sede vacante”, em virtude das Bulas Apostólicas de Inocêncio X, em 1650. Defendeu a apresentação, mas reconheceu sempre o censo devido a S. Bento. O procurador mandou tomar termo de protesto, alegando que Guisande era de apresentação in solidum do mosteiro de S. Bento e o Juiz mandou tomar conhecimento e seguir, como consta do livro 268 do arquivo de Rio Tinto. De Guisande foi transferido para S. Mamede de Coronado, havendo divergências entre as religiosas de S. Bento e o bispo D. Fernando Correia de Lacerda. Marcos de Meireles deixou o legado de uma missa quotidiana à misericórdia de Arrifana do Sousa (Penafiel), em cuja igreja foi sepultado.

Dos livros de assentos paroquiais existentes da nossa freguesia, o primeiro a partir de 1676 é iniciado por este pároco. Com caligrafia pouco clara, poupado nos dados e ainda dado a abreviações. Abaixo um exemplo.




Manuel de Oliveira, era pároco em 1682.

Exemplo de assento deste pároco:



Joaquim José de Sousa, em 1685 paroquiava Guisande.

João Sequeira (ou Cerqueira) de Sousa, faleceu como pároco, em 28 de Setembro de 1693. Nos assentos paroquiais é poupado nos dados e com uma caligrafia de difícil leitura. Exemplo na imagem abaixo.




Gonçalo da Silva, substituiu o anterior e o seguinte.



Valério Alves Pereira, natural da freguesia da Sé do Porto e residente em Campanhã, estudante, requereu habilitação de genere, em 23 de Dezembro de 1693, alegando que todos os seus ascendentes eram limpos de sangue, cristãos-velhos, sem raça de raça infecta, habilitação que foi executada, em 26 de Janeiro de 1694. Tomou menores e, logo a 11 de Fevereiro, foi nomeado pároco de Guisande. Em 6 de Março, foi examinado em latim e casos de consciência perante um júri de dois jesuítas e dois carmelitas, sendo aprovado. Recebeu ordens sacras, em datas não apuradas. O pároco Valério era da família Pantaleão Perestrelo, de Campanhã. Por este motivo e outro é que foi nomeado pároco da freguesia de Guisande, sempre muito apetecida e cobiçada até à lei da separação, embora fosse pequeno o número de almas para salvar!! Tinha bons campos, tapadas, juros de inscrições e ainda côngrua.



Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. No livro de assentos paroquiais existe uma nota por ele lavrada em que declara que tomou posse num Domingo, 2 de Março de 1710.
Alma verdadeiramente apostólica, fundou a Confraria de N. S. do Rosário, em 1733, com todas as licenças dos Dominicanos e autorizações necessárias, cujos Estatutos foram aprovados em 2 de Setembro de 1734 e modificados em Janeiro de 1794. O segundo livro do registo paroquial foi rubricado por este zeloso pároco, em virtude da comissão que lhe deu o Provisor, em 24 de Novembro de 1733. Por motivo de grave doença, resignou, em 1752, em favor do seu sucessor e faleceu, a 4 de Fevereiro de 1758, deixando muitas esmolas e legados. 
Esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria, acompanhada de 8 dias de sermões, que pregou um sacerdote dominicano, em Dezembro de 1933.



Dr. Manuel Rodrigues da Silva: Pelo Arquivo de S. Bento, a resignação a favor deste foi em 1746, mas no registo o seu nome aparece só em 1750. Natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, formado em cânones pela Universidade de Coimbra, dele escreveu o visitador de 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja. Advogou no Porto e o faz ainda hoje”. A torre da igreja que é sólida, foi construída em 1764, por iniciativa deste reverendo pároco. A freguesia foi visitada, em 15 de Maio de 1754, por D. João da Silva Ferreira, bispo de Tânger. Por morte deste pároco, em 12 de Abril de 1790, surgiu a terceira e a maior das questões entre a Abadessa de S. Bento da Avé Maria e o bispo D. João Rafael de Mendonça.
Este pároco deixou testamento deixando bens ás confrarias da paróquia, a seus criados, à sua afilhada e ao seu testamenteiro, um seu primo de nome Pantaleão da Silva Coimbra e ainda a irmãos.

Nota: Durante o seu cargo em Guisande, aparecem vários assentos lavrados pelo Padre Manuel Alves Moreira, de S. Silvestre de Duas Igrejas. Ainda pelo Padre Caetano José da Costa, da freguesia de Gião.




Bernardo António Pereira de Andrade e José António de Azevedo, foram encarregados da paroquialidade até ao fim da questão referida.

José dos Santos Figueiredo, foi colado e tomou posse em Janeiro de 1793. Faleceu a 24 de Março de 1828. Foi sepultado no dia 26 do mesmo mês dentro da igreja da nossa freguesia tendo sido realizado ofício acompanhado de trinta padres.
Teve como coadjutores os sacerdote guisandenses o Pe. José Ferreira Coelho e o Pe. José Manuel Reimão, tendo sido este a lavrar o respectivo assento de óbito.
Teve como sua assistente uma sua tia de nome Ana Maria de S. José que havia ficado viúva de João Francisco da Silva Guimarães. Esta faleceu na residência paroquial de Guisande em 25 de Fevereiro de 1821, tendo sido sepultada no dia 27 do mesmo mês dentro da igreja matriz. Teve ofício de corpo presente com 26 padres.
Deixou testamento em favor dos seus sobrinhos Clemente José dos Santos, António José dos Santos, Padre Manuel José dos Santos, este seu afilhado, e Bárbara, esta casada com Francisco Pereira Barbosa. Ao seu sobrinho e afilhado padre incumbiu de lhe fazer os bens de alma com três trintários de missas e a seu favor e dos seus pais com dois trintários cada e ainda com outros dois trintários a favor da alma da Abadessa do Mosteiro de S. Bento da Avé Maria - Porto, que o havia apresentado como Abade de Guisande. Delegou ainda missas por alma de seu irmão Miguel e de sua cunhada, esposa do dito Miguel, ainda pela alma do tio Francisco Guimarães e mulher Ana Maria (que foi sua assistente) e pelo Padre João Botelho. Ao sobrinho Clemente, testamenteiro, deixou a casa que tinha na Rua de Santo António cidade do Porto, donde seria natural bem como ainda a este as rendas devidas de outras casas.


Manuel Agostinho da Cruz Rodrigues, natural da Vitória, presbítero secularizado dos Eremitas Calçados de S. Agostinho, era pároco de Escariz, também do padroado de S. Bento. Logo no dia 28 de Março de 1828, foi apresentado pela Abadessa D. Juliana Isabel Garcia, sendo escrivã do mosteiro D. Antónia Augusta Pinto da Cunha. Nos autos para a colação, D. João de Magalhães e Avelar, um dos homens mais ilustrados do seu tempo, escreveu, em 2 de Maio, um parecer importante sobre o direito da apresentação das freiras, mas para que os fiéis não sofram detrimento espiritual anuiu ao proposto, aceitou a carta de apresentação, admitiu-o a exame sinodal e deu-lhe a colação. Este pároco faleceu em 5 de Dezembro de 1851 e ficou como encomendado o Rev. Manuel José Reimão, de Guisande.

José Ferreira Coelho, foi encomendado em 1852. Era natural de Guisande. Chegou a ser coadjutor do pároco José dos Santos Figueiredo.

-António Gomes Soares Teixeira da Silva: Egresso da extinta ordem de S. João Evangelista de Vilar de Frades, foi apresentado por decreto de D. Maria II, em 31 de Agosto de 1852 e colado, em 13 de Outubro do mesmo ano. Era natural de Fajões e foi ordenado, em Braga, em 1 de Maio de 1825. Faleceu a 12 de Agosto de 1858, sendo nomeado encomendado José Ferreira Coelho.

Manuel Ferreira Pinto, natural de Santiago de Lobão, recebeu a ordem de presbítero, em 20 de Dezembro de 1845. Frequentou a Universidade de Coimbra e fez os seguintes exames:
1852-53—1.° ano de Direito e Grego.
1853-54—2.° ano de Direito
1854-55—3.° ano de Direito e Grego, como consta dos anuários da Universidade. Foi condiscípulo de D. António Aires de Gouveia, mas não concluiu a formatura. Por decreto de D. Pedro V, em 25 de Janeiro de 1859,foi apresentado pároco e colado em 9 de Abril do mesmo ano. Faleceu a 19 de Agosto de 1875. Foi pregador de nome.

Domingos Alves de Oliveira, natural do Vale, foi encomendado por morte do anterior.

António Domingues da Conceição, natural de Caldas de S. Jorge, ordenou-se em 21 de Setembro de 1850 e foi colado, em Guisande, a 21 de Dezembro de 1877. Gravemente enfermo, retirou para S. Jorge, em 1904, e faleceu em 19 de Novembro de 1906.

José Leite de Resende, foi nomeado encomendado em 15 de Abril de 1904, por motivo da retirada do anterior.

António José Henriques Coutinhonasceu nu lugar de Aldeia, freguesia de Pigeiros, a 17 de Setembro de 1878, filho de Rufino José Henriques Coutinho e de Maria Rosa Alves de Jesus. Estudou no Colégio de S. Dâmaso (Guimarães) e no Seminário dos Carvalhos. Ordenou-se em Julho de 1905. Rezou missa a 10 de Setembro de1905. Foi encomendado na paróquia de Guisande, nomeado em 9 de Fevereiro de 1906. Foi ainda pároco de Canedo e de Ramalde, e também encomendado de Labruge - Vila do Conde. Faleceu com 73 anos, a 1 de Abril de 1952.

Abel Alves de Pinho, nasceu no lugar de Vilar (o mesmo lugar de nascimento do Pe. Francisco Gomes de Oliveira), na freguesia de Fiães, do concelho de Vila da Feira, filho de António Alves de Pinho e Ana Leopoldina. Era tio daquele que viria a ser uma ilustre figura da freguesia de Fiães, do concelho da Feira e da Igreja, D. Moisés Alves de Pinho (17/07/1883-26/06/1980), que foi Provincial da Congregação dos Missionários do Espírito Santo e Arcebispo de Luanda. Recebeu a instituição canónica em 22 de Junho de 1907. Retirou de Guisande em 1923, num processo algo confuso e com algum mistério, e resignou o benefício, em 19 de Novembro de 1927. Faleceu na cidade de Espinho, no dia 28 de Outubro de 1937. Foi sepultado no cemitério da sua terra natal, Santa Maria de Fiães.

Rodrigo José Milheiro, nasceu na Quintã, freguesia de Pigeiros, a 12 de Setembro de 1884, sendo filho de Quintino José Milheiro e de Margarida Emília Augusta da Conceição. Foi ordenado em Cabo Verde. Rezou missa nova na paróquia de Pigeiros a 25 de Julho de 1908. Foi pároco de Santiago de Cabo Verde e Vigário da 1.ª Vara na cidade da Praia, Cabo Verde. Na Metrópole foi pároco de Guisande, depois de 21 de Outubro de 1923, indo para Escariz, de que toma posse a 11 de Setembro de 1936, e depois, em 1941, seguiu para Gulpilhares. Veio a falecer em Pigeiros a 4 de Julho de 1949, onde está sepultado.

Custódio Augusto de Silva Marques, natural de Castelões de Cambra e ordenado presbítero em 2 de Agosto de 1936, foi nomeado pároco e tomou posse em 11 de Setembro de 1936. 

Fonte: “Defendei vossas terras... S. Mamede de Guisande, no concelho da Feira, bispado do Porto”, António Ferreira Pinto - Porto: Soc. de Papelaria, 1936.

ACTUALIZAÇÃO

Benjamim Soares, pároco de Louredo, que assume a paróquia em 1937 após o falecimento do anterior pároco, P.e Custódio Augusto de Siva Marques, o qual, pelas datas de ordenação e de falecimento, deduz-se que faleceu novo e de forma inesperada.

Guilherme Ferreira, nomeado pároco em 1938. Tendo em conta o curto período entre a nomeação do pároco seguinte, assume-se que tenha sido nomeado com carácter de transição.

Francisco Gomes de Oliveira, nomeado pároco de S. Mamede de Guisande em 30/08/1938, acumulando o cargo na paróquia de Pigeiros. A tomada de posse aconteceu em 23/09/1939, ficando a residir em Guisande. Faleceu em 15/05/1998 sendo sepultado em jazigo de família  no Cemitério Paroquial de Fiães, sua terra natal. Durante a sua doença foi ajudado pelo incansável sobrinho P.e Benjamim Sousa. Este jovem sacerdote, com especial apreço pela paróquia do seu tio, continuou a ajudar a paróquia de Guisande, com especial relevo já durante a administração do P.e Domingos de Azevedo Moreira, que adiante mencionaremos. Ainda na actualidade não se escusa a ajudar num qualquer serviço religioso sempre que lho pedem e o seu pouco tempo livre de outras funções, o permite.

Acácio Ribeiro de Freitas. Após a morte do pároco anterior é nomeado em 16 de Maio de 1998 como Administrador Paroquial de Guisande. O P.e Acácio Freitas, nasceu no concelho de Marco de Canavezes em 13 de Fevereiro de 1928, sendo ordenado em 31 de Julho de 1955. Faleceu em 17 de Setembro de 2014, com 86 anos de idade, sendo sepultado no cemitério de Louredo.

Domingos de Azevedo Moreira. Nasceu no lugar da Reguenga, freguesia de Romariz em 8 de Abril de 1933, sendo que foi registado na freguesia de Escariz. Foi pároco de Pigeiros, cargo que manteve desde 3 de Junho de 1961 até à sua morte, em 10 de Janeiro de 2011.
Após uma breve passagem do P.e Acácio Ribeiro de Freitas, substituiu este no cargo de administrador paroquial de Guisande, nunca chegando a ser nomeado pároco, talvez por vontade própria e devido à sua longa idade e por não ter meios próprios de deslocação. Serviu Guisande quase até à sua morte, tendo nos últimos tempos, já afectado pela doença, sido substituído pelo vigário P.e José Carlos Ribeiro Teixeira, por sua vez ajudado por dois sacerdotes provenientes de Angola, o P.e Agostinho Wattela e P.e Arnaldo farinha, os quais também ajudaram nas paróquias de S. Miguel do Mato e Fermedo, do concelho de Arouca.

Agostinho Wattela. Foi nomeado pároco de Guisande, sendo auxiliado pelo P.e Arnaldo Farinha, este como vigário paroquial. A cerimónia de acolhimento destes dois sacerdotes na paróquia de Guisande teve lugar em 5 de Setembro de 2010. Ambos os sacerdotes residem na freguesia de S. Miguel do Mato, acumulando a paroquialidade desta freguesia e ainda de Fermado, ambas do concelho de Arouca.

Arnaldo Farinha. Foi nomeado pároco de Guisande, com a cerimónia de posse em 12 de Outubro de 2014. Em simultâneo foi nomeado pároco do Vale por falecimento do seu pároco P.e Santos Silva. Por sua vez, o P.e Agostinho Wattela é nomeado pároco de Escariz, concelho de Arouca, acumulando com as paróquias arouquenses de S. Miguel do Mato e Fermedo. O Padre Arnaldo Farinha nasceu em Angola, em 14 de Dezembro de 1980, sendo ordenado em 09 de Julho de 2007.

António Jorge Correia de Oliveira - Nasceu em Cepêlos - Vale de Cambra, em 24 de Outubro de 1968. Frequenteou a Telescola do Casal (Cepelos – Vale de Cambra).

Ensino Secundário
Seminário dos Missionários Combonianos (Maia)
Seminário dos Missionários Combonianos (Viseu)
Seminário Menor de São José (Fornos de Algodres – Viseu)
Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição (Viseu)
Seminário Maior
Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição (Viseu)
Seminário Maior da Sé (Porto)

Ensino Superior
Universidade Católica Portuguesa – Porto
Frequentou e concluiu o Curso de Licenciatura em Teologia nos Anos 1991/93
No ano de 1993/94 frequentou e concluiu a Pós-Graduação em Teologia Pastoral
No ano de 1994/95 realizou o Estágio Pastoral na Paróquia do Santíssimo Sacramento – Porto

É ordenado sacerdote em 09 de Julho de 1995.

A 25 de Julho de 1995 é nomeado Pároco da Paróquia do Divino Salvador de Real, Divino Salvador de Castelões e São Romão de Carvalhosa. Tomou posse a 8 de Outubro de 1995.
A 24 de Julho de 2003 é nomeado Pároco da Paróquia de Santa Eulália de Banho. Tomou posse a 24 de Agosto de 2003.
A 25 de Julho de 2014 é nomeado Pároco da Paróquia de São Pedro de Ataíde e São Paio de Oliveira. Tomou posse a 12 Outubro de 2014.
A 20 de Julho de 2011 (Triénio 2011-2014) é nomeado Adjunto do Vigário da Vara da Vigararia de Amarante – Região Pastoral Nascente.
A 28 de Outubro de 2014 (Triénio 2014-2017) é nomeado Vigário da Vara da Vigaria de Amarante – Região Pastoral Nascente.
A 21 de Junho de 2018 (Triénio 2018-2021) é nomeado Vigário da Vara da Vigaria de Amarante – Região Pastoral Nascente.
Em Março de 2001 é nomeado Capelão da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã, Amarante.
Em Abril de 2002 – Presidente do Centro Social e Cultural da Paroquia Divino Salvador de Real, Instituição Particular de Solidariedade Social.
A 30 de Julho de 2007 é nomeado Assistente do Núcleo Este do CNE que engloba os Concelhos de Baião, Amarante, Felgueiras, Penafiel, Marco de Canaveses, Paredes e Paços de Ferreira.

Em 22 de Julho de 2021 é nomeado pelo Bispo do Porto como Pároco de Caldas de S. Jorge (S. Jorge), Guisande (S. Mamede) e Pigeiros (Nª Srª da Assunção), da Vigararia de Santa Maria da Feira, sendo dispensado dos múnus anteriores.

Em 03 de Outubro de 2021 toma posse como pároco das paróquias de S. Mamede de Guisande, Senhora da Assunção de Pigeiros e Caldas de S. Jorge.

11 de abril de 2017

Historiando - Presidentes da Mesa da Assembleia e de Junta de Freguesia de Guisande

A partir das primeiras eleições autárquicas realizadas depois do 25 de Abril de 1974, concretamente em 12 de Dezembro de 1976, as freguesias passaram a ter dois órgãos de poder local: A Junta de Freguesia, como órgão executivo e a Assembleia de Freguesia, como órgão deliberativo.

Sendo certo que passaram apenas pouco mais de quatro décadas, não custa acreditar que muitos guisandenses, mesmo os mais velhos, estejam já esquecidos dos nomes dos presidentes do órgão deliberativo na nossa freguesia. Assim, para avivar esse bocado da nossa história colectiva, publica-se agora e aqui a lista dos presidentes da Mesa da Assembleia de Freguesia de Guisande.


1976/1979 - Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva - PSD
1979/1982 - Domingos da Conceição Lopes - PSD
1982/1985 - Joaquim Ferreira Coelho - PSD
1985/1989 - Joaquim Ferreira Coelho - PSD
1989/1993 - Marinho Ferreira Coelho - PSD
1993/1997 - Celestino da Silva Sacramento - PS
1997/2001 - Jorge da Silva Ferreira - PS
2001/2005 - Carlos da Silva Cruz - PS
2005/2009 - Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD
2009/2013 - Joaquim António Alves Gomes de Almeida - PS
2013/2014 - Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD (1) 
2014/2017 - Dr.ª Susana Silva - PSD (2) 
2017/2021 - Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD (3)
 
Como referência e comparação à lista acima, também se publica abaixo a lista dos presidentes da Junta de Freguesia de Guisande no mesmo período e mandatos. Os resultados dessas eleições e a composição dos diferentes executivos podem ser analisados aqui neste link.

1976/1979 - Higino Gomes de Almeida - PSD
1979/1982 - Manuel Alves - PSD
1982/1985 - Manuel Alves - PSD
1985/1989 - Manuel Alves - PSD-CDS
1989/1993 - Rodrigo de Sá Correia - PS
1993/1997 - Manuel Ferreira - PS
1997/2001 - Celestino Silva Sacramento - PS
2001/2005 - Celestino Silva Sacramento - PS
2005/2009 - Joaquim da Conceição Santos - PSD
2009/2013 - Mário Silva - PS
20013/16 de Julho de 2014 - Mário Silva - PS (4)
16/07/2014 a 17/10/2014 - Comissão Administrativa (5)
2014/2017 - José Henriques dos Santos - PSD (6)  
2017/2021 - José Henriques dos Santos - PSD (6)
2021/2025 - David António Neves - PS (6) 

 

Notas: 
(1) após demissão de Joaquim Almeida
(2) União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
(3) União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
(4) em gestão corrente
(5) presidida por José Henriques dos Santos (eleições intercalares em 28 de Setembro e tomada de posse da nova Junta em 17/10/2014)
(6) União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande

Outras composições de Juntas Paroquiais e Juntas de Freguesia antes do 25 de Abril de 1974

Em 1882:
Presidente: Custódio António de Pinho
Tomaz José da Silva
Manuel da Silva Lima
José dos Santos
António caetano Pinto


Em 20 de Novembro de 1886 faziam parte da Junta Paroquial:

Presidente: Raimundo Almeida Leite de Resende
Manuel José António Bacêlo
José dos Santos
Joaquim Ferreira Linhares
Manuel José da Silva
Secretário: António Ferreira Coelho

Em 1914/1916, faziam parte da Junta:

Presidente: José Ferreira Coelho
Vice-presidente: Manuel Augusto Guedes
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho
Tesoureiro: Domingos José da Silva
Vogais: Joaquim Gomes de Almeida e Alberto de Almeida Leite Oliveira. 


Em 1918/1920 faziam parte da Junta:
Presidente: José Ferreira Coelho
Vice-Presidente: Manuel Augusto Guedes
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho
Tesoureiro: Manuel da Costa Moreira
Vogal: Domingos Ferreira de Almeida
Vogal: Joaquim Gomes de Almeida

Em 1922, faziam parte da Junta:

Presidente: Manuel Augusto Guedes
Vice-Presidente: José Gomes Leite
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho
Tesoureiro: Manuel da Costa Moreira
Vogal: António Oliveira e Neves
Vogal: Joaquim Gomes de Almeida

Em 1923, faziam parte da Junta:
Presidente: Arnaldo Borges da Silva Neto
Vice-Presidente e Tesoureiro: Manuel da Costa Moreira
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho

21 de Outubro de 1923
Presidente: Manuel da Costa Moreira
Secretário: José Gomes Leite
Tesoureiro: António Augusto Guedes
Secretário: Pe. Rodrigo José Milheiro

Em Dezembro de 1923 faziam parte da Junta:

Presidente: Manuel da Costa Moreira
Tesoureiro: José Gomes Leite
Secretário: Arnaldo Borges da Silva Neto
Vogal: Joaquim Gomes de Almeida
Vogal: Manuel Augusto Guedes

Em 1926 faziam parte da Junta:

Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves
Tesoureiro: António Augusto Guedes

Em 5 de Julho de 1926 foi dissolvida a Junta.
Em 15 de Agosto de 1926 tomou posse uma Comissão Administrativa.


Em 1935/1937, faziam parte da Junta:
Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves
Tesoureiro: António Augusto Guedes

Em 1938/1940, faziam parte da Junta:

Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves
Tesoureiro: António Augusto Guedes

Em 1942/1945, faziam parte da Junta:

Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves 
(depois substituído por Joaquim Ferreira Coelho)
Tesoureiro: António Alves Santiago

Em 1946/1949, faziam parte da Junta:

Presidente: Dr. António Ferreira da Silva e Sá
Secretário: António Leite Oliveira Gomes
Tesoureiro: Joaquim Ferreira Coelho

Pouco tempo depois de tomar posse em 30 de Dezembro de 1945, o presidente Dr. António Ferreira da Silva e Sá, abandonou  em 15 de Janeiro de 1946 a presidência da Junta, já que foi eleito como vogal efectivo na Câmara Municipal.
Feita a reformulação, com o secretário a passar a presidente, ficou assim a Junta:
Presidente: António Leite Oliveira Gomes
Secretário: António Francisco de Paiva
Tesoureiro: Joaquim Gomes de Almeida


Em 1950 faziam parte da Junta:

Presidente: António Leite Oliveira Gomes
Secretário:  António Francisco de Paiva
Tesoureiro: Joaquim Gomes de Almeida

Em 1951/1954, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Tesoureiro: Rodrigo Ferreira Pinto
Secretário: Domingos Caetano de Azevedo

Em 1960, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Secretário: Rodrigo Ferreira Pinto
Tesoureiro: Domingos Caetano de Azevedo

Em 1964/1967, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Secretário: António Pinto Correia
Tesoureiro: Domingos Caetano de Azevedo

Em 1968/1971, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Secretário: Domingos Caetano de Azevedo
Tesoureiro: António Ferreira de Almeida

Em 1972/1974, faziam parte da Junta:

Presidente: Joaquim Ferreira Coelho
Secretário: Higino Gomes de Almeida
Tesoureiro: Alcides da Silva Gomes Giro

2 de abril de 2017

Historiando–Junta de Freguesia de Guisande–A transição


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- Apontamentos sobre a história da Junta de Freguesia em Guisande – A transição
 
Seria importante, tanto para o conhecimento de nós próprios enquanto comunidade, como para memória futura, que se procurasse fazer uma monografia sobre o historial da Junta de Freguesia em Guisande. Não é fácil, porque os documentos conhecidos em arquivo são escassos e pobremente arquivados, e por conseguinte muito se perdeu da documentação mais ou menos antiga, quiçá por desleixo, alguma ignorância ou falta de sensibilidade para essa importância por parte de quem foi passando pelas diversas Juntas em diferentes períodos, mesmo em tempos relativamente recentes em que graças às novas tecnologias seria fácil fazer esse trabalho de arquivo. É caso para se dizer que neste aspecto, no que se referia a actas das reuniões de Junta, faziam-se melhor as coisas no início do séc. passado que nos tempos mais ou menos recentes. 

Apesar disso e pese essas grandes lacunas, do que se fizer será importante que se tenha em conta o que possível puder ser consultado.
Estes meus apontamentos não têm de todo esse propósito maior, pelo que valem o que valem, mas certamente que no futuro poderão ser aproveitados e enriquecidos se actualizados ou rectificados com novos elementos, seja lá por quem for que se preste a essa tarefa.
Noutra altura, noutros apontamentos, procuraremos trazer à memória as juntas de freguesia de Guisande mais antigas de acordo com o que é possível encontrar em documentos, mas para uma contextualização mais contemporânea, debruçamo-nos, para já, sobre o período de transição entre o tempo do Estado Novo e o pós-revolução de 25 de Abril de 1974. 

- O 25 de Abril de 1974 e os tempos seguintes
 
Uma vez levado a cabo o golpe de estado que derrubou o poder e a ditadura do Estado Novo e passada a euforia revolucionária desses derradeiros dias do mês de Abril de 1974, Portugal passou por um período de muita anarquia política e social pautada pelo PREC (Processo Revolucionário em Curso). Desde a revolução até às eleições para a Assembleia Constituinte, precisamente no dia 25 de Abril de 1975, um ano após a revolução, sucederam-se quatro governos provisórios. As eleições para a  Assembleia Constituinte, tornaram-se em Portugal nas primeiras com carácter livre e universal, nelas participando, os cidadão de maior idade, homens e mulheres, jovens, adultos e idosos. 

A participação dos portugueses foi massiva, com 91% dos eleitores recenseados. Foram eleitos 250 deputados para a Assembleia da república, com o PS-Partido Socialista a eleger 116, o PPD Partido Popular Democrático, 81, o PCP-Partido Comunista Português, 30, o CDS- Partido do Centro Democrático Social, 16 e o MDP-CDE- Movimento Democrático Português,  5, a UDP-União Democrática Popular, 1 e a ADIM- Associação de Defesa dos Interesses de Macau, 1.
 
Apesar destas eleições, o país continuava instável com uma relação conturbada entre o Governo, as Forças Armadas e a própria sociedade. Este período ficou conhecido como o "verão quente de 1975".  Grupos de esquerda e direita viviam em clima de grande tensão que conduziram a acções de alguma violência e confrontos, com diversos ataques bombistas, que pareciam seguir um rumo de eminente guerra civil. Felizmente não se chegou a tal.
Neste período de alta tensão,  sucederam-se mais dois governos provisórios num clima de disputa entre a classe política e a militar.

 Derrubada a ditadura de direita, Portugal corria nessa época um sério risco de uma ditadura militar ou de esquerda bem como o perigo de um conflito civil, mas depois de fracassado o golpe de 25 de Novembro em1975, o culminar desse "verão quente", o VI Governo, chefiado por Pinheiro de Azevedo, com o apoio do PPD, do PS e do CDS, retoma as funções, que auto-supendera em 20 de Novembro, e a partir daí tornou-se irreversível o caminho para uma democracia pluralista, mas ainda sobre um caminho de instabilidade e confrontos permanentes que só o passar dos anos e o amadurecer da jovem democracia vieram dar alguma estabilidade.

O ano seguinte, 1976, ficou marcado por uma série de actos eleitorais, como as legislativas que o Partido Socialista venceu e que conduziram o seu secretário geral Mário Soares a Primeiro-ministro, em 25 de Abril de 1976 e a 27 de Junho a eleição para a presidência da república, de que saiu vencedor o General Ramalho Eanes, um dos heróis do 25 de Novembro, com uma larga maioria sobre Otelo Saraiva de Carvalho e Pinheiro de Azevedo. Também no mesmo ano houve eleições para os governos regionais da Madeira e Açores e finalmente as Eleições Autárquicas, em 12 de Dezembro, em que apesar do empate em câmaras conquistadas, no global nacional o PS obteve 33,01% dos votos contra os 24,3% do PPD/PSD, a FEPU 17,2% e o CDS 16,62%. 
 
Nessas eleições autárquicas de 1976, em Guisande venceu por larga maioria o PPD-PSD então presidido pelo carismático Francisco de Sá Carneiro e foi formada a primeira Junta de Freguesia plenamente democrática, porque eleita por todos os cidadãos de maior idade, homens e mulheres, jovens, adultos e idosos. Ficavam para trás e para a História as particularidades das eleições pelos chefes de família.
O executivo saído dessas eleições históricas ficou formado por Higino Gomes de Almeida, de Fornos, como presidente, Fernando de Almeida Anunciação, de Estôse, como secretário e Avelino de Sousa, de Cimo de Vila, como tesoureiro. Como presidente da Assembleia de Freguesia o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, do lugar da Igreja. Resultados dessas primeiras eleições autárquicas de 1976:  PPD/PSD: 278 votos - 55,60%; PS: 105 votos - 21,00%; CDS: 75 votos - 15,00%; GDUPs (1): 36 votos - 7,20%.

Abaixo as assinaturas de uma das actas das reuniões de Junta do referido executivo. 

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Notas: (1) – GDUP´s – Grupos Dinamizadores de Unidades Populares, foi um movimento de esquerda, de ideologia socialista, marxista e anti-capitalista, surgido logo após a revolução de 1974, mas que ganhou alguma força em 1976 quando formou uma frente que juntou os partidos UDP, MES, FSP e PRP no apoio à candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho nas eleições de 27 de Junho. Apesar de Otelo ter sido derrotado pelo General Ramalho Eanes, obteve quase oitocentos mil votos (16,2%) pelo que a frente de esquerda se transformou num partido para concorrer ás eleições autárquicas de Dezembro desse ano de 1976. O resultado, porém, ficou muito abaixo das expectativas (apenas 2,49% do resultado nacional) pelo que no ano seguinte terminou a sua actividade, sendo que apenas em 1997 foi formalizada a sua dissolução.
Na freguesia de Guisande, das forças que integravam esta frente de esquerda, tornaram-se desde logo conhecidas algumas figuras ligadas à UDP – União Democrática Popular, de ideologia marxista-leninista . Por essa altura, eram frequentes os símbolos da UDP, mas também do MDP/CDE,  pintados em estradas e muros da freguesia, feitos pela escuridão da noite.
Era um tempo em que naturalmente em contraponto a uma recém derrubada ditadura de direita, a esquerda com as ideologias socialistas marxistas-leninistas desabrochou com inúmeros partidos os quais na sua maioria, com excepção ao Partido Comunista Português,  não passaram de partidos com expressão residual ou mesmo insignificante. Mesmo na nossa freguesia ou concelho, nunca tiveram expressão, tanto em eleições legislativas como em autárquicas. Mesmo o PCP ou as coligações em que se integrava, como a APU – Aliança Povo Unido, ou PCP-PEV, na nossa freguesia foram sempre residuais e num modo geral nunca passou de quarta força partidária atrás do PSD, PS e CDS. Basta ler os resultados para chegar a esta conclusão.

- Antes do 25 de Abril de 1974
 
Antes da revolução do 25 de Abril de 1974, estava em vigor o Código Administrativo de 1940 e pelo mesmo era regulamentado o modo como as Juntas de Freguesia desse período eram eleitas, no caso pelos chefes de família recenseados. O estatuto de chefe de família enquanto cidadão eleitor estava definido no Art.º 200º que o considerava como o cidadão português com família legitimamente constituída, que com ela viva em comunhão de mesa e habitação e sob sua autoridade; a mulher portuguesa, viúva, divorciada ou judicialmente separada de pessoa e bens, ou solteira, maior, ou emancipada, quando de reconhecida idoneidade moral, que viva inteiramente sobre si e tenha a seu cargo ascendentes ou descendentes ou colaterais; o cidadão português, maior ou emancipado, com mesa, habitação e lar próprios. 
 
Em resumo, chefe de família entendia-se como alguém que tinha a seu cargo a responsabilidade da sua casa e família, fosse casado(a), solteiro(a) de maior idade e com vida independente ou viúvo(a). No entanto, principalmente nos meios rurais, em que a mulher tinha um papel doméstico e de subalternidade em relação ao marido e aos homens em geral, é de supor que para estas coisas da eleição para a Junta de Freguesia fossem os homens a larga maioria dos que votavam. A par desta realidade, era generalizada a iliteracia e o analfabetismo pelo que mesmo dos homens seriam poucos, e apenas os mais “importantes”, os comerciantes e lavradores abastados aqueles que participavam na escolha dos vogais candidatos. Quer isto dizer que em freguesias pequenas como Guisande, seria uma reduzida “elite” a participar, tanto como eleitores como elegíveis. Por dados tangíveis, será de supor que o número de eleitores com os critérios regulamentares de chefes de família andaria a rondar a centena entre todos os habitantes. (2).
Notas (2) - População de Guisande de acordo com os recenseamentos demográficos de 1864 a 2011:
Ano de 1864: 529 habitantes; Ano de 1878: 456; Ano de 1890: 559; Ano de 1900: 540; Ano de 1911: 606; Ano de 1920: 648: Ano de 1930: 719; Ano de 1940: 820; Ano de 1950: 903; Ano de 1960: 1029; Ano de 1970: 1066; Ano de 1981: 1226; Ano de 1991: 1434; Ano de 2001: 1464, Ano de 2011: 1237.

Como se vê, a população da freguesia de Guisande demorou um século (entre 1911 e 2011) a duplicar.
Por outro lado, já pelo Art.º 201º do referido Código Administrativo de 1940, eram impedidos como eleitores os que não estivessem no gozo dos seus direitos civis e políticos, os condenados com sentença com trânsito em julgado, os notoriamente reconhecidos como dementes, os falidos e insolventes enquanto não reabilitados, os condenados na justiça que ainda não tivessem cumprido a pena, os que ostentassem ideias contrárias à existência de Portugal como Estado independente ou propagassem doutrinas tendentes à subversão das instituições e princípios fundamentais da ordem social, os indigentes que vivessem de assistência pública e recolhidos em estabelecimentos de beneficência e os que tivessem adquirido a nacionalidade portuguesa por naturalização ou casamento há menos de 10 anos. Em suma estes eram os critérios.
 
Já o Art.º 202º indicava os elementos que não podiam ser elegíveis, nomeadamente magistrados, funcionários administrativos e judiciais, funcionários policiais, e outros mais com ligações ao sector administrativo do país como serviços aduaneiros, contribuições, impostos, Fazenda Pública, corpos diplomáticos e consulares. Exceptuavam-se os que estivem em situação de reforma ou de licença ilimitada. Eram ainda inelegíveis os cidadãos que tivessem contrato com a freguesia.

As listas concorrentes às Juntas de Freguesia eram compostas por seis vogais, três efectivos, para os lugares de presidente, secretário e tesoureiro, e três substitutos ou suplentes. Uma vez eleitos e verificada a legalidade da eleição estes eram empossados pelo presidente da Câmara em reunião que decorria nos Paços do Concelho. Após esse acto de empossamento, os vogais eleitos ficavam legitimados para o quadriénio seguinte a administrar a freguesia dentro das competências previstas e elencadas pelo Art.º 253º do atrás referido Código Administrativo. Não temos conhecimento ou documentos comprovativos de que em Guisande fossem mais que uma lista a concorrer. É uma das dúvidas a procurar esclarecer. 
 
Dentro dessas suas competências, a Junta de uma freguesia pequena, pobre, e sem recursos, como era a de Guisande, ia fazendo o que podia, como manter circuláveis os caminhos, numa altura em que as estradas alcatroadas eram poucas, manter os lavadouros e fontes em perfeita utilização, já que eram equipamentos importantes e indispensáveis tanto para o fornecimento de água potável, pois eram escassos os poços e a rede pública era coisa rara mesmo em grandes centros, como para a lavagem das roupas, passar atestados, administrar o cemitério e aprovar a venda de sepulturas e pouco mais. Mesmo para estas pequenas obras ou tarefas, tinham que estar constantemente a mendigar os favores do Sr. Presidente da Câmara ou fazer peditórios pela freguesia e contar com ofertas de beneméritos. 
 
Quando em Lisboa deflagrou a revolução militar que veio a ser popularizada como “revolução dos cravos”, ocorrida a partir da madrugada de 25 de Abril de 1974, a Junta de Freguesia de Guisande era composta por Joaquim Ferreira Coelho, presidente, então com 47 anos, Higino Gomes de Almeida, secretário, 39 anos e Alcides da Silva Gomes Giro, tesoureiro, 34 anos(ambos já falecidos) os quais depois de eleitos pelos chefes de família, com um total de 130 votos, foram empossados em 15 de Novembro de 1971, pelo então presidente da Câmara Municipal de Vila da Feira, Alcides Branco de Carvalho (3), em cerimónia realizada nos Paços do Concelho e na presença de um magistrado que confirmava a legalidade e legitimidade de todo o processo. Conforme o regulamento, a Junta empossada iniciaria o mandato no dia 2 do ano seguinte, no caso em 1972.
Abaixo, as assinaturas da acta de tomada de posse da última Junta de Freguesia de Guisande antes do 25 de Abril de 1974. 

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Notas: (3) – Presidentes da Câmara Municipal da Feira, de comissões administrativas e efectivos:
Presidentes de Comissões Administrativas: Gaspar Alves Moreira, 1934-1937; Arnaldo dos Santos Coelho, 1974-1976.
Presidentes efectivos: Roberto Vaz de Oliveira, 1937-1945; Domingos Caetano de Sousa, 1945-1959; Domingos da Silva Coelho, 1959-1971; Alcides Branco de Carvalho, 1971-1974; Aurélio Gonçalves Pinheiro, 1976-1982; Joaquim Dias Carvalho, 1982-1985; Alfredo de Oliveira Henriques, 1985-2012; Emídio Sousa, 2013-2017.
- A transição com a Comissão Administrativa
 
Esta Junta de Freguesia de Guisande presidida por Joaquim Ferreira Coelho, foi apanhada pela revolução do 25 de Abril pelo que não chegou a ser cumprido o mandato de quatro anos então previsto. Isto porque ainda no ano da revolução, a exemplo do que sucedeu por todo o país, foi exonerada e para sua substituição foi nomeada uma Comissão Administrativa, então formada pelo presidente Marinho de Oliveira Mota, do lugar de Fornos, António Correia Pinto, também do lugar de Fornos e António Ribeiro da Silva, do lugar do Outeiro. 

Desconhece-se qual o critério dessa nomeação, sendo que os elementos nomeados eram claramente tidos como de orientação de esquerda. A democracia ainda iria demorar uns anos e nesses tempos controlados pelo PREC os conceitos de democracia ainda estavam longe de serem cimentados. De resto os esforços de muitos intervenientes na revolução íam no sentido de implantação de um regime de ditadura de esquerda dentro do modelo cubano. Os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975 foram determinantes para gorar os objectivos de Otelo, Cunhal e companhia e fazer carrilar o país para o regime que, com os seus defeitos e virtudes, vigora na actualidade.

Quanto à referida Comissão Administrativa, foi empossada pelo então presidente da também Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Vila da Feira, Arnaldo dos Santos Coelho em 22 de Novembro de 1974, em sessão ocorrida nos Paços do Concelho. Espanta-nos, por um lado, que só passados seis meses após a revolução tenha havido esta transição de poder, sendo que por outro lado, à luz de alguma anarquia e gestão provisória que ia vivendo o país, fosse perfeitamente compreensível este interregno.  A primeira reunião conjunta entre a Junta de Freguesia de Guisande cessante e a CA-Comissão Administrativa aconteceu no dia 25 de Novembro de 1974 onde foi dada a conhecer oficialmente a exoneração e nomeação da CA.

A passagem formal de poderes aconteceu  no dia 1 de Dezembro de 1974, um Domingo, em sessão extraordinária da Junta de Freguesia que teve lugar na Escola (Feminina) da Igreja. Nessa sessão aberta ao público, foram transmitidos os poderes, o livro de actas, o selo branco e os demais pertences na posse da Junta bem como um saldo positivo de 495$00 (escudos).
Abaixo o rol de assinaturas da acta dessa histórica reunião, pelos elementos cessantes da Junta e os da nova Comissão Administrativa. 

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No dia seguinte, 2 de Dezembro, já na nova sede, no lugar de Casaldaça, onde funcionou a Junta até à construção do actual edifício inaugurado em 17 de Novembro de 1985, teve lugar a primeira reunião da recém empossada Comissão Administrativa. Desde logo foi considerada a tarefa de conferir os livros e contas entregues pela Junta cessante bem como adquirir pastas para arquivo já que se considerava que a anterior Junta tinha deixado um “arquivo miserável, não havendo cópias de nada nem pastas onde se pudesse fazer um arquivo”. Desde logo se elencou a necessidade de limpeza dos fontanários públicos pelo que face ao reduzido saldo transitado da anterior Junta (495$00) foi deliberado enviar um ofício à Câmara Municipal a pedir “auxílio”. 
 
Assinatura dos elementos da Comissão administrativa da Junta de Freguesia de Guisande na acta da sua primeira reunião:

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A Comissão Administrativa iniciou assim as suas funções  até à tomada de posse dos elementos eleitos pelas eleições autárquicas do ano de 1976, ocorridas no dia 12 de Dezembro, cuja  reunião de Junta com esse propósito aconteceu no dia 29 de Janeiro de 1977.  Abaixo as assinaturas da acta dessa reunião também ela histórica.

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Por conseguinte, a Comissão Administrativa presidida por Marinho de Oliveira Mota, esteve em funções  pouco mais que dois anos, o que não deixa de ser curioso se for tido em conta que o referido elemento chegou a pedir a sua demissão à Comissão Administrativa da Câmara Municipal, conforme o expresso na acta de reunião da CA de 12 de Abril de 1975. Não apuramos o motivo do pedido de demissão nem conhecemos a razão de o mesmo não ter sido concretizado. Poderá ser um assunto a esclarecer no futuro. Como curiosidade, a Comissão Administrativa recebeu da Junta cessante um saldo positivo de 495$00, como atrás referido e por sua vez transmitiu à Junta eleita um saldo positivo de 448$80, por isso com uns poucos escudos a menos.
 
Fica, assim, feito este apontamento sobre o período de transição do poder administrativo da Junta de Freguesia de Guisande, no período imediatamente anterior e posterior à revolução de 25 de Abril de 1974. Muito mais pode ser acrescentado e fica eventualmente alguma imprecisão por actualizar ou corrigir. Seja como for, ainda que de forma resumida, fica aqui descrito esse período e momentos importantes da história autárquica de Guisande. Quem puder trazer novos dados e testemunhos, será tido em conta.


A. Almeida – 02 de Abril de 2017

28 de março de 2017

Historiando - RCG - Rádio Clube de Guisande



Em meados dos anos 80 Portugal vivia a anarquia das rádios piratas, sobrepondo-se de forma rebelde e irreverente ao monopólio das poucas e únicas rádios nacionais, como a  Rádio Difusão Portuguesa, a Rádio Renascença e a Rádio Comercial. A pirataria radiofónica que se propagou rapidamente a todo o país, foi um processo que terminou em 1989 com o Governo finalmente a legislar e a regulamentar a sua actividade. Não podia deixar de ser, mas porventura não da forma mais justa e adequada, mas, como se adivinhava, a favorecer alguns interesses entretanto já instalados, nomeadamente o poder de muitas câmaras municipais que viam nessas rádios instrumentos perfeitos e "testas-de-ferro" para a apologia do status quo.

No concelho de Santa Maria da Feira eram várias as rádios piratas, incluindo a RCG - Rádio Clube de Guisande.
No processo de atribuição de licenças, o nosso concelho ficaria apenas com duas frequências. A RCG ainda integrou o consórcio Rádio Terras de Santa Maria, que abrangia diversas rádios, congregando forças para ampliar as possibilidades na atribuição, mas desde logo adivinhou-se que ia sair vencedor quem tivesse mais peso e influência e já estivesse a mexer os cordelinhos nos bastidores. Assim passaram nesse crivo a Rádio Clube da Feira e,  surpreendentemente, a Rádio Águia Azul, as quais ao longo dos anos próximos, com altos e baixos e mudanças de propriedade, nem sempre tiveram o vigor e a importância que seria de esperar. De algum modo ficou a ideia que nem se comeu nem se deixou comer.

A Rádio Clube de Guisande foi fundada por Rui Giro e Américo Almeida, no Verão de 1984, no âmbito das actividades da então dinâmica Associação Cultural da Juventude de Guisande. Pelo que eram necessários conhecimentos técnicos, a dupla contou com o apoio do António Pinheiro, entusiasta da electrónica, que já tinha um pequeno transmissor e que foi aproveitado. Mais tarde foram melhoradas as condições técnicas com um transmissor mais potente e com a instalação de uma antena montada num alto poste que ali na sede foi montado e que ainda lá se encontra.

Durante quase cinco anos a Rádio Clube de Guisande foi crescendo dentro das suas limitações técnicas  e humanas mas não deixou, enquanto existiu, de ser um importante ponto de encontro e convívio de um grande grupo de jovens, não só da freguesia como de outras terras. Música, desporto, entrevistas, passatempos e cultura, estiveram sempre presentes na antena difundida na frequência modulada (FM) 107.7. O amadorismo evidente a par das insuficiências e improvisos técnicos por vezes pregavam das suas e pelo meio de uma música mais espiritual ou de uma introdução mais compenetrada lá saía uma "caralhada" vinda de uma qualquer cassete. Mas foi uma boa época e fizeram-se coisas engraçadas e motivadoras. Podemos dizer que foi o período áureo do movimento juvenil na nossa freguesia.

No seu processo de crescimento e desenvolvimento foram realizadas obras e melhoramentos ao nível do equipamento e de um estúdio "cinco estrelas" e a instalação de uma antena, conforme atrás referido, que permitia a radiação do sinal para quase todo o concelho e não só. 

A Rádio Clube de Guisande, terminou por imperativos legais em 1989 mas para além das memórias e apontamentos para a história da freguesia e do concelho, que mereceriam uma mais profunda análise, ficaram alguns vestígios que ainda permanecem, como é o caso (ver fotografia acima) da antena exterior, ao lado da velhinha sede da ACJG, a sede do jornal "O Mês de Guisande", ainda vertical e vigorosa como um monumento à memória dessa época e desse movimento. O processo da sua própria instalação daria uma interessante história. Ficará para outra altura.

A. Almeida