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3 de janeiro de 2022

Coesão e coisa e tal...

Em 2012, um tal de Relvas (bom exemplo de um mau político), com a aprovação da dita cuja reforma administrativa, dizia que "...demos mais um passo para o aumento da eficiência dos serviços públicos, bem como a sustentabilidade do poder local. A coesão territorial sai reforçada. Esta é uma reforma para as pessoas e não para os políticos".

É certo que a coisa ainda é relativamente recente, mas para amostra, 8 anos e dois mandatos de gestão das novas autarquias, já deram para ver o que valia. Nada! Eventualmente na redução de custos para o Estado, mas para as pessoas, pelo menos por cá, nada vezes nada. Chega até a ser imoral esgrimir que esta reforma foi feita para as pessoas e não para os políticos quando a proximidade que apesar de tudo existia no anterior modelo, levou, com a mudança, um autêntico murro na barriga, ou até mesmo um pontapé nos tomates.

Felizmente, parece que vai ser possível desfazer alguma da cagada, mas pena que não totalmente revertida, pura e dura. Nestas coisas, os governos criticam-se uns aos outros, mas, como porcos esfomeados, empurram-se e esfocinham-se, mas em rigor comem da mesma pia.

Mas voltando à "...coesão territorial", só pode ser mesmo piada. Porque na verdade a lógica de investimento que tem regido estes dois mandatos não tem ido de encontro a um nivelamento dos diferentes territórios das uniões, mas antes acentuado a diferença no grau de importância populacional e dela a eleitoral.

Vejamos, no caso de Guisande: Ainda há ruas completamente às escuras, sem um único poste de iluminação. Mesmo a estrada que liga Louredo a Guisande, entre os lugares de Cimo de Aldeia e Igreja, tem uma grande extensão sem iluminação. Mesmo na rua de Estose que ligar ao território de Guisande anexado pelas Caldas de S. Jorge, no lugar de Azevedo, tudo é escuro como breu. Asssim, no mínimo a dita coesão territorial ainda não passou de um cinzento carregado. 

A nível do concelho é certo que muita coisa foi feita mas ainda padece de um centralismo exagerado e a sede e as freguesias do seu eixo poente são quem mais beneficia em projectos de monta. O resto, é quase paisagem e mesmo essa já para pasto de auto-estradas e centrais eléctricas. E ruas às escuras.... 

27 de dezembro de 2021

No admirável mundo do à borlix


A imprensa escrita queixa-se da perda de leitores e a sua integração no digital online parece não ter resolvido a situação, ou pelo menos disso continuam a lamentar-se. Certo é que se no formato tradicional em papel não há muito a fazer, porque há muito que os hábitos de leitura dos portugueses andam pelas ruas da amargura, também no online as coisas não são apelativas. No geral o que é oferecido é publicidade, insistente e persistente, quase numa forma agressiva, e no fundo pouco oferecem, apenas títulos ou resumos para conteúdos premium que precisam ser pagos para poderem ser lidos. Ou seja, neste momento, os lucros publicitários serão superiores ao que é oferecido. Pelo menos é essa a percepção.

Por outro lado, ainda em 2020, um grupo de vinte directores dos principais títulos da impensa escrita em Portugal apelava aos leitores para comprarem jornais em papel ou os assinaram nas plataformas digitais como premissa para apoiar um jornalismo de qualidade e assim combater a pirataria e a falsa imprensa. Certamente que o apelo caiu na indiferença.

Certo é que a qualidade dos jornais em geral é fraca, muitos deles tendenciosos e a voz dos donos dos seus grupos editoriais e posicionamento político e ideológico ou mesmo clubista no caso dos desportivos.

Em resumo, tal como tem estado, a imprensa, não só a escrita como a televisiva,  também não está a merecer muito mais apoio e interesse. Ainda quanto às edições electrónicas dos jornais, sendo obviamente mais baratas do que na versão papel, no geral ainda são caras porque ainda com bastante publicidade, com valores entre 50 a 100 euros anual. Talvez com valores mais em conta poder-se-ía captar mais leitores assinantes. Mesmo assim, sou assinante de dois títulos, um regional e outro local, mas pergunto-me se não serei um dos poucos casos raros? Já agora, em Guisande, quantos assinantes de jornais teremos? Será difícil responder?

Para além de tudo o mais, a imprensa esbarra-se com outro muro que é o do oportunismo geral, em que ninguém quer pagar seja o que for, dando como adquirido que tudo o que está na net online é de borla. Assim, pagar um serviço, um software, um jornal, um conteúdo artístico, é coisa rara. É estrutural mas é cultural.

Por exemplo, tenho em funcionamento e sou administrador de um fórum sobre um determinado tema em que já vai a caminho dos 20 mil utilizadores. Há tempos abri a hipótese dos mesmos utilizadores poderem dar um contributo, via PayPal, para ajuda dos custos de manutenção(domínio, alojamento e software), que poderia obviamente ser de qualquer valor, msmo que simbólico. Pois bem, durante um ano em que esteve aberta essa oportunidade, apenas um único utilizador contribuíu com 3 euros. Os restantes milhares não se mostraram sensíveis continuando por isso a usufruir de um serviço completamente grátis e que serve os seus propósitos para a finalidade a que se dedica o fórum.

Em resumo, no geral o espírito do portuga é esse mesmo, o de oportunista, o de usufruir de qualquer coisa, desde a mais banal à mais útil e interessante, mas completamente à borlix e, quantas vezes, ainda a reclamar. Mesmo dando como adquirido que no geral todos nós acabamos por baixar e instalar conteúdos sem os pagar, sejam programas, música e outros conteúdos artísticos, mas, porra, pelo menos que alguma coisa paguemos.

26 de dezembro de 2021

Nuvens negras

Há dias, alguém que prezo e estimo, um guisandense ausente mas presente, e que vai seguindo os meus apontamentos sobre algumas coisas relacionadas à freguesia e paróquia, manifestava-me o seu agrado pelos mesmos, e que os acompanha interessado, porque mais do que memórias trazidas à tona do dia, são elementos que guardam um pouco do que é a nossa história comum. E rematava dizendo que entendia que estas coisas deviam ser mais divulgadas e consideradas.

Em resposta, e agradecendo o interesse, ressalvei que porventura a coisa não mereceria tanta atenção. De resto nem o faço para colher bênçãos mas antes para ficar como um simples registo escrito para memória futura e até porque um dia destes alguns desses apontamentos irão para livro. Mas no essencial tenho noção que estas coisas pouco ou nada interessam à generalidade das pessoas. Quando muito a meia dúzia.

Quando alguém sai a caminhar com o céu carregado com nuvens escuras e a ventar, não pode ter a expectativa de que não vai chover e que o sol vai aparecer sorridente. As coisas são como são. Se vires um animal a caminhar como uma galinha, a cacarejar como uma galinha e a pôr ovos, então o mais certo é que seja mesmo uma galinha.

No fundo a freguesia é pequena e cada vez mais, porque esta história das uniões de freguesias, paradoxalmente só veio contribuir para uma desagregação, e nela escasseiam as pessoas com sensibilidade cultural e de amor à terra suficientes para apreciar e valorizar o que por ela se vai fazendo. E dessas poucas, algumas não passam de polícias sempre de bastão levantado, invejosas, com comichão por quem lhes faça sombra ou as incomode nas suas vaidadezinhas. Mas a maioria será mesmo completamente insensível a estas coisas e a freguesia será apenas uma coisa em abstracto, nela apenas exercendo o papel de cidadãos anónimos, sem qualquer tipo de intervenção. Ou seja, daqueles que não levantam uma palheira a favor do todo comunitário.

Neste panorama, seja em que vertente for da nossa comunidade, nunca se pode esperar muito. Vamos, pois, indo e vendo, mesmo a remar contra correntes, e fazer de conta que ainda estamos nos bons velhos tempos em que mesmo com as naturais diferenças, se remava para o mesmo lado e o sentido de comunidade e freguesia era muito vivo.

Bons velhos tempos que já não voltam, ande-se por onde andar.. 

24 de dezembro de 2021

O Natal já não é o que era...

O Natal já não é o que era! Dizemos muitas vezes. Não será bem assim, mas haverá alguma verdade. Desde logo porque necessariamente os tempos nunca são os mesmos, mesmo que nem sempre o avançar deles signifique evolução.

Depois, quer se queira ou não, há diferentes percepções do Natal e do seu espírito. Ora a percepção dos mais velhos não é de todo igual às dos mais novos. Estes porque em regra crescerem num contexto de facilidades e abundância, nada lhes faltando, aqueles porque um pouco ou tudo ao contrário. Hoje os mais novos não sentirão a diferença de comer rabanadas, chocolates, aletria, bolo-rei, etc, porque os têm e comem durante todo o ano. Quando muito farão uma cara feia como a uma sopa de nabos. Já os mais velhos sabem que noutros tempos essas coisas eram mesmo só pelo Natal e nunca à fartazana, daí o sentido e percepção do sabor das coisas, tanto na boca como na alma.

Mas adiante. Hoje em dia, de facto, o Natal é muita coisa e coisa nenhuma, porque já pouco do essencial e do que ao longo dos séculos lhe deu substância. É verdade que o espírito de comunhão em família ainda se mantém, bem-haja, mesmo que o conceito de família esteja já a ser subvertido, mas no geral é puramente comercial e consumista. Da componente tradicional e religiosa já pouco resta. Uma larga maioria, mesmo num país dito católico, celebra o Natal sem celebrar o seu motivo nem passar pela igreja. - Coisas de velhos!

Depois é tudo muito rápido e fácil. Já muitos começam a consoar num restaurante chique e a ostracizar o bacalhau, por coisas mais à chef, e daí esta pandemia estar a ser uma chatice do caraças. Não se cozinha, e tudo já se compra feito e pronto. Não se descascam as batatas, as nozes nem os amendoins, sequer. Já não se fatia presunto ou queijo. Compram-se as “tábuas de festa”. Tudo pronto a consumir. 

É esse o espírito e o comércio faz questão de no-lo lembrar com a devida antecedência, quando por meados de Outubro já apanhámos com o velhote da Coca-Cola, as marcas do perfume com as gajas boas, as operadores de telecomunicações a dizerem-nos que o que está a dar é o 5G, as marcas de relógios a mostrarem joias como se fôssemos todos Cristianos Ronaldos, os amigos do Sócrates ou os Rendeiros, e as grandes superfícies engalanadas com pirâmides de Ferreros, árvores de bacalhau e azeite, etc, etc.

O Natal está mesmo a mudar e os fundamentalistas da inclusão até lhe querem dissociar o simbolismo e contexto religioso. Ora, para esses, vão-se foder e entalem-se com as trufas! Para os demais, um Feliz e um Santo Natal!

17 de dezembro de 2021

Zero


Portugal deu neste ano um importante passo rumo à descarbonização com o encerramento da Central Termoelétrica do Pego, deixando assim de produzir energia a partir do carvão. 

Todavia, estas coisas nem sempre são o que parecem já que, não sendo auto-suficiente, terá que compensar a perda de produção comprando a países europeus como a vizinha Espanha, França ou Alemanha. Para além de tudo, vamos comprar energia em grande parte produzida por esses países precisamente a partir do carvão, em que o continuarão a fazer pelo menos até 2030, já que não se comprometeram a abandonar este tipo de produção até essa data.

Resumindo, o nosso contributo em benefício do clima com o encerramento das instalações em Abrantes junto ao Tejo, por ora vale zero. Deixamos de poluir por aqui, é certo, mas alguém polui na justa medida e por nós noutro lado. 

Ademais para trás ficou um enorme investimento que não durou 30 anos, bem como centena e meia de trabalhadores que para já parece que vão continuar a receber o salário e a entreter-se com formação, paga pelos contribuintes, no que se prevê que aconteça até ao final do próximo ano, mas depois o seu futuro será de todo incerto.

16 de dezembro de 2021

Novelas à portuguesa


Os advogados de Rendeiro propõem uma caução de 2 mil e picos euros para o seu pobre cliente ficar em liberdade. Que tem poucos recursos, que a esposa vive às custas da generosidade do motorista que lhe empresta a casita e que a fuga em avião privado, compra de tecnologia de ponta aos hebreus para proteger comunicações e o hotel de luxo onde se alojava, bem como a molhada de cartões bancários encontrados em seu poder, serão, afinal, de um amigo de infância de um ilustre ex político português, também ele um pobre coitado, constantemente a precisar do auxílio do Robin dos Bosques e do bondoso amigo para lhe dar guarda em apartamento de luxo em Paris. E que não há perigo de fuga, coisa que nunca fez nem sabe fazer.

Já quanto a Pinho, vamos fazer um peditório na paróquia para o ajudar, já que diz, pelo advogado, não ter os seis milhões para a caução, nem coisa que lhe pareça. Mas onde é que o juiz de instrução tinha a cabeça para determinar tão astronómico valor? Estará a pensar nas claúsulas de rescisão dos craques da bola?

Por sua vez, o cirurgião que "mexe" profissionalmente nas maminhas das famosas em Portugal, e aspira gorduras das barrigas aos machos do jetset lusitano, o Dr. Ângelo Rebelo, que dizem milionário e conduz um Porsche Cayenne, entre outras bombas de muita cavalaria, de acordo com a investigação do CM TV, lá conseguiu um apoio da Segurança Social, de 600 e picos euros, para o ajudar, pobrezinho, a pagar as custas de tribunal, num processo em que se diz ser caloteiro por não pagar as respectivas rendas. A generosa Segurança Social, que, de acordo com o referido canal,  para o mesmo pedido de ajuda judicial, feito por um bombeiro gravemente ferido no exercício da sua missão, recusou.

Começamos bem o dia!

15 de dezembro de 2021

Rendeiros e Pinhos


Não partilho, de todo, da opinião de Rui Rio quanto à suposta politização da descoberta e captura do bandido João Rendeiro. E chamo-lhe bandido porque estamos a falar de um condenado pela Justiça, e dela fugitivo com todos os requintes de prévia premeditação e preparação. Quase o argumento perfeito de um filme de mafiosos e conspiração. 

Mas dizia, não corroboro do que escreveu o presidente do PSD, e acho até que para além de um grande disparate e falta de sentido de Estado, foi um tiro no próprio pé.

Em todo o caso, e considerando que a Justiça não faz fretes aos políticos (e se por vezes até somos levados  a pensar que sim, não é correcto nem sensato, sem provas, afirmá-lo), por vezes a coincidência dos timings pode dar um jeito do caraças. Veja-se que toda a imprensa, de malas e bagagens, está concentrada no caso e na casa do bandido Rendeiro e como numa novela temos sido bombardeados com todos os pormenores e a toda a hora. Um autêntico massacre para uns e uma delícia para outros. 

Claro está que, e lá vem o tal jeito para alguns políticos, não se tem falado nem dado o merecido destaque a outros importantes assuntos. Alguém fala da vilanagem dos contratos com as concessões mineiras de lítio? Alguém fala dos desmandos com a TAP? Alguém fala de muitas outras coisas mais importantes do que os Rendeiros, os Linos e os Pinhos e suas estimadas e riquinhas esposas? Há sempre alguém que fala, mas como "gato por brasas", "en passant". 

O turbilhão, esse anda lá para o sul de África. E continuará pelo menos até ser confirmado o que se espera num país ainda muito sujeito à corrupção, que o dinheiro fale mais alto, até porque lá, como cá, quem tem dinheiro consegue percorrer todos os meandros da Justiça, entretê-la com todos os recursos e expedientes possíveis e imaginários e assim adiá-la e mesmo evitá-la, até que o mediatismo se dissolva e a horda de jornalistas levante âncora. 

A ver vamos!

14 de dezembro de 2021

Pão e circo - Bolos-reis e luzes


Ontem no programa "Polígrafo", na SIC, entre outros casos analisados para verificar da sua autenticidade face ao que pelas redes sociais vai sendo publicado como factos, foi dado como verdadeiro que a Câmara Municipal de Oeiras tenha gasto 20 mil euros apenas em bolos-reis. Mas outras Câmaras gastam isso e bem mais em outras natalícias coisas, como fardos de bacalhau.

Igualmente um facto verdadeiro a despesa da Câmara Municipal de Leiria, no valor aproximado a 400 mil euros, em despesas de iluminação e diversões alusivas ao Natal.

E não faltarão pelo país fora despesas similares totalizando seguramente milhões de euros. 

Face a tantas necessidades e privações das populações, muitas delas estruturais, não se percebe, ou talvez sim, que no geral as autarquias, em regra sobre-endividadas, se permitam a estes desmandos e exageros e no geral legitimados pelos contribuintes enquanto eleitores. Depois, muitas têm relutância em abdicar da totalidade da taxa de IMI porque, cá está, precisam de receita para os desmandos, luzes e festas.

Pão e circo já era a receita usada pela velha Roma para manter a populaça acalmada e satisfeita. Mais de dois mil anos depois, mesmo com o inerente salto civilizacional, vê-se que ainda são actuais algumas das velhas práticas.

E assim vamos indo e rindo!

8 de dezembro de 2021

Bravo, Ambrósio!


AMBRÓSIO, APETECIA-ME ALGO...

Parece que em Portugal os motoristas privados têm um estatuto importante nas vidinhas de gente importante. Veja-se o motorista de José Sócrates, acartador de sacos de notas, o de João Rendeiro, fiel depositário de imobiliário de luxo a quem, por benevolência cede o usufruto à esposa carente do pobre patrão, e agora o do finalmente ex-ministro Eduardo Cabrita.

Para além de tudo, dessa confidencialidade suspeita e insuspeita, no caso de as coisas não correrem bem, são figuras descartáveis, porque os seus importantes chefes, afinal, são apenas meros passageiros que aproveitam as viagens para tirar uma sesta.

Com tudo isto, o Ambrósio, o motorista da senhora dos "Ferreros Rochês", deve andar envergonhado pela classe andar em tão más línguas. Sim, ele que nunca deixou de satisfazer a senhora do jet-set, sempre que lhe apetecia algo. 

Ora o Ambrósio, embora profissional requintado, é o principal culpado, porque deu os maus exemplos e criou piores hábitos ao tomar liberdades de pensar nos desejos da senhora.

Bravo Ambrósio!


Nota: Porque é sempre bom saber, leiam aqui alguns pormenores sobre o famoso reclame publicitário ao Ferrero-Rocher. Quem são na realidade o Ambrósio e a senhora e o que são na actualidade.


TRAIL DOS ROJÕES

Por estes dias ir almoçar ou jantar ao "Lavrador", no lugar da Sé, nas Caldas de S. Jorge, só mesmo com jipe todo-o-terreno ou de retro-escavadora. Não tenho dúvida que é uma situação que causa prejuízos aos estabelecimentos afectados pelas obras na zona do Parque das Termas. Ainda por cima, a única estrada por ora pavimentada que lá podia conduzir, tem sentido proibido.

Mas, quem sabe, talvez no orçamento da obra estejam previstos apoios ou indemnizações. A isso mandaria o bom senso e algum sentido de justiça. Será assim?

7 de dezembro de 2021

Acordeão desafinado


Bem sabemos que as nossas televisões, incluindo a pública RTP, há muito que encontraram nos telefonemas de valor acrescentado uma mina onde podem garimpar uma substancial receita e pau para toda a colher. Daí que em programas ditos de entretenimento, tantas vezes de apenas "encher chouriços", abundem os pseudo-concursos, apenas com o claro intuito de angariar verbas.

Assim, no programa "Praça da Alegria" que na RTP entretém reformados e salas de espera até que chegue à hora do almoço, começou agora um pseudo-concurso designado de "Acordeão D´Ouro", que supostamente pretende premiar e encontrar o melhor acordeonista de quantos se inscrevem e participam. 

Ora, a ter em conta o exemplo da primeira ronda de hoje, vê-se claramente que quem decide é o público e os seus votos-telefonemas, logo quem conseguir arrigimentar mais familiares, vizinhos e amigos e quem cativar mais popularidada e simpatia. 

O verdadeiro saber, a meritocracia, são atributos que valem pouco ou mesmo nada. Assim, um qualquer zé cabra das teclas, especialista em dar uns toques, pode facilmente vencer um aluno de Conservatório, com técnica apurada e formação musical, desde que faça figura de bom e alegre rapaz.

É certo que existe um júri, desde logo com o profissional e competente Tino Costa, algarvio com mais de 50 anos de carreira, mas a televisão não quer que a coisa seja decidida por júris, por quem supostamente percebe da poda, e daí o povo é que decide com o seu voto telefónico. Podia lá ficar de fora?...

Neste contexto, um dias destes teremos o povo anónimo a votar em qual será o melhor foguetão para nos levar a Marte. 

Portanto, quando se brinca com coisas sérias, a coisa não é para levar a sério. É pena, mas os modelos de negócio das televisões e dos média em geral não se compadecem com lirismos e coisas sérias.

29 de novembro de 2021

Caninamente obediente


Há nele um não sei quê de patego, mesmo um lorpa, e simultaneamente a esperteza cega de uma minhoca calculista que se adapta, contorce e progride nos meandros da oportunidade, mesmo do oportunismo. Pode parecer uma adaptação escorregadia, moldável, ou mesmo uma marioneta num contexto mais teatral, mas o certo é o que o homem lá vai indo e progredindo, assegurando que a sua sela esteja bem presa ao dorso do cavalo e assegura que os seus cavalguem também seguros. Por vezes aposta no cavalo errado mas, que raio, até um relógio parado tem horas certas duas vezes ao dia!

Se fosse carpinteiro ou serralheiro o rapaz só faria janelas de oportunidade. Mas verdade se diga, a reboque de algum trocadilho, ele tem mais pinta de mercenário de que marceneiro. O Marceneiro, o verdadeiro, esse pelo menos tinha o dom de bem cantar o fado. Já para este, o mercenário, o fado é foda, e prefere bem mais cantar loas trovadorescas e galantes a quem lhe dá solda e saldo. Nessa monocórdica concordância, está ele sempre na linha da frente e se os chefes dizem "mata" ele não perde tempo a dizer "esfola". 

Como chegou a caracterizá-o o Dinis Pastos, eminente leitor de carácteres, o tipo faz-nos lembrar aqueles cãezinhos que numa certa época de azeiteirice, ali pelos anos 60 e 70, criavam pulgas na traseiro peludo dos automóveis, sempre abanando a cabeça numa atitude de permanente concordância ante o dono. Sem cansaços, sem torcicolos.

Mas, foda-se, tanta prosa para contornar o que de forma mais prosaica se pode dizer que o gajo é apenas, e não é pouco, um grande lambe-botas.

Todavia, que se lhe dê mérito, pois nesse modo de estar, lá vai indo e progredindo, verde, viçoso e cheiroso, um verdadeiro pau para toda a colher, assente na sólida filosofia de que os chefes têm sempre toda a razão. Não o contrariemos, porque o manter um chefe bem disposto é, em si mesmo, um posto. E é esse o seu posto, manter os chefes bem dispostos, principalmente se estes não gostam de ser contrariados. Ora tudo menos indispôr as chefias. Nem que se apanhem sabonetes do chão da sauna. Com o sentido de missão não se brinca!

Posto isto, aposto que perceberam nada, mas perguntem ao Pastos, que ele descodifica; se há  fixação que o prenda, é a ficção.

Já agora, vou encomendar um desses cãezinhos de pescoço oscilante e, claro, uma alcatifa peluda para o instalar.

25 de novembro de 2021

Bola aos ferros

 





Eu não sei quem escreve e quem verifica as informações que nas televisões passam em roda-pé, se a senhora da limpeza, se o porteiro se um estagiário. Certo é que as os lapsos, gaffes e gralhas, eufemismos de "asneiras", são mais que muitos e até mesmo na televisão dita pública, entre notícias de assuntos de estado e de exibição em horário nobre das maminhas da Lenka, da Tété e da Áurea.

Ontem foi no canal "Bola TV", que até tenho como profissional, no rescaldo dos jogos de futebol para a Liga dos Campeões. No mesmo programa e de forma alternada e repetidamente, lá passava a informação contraditória de que o Sporting vencera o Dortmund por 3-1 mas também por 3-2. Como se uma asneira não bastasse, logo duas, pois era informado que o F.C. do Porto apanhara mais uma cabazada do Liverpool, por 4-0, para logo à frente informar que perdera apenas por 2-0.

Irra! É obra! E o que arrelia mais é que estas asneiradas fiquem por ali largos minutos, informando e  desinformando, sem que aparentemente alguém abra os olhos e corrija.

15 de novembro de 2021

Vão-se catar...


No jogo de ontem à noite, em que defrontou a selecção portuguesa de futebol, pela superioridade demonstrada em todos os momentos do jogo, seria de uma enorme injustiça que a Sérvia não carimbasse o apuramento directo para o Mundial do Qatar.

A Portugal bastava o empate e a coisa parecia começar bem demais, com um golo logo aos três minutos, no aproveitamento de um misto de azelhice de um defesa sérvio e de uma falta sobre o mesmo. O árbitro fez vista grossa e Renato Sanches aproveitou. A partir daí, Portugal foi sempre uma equipa vulgar com jogadores vulgares e com um futebol de qualidade vulgar mas não invulgar com este Fernando Santos.

É certo que foi com este mesmo Fernando Santos que Portugal venceu o Europeu de 2016 e a Liga das Nações, mas o certo ainda é que quando a qualidade do futebol colectivo é fraca ou frouxa, mesmo medíocre, só o rasgo ocasional de qualidade individual de um ou outro jogador e muita sorte à mistura pode dar em êxito e foi desse modo frouxo e triste e com toda a sorte do mundo que a selecção lusa logrou vencer na França em 2016.

Mas os milagres, mesmo para quem acredita neles, são eventos raros e excepcionais, diria mesmo, milagrosos.

Assim sendo, ainda é possível o apuramento pela via do play-off, que se há-de-jogar lá para Março do próximo ano, mas se a qualidade de jogo for esta, só mesmo um milagre ou uma equipa ainda mais frouxa  poderá valer o apuramento aos rapazes do engenheiro.

A ver vamos. O homem ainda acredita, mesmo que fosse incapaz de explicar aos portugueses porque é que uma secção com os melhores jogadores do mundo produz um futebol fraco, fraquinho, que não entusiasma ninguém e só tem vindo a ser disfarçado pelo encandeamento ou tolhimento por algum excesso de paixão.

De resto, no jogo de ontem, logo no início fiquei com um pressentimento de que a coisa ía terminar mal perante aquela desafinação colossal no cantar do hino nacional, com a malta à frente e a música atrás. Hilariante, mas um prenúncio do que aí vinha. É que lá para os lados da Luz, nem soubemos respeitar, porque com assobios ao hino sérvio, nem cantar, nem jogar. 

[foto:premierleaguebrasil.com.br/]

12 de novembro de 2021

Futeboladas

Portugal não se deu bem com o verde do S. Patrício e ontem na visita à Irlanda não foi além de um empate a zero na penúltima jornada do seu grupo de apuramento para o mundial de futebol que se há-de-realizar na terra dos camelos lá para o próximo ano.

Em todo o caso, mesmo que vencesse, o que nunca esteve perto de o fazer, tal foi a pobreza do seu futebol, ficaria sempre na condição de lhe bastar apenas o empate no próximo jogo caseiro frente à selecção da Sérvia.

O jogo na Irlanda foi um daqueles que não merecem que se perca mais de dez minutos a olhar para a televisão. Uma boa alternativa a este fraco espectáculo é mudar de canal e assistir a 90 minutos de Big Brother. É perigoso para a sanidade mental mas é um justo castigo.

Ainda do jogo, o sarrafeirito do Pepe lá coleccionou mais uma expulsão. Deste feita deu de caras com um árbitro menos complacente dos que por cá no nosso futebol vão apitando e por isso no próximo e decisivo jogo vai estar à sombra. Fez pela vida.

11 de novembro de 2021

Uma miríade de bananas


Agora que a malta com camuflados estava a dar um ar de competência e seriedade, mesmo que na guerra da logística e coordenação de vacinação, lá aparecem estes rambos associados a tráfico de ouro, diamantes, droga, etc. aproveitando-se da cobertura decorrente da missão da ONU na República Centro-Africana. 

Sendo certo que uma dúzia de andorinhões não fazem a Primavera, naturalmente que é uma vergonha e uma nódoa para as Forças Armadas. E pelos vistos, com a coisa já reportada em 2019, a malta que manda nestas coisas não sabia de nada sobre as investigações que estavam a decorrer. O ministro da Defesa não sabia, o seu morotista não sabia, a mulher a dias não sabia, o primeiro ministro não sabia, porque não foi informado e pelo que não informou o chefe das ditas Forças Armadas, o presidente Marcelo, que, é claro, também não sabia o que a sua malta andava por lá a fazer. 

Um pouco à laia do que sucedeu com o assalto aos galinheiros de Tancos, os principais responsáveis políticos nunca sabem de nada, pelo menos a tempos e horas e ficam sempre a saber pela comunicação social. Um pouco como os maridos traídos, vulgo cornos, sendo os últimos a saber.

No final de tudo, sai toda a gente desresponsabilizada porque as coisas são assim mesmo neste teatro de operações. Uma miríade de bananas num país delas.

Tá-se bem, mano!

9 de novembro de 2021

Desinteresses


As Juntas passam e sucedem-se, mas na realidade parece haver um ponto em comum: o desinteresse e o desleixo pela limpeza e asseio de alguns locais tidos como salas de visita. O Monte do Viso é disso um bom (mau) exemplo.

Quando acedi a fazer parte de uma lista que concorreu e venceu as eleições e delas fiz parte do executivo como vogal, fiz constar do programa a requalificação da zona de merendas do Monte do Viso. Na realidade desde cedo percebi que por parte de quem realmente mandava e detinha o poder, tanto do presidente da Junta como da própria Câmara Municipal, não havia o mínimo interesse em honrar o compromisso assumido perante os eleitores e realizar a obra. De resto, foi precisamente durante uma visita do executivo camarário ao local, que perante o seu desinteresse demonstrado, inclusive o de considerar que o local estava bem como estava, que selei ali a minha intenção de abandonar o executivo logo que cumprisse o mandato, porque dali, daquela postura e falta de ambição e desinteresse não esperava mais nada.

Cheguei a pagar do meu bolso limpezas no próprio parque e ruas envolventes  e fazer com as minhas mãos limpezas das instalações sanitárias e recolha de lixo, mas de facto foi uma decepção total quanto ao desinteresse superior. Assim não é possível.

Passou o curto mandato, passou um segundo e nada vezes nada ali se fez, nem sequer foi dada continuidade ao processo de alargamento da Rua de Santo António, na parte nascente, que havia sido iniciado no anterior mandato, já que havia a concordância de todos os proprietários dos terrenos e colhidos documentos para o tratamento do protocolo. Pelo contrário, pese a pavimentação por parte da Câmara, a largura da rua, já por si muito estreita, ao formar-se uma ligeira valeta para escorrimento das águas, ficou ainda mais reduzida, impedindo praticamente a passagem simultânea de dois carros. Claro que em dia de eventos no Monte do Viso, na capela ou no Centro Social, o constrangimento na circulação é mais notório.

Uma miséria e desinteresse geral. Felizmente, por vontade do povo, já foi arrumada essa gente desinteressada. Ovelhas não são para mato.

Já se iniciou um terceiro mandato. Esperemos que no actual algo se faça, porque ali há muito a fazer, desde logo uma intervenção profunda nas calçadas da alameda e passeio, mas, por ora, pede-se o mais simples: A limpeza periódica.

Por ora, é lixo que não se recolhe, são candeeiros danificados, é o lago desmazelado e repleto de jacintos e matéria orgânica. Dá pena ver assim a nossa sala tão abandonada.

Importa, pois, um olhar mais cuidado e que, alguém que represente a freguesia por ali passe com mais frequência, não para fazer limpezas pelas próprias mãos ou pagar do seu bolso a jornaleiros, mas pelo menos para dar conta do seu estado. Na eventualidade de não saber onde fica, pode ligar o GPS ou perguntar a quem saiba.

5 de novembro de 2021

Paradoxos


Por força do meu trabalho, um pouco por todo o concelho tenho visitado inúmeras instalações de pavilhões industriais, modernamente ditos de actividades económicas, na maior parte das vezes, com uma raíz clandestina ou com ampliações e alterações substanciais relativamente ao título de edificação original, sem alvarás de utilização e com actividades quase sempre sem as necessárias autorizações. E algumas dessas empresas literalmente com largas dezenas de trabalhadores. 

A enfeitar o ramalhete, muitas dessas instalações, onde trabalham pessoas, não têm condições de higiene e segurança nem cumprem alguns dos requisitos regulamentares, nomeadamente quanto a pés-direitos, instalações sanitárias, acessibilidades, etc. Já para não falar nas questões de gestão e tratamento de resíduos e efluentes. Quanto à integração urbana e qualidade arquitectónica, é melhor passar.

Mas apesar de tudo, porque a economia não pode parar, as coisas vão rolando nesta ilegalidade e parece que ninguém fiscaliza nem penaliza. De resto o problema não é de agora e a incidência é naturalmente maior em construções concretizadas nas décadas de 1970, 80 e 90 e englobam muitas das chamadas empresas de vão de escada. As zonas industriais vieram estabelecer alguma ordem e construções e actividades relativamente licenciadas, mas para trás é um Deus nos acuda.

Ainda por estes dias, estive numa empresa com a instalação implantada literalmente à face de uma linha de água com alguma importãncia na nossa rede hidrográfica, com instalações ainda sem acabamentos interiores, com tijolo e blocos à vista, com um sanitário para homens e mulheres, com as diferentes peças sanitárias num único espaço, etc. Pensei que isto não era possível nestes tempos, em que para se fazer um galinheiro ou levantar um muro aos 2,20 metros é obrigatório um projecto e uma licença. Mas sim, são mais que muitas estas situações precárias. No nosso concelho, claro.

Mas paradoxalmente, e nestas coisas há sempre paradoxos, fico chocado quando, como ainda há algum tempo em Canedo, o proprietário de uma humilde habitação, só porque estava a habitar sem o respectivo alvará de utilização, foi penalizado com a aplicação de uma coima que naturalmente teve que pagar, mesmo que com o especial favor de ser em prestações. O choque e esta disparidade de critérios, é maior quando se sabe que a família tem poucos recursos, a esposa tem um simples emprego de ordenado mínimo e o marido sem emprego porque com problemas de doença e de mobilidade.

Como cereja no topo do bolo, importa dizer que habitações habitadas no nosso concelho sem os respectivos alvarás de utilização são mais que muitas. Mesmo muitas. Já quanto a construções com alterações e ampliações não licenciadas, serão seguramente aos milhares.

Deixemos, pois, a economia rolar porque importa o índice de empregabilidade, dê-se tempo e lugar a que as empresas regularizem as suas situações, mas, por favor, não penalizem quem menos pode, quantas vezes por uma mera lana caprina, porque  só acentua o sentido de injustiça para os mais fracos e impunidade de quem mais pode e prevarica com coisas de significado. No fundo, evitar a máxima "ser fortes com os fracos e fracos com os fortes".

3 de novembro de 2021

Coisas do futebol

Como adepto benfiquista, mesmo que nos últimos tempos pouco seguidor, não sei se me custa mais encaixar uma nova pesada derrota, mesmo que no pressuposto de ter sido contra, porventura, a melhor equipa do mundo e arredores (o Bayern de Munique), se as (in)justificações do seu treinador, Jorge Jesus, que, parece-me, cada vez está mais um mestre das basófias do que outra coisa qualquer incluindo a de treinador.

Bem sei que, como lugar comum, isto são coisas do futebol e que se ganha a um Barcelona e que a seguir se perde com um Portimonense, etc, e portanto coisas  a relativizar, mas pelo menos alguma coerência e objectividade ficam sempre bem a quem se desculpa. É que a dado momento já não há pachorra para ouvir alguns dos nossos treinadores. Ouvir Jorge Jesus ou Sérgio Conceição é já quase como tomar remédio das bichas ou óleo de fígado de bacalhau. 

Em resumo, são mesmo coisas do futebol e só uma carga muito grande de irracionalidade e doentismo é que nos leva a perder algum tempo a ou dar alguma importância a estas coisas. 

Entretanto, outro mestre das táticas e dos seus esquemas em papel, que tanto sucesso fizeram enquanto treinador do F.C. do Porto, o NES, Nuno Espírito Santos, lá foi despedido do Tottenham, mas parece que, tal como o Mourinho, o Special One,se prepara para vir com uma mão à frente e outras atrás com, fala-se, 17 milhões. São uma imoralidade estes valores pagos pelo insucesso ou, quiçá, incompetência, mas, cá está, são as tais coisas do futebol. Com 17 milhões pode reformar-se e ir treinar algures um clube de veteranos lá para a Polinésia, que tem boas praias e melhor marisco.

Quanto ao Mourinho, o relógio estará em "countdown". Tic-tac, tic-tac. Os romanos que preparem mais uma malada para a despedida.

2 de novembro de 2021

- Tome apenas o que quiser!

 


Como povo e país temos muitas singularidades e algumas particularidades que mereciam ser alvo de um caso de estudo, uma delas a de valorizar, adoptar e mesmo importar de forma exagerada os anglicanismos e até mesmo algumas tradições.  Neste caso, o Halloween ou Dia das Bruxas, claramente uma importação asociada aos interesses comerciais e decorrente da colonização do show business das terras do Tio Sam. 

Esta, também uma forma de pandemia (e para a qual não há vacina), espalhou-se rapidamente e já não só interessa a espaços comerciais e restauração, como as própias escolas adoptaram-na e impuseram-na ao calendário, porventura até com mais força do que as relacionadas ao calendário litúrgico e religioso, como Natal e Páscoa, porque a muitos pais e educadores tá-se bem para a cultura das fantasias, bruxinhas e abóboras escavacadas, do que algo que se relacione à religião. Credo em cruz!

Assim, vamos indo confortáveis nesta onda a que alguns rotulam de provincianismo, mas já não há volta a dar a esta colonização. Claro está que, muitas das nossas genuínas  tradições ficam esquecidas ou desprezadas, mesmo que uma ou outra, a reboque de alguma agenda turística e de destaque dos média vá ganhando importância, como, por exemplo, os "caretos" de Podence, em Trás-os-Montes, mas quase sempre num contexto local.

Nada melhor, pois, que uma tradição que nos é servida em doses maciças em tudo quanto é série e filme com produção na terra dos camones.

Mas, como diria o Tiririca, "pior do que está não fica", e também não é por aí que vem o mal ao mundo e depois e além disso, como responderia o tasqueiro perante a reclamação do cliente de lhe ter servido o café com a chávena demasiado cheia, "- Ó amigo, tome apenas o que quiser!".


[Nota: Bruxinha "roubada" à Palmira no Restaurante "O Lavrador".]

29 de outubro de 2021

Alarvidade sem verdade

Com tanto destaque dado por toda a imprensa, ao assunto do chumbo do Orçamento de Estado e da consequente queda aparatosa da geringonça, da ida ao multibanco do presidente Marcelo, pouco ou nada se falou sobre a queda aparatosa do F.C. do Porto na Taça da Liga e a quase eminente saída dela do Benfica e muito menos se tem falado do facto do Noquinhas dos Anzóis andar de caganeira.

Seja como for, do muito que foi dito, registei sobretudo a deselegância e até arruaceirisse do ministro primeiro, António Costa, quando no hemiciclo da Assembleia da República disse que não se podia contar com a Direita parlamentar porque esta "estava encerrada para obras". 

Ora esta alarvidade, com maior significado porque dita por quem a disse, resulta de uma circunstância naturalíssima em democracia e na vida dos partidos políticos democráticos, que é a das disputas e clarificações de liderança nos mesmos. E estas situações são transversais a todos os partidos, mesmo que em diferentes momentos, seja o PSD, o CDS, o Chega ou o PS, etc. O próprio António Costa já participou nessas "obras" em disputas, nem sempre leais, mesmo com laivos de traição a outros correligionários, como a António José Seguro, no envolvimento das primárias do Partido Socialista de 2014.

A não ser, claro, em partidos totalitários onde não há disputas mas sim sucessões e dinastias, e onde os putativos elementos que se arvoram a opositores são puramente afastados, aniquiliados, envenenados ou detidos sumariamente, como acontece na Rússia, China e outros quejandos, onde vai mandando a ditadura e a autocracia.

Por isso, António Costa ao banalizar esta situação diz tudo do seu perfil e da sua democraticidade. Não lhe fica bem mas com aquele cabelo branco sobre um rosto sorridente em tom de canela dá-lhe um ar cómico e não falta quem disso se ria e entusiasme.