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7 de fevereiro de 2022

Só nós dois é que sabemos...

Creio que já o disse ou escrevi por aqui: O nosso sistema eleitoral só benefecia os dois grandes partidos e daí os mesmos não terem interesse particular em mudar a coisa. Não surpreende, por isso, que o Partido Socialista com 41% do total de votos tenha conseguido a maioria de deputados. Parece anedótico e contrário às leis da matemática, mas é a realidade.

Ainda com este sistema, em Portugal e para as legislativas são cerca de meio milhão de votos que valem absolutamente nada em termos de representatividade, apenas para dar uns trocos aos respectivos partidos. Em distritos pouco populosos, como Bragança, Guarda ou Portalegre, por exemplo, qualquer cidadão que for às urnas votar em qualquer partido que não o PS ou PSD, é, na prática, uma pura perda de tempo. Valerá apenas o valor que os partidos recebem por cada voto, 13 euros, o que até nem é mau e vai dando argumentos para a existência de partidos residuais que assim, para além do tempo de antena, sacam umas massas ao Estado.

Outro exemplo dos paradoxos do nosso sistema, no caso o CDS que no global do país teve muitos mais votos que o Livre (cerca de mais 13 mil) e no entanto não elegeu nenhum deputado. Dá que pensar?

É claro que este deficiente sistema não é exclusivo de Portugal. Há outros sistemas igualmente esquisitos, incluindo os Estados Unidos. No Reino Unido, por exemplo, com um sistema de 650 distritos, em que cada um elege um único deputado (o vencedor). Com tal sistema, um partido até pode ter menos votos que o adversário, no global, e alcançar a maioria dos deputados, o que de resto já aconteceu.

Em ambos os casos ou em sistemas onde existem estas anormalidades e paradoxos, em regra beneficiam sempre os dois grandes partidos de cada país, daí não interessar aos mesmo alterar as respectivas leis eleitorais, no fundo, as leis do jogo. É, em resumo, uma espécie de batota em que os meninos grandes enxotam os meninos pequenos da roda do jogo. Como numa sala para assistir a um filme pornográfico, só entrem os de maior idade.

6 de fevereiro de 2022

Extremismos

O Bloco de Esquerda e a sua coordenadora Catarina Martins, levaram uma coça de todo o tamanho nas eleições legislativas no passado Domingo, com a redução do seu grupo parlamentar de 19 para 5 deputados. O eleitorado, ao Bloco e também ao Partido Comunista, castigou-os, culpando-os da situação que levou à dissolução da Assembleia da República e à consequente convocação de eleições antecipadas.

Apesar disso, da derrota, do rombo e da perda da importância, continuam a dizer que manterão o combate à extrema direita, sobretudo ao Chega de André Ventura que lhe arrebatou o lugar de terceira força política no Parlamento. Na noite do rescaldo, apelidou mesmo os deputados eleitos pelo Chega de racistas, sem tirar nem pôr.

Em resumo, o Bloco e a sua dirigente, parece que ainda não perceberam que muito do êxito do Chega resulta precisamente do extremismo com que o têm tratado. O Chega mereceria porventura apenas a indiferença e o seu esvaziamento, mas o Bloco teima em insuflá-lo e usar um posicionamento radical, adoptando valores como o extremismo e uma postura de quase ódio. O Bloco mostra-se assim também ele intolerante e faccioso. Pode desrespeitar a esmo os deputados eleitos do Chega mas deveria ter em consideração os milhares de portugueses que em liberdade e legitimidade os escolheram.

Assim, apesar da derrota e da sua quase vaporização, o BE continua arrogante e fala do alto da burra como se ainda tivesse 19 ou 50 deputados e mais do que isso, a exclusividade dos valores da democracia e cidadania. 

Podemos não gostar do Chega e de alguns dos seus princípios, e eu também não gosto, mas importará perceber onde é que a democracia e os seus intérpretes têm falhado a ponto de gerar um descontentamento de largos milhares de portugueses. As respostas parecem ser fáceis e óbvias mas o actual sistema de uma esquerda moralista  tem tido orelhas moucas e línguas mudas. Discursos de ódio como os dos Mamadous Bas, não ajudam de todo e só acirram e cimentam o extremismo de ambas as partes, 

Não espanta, pois, que a onda de revoltados comece a ganhar importância e peso eleitoral, goste-se, ou não. O Bloco diz não gostar, mas tem que os aguentar. Bem gostaria de os exterminar por decreto, mas não é por aí que a coisa se resolve. Talvez na China ou na Coreia do Norte, mas não por cá.

4 de fevereiro de 2022

O BUPi é uma (quase) valente "merda"


O BUPi é uma daquelas formas que o Governo arranjou para fazer incidir as responsabilidades e custos da realização do cadastro predial directamente aos proprietários. 

Depois de anos com o Estado a suportar o processo mas ainda com a maior parte do território do país por cadastrar, o Sr. Costa e acólitos tiveram uma epifania e voilá: Aí temos o BUPi, uma plataforma electrónica que vai dar trabalho e ocupar muitos técnicos, uns profissionais, outros aprendizes e outros nem uma coisa nem outra.

Para além de tudo, uma plataforma que parece pouco prática e algo complexa e aparentemente não funcional já que são mais que muitas as vezes em que está fora de serviço.

Mas o que vem a ser esta quase "merda" do BUPi, uma terminologia para  Balcão Único do Prédio (BUPi)?

Segundo a Wikipedia, "Balcão Único do Prédio (BUPi) é uma plataforma de interoperabilidade que agrega a informação relevante sobre os prédios urbanos, rústicos e mistos em Portugal, e os seus titulares, incluindo informação disponível nas várias bases de dados públicas das entidades parceiras do projeto BUPi, através da articulação entre o registo predial, a matriz predial, o cadastro predial e a informação geográfica. A Lei n.º78/2017, de 17 de agosto, cria o Sistema de Informação Cadastral Simplificado e o BUPi como plataforma única nacional de registo e cadastro do território, com o intuito de conhecer o território português de forma simples e inovadora, aumentar a eficiência no planeamento e gestão do território, no combate aos incêndios rurais e na criação de valor económico a partir dos recursos naturais".

Claro que tudo isto é uma quase valente "merda" porque em rigor quem lida com estas coisas sabe perfeitamente que a articulação dos serviços da Conservatória do Registo Predial e Finanças é coisa que não existe e a regra é que a caracterização e descrição dos prédios sejam invariavelmente diferentes em ambos, seja na área, nas confrontações, na titularidade de propriedade, etc. De resto é desta falta de harmonização entre ambas as entidades que surgem as dificuldades, já que as diferenças entre ambas, mesmo que de pormenor e pouco relevantes, são motivo para a submissão ser considerada inválida. Depois a questão do título, como escrituras de partilhas, de compra e venda, etc.

Um exemplo típico desta desarmonia: Se num prédio na matriz está como titular a Maria dos Santos Silva mas na Conservatória está como Maria dos Santos Silva Azevedo, porque acrescentado com o apelido do marido, tal é suficiente para ser invalidada a inscrição no tal BUPi. Ou então, se na matriz o prédio está com 700,00 m2 mas na Conservatória está com 701,00 m2, novamente um motivo para invalidade. Em resumo, são mais que muitas as "merdices" que podem emperrar o registo e a validação  na plataforma

Em resumo, esta nova plataforma não vem resolver esse problema nem uniformizar o registo predial. Muito menos para simplificar ou descomplicar. Seja como for, está aí para complicar a vida aos contribuintes e naturalmente com isso mexer na sua carteira. 

É certo que muitos municípios aderiram criando balcões de atendimento, como o de Santa Maria da Feira,  onde os proprietários podem, em teoria, fazer a coisa de forma gratuita. Ora esta suposta gratuitidade é apenas uma questão de semântica porque na realidade os proprietários na sua maioria analfabetos ou iletrados nestas coisas das ferramentas digitais, não são capazes de identificar de forma correcta os limites dos seus prédios, nem os técnicos no tal balcão os podem ajudar, e por conseguinte têm que recorrer e pagar a quem o faça, nomeadamente a um topógrafo para lhe realizar um levantamento topográfico georreferenciado ao sistema de coordenadas ETRS89.

Depois toda a complexidade do sistema e dos requisitos; Eu próprio que tenho formação e experiência em topografia e desenho, tive problemas no respectivo registo e aprendi que importará fornecer o mínimo de informação. Num dos casos tive a ousadia de fornecer para o mesmo prédio a caderneta predial e a certidão da conservatória e porque há entre ambas uma ligeira e insignificante variação de área, o técnico responsável pela análise acabou por não validar o registo. 

Por estes pintelhos vê-se a complexidade da coisa e obstáculos criados, de modo a que as coisas tenham mesmo que ser feitas no tal balcão de atendimento, mesmo que por lá estejam eventualmente azelhas, estagiários e pessoas com poucos ou nenhuns conhecimentos de topografia e georreferenciação.

Para além de tudo, com o avançar do cadastro surgirão inevitavelmente sobreposições de prédios que levarão a conflitos jurídicos e a decisões demoradas nos já por si lentos e arrastados tribunais. 

Assim vamos indo, cantando e dançando ao ritmo de quem nos dá música. É o que temos e não há como escapar. 

28 de janeiro de 2022

Atoarda


Confesso que até tinha alguma admiração artística pelo Fernando Tordo. Todavia, com as suas recentes declarações ao Jornal de Notícias, pelo extremismo das mesmas, parece-me, borrou a escrita e pela minha parte perdeu toda a consideração.

Em resumo, disse o artista de 74 anos ponderar voltar a emigrar caso a Direita vença as eleições legislativas marcadas para o próximo dia 30 de Janeiro, e que nesse caso se vai embora, simplesmente, tal como já havia feito em 2014 pelos mesmos motivos.

Ou seja, o Sr. Tordo não se dá bem com a democracia. Ele que se arvora num democrata e que até cantou umas abriladas e umas touradas, tem todo o direito de emigrar e de dizer o que quiser de forma mordaz, crítica ou filosófica. Tem ainda o direito de não gostar da direita e das suas políticas e intervenientes, mas tem igualmente que saber compreender e respeitar a vontade dos portugueses que escolhem alternativas diferentes de forma livre  democrática. 

O país não é só de esquerda nem só de direita, mas de cidadãos que pensam diferente sem deixaram de ser portugueses, e por isso tem havido ao longo do percurso da nossa democracia uma alternância, ora à esquerda, ora à direita. Goste-se, ou não, é assim. Mal estávamos se fôssemos todos direitinhos ou esquerdinhos. 

Como homem livre o Sr. Fernando pode emigrar quando e para onde quiser, mas dizê-lo dessa forma pública e ressabiada, mesmo que em tom de pensador mainstrem, e a passar um atestado de "disparate" aos portugueses que pensam diferente e votam à Direita, é no mínimo um desrespeito.

De resto, se não se dá com a Direita, o Sr. Tordo tem excelentes locais para onde emigrar e continuar a fazer carreira apesar da sua idade. Coreia do Norte, China e Cuba são bons destinos e tem a garantia de que por lá a Direita não passa. Lá o pensamento é único e formatado e o Sr. Fernando sentir-se-á como peixe na água.

Que não perca tempo. Será menos um a receber subsídios pagos por inactividade, com contribuições de todos enquanto contribuintes, tanto os da esquerda, como os da esquerda caviar, que adora, como os do centro ou da direita, que desconsidera.

O mais certo é que a sua tão odiada Direita ainda não vença, mas se sim, já vai tarde! Siga! Pode ir cantando a sua canção:


Adeus tristeza, até depois

Chamo-te triste por sentir que entre os dois

Não há mais nada pra fazer ou conversar

Chegou a hora de acabar

16 de janeiro de 2022

É pena, com 65 anos, és um incapaz


Num país politicamente correcto, que condena e até crucifica quem tenha uma postura ou linguagem de segregação, e que até tem uma disciplina de cidadania obrigatória, temos uma lei eleitoral no mínimo retrógrada e com particularidades que até deviam chocar.

Por exemplo, a idade da reforma está neste momento estabelecida em 66 anos e sete meses. Ou seja qualquer cidadão pode no mínimo continuar a exercer a sua profissão até essa idade e, não havendo norma que o proíba, para além dela, seja um simples varredor de ruas, um pasteleiro ou um capador de porcos, até um professor, um engenheiro, um médico ou um magistrado, etc, etc.

Todavia, nesta particularidade a todos os níveis condenável e injustificável, quem tiver mais de 65 anos não pode exercer a função de elemento de mesa de votos numa qualquer eleição de âmbito nacional.

O presidente da República, dita a figura mais importante do aparelho de Estado, pode ter 70, 80 ou mais anos e até ser um completo gágá. Todavia, o professor Marcelo que tem 73 anos, não fosse presidente desta republicana nação e não poderia estar atrás de uma urna a ajudar a enfiar os papelinhos ou a dar baixa dos eleitores. Parece anedótico mas a coisa é seria e a sério.

Por outro lado, com 18 anos uma pessoa poder ter carta de condução, casar, descasar, voltar a casar, e ser tudo e mais alguma coisa que se considere normal para quem é livre e de maior idade e no uso das suas faculdades. Mas não! Não pode, como o Tino de Rans ou outro, candidatar-se à presidência da República antes de ter 35 aninhos. Parece que com 34 ou 33 não tem todas as capacidades cognitivas para tão alto cargo da Nação. A bem dela, da Nação!

Custa a acreditar nestas coisas, num país livre e democrático em que a idade é factor de segregação para muitas coisas, até para aquelas que não têm qualquer sustentação racional, como as referidas. Só porque sim.

O balancé da Sóbrinca e os matraquilhos


Dos debates televisivos para as próximas Eleições Legislativas, assisti a espaços e apenas alguns. De resto é tão apelativo ver estas coisas como ouvir um antigo balancé da Sóbrinca a cortar tubos.

Como já disse alguém, em vez dos debates propriamente ditos, poderiam ser jogos de matraquilhos e ali via-se a real habilidade de cada um e de cada uma.

Assim não sendo, coube a alguns jornalistas da nossa imprensa fazerem a análise e determinarem vencidos e vencedores. Mas nestas coisas, e sabendo-se como se inclina no geral a nossa imprensa, a isenção desta gente é quase como ver um Francisco J. Marques a analisar um jogo do Benfica ou o Paulo Guerra a esmiuçar um jogo do Porto.

Posto isto, considero que no geral estes debates pouco ou nada servem e menos esclarecem porque em rigor todos sabemos ao que vêm e por que linhas se cosem. 

De resto, nestas coisas de eleições, decidimos as coisas de forma muito clubista e quase nunca admitimos que do nosso lado a coisa está fraca.

No meu caso, se algum efeito produziram os debates, é o de uma tentação de fazer parte dos 60% de abstencionistas, mais coisa menos coisa.

Mas com jeitinho, e porque dizem que é um dever e um direito, até maior que as questões da saúde pública, em que os isolados pela Covid têm direito a umas horas de folga, pode ser que sim.

6 de janeiro de 2022

Importa não esquecer

Ouvir Catarina Martins esgrimir com Rui Rio a questão da prisão perpétua, não deixa de ser interessante e paradoxal. 

Concordemos que a justiça não pode ser vingança, mas também não pode ser um ninho de acolhimento de terroristas, como os fascínoras da FP 25 de Abril, que em rigor nunca cumpriram as penas pelos crimes de sangue, incluindo o assassínio de um bébé.

Alguns desses operacionais encontraram ninho no Bloco de Esquerda. Ainda andam por lá! 

Otelo, um terrorista sofisticado, morreu para muitos como um herói nacional. É certo e indesmentível que foi importante o seu papel nos aconteciemntos da revolução de 25 de Abril de 1974 que levaram à queda da ditatura de Direita mas depois o seu caminho tornou-se demasiado tortuosos e pretendia levar a uma ditadura de Esquerda. Não o conseguindo pela via democrática enveredou pela da criminalidade e terrorismo.

Por conseguinte o seu papel na revolução tem que ser reconhecido mas não pode ofuscar ou suplantar todo o seu posterior percurso nomeadamente o que teve na organização terrorista FP-25 de Abril, com graves crimes de sangue dos quais em rigor nunca foi feita justiça, tanto para os criminosos como para as vítimas.

A amnistia soarista foi uma coisa lastimável e vergonhosa em nome de uma certa necessidade de apaziguamento da sociedade. Convinha ao regime fazer de conta que tudo aquilo nunca aconteceu. Optou-se pela erosão de todo o processo e as picadas no balão para que aos poucos fosse esvaziando. 

Tal como do facismo e seu intérpretes, importa igualmente não esquecer. O seu a seu dono e cada coisa no seu lugar. 

4 de janeiro de 2022

Ainda sobre o atraso na vacinação

O regime Casa Aberta no processo de vacinação Covid-19 e gripe sazonal  pode ser interessante e importante para alguns contextos, mas não da maneira que tem sido aplicado ou gerido ou mesmo coexistido com o previo agendamento.. 

Desde logo porque gera situações descontroladas  com picos de acesso. Porque se há muitos que resolvem a situação em meia hora ou 45 minutos, há quem demore duas horas e meia e mesmo mais. Depois, não vejo porque é que alguém em Casa Aberta possa passar à frente de quem agendou com antecedência, sabendo-se que o agendamento tem sido acesível a todos. 

Depois há ainda a questão do facto de a hora previamente agendada pelos serviços não servir rigorosamente para nada. Se alguém que tem agendada a hora de 14:05 horas, por exemplo, mas quem tiver marcado para as 15:00 ou 16:00 horas, se estiver na frente da fila, é vacinado primeiro e até mesmo de quem tenha marcado para as 13:00 horas. O horário deveria ser precisamente um dos parâmetros rigorosos de acesso e ordenamento nas entradas. Não o sendo, gera estas situações aleatórias e de algum modo injustas. Ou será aceitável que a alguém que tem agendamento prévio  para as 14:05 horas, com horário fornecido pelo próprio sistema,, seja vacinado apenas duas horas e meia depois? 

Podemos e devemos aceitar alguma variação no processo, mas tanto é um exagero. Convenhamos que não é nenhuma consulta médica cujo tempo pode variar. Não é mais que uma linha de produção: - Entrada, Check-in, Vacina, Recobro, Saída. 

Quando assim não funciona só pode ser mesmo desorganização e desajustamento dos meios. Seja como for, o remédio é mesmo aguentar, refile-se, proteste-se ou não. Porque se voltar para casa sem a vacina, é apelidado de nagacionista e segregado no dia-a-dia.

3 de janeiro de 2022

Vacinação no Europarque - Um dia menos bom




Pode ter sido do dia, mas hoje a coisa não me parece que tenha corrido bem. Mais de duas horas e meia para o processo de vacina. Fila enorme e que no período das 13:00 às 14:00 horas não avançou um único metro, gerando-se descontentamento e impaciência dos muitos que esperavm an fila o frio. Mais valia encerrrar assumidamente para almoço.

Alguns mais exaltados a pedir justificações ao pessoal auxiliar, com estes a desculparem-se que a coisa "empancou nos enfermeiros". Já nos enfermeiros, com apenas algumas cabines a funcionar, os mesmos face às queixas desculpavam-se que os recursos humanos eram poucos face ao afluxo, mesmo que este já fosse previsto com a abertura do agendamento.

Também alguma desorganização, ou pelo menos com falta de controlo, com muitas pessoas a atravessarem e a cruzarem a fila para irem ao balcão de atendimento pedir explicações e esclarecimentos, entrando e saíndo pela mesma porta. Distanciamento, zero.

O sistema de Porta Aberta também não ajuda, mostrando que afinal de contas o prévio agendamento e o horário marcados de nada valem. Mesmo que apenas acessível a maiores de 60, o Porta Aberta não se devia sobrepor ao prévio agendamento porque prejudica sobremaneira quem tem que faltar ao trabalho ou se organiza em função do horário marcado. 

Em todo o caso, às 13:15 horas foi afixado na porta de entrada um aviso a informar que o Porta Aberta deixaria de funcionar a partir das 13:30 horas, devido ao excesso de afluência. 

Uma vez mais, tal como havia acontecido em Lisboa e noutros centros de vacinação, fica provado que o regime Casa Aberta é potencidador de afluxos imprevistos e que complicam a vida a toda a gente. 

Claro que quando abandonei as instalações já depois das 15:30 horas, a fila no exterior já deveria estar nos 100 metros. No interior uma outra serpenteava numa volta demorada.

Mas manda quem pode e o povo, manso cordeiro, acata. 

Coesão e coisa e tal...

Em 2012, um tal de Relvas (bom exemplo de um mau político), com a aprovação da dita cuja reforma administrativa, dizia que "...demos mais um passo para o aumento da eficiência dos serviços públicos, bem como a sustentabilidade do poder local. A coesão territorial sai reforçada. Esta é uma reforma para as pessoas e não para os políticos".

É certo que a coisa ainda é relativamente recente, mas para amostra, 8 anos e dois mandatos de gestão das novas autarquias, já deram para ver o que valia. Nada! Eventualmente na redução de custos para o Estado, mas para as pessoas, pelo menos por cá, nada vezes nada. Chega até a ser imoral esgrimir que esta reforma foi feita para as pessoas e não para os políticos quando a proximidade que apesar de tudo existia no anterior modelo, levou, com a mudança, um autêntico murro na barriga, ou até mesmo um pontapé nos tomates.

Felizmente, parece que vai ser possível desfazer alguma da cagada, mas pena que não totalmente revertida, pura e dura. Nestas coisas, os governos criticam-se uns aos outros, mas, como porcos esfomeados, empurram-se e esfocinham-se, mas em rigor comem da mesma pia.

Mas voltando à "...coesão territorial", só pode ser mesmo piada. Porque na verdade a lógica de investimento que tem regido estes dois mandatos não tem ido de encontro a um nivelamento dos diferentes territórios das uniões, mas antes acentuado a diferença no grau de importância populacional e dela a eleitoral.

Vejamos, no caso de Guisande: Ainda há ruas completamente às escuras, sem um único poste de iluminação. Mesmo a estrada que liga Louredo a Guisande, entre os lugares de Cimo de Aldeia e Igreja, tem uma grande extensão sem iluminação. Mesmo na rua de Estose que ligar ao território de Guisande anexado pelas Caldas de S. Jorge, no lugar de Azevedo, tudo é escuro como breu. Asssim, no mínimo a dita coesão territorial ainda não passou de um cinzento carregado. 

A nível do concelho é certo que muita coisa foi feita mas ainda padece de um centralismo exagerado e a sede e as freguesias do seu eixo poente são quem mais beneficia em projectos de monta. O resto, é quase paisagem e mesmo essa já para pasto de auto-estradas e centrais eléctricas. E ruas às escuras.... 

27 de dezembro de 2021

No admirável mundo do à borlix


A imprensa escrita queixa-se da perda de leitores e a sua integração no digital online parece não ter resolvido a situação, ou pelo menos disso continuam a lamentar-se. Certo é que se no formato tradicional em papel não há muito a fazer, porque há muito que os hábitos de leitura dos portugueses andam pelas ruas da amargura, também no online as coisas não são apelativas. No geral o que é oferecido é publicidade, insistente e persistente, quase numa forma agressiva, e no fundo pouco oferecem, apenas títulos ou resumos para conteúdos premium que precisam ser pagos para poderem ser lidos. Ou seja, neste momento, os lucros publicitários serão superiores ao que é oferecido. Pelo menos é essa a percepção.

Por outro lado, ainda em 2020, um grupo de vinte directores dos principais títulos da impensa escrita em Portugal apelava aos leitores para comprarem jornais em papel ou os assinaram nas plataformas digitais como premissa para apoiar um jornalismo de qualidade e assim combater a pirataria e a falsa imprensa. Certamente que o apelo caiu na indiferença.

Certo é que a qualidade dos jornais em geral é fraca, muitos deles tendenciosos e a voz dos donos dos seus grupos editoriais e posicionamento político e ideológico ou mesmo clubista no caso dos desportivos.

Em resumo, tal como tem estado, a imprensa, não só a escrita como a televisiva,  também não está a merecer muito mais apoio e interesse. Ainda quanto às edições electrónicas dos jornais, sendo obviamente mais baratas do que na versão papel, no geral ainda são caras porque ainda com bastante publicidade, com valores entre 50 a 100 euros anual. Talvez com valores mais em conta poder-se-ía captar mais leitores assinantes. Mesmo assim, sou assinante de dois títulos, um regional e outro local, mas pergunto-me se não serei um dos poucos casos raros? Já agora, em Guisande, quantos assinantes de jornais teremos? Será difícil responder?

Para além de tudo o mais, a imprensa esbarra-se com outro muro que é o do oportunismo geral, em que ninguém quer pagar seja o que for, dando como adquirido que tudo o que está na net online é de borla. Assim, pagar um serviço, um software, um jornal, um conteúdo artístico, é coisa rara. É estrutural mas é cultural.

Por exemplo, tenho em funcionamento e sou administrador de um fórum sobre um determinado tema em que já vai a caminho dos 20 mil utilizadores. Há tempos abri a hipótese dos mesmos utilizadores poderem dar um contributo, via PayPal, para ajuda dos custos de manutenção(domínio, alojamento e software), que poderia obviamente ser de qualquer valor, msmo que simbólico. Pois bem, durante um ano em que esteve aberta essa oportunidade, apenas um único utilizador contribuíu com 3 euros. Os restantes milhares não se mostraram sensíveis continuando por isso a usufruir de um serviço completamente grátis e que serve os seus propósitos para a finalidade a que se dedica o fórum.

Em resumo, no geral o espírito do portuga é esse mesmo, o de oportunista, o de usufruir de qualquer coisa, desde a mais banal à mais útil e interessante, mas completamente à borlix e, quantas vezes, ainda a reclamar. Mesmo dando como adquirido que no geral todos nós acabamos por baixar e instalar conteúdos sem os pagar, sejam programas, música e outros conteúdos artísticos, mas, porra, pelo menos que alguma coisa paguemos.

26 de dezembro de 2021

Nuvens negras

Há dias, alguém que prezo e estimo, um guisandense ausente mas presente, e que vai seguindo os meus apontamentos sobre algumas coisas relacionadas à freguesia e paróquia, manifestava-me o seu agrado pelos mesmos, e que os acompanha interessado, porque mais do que memórias trazidas à tona do dia, são elementos que guardam um pouco do que é a nossa história comum. E rematava dizendo que entendia que estas coisas deviam ser mais divulgadas e consideradas.

Em resposta, e agradecendo o interesse, ressalvei que porventura a coisa não mereceria tanta atenção. De resto nem o faço para colher bênçãos mas antes para ficar como um simples registo escrito para memória futura e até porque um dia destes alguns desses apontamentos irão para livro. Mas no essencial tenho noção que estas coisas pouco ou nada interessam à generalidade das pessoas. Quando muito a meia dúzia.

Quando alguém sai a caminhar com o céu carregado com nuvens escuras e a ventar, não pode ter a expectativa de que não vai chover e que o sol vai aparecer sorridente. As coisas são como são. Se vires um animal a caminhar como uma galinha, a cacarejar como uma galinha e a pôr ovos, então o mais certo é que seja mesmo uma galinha.

No fundo a freguesia é pequena e cada vez mais, porque esta história das uniões de freguesias, paradoxalmente só veio contribuir para uma desagregação, e nela escasseiam as pessoas com sensibilidade cultural e de amor à terra suficientes para apreciar e valorizar o que por ela se vai fazendo. E dessas poucas, algumas não passam de polícias sempre de bastão levantado, invejosas, com comichão por quem lhes faça sombra ou as incomode nas suas vaidadezinhas. Mas a maioria será mesmo completamente insensível a estas coisas e a freguesia será apenas uma coisa em abstracto, nela apenas exercendo o papel de cidadãos anónimos, sem qualquer tipo de intervenção. Ou seja, daqueles que não levantam uma palheira a favor do todo comunitário.

Neste panorama, seja em que vertente for da nossa comunidade, nunca se pode esperar muito. Vamos, pois, indo e vendo, mesmo a remar contra correntes, e fazer de conta que ainda estamos nos bons velhos tempos em que mesmo com as naturais diferenças, se remava para o mesmo lado e o sentido de comunidade e freguesia era muito vivo.

Bons velhos tempos que já não voltam, ande-se por onde andar.. 

24 de dezembro de 2021

O Natal já não é o que era...

O Natal já não é o que era! Dizemos muitas vezes. Não será bem assim, mas haverá alguma verdade. Desde logo porque necessariamente os tempos nunca são os mesmos, mesmo que nem sempre o avançar deles signifique evolução.

Depois, quer se queira ou não, há diferentes percepções do Natal e do seu espírito. Ora a percepção dos mais velhos não é de todo igual às dos mais novos. Estes porque em regra crescerem num contexto de facilidades e abundância, nada lhes faltando, aqueles porque um pouco ou tudo ao contrário. Hoje os mais novos não sentirão a diferença de comer rabanadas, chocolates, aletria, bolo-rei, etc, porque os têm e comem durante todo o ano. Quando muito farão uma cara feia como a uma sopa de nabos. Já os mais velhos sabem que noutros tempos essas coisas eram mesmo só pelo Natal e nunca à fartazana, daí o sentido e percepção do sabor das coisas, tanto na boca como na alma.

Mas adiante. Hoje em dia, de facto, o Natal é muita coisa e coisa nenhuma, porque já pouco do essencial e do que ao longo dos séculos lhe deu substância. É verdade que o espírito de comunhão em família ainda se mantém, bem-haja, mesmo que o conceito de família esteja já a ser subvertido, mas no geral é puramente comercial e consumista. Da componente tradicional e religiosa já pouco resta. Uma larga maioria, mesmo num país dito católico, celebra o Natal sem celebrar o seu motivo nem passar pela igreja. - Coisas de velhos!

Depois é tudo muito rápido e fácil. Já muitos começam a consoar num restaurante chique e a ostracizar o bacalhau, por coisas mais à chef, e daí esta pandemia estar a ser uma chatice do caraças. Não se cozinha, e tudo já se compra feito e pronto. Não se descascam as batatas, as nozes nem os amendoins, sequer. Já não se fatia presunto ou queijo. Compram-se as “tábuas de festa”. Tudo pronto a consumir. 

É esse o espírito e o comércio faz questão de no-lo lembrar com a devida antecedência, quando por meados de Outubro já apanhámos com o velhote da Coca-Cola, as marcas do perfume com as gajas boas, as operadores de telecomunicações a dizerem-nos que o que está a dar é o 5G, as marcas de relógios a mostrarem joias como se fôssemos todos Cristianos Ronaldos, os amigos do Sócrates ou os Rendeiros, e as grandes superfícies engalanadas com pirâmides de Ferreros, árvores de bacalhau e azeite, etc, etc.

O Natal está mesmo a mudar e os fundamentalistas da inclusão até lhe querem dissociar o simbolismo e contexto religioso. Ora, para esses, vão-se foder e entalem-se com as trufas! Para os demais, um Feliz e um Santo Natal!

17 de dezembro de 2021

Zero


Portugal deu neste ano um importante passo rumo à descarbonização com o encerramento da Central Termoelétrica do Pego, deixando assim de produzir energia a partir do carvão. 

Todavia, estas coisas nem sempre são o que parecem já que, não sendo auto-suficiente, terá que compensar a perda de produção comprando a países europeus como a vizinha Espanha, França ou Alemanha. Para além de tudo, vamos comprar energia em grande parte produzida por esses países precisamente a partir do carvão, em que o continuarão a fazer pelo menos até 2030, já que não se comprometeram a abandonar este tipo de produção até essa data.

Resumindo, o nosso contributo em benefício do clima com o encerramento das instalações em Abrantes junto ao Tejo, por ora vale zero. Deixamos de poluir por aqui, é certo, mas alguém polui na justa medida e por nós noutro lado. 

Ademais para trás ficou um enorme investimento que não durou 30 anos, bem como centena e meia de trabalhadores que para já parece que vão continuar a receber o salário e a entreter-se com formação, paga pelos contribuintes, no que se prevê que aconteça até ao final do próximo ano, mas depois o seu futuro será de todo incerto.

16 de dezembro de 2021

Novelas à portuguesa


Os advogados de Rendeiro propõem uma caução de 2 mil e picos euros para o seu pobre cliente ficar em liberdade. Que tem poucos recursos, que a esposa vive às custas da generosidade do motorista que lhe empresta a casita e que a fuga em avião privado, compra de tecnologia de ponta aos hebreus para proteger comunicações e o hotel de luxo onde se alojava, bem como a molhada de cartões bancários encontrados em seu poder, serão, afinal, de um amigo de infância de um ilustre ex político português, também ele um pobre coitado, constantemente a precisar do auxílio do Robin dos Bosques e do bondoso amigo para lhe dar guarda em apartamento de luxo em Paris. E que não há perigo de fuga, coisa que nunca fez nem sabe fazer.

Já quanto a Pinho, vamos fazer um peditório na paróquia para o ajudar, já que diz, pelo advogado, não ter os seis milhões para a caução, nem coisa que lhe pareça. Mas onde é que o juiz de instrução tinha a cabeça para determinar tão astronómico valor? Estará a pensar nas claúsulas de rescisão dos craques da bola?

Por sua vez, o cirurgião que "mexe" profissionalmente nas maminhas das famosas em Portugal, e aspira gorduras das barrigas aos machos do jetset lusitano, o Dr. Ângelo Rebelo, que dizem milionário e conduz um Porsche Cayenne, entre outras bombas de muita cavalaria, de acordo com a investigação do CM TV, lá conseguiu um apoio da Segurança Social, de 600 e picos euros, para o ajudar, pobrezinho, a pagar as custas de tribunal, num processo em que se diz ser caloteiro por não pagar as respectivas rendas. A generosa Segurança Social, que, de acordo com o referido canal,  para o mesmo pedido de ajuda judicial, feito por um bombeiro gravemente ferido no exercício da sua missão, recusou.

Começamos bem o dia!

15 de dezembro de 2021

Rendeiros e Pinhos


Não partilho, de todo, da opinião de Rui Rio quanto à suposta politização da descoberta e captura do bandido João Rendeiro. E chamo-lhe bandido porque estamos a falar de um condenado pela Justiça, e dela fugitivo com todos os requintes de prévia premeditação e preparação. Quase o argumento perfeito de um filme de mafiosos e conspiração. 

Mas dizia, não corroboro do que escreveu o presidente do PSD, e acho até que para além de um grande disparate e falta de sentido de Estado, foi um tiro no próprio pé.

Em todo o caso, e considerando que a Justiça não faz fretes aos políticos (e se por vezes até somos levados  a pensar que sim, não é correcto nem sensato, sem provas, afirmá-lo), por vezes a coincidência dos timings pode dar um jeito do caraças. Veja-se que toda a imprensa, de malas e bagagens, está concentrada no caso e na casa do bandido Rendeiro e como numa novela temos sido bombardeados com todos os pormenores e a toda a hora. Um autêntico massacre para uns e uma delícia para outros. 

Claro está que, e lá vem o tal jeito para alguns políticos, não se tem falado nem dado o merecido destaque a outros importantes assuntos. Alguém fala da vilanagem dos contratos com as concessões mineiras de lítio? Alguém fala dos desmandos com a TAP? Alguém fala de muitas outras coisas mais importantes do que os Rendeiros, os Linos e os Pinhos e suas estimadas e riquinhas esposas? Há sempre alguém que fala, mas como "gato por brasas", "en passant". 

O turbilhão, esse anda lá para o sul de África. E continuará pelo menos até ser confirmado o que se espera num país ainda muito sujeito à corrupção, que o dinheiro fale mais alto, até porque lá, como cá, quem tem dinheiro consegue percorrer todos os meandros da Justiça, entretê-la com todos os recursos e expedientes possíveis e imaginários e assim adiá-la e mesmo evitá-la, até que o mediatismo se dissolva e a horda de jornalistas levante âncora. 

A ver vamos!

14 de dezembro de 2021

Pão e circo - Bolos-reis e luzes


Ontem no programa "Polígrafo", na SIC, entre outros casos analisados para verificar da sua autenticidade face ao que pelas redes sociais vai sendo publicado como factos, foi dado como verdadeiro que a Câmara Municipal de Oeiras tenha gasto 20 mil euros apenas em bolos-reis. Mas outras Câmaras gastam isso e bem mais em outras natalícias coisas, como fardos de bacalhau.

Igualmente um facto verdadeiro a despesa da Câmara Municipal de Leiria, no valor aproximado a 400 mil euros, em despesas de iluminação e diversões alusivas ao Natal.

E não faltarão pelo país fora despesas similares totalizando seguramente milhões de euros. 

Face a tantas necessidades e privações das populações, muitas delas estruturais, não se percebe, ou talvez sim, que no geral as autarquias, em regra sobre-endividadas, se permitam a estes desmandos e exageros e no geral legitimados pelos contribuintes enquanto eleitores. Depois, muitas têm relutância em abdicar da totalidade da taxa de IMI porque, cá está, precisam de receita para os desmandos, luzes e festas.

Pão e circo já era a receita usada pela velha Roma para manter a populaça acalmada e satisfeita. Mais de dois mil anos depois, mesmo com o inerente salto civilizacional, vê-se que ainda são actuais algumas das velhas práticas.

E assim vamos indo e rindo!

8 de dezembro de 2021

Bravo, Ambrósio!


AMBRÓSIO, APETECIA-ME ALGO...

Parece que em Portugal os motoristas privados têm um estatuto importante nas vidinhas de gente importante. Veja-se o motorista de José Sócrates, acartador de sacos de notas, o de João Rendeiro, fiel depositário de imobiliário de luxo a quem, por benevolência cede o usufruto à esposa carente do pobre patrão, e agora o do finalmente ex-ministro Eduardo Cabrita.

Para além de tudo, dessa confidencialidade suspeita e insuspeita, no caso de as coisas não correrem bem, são figuras descartáveis, porque os seus importantes chefes, afinal, são apenas meros passageiros que aproveitam as viagens para tirar uma sesta.

Com tudo isto, o Ambrósio, o motorista da senhora dos "Ferreros Rochês", deve andar envergonhado pela classe andar em tão más línguas. Sim, ele que nunca deixou de satisfazer a senhora do jet-set, sempre que lhe apetecia algo. 

Ora o Ambrósio, embora profissional requintado, é o principal culpado, porque deu os maus exemplos e criou piores hábitos ao tomar liberdades de pensar nos desejos da senhora.

Bravo Ambrósio!


Nota: Porque é sempre bom saber, leiam aqui alguns pormenores sobre o famoso reclame publicitário ao Ferrero-Rocher. Quem são na realidade o Ambrósio e a senhora e o que são na actualidade.


TRAIL DOS ROJÕES

Por estes dias ir almoçar ou jantar ao "Lavrador", no lugar da Sé, nas Caldas de S. Jorge, só mesmo com jipe todo-o-terreno ou de retro-escavadora. Não tenho dúvida que é uma situação que causa prejuízos aos estabelecimentos afectados pelas obras na zona do Parque das Termas. Ainda por cima, a única estrada por ora pavimentada que lá podia conduzir, tem sentido proibido.

Mas, quem sabe, talvez no orçamento da obra estejam previstos apoios ou indemnizações. A isso mandaria o bom senso e algum sentido de justiça. Será assim?

7 de dezembro de 2021

Acordeão desafinado


Bem sabemos que as nossas televisões, incluindo a pública RTP, há muito que encontraram nos telefonemas de valor acrescentado uma mina onde podem garimpar uma substancial receita e pau para toda a colher. Daí que em programas ditos de entretenimento, tantas vezes de apenas "encher chouriços", abundem os pseudo-concursos, apenas com o claro intuito de angariar verbas.

Assim, no programa "Praça da Alegria" que na RTP entretém reformados e salas de espera até que chegue à hora do almoço, começou agora um pseudo-concurso designado de "Acordeão D´Ouro", que supostamente pretende premiar e encontrar o melhor acordeonista de quantos se inscrevem e participam. 

Ora, a ter em conta o exemplo da primeira ronda de hoje, vê-se claramente que quem decide é o público e os seus votos-telefonemas, logo quem conseguir arrigimentar mais familiares, vizinhos e amigos e quem cativar mais popularidada e simpatia. 

O verdadeiro saber, a meritocracia, são atributos que valem pouco ou mesmo nada. Assim, um qualquer zé cabra das teclas, especialista em dar uns toques, pode facilmente vencer um aluno de Conservatório, com técnica apurada e formação musical, desde que faça figura de bom e alegre rapaz.

É certo que existe um júri, desde logo com o profissional e competente Tino Costa, algarvio com mais de 50 anos de carreira, mas a televisão não quer que a coisa seja decidida por júris, por quem supostamente percebe da poda, e daí o povo é que decide com o seu voto telefónico. Podia lá ficar de fora?...

Neste contexto, um dias destes teremos o povo anónimo a votar em qual será o melhor foguetão para nos levar a Marte. 

Portanto, quando se brinca com coisas sérias, a coisa não é para levar a sério. É pena, mas os modelos de negócio das televisões e dos média em geral não se compadecem com lirismos e coisas sérias.

29 de novembro de 2021

Caninamente obediente


Há nele um não sei quê de patego, mesmo um lorpa, e simultaneamente a esperteza cega de uma minhoca calculista que se adapta, contorce e progride nos meandros da oportunidade, mesmo do oportunismo. Pode parecer uma adaptação escorregadia, moldável, ou mesmo uma marioneta num contexto mais teatral, mas o certo é o que o homem lá vai indo e progredindo, assegurando que a sua sela esteja bem presa ao dorso do cavalo e assegura que os seus cavalguem também seguros. Por vezes aposta no cavalo errado mas, que raio, até um relógio parado tem horas certas duas vezes ao dia!

Se fosse carpinteiro ou serralheiro o rapaz só faria janelas de oportunidade. Mas verdade se diga, a reboque de algum trocadilho, ele tem mais pinta de mercenário de que marceneiro. O Marceneiro, o verdadeiro, esse pelo menos tinha o dom de bem cantar o fado. Já para este, o mercenário, o fado é foda, e prefere bem mais cantar loas trovadorescas e galantes a quem lhe dá solda e saldo. Nessa monocórdica concordância, está ele sempre na linha da frente e se os chefes dizem "mata" ele não perde tempo a dizer "esfola". 

Como chegou a caracterizá-o o Dinis Pastos, eminente leitor de carácteres, o tipo faz-nos lembrar aqueles cãezinhos que numa certa época de azeiteirice, ali pelos anos 60 e 70, criavam pulgas na traseiro peludo dos automóveis, sempre abanando a cabeça numa atitude de permanente concordância ante o dono. Sem cansaços, sem torcicolos.

Mas, foda-se, tanta prosa para contornar o que de forma mais prosaica se pode dizer que o gajo é apenas, e não é pouco, um grande lambe-botas.

Todavia, que se lhe dê mérito, pois nesse modo de estar, lá vai indo e progredindo, verde, viçoso e cheiroso, um verdadeiro pau para toda a colher, assente na sólida filosofia de que os chefes têm sempre toda a razão. Não o contrariemos, porque o manter um chefe bem disposto é, em si mesmo, um posto. E é esse o seu posto, manter os chefes bem dispostos, principalmente se estes não gostam de ser contrariados. Ora tudo menos indispôr as chefias. Nem que se apanhem sabonetes do chão da sauna. Com o sentido de missão não se brinca!

Posto isto, aposto que perceberam nada, mas perguntem ao Pastos, que ele descodifica; se há  fixação que o prenda, é a ficção.

Já agora, vou encomendar um desses cãezinhos de pescoço oscilante e, claro, uma alcatifa peluda para o instalar.