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7 de agosto de 2017

Escola Primária do Viso - A compra do terreno


- Acima: Vista parcial da escola em fotografia de 1961


Nestes nossos apontamentos relacionados com aspectos do passado de Guisande, voltamos ao tema da Escola Primária do Viso. Depois das referências relacionadas com a concessão da água que abastecia o edifício, de que já falámos aqui, neste artigo trazemos à memória a parte da aquisição do terreno cujo assunto mereceu referência numa das actas das reuniões da Junta de Freguesia de Guisande dessa época. O documento de tal reunião, está datado de 29 de Maio de 1949 e abaixo se reproduz, dividido em duas imagens para facilitar a ampliação. Para melhor leitura, transcreve-se a mesma:

Aos 29 dias do mês de Maio do ano de mil e novecentos e quarenta e nove, se reuniu a Junta da Freguesia de Guisande, concelho da Feira, na sala das sessões. Aberta a sessão e depois de lida e assinada a acta anterior, o presidente disse que acharia bem que a sessão de hoje referir-se-ía à apreciação das contas referentes ao terreno onde foi construído o edifício escolar situado ao lado do arraial da Sª da Boa Fortuna. Foram precisos 1071 metros quadrados ao preço de 7$50 cada metro, sendo o total de 8032$50.
A freguesia entrou com 4165$00, a Junta com 485$00 e a Câmara com 3382$50.
O referido terreno pertencia a dois proprietários desta freguesia, que são: Joaquim Gomes de Almeida, que vendeu 509 metros quadrados, que confina pela parte norte e nascente com o caminho público, sul com o arraial da Sª da Boa Fortuna e poente com Bernardina Joaquina da Conceição e a Bernardina Joaquina da Conceição vendeu 562 metros quadrados, que confina pela parte norte com caminho público, nascente com Joaquim Gomes de Almeida, poente com Glória Azevedo e do sul com o arraial da Sª da Boa Fortuna.
Não havendo mais nada a tratar, depois de lida e aprovada por nós vai ser assinada.

O presidente: António Leite D´Oliveira Gomes
O secretário: Joaquim Gomes de Almeida
O tesoureiro: António Francisco de Paiva



Ficamos assim a saber que o terreno, com uma área de 1071 metros quadrados foi adquirido a dois proprietários, concretamente a Joaquim Gomes de Almeida, meu avô (509 m2) e a Bernardina Joaquina da Conceição (562 m2), ao preço de 7$50 por cada metro quadrado, o que totalizou um investimento de 8032$50 escudos.
Não deixa de ser curiosa a fonte do dinheiro necessário à compra, cabendo 4165$00 à freguesia, certamente por peditório efectuado, 485$00  à Junta e  3382$50 à Câmara Municipal. Assim, ao contrário do que se poderia pensar nos dias de hoje, e sendo a construção das escolas da responsabilidade do Estado e das Câmaras Municipais, a Escola Primária do Viso não era de todo apenas um investimento público, já que pelo menos na parte que toca ao terreno era de maioria da própria freguesia. Por conseguinte, pelo menos quanto ao factor do investimento, o edifício era também propriedade de Guisande.

6 de abril de 2017

Turismo no concelho



Foi por estes dias apresentado o Plano Estratégico e de Marketing para o Turismo de Santa Maria da Feira. Nada de mais, pragmático e previsível quanto baste.  Nele são exaltadas as potencialidades e optimizadas as metas para o futuro. 

 Pretende-se um plano transversal que abranja todo o território mas obviamente que muito desse território ficará de fora, seja por escassez de focos de interesse em qualquer uma das vertentes do turismo da actualidade, como património, cultura e ambiente, seja por falta de investimento e potencialização no que há, mesmo que pouco. De resto era sabido que o nosso turismo concelhio está e vai continuar a estar muito centralizado na sede, à volta do castelo, dos Lóios e do Rossio, não no valor intrínseco do próprio território como um todo e de muitos dos seus importantes focos, mas sobretudo nos eventos de massas, como o caso da Viagem Medieval, Imaginárius e Perlim.

Em todo o caso, Santa Maria da Feira tem sabido projectar-se e vender muito bem o que tem e até mesmo o que não tem, como o caso sintomático do licor "Chamoa", um produto recente, sem antiguidade, mas rebocado pela Viagem Medieval e que é agora vendido como "se fosse um produto secular". Mérito, óbvio, do marketing, que não poucas vezes procura vender gato por lebre, mesmo até no turismo.

Seja como for, Santa Maria da Feira está atenta e a trabalhar bem, usando as ferramentas do moderno marketing para potenciar o que tem de melhor. É importante que, com ou sem plano, a aposta na divulgação e investimento se estendam a todo o território para que nenhuma freguesia fique de fora. Só aí é que este será um plano transversal.


26 de dezembro de 2016

Guisande – Brasão

 

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- Clicar na imagem para ampliar

Brasão da freguesia de Guisande, actualmente integrada na União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande – Município de Santa Maria da Feira

Descrição oficial: Brasão: escudo de verde, um cajado de prata, posto em pala, entre dois leões passantes de ouro, o da dextra volvido; em orla, catorze espigas de milho de ouro, folhadas de prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «GUISANDE - SANTA MARIA da FEIRA».

Simbolismo do Brasão:

O escudo de verde simboliza a personalidade rural e a pureza ambiental da freguesia de Guisande e as espigas de milho, douradas, simbolizam os catorze lugares da freguesia numa disposição de unidade e solidariedade fraterna. O báculo de prata, ladeado por dois leões ,simboliza S. Mamede, padroeiro da freguesia, assim como a vertente cultural e religiosa da paróquia.

Parecer emitido a 20 de Outubro de 2004.
D.R.: Nº 303 de 29 de Dezembro de 2004.
DGAL: Nº 02/2005 de 05 de Janeiro de 2005.


Foi concebido por Américo Almeida a convite da Junta de Freguesia de então.

27 de fevereiro de 2014

Imprensa periódica da Vila e Concelho da Feira

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Excelente trabalho de Roberto Vaz de Oliveira sobre a imprensa periódica da vila e concelho da Feira, integrado na publicação “Aveiro e o seu Distrito, Nº 10 de Dezembro de 1970.

Como curiosidade, a indicação de um nosso conterrâneo, Dr. Joaquim Alves Santiago, ter sido director do jornal “Democrata Feirense”.

 

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O Dr. Joaquim Alves Santiago nasceu na freguesia de Guisande, deste concelho da Feira, em 25 de Novembro de 1898, sendo filho de Joaquim Alves Santiago e de sua mulher D. Maria Joaquina da Conceição. Casou, pela primeira vez, com D. Margarida Augusta da Conceição Valente Baldaia e, pela segunda vez, com D. Inocência da Silva Santos.

Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi, nesta cidade, professor da Escola Académica, tendo também advogado na Vila da Feira, onde faleceu em 12 de Setembro de 1958.

5 de janeiro de 2000

Fotografias antigas e documentais - 3

- Salão Paroquial, em obras - 08/07/1964
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- Cemitério Paroquial - Final dos anos 60
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- Padre Francisco e amigos - Julho de 1955

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- Fotografia dos anos 60. 
O Sr. António Henriques na poda dos saudosos arbustos.

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Fotografias antigas e documentais - 2

- 5 de Junho de 1969

Fotografia da Comunhão Solene de 5 de Junho de 1969.

Vê-se a procissão a descer o Monte do Viso a caminho da Igreja. Observa-se o Monte do Viso na sua forma antiga, ainda com a rua central, em terra batida.
Vê-se também a capela ainda sem o arco da sineta e sem os altifalantes.
No lado esquerdo vê-se um cruzeiro do percurso do Calvário sem a parte superior horizontal, que havia sido derrubada durante a festa do Viso no ano anterior.

As obras de restauro da capela ocorreram nesse ano, à passagem do centenário do edifício. As obras incluíram o revestimento da fachada com azulejaria, oferta de António Alves Santiago e ainda no interior, restauro de paredes, tectos e altares.
Pelo aspecto da capela, tudo indica que as obras tenham ocorrido depois da Comunhão Solene, mas é um caso a confirmar.

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- Março de 1958

Fotografia antiga onde se vê um grupos de mulheres nas tarefas de jardinagem do adro.  O adro de igreja, tanto na zona adjacente à igreja matriz como no exterior, nasceu com a iniciativa do antigo pároco, Padre Francisco Gomes de Oliveira e ao longo dos anos mereceu a dedicação e carinho de várias pessoas que contribuíram para o seu crescimento e manutenção. Nesta fase retratada, estava-se no início da plantação das diversas árvores. Algumas delas, nomeadamente os famosos arbustos, com inscrições moldadas pelas mãos hábeis do Padre Francisco, cresceram e já morreram ou foram retiradas, mas algumas plantas ainda subsistem.
 
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- Comissão de Organizadora da Festa de Bodas de Ouro do P.e Francisco de Oliveira - 1989
 
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De pé, da esquerda para a direita:

Joaquim C. Santos (Leira), David Pinto da Silva (Estôse), Manuel Adegas (Pereirada), João Lopes (Cimo de Vila), António Paiva (Quintães), António Silva (Barrosa), Manuel Tavares (Viso), Manuel Ferreira (Viso), P.e Francisco Oliveira, Américo Pinto dos Santos (Fornos), Joaquim F. Coelho (Fornos), António F. Almeida (Lama), António G. Henriques (Igreja), Germano C. Gonçalves (Igreja), Manuel Pereira (Cimo de Vila) e Alcides Giro (Casaldaça),
Em baixo, agachados:
António P. Ribeiro (Casaldaça), Elísio Monteiro (Barrosa), José P. Baptista (Fornos), Domingos A. Conceição (Reguengo), Delfim Henriques (Estôse), Eva Fernanda Silva (Cimo de Vila), Maria Madalena Silva (Cimo de Vila), Bento Mota (Cimo de Vila), José Almeida Peixoto (Outeiro) e Alberto Gomes de Almeida (Fornos).

- Magusto no Monte do Viso, em 27 de Novembro de 1960
 
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- 8/7/1957 - Grupo de amigos do P. Francisco
Reconhecem-se pessoas como o próprio P. Francisco e irmã Elisa,  António Santiago, Dr. Joaquim Inácio, Dr. Sá, Domingos Azevedo, Manuel Pereira, Prof. Célia Azevedo e P.e Santos Silva, entre outros.
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- Magusto junto à residência paroquial – 09/12/1956
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- Procissão da Festa do Viso, ao passar às Quintães, onde até há pouco tempo existia a mercearia da Isaura Santiago – 4/8/1957


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- Grupo da Comunhão Solene – 20/6/1957

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Guisande - Dados sobre Eleições Autárquicas

Eleições de 12 de Dezembro de 1976


Composição da Junta de Freguesia:
Higino Gomes de Almeida - PPD/PSD
Fernando de Almeida Anunciação - PPD/PSD
Avelino de Sousa - PPD/PSD

Eleições de 16 de Dezembro de 1979


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Alves - PPD/PSD
Germano da Conceição Gonçalves - PPD/PSD
Manuel Rodrigues de Paiva - PPD/PSD
Elísio Alcino Ferreira dos Santos - PPD/PSD  (*)
((*)eleito em Assembleia de Freguesias
após a demissão de Manuel Rodrigues de Paiva).

Eleições de 12 de Dezembro de 1982


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Alves - PPD/PSD
Germano da Conceição Gonçalves - PPD/PSD
Elísio Alcino Ferreira dos Santos - PPD/PSD

Eleições de 15 de Dezembro de 1985


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Alves - PPD/PSD
Germano da Conceição Gonçalves - PPD/PSD
Inácio Resende da Silva - CDS

Eleições de 17 de Dezembro de 1989


Composição da Junta de Freguesia:
Rodrigo de Sá Correia - PS
Manuel Ferreira - PS
Manuel Tavares -IND

Eleições de 12 de Dezembro de 1993


Composição da Junta de Freguesia:
Manuel Ferreira - PS
Rodrigo de Sá Correia - PS
Marinho Ferreira Coelho - PS

Eleições de 14 de Dezembro de 1997


Composição da Junta de Freguesia:
Celestino da Silva Sacramento - PS
Rodrigo de Sá Correia - PS
Valter Ferreira das Neves - PS

Eleições de 16 de Dezembro de 2001


Composição da Junta de Freguesia:
Celestino da Silva Sacramento - PS
Rodrigo de Sá Correia - PS
Jorge da Silva Ferreira - PS

Eleições de 09 de Outubro de 2005


Composição da Junta de Freguesia:
Joaquim da Conceição Santos - PSD
Pedro João da Costa e Silva - PSD
Mário Luís Fernandes Silva - PSD

Eleições de 11 de Outubro de 2009



Composição da Junta de Freguesia:
Mário Luís Fernandes Silva - PS
Alexandra Susete de Castro Gomes - PS
Elísio dos Santos Monteiro - PS

Reforma Administrativa de 2013
União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
Presidente da Comissão:
José Henriques dos Santos

Julho a Outubro de 2014 - Comissão Administrativa
(Nomeada por Despacho 9150/2014 de 16 de Julho)
José Henriques dos Santos - PSD
Manuel Joaquim Baptista Cardoso - PSD
David António Henriques das Neves - PS

Eleições Intercalares de 28 de Setembro de 2014


Composição da Junta da 
União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
José Henriques dos Santos - PSD - Lobão
Márcio Daniel Barbosa Moura - PSD - Gião
Marta da Silva Costa - PSD - Louredo
Américo Fonseca Gomes de Almeida - IND - Guisande
Joaquim Pedro Bastos Serralva - PSD - Lobão

Eleições Autárquicas de 1 de Outubro de 2017


Mandato 2017-2021

EXECUTIVO 

PRESIDENTE:
José Henriques dos Santos

SECRETÁRIA:
Susana Silva

TESOUREIRO:
Manuel Leite

1º VOGAL:
Carlos Rodrigues

2º VOGAL:
Andreia Pinho

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA
Presidente:
Rui Giro - PSD
Secretários: 
Óscar Oliveira - PSD
Generosa Oliveira - PSD

Jorge Santos - PSD
Mónica Lopes - PSD
Óscar Reis - PSD
Filipe Moreira - PSD 

David Neves - PS
Carla Silva - PS
Nuno Almeida - PS
José Oliveira - PS
Celestino Sacramento - PS
Maria Elisabete Neves - PS

Eleições Autárquicas de 26 de Setembro de 2021




Junta de Freguesia

David Neves - PS - Presidente
Nuno Almeida - PS - Tesoureiro
Vera Silva - PS - Secretária
Maria Elisabete Neves - PS - Vogal
José Oliveira - PS - Vogal


Assembleia de Freguesia

Carla Cristina Henriques da Silva - PS
Presidente
Maria Teresa Barbosa de Almeida - PS
1º Secretário
Luís Miguel Ferreira Alves de Pinho - PS
2º Secretário
Celestino da Silva Sacramento - PS
Ana Paula Lopes Pinto - PS
Lidiana Fuste e Silva - PS
Job Santos Silva - PS
Manuel de Oliveira Leite - PSD
Jorge Joaquim da Silva Ferreira Santos - PSD
Óscar Manuel Pinto dos Reis - PSD
Ricarde Daniel Valente de Almeida - PSD
Maria de Fátima Oliveira Lopes - PSD
Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD

Fotografias antigas e documentais - 1

- Guisande - 24 de Outubro de 1954

Derrocada da antiga ponte da Lavandeira, sobre a Ribeira da Mota.
As chuvas desse mês de Outubro de 1954 foram particularmente fortes pelo que as impetuosas águas transbordaram do leito, inundando o vale e arrastando tudo à sua passagem, incluindo detritos e moreias de canas de milho que assim, como um tampão com forte pressão, derrubaram a velha ponte, provavelmente edificada com pouca consistência.
Provisoriamente foi construído um passadiço em madeira, conforme se vê na imagem, sendo depois edificada a ponte que actualmente existe.

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- Junho de 1954

Vista da igreja matriz, obtida na zona do Ribeiro. De notar a inexistência da capela mortuária e a falta da escadaria frontal, a poente, bem como a respectiva alameda (até porque são relativamente recentes), bem como é diferente a zona envolvente à Ribeira da Mota. Em todo o resto, não são visíveis grandes alterações apesar de terem decorrido quase 55 anos.

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- Novembro de 1964 

Magusto da Catequese no Monte do Viso. Esta tradição ainda subsiste nos nossos dias. Hoje em dia, a fogueira é apenas simbólica mas naqueles tempos era uma fogueira a sério. Aliás, eram duas fogueiras: Uma para os rapazes e outra para as meninas, o que não deixa de ser uma curiosidade.
Quanto ao local, facilmente se nota a diferença de vegetação, com a abundância das acácias, bem como o característico terreno irregular do monte.
 
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- 3 de Fevereiro de 1963

Neve em Guisande.
Naquele Domingo, 3 de Fevereiro do ano de 1963, a neve caíu em Guisande com alguma intensidade, chegando a cobrir os telhados das casas, para preocupação dos adultos e alegria das crianças.
Nestas fotografias antigas, obtidas na data, vê-se o telhado da igreja matriz coberto com um branco manto. bem como o adro, também ele coberto de alva neve. Um postal digno do Natal.
 
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- Julho de 1966

Vista parcial do Cemitério Paroquial de Guisande.
Conforme se pode verificar, ainda existiam as sebes de bucho a delimitar os quatro canteiros e para além dos jazigos da Casa do Sr. Almeida do Viso, da capela da Casa do Sr. Moreira da Igreja e mais um ou outro jazigo realizados em granito, a maioria das campas eram rasas, em terra, assinaladas com as características lápides de louza. As dificuldades eram outras e, porque não dizê-lo, as vaidades eram menores.
Também se pode ver ainda a existência da lápide em granito, encimada por uma cruz que existia na campa do Padre Carvalho, fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Infelizmente, por desmazelo ou por outro motivo infeliz, esta lápide foi destruída ou encontra-se desaparecida. Foi um acto imperdoável.

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- 25 de Outubro de 1942

Fotografia da inauguração da Cruzada Eucarística. Foto obtida defronte da residência paroquial. Ao centro,  entre as crianças, o Pároco Padre Francisco de Oliveira, nos seus primeiros anos como guia espiritual da paróquia de S. Mamede de Guisande.


De momento não conseguimos apurar os dados relativos à data da extinção desde grupo, mas creio que tal ocorreu talvez em meados dos anos 70. Será um dado a confirmar. Todavia, este movimento eucarístico, conhecido popularmente pelo Grupo da Cruzada, ainda está bem vivo na memória de várias gerações de guisandenses.

Sobre o movimento da Cruzada Eucarística:
O movimento da Cruzada, a exemplo de muitas paróquias de Portugal, também existiu aqui em Guisande, desde  25 de Outubro de 1942, até meados dos anos 70, conforme já referi. É possível que na sua origem, na sua génese estejam reminiscências da lenda da Cruzada das Crianças.
De todo o modo, sabemos que este movimento da Cruzada teve origem concreta no apelo do Papa Pio X, que, em plena I Guerra Mundial (1914/1919), pediu que as crianças, adolescentes e jovens de todo o mundo se organizassem numa Cruzada Universal, com o objectivo primeiro de rezar pela paz no mundo. Este movimento parece ter chegado a Portugal no início dos anos 20. Foi um sucesso e nos anos 30 o movimento agrupava quase três milhões de jovens, principalmente crianças.

A Cruzada Eucarística das Crianças era formada por crianças em idade da escola primária, rapazes e raparigas, que vestiam roupas brancas. Sobre a roupa, cruzando o tronco, como na figura acima, era colocada uma faixa igualmente branca, estampada com a tradicional Cruz de Cristo, a vermelho. As meninas usavam ainda uma espécie de lenço, preso à cabeça por uma cinta. Este movimento era coordenado por mulheres, ligadas normalmente à Catequese, a quem se dava o nome de zeladoras. Pessoalmente nunca estive integrado nesse movimento, mas recordo perfeitamente a sua existência onde participavam alguns meus colegas. Entre outras actividades, o grupo da Cruzada tinha que acompanhar os funerais, participando no respectivo cortejo fúnebre. 

Naquela época, e ainda durante vários anos, os funerais eram realizados em cortejo pedestre, desde a casa do falecido até à igreja matriz. Em cada cerimónia, a cada criança da Cruzada era oferecida uma espécie de senha de presença, que mais tarde daria direito a algumas prendas ou lugar gratuito numa das excursões realizadas anualmente peló pároco. Em meados dos anos 70, o movimento na nossa freguesia acabou por se extinguir de forma natural, entre outros motivos, devido à cada vez menor indisponibilidade das crianças em participarem com regularidade nos diversos eventos e cerimónias religiosas.

A.Almeida

Padre Agostinho Pereira da Silva

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O Padre Agostinho Pereira da Silva nasceu na freguesia de Guisande, no lugar de Casaldaça, no dia 29 de Agosto de 1920. Filho de Roberto Pereira da Silva e de Ermelinda Henriques de Jesus. Faleceu em 08 de Março de 1997.

Pais do Pe. Agostinho


Missionário da Congregação do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria, o Padre Agostinho, percorreu, desde os primeiros tempos da sua vocação e formação missionária, iniciada no Seminário da Guarda, uma longa e difícil caminhada pelos trilhos da dedicação a Cristo e à Sua Igreja, passando ainda pelo Seminário de Fraião, em Braga, na Casa do Espadanido, também em Braga, onde viveu a experiência do primeiro Noviciado e fez a sua Profissão Religiosa, professando os votos de pobreza, castidade e obediência na congregação, que o caracterizaram por toda a sua vida como um homem simples e desligado das coisas materiais, já que nunca teve nada de seu, para além da sua vida, a qual, até essa, dedicou a Cristo e aos irmãos.

De seguida passou para o Seminário de Viana do Castelo, sendo ordenado presbítero a 7 de Outubro de 1945. Ainda em Viana do Castelo recebeu a sua Consagração ao Apostolado, tendo então recebido a sua primeira nomeação - Missionário em Nova Lisboa, actual Huambo, em Angola. Em 1954, de regresso, em férias ,à metrópole, voltou a passar algum tempo no Seminário do Espírito Santo em Viana do Castelo, ingressando de seguida no Noviciado do Mosteiro de Dueñas, convento espanhol de tradição cisterciense onde viveu durante quase dois anos uma difícil experiência monacal exclusivamente dedicada à oração e meditação.

Em 1958 regressa a Angola onde serviu em várias Missões e leccionou no Seminário de Nova Lisboa. Acometido de vários problemas de saúde, que o perseguiram quase durante toda a sua vida, regressa a Portugal, onde após um descanso em família, lecciona no Seminário da Torre d’ Aguilha.

A 1 de Novembro de 1965 é nomeado pároco da freguesia de S. Domingos de Rana, concelho de Cascais, onde inicia uma das últimas etapas da sua vida, iniciando aqui um trabalho com raízes profundas nas vertentes da acção pastoral e social, fazendo dele um projectista de sonhos e realidades inerentes a uma região suburbana de Lisboa, com uma população crescendo exponencialmente, assim como as suas necessidades e problemas. Já em 1974, quando a razão do crescimento e das necessidades da sua paróquia colocaram em seu auxílio dois coadjutores, o Padre Agostinho começou a dedicar uma especial atenção a um dos lugares da Paróquia de S. Domingos de Rana: Tires. 

A ela se dedicou nos últimos anos da sua vida, tendo conseguido a 31 de Maio de 1985 a designação canónica de “quase paróquia” da Nossa Senhora da Graça de Tires, onde após uma dedicação de sacerdote, missionário e construtor. Nesta nova paróquia, celebra as suas Bodas de Ouro Sacerdotais a 7 de Outubro de 1995, entregando, pouco tempo depois - 8 de Março de 1997 - a sua alma a Cristo.

O Padre Agostinho Pereira da Silva, foi homenageado, a título póstumo, no dia 7 de Junho de 1997, pela Câmara Municipal de Cascais, com a Medalha Municipal da Solidariedade, como reconhecimento pela sua acção apostólica e social que ao longo de grande parte da sua vida dedicou às paróquias de S. Domingos de Rana e Nossa Senhora da Graça, de Tires.

Cónego Dr. António Ferreira Pinto

Conego


Nasceu em 02 de Junho de 1871, no lugar de Casaldaça, freguesia de Guisande. Filho primogénito de Joaquim Caetano Pinto e Ana Rosa Duarte. Foi baptizado na igreja matriz de Guisande em 7 de Junho de 1871 pelo então pároco Abade Manuel Ferreira Pinto. Foram padrinhos o então pároco de S. Miguel do Mato - Arouca, Abade António Ferreira Duarte (1) e Margarida Gomes.
Era neto paterno de Manuel Caetano Pinto e de Joana Maria de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira Duarte e Joana Margarida Soares

Faleceu em 08 de Abril de 1949. Está sepultado em jazigo de família no cemitério de Guisande.

Nota: (1) - - O Abade António Ferreira Duarte, que foi pároco de S. Miguel do Mato - Arouca,  nasceu no Vale, lugar de  Cedofeita, no dia 30 de Março de 1838. Filho do sargento Manuel Ferreiro Duarte e de Joana Margarida Soares. Foi capelão em S. Vicente de Louredo e durante vários anos celebrou missa em Santo André de Gião - Vila da Feira. Dizem que foi dele a autoria da abertura da estrada do lugar da Granja - Vale,  a S. Vicente de Louredo. Faleceu no dia 8 de Agosto de 1909.

Arcediago da Sé do Porto. Dedicou grande parte da sua vida ao Seminário do Porto. Foi nomeado Vice-Reitor em 1906 e mais tarde Reitor, cargo que desempenhou até ao fim da sua vida.
Professor muito competente, com 50 anos de aturado esforço intelectual e didáctico, deixou uma vastíssima obra entre os quais avultam “Lições de Teologia Pastoral e Eloquência Sagrada “, “Memória histórica do Seminário do Porto, “In Memoriam do Bispo D. António Barroso”, entre outras. Em 1936 publica a Monografia de Guisande “Defendei as vossas terras”. Trabalho de investigador, colhido paciente e demoradamente, as páginas deste livro representam o amor de quem escreveu pela sua terra. Este trabalho, devido à sua importância para a freguesia, foi reeditado pela Junta de Freguesia de Guisande em 1999, aquando do cinquentenário da sua morte.
 
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No centenário do nascimento do Dr. Ferreira Pinto.
( M. Álvaro V. de Madureira )

Este homem granítico bem podia ter sido arrancado ao arcabouço de uma serra arcaica. Mas, não. Nasceu, há 100 anos, a 2 de Julho de 1871, perto da Vila da Feira, em S. Mamede de Guisande, nessa terrinha pachorrenta “situada em terreno muito acidentado, mas abundante de boas águas e muito fértil nos seus pequenos vales”, consoante diz Pinho Leal. O povo era simples e crendeiro, nesse tempo, como se deduz de uma anotação do mesmo autor: quem tivesse “padecimento nos ouvidos” furtava uma telha e ia “levá-la de presente” à capela de Santo Ovídeo… “Óptimo remédio”, “Medicamento muito experimentado e aproveitado pela gente da terra da Feira”…Naquele tempo…

Formado em Teologia pela Universidade de Coimbra, foi nomeado professor do Seminário Maior do Porto em 1897, vice-reitor em 1906, e reitor em 1929. Em 1947 a Diocese prestou-lhe solene homenagem, pelos 50 anos do Magistério. Durou a sua longa vice-reitoria 23 anos, e a sua reitoria 20 anos. O Seminário Maior do Porto esteve, pois, na primeira metade do sec. XX, confiado às suas mãos. O clero diocesano ficou bastante marcado pela sua personalidade. Ainda teria sido mais profunda a influência, se fosse maior a compreensão, mas ele não teve a graça de sofrer cedo na vida: começou a sofrer tarde de mais.

Porém não se pense que tinha propriamente uma pedra no lugar do coração. Vi chorar um dia…e ele não sabia fingir pela saída do seu vice-reitor, Dr. Sebastião Soares de Resende, para a costa de África.
Disciplinado e disciplinador, levantava-se muito cedo e não se deitava muito tarde. De hábitos severos, não suportava faltas de ordem nem de limpeza, na casa ou nas pessoas. Não tolerava manchas nem desalinho. Passava periodicamente revista aos alunos, ao vestuário, ao cabelo, às unhas…Naquele tempo os súbditos eram muito resistentes: aguentavam todas essas provas…

Implacável contra os atrasados, contra os “canguinhas”, como ele dizia, tinha o admirável culto inglês da pontualidade. Claro exagero para os latinos que usam horas elásticas: o relógio que também espere.
Não contemporizava com os desorganizados, que desorganizam a vida de toda a gente.
Para impor a sua disciplina militar, estava muito presente aos actos de comunidade e à vida de toda a casa. Renan dizia de Mons. Dupanloup que “cada um dos 200 alunos tinha lugar distinto no seu pensamento”. O chefe deve ser, de certo modo, omnipresente, mas como a cabeça que, sem sair do seu lugar, está em todo o corpo pelos fios do comando, sem absorção nem atropelos. É muito difícil esta omnipresença que não absorve nem atropela. Não me atrevo a dizer que o Dr. Ferreira Pinto o tenha realizado: era um general à moda antiga.

Modelo de coragem, de energia, de trabalho, manifestou um singular estoicismo em 1911, quando foi assaltado o Seminário e, pouco depois, levados por ordem das autoridades cerca de 100 mobílias completas dos quartos dos alunos: “Paciência ! Deixemos as lamentações que para nada servem”. Realmente entendeu bem que a vida é uma luta permanente, que a cada passo importa recomeçar.
Outra característica da sua pessoa e da sua orientação era o apego às coisas do passado. Lá permaneceram, durante a sua vida, na parte velha da casa as minúsculas janelas seculares e, “no claustro”, as tristes lousas cinzentas e a melancólica palmeira…Era, todavia, uma apego por vezes excessivo. Todos os seus discípulos se lembram do seu entusiasmo pelas botas de elástico e da sua relutância em instalar telefone no Seminário. Pelas alturas de um ciclone que assolou a cidade e o País, mandou alguém fora a telefonar aos bombeiros. Só depois disso, lentamente, se foi convencendo dessa necessidade. Era preciso um ciclone para lhe abalar as ideias…
Cada qual vive e serve a seu modo.
No centenário do seu nascimento, queremos prestar sincera homenagem a esta grande figura da Diocese do Porto, que procurou sempre bem servir.
 
Notas de direcção:
Como também acontece com todas as grandes figuras, não é consensual a importância intrínseca que o Cónego António Ferreira Pinto  representou em vida ou representa no presente para a sua freguesia natal, havendo quem considere que no seu tempo foi, para com a Guisande, uma figura ausente e que pouco ou nada contribuiu para o seu progresso não lhe sendo conhecidas obras ou legados patrimoniais para além da pequena monografia.
 
Sob um ponto de vista objectivo, é inquestionável  a importância e relevância desta figura natural da freguesia de Guisande, e daí constar merecidamente nas páginas deste humilde espaço. Porventura reconhece-se que a sua vida, a sua obra e a sua acção estão por razões óbvias mais ligadas à Igreja portuense e nesta ao seu papel enquanto reitor do Seminário Maior, do que propriamente à sua humilde terra natal. Todavia, que mais não seja, esta tem que lhe estar grata tanto pela notoriedade emprestada, e que a deve orgulhar,  mas sobretudo pelo legado da monografia “Defendei Vossas Terras”, que publicou em 1936.
 
Relativamente à importância da monografia, ela é inquestionável porque comporta o resultado de aturado trabalho de pesquisa e investigação. Todavia, reconhece-se que está mais aprofundada nos aspectos ligados à relação com a Igreja, incluindo a importante lista de párocos/sacerdotes e visitas pastorais à paróquia.  Quanto a outros aspectos que habitualmente compõem uma monografia sobre uma determinada terra, e tomando como bom exemplo a monografia sobre a freguesia de Romariz, do padre Manuel Fernandes dos Santos, ou mesmo a dedicada ao lugar de Duas Igrejas da mesma freguesia de Romariz, de autoria do padre Castro, ela é básica e pouco ou nada acrescenta sobre os aspectos geográficos, etnográficos, sociais e culturais da freguesia. Seja como for, mesmo na sua forma abreviada, a monografia “Defendei Vossas Terras” é um elemento importante e que nos ajuda a situar a freguesia e paróquia de Guisande no seu contexto temporal.

Certidão de baptismo de António Ferreira Pinto