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31 de agosto de 2017

Historiando - A lápide da sepultura do Padre Manuel Carvalho

Já nos referimos aqui ao Padre Manuel Carvalho, ilustre figura da nossa paróquia de S. Mamede de Guisande, desde logo por ter sido o fundador, no ano de 1933, da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, irmandade que ainda se encontra activa nos dias actuais, embora já sem a pujança de tempos idos.

Quanto às notas biográficas sobre esse ilustre clérigo, para além da referência que na lista de párocos lhe é feita pelo Cónego Dr. António Ferreira Pinto, na sua monografia sobre Guisande "Defendei Vossas Terras", publicada em 1936, que abaixo se transcreve, pouco mais se sabe para além de que foi pároco de S. Mamede de Guisande em grande parte da primeira metade do séc. XVIII (de 1710 a 1754), 

-Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. Alma verdadeiramente apostólica, fundou uma obra, que ainda hoje está florescente e é o orgulho de Guisande. Refiro-me à Confraria de N. S. do Rosário, fundada em 1733, com todas as licenças dos Dominicanos e autorizações necessárias, cujos Estatutos foram aprovados em 2 de Setembro de 1734 e modificados em Janeiro de 1794. O segundo livro do registo paroquial foi rubricado por este zeloso pároco, em virtude da comissão que lhe deu o Provisor, em 24 de Novembro de 1733. Por motivo de grave doença, resignou, em 1752, em favor do seu sucessor e faleceu, a 4 de Fevereiro de 1758, deixando muitas esmolas e legados. Esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria, acompanhada de 8 dias de sermões, que pregou um sacerdote dominicano, em Dezembro de 1933.

Para além destas escassas mas importantes referências, fica-se a saber que em 1933 (...esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria). Os seus restos mortais foram assim enterrados no cemitério, em local à esquerda de quem entra pelo portão principal, o que se pode comprovar pela fotografia abaixo, datada de Julho de 1966. 
O local foi assinalado pela colocação de uma lápide em granito, com uma altura entre um metro e meio a dois metros, encimada por uma cruz e com uma inscrição que fazia referência ao nome, ao motivo e à data da trasladação. Infelizmente não são conhecidas fotografias com mais pormenor da referida lápide que sirvam de fiel testemunho.




Conforme se pode verificar pela fotografia acima, ainda existiam as sebes de bucho a delimitar os quatro canteiros e para além dos jazigos da Casa do Sr. Almeida do Viso, da capela da Casa do Sr. Moreira da Igreja e mais um ou outro jazigo realizados em granito, a maioria das campas eram rasas, em terra, assinaladas com as características lápides negras em xisto. Nesse tempo as dificuldades eram outras e, porque não dizê-lo, as vaidades eram menores. 

Esta configuração do cemitério composto maioritariamente por campas rasas e sem concessão perpétua, durou até ao ano de 1973 altura em que a Junta de Freguesia e Comissão Fabriqueira ali realizaram obras, sendo removidas as sebes de bucho e pavimentados os passeios com calçada em pedrinha de calcário e basalto. A data, lá inscrita, conforme fotografia abaixo, refere-se a 1973, por isso ainda no tempo do Estado Novo. Era nessa altura presidente da Junta Joaquim Ferreira Coelho, o secretário Higino Gomes de Almeida e o tesoureiro Alcides da Silva Gomes Giro.


Com as referidas obras realizadas em 1973, a maior parte do terreno ocupado era ainda pertença da Junta, sendo então este dividido em sepulturas que foram sendo vendidas ao longo dos anos 70 e mesmo ainda em parte da década de 80 até que, já por falta de terreno vendável face à procura, se tornou imperativa a construção do cemitério novo. Infelizmente, esta requalificação decorrente das obras de 1973 resultou em sepulturas com pouca métrica e nenhumas preocupações de alinhamentos, pelo que se nota uma desorganização nos jazigos e nos exíguos espaços de circulação envolventes, mais notória no cantão norte/nascente, precisamente onde estavam os restos mortais do Padre Manuel Carvalho.

Mas mais grave que esta desorganização geométrica das actuais sepulturas, em parte motivada por cada um construir à sua maneira e à necessidade de manter uma ou outra sepultura já vendida com carácter de concessão perpétua, foi o facto de ter sido vendido o espaço ocupado pela sepultura dos restos mortais do padre fundador da Confraria, bem como a remoção da referida lápide cujo paradeiro se desconhece, temendo-se que mais do que o seu desaparecimento ou apropriação indevida por alguém, tenha mesmo sido destruída, despedaçada e enterrada algures no solo do cemitério ou de qualquer outro aterro. Mandava o bom senso e o sentido de preservação, e até o respeito pela memória de figura ilustre, que pelo menos a lápide e os restos mortais, se ainda visíveis, fossem colocados com dignidade num dos canteiros do adro, senão no próprio cemitério.

Apesar de o assunto já ter sido pegado por alguém num passado recente, nomeadamente pelo Sr. Mário Baptista, honra lhe seja feita, certo é que nunca se chegou ao apuramento da verdade quanto ao destino ou paradeiro da lápide. Foi, obviamente uma irresponsabilidade de várias pessoas, mesmo que por negligência involuntária, mas seguramente uma enorme falta de sensibilidade pelas coisas da nossa história e memória colectiva mesmo que na forma de uma pedra. Infelizmente para muitos as pedras são isso mesmo, pedras ou calhaus, mesmo que nos contem histórias, recordem factos, nos lembrem ou evoquem pessoas. 

É triste e revelador de insensibilidade e de ignorância, pelo menos cultural, mas foi o que aconteceu e em muitos aspectos ainda continua a acontecer e tem-se descurado o arquivamento de documentos e anotações que pelo menos no futuro seriam importantes para a história comum da nossa freguesia e paróquia. Não nos serve o mal dos outros como consolo, mas infelizmente este não é apenas um pecado nosso mas de muitas outras paróquias e instituições. Alegra-nos a esperança de pensar que nunca é tarde para se começar a preservar, mesmo que nos entristeça o muito que já foi perdido.


Acima, um desenho rudimentar com a representação aproximada da configuração da lápide de granito que assinalava a localização dos restos mortais do Padre Manuel Carvalho. Obviamente ali falta  a inscrição, que em rigor se desconhece mas que certamente para além do nome faria referência à data e ao motivo.

Américo Almeida

26 de agosto de 2017

Professor Joaquim Ferreira Pinto e outras histórias


Joaquim Ferreira Pinto, nasceu a 14 de Janeiro de 1879, no lugar de Fornos, freguesia de Guisande. Filho de Joaquim Caetano Pinto e de Ana Rosa Duarte. 
Foi baptizado na igreja matriz de Guisande, tendo como padrinho o Abade António Ferreira Duarte (1), então pároco de S. Miguel do Mato - Arouca e Joaquina Rosa Duarte.
Era neto paterno de Manuel Caetano Pinto e de Joana de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira Duarte e de Joana Margarida Gomes.
Formou-se em professor e exerceu numa escola privada que tinha no lugar de Casaldaça, Guisande.
Faleceu em 03 de Setembro do ano de 1971 com 91 anos de idade. Está sepultado no cemitério de Guisande.


Extracto da certidão de baptismo do Prof. Joaquim Ferreira Pinto.

Nota: (1) - O Abade António Ferreira Duarte, nasceu em Cedofeita, freguesia do Vale - Vila da Feira, no dia 04 de Janeiro de 1813. Era filho de António Ferreira Duarte e de Maria Eufrásia de Jesus, ambos de Cedofeita. Em 1833 já aparece na freguesia do Vale como padre. Foi abade de S. Miguel do Mato, concelho de Arouca, tendo falecido  no dia 24 de Março de 1888.

Notas complementares: Pelo que referimos em artigos anteriores, nomeadamente aqui e aqui, sabemos que o edifício da Escola Primária do Viso foi edificado no ano de 1949 e que a Escola Primária da Igreja teve a sua construção vinte anos depois, ou seja em 1969. De construção posterior apenas as instalações dos Jardins de Infância ou Pré-Primária da Igreja e de Fornos (esta a única em actividade).

Apesar destes factos relativos aos dois mais conhecidos edifícios escolares na freguesia, o ensino escolar primário em Guisande é anterior, remontando seguramente ao início dos anos vinte, sendo que então apenas para alunos do sexo masculino. Assim as primeiras referências a esta fase inicial da escolaridade primária em Guisande vão para o professor Joaquim Ferreira Pinto, irmão do cónego António Ferreira Pinto, o qual leccionava as quatro classes numa escola em edifício, pertencente ao próprio, situado no lugar de Casaldaça, mais concretamente no local onde actualmente existe a casa da Sr.ª Natália.

Esta escola integrava os rapazes da freguesia, no entanto não extensível à sua totalidade uma vez que então a frequência não era obrigatória e iriam apenas os filhos de gente mais abastada ou pelo menos mais receptiva a dispensar a mão-de-obra tão importante quanto necessária na lide da casa e dos campos.

Tenho indicação que já por essa altura a frequentaram o meu falecido pai (António Gomes de Almeida), nascido em 1917 e o meu tio Neca (Manuel Joaquim Gomes de Almeida), ainda vivo, com quase 94 anos de idade, que ainda relata as memórias desse tempo e de modo particular o seu tempo de escola. Segundo esses mesmos relatos na primeira pessoa, a escola era composta por uma única e ampla sala na qual o professor Joaquim leccionava em simultâneo as quatro classes. O número de rapazes terá chegado aos 80, por isso uma média de 20 por classe. O horário seria das 08:00 horas às 14:30 horas, sem intervalo para almoço e não raras vezes, por castigo, era suprimida a hora de recreio. Para além deste horário exigente, os alunos que estavam em vias de realizar o exame da quarta classe tinham ainda umas horas adicionais no resto da tarde.

Ainda segundo as memórias do meu tio Neca, o professor Joaquim, era extremamente exigente e mesmo muito severo nos castigos e na disciplina que fazia cumprir a reguadas, canadas e até a "biqueiradas e palmadas". Seria o "terror" dos alunos. Não espanta, pois, que muitos dos rapazes simulassem dores de barriga, vómitos (forçados com dedos enfiados pela goela abaixo) e dores de cabeça, para  de algum modo, com o seu ar de doentes e abatidos sensibilizarem os pais (sobretudo as mães) e poderem escapar a umas aulas. A severidade dos regentes/professores desses tempos era quase uma regra. Para o bem e para o mal, as coisas inverteram-se e em poucos anos passamos do 8 ao 80 e por agora a tônica é o desrespeito e mesmo abusos dos alunos para com os professores.

Esta situação de ensino escolar aberto apenas a rapazes, e não a todos, mantinha-se ainda no ano de 1936, pois o cónego António Ferreira Pinto, na sua monografia sobre a freguesia de Guisande, "Defendei Vossas Terras...", fazia uma referência a essa situação, concretamente: 

(...Há escola apenas para o sexo masculino e o edifício, que é pequeno, pertence ao professor por herança. Está criada a escola para o sexo feminino, mas não pode funcionar, porque não há edifício em condições. Todos reconhecem a necessidade duma construção para as duas escolas, mas a pouca vontade de uns, a falta de recursos de outros, o individualismo ou egoísmo de alguns que não têm filhos ou já estão crescidos e educados e talvez outros motivos que desconheço — tudo impede um melhoramento que é de necessidade e de utilidade sobretudo para as meninas. E uma obra de utilidade pública e social. Oxalá que isto seja compreendido por todos para honra da terra, realizando-se a obra para bem e interesse geral.)

Resulta daqui que já por essa época sentia-se a necessidade de abrir o ensino das primeiras letras às raparigas de Guisande, mas a dificuldade, para além de culturais, porque numa época em que era comum o analfabetismo e os filhos eram mão-de-obra não dispensável, era também material já que não havia posses para um edifício público próprio.
Seja como for, a ter em conta a leitura da acta da Junta de Freguesia dessa época (que abaixo se reproduz), em que era presidente o Sr. José Gomes Leite, do lugar do Reguengo, a opinião do ilustre cónego era partilhada pela Junta. Leia-se, por isso, a acta da reunião de Março de 1937, mesmo que num português rudimentar, a precisar de escola:

Acta da sessão da Junta de Freguesia de Guisande, concelho de Vila da Feira.
Aos ... dias do mês de Março do ano de mil nove centos e trinta e sete, se reuniu em sessão ordinária a Junta de Paróquia na sala das sessões. Disse o Sr. Presidente que não tendo escola feminina temos necessidade da criação de um posto escolar para o sexo feminino, para ser a sede no lugar do Reguengo, com os lugares adjuntos, sendo Reguengo, Barrosa, Fornos, Lama, Casaldaça, Quintães e Cimo de Vila. Para a regente ser nomeada a D. Branca Ester dos Santos Cabral de Sousido, o que isto foi resolvido pelo Sr. Presidente para não ficarem as crianças sem escola por não haver escola feminina. Temos a escola criada mas não temos edifício para exercer a escola para a professora. Esperamos ver a criação do posto para benefício de tantas meninas que há na nossa freguesia e que aquelas que precisam aprender e tem vontade andam fora, em Lobão. e outras não aprendem por não ter.
Não havendo mais nada a tratar foi encerrada a sessão lavrando-se o presente acta que vai ser assinada por todos.
José Gomes leite
António Custódio Gonçalves
António Augusto Guedes.


Não deixa de ser curiosa a situação abordada na referida acta da Junta em 1937, sendo que mesmo pela leitura de actas seguintes não é líquido que tal escola ou simplificadamente esse posto escolar tenha mesmo sido concretizado. De resto, por relatos do meu tio Neca, com a autoridade dos seus quase 94 anos e boa memória, não se recorda de ter havido escola ou posto escolar no lugar do Reguengo. Funcionou, isso sim, no lugar do Viso, no local na casa do falecido Sr. Antoninho (sogro do Sr. Manuel Tavares), por isso ao fundo monte. E a professora foi precisamente a referida D. Branca (D. Branquinha, como era conhecida), da freguesia de Louredo. Terá, pois, sido alterada para o lugar do Viso a pretensão inicial da Junta de Freguesia de localizar  o posto escolar no lugar do Reguengo, eventualmente este proposto pelo facto do presidente da Junta da época (José Gomes Leite) ser dali. Eventualmente o edifício a ser considerado para tal função seria até do próprio.
Outra nota curiosa, este posto escolar no lugar do Viso terá sido posteriormente deslocado (cerca de 150 metros para sul) para  o lugar das Quintães, passando a funcionar no edifício actualmente pertencente ao Sr. Rogério Neves, próximo da Casa do Santiago e na altura de propriedade do sogro do Sr. Rogério, precisamente o referido presidente da Junta de então, o Sr. José Gomes Leite.

Um ano depois, em 1937, a mesma Junta de Freguesia, por acta datada de 27 de Março de 1938, faz referência à intenção de abrir um segundo posto escolar para raparigas, a sediar no lugar da Leira e a abranger alunos dos lugares não referidos na acta de 1936 (sendo que por curiosidade não são mencionados os lugares da Igreja e Viso, que viriam precisamente anos depois a ser a sede das duas escolas primárias). Convém referir que por essas alturas os acessos entre os diferentes lugares da freguesia eram poucos e fracos, essencialmente por caminhos, e por isso, sobretudo em tempos de chuva, ir de uma ponta da freguesia à outra era um autêntico cabo dos trabalhos. Não espantaria que para se ir de Estôze ao Reguengo ou vice-versa fosse coisa para demorar uma hora por mau caminho, com covas e lama. Por outro lado, as raparigas eram seguramente mais que as mães pelo que a justificação de dois postos assentaria numa necessidade geográfica mas também de lotação.

Vejamos então a deliberação da referia acta da Junta de Freguesia datada de 27 de Março de 1938:

Aos vinte e sete dias do mês de Março de mil e nove centos e trinta e oito  na sala das sessões da Junta de Freguesia de Guisande, concelho da Feira, compareceram os cidadãos José Gomes Leite, António Custódio Gonçalves e António Augusto Guedes, respectivamente presidente e vogais, às onze horas precisas foi pelo presidente declarada aberta a sessão. Pelo presidente foi dito havendo inteira necessidade de criação de um posto escolar feminino nesta freguesia no lugar da leira, visto os lugares abaixo mencionados ficarem muito distantes do posto escolar que existe e a escola masculina não poder aceitar as meninas a sua frequência por determinação da lei. Mais propôs que este posto escolar venha a servir os lugares de Leira (sede), Gândara, Estôze, Pereirada e Outeiro. Para regente a D. Gracinda Gomes da Silva, habilitada com exame de aptidão desde Outubro de mil e nove centos e trinta e sete, natural desta freguesia, órfã de mãe e ser de absoluta necessidade de haver protecção às famílias numerosas visto serem mais dez irmãos e por lutar com dificuldade para a sustentação e educação dos seus onze filhos. Depois de discutida e apreciada a proposta em todos os pontos, esta Junta deliberou por unanimidade a aprová-la. Não havendo mais a tratar pelo presidente foi encerrada a sessão. Para que conste lavrei a presente acta que vai ser lida em voz alta e assinada por todos.
José Gomes Leite
António Custódio Gonçalves
António Augusto Guedes.

Nesta acta, para além da referência à tal necessidade da abertura de um segundo posto escolar para meninas, a referência pessoal à nomeação da regente (professora), órfã de mãe, uma de onze irmãos. Não deixa de ser notável que alguém de uma família numerosa, sem mãe e com dificuldades inerentes, tenha conseguido fazer exame de habilitação para regente de uma escola primária, mesmo sabendo-se que os requisitos da época para este cargo não fossem obviamente muito exigentes, não sendo para o efeito necessária qualquer licenciatura, mas apenas uma formação básica e um exame. Refira-se, ainda a titulo de curiosidade que esta D. Gracinda, era natural de Guisande e irmã da Sr.ª Celeste, esta mãe da professora Marilda e do Jorge Ferreira,e que também ela durante muitos anos foi regente/professora na freguesia de Caldas de S. Jorge e sobretudo em Lobão, na Escola do lugar do Ribeiro. Esta professora Gracinda casou e viveu posteriormente em S. João da Madeira.

Destas duas actas que se referem à criação de dois postos escolares destinados a raparigas, conclui-se que Guisande pelos meados dos anos 30 e até final dos anos 40 teve assim uma escola para rapazes e dois postos para raparigas. Há ainda a informação de que terá também funcionado um posto escolar no lugar da Gândara, onde actualmente existe a Casa Neves, facto que ainda não conseguimos confirmar. Este edifício, e novamente a curiosidade, seria então de António Augusto Guedes, precisamente um membro da Junta da época, o que é perfeitamente compreensível que se tenha disposto a conseguir disponibilizar um local para o posto escolar. Será, pois, de supor que a tal intenção de sediar o posto escolar feminino dirigido pela D. Gracinda tivesse funcionado um pouco mais a norte, no lugar da Gândara.

Estas situações de postos escolares em edifícios particulares e de carácter provisório e certamente que por isso não vocacionados ou preparados condignamente para o ensino, terão sido resolvidas com a construção da Escola Primária do Viso, com duas salas, uma para rapazes e outra para raparigas, como dissemos, no ano de 1949. A partir daí, com uma construção de raiz e com carácter público, terá ficado centralizado na Escola do Viso todo o ensino primário na nossa freguesia de Guisande. Apenas vinte anos depois, em 1969, a  freguesia sentiu necessidade de edificar um novo edifício, com a construção da Escola Primária da Igreja. Estas duas escolas funcionaram em simultâneo durante pelo menos 40 anos. Infelizmente, com as políticas de centralização dos serviços do ensino primário a par da nítida baixa de natalidade, tornou-se inevitável o encerramento da actividade escolar primária na nossa freguesia (de que é excepção o Jardim de Infância de Fornos e mesmo assim com algumas crianças de fora da freguesia)  e por conseguinte do encerramento dos respectivos edifícios escolares. Do mal o menos, ainda continuam de propriedade pública e por isso ou já integrados ou a integrar em actividades sócio-culturais da nossa freguesia.




Actas da Junta de Freguesia acima referidas.

7 de agosto de 2017

Escola Primária do Viso - A compra do terreno


- Acima: Vista parcial da escola em fotografia de 1961


Nestes nossos apontamentos relacionados com aspectos do passado de Guisande, voltamos ao tema da Escola Primária do Viso. Depois das referências relacionadas com a concessão da água que abastecia o edifício, de que já falámos aqui, neste artigo trazemos à memória a parte da aquisição do terreno cujo assunto mereceu referência numa das actas das reuniões da Junta de Freguesia de Guisande dessa época. O documento de tal reunião, está datado de 29 de Maio de 1949 e abaixo se reproduz, dividido em duas imagens para facilitar a ampliação. Para melhor leitura, transcreve-se a mesma:

Aos 29 dias do mês de Maio do ano de mil e novecentos e quarenta e nove, se reuniu a Junta da Freguesia de Guisande, concelho da Feira, na sala das sessões. Aberta a sessão e depois de lida e assinada a acta anterior, o presidente disse que acharia bem que a sessão de hoje referir-se-ía à apreciação das contas referentes ao terreno onde foi construído o edifício escolar situado ao lado do arraial da Sª da Boa Fortuna. Foram precisos 1071 metros quadrados ao preço de 7$50 cada metro, sendo o total de 8032$50.
A freguesia entrou com 4165$00, a Junta com 485$00 e a Câmara com 3382$50.
O referido terreno pertencia a dois proprietários desta freguesia, que são: Joaquim Gomes de Almeida, que vendeu 509 metros quadrados, que confina pela parte norte e nascente com o caminho público, sul com o arraial da Sª da Boa Fortuna e poente com Bernardina Joaquina da Conceição e a Bernardina Joaquina da Conceição vendeu 562 metros quadrados, que confina pela parte norte com caminho público, nascente com Joaquim Gomes de Almeida, poente com Glória Azevedo e do sul com o arraial da Sª da Boa Fortuna.
Não havendo mais nada a tratar, depois de lida e aprovada por nós vai ser assinada.

O presidente: António Leite D´Oliveira Gomes
O secretário: Joaquim Gomes de Almeida
O tesoureiro: António Francisco de Paiva



Ficamos assim a saber que o terreno, com uma área de 1071 metros quadrados foi adquirido a dois proprietários, concretamente a Joaquim Gomes de Almeida, meu avô (509 m2) e a Bernardina Joaquina da Conceição (562 m2), ao preço de 7$50 por cada metro quadrado, o que totalizou um investimento de 8032$50 escudos.
Não deixa de ser curiosa a fonte do dinheiro necessário à compra, cabendo 4165$00 à freguesia, certamente por peditório efectuado, 485$00  à Junta e  3382$50 à Câmara Municipal. Assim, ao contrário do que se poderia pensar nos dias de hoje, e sendo a construção das escolas da responsabilidade do Estado e das Câmaras Municipais, a Escola Primária do Viso não era de todo apenas um investimento público, já que pelo menos na parte que toca ao terreno era de maioria da própria freguesia. Por conseguinte, pelo menos quanto ao factor do investimento, o edifício era também propriedade de Guisande.

2 de agosto de 2017

A água da Escola Primária do Viso e outras histórias



Há dias escrevia aqui, alguns dados documentais sobre a construção do edifício da escola primária da Igreja, que ocorreu no ano de 1969. Fiz então uma referência ao período temporal em que terá sido edificado o edifício da  escola primária do Viso, tendo considerando por alguns testemunhos que entre o final dos anos 40 e princípio dos anos 50.

Para de algum modo confirmar esta suposição, por estes dias pesquisei o livro de actas da Junta de Freguesia de Guisande desse período, em que era presidente da Junta o Sr. António Leite d´Oliveira Gomes Joaquim Gomes d´Almeida, secretário e António Francisco de Paiva, tesoureiro. 
A pesquisa foi curta e pouco exaustiva mas ainda assim dela colhi uma acta da sessão datada de 30 de Novembro de 1949, em que é mencionada a curiosa cedência/venda de direitos de abastecimento de água à escola do Viso, referida no documento como “novo edifício escolar”. 

Confirma-se assim que nessa data a escola já estaria edificada e concluída e por isso a necessitar de água. Por outro lado, considerando que a acta está reportada ao final do mês de Novembro, concretamente ao dia 30, será de supor que o ano escolar já teria começado, restando saber se já no novo edifício escolar, e se já com ou ainda sem  abastecimento de água, ou se a entrada ao activo aconteceria depois dessa data. Presumo que tendo este assunto sido motivo da acta da Junta em Novembro, o tal acordo de concessão terá ocorrido alguns meses antes, por conseguinte ainda a tempo de abastecer a escola por altura do começo do ano escolar (meados de Setembro, princípios de Outubro). É apenas uma suposição, mas não andará longe da verdade. Em todo o caso é uma situação a confirmar, eventualmente pesquisando o tal livro das actas a saber se há alguma referência quanto a esse pormenor ou então apelando à memória de alguém que tenha frequentado a escola no mesmo momento da sua entrada em funcionamento. Neste caso estamos a falar de pessoas que actualmente andarão na caso dos 74/75 anos, pois pressupondo uma entrada na primeira classe com 6 anos, para entrar em 1949 teria nascido em 1942/1943, por aí. Seja como for, é legítimo considerar e quase certo que a escola primária do Viso entrou em funcionamento em 1949 ou o mais tardar em 1950.

Voltando à questão do abastecimento de água à escola do Viso, é normal que fosse garantida uma solução de água de nascente, pois nessa época obviamente não havia rede pública e os poços eram poucos e os que havia necessitavam de rudimentares motores a petróleo, o mais vulgar, ou outro combustível, já que a freguesia por essa época  pós-guerra ainda não tinha rede eléctrica. Por conseguinte, entre a opção de encontrar água a uma cota elevada e pagar os respectivos direitos de exploração e passagem, o empreiteiro ou a entidade responsavável pela construção, acabou por encontrar uma solução no próprio local face à existência da rede de consortes. 

Independentemente do valor acordado como pagamento aos consortes, pelos tais 500 litros diários em dias de aulas, certamente que foi uma solução vantajosa para a entidade construtora ou adjudicante e com direitos perpétuos, tanto quanto se saiba. Obviamente que nessa altura ninguém suspeitaria que a então nova escola acabaria por fechar portas ao ensino passados mais ou menos 60 anos. O contrato de concessão eventualmente poderia contemplar uma cláusula em que a mesma cessaria caso o edifício deixasse de ter a função de escola, por demolição ou por abandono. É uma questão a verificar caso ainda exista algum contrato da concessão, mas creio que não. De resto, mesmo tendo passado para a alçada do Centro Social, o edifício continua ainda a poder beneficiar da água, mesmo que já com ligação à rede pública.

Por outro lado, face a essa necessidade de água de nascente, não custa a crer que a localização do primeiro edifício escolar público em Guisande tenha sido escolhida em função da tal possibilidade de abastecimento por concessão de uma rede de consortes. de facto na época não seriam muitos os locais a beneficiar desse tipo de abastecimento. Por outro lado, na época procuravam-se para as escolas locais arejados e com boa localização, por isso com boas garantias no Monte do Viso e próximo à capela.

Quanto à referida rede de água de consortes, da qual foi concessionada uma parte ao edifício escolar, esta provém de uma nascente localizada na encosta poente do Monte da Mó, cujo percurso, da nascente à escola, ronda quase 1 quilômetro. A nascente  está na base de um poço com mais ou menos 20 metros de profundidade, por sua vez captada em três galerias que se desenvolvem em diferentes direcções e seguindo depois numa galeria com cerca de 100 metros de comprimento, do poço à boca da mina a partir da qual segue em tubagem. 

Como se poderá perceber, à altura da edificação da escola do Viso, este abastecimento já existia há muitos anos e era à altura dos consortes referidos, dos quais se inclui o meu avô paterno. De resto a parte da água a ele pertencente ainda existe embora já dividida em quatro partes, uma das quais herdada pelo meu pai. A divisão da água pelas diferentes partes e consortes acontece num depósito distribuidor existente sobre o muro à face da habitação da Sr. Laurinda Almeida, minha tia. Dali parte para os diferentes consortes.

Esta rede de água originalmente estava entubada em tubos de grés, dos quais ainda há vestígios,  depois em tubos de ferro galvanizado e mais tarde entubada em tubo plástico. A nascente é abundante e nunca secou embora devido ao “raposo” e à seca no Verão por vezes o caudal sofra uma redução. Com a abertura da Auto Estrada A32, no lugar do Outeiro, o ramal foi afectado e maltratado, como outras estruturas na freguesia, e tem estado em parte a céu aberto no troço a montante da sua passagem debaixo do passeio do viaduto. 

Depois do viaduto segue sempre enterrado até desembocar nos diferentes destinos. Entre o ponto mais alto (nascente) e o ponto mais baixo (Casa do Santiago) a rede tem um desnível de aproximadamente 60 metros (cota 290 até às cota 230). Já em relação à escola o desnível é de 40 metros. Em relação à caixa distribuidora o desnível é de 34 metros.

Quanto à referida acta da reunião de Junta, que abaixo se reproduz, para facilitar a leitura, a seguir transcrevemos a mesma na sua parte relacionada com o abastecimento de água ao edifício escolar. De notar que a importância  pelos direitos da água paga pelo empreiteiro aos consortes está com um espaço em branco, desconhecendo-se assim o respectivo valor e se tal foi deixado em branco de forma propositada ou por à data se desconhecer a quantia em concreto.

Acta da sesão da Junta de Freguesia de Guisande, concelho da Feira.
Aos trinta dias do mês de Novembro do ano de mil e novecentos e quarenta e nove, se reuniram em sessão ordinária presidente e vogais da referida Junta na sua sala de sessões pelas onze horas. Aberta a sessão disse o presidente que seria necessário e vantajoso constar no livro das actas, as condições que foram estabelecidas entre as autoridades da freguesia e os proprietários da água que abastece o novo edifício escolar. Consortes da referida água são os seguintes: Joaquim Gomes de Almeida; Manuel Pereira dos Santos, António Alves Santiago e Elísio Ferreira dos Santos, fizeram esta concessão mediante a importância de (...) cujo a qual foi entrege pelo empreiteiro da mesma escola, tendo os referidos proprietários declarado que deixariam seguir para o tubo que a lá conduz cerca de 500 litros por dia, excepto aos Domingos, dias santificados e feriados, isto é, naqueles em que não há aulas, e além disso também durante todas as férias, só no caso se for preciso para lavagem da mesma. (---)

acta_junta_novembro_1949

26 de julho de 2017

Construção da Escola da Igreja






O edifício da Escola Primária da Igreja foi construído e terminado no ano de 1969. Tal data está assinalada numa pequena placa de mármore disposta sensivelmente a meio da fachada principal, conforme fotografia acima. 
Pessoalmente, fiz a primeira classe na Escola Primária do Viso e já a segunda classe  e seguintes frequentei-as na nova escola da Igreja apesar de morar a dois passos da escola do Viso. Fui para lá no ano escolar de 1970/1971, por isso quase a estrear.

Infelizmente não são conhecidos documentos relacionados com a construção, sendo que o projecto obedeceu a um modelo tipo e que por essa época era generalizado e seguido um pouco por todo o país, de resto como aconteceu com a Escola Primária do Viso (edificada entre o final dos anos 40 e princípios dos anos 50), também ela com projecto de modelo tipo aplicado em todo o país, embora com as adaptações de dimensionamento de acordo com a população escolar, havendo edifícios com uma sala, com duas (como a do Viso), com três, quatro e até seis.

Nos dias que correm, seria normal que a construção de um edifício escolar, mesmo que da responsabilidade do Ministério da Educação ou da Câmara Municipal, merecesse o interesse, acompanhamento e referências documentais por parte da respectiva Junta de Freguesia. Todavia, pesquisando no livro de actas da Junta de Freguesia de Guisande em exercício nesse referido ano de 1969, em que era presidente António Alves Santiago, apenas encontrei umas ligeiras referências à construção da Escola Primária da Igreja. Trata-se da acta datada de 12 de Janeiro de 1969, a qual é toda ocupada com o assunto da escola. O documento, que abaixo se reproduz, é legível, mas em resumo diz que "...pelo presidente foi dito que no dia nove do corrente mês principiou a terraplanagem para o edifício escolar no sítio indicado pelo Sr. Engenheiro da Câmara, no lugar da Igreja, sítio muito arejado e bom; é empreiteiro desta obra o Sr. Joaquim Marques Lopes do lugar do Picôto da freguesia de Argoncilhe, empreiteiro com muita competência, ficando todo o serviço bem feito e seguro. O edifício já terminou de pedreiro no dia oito de Março, seguindo-se os trolhas e carpinteiros, que dentro de pouco tempo estará concluído todo. Fica um  belo edifício e num sítio muito aprasado."

Como se vê, as referências mesmo que ocupando toda a acta, são muito vagas mas pelo menos fica-se a saber o nome do empreiteiro para além da consideração do sítio como "arejado" e "aprasado". Há ali, no entanto, uma contradição de tempo já que é referido que a obra de pedreiro ficou terminada no dia 8 de Março quando a acta é de 12 de Janeiro, por isso uma data anterior. É uma contradição que só se justifica como tendo a acta sido lavrada já depois de Março embora reportada a Janeiro. É uma possibilidade já que a periodicidade e regularidade das reuniões de Junta  nesses tempos não eram rigorosamente cumpridas. Eram realizadas quando desse jeito.

A escola na altura era obviamente nova e com linhas modernas para o padrão da época. Tinha um jardim frontal e uma zona de recreio bastante ampla, em terra batida, a qual foi cimentada muitos anos depois. Claro está que no início, eram os próprios alunos quem tratavam da manutenção e limpeza semanais, varrendo-se as salas e o terreiro do recreio, limpando-se as instalações sanitárias e cuidando do jardim. Existia também uma cabine com a bomba do poço que alguns alunos tinham que girar a grande roda para encher o depósito de água para serviço dos sanitários. Claro que era uma brincadeira pois aproveitava-se o balanço da roda para fazer uma espécie de baloiço. Outros tempos, em que as empregadas de limpeza (hoje pomposamente técnicas auxiliares ou técnicas operacionais) eram uma raridade.

Nos anos seguintes foram sendo feitas algumas obras bem como a construção da parte do Jardim de Infância (nos anos 90). A cabine do poço e respectiva bomba foram posteriormente removidas.

Infelizmente, por más políticas caseiras e decréscimo da população escolar, como quem diz das crianças, tanto a escola do Viso como da Igreja ficaram sem alunos, deslocados para Louredo e Lobão. Apenas subsiste uma amostra de alunos no Jardim de Infância no lugar de Fornos.

Do mal o menos, o emblemático edifício da escola do Viso está aproveitado e integrado no Centro Cívico, bem como parte da escola da Igreja está entregue por protocolo a uma associação local, sendo que aqui o desejável é que seja ocupado e dinamizado plenamente por outras colectividades da freguesia, nomeadamente a Associação "O Despertar". Veremos o que reserva o futuro para estes equipamentos que marcaram gerações, onde lá aprendemos e brincamos e de certa forma moldamos muito do que somos hoje como pessoas e cidadãos.

Actualização a 11 de Novembro de 2018:
A sala até aqui vaga, do lado nascente, será ocupada pelo Banco Solidário, dinamizado pelo Grupo Solidário de Guisande e inserido no Fórum Social da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, com inauguração prevista para o próximo Domingo, 18 de Novembro.



12 de maio de 2017

Historiando – Lista de párocos em S. Mamede de Guisande

Joyon Pais, era abade de Guisande na era de 1322, ano de 1284. Consta do livro de algumas cartas sobre foros e decretos da Feira e outros julgados, existentes na Torre do Tombo, gaveta 12, maço 11, n.º 24.

Domingos Esteves, foi apresentado pela Abadessa de Rio Tinto e confirmado pelo bispo D. Vicente em 1295.

Martim Annes, falecido em 13 de Fevereiro de 1503.

Artur Gonçalo Annes, bacharel formado, foi confirmado pároco, em 12 de Janeiro de 1504.

João de Araújo permutou com o antecedente, em 28 de Junho de 1505. Estes três párocos são do tempo do bispo D. Diogo de Sousa.

Rodrigo Afonso, cónego da Sé do Porto, permutou com o anterior, em 1 de Fevereiro de 1510.

João Alves Pais, cónego arcediago da Sé do Porto, foi confirmado pároco, em 27 de Junho de 1530.

João Martins foi confirmado, em 12 de Junho de 1533, depois da renúncia do antecessor.

João Alves Pais voltou novamente a ser pároco de Guisande, em 31 de Agosto de 1534 e viveu, pelo menos, até 1541. Aparece também como cónego da Colegiada de Cedofeita.

Afonso Correia.

Manuel de Sá, arcediago da Sé do Porto, foi nomeado pároco, em 3 de Junho de 1555 e faleceu em 1561.

João Campelo, entre 1562 e 1570, foi apresentado pela Abadessa do mosteiro de S. Bento da Avé Maria, mas o bispo D. Rodrigo Pinheiro não o aceitou como pároco de Guisande, nem lhe conferiu a instituição canónica. A Abadessa apelou para a Relação de Braga, que lhe foi favorável. O tribunal bracarense julgou in solidum a favor do mosteiro, isto é, que a este pertencia sempre a apresentação, sem alternativa episcopal ou romana. No Arquivo do Cabido há referências a uma casa deixada pelo cónego João Campelo, em 1569, como consta do livro das Sentenças com o n.º 766. Deve ser o pároco de Guisande.

Manuel de Seabra, que renunciou a favor do seguinte.

Gaspar de Figueiroa, foi confirmado em Setembro de 1572, e recebeu a instituição canónica na mesma data. Estava vaga a diocese pelo falecimento de D. Rodrigo e ainda era viva D. Maria de Melo, que foi a primeira Abadessa de S. Bento da Avé Maria.

Dr. João Diogo Carrilho de Mendonça, foi colado em 1 de Setembro de 1595. Renunciou a favor do seguinte.

António de Castro, foi colado em 6 de Junho de 1600.

Manuel Caldeira de Miranda, recebeu o benefício de Guisande em 1630, pela renúncia de António de Castro.

Vicente Carneiro Diniz, foi pároco de Guisande pela renúncia do seu antecessor, em 1635.

Marcos de Meireles Freire, era natural de Gandra, no concelho de Paredes, e pertencia à ilustre e antiga família dos Moreiras, da casa de Sousa. Formado pela Universidade de Coimbra, foi também comissário do Santo Ofício e visitador das comarcas do bispado, segundo informações transmitidas pelo rev. Francisco Moreira das Neves, de Gandra, recolhidas num manuscrito de 1730, de que é autor António Henriques Moreira da Cunha. Do arquivo de S. Bento consta que, em 1672, apareceu na residência de Guisande o Juiz das Sentenças do Cabido e o procurador do mosteiro da Avé Maria, exigindo a Marcos de Meireles Freire o título ou documento da sua apresentação. Respondeu que tinha sido nomeado e apresentado pelo Cabido, “sede vacante”, em virtude das Bulas Apostólicas de Inocêncio X, em 1650. Defendeu a apresentação, mas reconheceu sempre o censo devido a S. Bento. O procurador mandou tomar termo de protesto, alegando que Guisande era de apresentação in solidum do mosteiro de S. Bento e o Juiz mandou tomar conhecimento e seguir, como consta do livro 268 do arquivo de Rio Tinto. De Guisande foi transferido para S. Mamede de Coronado, havendo divergências entre as religiosas de S. Bento e o bispo D. Fernando Correia de Lacerda. Marcos de Meireles deixou o legado de uma missa quotidiana à misericórdia de Arrifana do Sousa (Penafiel), em cuja igreja foi sepultado.

Dos livros de assentos paroquiais existentes da nossa freguesia, o primeiro a partir de 1676 é iniciado por este pároco. Com caligrafia pouco clara, poupado nos dados e ainda dado a abreviações. Abaixo um exemplo.




Manuel de Oliveira, era pároco em 1682.

Exemplo de assento deste pároco:



Joaquim José de Sousa, em 1685 paroquiava Guisande.

João Sequeira (ou Cerqueira) de Sousa, faleceu como pároco, em 28 de Setembro de 1693. Nos assentos paroquiais é poupado nos dados e com uma caligrafia de difícil leitura. Exemplo na imagem abaixo.




Gonçalo da Silva, substituiu o anterior e o seguinte.



Valério Alves Pereira, natural da freguesia da Sé do Porto e residente em Campanhã, estudante, requereu habilitação de genere, em 23 de Dezembro de 1693, alegando que todos os seus ascendentes eram limpos de sangue, cristãos-velhos, sem raça de raça infecta, habilitação que foi executada, em 26 de Janeiro de 1694. Tomou menores e, logo a 11 de Fevereiro, foi nomeado pároco de Guisande. Em 6 de Março, foi examinado em latim e casos de consciência perante um júri de dois jesuítas e dois carmelitas, sendo aprovado. Recebeu ordens sacras, em datas não apuradas. O pároco Valério era da família Pantaleão Perestrelo, de Campanhã. Por este motivo e outro é que foi nomeado pároco da freguesia de Guisande, sempre muito apetecida e cobiçada até à lei da separação, embora fosse pequeno o número de almas para salvar!! Tinha bons campos, tapadas, juros de inscrições e ainda côngrua.



Manuel de Carvalho, foi nomeado em 1710. No livro de assentos paroquiais existe uma nota por ele lavrada em que declara que tomou posse num Domingo, 2 de Março de 1710.
Alma verdadeiramente apostólica, fundou a Confraria de N. S. do Rosário, em 1733, com todas as licenças dos Dominicanos e autorizações necessárias, cujos Estatutos foram aprovados em 2 de Setembro de 1734 e modificados em Janeiro de 1794. O segundo livro do registo paroquial foi rubricado por este zeloso pároco, em virtude da comissão que lhe deu o Provisor, em 24 de Novembro de 1733. Por motivo de grave doença, resignou, em 1752, em favor do seu sucessor e faleceu, a 4 de Fevereiro de 1758, deixando muitas esmolas e legados. 
Esteve sepultado na capela-mor da igreja de Guisande e as ossadas foram removidas para o cemitério, por ocasião do bicentenário da erecção da confraria, acompanhada de 8 dias de sermões, que pregou um sacerdote dominicano, em Dezembro de 1933.



Dr. Manuel Rodrigues da Silva: Pelo Arquivo de S. Bento, a resignação a favor deste foi em 1746, mas no registo o seu nome aparece só em 1750. Natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, formado em cânones pela Universidade de Coimbra, dele escreveu o visitador de 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja. Advogou no Porto e o faz ainda hoje”. A torre da igreja que é sólida, foi construída em 1764, por iniciativa deste reverendo pároco. A freguesia foi visitada, em 15 de Maio de 1754, por D. João da Silva Ferreira, bispo de Tânger. Por morte deste pároco, em 12 de Abril de 1790, surgiu a terceira e a maior das questões entre a Abadessa de S. Bento da Avé Maria e o bispo D. João Rafael de Mendonça.
Este pároco deixou testamento deixando bens ás confrarias da paróquia, a seus criados, à sua afilhada e ao seu testamenteiro, um seu primo de nome Pantaleão da Silva Coimbra e ainda a irmãos.

Nota: Durante o seu cargo em Guisande, aparecem vários assentos lavrados pelo Padre Manuel Alves Moreira, de S. Silvestre de Duas Igrejas. Ainda pelo Padre Caetano José da Costa, da freguesia de Gião.




Bernardo António Pereira de Andrade e José António de Azevedo, foram encarregados da paroquialidade até ao fim da questão referida.

José dos Santos Figueiredo, foi colado e tomou posse em Janeiro de 1793. Faleceu a 24 de Março de 1828. Foi sepultado no dia 26 do mesmo mês dentro da igreja da nossa freguesia tendo sido realizado ofício acompanhado de trinta padres.
Teve como coadjutores os sacerdote guisandenses o Pe. José Ferreira Coelho e o Pe. José Manuel Reimão, tendo sido este a lavrar o respectivo assento de óbito.
Teve como sua assistente uma sua tia de nome Ana Maria de S. José que havia ficado viúva de João Francisco da Silva Guimarães. Esta faleceu na residência paroquial de Guisande em 25 de Fevereiro de 1821, tendo sido sepultada no dia 27 do mesmo mês dentro da igreja matriz. Teve ofício de corpo presente com 26 padres.
Deixou testamento em favor dos seus sobrinhos Clemente José dos Santos, António José dos Santos, Padre Manuel José dos Santos, este seu afilhado, e Bárbara, esta casada com Francisco Pereira Barbosa. Ao seu sobrinho e afilhado padre incumbiu de lhe fazer os bens de alma com três trintários de missas e a seu favor e dos seus pais com dois trintários cada e ainda com outros dois trintários a favor da alma da Abadessa do Mosteiro de S. Bento da Avé Maria - Porto, que o havia apresentado como Abade de Guisande. Delegou ainda missas por alma de seu irmão Miguel e de sua cunhada, esposa do dito Miguel, ainda pela alma do tio Francisco Guimarães e mulher Ana Maria (que foi sua assistente) e pelo Padre João Botelho. Ao sobrinho Clemente, testamenteiro, deixou a casa que tinha na Rua de Santo António cidade do Porto, donde seria natural bem como ainda a este as rendas devidas de outras casas.


Manuel Agostinho da Cruz Rodrigues, natural da Vitória, presbítero secularizado dos Eremitas Calçados de S. Agostinho, era pároco de Escariz, também do padroado de S. Bento. Logo no dia 28 de Março de 1828, foi apresentado pela Abadessa D. Juliana Isabel Garcia, sendo escrivã do mosteiro D. Antónia Augusta Pinto da Cunha. Nos autos para a colação, D. João de Magalhães e Avelar, um dos homens mais ilustrados do seu tempo, escreveu, em 2 de Maio, um parecer importante sobre o direito da apresentação das freiras, mas para que os fiéis não sofram detrimento espiritual anuiu ao proposto, aceitou a carta de apresentação, admitiu-o a exame sinodal e deu-lhe a colação. Este pároco faleceu em 5 de Dezembro de 1851 e ficou como encomendado o Rev. Manuel José Reimão, de Guisande.

José Ferreira Coelho, foi encomendado em 1852. Era natural de Guisande. Chegou a ser coadjutor do pároco José dos Santos Figueiredo.

-António Gomes Soares Teixeira da Silva: Egresso da extinta ordem de S. João Evangelista de Vilar de Frades, foi apresentado por decreto de D. Maria II, em 31 de Agosto de 1852 e colado, em 13 de Outubro do mesmo ano. Era natural de Fajões e foi ordenado, em Braga, em 1 de Maio de 1825. Faleceu a 12 de Agosto de 1858, sendo nomeado encomendado José Ferreira Coelho.

Manuel Ferreira Pinto, natural de Santiago de Lobão, recebeu a ordem de presbítero, em 20 de Dezembro de 1845. Frequentou a Universidade de Coimbra e fez os seguintes exames:
1852-53—1.° ano de Direito e Grego.
1853-54—2.° ano de Direito
1854-55—3.° ano de Direito e Grego, como consta dos anuários da Universidade. Foi condiscípulo de D. António Aires de Gouveia, mas não concluiu a formatura. Por decreto de D. Pedro V, em 25 de Janeiro de 1859,foi apresentado pároco e colado em 9 de Abril do mesmo ano. Faleceu a 19 de Agosto de 1875. Foi pregador de nome.

Domingos Alves de Oliveira, natural do Vale, foi encomendado por morte do anterior.

António Domingues da Conceição, natural de Caldas de S. Jorge, ordenou-se em 21 de Setembro de 1850 e foi colado, em Guisande, a 21 de Dezembro de 1877. Gravemente enfermo, retirou para S. Jorge, em 1904, e faleceu em 19 de Novembro de 1906.

José Leite de Resende, foi nomeado encomendado em 15 de Abril de 1904, por motivo da retirada do anterior.

António José Henriques Coutinhonasceu nu lugar de Aldeia, freguesia de Pigeiros, a 17 de Setembro de 1878, filho de Rufino José Henriques Coutinho e de Maria Rosa Alves de Jesus. Estudou no Colégio de S. Dâmaso (Guimarães) e no Seminário dos Carvalhos. Ordenou-se em Julho de 1905. Rezou missa a 10 de Setembro de1905. Foi encomendado na paróquia de Guisande, nomeado em 9 de Fevereiro de 1906. Foi ainda pároco de Canedo e de Ramalde, e também encomendado de Labruge - Vila do Conde. Faleceu com 73 anos, a 1 de Abril de 1952.

Abel Alves de Pinho, nasceu no lugar de Vilar (o mesmo lugar de nascimento do Pe. Francisco Gomes de Oliveira), na freguesia de Fiães, do concelho de Vila da Feira, filho de António Alves de Pinho e Ana Leopoldina. Era tio daquele que viria a ser uma ilustre figura da freguesia de Fiães, do concelho da Feira e da Igreja, D. Moisés Alves de Pinho (17/07/1883-26/06/1980), que foi Provincial da Congregação dos Missionários do Espírito Santo e Arcebispo de Luanda. Recebeu a instituição canónica em 22 de Junho de 1907. Retirou de Guisande em 1923, num processo algo confuso e com algum mistério, e resignou o benefício, em 19 de Novembro de 1927. Faleceu na cidade de Espinho, no dia 28 de Outubro de 1937. Foi sepultado no cemitério da sua terra natal, Santa Maria de Fiães.

Rodrigo José Milheiro, nasceu na Quintã, freguesia de Pigeiros, a 12 de Setembro de 1884, sendo filho de Quintino José Milheiro e de Margarida Emília Augusta da Conceição. Foi ordenado em Cabo Verde. Rezou missa nova na paróquia de Pigeiros a 25 de Julho de 1908. Foi pároco de Santiago de Cabo Verde e Vigário da 1.ª Vara na cidade da Praia, Cabo Verde. Na Metrópole foi pároco de Guisande, depois de 21 de Outubro de 1923, indo para Escariz, de que toma posse a 11 de Setembro de 1936, e depois, em 1941, seguiu para Gulpilhares. Veio a falecer em Pigeiros a 4 de Julho de 1949, onde está sepultado.

Custódio Augusto de Silva Marques, natural de Castelões de Cambra e ordenado presbítero em 2 de Agosto de 1936, foi nomeado pároco e tomou posse em 11 de Setembro de 1936. 

Fonte: “Defendei vossas terras... S. Mamede de Guisande, no concelho da Feira, bispado do Porto”, António Ferreira Pinto - Porto: Soc. de Papelaria, 1936.

ACTUALIZAÇÃO

Benjamim Soares, pároco de Louredo, que assume a paróquia em 1937 após o falecimento do anterior pároco, P.e Custódio Augusto de Siva Marques, o qual, pelas datas de ordenação e de falecimento, deduz-se que faleceu novo e de forma inesperada.

Guilherme Ferreira, nomeado pároco em 1938. Tendo em conta o curto período entre a nomeação do pároco seguinte, assume-se que tenha sido nomeado com carácter de transição.

Francisco Gomes de Oliveira, nomeado pároco de S. Mamede de Guisande em 30/08/1938, acumulando o cargo na paróquia de Pigeiros. A tomada de posse aconteceu em 23/09/1939, ficando a residir em Guisande. Faleceu em 15/05/1998 sendo sepultado em jazigo de família  no Cemitério Paroquial de Fiães, sua terra natal. Durante a sua doença foi ajudado pelo incansável sobrinho P.e Benjamim Sousa. Este jovem sacerdote, com especial apreço pela paróquia do seu tio, continuou a ajudar a paróquia de Guisande, com especial relevo já durante a administração do P.e Domingos de Azevedo Moreira, que adiante mencionaremos. Ainda na actualidade não se escusa a ajudar num qualquer serviço religioso sempre que lho pedem e o seu pouco tempo livre de outras funções, o permite.

Acácio Ribeiro de Freitas. Após a morte do pároco anterior é nomeado em 16 de Maio de 1998 como Administrador Paroquial de Guisande. O P.e Acácio Freitas, nasceu no concelho de Marco de Canavezes em 13 de Fevereiro de 1928, sendo ordenado em 31 de Julho de 1955. Faleceu em 17 de Setembro de 2014, com 86 anos de idade, sendo sepultado no cemitério de Louredo.

Domingos de Azevedo Moreira. Nasceu no lugar da Reguenga, freguesia de Romariz em 8 de Abril de 1933, sendo que foi registado na freguesia de Escariz. Foi pároco de Pigeiros, cargo que manteve desde 3 de Junho de 1961 até à sua morte, em 10 de Janeiro de 2011.
Após uma breve passagem do P.e Acácio Ribeiro de Freitas, substituiu este no cargo de administrador paroquial de Guisande, nunca chegando a ser nomeado pároco, talvez por vontade própria e devido à sua longa idade e por não ter meios próprios de deslocação. Serviu Guisande quase até à sua morte, tendo nos últimos tempos, já afectado pela doença, sido substituído pelo vigário P.e José Carlos Ribeiro Teixeira, por sua vez ajudado por dois sacerdotes provenientes de Angola, o P.e Agostinho Wattela e P.e Arnaldo farinha, os quais também ajudaram nas paróquias de S. Miguel do Mato e Fermedo, do concelho de Arouca.

Agostinho Wattela. Foi nomeado pároco de Guisande, sendo auxiliado pelo P.e Arnaldo Farinha, este como vigário paroquial. A cerimónia de acolhimento destes dois sacerdotes na paróquia de Guisande teve lugar em 5 de Setembro de 2010. Ambos os sacerdotes residem na freguesia de S. Miguel do Mato, acumulando a paroquialidade desta freguesia e ainda de Fermado, ambas do concelho de Arouca.

Arnaldo Farinha. Foi nomeado pároco de Guisande, com a cerimónia de posse em 12 de Outubro de 2014. Em simultâneo foi nomeado pároco do Vale por falecimento do seu pároco P.e Santos Silva. Por sua vez, o P.e Agostinho Wattela é nomeado pároco de Escariz, concelho de Arouca, acumulando com as paróquias arouquenses de S. Miguel do Mato e Fermedo. O Padre Arnaldo Farinha nasceu em Angola, em 14 de Dezembro de 1980, sendo ordenado em 09 de Julho de 2007.

António Jorge Correia de Oliveira - Nasceu em Cepêlos - Vale de Cambra, em 24 de Outubro de 1968. Frequenteou a Telescola do Casal (Cepelos – Vale de Cambra).

Ensino Secundário
Seminário dos Missionários Combonianos (Maia)
Seminário dos Missionários Combonianos (Viseu)
Seminário Menor de São José (Fornos de Algodres – Viseu)
Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição (Viseu)
Seminário Maior
Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição (Viseu)
Seminário Maior da Sé (Porto)

Ensino Superior
Universidade Católica Portuguesa – Porto
Frequentou e concluiu o Curso de Licenciatura em Teologia nos Anos 1991/93
No ano de 1993/94 frequentou e concluiu a Pós-Graduação em Teologia Pastoral
No ano de 1994/95 realizou o Estágio Pastoral na Paróquia do Santíssimo Sacramento – Porto

É ordenado sacerdote em 09 de Julho de 1995.

A 25 de Julho de 1995 é nomeado Pároco da Paróquia do Divino Salvador de Real, Divino Salvador de Castelões e São Romão de Carvalhosa. Tomou posse a 8 de Outubro de 1995.
A 24 de Julho de 2003 é nomeado Pároco da Paróquia de Santa Eulália de Banho. Tomou posse a 24 de Agosto de 2003.
A 25 de Julho de 2014 é nomeado Pároco da Paróquia de São Pedro de Ataíde e São Paio de Oliveira. Tomou posse a 12 Outubro de 2014.
A 20 de Julho de 2011 (Triénio 2011-2014) é nomeado Adjunto do Vigário da Vara da Vigararia de Amarante – Região Pastoral Nascente.
A 28 de Outubro de 2014 (Triénio 2014-2017) é nomeado Vigário da Vara da Vigaria de Amarante – Região Pastoral Nascente.
A 21 de Junho de 2018 (Triénio 2018-2021) é nomeado Vigário da Vara da Vigaria de Amarante – Região Pastoral Nascente.
Em Março de 2001 é nomeado Capelão da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã, Amarante.
Em Abril de 2002 – Presidente do Centro Social e Cultural da Paroquia Divino Salvador de Real, Instituição Particular de Solidariedade Social.
A 30 de Julho de 2007 é nomeado Assistente do Núcleo Este do CNE que engloba os Concelhos de Baião, Amarante, Felgueiras, Penafiel, Marco de Canaveses, Paredes e Paços de Ferreira.

Em 22 de Julho de 2021 é nomeado pelo Bispo do Porto como Pároco de Caldas de S. Jorge (S. Jorge), Guisande (S. Mamede) e Pigeiros (Nª Srª da Assunção), da Vigararia de Santa Maria da Feira, sendo dispensado dos múnus anteriores.

Em 03 de Outubro de 2021 toma posse como pároco das paróquias de S. Mamede de Guisande, Senhora da Assunção de Pigeiros e Caldas de S. Jorge.

11 de maio de 2017

Historiando – Quando os párocos eram secretários da Junta de Freguesia

No seguimento da referência que no artigo recente fizemos ao Padre Abel Alves de Pinho, este fez parte da Junta de Freguesia de Guisande, nesses tempos ainda com a designação de Junta Paroquial de Guisande, na qual exercia o cargo de secretário e que habitualmente escrevia as actas das reuniões daquele órgão. Exerceu esse cargo pelo menos desde 1914 (data do início do livro mais antigo das actas das reuniões da Junta) até 1923, já que nesse ano, a 21 de Outubro tomou posse como pároco de Guisande o seu substituto Padre Rodrigo José Milheiro. Não conseguimos, todavia, apurar se este cargo de secretário pelo pároco resultava de eleição, nomeação formal ou informal ou simplesmente a título de voluntário ou mesmo por inerência tendo em conta o seu estatuto de pároco, o que na prática e na época lhe conferia o estatuto de pessoa mais importante da freguesia. É um assunto a procurar esclarecer noutra altura.
 
Pela consulta do livro de actas da Junta Paroquial de Guisande, em concreto pela acta de 21 de Outubro de 1923, abaixo reproduzida, foi apresentado o novo pároco, Padre Rodrigo José Milheiro, bem como o presidente da Junta informa que com a saída do antigo pároco Padre Abel Alves de Pinho, por exoneração pedida por este, certamente por idade avançada, ao abandonar Guisande decidiu vender a sua habitação, suas pertenças e terrenos, em 11 de Outubro de 1923, ao Reverendo Joaquim Esteves Loureiro. Esta venda foi a título de recordação pela sua passagem pela freguesia de Guisande e com o objectivo claro de passar a ser a residência dos futuros párocos da paróquia de S. Mamede de Guisande.
Não conseguimos apurar quem seria este Reverendo Joaquim Esteves Loureiro, mencionado na acta, a quem o Padre Abel Alves de Pinho vendeu a casa onde residia, suas pertenças e terrenos, incluindo uma parcela de olival atrás do cemitério (ocupado pelo actual novo cemitério), mas certamente seria algum clérigo representante do Paço Diocesano. Deduz-se também que tenha sido uma venda a título simbólico dado a junta considerar tal como um benefício. Seja como for, parece garantido que a nossa actual residência paroquial de Guisande e respectivas pertenças e terrenos, eram nessa altura propriedade particular do Padre Abel Alves de Pinho.
A residência paroquial tem na fachada principal a inscrição da data de 1907 que se deve referir ao ano de construção, ou seja, precisamente no ano em que o seu proprietário foi instituído como pároco de S. Mamede de Guisande. Teria, naturalmente, que ser pessoa de posses e com expectativa de ficar em Guisande muitos anos, o que de resto não aconteceu pouco esteve apenas dezasseis anos, de 1907 a 1923.
 
De resto, esta boa atitude e generosidade na hora da despedida de Guisande e seus paroquianos, mereceram por parte da então Junta Paroquial de Guisande um voto de louvor e agradecimento por “todos os benefícios prestados” e ao mesmo tempo um voto de “sentimento por ter pedido a exoneração do cargo de pároco desta freguesia onde todo o povo sempre o estimara e admirava”. Nessa reunião ficou ainda deliberado enviar uma cópia da respectiva acta ao já retirado pároco, como prova dos votos expressos.

Acima as três páginas da acta da reunião de 21 de Outubro de 1923, a partir da qual o Padre Abel Alves de Pinho deixa de secretariar as reuniões da Junta Paroquial de Guisande e simultaneamente é apresentado o novo secretário e novo pároco de S. Mamede de Guisande, o Padre Rodrigo José Milheiro.
 
Como já referimos em artigo anterior, o Padre Abel Alves de Pinho era natural da freguesia de Fiães, do concelho de Vila da Feira. Não conseguimos apurar grandes dados biográficos deste sacerdote e figura importante na freguesia de Guisande nas duas primeiras décadas do séc- XX, para além da sua naturalidade e da sua substituição pelo Padre Rodrigo José Milheiro. Pela leitura da acta, como já se referiu, o seu abandono da paróquia terá sido por exoneração a pedido do próprio, certamente pela sua idade avançada. Para a história da freguesia e paróquia de Guisande fica a memória da sua prestação como pároco, secretário da Junta Paroquial e como benemérito ao vender a sua propriedade com a obrigação de passar a ser a residência dos párocos de Guisande, o que aconteceu até ao falecimento do pároco Padre Francisco Gomes de Oliveira, em 8 de Maio de 1998. Apesar de já não ter funções de residência, e tem-se equacionado a sua requalificação para voltar a cumprir esse propósito, todavia ainda é um edifício do Paço Diocesano e por inerência da paróquia, servindo de apoio às actividades da mesma.
 
Quanto ao Padre Rodrigo José Milheiro, que substitui como pároco de Guisande o Padre Abel Alves de Pinho, pouco mais sabemos da sua biografia para além de que que era natural da freguesia vizinha de Pigeiros. Foi pároco de Guisande desde 21 de Outubro de 1923 até 11 de Setembro de 1936 (treze anos), data em que tomou posse como pároco na paróquia de Santo André de Escariz, concelho de Arouca. Escariz, é uma antiga freguesia, com  foral concedido por D. Manuel em 10 de Fevereiro de 1514, que chegou a pertencer ao antigo concelho de Fermedo, este extinto pela reforma de 24 de Outubro de 1855 e pelo qual passou a pertencer ao concelho de Arouca.
 
Fica assim mencionada para memória presente e futura este período da história da Junta de Freguesia (Paroquial) de Guisande, em que dois padres e párocos assumiram o papel de secretário. Todavia, como já atrás referimos, faltará esclarecer se este cargo de secretário exercido pelos dois párocos de então resultava ou não de eleição, se por nomeação formal ou informal ou simplesmente a título de voluntário ou mesmo por inerência, tendo em conta os seus estatutos de párocos. Como já dissemos, é um assunto a procurar esclarecer noutra altura.
A. Almeida

10 de maio de 2017

Historiando - Junta Paroquial de Guisande

Tanto quanto pudemos verificar, o mais antigo livro de actas da Junta de Freguesia de Guisande existente no arquivo, teve o seu início em 1914, cujo termo de abertura foi lavrado aos dois dias do mês de Janeiro desse ano.
Nessa altura, a Junta era designada de Junta Paroquial de Guisande e as suas reuniões eram realizadas na já desaparecida Casa das Sessões, a qual foi demolida nos anos 60 para no mesmo local ser implantado e edificado o actual Salão Paroquial.
Nesse ano de 1914, e eleita para o triénio 1914/1916, a Junta era formada pelo presidente José Ferreira Coelho, pelo vice-presidente Manuel Augusto Guedes, pelo secretário Padre Abel Alves de Pinho (1), pelo tesoureiro Domingos José da Silva e pelos vogais Joaquim Gomes de Almeida e Alberto de Almeida Leite Oliveira. As actas das reuniões eram habitualmente lavradas pelo Padre Abel Alves de Pinho.
Apesar de, como disse, ser de 1914 o livro de actas mais antigo existente no arquivo da Junta, há um outro livro mais antigo, com data de 1882, no qual eram registados os ofícios remetidos, pelo que é de supor que terá existido um livro de actas das reuniões da Junta também desse período. Infelizmente, não parece existir no arquivo. O referido livro de 1882 tem, no entanto, poucos registos, estando mesmo incompleto, e parte dos escritos referem-se já a algumas décadas mais tarde, tratando-se por isso do aproveitamento de livro que estava na sua maior parte com folhas em branco.
 
livro_actas_1914_1959

Capa do livro de actas das reuniões da Junta Paroquial de Guisande no ano de 1914 e que comporta actas até ao ano de 1959.

Primeira página do termo de abertura do livro de actas das reuniões da Junta Paroquial de Guisande no ano de 1914.

(1) O Padre Abel Alves de Pinho era natural da freguesia de Fiães, do concelho de Vila da Feira. Em 1914 era pároco da freguesia de Guisande tendo retirado da mesma no ano de 1923, sendo substituído pelo Padre Rodrigo José Milheiro, nomeado pároco no dia 21 de Outubro do referido ano. Este paroquiou a nossa freguesia até 11 de Setembro de 1936 data em que tomou posse da Paróquia de Escariz, do concelho de Arouca.

A. Almeida

11 de abril de 2017

Historiando - Presidentes da Mesa da Assembleia e de Junta de Freguesia de Guisande

A partir das primeiras eleições autárquicas realizadas depois do 25 de Abril de 1974, concretamente em 12 de Dezembro de 1976, as freguesias passaram a ter dois órgãos de poder local: A Junta de Freguesia, como órgão executivo e a Assembleia de Freguesia, como órgão deliberativo.

Sendo certo que passaram apenas pouco mais de quatro décadas, não custa acreditar que muitos guisandenses, mesmo os mais velhos, estejam já esquecidos dos nomes dos presidentes do órgão deliberativo na nossa freguesia. Assim, para avivar esse bocado da nossa história colectiva, publica-se agora e aqui a lista dos presidentes da Mesa da Assembleia de Freguesia de Guisande.


1976/1979 - Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva - PSD
1979/1982 - Domingos da Conceição Lopes - PSD
1982/1985 - Joaquim Ferreira Coelho - PSD
1985/1989 - Joaquim Ferreira Coelho - PSD
1989/1993 - Marinho Ferreira Coelho - PSD
1993/1997 - Celestino da Silva Sacramento - PS
1997/2001 - Jorge da Silva Ferreira - PS
2001/2005 - Carlos da Silva Cruz - PS
2005/2009 - Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD
2009/2013 - Joaquim António Alves Gomes de Almeida - PS
2013/2014 - Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD (1) 
2014/2017 - Dr.ª Susana Silva - PSD (2) 
2017/2021 - Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro - PSD (3)
 
Como referência e comparação à lista acima, também se publica abaixo a lista dos presidentes da Junta de Freguesia de Guisande no mesmo período e mandatos. Os resultados dessas eleições e a composição dos diferentes executivos podem ser analisados aqui neste link.

1976/1979 - Higino Gomes de Almeida - PSD
1979/1982 - Manuel Alves - PSD
1982/1985 - Manuel Alves - PSD
1985/1989 - Manuel Alves - PSD-CDS
1989/1993 - Rodrigo de Sá Correia - PS
1993/1997 - Manuel Ferreira - PS
1997/2001 - Celestino Silva Sacramento - PS
2001/2005 - Celestino Silva Sacramento - PS
2005/2009 - Joaquim da Conceição Santos - PSD
2009/2013 - Mário Silva - PS
20013/16 de Julho de 2014 - Mário Silva - PS (4)
16/07/2014 a 17/10/2014 - Comissão Administrativa (5)
2014/2017 - José Henriques dos Santos - PSD (6)  
2017/2021 - José Henriques dos Santos - PSD (6)
2021/2025 - David António Neves - PS (6) 

 

Notas: 
(1) após demissão de Joaquim Almeida
(2) União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
(3) União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande
(4) em gestão corrente
(5) presidida por José Henriques dos Santos (eleições intercalares em 28 de Setembro e tomada de posse da nova Junta em 17/10/2014)
(6) União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande

Outras composições de Juntas Paroquiais e Juntas de Freguesia antes do 25 de Abril de 1974

Em 1882:
Presidente: Custódio António de Pinho
Tomaz José da Silva
Manuel da Silva Lima
José dos Santos
António caetano Pinto


Em 20 de Novembro de 1886 faziam parte da Junta Paroquial:

Presidente: Raimundo Almeida Leite de Resende
Manuel José António Bacêlo
José dos Santos
Joaquim Ferreira Linhares
Manuel José da Silva
Secretário: António Ferreira Coelho

Em 1914/1916, faziam parte da Junta:

Presidente: José Ferreira Coelho
Vice-presidente: Manuel Augusto Guedes
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho
Tesoureiro: Domingos José da Silva
Vogais: Joaquim Gomes de Almeida e Alberto de Almeida Leite Oliveira. 


Em 1918/1920 faziam parte da Junta:
Presidente: José Ferreira Coelho
Vice-Presidente: Manuel Augusto Guedes
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho
Tesoureiro: Manuel da Costa Moreira
Vogal: Domingos Ferreira de Almeida
Vogal: Joaquim Gomes de Almeida

Em 1922, faziam parte da Junta:

Presidente: Manuel Augusto Guedes
Vice-Presidente: José Gomes Leite
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho
Tesoureiro: Manuel da Costa Moreira
Vogal: António Oliveira e Neves
Vogal: Joaquim Gomes de Almeida

Em 1923, faziam parte da Junta:
Presidente: Arnaldo Borges da Silva Neto
Vice-Presidente e Tesoureiro: Manuel da Costa Moreira
Secretário: Pe. Abel Alves de Pinho

21 de Outubro de 1923
Presidente: Manuel da Costa Moreira
Secretário: José Gomes Leite
Tesoureiro: António Augusto Guedes
Secretário: Pe. Rodrigo José Milheiro

Em Dezembro de 1923 faziam parte da Junta:

Presidente: Manuel da Costa Moreira
Tesoureiro: José Gomes Leite
Secretário: Arnaldo Borges da Silva Neto
Vogal: Joaquim Gomes de Almeida
Vogal: Manuel Augusto Guedes

Em 1926 faziam parte da Junta:

Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves
Tesoureiro: António Augusto Guedes

Em 5 de Julho de 1926 foi dissolvida a Junta.
Em 15 de Agosto de 1926 tomou posse uma Comissão Administrativa.


Em 1935/1937, faziam parte da Junta:
Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves
Tesoureiro: António Augusto Guedes

Em 1938/1940, faziam parte da Junta:

Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves
Tesoureiro: António Augusto Guedes

Em 1942/1945, faziam parte da Junta:

Presidente: José Gomes Leite
Secretário: António Custódio Gonçalves 
(depois substituído por Joaquim Ferreira Coelho)
Tesoureiro: António Alves Santiago

Em 1946/1949, faziam parte da Junta:

Presidente: Dr. António Ferreira da Silva e Sá
Secretário: António Leite Oliveira Gomes
Tesoureiro: Joaquim Ferreira Coelho

Pouco tempo depois de tomar posse em 30 de Dezembro de 1945, o presidente Dr. António Ferreira da Silva e Sá, abandonou  em 15 de Janeiro de 1946 a presidência da Junta, já que foi eleito como vogal efectivo na Câmara Municipal.
Feita a reformulação, com o secretário a passar a presidente, ficou assim a Junta:
Presidente: António Leite Oliveira Gomes
Secretário: António Francisco de Paiva
Tesoureiro: Joaquim Gomes de Almeida


Em 1950 faziam parte da Junta:

Presidente: António Leite Oliveira Gomes
Secretário:  António Francisco de Paiva
Tesoureiro: Joaquim Gomes de Almeida

Em 1951/1954, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Tesoureiro: Rodrigo Ferreira Pinto
Secretário: Domingos Caetano de Azevedo

Em 1960, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Secretário: Rodrigo Ferreira Pinto
Tesoureiro: Domingos Caetano de Azevedo

Em 1964/1967, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Secretário: António Pinto Correia
Tesoureiro: Domingos Caetano de Azevedo

Em 1968/1971, faziam parte da Junta:

Presidente: António Alves Santiago
Secretário: Domingos Caetano de Azevedo
Tesoureiro: António Ferreira de Almeida

Em 1972/1974, faziam parte da Junta:

Presidente: Joaquim Ferreira Coelho
Secretário: Higino Gomes de Almeida
Tesoureiro: Alcides da Silva Gomes Giro