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18 de fevereiro de 2020

Notas do dia

Indignações.

As notícias de hoje dão conta de um homem de 60 anos que morreu na sala de espera das urgências do hospital de Beja depois de três horas e meia sem ter sido atendido.
Junta-se a um caso recente e em tudo similar que ocorreu em Lamego. 

Todavia, temo que a reserva de indignação tenha sido toda desbaratada com o recente caso de racismo num contexto de um espectáculo desportivo.

Estes casos de Lamego e Beja deviam igualmente correr mundo e inundar as redes sociais e merecer autos de fé de indignação, mas cheira-me que não. Em todo o caso vou ficar atento aos Costas, Marcelos e outros profissionais da indignação, mesmo os do nosso terrão.

Seremos todos Beja e Lamego?


Caixas de Pandora.

Confesso que não tenho posição vincada sobre a questão da despenalização da Eutanásia. Em ambos os lados encontro razões e justificações válidas.

Porém, de algum modo, perturba-me que possa ser um grupo de pouco mais de uma centena de deputados, numa certa matriz ideológica, contra a posição da Ordem dos Médicos, a decidir algo que se sabe de antemão ser fracturante da sociedade portuguesa. Hoje poderá ser a esquerda a fazê-lo, amanhã a direita a desfazê-lo ou vice-versa. A toque de caixa de ideologias. Porventura não haverá outra forma de o fazer, porque, lá está, é a democracia, mas fica sempre muito por fazer, no caso quanto à insuficiente e ineficiente rede de cuidados de saúde, sobretudo os destinados a casos terminais. 

Passos Coelho terá dito, mais coisa menos coisa, para que os desempregados mudassem de país. Por agora, de algum modo, vai-se criar condições para que os doentes se possam matar.

Abertas algumas caixas de Pandora, onde é que isto irá parar?

17 de fevereiro de 2020

Racismo e anjinhos

Todas as formas de racismo devem ser, obviamente, condenadas. Mas devem igualmente ser condenadas todas as acções e princípios que para elas possam concorrer. E se num jogo de futebol ou num qualquer evento desportivo de competição entre duas partes, os actos provocatórios e arrogâncias susceptíveis de "incendiar" a despoletar reacções de violência, nomeadamente os dirigidos às massas adeptas, devem igualmente ser condenados, tanto mais se por parte de actores que se devem pautar pelo respeito mútuo para com os adeptos, mesmo que adversários e para quem, afinal de contas, lhes pagam os normalmente chorudos proventos.

Por outro lado, não os desculpabilizando, importa perceber e distinguir os insultos ou actos racistas num contexto de futebol, já que todos percebem que no antagonismo e rivalidade de grupos e tribos o racismo não é mais que uma das extensões da ofensa e da provocação gratuitas. Muita da massa adepta do fenómeno do futebol teve a sua escola nas competições regionais onde os insultos gratuitos aos adversários e árbitros, e às mãezinhas e filhas destes, foram sempre a tónica, quase sempre sob a indiferença e impunidade de dirigentes e autoridades. 

Os que agora, perante os episódios de Guimarães, vêm a terreiro mostrar a sua indignação não se mostraram tão indignados com as recentes e habituais manifestações de "carinho" com que os jogadores e adeptos do S.L. Benfica foram recebido para o lado do Porto, com recados intimidatórios, sicilianos e inaceitáveis de bonecos enforcados, e bancadas em uníssono com cânticos patrióticos de "SLB, filhos da pu...", e outros mais mimos dignos de pessoas civilizadas. Mas, diga-se, quase sempre de forma mútua, porque nestas coisas do irracional não há, por regra, exclusividades. Nem os do Porto são diabos nem os do Benfica anjinhos, e vice-versa. Esta podridão e carência de cultura de respeito mútuo é mais ou menos generalizada e de resto em consonância com a falta de valores cívicos na sociedade, que vai sendo regra e pasto para os populismos e demagogias da esquerda à direita.

Assim, sendo, para além do sempre muito politicamente correcto, que pelos tempos que correm, começa a tresandar tanto quanto o populismo, convém que se dê a devida importância a ambos os fenómenos e que quem exercita a indignação fácil o faça pelo menos com algum equilíbrio e menos facciosismo, que no caso clubístico ou político, é também ele perigoso e condenável.


14 de fevereiro de 2020

Fé e esperança pela caridade


Vamos já a caminho de dois anos sobre a aprovação da re-delimitação das Àreas de Reabilitação Urbana - ARU, no concelho de Santa Maria da Feira.
As ARU têm o seu enquadramento no Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de Outubro, na redação que lhe confere a Lei n.º 32/2012, de 14 de Agosto, Regime Jurídico da Reabilitação Urbana e estão publicitadas pelo Aviso n.º 15661/2018, de 30 de Outubro. Em suma, passaram já dez anos sobre as linhas orientadores, ainda do tempo do inefável José Sócrates.

Os objectivos inerentes às ARU estão definidos no art.º 3º do Decreto-Lei. A saber:

A reabilitação urbana deve contribuir, de forma articulada, para a prossecução dos seguintes objectivos:
a) Assegurar a reabilitação dos edifícios que se encontram degradados ou funcionalmente inadequados;
b) Reabilitar tecidos urbanos degradados ou em degradação;
c) Melhorar as condições de habitabilidade e de funcionalidade do parque imobiliário urbano e dos espaços não edificados;
d) Garantir a protecção e promover a valorização do património cultural;
e) Afirmar os valores patrimoniais, materiais e simbólicos como factores de identidade, diferenciação e competitividade urbana;
f) Modernizar as infra-estruturas urbanas;
g) Promover a sustentabilidade ambiental, cultural, social e económica dos espaços urbanos;
h) Fomentar a revitalização urbana, orientada por objectivos estratégicos de desenvolvimento urbano, em que as acções de natureza material são concebidas de forma integrada e activamente combinadas na sua execução com intervenções de natureza social e económica;
i) Assegurar a integração funcional e a diversidade económica e sócio-cultural nos tecidos urbanos existentes;
j) Requalificar os espaços verdes, os espaços urbanos e os equipamentos de utilização colectiva;
l) Qualificar e integrar as áreas urbanas especialmente vulneráveis, promovendo a inclusão social e a coesão territorial;
m) Assegurar a igualdade de oportunidades dos cidadãos no acesso às infra-estruturas, equipamentos, serviços e funções urbanas;
n) Desenvolver novas soluções de acesso a uma habitação condigna;
o) Recuperar espaços urbanos funcionalmente obsoletos, promovendo o seu potencial para atrair funções urbanas inovadoras e competitivas;
p) Promover a melhoria geral da mobilidade, nomeadamente através de uma melhor gestão da via pública e dos demais espaços de circulação;
q) Promover a criação e a melhoria das acessibilidades para cidadãos com mobilidade condicionada;
r) Fomentar a adopção de critérios de eficiência energética em edifícios públicos e privados.

As ARU de Santa Maria da Feira integram entre muitas outras, duas na freguesia de Guisande, uma delas designada de Área Central de Guisande abrangendo grosso modo a Rua de Fornos e os troços poente da Rua 25 de Abril e Rua do Cruzeiro, e a segunda designada de Lugar da Igreja/Guisande, englobando os lugares da Igreja, Quintães e Viso.

Todo o programa vertido no referido Decreto-Lei, para além dos bonitos objectivos, é de algum modo complexo e, salvo algumas excepções mais centrais e marcadamente urbanas, quer-nos parecer que a maioria nunca sairá do papel, não passando de um leque de boas intenções.

Desde logo, antes das intervenções nos espaços e edificados privados, e da implementação de medidas que levem os proprietários a aderir ao programa, este deverá assentar numa estruturação viária e requalificação dos espaços públicos e estes obviamente andarão ao ritmo de vontades políticas mas sobretudo das finanças do município, até porque não nos parece que as Juntas, por incapacidade ou por inacção, venham a ser as locomotivas destes processos de requalificação urbana.

Algumas das obras que se vão vendo pelo concelho e que se possam enquadrar nas ARU são quase sempre resultado de esforço e investimento da Câmara. Se não forem as Juntas e a Câmara, não se espere que sejam os proprietários a dar grandes passos até porque a dinâmica imobiliária pode até estar num ciclo positivo mas é sempre imprevista e instável.

Pela parte que toca a Guisande, será surpreendente que alguma coisa aconteça de concreto nos próximos tempos. Basta dizer que o mandato da actual Junta já passa da sua metade, quase dois anos e meio, e de uma receita que em números redondos no anterior sistema administrativo podia equivaler a 250 mil euros para os cofres da Junta, está quase todo por aplicar. Nada de substancial foi feito quanto a obras e melhoramentos para além de algumas limpezas episódicas. Espera-se pelo último fôlego do mandato.

A ser assim, estes planos como as ARU devem ser vistos com a devida distância e não será de esperar grandes obras nos tempos próximos. Mesmo os espaços centrais, como Fornos, Monte do Viso e Igreja, zonas caracterizadoras da freguesia estão ambos num estado lastimável, com pisos  das ruas degradados, passeios inexistentes ou em péssimas condições, mal iluminados, sujos, enfim, desprezados e sem perspectivas de obras dignas de nome.

Mas vamos ter fé e esperança nalgum assomo de caridade de quem realmente pode e deve impulsionar as ARU. Pode parecer um trocadilho com as três virtudes teologais, mas nestas coisas temos mesmo que esperar alguns milagres.


30 de dezembro de 2019

Fábulas, lobos e mentiras

Não sei se o Sérgio Conceição deu um murro nas fuças do Pedro Ribeiro, treinador do Belenenses SAD. Aquele disse que não. Este terá dado a entender que sim. Alguns média corroboram. Em suma, um deles estará a mentir.
Decida quem tiver que decidir em face do que se vier a apurar, e nem sempre se consegue apurar o que realmente aconteceu, mas com um tão rico historial de arrelias e maus fígados, o treinador do F.C. do Porto arrisca-se a que, como na analogia da fábula de Esopo em que o pequeno pastor mente gritando que é lobo, corre o risco de, com excepção da nação portista, ninguém acreditar nele, já que o povo tem como ditado certo, "Na boca do mentiroso, o certo é duvidoso."

25 de novembro de 2019

O fracasso das uniões


Em artigo de opinião publicado na edição de 18 de Novembro último do jornal "O Correio da Feira", o ex-presidente da Junta de Freguesia de Pigeiros, Feliciano Pereira, realça o fracasso da reforma administrativa e da união de freguesias que juntou a sua à das Caldas de S. Jorge. 

No artigo, para além de outras considerações elenca uma lista de situações que justificam, no seu entendimento, o fracasso e a perda de identidade, cultura, história e autonomia, sobretudo das freguesias mais pequenas e com menos peso no contexto das uniões.

Algumas das situações que indica, são graves se corresponderem à verdade, e servem de parte da justificação do fracasso dos pressupostos inerentes à reforma administrativa. Conceitos propalados como maior eficiência de meios humanos e equipamentos e maior proximidade às pessoas só podem ser brincadeira de mau gosto ou cenouras para enganar burros. Este desfasamento entre o que se prometeu e a realidade, em grande parte resulta da ainda incapacidade dos presentes autarcas em não perceberem a nova realidade e as dinâmicas necessárias a uma integração horizontal e inclusiva.

Neste contexto, a "revolta" do Feliciano é exactamente a mesma, a sentida pelo grosso da população das demais freguesias envolvidas em uniões. Em todos os aspectos houve um nítido e objectivo prejuízo e empobrecimento das freguesias mais pequenas, constatando-se um degradação geral mesmo nos aspectos mais básicos e elementares. Só não vê quem não quer ver. 

É certo que apesar da sua inutilidade de princípio, uma união de freguesias não tem necessariamente que estar condenada ao fracasso e à revolta constante  das populações. Muita e boa coisa pode ser feita, mas muita coisa tem que mudar, desde logo a filosofia e os modelos que têm sido seguidos até aqui. E porque muito importante, convirá não esquecer que qualquer rei fraco faz fraca a sua forte gente. É elementar e do abecedário da política autárquica.

11 de novembro de 2019

No correr dos dias...

Luís Montenegro oficializou, ontem em Lisboa, a sua candidatura à presidência do PSD. O discurso que se esperava, já com ganas de conquistar Câmaras e Juntas, mas ouvi-lo falar e criticar as divisões no partido é metaforicamente como ouvir a raposa a pregar moralidade no galinheiro.

Sendo certo que o actual presidente Rui Rio já assumiu que vai de novo a eleições, Montenegro, louve-se-lhe a coragem, vai enfrentar a decisão do eleitorado social-democrata, indo mais além dos  bitaites.

A coisa poder-lhe-á correr bem, pois poderá, ou não, e isto porque em disputas eleitorais há esse "inconveniente" que, a par da possibilidade de vitória, é a possibilidade de se sair derrotado, embora há os que filosoficamente pregam que só é derrotado quem se esquiva da luta. Por conseguinte, o mesmo se aplica a Rui Rio e a outros mais concorrentes que se venham a perfilar, e parece que por ora são três. 

Em tudo isto, maior do que o risco de Montenegro vir a perder, e voltamos a dizer que pode ganhar, é o risco para alguns dos seus ilustres apoiantes; alguns deles tendo já perdido com consequências a aposta no "cavalo errado" (Santana Lopes), se vierem a perder de rajada uma segunda aposta a coisa pode ficar (Monte)negra. Aí, caso aconteça, serão "obrigados" a remeter-se a palcos secundários e refrear ou adiar as suas ambições políticas e confinar o poder a coisas menores. Alguns, sem o lastro adequado, peões e escudeiros menores, serão varridos definitivamente de cena. Se, pelo contrário acertarem no apoio, e desta vez o "cavalo" for o certo, aí, esperam, serão readmitidos e logo que se abra a janela da oportunidade, lá estarão. Mas isto para ambos os lados das hostes. De resto, o habitual nas lutas internas partidárias.

Em todo o caso, mais importante que o desfecho da eleição interna e se o vencedor será o Bilhas ou Rio, ou outro, importará ao PSD definir definitivamente o seu rumo sob pena de vir a perder identidade e expressão de forma irrecuperável. Aos militantes caberá essa decisão de optar pela luta e desfragmentação constantes ou por uma paz,  uma verdadeira unidade sem discursos de raposas nos galinheiros ou de "caças às bruxas".

Como é luta que sigo como outsider - embora com opinião, a minha - ...que se entendam.

27 de outubro de 2019

"Retratos" em tons de cinza

Por estes dias estive em conversa com um casal da freguesia do Vale. Depois de vários anos entre França e Suiça e já com filhos por lá instalados, regressou de vez à sua terra, o que aconteceu já há alguns meses. Mas a esposa, disse que estava já quase decidida a regressar à Suiça, porque não se estava a adaptar a uma vida demasiado tranquila, desocupada, numa freguesia que "parou no tempo", com menos dinamismo que há anos atrás e em que o desenvolvimento parece ter parado, com os mesmos problemas de há anos por resolver, os mesmos buracos na rua por tapar, as mesmas obras ou melhoramentos por fazer e qualquer coisa de estrutural nem sequer equacionada. Enfim, "uma tristeza de sítio", lamentava-se. O marido, pouco falou, encolhendo os ombros, mas com ar de quem concordava.
Ainda os procurei animar, dizendo que deviam aumentar o círculo de amizades, envolver-se nas coisas e causas da freguesia e da comunidade, para se sentirem úteis e com interesses, mas parece que não os convenci. Daqui a poucas semanas estarão de regresso a outras paragens, fechando mais uma casa a juntar a muitas outras com os estores descidos.

Este "retrato" pelo casal "pintado", referente ao Vale, poderia igualmente ser "pintado" com as mesmas cores por um qualquer casal de Guisande, de Pigeiros ou de outras pequenas freguesias que já no anterior sistema tinham imensas dificuldades em resolver as necessidades mais básicas e prementes, mas que uma vez forçadas a uniões de freguesias indesejadas, têm visto agravar-se as dificuldades, com um óbvio distanciamento entre os eleitos e os eleitores, mesmo que nos slogans eleitorais se fale em proximidade, a par de danos graves no desrespeito pela identidade e cultura intrínsecas de cada freguesia.

As freguesias cabeças de união tendem naturalmente a chamar a si o grosso do investimento e a olhar com ares de superioridade para os seus umbigos enquanto que as outras, as pequenas, estão no fim da fila das preocupações, à espera do último ano de mandato para verem algum alcatrão. É claro que as coisas mesmo neste contexto de orfandade poderiam ser diferentes, mas não tem havido mandantes com visão equitativa  à altura e as boas vontades manifestadas em sorridentes campanhas eleitorais desvanecem-se logo nos primeiros dias da gestão. 

No caso da freguesia do Vale, rica de tradições e de boa gente, até há alguma identidade preservada  em associações como a centenária Banda Marcial, o Rancho de Pessegueiro, etc, mas no caso de Guisande o esvaziamento tem sido notório e mesmo com uma falta de desconsideração objectiva traduzida numa total inoperância, num nada fazer. Em rigor a Junta de Freguesia tem servido apenas para ajudar a enterrar os mortos e pouco mais. Dos vivos e das suas necessidades não tem tratado. Faltam dois anos para o final do mandatoe quando a importância dos votos começar a fazer sentido, alguma coisa será feita, mas até aqui o marasmo tem sido sepulcral. 

A própria situação do Centro Social de Guisande, com a sua "vida" suspensa por decisões e apoios prometidos que tardam, ajuda a realçar a desmotivação e o desinteresse de quem manda e decide. Muito tem feito o seu presidente, mas perante tanta desconsideração tem sabido resistir e lutar. Por mim as chaves já tinha sido entregues para ficaram penduradas no chaveiro autárquico e o equipamento encerrado como monumento à indiferença. 

Os "retratos" que se queiram pintar sobre estas nossas pequenas e pobres freguesias têm necessariamente que ser em tons de cinza, o que até parece estar na moda. Mas que é triste e desmotivador, é. 

13 de outubro de 2019

A aventura do Ventura

Não faz o meu estilo, nem de discurso nem de conteúdo, mas confesso que me surpreende a animosidade de alguns sectores e figuras públicas para com André Ventura, o recém eleito deputado à Assembleia da República pelo partido ou movimento "Chega". 

Desde registos de personalidades tidas como sérias a humoristas, parece que é de bom tom desancar no Ventura e na força política que representa. E mais surpreendente, ou talvez não, é que esta animosidade que em tudo se parece com preconceito, seja de autoria de quem se pavoneia ter toda a moral para lutar contra os preconceitos, nomeadamente de alguma extrema-esquerda.

Mas pergunta-se: O homem caiu de pára-quedas na Assembleia da República, ou colocado por ligações familiares a membros do Governo ou foi lá posto por milhares de portugueses que usaram uma coisa chamada legitimidade democrática com voto expresso em urna eleitoral? Afinal de que têm medo os nossos "democratas" e alguma esquerda caviar? Democracia não é isto mesmo? Ter pontos de vista antagónicos, mesmo que deturpados à luz dos nossos modelos e padrões?

Deixem-se, pois, de preconceitos porque à custa deles é que o homem está eleito e porventura daqui a quatro anos não estará sozinho, mas com mais quatro, cinco ou dez correlegionários. E se em muito a dita extrema direita tem crescido um pouco por toda a Europa é precisamente porque em sentido contrário há uma extrema esquerda neo-moralista em que tudo que se mexa fora do seu círculo é rotulado como fascista, racista, xenófobo e outros mimos que tais. 

Continuem assim e Trumps, Bolsonaros, Venturas e outros bem-aventurados, cada vez ganham mais espaço, eleições e presidências, sem ditaduras ou sem golpes de estado, apenas pele voto no contexto democrático. Depois chamem-lhe nomes ou mesmo populistas.

7 de outubro de 2019

Guisande F.C. - A tremura dos 40



Como por aqui lembrei há algum tempo, o Guisande F.C., mesmo sem estar em actividade oficial e sem corpos dirigentes, mesmo na situação de devedor à Associação de Futebol de Aveiro, é um clube que tem uma história que, mesmo no contexto referido, importaria não esquecer mas antes reavivar.

Ora essa história, em termos oficiais, vai completar 40 anos no próximo dia 31 de Outubro de 2019, já que a sua oficialização jurídica aconteceu em 31 de Outubro de 1979.
Quarenta é um número redondo e por isso sempre mais propício a lembrança e a eventual comemoração. É certo que há sempre quem diga que o clube tem uma história com mais anos. Isso é verdade, como de resto é uma situação comum a muitos outros clubes, mas em termos oficiais e jurídicos o clube prepara-se para fazer 40 anos. Nem mais nem menos. Em termos oficiosos, podemos sempre argumentar que o clube tem mais 10, 15 ou 20 anos, mas em rigor não são conhecidos documentos ou elementos com uma data e a ela agregar algum acontecimento substancial que a determine como fundadora.

Quanto à eventual comemoração dos 40 anos oficiais, lancei o repto  no sentido de lembrar essa data e essa história, eventualmente num simples jantar convívio que reunisse ex-presidentes, dirigentes e associados, no que poderia ser um momento interessante de partilha e confraternização.
Infelizmente, mesmo depois de algumas diligências no apalpar do interesse junto de alguns, a ideia parece não ter despertado atenção nem motivação, o que de algum modo é compreensível face à situação de inactividade.

Assim sendo, e porque até ao momento ninguém demonstrou interesse, nomeadamente pessoas com peso na história do clube, como antigos presidentes e dirigentes que com essa legitimidade poderiam fomentar e organizar uma qualquer cerimónia, por mais informal que fosse, no sentido de dar ao aniversário a importância merecida, parece, pois, que a data vai passar em claro. Pelo menos fica aqui lembrada.

Num contexto de normalidade poderia ser a Junta de Freguesia a promover essa comemoração mas como nesse aspecto temos estado órfãos e reina o desinteresse de quem manda, não será por aí.
É, pois, com pena que se constata esta indiferença, esta falta de massa crítica e dinamizadora do que quer que seja, mas as coisas são como são.  Será a tremura (não ternura) dos quarenta? Será mais do que isso, como uma letargia geral?

Como bom exemplo contrário, o da dedicação e interesse na sua história, o nosso vizinho Caldas de S. Jorge S.C., clube oficial e ligeiramente mais novo que o Guisande F.C., prepara-se para no próximo dia 24 de Outubro comemorar o seu 39º aniversário, em jantar convívio marcada para o restaurante  "Angellus Eventos". Mesmo sem ser um número redondo, outra forma de encarar e preservar a história e, claro, com gente à altura.

Eleições Legislativas 2019 - Surpreendentemente sem surpresas

As sondagens, nomeadamente quanto a resultados eleitorais, são isso mesmo, sondagens. Todavia, a verdade é que na generalidade dos casos e quando devidamente realizadas com os critérios e requisitos técnicos correctos, apresentam valores muito próximos daqueles que depois se concretizam. 

Neste sentido, quando fecham as urnas e mais do que isso, quando fecham as contagens dos resultados finais oficiais, os números são mais ou menos os previstos. Daí, há muito que deixou de haver o factor surpresa, pelo menos as grandes surpresas, e tal voltou, no nosso entendimento, a acontecer, quer quanto à mais que prevista vitória do PS, como quanto ao PSD a perder mas longe da hecatombe pre-anunciada, bem como a perda significativa do CDS, aumento do PAN e mesmo a entrada de pequenos partidos. As sondagens desde cedo "disseram isso".

Com esta realidade, nem nova nem surpreendente, prevê-se uma continuação do mesmo tipo de governação porque ao PS, gorada a expectativa da maioria absoluta, voltará a precisar de apoio que se afigura como mais natural à esquerda. Será uma geringonça versão 2. Esperemos que com os mesmos resultados positivos,  mas com menos carga fiscal, directa e indirecta e mais eficiência nos serviços de educação  saúde, mais investimento público, menos cativações e menos casos como os de Tancos e tantos outros que apesar da sua gravidade não fizeram mossa em quem na hora de escolher optou por Costa e seus pares. 

Siga!

17 de setembro de 2019

Rui Costa em debate com António Rio


No debate de ontem na televisão, Rui Rio pareceu-me muito bem e uns bons pontos acima de António Costa, mesmo que este numa posição de quem sabe que está em vantagem nas sondagens.

Todavia, hoje em dia, mais do que no passado, as eleições e os seus resultados decidem-se muito em função do antes parecer que ser e neste palco Rui Rio dificilmente ganhará vantagem porque o seu estilo de frontalidade e desprendimento dos truques e manha politiqueira e demagógica não lhe permite dançar como virtuoso nesse folclore.

Apesar de Rui Rio me parecer bem melhor, no geral foi um debate em que as diferenças de fundo nunca foram substanciais a ponto de o Rio poder ser o Costa e vice-versa.

Creio, contudo, que os debates pouco ajudam a decidir eleições mas apenas para pasto de quem vive do comentário e da análise, tal qual como quem disseca um jogo de futebol (no fundo, o que estamos aqui a fazer). Na hora da verdade, poucos querem saber das reformas estruturais e do jogo dos números e estatísticas, investimento e desenvolvimento e demais panaceias do discurso político. 

No geral o voto decide-se por quem no final do mês tem mais 4 ou 5 euros na reforma ou no vencimento, mesmo que o disperse nos múltiplos impostos indirectos, desde logo no combustível e em tantos outros bens e serviços, agravados pelo actual Governo.

A generalidade do eleitorado não militante e clubista, vota quase sempre em função do sentimento de que as coisas estão melhores ou piores. E convenhamos que não estando melhores de forma substancial, o sentimento é de que já estiveram piores e o facto de ter sido numa legislatura condicionada por um quadro de ajuda externa e controlo da troika, certo é que poucos lhe dão importância e nem lhes serve de desculpa o contexto de quem foi obrigado a cortar para resolver desmandos de anteriores.

Assim pode-se (posso) concluir que o sentimento do eleitorado não obedece tanto a questões de consistências programáticas ou estruturais para o futuro e num contexto de bem comum, mas apenas para o presente e se para o futuro, apenas o amanhã, mas acima de tudo num quadro individual.


[foto: JN]

25 de agosto de 2019

Tempos....


Parabéns ao F.C. do Porto pela vitória de ontem frente ao Benfica. Não vi, mas pelo que dizem e escrevem, foi sem "espinhas" e , melhor do que isso, ou por isso, sem polémicas.

No futebol há tempo para ganhar, tempo para perder, tempo para estar ora por cima, ora por baixo, tempo para a alegria, para a tristeza e frustração. Há igualmente tempo para reconhecer o valor e mérito do adversário embora este seja escasso. 

Não deveria haver tempo para o confronto, para a desconsideração e para a falta de respeito com picardias e mesmo provocações gratuitas. 
Aquele ou aqueles que reconhecem os tempos adequados, são os que fazem jus ao conceito de desportista. Os demais, são meros arruaceiros,  que pouco ou nenhum respeito merecem, mesmo que fiquem contentes consigo próprios. Infelizmente, estes são cada vez mais e os outros cada vez menos. De resto, nem surpreende já que os maus exemplos vêm de cima, de quem deveria promover os bons. Ora quando assim é...

Seja como for, é apenas um jogo de futebol, mesmo que quem nisso veja apenas uma guerra de tronos e um caso de vida ou de morte.

5 de agosto de 2019

Orgulhosos, concerteza!


Ainda decorre a festividade em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, na nossa freguesia de Guisande, popularizada como Festa do Viso. 

O programa encerra hoje, estando prevista a actuação da banda de música popular “Minhotos Marotos”. É verdade que já actuaram em Guisande há alguns anos, poucos depois da sua criação em 2009, mas entretanto foram mudando algumas coisas, apresentando-se agora com um estilo mais incaracterístico, à laia de nem carne nem peixe, e ainda a reboque da vocalista Cláudia Martins, mais produzida, que encabeça o nome do grupo. Há coisas que começam bem e que mudam, umas vezes para melhor, outras nem por isso. Parece-me, pessoalmente que a mudança foi algo para pior, mas são opiniões.

Seja como for, não sendo uma atracção de topo, reúne a popularidade suficiente para trazer ao Monte do Viso muitos forasteiros. O dia está bom e a noite promete.

Mesmo antes de terminada a festa, arrumada a tralha e fechadas as contas, está de parabéns a Comissão de Festas, ainda que apenas com um único sobrevivente dos nomeados (António Gomes de Almeida) e os restantes na qualidade de (bons) voluntários, nomeadamente o Armando Rodrigues Ferreira, o Joaquim de Oliveira Santos e o António Azevedo da Conceição, bem como as festeiras Cátia Ferreira e Daniela Almeida.

De algum modo, perante a negação de uns, a raça e o querer de outros. Ainda bem, porque no dia em que a nossa festa não for realizada por falta de elementos na Comissão de Festas, será sinal de que algo vai mal. Não é fácil, pois não, nem sempre há o reconhecimento justo, também não, mas há uma coisa chamada orgulho naquilo que nos deve distinguir, a identidade e paixão pelas nossas tradições e raízes.

Por mim, e certamente que por muitos mais, faço votos para que as contas corram bem e se não sobrar, pelo menos que não falte. Mas se faltar, apesar do meu contributo, que, sem falsa modéstia, considero  significativo, podem voltar a bater à porta que terão novo apoio.

Devem, pois, no final do suor da testa, sentir-se orgulhosos do fazer a festa. 

2 de agosto de 2019

Liberdades, direitos e garantias


Tenho plena consciência que nesta questão pertenço à reduzida minoria, aquela que não liga patavina ao evento Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, que todos os anos se realiza entre finais de Julho e meados de Agosto, na cidade sede do nosso município. 

Nem sequer vou por aqueles que a classificam meramente como um festival da fêvera e do porco-no-espeto, onde se faz fila para comer e beber de forma vulgar e pagar de forma exorbitante, apenas porque no entorpecimento de um cenário contextualizado a um período interessante da nossa história, o Medieval.

Por outro lado não questiono e reconheço a importância e o impacto económico para o concelho e sobretudo para as associações que reiteradamente exploram os diferentes espaços de comes-e-bebes e para os estabelecimentos localizados no amplo perímetro do mega-evento. Reconheço, igualmente a capacidade das entidades que nos últimos anos têm sabido potenciar este evento e fazer dele um ponto de notoriedade económica e turística para o concelho.

Apenas questiono se há ou não desrespeito constitucional pelos elementares direitos de aceder e circular em espaços públicos no centro de uma cidade por um tão largo período temporal, vendo-me condicionado nos acessos e mesmo a pagar os mesmos, ainda que para aceder a serviços e comércio. Afinal, o centro público de uma cidade não é nem pode ser  uma feira popular nem um estádio nem um parque, pelo menos a ponto de limitar e condicionar acessos e circulação de forma livre e gratuita.

 Compreendo perfeitamente que se condicione o trânsito e acesso de uma rua ou um local, por horas ou parte de um dia, para um evento desportivo ou de outra natureza de interesse colectivo, mas já não o compreendo quando de forma tão prolongada no tempo, alargada no perímetro e tão condicionada a ponto de ter que estacionar longe, mesmo a pagar e a pagar acessos. Se eu tenho amigos no centro da cidade, não tenho a liberdade nem o direito de aos mesmos fazer uma visita sem que para isso tenha que pagar e usar um apetrecho contra a minha vontade. 

É possível que os direitos constitucionais de liberdade de circulação e reunião em espaços públicos possam ser desrespeitados nestas circunstâncias, mas gostaria de saber se é mesmo assim. Mas como só serei eu a perguntar, é melhor fazer de conta que está tudo bem, porque na realidade, parece que a larga maioria gosta de ser ver condicionada e a pagar para isso.

31 de julho de 2019

Por esse Rio abaixo, com curvas


Em devido tempo considerei que Rui Rio fez o que tinha fazer no que se refere a algum arejamento no partido. Mas, por ora, parece-me que ao arredar das listas alguns dos seus opositores, ou pelo menos gente que não lhe foi nada simpática no processo eleitoral interno e, pior, mesmo depois dele, está a demonstrar que afinal no que toca a algum revanchismo é igual à maioria de todos os outros. Nesse aspecto considerei que fosse mais maduro e isento dessas tentações, de resto tão características da classe política.

Das figuras mais sonantes que ficam de fora há algumas que, convenhamos, ficam bem de fora, mas há outras, como Hugo Soares, reconheça-se, com capacidades suficientes para dar qualidade às listas e depois à oposição, como se espera que venha a acontecer a seguir às eleições próximas de Outubro.

Assim sendo, e apesar da aprovação por larga maioria (74%) das listas concorrentes às próximas legislativas, em Conselho Nacional do PSD  realizado ontem em Guimarães, Rui Rio com a razia provocada, afastando mais 50%   dos actuais deputados, coloca-se muito a jeito para a guerra interna que se antevê caso os resultados não corram bem, como é previsível que venha a acontecer, e não são só as sondagens que o dizem.

De facto tem sido notória uma fraca oposição a escassos meses das eleições. Apesar das sucessivas gaffes do Governo, das trapalhadas da Protecção Civil, da instabilidade social que se avizinha com a anunciada greve dos motoristas de pesados, da caça às bruxas com os enfermeiros, com médicos e com o SNS com pouca saúde, seria expectável que Rui Rio e o PSD fizessem mais. Muito mais.

Mas, tudo isso é coisa de política e políticos. Por nós, povo, vamos vendo, à sombrinha,  a procissão a passar.

11 de junho de 2019

Justiça (im)popular

Da imprensa:
Cerca de 200 adeptos do FC Porto reuniram-se na tarde desta segunda-feira (10 de Junho)  junto ao Palácio da Justiça, no Porto. Os manifestantes protestavam a condenação da SAD do FC Porto a pagar cerca de dois milhões de euros por causa da divulgação dos emails do Benfica"

Se a Justiça não nos agrada nas suas decisões, nada como convocar uma manifestação de "indignados". Diz-se que terão sido 200, mas podiam ter sido mais, os adeptos do F.C. do Porto sedentos por justiça popular. Por eles, o Benfica já não existia ou estaria na competição distrital e todos os seus dirigentes, "esses bandidos", estariam há muito a penar na prisão. 

Sendo certo que nem sempre a Justiça será justa, é com ela que se governa e com ela que supostamente funciona um Estado de Direito. Ademais, o que seria da coisa se todos os dias tivéssemos à porta dos tribunais pessoas enfurecidas em manifestação pela condenação dos seus familiares e amigos? 

Em todo o caso, todos sabemos que nisto de decisões do tribunal a coisa tem sempre muito pano para mangas e naturalmente há uma carrada de recursos disponíveis para ambas as partes, sendo que esta primeira decisão não deixa de ser um aviso sério à navegação, porque nem tudo pode servir de justificação, e um crime nunca justificará outro. Mas há quem pense que sim, invocando, em interesse privado, o "interesse público", esse matulão abstracto de costas largas que bem pode arcar com os  ódios e vinganças entre clubes.

24 de maio de 2019

Urgências

A freguesia de Guisande, verdade se diga, tem uma substancial extensão de passeios públicos em muitas das suas ruas. Uns mais antigos, outros mais recentes e ainda alguns já delimitados por guias mas ainda sem pavimentação. Sem fazer contas, terá um rácio passeios/extensão das ruas superior ao das demais freguesias da União.

Todavia, não obstante, uma grande parte desses passeios, sobretudo os mais antigos com pavimento em cimentado, estão já nalguns casos em muito mau estado, destacando-se aqui o passeio na Rua de Fornos, nomeadamente no troço oposto às bombas de gasolina da BP-Garagem Cruz de Ferro. Mas outros há em que são já autênticas ratoeiras capazes de provocar quedas a transeuntes menos atentos à caminhada. Alguns mesmo com caixas destapadas autênticas armadilhas. A juntar à fome, a miséria habitual da falta de limpeza das ervas e lixos, no que é já um mal crónico em toda a União.

É certo que o mau estado de conservação não reside apenas nos passeios, mas igualmente em algumas das nossas ruas, algumas delas, ou em troços delas, em estado deplorável. Exemplos da Rua do Outeiro, Rua do Jardim de Infância, parte da Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna, Rua das Barreiradas, Rua de Santo António, Rua da Leira e outras mais, evidentemente algumas mais carecidas que outras. Infelizmente, quando fiz parte do executivo, apesar de identificar essas situações mais urgentes de requalificação e de ter feito o possível para que as mesmas fossem consideradas  e concretizadas, tal acabou por não acontecer, obviamente que para minha desilusão e impotência na decisão. Apesar disso, o mandato acabou com dinheiro a sobrar. Certo é que, já neste outro mandato, porventura menos apertado de finanças, todavia, ainda permanecem por reparar essas situações mais prementes, mesmo considerando que o actual mandato já vai quase a meio.  As perspectivas de que todas elas venham a ser contempladas a breve prazo e no actual mandato parece-nos ilusória, mas é ter esperança.

Em todo o caso, o executivo e na medida do possível com o apoio da Câmara Municipal terá que a breve prazo virar a sua atenção para os passeios já que de facto nalguns casos são por demais deploráveis e injustificados tal é o grau de deterioração, tanto mais em zona muito frequentada e com estabelecimentos comerciais à face. As necessidades na União de Freguesias são obviamente muitas e os meios financeiros insuficientes, mas há situações por demais evidentes no que se refere a mau estado e má imagem para além do perigo concreto que representam para os peões

Ainda no que toca a requalificação, continua-se a aguardar que se dê a devida importância à requalificação na envolvente da Capelo do Viso e ainda da igreja matriz até porque é um dos propósitos anunciados da Câmara Municipal, a requalificação dos centros cívicos das freguesias. Para quando? É esperar.

23 de abril de 2019

Poupar (não gastar) para sobrar

Está avisado, na próxima Sexta-Feira, dia 26 de Abril, a partir das 21:00 horas no edifício da Junta em Guisande vai ter lugar uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia. Um dos vários pontos na agenda de trabalhos refere-se a uma revisão do Orçamento para 2019 com o intuito, dizem, de integrar um substancial saldo que sobrou do exercício do ano anterior. Uma situação a confirmar.

Sabemos que, regra geral, as juntas de freguesia têm muitas dificuldades financeiras face ao volume de necessidades. A falta de pessoal e falta de dinheiro para um quadro mais alargado é outra enorme dificuldade. Não obstante, parece que pela nossa Junta da União de Freguesias, o dinheiro sobra, certamente que não por ser muito mas essencialmente por não se gastar.
De resto, foi também assim no anterior executivo do qual tomei parte, em que apesar das muitas dificuldades e obras por realizar, o mandato, mesmo que mais curto, terminou com um significativo saldo positivo, obviamente, para meu descontentamento e desilusão, porque muito ficou por fazer.

Regra geral, nunca foi positivo nem sinal de boa gestão gastar-se aquilo que se não tem (tal como fez a anterior Junta de Freguesia de Guisande, deixando a batata quente nas mãos de outros), mas também o contrário, não gastar o que se tem, mesmo que perante muitas necessidades, é igualmente sinal de deficiente gestão e sobretudo de falta de ambição, um pouco como a analogia da parábola dos talentos no Evangelho, em que há certos servos que com os talentos distribuídos pelo senhor os preferem enterrar  para segurança, dos que os fazer render a dobrar.
Em resumo, há saldos positivos que significam apenas uma mão cheia de nada.

25 de março de 2019

Dois meses sem "fumar"

É isso mesmo. Passaram já dois meses sem "fumar" no Facebook. Sem ressaca, sem sacrifícios. Contudo, não significa que um dia destes não volte a "fumar". Afinal, para além da muita "fumarada" tóxica que por lá anda, há ainda algum campo aberto e algumas, poucas, zonas sem "fumadores" onde ainda é possível respirar.
Em todo o caso, a juntar às desconfianças que pessoalmente tinha com a maior rede social do nosso planeta, as mesmas têm-se agravado. Ainda na semana passada assisti a um documentário iniciado agora no canal Odisseia sobre "As mentiras do Facebook", produzido com material inédito e entrevistas exclusivas, em que são abordados os recentes escândalos sobre a proliferação das “fake news” e dos discursos de ódio. Procura-se apurar se o Facebook é mais prejudicial que útil numa altura em que a rede é utilizada mesmo por agências governamentais (sobretudo Estados Unidos, China e Rússia), mesmo que não assumidas, para interferir em eleições, instalar e derrubar governos, despoletar revoluções e movimentos geo-políticos e sociais. 

Será, pois, essencialmente um mar de rosas, onde partilhamos as nossas vaidades e os nossos egos, ou um mundo escuro e perigoso em que já não se pode confiar, onde somos vigiados e sugados dos nossos interesses e perfis de consumo?
As respostas não são fáceis nem claras, tanto mais que por parte da empresa, a inoperância ou mesmo o desinteresse em combater e limitar os danos têm sido demonstrativos. E isso porque, apesar do seu já cansado slogan (um planeta mais e aberto e ligado), a verdade é que a missão principal é apenas empresarial e como tal, dela, o lucro. O lucro é a principal missão do Facebook. O resto, os milhares de milhões de utilizadores são apenas números e dados que valem dinheiro.

Face a isto, importa ter cuidados acrescidos na forma como nos relacionamentos com estas redes sociais já que, se não cuidarmos de nós, não é o Facebook e suas congéneres que o farão. É certo que não há muito a fazer, porque cada vez mais vigiados e manietados face à nossa dependência por estas tecnologias, mas ainda podemos, pelo menos, limitar os estragos. Uma forma de o fazer é deixar, mesmo que periodicamente, de frequentar essas salas de "charros" ou de "chuto" e não alinhar nem dar como certo e verdadeiro, enfim, comestível, tudo o que nos põem no prato com aspecto de saboroso.

A luz se apaga mais depressa do que se acende

Faz hoje, 25 de Março, precisamente um mês após eu ter escrito ( aqui ) um apontamento sobre a questão das deficiências na iluminação pública na nossa freguesia. Precisamente nessa altura, a título particular usei a ferramenta online da EDP Distribuição para dar conta de uma série de lâmpadas desligadas, fundidas ou avariadas. Certo é que apesar desse meu gesto de cidadania, passado o tal mês ainda nenhuma das situações então reportada foi corrigida ou reparada. É claro que com este tipo de consequência, é escusado perder tempo a dar conta de outras situações. É chover no molhado.

Não há volta a dar! Este tipo de empresas e a forma como funcionam (ou não funcionam) são formatadas para não dar respostas e os contactos são confinados a canais automáticos sem qualquer toque pessoal. A reclamar, reclamamos para uma máquina, para um algoritmo. Não têm quem fiscalize situações de avarias e remetem essa tarefa para os particulares mas, mesmo assim, são fracos a dar respostas e a reparar.

Assim sendo, continuamos parcialmente ás escuras e basta dar uma volta rápida pela freguesia para contar largas dezenas de postes com lâmpadas desligadas, fundidas ou avariadas, algumas em locais de bastante trânsito e mesmo em curvas e cruzamentos.