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25 de setembro de 2020

Profecias...

"Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava a caminho de se transformar numa Suíça, o golpe de Estado foi o princípio do fim. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa

Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie, que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República.""

Este pensamento foi proferido a propósito do 25 de Abril de 1974 por Marcello Caetano, à época, o Presidente do Conselho, que havia sucedido a António de Oliveira Salazar.

Pode-se pensar que Marcello Caetano, mercê da ditadura que representava, teve pouca ou nenhuma moral para tecer essa profecia. E isso é verdade, mesmo que apesar das suas ideias, que deram azo à designada  "primavera marcelista", não tivessem seguimento no sentido da transição para a democracia. Porventura o regime já não dependia do chefe do Governo, mas da estrutura que consubstanciava o regime em si. Mas isso é matéria de historiadores.

Certo é que pela época em que a proferiu (relembre-se que faleceu em 26 de Outubro de 1980), ainda havia muito caminho a percorrer até aos dias de hoje para que o país e os governantes que conseguiram emergir das tropelias do PREC, rumando a uma democracia em detrimento de uma nova ditadura, já não de direita mas de esquerda, pudessem provar precisamente o contrário da profecia do Caetano, seguindo por caminhos e políticas que nos conduzissem a um país livre, independente, transparente, sem corrupção, sem clientelismos, inovador e sustentável, com políticas que garantissem a coesão total do país, de sul a norte, do litoral ao interior, capaz de suster a emigração, mantendo um país povoado a produzir e orgulhoso das suas raízes mas também do presente e futuro.

Em resumo, exceptuando das contas o período em que o país andou a brincar aos governos provisórios e os militares a brincar "às casinhas"  a decidirem entre si e alguns partidos se haviam de seguir pela direita se pela esquerda, foram pelo menos 40 anos, até auxiliados pela UE, em que andamos a dar tiros nos pés. Agora, por mais que isso nos azie e doa, somos obrigados a, senão dizê-lo, pelo menos admiti-lo, que o "caixa-de-óculos" tinha razão. Relevando o óbvio exagero de que o Portugal de Marcello estava a caminho de se transformar numa Suiça, bem como da necessária dependência dos países ultramarinos, inviável na sua manutenção enquanto colónias, e de resto o principal cancro da ditadura ao persistir numa guerra devastadora, consumidora de vidas e de recuros, há de facto ali muitas previsões concretizadas. Desde logo, à cabeça, o estarmos reduzidos à indigência, ou seja à caridade de outras nações. A cada vez mais galopante dívida pública é disso prova. Muitos dos nossos governantes, políticos e administradores ainda continuam a não servir para criados de quarto, mas estão alçados no poder e nas estruturas politicas que lhes dão acesso à mina. Ora esses são bem mais que as quatro dezenas da gruta do Ali Bábá. Não, foram, pois, apenas 40 os ladrões deste país, mas mais, muitos mais, mas também 40 anos roubados à esperança que nos dizem que trouxe o 25 de Abril de 1974. 

Serão precisos outros 40 anos para reverter a profecia? Ou daqui a outros 40 anos, decorrido quase um século, ainda andaremos a desculpar a situação com o Salazar e o Caetano? Ou será mais do mesmo, a dobrar, vivendo aparentemente à grande e à francesa, subtraindo a quem trabalha e gera riqueza e distribuindo-a a uma classe de malandros e subsídio-dependentes, dando cama, mesa e dinheiro a quem nos assalta, envergonhando-nos da nossa cultura e história para não ferir susceptibilidades de quem devia respeitar e adaptar-se à nossa casa? Somos, pois, um país que vive em permanente estado de cócoras.

22 de setembro de 2020

Academia do oportunismo


Por vezes temos estas manias das grandezas, umas epifanias que nos deslumbram num acesso entusiasmado próprio de quem acabou de descobrir a pólvora ou inventado a roda. 

Talvez neste espírito, o grande clube português Sporting Clube de Portugal, de que não sou adepto mas nutro simpatia, anunciou que em homenagem ao Cristiano Ronaldo vai mudar o nome da sua Academia de formação de futebol para Academia Cristiano Ronaldo.

O caso já está a dar que falar, pois o Nacional da Madeira, clube onde também teve formação o jogador madeirense, reclama direitos sobre a marca já que a sua academia designa-se desde 2007 de "Cristiano Ronaldo Campus Futebol".

Confesso que ainda não li nem ouvi eventuais reacções do próprio Cristiano Ronaldo, e se no caso do clube de Alvalade foi tido e achado, mas certamente que terá algo a dizer.

Em todo o caso, no que se refere ao Sporting, e mesmo respeitando a posição do clube e as opiniões a favor, parece-me de todo um despropósito e até uma enorme desconsideração e desrespeito pela sua história. Cristiano Ronaldo e a sua fama dispensam apresentações e considerandos, mas, porra, jogou apenas uma época na equipa principal do Sporting. Estreou-se em 14 de Agosto de 2002, com 17 anos, e em 13 de Agosto de 2003 já estava de malas aviadas para o Manchester United - Inglaterra.

Assim, em bom rigor, Cristiano Ronaldo tem mais história em qualquer um dos clubes que passou (Manchester, Real Madrid e Juventus) do que no clube de Alvalade, onde aqui apenas teve uma curta e rápida montra. 

Fico algo surpreendido por perceber que enormes jogadores e figuras lendárias do Sporting, nos diferentes períodos da sua história, tenham sido ignorados a troco de um oportunismo bacoco, um endeusamento despropositado. Ninguém nega nem esquece a ligação de Ronaldo ao Sporting, e vice-versa, mas não era preciso tanto. As coisas são bonitas quando proporcionais e quando as pessoas ou instituições se respeitam a si próprios.

21 de setembro de 2020

A egiptóloga candidata a presidenta


Considero que Cavaco Silva foi um fraco presidente da República, fraquinho, cinzento e amorfo quanto baste. De resto de um presidente da nossa República, nunca se esperam grandes feitos, porque limitados a pouco mais que corta-fitas e câmaras de eco dos quadrantes que os elegem. Abraços, beijinhos e condecorações a quem vença uma corrida de mota ou corrida de saco, são o lado popularucho que se pode acrescentar, como tem feito o cidadão/presidente Marcelo que tem tido a capacidade de manter de chama acesa o namoro com o primeiro ministro, a ponto deste não ir de amores com a camarada Ana Gomes. Nem mesmo uns aguaceiros os separam porque há um guarda-chuva pronto a partilhar.

Apesar disso, mesmo a contra gosto dos demais, porventura a figura mais famosa de Boliqueime, teve a "ousadia" de se ver eleito três vezes primeiro ministro e duas presidente da República, obtendo, reconheça-se, votações ímpares na história da nossa democracia.

Ora, não comparando perfis e posições ideológicas entre alguém, como a inestimável Ana Gomes, que se lhe refere publicamente, mesmo que de forma indirecta, de "múmia paralítica", e um qualquer extremista ou burgesso do Chega, a diferença parece-me pouca para não dizer, nenhuma. Há limites para a mal criação e ordinarice e Ana Gomes,  parece não ter percebido nem encaixou que o Cavaco, mesmo que bem ou mal, por mais que a azedasse e lhe revirasse a bílis, governou legitimado pelo voto maioritário de milhões de portugueses. Pelo menos por esses, os milhões de portugueses, merecia algum decoro no trato, tanto mais que se candidata, creio eu, a presidente de todos eles.

16 de setembro de 2020

Percepção de que isto é uma brincadeira

 


É a todos níveis incompreensível que, com as empresas a trabalhar em pleno, as escolas a reabrirem, os transportes, comércio e serviços a funcionar, mesmo que com os ajustamentos, medidas e regras a cumprir, as entidades como repartições públicas de finanças, conservatórias, tribunais, câmaras municipais, notários, etc, continuem a funcionar a conta gotas, com restrições de todo injustificadas, limitando e restringindo as actividades que deles carecem.

O presidente da república, referindo-se à eventual realização das cerimónias do 13 de Outubro, em Fátima, falou de um tal "sentido de percepção" dos portugueses quanto à situação. 

Ora a percepção que podemos ter relativamente à forma como os referidos serviços estão a ser limitados a quem deles necessita, é de uma total incompreensão e injustificação e até mesmo segregação.

No fundo é com este tipo de contradições e diferenciação de tratamentos que fazem de tudo isto uma espécie de brincadeira, numa multiplicidade de diferentes realidades quando, afinal, a pandemia é a mesma.

Assim a nossa percepção é de que os nossos governantes continuam a fazer o que melhor sabem, o brincar com o povo.

13 de setembro de 2020

Sementes de azia e rancor


Não! Parece-me, que o que está propriamente em causa não é o Luís Filipe Vieira, o António Costa, o Fernando Medina, o Fernando Seara e muitos outros, figuras mais ou menos públicas, por fazerem parte da lista de honra de uma candidatura à presidência de um clube. O que está em causa não são as suspeitas e acusações à vida privada ou empresarial de senhor Vieira, que, até saber, de nada e por nada foi condenado. Parece que o que está em causa, para a generalidade dos inquisidores, é mesmo o Benfica, o rancor e azia ao clube, os mesmos que levam figuras como o portuguesíssimo Vilas Boas a dizer que não quer o Benfica, clube português, a vencer na Europa, sob pena de ficar furioso, doente e mal disposto. Bem sei que disse que preferia ser sincero do que hipócrita. Porventura um racista dirá o mesmo e não é isso que o justificará.

Em suma, pode-se questionar ou mesmo regulamentar se figuras com cargos públicos devem ou não exercer ou abdicar do tão simples direito à sua liberdade de expressão e de vida social e particular, a ponto de fazerem parte ou não de uma comissão de honra de uma candidatura de um qualquer clube, nacional ou de bairro, de que são simpatizantes ou sócios, mas, à falta dessa clara definição, o que por ora se vai exacerbando é mesmo o rancor e até certos laivos de ódio a um clube. O mesmo ódio e rancor que levam à beatificação de alguém que nos assalta e divulga a nossa privacidade num aparente vale tudo desde que depois da porta arrombada nos descubram alguns esqueletos e vídeos pornográficos no armário, tão somente porque numa das casas assaltadas está um clube rival.

E isso obviamente não é bom e dá pena, para mais numa altura em que se organizam manifestações e derrubam estátuas por outras coisas consideradas de desrespeito e ofensa às liberdades e garantias de cada um e de cada uma.

Pessoalmente, benfiquista que bateu palmas e torceu por um clube rival nas competições europeias, desde a final de Viena em 1987, fico arreliado com esta santa inquisição, mas percebo que vai sendo disto que a casa gasta. 

Bem vistas as coisas, as misteriosas sementes que por aí dizem que nos chegam vindas da China à caixa de correio, porventura não serão mais que as sementes de tais ódios e rancores clubísticos. E parece que há quem as lance em boa terra a ponto de já poderem estar a dar fruto.

11 de setembro de 2020

Ah Leão...


O homem ainda não aqueceu o lugar do Centeno, mas dizer na mesma entrevista que ao nível do desemprego o pior está para vir e simultaneamente que o salário mínimo nacional deve ter um aumento com "significado", é uma coisa extraordinária senão paradoxal. 

Não me quer parecer que com as empresas a encerrarem, a falirem ou a dispensarem funcionários, porque "doentes" e daí o "pior que está para vir", estejam em contexto de poderem aumentar com "significado" o salário mínimo. É como esperar que uma vaca magra encha o canado de leite para farta quinzena.

Parece de todo um paradoxo, este o do ministro João Leão, mas vamos a ver no que dá. Afinal leão que se preze sabe apanhar gazelas e outros inocentes animais.

10 de setembro de 2020

Coerência

A propósito da questão da discutida reposição das freguesias, libertando-as da reles reforma administrativa parida pelo Relvas, diz o PCP - Partido Comunista Português, que as freguesias  “...são o primeiro patamar do poder local democrático” ... essencial para o combate à desertificação e às assimetrias regionais.Louve-se esta coerência e análise do PCP que pretende propor na Assembleia da República a reposição das freguesias extintas sendo essa a vontade das suas populações. 

Nesta questão da supressão das freguesias, PSD-CDS fizeram merda da grossa e o PS vai cagando baixinho sem sabermos se está obstipado ou de caganeira.

9 de setembro de 2020

A ditadura dos números

Dizem as fontes da DGS que em Agosto deste ano morreram 8866 pessoas em Portugal, um número que representa um acréscimo de 506 em relação à média deste mês nos cinco anos anteriores. 

É uma tendência que vem de trás e o mês de Agosto não foi excepção. Portugal está a registar um excesso de mortalidade face à média dos últimos anos, mas este não é explicado pela doença Covid-19. 

De resto em Agosto terão morrido 87 pessoas directamente relacionadas com a pandemia. 

Ou seja, o Governo e a Direcção Geral da Saúde continuam apenas a dar importância às mortes por Covid enquanto que continua sem admitir que estes acréscimos resultam na sua larga maioria pela rotura do SNS e pela redução dos cuidados de saúde primários, suspensões e adiamentos de consultas, exames e cirurgias, no que é uma política totalmente errada. Todas as doenças contam mas esta "xenofobia" estatal diz-nos que não. 

Por este andar vamos chegar a Novembro ou Dezembro e o Governo, como já será ridículo justificar a coisa com as vagas de calor, vai virar-se para as vagas de frio. Ou até talvez culpará o Pai Natal.

Assim vamos indo num faz de conta, em que à comunicação social amestrada importa dar destaque apenas aos "casos". O resto não conta. Pode-se morrer, seja do que for, mas não convém que seja de Covid.

8 de setembro de 2020

Toques de Midas, petinga, peixinhos da horta e outras chulices

 

Circula por aí, nas redes sociais, pois claro, a imagem (acima) de um talão de uma despesa no famoso café Magestic, na cidade do Porto, com um absurdo valor aplicado a dois cafés, um descafeinado e  duas garrafas de 1/4 de água sem gás.

Pela data, parcial, deduz-se que a coisa não é de agora o que é de supor que de lá para cá a coisa ou manteve-se ou mesmo aumentou. É claro que, supondo que a imagem não está manipulada, é de facto um valor absurdo face aos preços tidos como correntes, mas nestas coisas quem quer experienciar coisinhas fofas e jetsetianas tem que pagar e não bufar.

Ainda há dias, por sugestão de alguém e pela experiência de "conceito", decidi um jantar a dois num já popular restaurante moderno, dito winebar, localizado numa aldeia recentemente requalificada e por isso num contexto ou cenário com o bucolismo apetecíveis, tanto mais que o fim de tarde ia quente, adequada a comer na esplanada. 

O tal "conceito" é o de comer ou degustar tapas, em rigor petiscos e entradas. Mas porque a coisa é "fina", e embalada como tal, comer petinga, pexinhos da horta e ovos estrelados, só porque com uns pós de perlim-pim-pim, e com um toque gourmet, coisa de "chefs", a coisa é cobrada ao preço do melhor caviar e filé mignon.

Assim, para muitos restaurantes, como cafés e afins, vocacionados para uma certa classe endinheirada, nada como o dom do toque de midas e facilmente da merda se faz ouro, como quem diz, da petinga e peixinhos da horta se fazem uma "experiência interessante num conceito moderno". 

Em suma, cada vez mais vale o antes parecer que ser. E nós gostamos disso, gostamos de ser fodidos, desde que seja algo de magestic.

Paga Quim!

2 + 2 = 4

O Costa, o nosso ministro primeiro, lá veio para a comunicação social avisar que: "Não podemos repetir o confinamento. O país não aguenta". Só mesmo o Costa para nos dizer que 2 + 2 são quatro. Sozinhos não chegávamos lá.

Todavia, sendo que é uma verdade `"la palisse", não deixa de ser paradoxal e mesmo irónica porque na realidade e em bom rigor o país já não aguentou o primeiro confinamento. Desemprego, falência de empresas, perdas de rendimento, resseção económica, aumento do défice, aumento da dívida pública, etc, etc, . Enfim, um autêntico desastre perpetrado pela classe política com a carneirada a obedecer de mansinho.

Mas as grandes trapalhadas estão agora a começar, desde já com as tais regras da DGS, nomeadamente para as escolas. Como disse alguém, mandar parar o país, fechar escolas e empresas, foi fácil. O difícil é agora reabrir com organização e sem trapalhadas.

Mas, e esta é uma frase batida, "somos mais que merecedores deste tipo de políticos". Mas, pelo menos que não nos façam de anjinhos.

[foto: expresso]

1 de setembro de 2020

O Tiririca

O Costa, o António, nosso ministro primeiro, lá vem de novo com o fantasma e ameaça de crise política, caso os seus já habituais parceiros da esquerda não lhe façam as vontades.

Nitidamente o homem  não se dá bem quando o contrariam e como num filme do Charlot, é tudo em tons de cinza. Mas ao contrário do cómico do bigodinho e chapéu de coco, não tem piada nenhuma porque nunca ninguém gostou de meninos birrentos. Como diria, e bem, Jerónimo Martins, líder do PCP, abanar essa bandeira da "crise política" ainda antes das negociações do próximo orçamento, já é um mau princípio.

Em todo o caso, creio que  a dita "crise política" é apenas um eufemismo para enganar tolos, porque em democracia não há lugar para esses maus humores. Ou um Governo tem condições para governar, por maioria absoluta ou por acordo parlamentar, ou então, se não, não governa e há lugar a novas eleições e delas surgirá um novo Governo, mesmo que seja mais do mesmo como a pescadinha com o rabo na boca.

Portanto, qual o problema? Mais custos com eleições? Pois claro, mas quanto a isso o povo já está habituado a esses encargos, porque a democracia, imagine-se, tem custos.

Assim sendo, que se aguente e mostre o que vale em tempo de vacas magras, mesmo que com o leite a jorrar da gorda teta da UE, ou então, desista e venha o próximo. Em caso de novas eleições, pode até reforçar a sua posição, mas mesmo assim, como dizia o Tiririca, pior do que está, não fica. Por outro lado, aplica-se também o velho rifão popular " Para melhor está bem, está bem; Para pior já basta assim".

10 de agosto de 2020

Mortes anunciadas

O JN online dá-nos hoje a notícia da morte de um motociclista em Vila Verde, depois de um choque com uma carrinha.

Infelizmente, estas notícias de acidentes fatais de motociclistas ou motards, são mais que recorrentes e em muito contribuem para os números de mortes nas nossas estradas.

Todavia, não generalizando nas causas, muitas vezes estes acidentes parecem tão óbvios e mesmo pré-anunciados, porque quem anda na estrada, vê a forma de conduzir de muitos motards, sempre a acelerar, a furar por entre o trânsito, sempre no desrespeito pelas mais elementares regras de trânsito e segurança, colocando-se eles em permanente risco mas, pior do que isso, aos outros, tantas vezes quem vai a conduzir com segurança e respeito. As linhas contínuas, limites de velocidade e sinais de proibição de ultrapassagem são apenas para os outros. Para agravar, muitos dos motards não gostam de circular sozinhos e andam quase sempre aos grupos e se numa ultrapassagem perigosa vai um, então lá vão os demais de seguida. Neste aspecto são solidários e partilham as asneiras.

Ainda há dias, numa das minhas voltas de bicicleta, corri sério risco pois praticamente fui empurrado para a berma porque um grupo de uma dúzia de motas desceu a estrada com curvas e contra-curvas como se apenas eles ali circulassem. Chamar-lhes "cabrões" e outros "mimos" verbais de pouco valeu porque obviamente não me ouviram nem se incomodaram quando me viram a resvalar e a tombar para a berma. Estes são apenas alguns dos muitos maus exemplos e asneiradas das grossas a que já assisti e que me puseram a mim e a outros em perigo, e que, a quem anda na estrada, quase todos já assistimos.

Como se disse, contudo, não se pretende generalizar e concerteza que há motociclistas ou motards conscientes e que fazem uma condução segura e responsável. Mas pelo que se vai vendo, e quem já não viu, parecem ser aves raras.

Importaria, pois, mão pesada para estes recorrentes abusos e acima de tudo uma maior consciencialização e educação cívica e rodoviária de modo a que estas notícias de acidentes envolvendo motas e seus condutores fossem fortuitas e ocasionais.

6 de agosto de 2020

Migalhas

Quando na sua página da rede social Facebook, a Junta da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, faz, e muito bem, referência à festa ou festividade de S. Tiago, padroeiro de Lobão, e não o faz relativamente às demais festas nas demais freguesias, não está, parece-me, a prestar um bom serviço nem a mostrar imparcialidade. 

Mesmo uma eventual justificação de que a referência deve-se ao facto da Junta ter assumido a reactivação da festividade, depois de muitos anos sem ser organizada, ainda acentua mais a diferença de tratamento pois não pode ou não deve assumir organizações festivas numa freguesia quando nas demais essa é uma responsabilidade da comunidade. Se acha que tal é relevante, então que assuma as despesas e organização de todas as festas na união. Deve, sim, apoiar e incentivar.

Nestas coisas de união, ou há um critério de equilíbrio e igual tratamento e referência, e defesa dos diferentes aspectos de identidade, ou então algo não está bem nem contribui para a já por si pouco ou nada aceite união de freguesias. 
Por conseguinte, uma política de um certo banquete para uns e migalhas para outros, não é aceitável, não fica bem e nem havia necessidade.  Afinal, é uma questão de bom senso.
 

26 de julho de 2020

Varredura


A propósito de uma denúncia com fotografia (acima) que o Sr. presidente da Câmara de Santa Maria da Feira , Dr. Emídio Sousa, deixou na sua página do Facebook, entristecendo-se pelo abate de árvores "a varrer" num terreno marginal ao rio Uíma e junto ao trajecto da extensão do passadiço que irá ligar Lobão a Caldas de S. Jorge,  numa primeira vista, e desconhecendo as causas por parte do proprietário, de facto é de se lamentar.

Em todo o caso, convém lembrar que uma grande parte dos terrenos envolventes ao Uíma, nomeadamente em toda a zona conhecida por ribeiras, e de resto em todas as zonas de vale de qualquer rio ou ribeira, num passado não muito distante, os terrenos eram isso mesmo, ribeiras, campos de cultivo, com poucas árvores, eventualmente na bordadura dos ditos campos e na margem do rio, para sustentar videiras. Imaginemos que agora o proprietário pretende voltar ao cultivo. Pode não ser o caso, mas coloca-se a questão. Também me parece que alguma diversidade de ocupação (agrícola e florestal) ao longo do passadiço pode ser positiva.

Também não sei se foi feito e se o terreno em questão abrange o novo passadiço, mas se sim, nos protocolos de cedência ou venda das parcelas, deveria ser acautelada a preservação das árvores e manta vegetal, não só na galeria do rio como até determinado afastamento. Mas, como referi, não conheço esta situação em concreto, suas causas e motivações, pelo que é apenas uma reflexão com algumas questões.

Mas sim, numa primeira impressão, afigura-se como injustificável esta varredura, sem qualquer sensibilidade ambiental.

24 de julho de 2020

Quanto mais o chegam para lá, mais ele chega para cá



Já o escrevi por aqui, não será pelo meu voto que o CHEGA e o seu André Ventura terão qualquer protagonismo político neste país, mas também terei dito que a forma como tem sido combatido, igualmente com posições de intolerância política e posicionamentos extremistas, é precisamente o que lhe está a dar força. Se mesmo com vários tiros nos próprios pés e com uma imprensa a canalizar-lhe um combate cerrado, o Ventura e o Chega chegam aos 7%, igualando, imagine-se a esquerda moralista dos novos bons costumes, como será se conseguir ser mais adulto e menos radical em algumas das suas posições? É certo que as sondagens valem o que valem, dizemos sempre, mas esta elaborada pela Universidade Católica para a RTP e jornal Público, dá indicações do que de facto pode vir a acontecer em próximas eleições.

Por conseguinte, ponham-se a jeito, continuem a fazer-se valer de extremismos em vez de posições mais condizentes com a realidade do país e depois queixem-se e venham para aqui partilhar capas da Sábado e da Visão, petições públicas para sua abolição e outros flash-backs. Depois apanham estes "pontapés nos tomates". É que deve doer.

Ainda ontem, li na imprensa, que um qualquer artista de 39 anos, com cadastro, perseguiu e violou sob ameaça de facalhão uma mulher de 41 anos, sua vizinha. Imagine-se, o juiz já o libertou. Espero que enquanto esteve a aplicar as medidas de coacção, a torturante apresentação diária às autoridades, não estivesse sob o efeito de um qualquer anestesiante oral. É destas coisas que o Chega se alimenta, e se só fosse só por isto, convenhamos, com toda a razão.

Como diria o guru da pandemia, "Tenham senso".

22 de julho de 2020

Matilhas e manadas


Confesso que não conheço a realidade concreta do canil DZG de Canedo, que dizem ilegal e edificado numa zona de Reserva Ecológica, onde supostamente (salvo uma auto-estrada) não se pode construir um galinheiro). Ouço dizer que não tem condições, que não tem as ideais mas as possíveis, que não é tão feio e mau como o pintam, que seria possível fazer melhor com mais ajudas, etc. Certo é que há muita desconfiança e muitos dizem que a coisa da Berta deveria estar fechada.

Em todo o caso, para além do problema da incapacidade de recolher e tratar condignamente os animais, que é geral, e que de facto começa a ser um problema grave, porque se percebe que os animais, no caso cães e gatos, merecem ser tratados com respeito e dignidade e não como uma coisa qualquer numa qualquer China, e por outro lado não são criadas por parte do Governo condições para o seu controlo e apoios concretos às adopções responsáveis. 

Como exemplo, o Silva até tem condições e gostava de adoptar dois ou três cães, mas do último que teve, coitado, o Ticas, porque latia, como qualquer cão, o vizinho tanto reclamou que a coisa parou em Tribunal e este deu razão ao vizinho do Silva e o Ticas lá teve que ir à vida. Por isso, o Silva, por causa do animal do vizinho, lá teve que se contentar em ter como companheiro doméstico um periquito, se bem que em vez de o ouvir cantar, o Silva preferia que cagasse na cabeça do vizinho.

Mas, realmente onde queria chegar, para além de tudo, esta agora mediatizada questão a envolver o canil de Canedo, a reboque do trágico e lamentável incidente num canil ilegal em Santo Tirso, que escusado será pormenorizar porque tem sido notícia constante dos alertas CM, demonstra em muito que uma grande parte da nossa sociedade está longe de agir por causas concretas a partir de atitudes com pés e cabeça e em que cada um pense por si. O que está na moda é o efeito "maria vai com as outras", ou efeito manada, seja para partir montras, provocar distúrbios, derrubar estátuas ou dar uma coça em alguém que não consiga dar frango estufado aos cães nem os acomode num hotel canino. 

Esta gente, ditos activistas, age por impulso e desde que seja para fazer crescer uma multidão para aparecer nas notícias, estão lá, na manada, a vociferar impropérios e a espetar o dedo nos narizes dos polícias ou guardas da GNR. Tão pior que dar maus tratos a animais é tratar mal as pessoas e não me parece que seja dar uma tareia a alguém que a coisa se resolva. Infelizmente o mau trato concreto a pessoas e à falta de condições de muita gente, não geram estas manifestações gregárias e enfurecidas. Os animais merecem todo o respeito e tratamento com dignidade e estima mas quando estes passam a ser tratados como pessoas e as pessoas como animais, algo vai mal, Não porque os primeiros não devam ser bem tratados, obviamente, mas porque alguns valores começam a ser subvertidos.

Mas voltando à mediatização do assunto do canil de Canedo, do que vi na TV, parece que apesar da ilegalidade da coisa, a mesma ía sendo tolerada, mas frente aos microfones e câmaras, parece que muita gente foi enfiando o rabinho no meio das pernas. Afinal ninguém quer assumir responsabilidades. A culpa, coitados, será dos cães e gatos por existirem.

Vida de cão.

29 de junho de 2020

Os extremismos gostam de caviar

Se depender do meu voto, André Ventura e o seu Chega não terão qualquer relevância política neste nosso Portugal. 
Apesar disso, parece-me que pela negativa lhe tem sido dado demasiado protagonismo e mesmo a forma como alguns opinion makers e sectores da nossa política e alguma da imprensa adocicada pelos apoios estatais o têm considerado ou desconsiderado, com posições reveladores de um forte extremismo e mesmo laivos de muita intolerância e discriminação, nomeadamente por parte de uma certa esquerda caviar que se considera a detentora da ortodoxia ideológica. 

Esta certa esquerda tem sido ela própria extremista e preconceituosa e paradoxalmente tem sido o suprimento de gás que vai enchendo o balão do populismo do Chega. O Ventura pode ter os tiques de muita coisa negativa e condenável, mas também partilha os defeitos e demagogia comuns à  nossa classe política, da esquerda à direita, mas pelo menos, parece-me, não se tem esquivado numa farsa do politicamente correcto, com que muitos pretendem moldar a nossa sociedade, com os seus julgamentos facciosos da História, verdadeiros mestres no toque de Midas, fazendo de merda ouro, mostrando-se alérgica no que toca a chamar os bois pelos nomes. 

Ora quem tem ajudado o Ventura e o seu Chega a ganhar algum arrasto,  pelo menos para já nas sondagens, é precisamente quem está farto desta gosma política de gente muito moralista quanto aos valores dos direitos, liberdades e garantias, mas com uma tendência do caralho para esquecer as obrigações, as responsabilidades, a lei, a ordem e a disciplina, ignorando que aqueles valores só têm sentido se acompanhados por estes. Quem come a carne também tem que provar os ossos. Quem quer respeito tem que respeitar. Quem quer direitos não pode fugir aos deveres. Quem quer liberdade não pode relevar a disciplina e dispensar a ordem. Afinal quem tem medo destes equilíbrios?

Assim, em resumo e como aviso à navegação, continuem com essa abordagem extremista, com as vossas piadolas ofensivas, vão para manifs e antifs extremifs derrubar estátuas e partir montras que os Venturas e os Chegas agradecem. Depois chamem-lhes nomes feios, que ele gosta.

22 de junho de 2020

Antes do Centro Escolar, quando a escola era o centro

Hoje pergunto se não há escolas porque não há crianças, ou se não há crianças porque não há escolas, ou porque não há uma coisa nem outra porque queremos um futuro baseado num presente que cada vez mais desrespeita o passado?
 
É claro que há escolas, super-escolas, concêntricas, sem dúvida, com mais condições, mais confortáveis, com mais de tudo e porventura com mais de nada.

Pobre país, que até rasgou o mapa com auto-estradas, de norte a sul, de poente a nascente, mas pouco ou nada fez para impedir a desertificação do interior, ajudando à eutanásia das nossas aldeias. Na maior parte delas restam poucos, os "entas", porque com raízes profundas presas ao granito ou ao xisto, mas crianças, nem vê-las ou se sim,  raridades. 

Estamos definitivamente em extinção e não é só demográfica.  É mais do que isso. Muito mais. É também de valores e da desvalorização do conceito de família e comunidade. Até a porcaria da reforma administrativa veio dar um golpe nessa coisa de identidade comunitária e orgulho de pertença às raízes. Até isso!

As velhinhas escolas primárias, como a da imagem, algures numa das nossas aldeias, são agora monumentos  ao vazio. Mas nesta puta de dicotomia do copo poder ser visto meio cheio ou meio vazio, há sempre quem ache que o que importa é que tenha alguma coisa para beber. 
É isso! Habituámo-nos a meias doses, a meios copos meio cheios ou meio vazios, e talvez por isso andemos sempre insaciados! A plenitude é apenas filosofia! 

10 de junho de 2020

Interrogatório


Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso deste Dia de Portugal e de Camões, fez sobretudo perguntas. Mas às suas perguntas não pode esperar unanimismos nas respostas, mesmo dando de barato que a nossa sociedade parece que começa a embrutecer nos cânones do politicamente correcto e a estreitar o caminho para quem pense diferente. Não tarda a democracia a ser ela mesmo uma ditadura a definir os parâmetros politicamente correctos, legislando sobre os bons, os maus e os vilões, como numa clássica cowboyada.

A determinada altura do discurso interrogatório do nosso presidente, diz que "...Portugal não pode fingir que não existiu e existe pandemia, como não pode fingir que não existiu e existe brutal crise económica e financeira. E este 10 de Junho de 2020 é o exacto momento para acordarmos todo para essa realidade”.

É verdade que não podemos fingir mas isso em grande parte é o que todos temos estado a fazer desde o início da coisa. Fingimos que estávamos preparados, fingimos que o SNS estava à altura, fingimos que o uso das máscaras era contraproducente, fingimos que todas as outras doenças, consultas, exames, cirurgias, tratamentos, eram adiáveis, fingimos que por estes dias os únicos mortos eram da pandemia, fingimos que o acréscimo médio de mortes para além dos relacionados à Covid-19 era um número sem importância porque fora do radar geral da imprensa e do escrutínio de uma comunicação social amestrada, fingimos que decretar a suspensão do país era algo imperioso, porque ou isso ou a extinção da humanidade e dos bravos lusitanos.

É verdade que a "brutal crise económica" existe mas as reais consequências ainda estão para vir, sendo que o Governo, incluindo o presidente, não podem "tirar o cavalinho da chuva", para o bem e para o mal, e fugir às suas  responsabilidade de que uma boa percentagem desta "brutal crise económica" decorre das suas medidas de determinar a suspensão do país. Não podemos atirar a pedra e esconder a mão atrás das largas costas da pandemia. Muitas decisões terão sido necessárias, claro que sim,  mas outras terão tido uma enorme dose de exagero e desproporcionalidade, incluindo o anedótico estado de emergência e a patética proibição de saída dos concelhos, sobretudo na forma e nos critérios.

A pandemia é uma realidade, séria, que pode arrastar qualquer um de nós, sobretudo os mais idosos e vulneráveis, que não pode merecer desvalorização, mas exige simultaneamente  medidas equilibradas e proporcionais e não como uma rede de arrasto onde vai peixe graúdo e miúdo. 

Neste 10 de Junho,  no geral Marcelo foi igual a ele próprio, com um discurso redondo, moldado para agradar a gregos,  troianos, fenícios e cartagineses. Não duvido que também tenha agradado à maioria dos portugueses  mesmo que porventura tenham sido poucos a dar-se ao trabalho do o ouvir em directo, porque começa a ser mais do mesmo.

7 de junho de 2020

Manifs

As manifestações, certas manifestações, são do caraças. Sabemos como funcionam até porque têm clientes certinhos a fazer lembrar o dono do "O MEU CAFÉ"  que mesmo sem o ver já tirava o café para o Ti Manel que dali a exactos vinte segundos entraria na tasca e apresentar-se-ia no balcão. Muitos anos a virar frangos.

Com "certas" manifs, às tantas ficamos sem saber se é puro folclore, um instinto gregário, um "Maria vai com as outras" ou se de facto há alguma propósito de verdade em cada um dos participantes .
É que, como diz o outro, "se fosse para cavar batatas não apareciam tantos". Ou como dizia ainda outro, "duas horas a sachar milho e a limpar matos, amaciariam muitas ideologias". 

Fazem-me, ainda, lembrar o inesquecível sketch humorístico com o saudoso Óscar Acúrcio na frente de uma manifestação a reclamar em uníssono "-Queremos trabalho! Queremos trabalho!." Às tantas, alguém de fora dirige-se a ele a diz: - Ó amigo, pode vir que eu arranjo-lhe trabalho!. - Ao que ele responde: - "Ó amigo, com tanta gente aqui e você vem logo ter comigo? Foda-se!".

Mas a malta gosta é de pândega, de bandeiras e slogans, de desconfinar, e como os filhos da Ínclita Geração, há rituais necessários e qualquer cidade serve para servir de Ceuta e acrescentar mais um degrau nos currículos porque mais tarde há-de fazer jeito.