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29 de julho de 2022

Acudam, que é lobo!

Tantas vezes somos confrontados por aqui com alertas dramáticos de crianças ou jovens desaparecidos.

E muitos, solidários, envolvem-se nas partilhas desses alertas. Ainda bem! Para estas coisas as redes sociais são boas.

Felizmente, na maior parte das situações, como o agora recente caso do adolescente de Arouca, os desaparecidos acabam por aparecer, na maior parte das vezes regressando a casa depois de umas saídas com amigos ou amigas, debaixo da irresponsabilidade de uma aventura sem avisar os pais.

Nestas coisas vemos muito da fábula do Pedro e o lobo em que às tantas, por tantos falsos ou injustificados alarmes, acabamos por não ligar patavina aos alertas.

Neste caso de Arouca, ainda bem que acabou bem, mas importaria a quem se dedicou à partilha, fosse informado do que realmente aconteceu. Foi caso de polícia, de saúde, acidente, tentativa de rapto, desorientação, ou mesmo mais um caso de aventura irresponsável por conta própria?

Mas, realmente o que importa, para lá das reflexões que possa suscitar, ainda bem que acabou bem.

28 de julho de 2022

O silêncio dos inocentes


Parece que na minha página do Facebook tenho 471 amigos. Uma miséria. Até a Maria da Esquina tem mais do dobro e limita-se a partilhar coisas fofas como florzinhas, cãezinhos, gatinhos e corações. E quem não gosta de fofuras?

Bem sabemos que o conceito de amizade no Facebook é muito subjectivo e não surpreende, por isso, que de um modo geral, entre centenas de amigos tenhamos mesmo alguns inimigos de estimação, bem disfarçados. Sabemos até quem são, porque não enganam, mas fingimos que não, e deixamo-los andar por aí contentinhos para de quando em vez nos deixarem uns remoques. Adiante.

Mas mesmo assim, com quase 500 amigos, esperava ler de parte deles algumas intervenções sobre assuntos do quotidiano público, do escorrer dos dias, mesmo em contexto de cidadania. Mas em regra, relevando um ou outro caso esporádico, as intervenções não existem ou são para entreter. Nada de substancial.

Mas reconheço que essa larga maioria é que está certa, porque hoje em dia opinar de forma pública, sobretudo nas redes sociais, é um grande risco, porque da crítica construtiva, do contraditório, até à ofensa pessoal e gratuita vai uma distância muito curta, sobretudo quando envolvendo figuras públicas. Como exemplos, atente-se a algun dos casos que têm acontecido, como os mais recentes envolvendo a actriz São José Lapa sobre as considerações que fez sobre o compositor e cantor Pedro Abrunhosa e este sobre o Putin, mandando-o fod.. num concerto em Águeda? Mas também sobre uma tal de Joana Albuquerque que numa visita à ilha da Madeira, terá dito que "...adoro países estrangeiros onde se fala português". E ainda há pouco tempo o caso do traseiro da fadista Cuca Roseta com a análise do também fadista Nuno da Câmara Pereira?

Enfim, os exemplos são mais que muitos e poderia aqui apontar uma catrefada deles.

Com todo o risco inerente, não surpreende, pois, que de um modo geral as pessoas prefiram partilhar ou falar sobre egocentricidades, mais que expressar pensamentos e opiniões, seja sobre que assunto for, nomeadamente naqueles com riscos acrescidos, envolvendo política, partidarismo, futebol, clubismo e religião.

É, pois, uma boa posição o andarmos por aí como gente inocente, em silêncio, muda e calada, quando muito só para atirar pedras a quem opina a quem pensa de modo diferente.

Já agora o que penso eu sobre a polémica do Pedro Abrunhosa e da São José Lapa e sobre a queixa do Chega ao comportamento do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva? Ou mesmo sobre os artistas que vão actuar na festa do Avante?

Schiuuuuuu!

27 de julho de 2022

Big Brother e cuecas


Quem utiliza a internet e pesquisa assuntos ou produtos, já terá percebido que logo de seguida será bombardeado com publicidade a esses mesmos produtos. 

Por exemplo, se pesquisa cuecas, logo de seguida será atafulhado de propostas para cuecas de todos os tamanhos, cores e feitios, mesmo daquelas que têm buracos pela frente e por trás. Se pesquisa por locais de férias, de seguida será tentado com mil e uma propostas, desde um fim-de-semana em Escariz até um mês nas exclusivas ilhas gregas, Antilhas ou Caraíbas, como se tivesse uma carteira com o tamanho da do Cristiano Ronaldo.

Ora isso decorre dos algoritmos usados pelas operadores como a Google, Facebook, etc. Em rigor, como num Big Brother global, andamos constantemente a ser vigiados, onde vivemos, onde estamos, o que fazemos e os nossos gostos. E não há volta a dar pois não me parece que estejamos, sobretudos os mais novos, dispostos a fazer dietas rigorosas de uso de redes sociais e internet em geral, e capazes de deixar os telélés desligados na gaveta.

Esta situação para além de tudo o mais, tem outros efeitos perniciosos e até mesmo paradoxais. Por exemplo: Há dias doei um donativo para a Unicef como um simples contributo e dar um pouco mais de esperança de vida e cuidados médicos básicos às crianças do Corno de África (nomeadamente Somália, Etiópia). Não foi a primeira vez e não será a última, pela justeza da causa e pela idoneidade da entidade, mas sempre de acordo com a minha possibilidade e calendário. 

Pois bem, apesar de dar esses contributos, só porque o fiz e mostrei interesse e sensibilidade para com esse assunto, desde então que tenho sido bombardeado por anúncios ligados à Unicef e a essa causa, o que compreensivelmente me deixa incomodado. 

É como darmos uma esmola a um arrumador à porta de uma média superfície aqui nas redondezas, que dali não descola, apesar de já lhe ter oferecido trabalho para pedreiro ou trolha, que obviamente não lhe interessa porque significa trabalhar, e assim termos que apanhar com ele todas as vezes que lá vamos para o ajudar a angariar 100 euros por dia. E nas suas argumentações para a pedinchice, o homem já teve uma série de nacionalidades, desde marroquino a ucarniano. Depende da história que quer contar. Umas vezes porque tem uma doença, outras porque tem filhos na Ucrânia que quer resgatar, outras que tem a pobrezinha da mãe em Marrocos, a depender da sua ajuda.

Não compreendo, de todo, como é possível que alguém estrangeiro por cá continue indefenidamente, sem trabalho, a viver destes expedientes, e aparentemente sem qualquer controlo das autoridades.

Mas voltando ao assunto principal, tenham, pois, cuidado com aquilo que procuram porque, acreditem, estão a ser vigiados, já não por um qualquer bufo da PIDE mas por quem tem bem mais poder de seguir cada passo das nossas vidas, dos nossos gostos, preferências e mesmo pensamentos.

Nem fod... nem sair de cima


Um pouco a propósito do assunto das ORU, Operações de Reabilitação Urbana, de que se tem falado no nosso município, pela minha experiência e profissão chego a uma conclusão: Ao longo dos anos foram muitos os projectos submetidos a diferentes câmaras municipais, incluindo a Feira, para reconstrução e requalificação de construções antigas, na maior parte dos casos mantendo as características originais de fachadas, mas que, por inconformidades regulamentares, por vezes cegas, porque tratando edifícios antigos ou mesmo seculares, como construções novas e de raíz, outras vezes por "pintelhos" e questões de semântica, acabaram por ser reprovados. Com isso, na larga maioria dos casos, os proprietários desistem e os edifícios permanecem na mesma, ou mesmo pior, porque a degradarem-se de dia para dia e com isso até à ruína total.

Ou seja, por parte de quem controla e licencia, as Câmaras, muito raramente se conseguem equlíbrios entre o cumprimento dos regulamentos e a realidade muito específica de existências antigas, com todos os seus defeitos ou virtudes.

Assim, as leis e os regulamentos, por mais que lhes mexam, continuam a não ser capazes de dar respostas sérias e sobretudo ajustáveis e flexíveis à realidade do edificado antigo e que promovam e incentivem a sua recuperação, sem engulhos ou pintelhos, e não se baseiem, apenas, ou quase sempre, em matar o bébé à nascença, por inconformidades anacrónicas. Por mais que  retoquem a coisa, parece-me, assim não vai lá. E repare-se que o RJUE - Regulamento Jurídio da Urbanização e Edificação, emanado do Decreto Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, já vai na sua 21ª versão. Por aqui percebe-se muito dos caminhos que levam a preferir ou a promover a existência de casas em ruínas do que casas requalificadas.

Por outro lado, face a estas dificuldades legais, algumas vão sendo restauradas sem qualquer controlo, clandestinamente. E, porventura, porque ficam novas, habitáveis, recuperadas e tantas vezes com qualidade funcional, e dotadas de todas as infra-estruturas básicas, digo eu, do mal o menos,

É o que temos!

25 de julho de 2022

Quando o menos é mais





Quase sempre avaliamos a importância das nossas festas e romarias populares  pela sua dimensão, pelo seu aparato e importância dos cabeças do cartaz musical ou de entretenimento e, deste, pelo orçamento. 

Temos, assim, grandes festas, não só as de projecção nacional, como a Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, S. Mateus em Viseu, Feiras Novas de Ponte de Lima, S. João no Porto, Santo António em Lisboa, Festa das Cruzes, em Barcelos, dos Tabuleiros, em Tomar, o Senhor de Matosinhos, etc, etc.

Mesmo por perto, temos grandes festas de tradição como as Colheitas pelo S. Miguel em Arouca, Senhora da Saúde em Vale de Cambra e e em Pedroso, Vila Nova de Gaia, Santa Eufêmia, em Paraíso, Castelo de Paiva e S. Domingos, na Raiva,  ainda em Castelo de Paiva.

Também no nosso concelho temos grandes festas como a das Fogaceiras a S. Sebastião e, bem mais perto, a da Senhora da Piedade, em Canedo, mas, naturalmente, outras mais.

Apesar disso, quase todas têm como sua génese a religiosidade e devoção inerentes às figuras dos santos ou de Santa Maria nas suas diferentes invocações.

Certo é que, parece-me, quanto maior a dimensão, projecção e espalhatafosidade dos cartazes musicais e de entretenimento, menor a alma e o respeito pela verdadeira essência. Se quisermos, como se fosse uma partida de futebol, a parte profana e popular dá sempre uma cabazada à parte religiosa, da fé, da espiritualidade. É uma luta desproporcional. E de pouco serve que a procissão solene tenha dez, vinte ou trinta andores enfeitados a peso de ouro, com flores exôticas importadas, e que atrás dela marchem a toque de caixa duas bandas filarmónicas e na frente o pandemónio dos bombos e toques militares pelos clarins na fanfarra.

Neste contexto, pelo menos para mim, e estou certo que para muitos mais, nem sempre a grandes festas corresponde uma grande alma. A devoção e fé de muitos até podem estar e andar por ali, mas são engolidas pela voracidade da parte profana, do entretenimento, da música, da diversão, do barulho, do ruído. Os divertimentos, as tendas, os negócios, as barracas de comes-e-bebes, etc. E não surpreende, por isso, que a larga maioria dos visitantes de uma festa popular nem sequer se abeirem da porta da igreja, da capela ou da ermida, quanto mais nelas entrarem e deixarem uma esmola. Entre uma saudação ou oração à Senhora da Piedade ou arranjar lugar na primeira fila para ver a Rosita, a que apanha no pacote, para muitos não parece haver dúvidas quanto à opção.

Estes sentimentos que experienciamos ou vivemos, a de uma festa rija, imponente, barulhenta, com um cartaz de arromba, ou uma festa simples, humilde, em que nela participam pouco mais que os moradores do lugar ou da freguesia, são de facto diferentes, porque em cenários e contextos desiguais, mas não tenho qualquer dúvida de que a essência da devoção, dedicação, sentimentos de identidade e pertença, são bem mais sentidos e sensíveis numa pequena festa, muitas vezes sem orçamento para uma banda filarmónica, quanto mais para um Canário ou uma Rosita. Nada disso! Por ali vale o amor, a fé, a simplicidade, a partilha e convívio fraternais. 

Foi o que, de algum modo, senti ontem, na festa de S. Tiago, em Vila Nova Romariz, mesmo com a procissão a percorrer uma estrada em reles condições que a poderiam colocar na condição de caminho de cabras, ou mesmo que o espaço envolvente ao pequeno mas maneirinho arraial ainda estivesse em gravilha e sem pavimentação. Mas senti que toda aquela gente vivia a sua festa com alma, com sentimento. E quem viesse como forasteiro, como eu, ficaria contagiado por aquela honestidade. A mesma percepção sentida, uns momentos antes, ainda noutra festa dedicada ao mesmo santo apóstolo, em Chave, Arouca, em que num palco pequenino, a Banda de Santa Cruz de Alvarenga entretinha a assistência até que chegassa a hora da missa e depois a procissão. 

Numa trilogia festeira, ainda passei por S. Tiago de Lobão mas os santos nos muitos andores já estavam no sossego e fresquinho da ampla igreja matriz. Apesar de grande a freguesia, o seu padroeiro teve uma festa simples quanto baste e por isso certamente com devoção e alma. De resto, que S. Tiago, o de Lobão, que até é o mesmo de Chave e de Romariz, não fique triste, porque também em Guisande o Mamede, seu padroeiro, tem uma festa bem bonita e sentida apenas na forma de uma missa, sem grande solenidade e num dia em que a maioria dos paroquianos está a banhos. Pouco importa a imponência das festas e se no arraial vêm actuar o Quim Barreiros ou o Tony Carreira. Importa a alma!

Por conseguinte, esta nossa mania de vermos nas festas populares das freguesias apenas uma espécie de Rock in Rio, Marés Vivas ou outros que tais festivais musicais, não ajuda em nada. 

Mas neste jogo, já são poucos os que dão importância à coisa, e seja nas grandes festas, como nas médias ou pequenas, a religiosidade, a fé e devoção, já são apenas pretextos e tudo o resto gira em torno do divertimento, da farra e do aparato. 

Assim, nesta larga medida, as festas, como a de Canedo, sem desmerecimento e apenas e só como exemplo, enchem-nos as medidas das calças do profano, porque há ali de tudo, num orgasmo de movimento e barulho, com pistas, carrocéis, e musicalmente desde bandas filarmónicas a rositas e canários até a artistas emergentes laureados pelos concursos televisivos decididos a chamadas telefónicas. E pimbas, pois claro! Que seria de uma festa sem a ligeireza da brejeirice dos pimbas. Até mesmo, na nossa festa, os The Fucking Bastards, com um nome pouco católico, vêm compor o ramalhete no entretenimento, no  fun! A malta, sobretudo a mais nova, quer é fun! Os outros, os mais velhos, os que por regra  pagam a festa, esses já pouco se importam. Já viveram demasiado e não estão para gastar energias a  reclamarem um rancho minhoto ou uma Banda dos Mineiros do Pejão! Siga!

Haja festa e que S. Tiago e toda a malta santificada nos perdoe!

23 de julho de 2022

Doar sangue


Tinha programado um trilho de 20 Km algures em S. Pedro do Sul, mas, que raio, marcaram o dia de colheita de sangue para a mesma data (23 de Julho de 2022).

Por isso, sem hesitações, fui dar sangue. E fui o primeiro, não por competição mas apenas como velho hábito desde que pelo início dos anos 90 começaram as colheitas em Guisande. 

Pelas minhas contas, nestes 30 anos já serão quase meia centena de dádivas válidas, embora o sistema, à portuguesa, diga que terei apenas 30 e picos. 

Seja como for, a menina do secretariado, como agora é moda dizer-se, informou-me que com a dádiva de hoje já tenho a isenção de forma definitiva. Não sei que diga, para além de ser mais uma constatação de que a velhice avança a passos certos e firmes como um touro enraivecido a correr com os cornos apontados aos collants dos forcados.

As coisas são como são e importa esperar pelo touro, de barriga para a frente, pelo menos com a esperança do animal vir com as pontas serradas e os olhos turvos. Sim, ninguém, nem mesmo os forcados, gosta de enfrentar o touro da vida no seu estado puro.

Posto isto, digo que fiquei espantado que a maioria dos presentes até à hora em que saí, era de mulheres. Bem sei que há machos que têm fobia e horror às agulhas, outros que andam nas corridas e nos sports, outros ainda na cama, alguns que até preferem doar na sede da Associação, mas esperava que em Guisande a coisa fosse mais equilibrada.

22 de julho de 2022

Gente jovem, bonita e feliz


Não sei se já repararam, mas eu que até fujo da publicidade televisiva como fugia o José Pratas dos jogadores do F.C. do Porto, já reparei: Os spots publicitários, nas diferentes situações já nos mostram casais homossexuais, inter-raciais e outras modernas combinações que até há pouco eram desconsideradas.

Está na moda e como na cantiga dos adeptos do futebol "...e quem não salta não é da malta", temos todos que saltar e estar contentes e maravilhados por esta onda de inclusão sem preconceitos de género, orientação sexual, de raça, credo, etc. Por mim, não me aquece nem arrefece. Limito-me a respeitar, porque no fundo tudo se deve resumir a isso. 

O mercado publicitário nunca se compadeceu com valores para além dos puramente comerciais, do marketing, do vender o produto, mesmo que gato por lebre. Por conseguinte, sempre foi eficiente a ajustar-se às modas e às tendências e como tal não surpreende a nova onda.

Apesar disso, não sei se também já repararam, e porque quase nunca é tema criticado e não está na ordem do dia, quase todos os anúncios metem gente jovem bonita e sorridente e raramente idosos, a não ser nos intervalos e espaços que antecedem programas como o "O Preço Certo", em que se se vendem carrinhos Egiros, plataformas elevatórias, aparelhos auditivos, cola para dentaduras, pensos para incontinentes, calcitrins, etc, etc. Muito raramente ou quase nunca vemos velhinhos em anúncios de pastas de dentes, de iogurtes, de telemóveis, shampôos, automóveis, etc, etc. 

Bem sei que a coisa designa-se por "target", por "público alvo". Ou seja, nós, consumidores, somos meros alvos a quem a publicidade tenta acertar na mouche. Mas, que raio, os idosos também comem iogurtes, bebem refrigerantes, usam telemóveis, usam perfumes, etc, etc. 

Em resumo: A coisa já mete casais homossexuais mas os velhinhos esses continuam discriminados. Importa, aos anunciantes e agências de publicidade meter gente jovem, bonita e feliz. Esse é o padrão. Gente velha, com rugas, gordos, sem cabelo, não vão lá. Nem mesmo face à realidade de que temos um país de gente envelhecida. Ele há coisas!

Assim, importa não perder o foco e tratar a publicidade com o valor que tem: Pouco ou nenhum e apenas como instrumentos de venda e promoção em que se tenta influenciar a decisão de compra. Os seus valores são muitas vezes baixos e questionáveis. Mas quem liga aos valores? Mandam as modas!


[foto: marcas.meioemensagem.com.br]

20 de julho de 2022

Apelo ao bufismo


Vi e li pelas redes sociais, os dados informativos de como comunicar à GNR situações de terrenos por limpar. Há até um formulário que pode ser preenchido no endereço facultado pela GNR.

Também por email: sepna@gnr.pt ou por telefone: 808200520. Pode ainda, naturalmente, ser feito o reporte via presencial em qualquer posto.

Apesar de tudo, convenhamos, é um apelo um pouco estranho, pois, sobretudo à face dos arruamentos públicos, as situações que podem ser consideradas como desrespeitadoras, são por mais evidentes e qualquer agente da guarda, dando uma voltinha pelas freguesias, pode tomar notas. Diz o povo que "pior cego é aquele que não quer ver". Só em Guisande são dezenas de situações flagrantes. Por conseguinte, pedir ou incentivar às pessoas que façam o trabalho das autoridades é questionável. 

Bem sei que está em causa um acto de cidadania quanto a um assunto que interessa a todos, mas há coisas que não se devem misturar, nomeadamente as competências que cabem às autoridades, como é a da fiscalização. Incentivar as pessoas a fazerem queixa de outras e de vizinhos, não é muito cultural  pois ninguém gosta de ser apelidado de bufo.

Sabemos todos que há má vizinhança sempre disposta a fazer queixas e queixinhas, por tudo e por nada, mas no geral ainda vamos vivendo na filosofia de que não devemos querer o mal do vizinho. Assim, não sei se este apelo à denúncia trará grandes resultados.

Ademais, convém ter em conta que vi propriedades a serem limpas em Fevereiro ou Março e que já estão com aspecto de falta de limpeza. Mesmo as nossas valetas já têm ervas de metro, ultrapassando os ridículos 20 cm legislados. Podemos, pois, estar a reportar injustamente. Isto de ser fiscal pro bono, tem que se lhe diga.

Por outro lado, perante as notícias diárias dos incêndios, muitos e devastadores, ameaçando constantemente aldeias, levando já à morte de pessoas e gente do combate, importará perguntar: Mas então, as obrigações de limpezas e os respectivos custos para os proprietários, que frutos estão a dar na diminuição dos incêndios e dos perigos para as aldeias, pessoas, animais e bens? Pelo que se vai vendo, a resposta vai no sentido de pouco ou nada. 

Retomando o assunto, importará, sim, que se salvaguardem as limpezas junto às habitações e aldeias, impedindo manchas densas de arvoredo sobre as estradas e habitações, mas que, igualmente, se tenha em conta as dificuldades das pessoas e dos proprietários, tantas vezes sem capacidade económica de limpar ou mandar limpar terrenos que não lhes garantem qualquer rendimento. Também ter em conta as características das nossas florestas em que se limpando em Fevereiro ou Março nos meses de Verão já têm uma camada densa de fetos, mato e ervas. Ora quando seria mais útil limpar, é precisamente quando as pessoas estão proibidas de o fazer.

Por conseguinte, antes do apelo aos "bufos", importará aplicar políticas ajustadas, sensatas, equilibradas e apoiadas. Sem isso, com mais ou menos queixas, com mais ou menos multas, as coisas vão continuar mais ou menos iguais: Milhares de hectares a arder, aldeias em perigo, casas queimadas animais e gente a morrer. Os telejornais a abrir e a fechar com incêndios, os políticos sempre com boas desculpas e desculpados e milhares e milhões gastos em pessoal, aviões e helicópteros a largar água, em vez de na prevenção e incentivo às limpezas. Os criminosos esses continuam a ser detidos e soltos em vez de serem controlados com pulseiras electrónicas ou mandados de férias para o Polo Norte.

[foto: RTP]

15 de julho de 2022

Incêndios. Mais do mesmo!


Nesta altura do ano, Verão, os incêndios tornam-se o "pão-nosso-de-cada-dia". É mais do mesmo! Abrem e fecham telejornais, fazendo esquecer a Covid, a Guerra na Ucrânia, os caos nos aeroportos e SNS.

Como alguém disse, nunca houve tantos meios, tanto dinheiro, tanta coordenação, tantos bombeiros com formação, tanto especialista em teatro de operações, até o presidente da república, nem tantos meios terrestres e aéreos. Nunca houve tantas proibições nem tantas obrigações e, contudo, os incêndios são cada vez mais, e ano após ano temos esta persistente realidade de que as coisas não mudam ou se sim, para pior.

E de quem é a culpa? O Governo diz que são as pessoas, como se fôssemos todos irresponsáveis, bandidos e criminosos. As pessoas dizem que são os criminosos e os lobies da indústria dos incendios (bué de lucrativa). As pessoas também dizem que é do Governo, das Juntas, das Câmaras e das autoridades, que multam uns e não multam outros. Obrigam uns a limpar a erva e permitem a outros as manchas compactas de arvoredo a cobrir as estradas (Em Guisande é um fartote). Enfim, um rol de culpas, responsabilidade e incompetências. Todos com e sem razão.

Mesmo que os javalis não fumem nem os texugos usem roçadoras nem os coelhos façam churrascadas, a verdade é que os grandes incêndios, aqueles que têm impacto, deflagram invariavelmente a altas horas da noite e mesmo de madrugada, em que são detectados mais tarde e os alertas transmitidos quando a dimensão é já grande. Mas aqui o Governo desvaloriza e continua a apontar baterias para a irresponsabilidade dos cidadãos.

Por sua vez, os criminosos, tantas vezes apanhados em flagrante, são ouvidos em Tribunal e postos cá fora para dar continuidade à actividade, quando deviam ser obrigados a irem de férias para a Gronelândia nos meses de Verão.

E não! A culpa não será também das alterações climáticas, porque se é certo que os verões são cada vez mais secos, certo é que já nos antigamentes os meses de Verão eram muitos quentes e também havia vagas de calor. Mas havia uma coisa que agora não há: Limpeza sistemática das florestas e áreas agrícolas e seu total aproveitamento económico, mesmo que ao nível familiar. Tudo no mato era aproveitado, desde o tojo aos gravetos, ramos, caruma dos pinheiros e folhas. Era uma maravilha caminhar pelos matos. Pareciam campos. Um incêndio por esses tempos eram mesmo uma coisa rara e havia mais gente a trabalhar nos campos e matos, o que agora se proibe. Credo, em cruz! Passear nos matos? Nem pensar!

Hoje em dia é o que se vê: Os modos de vida alteraram-se, dizem que para muito melhor, e por isso já ninguém precisa de andar ao mato ou às pinhas. Assim, a floresta cresce de forma selvagem, acumulando-se matéria combustível ano após ano, até que venha novamente o fogo para limpar e o ciclo recomeça. 2+2=4.

O Governo prefere pagar todos anos balúrdios de milhões à indústria dos incêndios, em vez de promover e subsidiar as limpezas e acções de vigilância e prevenção. O Governo proibe e obriga, muitas vezes de forma contraditória, retirando capacidade de ganho económico a quem tem propriedades florestais, pequenas ou grandes, levando ao seu desinteresse e abandono. 

O Governo não se impõe no ordenamento da floresta e não tem política florestal. Vai-se falando disso sempre que a coisa dá em tragédia. O Governo não limita nem reduz a mancha de eucaliptos nem promove a obrigatoriedade de plantar árvores autóctenes de modo a contrabalançar gradualmente a diversidade dos povoamentos florestais. O Governo não promove a abertura e alargamento de caminhos, estradões e aceiros. Enfim, um Governo ou Governos que, mandato após mandato, se mostram ineficazes apesar de muita conversa para adormecer burros.

Por conseguinte e em resumo, as coisas são como são e cada vez vão ser mais do mesmo até que o país seja uma macha cinzenta. Afinal, o que não tem remédio, remediado está!

12 de julho de 2022

O gangue das churrascadas e roçadoras


1) Proibição do acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais previamente definidos nos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios, bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem;

Esta é a primeira de um conjunto de 5 medidas preventivas definidas pelos serviços de Protecção Civil no âmbito da Declaração da Situação de Alerta devido às altas temparaturas e ao risco de incêndios.

Parece-me, a mim, ao contrário das demais medidas (que abaixo transcrevo), despropositada, abusiva e atentatória de liberdades, direitos e garantias.

Desde logo porque assenta em pressupostos naturalmente errados de que todos somos uma cambada de irresponsáveis e criminosos a ponto de não podermos circular livremente nas nossas florestas e caminhos públicos. 

Pegando nos mesmos pressupostos de quem determinou essa desproporcionada e mesmo abusiva medida, porque não proibir os condutores de utilizarem estradas e auto-estradas sob o argumento de poderem causar acidentes ou serem vítimas deles? Em rigor qual a diferença? É que acidentes nas estradas são diários e com consequências de ferimentos, mortes e prejuizos materiais.

Por outro lado: Há dias foi detido o presumível autor do maior incêndio florestal deste ano, e isto porque houve testemunhas. Ora proibindo as pessoas de acederem aos espaços florestais, mesmo e apenas para simples caminhadas, os criminosos podem agir à vontade sem risco de serem testemunhados.

Ou seja, quando seria de aumentar a vigilância das florestas e com ela a dissuasão dos criminosos, constata-se e promove-se o contrário.

Recordo-me, de aqui há alguns anos, um colega estar a fazer BTT numa floresta da zona e detectou o início de um incêndio. Conseguiu combater o seu alastramento bem como deu o imediato alerta às autoridades e bombeiros. Não fora isso, e proibido que fosse de andar por ali, o incêndio tinha alastrado e atingido naturalmente outras proporções.

Mas as nossas autoridades pensam de maneira diferente e por isso não surpreende que de ano para ano, apesar de medidas e mais medidas, proibições e mais proibições, obrigações e mais obrigações, de limpezas e outras que tais, os incêndios sejam sempre um fartote. Os criminosos, autores comprovados dos maiores incêndios florestais, esses são relevados. Os cidadãos, esses são os criminosos que só pensam em churrascadas e roçar mato, como autênticos gangues de malfeitores e, por isso,  há que lhes pôr a rédea curta. O Estado não confia, de todo, nos seus cidadãos. Devemos nós confiar no Estado?

É o que temos.



Restantes medidas:

2) Proibição da realização de queimadas e queimas de sobrantes de exploração;

3) Proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais com recurso a qualquer tipo de maquinaria, com exceção dos associados a situações de combate a incêndios rurais;  

4) Proibição de realização de trabalhos nos demais espaços rurais com recurso a motorroçadoras de lâminas ou discos metálicos, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal.

5) Proibição total da utilização de fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos, independentemente da sua forma de combustão, bem como a suspensão das autorizações que tenham sido emitidas;

A proibição não abrange:

1) Os trabalhos associados à alimentação e abeberamento de animais, ao tratamento fitossanitário ou de fertilização, regas, podas, colheita e transporte de culturas agrícolas, desde que as mesmas sejam de carácter essencial e inadiável e se desenvolvam em zonas de regadio ou desprovidas de florestas, matas ou materiais inflamáveis, e das quais não decorra perigo de ignição;

2) A extração de cortiça por métodos manuais e a extração (cresta) de mel, desde que realizada sem recurso a métodos de fumigação obtidos por material incandescente ou gerador de temperatura;

3) Os trabalhos de construção civil, desde que inadiáveis e que sejam adotadas as adequadas medidas de mitigação de risco de incêndio rural.

10 de julho de 2022

Desprezo



Bem sabemos que, por novos modos e estilos de vida, algumas coisas perderam a sua importância quanto à sua finalidade. Todavia, e tome-se como exemplo este antigo lavadouro com fonte, mesmo já sem utilização, frequente ou mesmo residual, parece-me que continua a ser um elemento do património colectivo e rural de uma terra. Afina de contas, parte intrínseca da sua cultura e identidade. 

Ora quando tal é desprezado ao ponto de nem merecer, sequer,  uma limpeza envolvente, então algo está mal e quem tem essa responsabilidade e quem representa essa terra e comunidade, não tem muito como justificação. 

O problema, apesar de tudo, é que a maioria dos cidadãos que elegem esses tais representantes, e que lhes conferem a legitimidade, padece, ela própria, de falta de sentido de comunidade e de orgulho e amor à terra. 

A coisa está a ser erodida há muito e já pouco mais há a fazer. 

Os mais velhos, aqueles que ainda sentem nos pés e na alma o apego das suas raízes, e conhecem os lavadouros e as fontes, e as memórias a elas associadas, são cada vez menos e as suas vozes e estados de alma  já pouco são considerados porque, por questões naturalmente compreensíveis, não são dados a fazerem-se ouvir pelas redes sociais. São raros os casos e mesmo esses, pregando no deserto, acabam por desistir .

É pena, mas, como diz o meu amigo Pinto, numa sentença como pé para toda a chinela, "...as coisas são como são!!

16 de junho de 2022

Tá-se bem!

Numa certa freguesia, nas redondezas, parece que tem havido algum alvoroço sobre certas obras e delas um certo estado de coisas.

Feitas as contas, o "problema" dessa freguesia é comum a muitas outras: Há sempre quem se "revolte" com determinados estados de coisas, e contra eles ou por eles dê a cara e expresse publicamente o salutar pensamento, a opinião, o contraditório. Tenho admiração por essa gente por os considerar, de algum modo, meus pares. Mas pregamos no deserto.

Todavia, no geral, a maioria está-se a marimbar, para não dizer "cagar", para essas mesmas "coisas". 

No fim das contas, por mais certa que esteja a "prova dos nove", quem mais dá a cara e expressa publicamente a opinião, que fica registada (e há caçadores de registos a gastar tinteiros e a encher discos), é quem mais tem a perder e adquire o estatuto de "ovelhas ranhosas", os "sempre os mesmos". E queira-se ou não, isto faz mossa e desmobiliza. Às tantas, por tão domesticados, somos apenas mais "uma Maria que vai com as outras".

Mesmo que sem generalizar, porque há sempre bons e contrários exemplos, e enquanto os houver há ainda alguma esperança, as nossas queridas terras já são constituídas essencialmente por gente que segue as suas vidinhas, legitimamente, sem se ralar com questões comunitárias ou de cidadania. Nesse sentido, gente amorfa que entre muda e sai calada, que não aquece nem arrefece. Zeros à esquerda. 

Ora contra isto, contra esta dita "maioria silenciosa e caixeirinha", pouco há a fazer. No fundo é ela que, com maiorias absolutas ou resultados rés-vés Campo de Ourique", timbra e legitima quem decide por nós. Assim, perante esta legitimidade sistémica, dita democrática, pouco há a fazer para colorir o quadro. É comer e calar!

Num sentido mais nacional, que importa a confusão, degradação e caos do SNS e seus serviços de urgências? Daqui a 10, 20 ou 50 anos ainda vamos andar a justificar que o problema é estrutural, como se este seja um "bicho-papão" para o qual não há remédio quando, sempre disse o povo, que o que não tem remédio, remediado está. 

Enquanto isso, tomem lá uma maioria absoluta, governem ou desgovernem, que já pouco nos importa. Estamos no rebanho! Tá-se bem!

15 de junho de 2022

José Baptista e Délia Lopes - Bodas de Ouro

 

No Grupo Coral aquando do meu casamento

Num momento de convívio num aniversário da LIAM

Ouvi dizer que o José Baptista e a Maria Délia Lopes estão por estes dias a celebrar 50 anos de matrimónio (Bodas de Ouro).

Sendo assim há que endereçar os parabéns a ambos e ficar à espera dos 75. Não é para todos mas há que ter esperança.

O Zé Baptista sendo de Lobão, é de Guisande há pelo menos este meio século e como tal é dos nossos. Não podemos negar que é uma figura carismática da nossa freguesia e que a ela tem dado um positivo contributo nomeadamente nas suas participações na Assembleia de Freguesia, dirigente do Guisande F.C. e sobretudo no âmbito da paróquia onde por várias fases e durante muitos anos foi um elemento destacado do Grupo Coral, com a sua voz bem timbrada e característica. Mesmo quando fora do grupo, mas apenas na assembleia das celebrações, a sua voz ouve-se e distingue-se.

É certo que o peso dos anos amacia as pessoas e como tal também ele está mais caseiro, menos participativo nas coisas comunitárias, mas sempre com uma grande energia que dedica no amanho e cultivo da terra, que faz com paixão.

Estão já para trás os seus tempo de mais juventude, em que o nome José Pereira Baptista era sinónimo de Picheleiro e Electricista, como assim publicitava o jornal "O Mês de Guisande" pela década de 1980. 

Adepto ferrenho e apaixonado do F.C. Porto e politicamente Social Democrata convicto, tem sido uma pessoa de convicções mesmo que por vezes com um temperamento exacerbado, mas que mais que um defeito é uma característica positiva da sua forte personalidade. De resto, a freguesia precisa de pessoas feitas com esse molde. Gente que nem aquece nem arrefece, que entre muda e sai calada, é o que não falta por cá. Fazem falta mais Batistas.

Pessoalmente tenho por ele uma grande estima e consideração pessoal e creio que ele o reconhece. Nos momentos em que tivemos oportunidade de conviver, nomeadamente no Grupo Coral, Grupo da LIAM, etc, foi sempre uma pessoa positiva e bem disposta. Por vezes vira-se do avesso, é certo, mas, caramba, até os melhores têm os seus arrebates.

Quanto à  Maria Délia, como a conhecemos, é bem mais sossegada e discreta, mas igualmente dedicada às suas coisas e fazendo parte também das nossas, da paróquia, nomeadamente como catequista, na LIAM, etc. 

De um modo ou outro, este casal procurou viver de acordo com os bons valores do matrimónio como a compreensão, tolerância, estima e dedicação. Não tiveram a felicidade de ter filhos mas têm-se um ao outro e sobretudo à grande família de ambos e também os amigos Só com essas qualidades alguém, nos dias de hoje, pode ter o privilégio de celebrar bodas de ouro matrimoniais.

Parabéns a ambos e felicidades para o que falta vir!

1 de junho de 2022

Janela de oportunidade

Por vezes pensamos que os livros são coisas sérias, diferentes dos média, jornais, revistas, rádios e televisões, nas abordagens aos acontecimentos do escorrer dos dias. 

Um jornal compra-se e no dia seguinte está desactualizado e acabará no papelão, modernamente, porque noutros tempos teria um outro aproveitamento, a forrar gavetas e prateleiras ou mesmo a substituir o então desconhecido papel-higiénico na limpeza do "sim senhor". Na televisão vamos fazendo zaping para evitar ou encontrar o Nuno Rogeiro ou outros especialistas do achismo e das táticas e estratégias de guerra.

Mas não! Eventualmente em menor escala, é certo, mas os livros, e sobretudo as editoras e os autores, têm igual tendência ou tentação de ir ao sabor do vento da actualidade. Não, espanta, pois, que nas prateleiras das livrarias, nos escaparates das grandes superfícies ou nas lojas online, o tema da guerra, da invasão da Rússia à Ucrânia e os seus protagonistas, estejam na ordem do dia. De Zelensky a Putin, tudo está ali. Até o "caralho" do José Milhazes, conhecedor da coisa, também escreveu um livro "A mais breve história da Rússia - Dos eslavos a Putin", que dizem estar a vender como pãezinhos quentes com manteiga.

Por conseguinte, quem tem a capacidade de escrever um livro em dois ou três dias pode aproveitar e bem esta "janela de oportunidade" relacionada ao tema. Os livros são assim, iguais a tudo o resto porque, afinal, são feitos por pessoas e em regra com o propósito primeiro de ganhar dinheiro. Ainda como na televisão, o que é feito de forma séria, calma e cultural, isso pouco rende porque não capta audiencias.

Estas coisas só resultam no imediatismo. Quem escrever amanhã sobre a guerra, já vem tarde!

29 de maio de 2022

Nada de confusões

A questão, desejo e vontade de uma freguesia aspirar a ser novamente dona dos seus destinos, não devem ser confundidos com a forma de governar da actual Junta da União. 

Parece-me, avaliando estes primeiros meses, que David Neves está a governar bem e a ter uma postura que se espera de qualquer presidente de uma União, a de respeitar todas as freguesias, estando presente ao lado das pessoas e dos grupos, de forma activa e interessada. E isso o David Neves, o meu presidente, tem feito bem e nota-se que com alma, correspondendo à vitória de mudança nas últimas eleições.

Mas, repito, uma coisa não valida nem menoriza a outra. Portanto nada de confusões: O desejo e vontade de Guisande, bem como de Gião e Louredo em voltarem a ser independentes no uso previsto pela Lei 39/2021, não é pessoal, muito menos partidária, mas apenas contra um modelo que em dois mandatos mostrou nada acrescentar de positivo à anterior realidade, e, pelo contrário, penalizador em muitos aspectos, sobretudo os de perda de proximidade e representatividade. Neste actual modelo, cada freguesia tem menos representantes directos e por isso menos gente conhecedora das especificidades de cada freguesia.

O comodismo e aceitação por parte de Lobão é compreensível já quem em rigor nada perdeu porque se mantém como cabeça e numa situação de predominância que, entre outros aspectos, tem e irá determinar que o presidente seja sempre da sua área geográfica. Não tem que ser assim, obviamente, mas será por motivos políticos e de estratégia dos partidos. É do B,A, BA da política.

Em resumo, louve-se o empenho e dedicação do David Neves, que têm sido relevantes, até porque num contexto herdado de melhores condições financeiras e já com a casa organizada e arrumada, comparativamente aos anteriores dois mandatos, mas não se misture alhos com bugalhos. 

Como analogia, porque é que um emigrante há-de-regressar à sua terra quando na maior parte dos casos vive com condições bem melhores nos países onde trabalha? Porque é que Guisande, Gião e Louredo hão-de contentar-se com a situação só porque neste momento a União tem uma presidência positiva?

A aprovação na sessão extraordinária da Assembleia da União de Freguesias, na sexta-feira passada, não foi a derrota de ninguém, muito menos do presidente da Junta, antes uma vitória normal e natural das freguesias que solicitaram a desagregação. 

Num tempo em que os divórcios se fazem por questões de "lana caprina", porque é que, sendo possível e legítimo, não hão-de as freguesias submetidas a uma reforma administrativa sem pés-nem-cabeça, aspirar à reversão ou desagregação? 

Por último, se se considera que esta situação decorre de uma Lei Relvas, desajustada e despropositada, que foi muito além do exigido pela Troika, porque é que agora se pode usar a mesma como argumento para a sua manutenção? Não devíamos, todos, aproveitar a janela de oportunidade da Lei 39/2021 para tentar a reversão? 

A quem interessa, pois, que a coisa se mantenha?

28 de maio de 2022

É bonito quando somos fiéis aos nossos princípios


...E é tão bonito quando somos fiéis aos nossos princípios, leais às nossas causas e sobretudo à terra e às pessoas que representamos e em nós confiam. Parabéns, Celestino, por nos fazeres acreditar que ainda há valores que valem!

Assim foi na sequência da sessão extraordinária da Assembleia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, realizada no polo da Junta em Guisande.

Inexplicavelmente as coisas estavam combinadas para fazer esbarrar. Numa posição legítima mas incompreensível, a lista do Partido Socialista tentou virar o bico ao prego contra a manifesta vontade das freguesias que pedia a desagregação (Gião, Louredo e Guisande). 

Lobão não requereu porque sente-se bem nesta União, como peixe na água, porque em rigor foi a única freguesia que não perdeu identidade, por razões óbvias, desde logo como cabeça da União, a manutenção da sua sede como principal e o presidente da sua área geográfica. É compreensível que se sinta bem. 

Celestino Sacramento, apesar das tentativas em fazer mudar a sua posição, bem como do seu estado de saúde na ocasião, manteve-se fiel aos seus princípios e causas e com toda a naturalidade votou a favor da desagregação, indo contra a sua bancada, que se absteve depois de perceber que já não inverteria a posição da maioria que se pronucniou a favor. Foi estranho, mas foi assim.

É de registar esta posição firme, convicta e fiel do Celestino. Nem poderia ser diferente!

23 de maio de 2022

Parolamente baloiçando

 



Convenhamos que a moda dos baloiços colocados em locais altos com vistas deslumbrantes, pela generalização, é em rigor uma parolice bem à portuguesa. Já são centenas por todo o país e a coisa continua a crescer e de uma interessante novidade inicial está a transformar-se numa praga porque todos querem instalar um.

Mesmo os passadiços e os miradouros são já mais que muitos, mesmo em locais que até podem ser percorridos e visitados de forma natural pelos simples trilhos e caminhos. Até pontes são feitas onde não há essa necessidade.

Mas somos assim, de modas e exagerados, sempre à procura de sítios falados, porque onde vai um vão todos. 

Os defensores da coisa dizem que são uma forma de chamar as pessoas e dar-lhes-lhes a conhecer os muitos e belos sítios das nossas paisagens. É um bom argumento e de facto assim é, mas em rigor o que é que um baloiço acrescenta na maior parte dos locais? Um miradouro todo xpto, em madeira, gradil de ferro ou vidro, balançado sobre o vazio o que acrescenta à vista já possível em qualquer outro local na imediação? Não é uma redundância artificial e desnecessária? E quanto ao impacto nos locais e natureza com o excesso de pessoas, carros, motas, motos-quatro, bicicletas, jeeps e outros artistas da adrenalina? 

De resto em vários desses pontos, como no conhecido Baloiço da Serra da Boneca, em Sebolido - Penafiel, já tem havido problemas de excesso de pessoas e viaturas, com risco de segurança e impacto negativo, porque boa educação e civismo são qualidades um pouco arredadas de muita boa gente. Mesmo com a mudança do local para minimizar o impacto, os atropelos têm sido muitos, contornando-se e desrespeitando-se as recomendações dos promotores.

Mas a coisa não vai ficar por aqui porque os responsáveis por essas instalações sabem que as pessoas agem por impulso e vão atrás das novidades como moscas atrás daquela coisa e daí a tentação de instalar mais e mais é forte.

Agora, porque a cena do baloiço em si já não é surpresa, porque se vulgarizou, a novidade da coisa passa por montar cavalos de baloiço e mesmo uma velha bicicleta pasteleira instalada sobre uma plataforma metálica giratória no alto dos montes e penhasco para se rodar e escolher o melhor ângulo para a selfie, para mostrar aos amigos que se esteve ali.

O que virá a seguir? Uma casa na árvore, uma torre Eiffel de vidro, um porco com asas, uma drone disfarçado de unicórnio? 

O equilíbrio e o bom senso são as palavras chaves. As modas podem ser interessantes mas quando transformadas em pregas deixam de o ser. Quem não for capaz de gostar e usufruir dos encantos da natureza, nos seus diferentes aspectos, e procurá-la mas de forma natural, não será por lhe acrescentarem um baloiço ou um miradouro que a coisa será diferente.

Confesso que, mesmo pouco ou nada entusiasta, também já terei tirado uma ou outra foto no baloiço, porque acaba por ser da praxe quando por eles se passa, mas perante tanto exagero, haja alguma paciência. Afinal, a natureza deve ser desfrutada de forma, imagine-se, natural. 

Naturalmente!

Já sinto saudade do baloiço que nos tempos de criança montáva-mos no sobreiro do monte do Viso. Duas cordas, um fueiro, um empurrão e toca a subir às alturas. Nesse altura não era novidade.

20 de maio de 2022

Acreditar

Na próxima sexta-feira, 27 de Maio, pelas 21:00 horas, no polo de Guisande da Junta da União de Freguesias, vai ter lugar uma Assembleia de Freguesia com carácter extraordinário com um único ponto na agenda, concretamente a "Apreciação e votação das propostas de desegregação das freguesias de Gião, Louredo e Guisande".

Registo com apreço que para além de Guisande, Gião e Louredo também pretendem a desagregação. Pelos vistos Lobão, como cabeça, sente-se bem nesta União e não manifestou o interesse na desagregação. É legítimo, mas diz muito. De resto, neste processo Lobão foi quem menos perdeu ou mais ganhou. Mantém-se como cabeça, com a sua sede e com o presidente da sua área territorial.  Todas as demais perderam obviamente.

Sou a favor da desagregação e espero que se reunam as condições para tal. Todavia, numa sessão pública em que o público não pode intervir nem manifestar-se, por isso ouvir e calar,  questiono da importância de ter muita ou pouca gente a assistir. Neste pressuposto provavelmente não estarei presente, mas confio em quem avançou com o processo porque não tenho dúvidas que será do interesse da maioria dos guisandenses. Neste aspecto, tanto o Dr. Rui Giro, pelo PSD, como Celestino Sacramento, pelo PS, têm-se empenhado no processo.

Como já tenho uma idade que me legitima a dizer que já vi porcos a andar de bicicleta, espero e desejo que não haja engulhos de última hora, nem volte-faces nem inversões de marcha, nem ditos por não ditos, e que a coisa tenha o desfecho normal e natural, ou seja a aprovação por unanimidade rumo à defesa de cada uma das freguesias.

Não sendo fácil, e eu próprio tenho dúvidas, é preciso acreditar.

6 de maio de 2022

Nos antigamentes

Nos antigamentes a criançada corria para a escola, corria para os campos, corria para os matos, mas corria  porque fazia parte do dia-a-dia de quem fazia pela vida a ajudar os pais e os manos mais novos. 

Corriam as crianças, e muito, nos recreios e em brincadeiras nos largos dos lugares, atrás de uma bola, de um cão, de um pau ou delas próprias. Jogos como o futebol, as escondidas, a cabra-cega, o caçador, o pica-pau, a macaca, etc, ajudavam a isso.

Mas vieram os tempos modernos e hoje ver uma criança correr, com sapatilhas da Nike e outras que tais, com roupinhas de marca, numas quaisquer provas, é obra e merece reportagem e fotos para o álbum de família e estampar nas redes sociais.

Nada a obstar, pois que o exercício físico é elementar ao corpo e à alma, mas a modernidade e a semântica das palavras tem destas coisas e todos os dias há anúncios de que a pólvora acabou de ser inventada. 

Uma criança a correr? Ufa! Olha que coisa mais fixe, mesmo incrível!

Deus no céu, Indáqua na terra

De acordo com o Correio da Feira, há dias, em reunião de Câmara, após consultar o relatório anual (2021) à concessão dos serviços de abastecimento de água e de saneamento no concelho de Santa Maria da Feira, elaborado por uma comissão de acompanhamento, o socialista Sérgio Cirino manifestou-se em desacordo, mostrando-se “perplexo” pela falta de inclusão da opinião dos consumidores no relatório. 

“Quem recebe os serviços são os consumidores. Apresentar um relatório à concessão que não inclui a opinião dos consumidores, parece-me manco”, considerou. “Estamos a falar do contrato mais complexo de execução que existe no Município e vejo um relatório que não tem nada de crítico. Não há análise crítica ao que está bem e mal, por isso este relatório deixa de cumprir com as suas funções. Deus no Céu e Indaqua na Terra, pois a Indaqua é o Deus do nosso Concelho. Se lesse uma publicidade ou brochura da Indaqua não era tão laudatória como este relatório, o que retira a sua utilidade. Deve ser solicitado um trabalho mais apurado”,

Ora eu não sei se é mesmo “Deus no Céu e Indaqua na Terra”, mas  face ao papel de concessionária e dela a exclusividade, é certo que à empresa parece permitir-se uma série de situações que nem sempre são as mais recomendáveis.

Ainda hoje, na Estrada Nacional 223, em Arcozelo - Caldas de S. Jorge, em plena curva fechada, uma equipa de manutenção da Indáqua, estava ali a fazer uma qualaquer intervenção, com o carro a ocupar meia faixa, apenas com uns cones a circundar a zona de intervenção e sem qualquer sinalização antes ou depois. O triângulo a alertar os condutores parece ser, assim, um pingarelho só exigido aos comuns mortais.

O facto de ser numa curva fechada e numa estrada de muito movimento realça a gravidade da coisa, mas aparentemente ninguém se incomoda. É o pessoal da Indáqua e para esses não deve haver regras, uma das vantagens do endeusamento.

Houvesse um acidente e grave...