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17 de julho de 2023

Meter a foice na (poda) seara alheia...

A propósito do assunto da poda dos arbustos e limpeza realizadas por elementos da Comissão da Festa do Viso - 2023, na envolvente da nossa linda igreja matriz, que veio à baila no Facebook, meti a foice na seara alheia, isto é, também me meti na conversa mas num objectivo de serenizar.

Diz a minha experiência e a minha idade que quase sempre nestas coisas e conversas travadas no espaço mais ou menos público, como é uma rede social, quase todos saem chamuscados porque nem sempre travadas com equilíbrio, sensatez e respeito pela opinião de todos. Assim, como na velhinha fábula da luta entre o padeiro e o carvoeiro, que aprendemos noutros idos tempos pelos livros da escola primária, ficaram ambos os intervenientes sujos. Nem o padeiro se manteve branco e imaculado como a farinha, saindo enfarruscado, nem o carvoeiro negro como o carvão, saindo empoeirado. Por conseguinte, quem se mete em conversas alheias, mesmo que no fórum público, arrisca-se a sair chamuscado.

Mas também diz a experiência que se somos pessoas livres e com opinião, se valorizamos e respeitamos ambos os pontos de vista, devemos então dar o nosso contributo com opinião num sentido positivo, mesmo correndo esse risco, sob pena de condicionarmos a nossa própria consciência, numa atitude fácil de não desagradar a Deus nem ao diabo ou o contrário. Ora por vezes é difícil conciliar esta neutralidade. Talvez por isso é que muitos preferem intervir de forma lateral e não pública, atirando a pedra e escondendo a mão.

Por conseguinte, a mesma experiência de uma vida aconselhava que devia deixar prosseguir a discussão e assistir descontraído no alto da bancada, como se constuma dizer. Mas intervi e ali deixei o meu comentário, a minha opinião, pela justa razão de que acho que mesmo com pontos de vista diferentes, e uma ou outra consideração menos medida e mais contundente, todos demonstram paixão e interesse pelas coisas da nossa freguesia e paróquia.

Para quem não seguiu a conversa, devo dizer que grosso modo o nosso estimado André Silva, que todos conhecem pelo amor e interesse pelas coisas da paróquia, de algum modo expressou o seu descontentamento com a forma como foi feita alguma da poda, nomeadamente, no seu dizer, por não serem respeitados os modelos que já existiam do passado e provenientes da mão do saudoso Pe. Francisco e achando que com isso foi "destruído" o trabalho de muitos anos.

Assim, porque tenho uma elevada estima a carinho pelo André, e partilho com ele muitas considerações sobre as coisas da paróquia, mas também valorizo quem de forma desinteressada trabalha com qualidade pela freguesia, como é o caso de qualquer Comissão da Festa do Viso, e do trabalho desta de modo particular no caso da limpeza e poda, acabei por comentar, compreendendo o seu ponto de vista mas achando-o um pouco injusto face ao trabalho que foi feito.

Mas voltando ao cerne da questão, era notório que os elementos arbustivos que adornam o nosso adro e a nossa igreja, estavam numa situação de desmazelo, a reclamar uma intervenção de limpeza e poda. E aqui nem importa reclamar de razões ou atribuir culpas do desmazelo. Em última análise somos todos responsáveis. Por conseguinte, mesmo que possamos discordar de alguns aspectos, porque há sempre vários pontos de vista, e diferentes formas de intervir, e cada cabeça sua sentença, é de justiça valorizar o que foi feito, tanto mais, como no caso, com um propósito de melhorar e zelar.

Esperemos que de facto os arbustos regenerem, e deve haver algum cuidado na rega nestes meses de Verão, e se componham para voltarmos a ter um adro ajardinado de modo a que não desmereça a nós próprios, paroquianos, como a quem nos visita. O adro e envolvente da nossa igreja sempre foram um motivo de orgulho, um postal vivo, e para que isso se mantenha é preciso trabalho e dedicação. Ao longo dos tempos foram muitos. Ora as plantas também precisam de cuidados, quer na poda quer na rega e o abate ou cortes radicais e muitas vezes a sua substituição apenas por pavimentos, nunca serão boa solução a não ser por motivos maiores e devidamente justificados como doenças das plantas ou quando impeçam outras situações como circulação e acessos.

Em resumo, importa nestas como noutras coisas de interesse colectivo, haver discernimento, bom senso e razoabilidade e nunca decisões unilaterais, precipitadas e radicais que só contribuirão para desunir a comunidade. Ora o que importa verdadeiramente aqui, parece-me é unir, é congregar. Tudo o que for feito nesse sentido será sempre de enaltecer.

Santo facilitismo

O Conselho de Ministros aprovou por estes dias um diploma que estabelece perdão de penas e amnistia de crimes e infrações praticadas por jovens entre os 16 e 30 anos, a propósito da vinda do Papa a Portugal aquando da Jornada Mundial da Juventude que decorrerá em Lisboa na primeira semana do próximo mês de Agosto..

Sem saber ainda em que moldes a coisa vai ser promulgada, até porque não é concensual entre os partidos, bem como se colocam questões como o de direitos de igualdade e benefício de uma faixa ectária, pessoalmente sou contra. E sou contra porque num estado, regime e sistema penal muito permissivos, já com uma elevada percentagem de crimes resolvidos com penas suspensas, multas irrisórias e aplicação de serviço comunitário, que na maior parte dos casos não é cumprido, este perdão e amnistia são mais uma prova de forrobodó e de facilitismo neste país de bananas. Uma mensagem errada para a criminalidade de que certos crimes compensam. Por outro lado, tantas vezes se pretende vincar o cariz de Estado laico e depois alinha-se nestas acções decorrentes de uma jornada de âmbito religioso.

Ademais, em que ponto ficam as vítimas de uma grande parte dos crimes abrangidos? Sendo certo que uma grande parte deve-se a dívidas fiscais e administrativas ao próprio Estado e à sua máquina de caça à multa, os lesados somos todos nós, jovens, adultos e velhos.

Mas, enfim! Nada a fazer! Nestas coisas pouco ou nada podemos fazer a não ser manifestar o nosso ponto de vista. E o meu é contrário a essa decisão. 

É caso para se dizer que, passe o trocadilho, os criminosos ou incumpridores são os beneficiados e os outros, os certinhos e direitinhos, que cumprem os seus deveres, são os papados.

11 de julho de 2023

O povo quer é pinga e bifanas






Por estes dias visitei o Castro de Monte Mozinho ou Cidade Morta de Penafiel, que se localiza na freguesia de Oldrões, município de Penafiel, distrito do Porto.

É considerado o maior castro romano da Península Ibérica, embora ainda não esteja totalmente explorado. A sua verdeira dimensão será muito superior à que está a descoberto.

Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1948.

O povoado castrejo está referenciado à época romana, fundado no século I d.C. com um período de ocupação até oo século V.

As escavações arqueológicas começaram em 1943 a 1954 e numa segunda fase de 1974 a 1979, continuando recentemente com campanhas arqueológicas.

Na base do castro, existe um pequeno museu e centro interpretativo onde é possível aprofundar os aspectos relacionados ao sítio arqueológico. Queixou-se, todavia, o técnico do museu, dos poucos visitantes, havendo dias em que, naturalmente, não aparece por ali viva alma.

Esta situação de um sítio arquológico com tanta importância no contexto português e ibérico, e simultaneamente tão pouco conhecido, divulgado e visitado, dá que pensar e reflectir. Mas por outro lado em nada surpreende porque de um modo geral o povo, a populaça, quer é farra, divertimentos com música pimba ou tchunk, tchunk, , turismo de massas e sobretudo com muita pinga, bifanas e porco no espeto. Sem estes ingredientes ninguém perde tempo a ver amontoados de pedras, mais ou menos organizados, por mais importância que revelem sobre os nossos antepessados e a nossa história comum.

Tivesse, porventura, Penafiel a visão modernaça de um turismo vocacionado para massas, daquele que faz contas a supostos retornos e ganhos, que na realidade caem apenas nos bolsos de uns quantos, baseado no entretenimento entremeado com comes-e-bebes e poderíamos ter ali pano para mangas para uma réplica de uma qualquer viagem ao passado, romana ou castreja, onde anualmente o recinto se transformaria numa feira gastronómica pejada de locais e espanhóis, onde imperaria o rei D. Porco no Espeto e sua corte, regado com o bom vinho verde da região, onde se pagaria de bom grado um sistema de pulseiras de acesso. Mas não! Para o bem e para o mal, por agora a coisa vai indo assim, discreta, quase desconhecida, visitada por poucos mesmo que interessados. As aldeias de Oldrões e Galegos e o monte Mozinho bem podem continuar na sua habitual calma. Gente comum travestida de reis, condes, fidalgos, cavaleiros, bobos e trovadores, é para outros palcos e outras passereles.

5 de julho de 2023

Não me batas que eu quero bater-te

Todas as guerras são irracionais, tanto mais aquelas que, como a que se trava na Ucrânia, resultam de invasões injustificadas e apenas com argumentos políticos militares e geo-estratégicos.

Temos assim de forma objectiva uma guerra com um país invasor, a Rússia, e um país invadido, a Ucrânia, que com toda a legitimidade se defende.

Mas para além de toda a irracionalidade e horrores, há a linguagem, a comunicação e a propaganda em que naturalmente ambas as partes procuram tirar proveito da sua influência, com informação ou contra-informação, dramatismo e desculpabilização.

Ora dessas informações e comunicados, a Rússia tem utilizado uma retórica que para além de não colher, porque sem razões objectivas para a invasão, é no mínimo ridícula. Senão, veja-se: Actua como país invasor e apesar disso critica os países ocidentais por ajudarem a Ucrânia a defender-se. Ou seja, considera que deveria ter o campo e portas abertas para poder invadir e avançar a seu bel-prazer até ao ponto de subjugar a nação e torná-a uma parcela sob o seu domínio militar e político.

Por outro lado, usando mísseis e drones tem atacado com regularidade  cidades e alvos civis, sem qualquer critério militar, ceifando vidas inocentes, incluindo idosos e crianças, e fá-lo não só com a total impunidade de potência invasora, mas com toda a naturalidade. Pelo contrário, qualquer acção em território russo, mesmo que esporádica e sem consequências, porque de resto só demonstrariam a incapacidade e vulnerabilidade próprias do seu aparelho militar, bradam ao mundo que se tratam de actos terroristas. Ou seja, a Rússia acha legítimo atacar de forma indiscriminda com meios reconhecidos como desproporcionais mas, imagine-se, não quer ser atacada. As nações que têm ajudado a Ucrânia ficam assim num dilema de ajudar podendo complicar a solução de paz, ou não ajudar e ficarem a assistir impávida e serenamente a uma agressão desproporcional. Este é o dilema que de algum modo também é nosso, de cada um de nós.

É certo que o apoio dos países europeus e dos Estados Unidos tem contribuído para que a Rússia não atinja os objectivos que supôs conseguir em meia dúzia de dias após a invsão, mas também ajuda a que o conflito se prolongue e que a escalada da guerra possa descambar para algo mais grave e global, como de resto o diz ameaçadoramente a retórica do Kremlin e suas figuras.

Não sabemos, de facto, qual será o desfecho e para quando, mas não há dúvida que esta guerra e seus envolvimentos são um vulcão activo que tanto pode adormecer como entrar numa espiral de destruição massiva.

Oxalá que não e que, mesmo que pelo cansaço, as coisas venham a parar e a criarem-se condições para o que for possível da paz, mesmo que podre, e de seguida a reconstrução da Ucrânia sendo que as feridas e cicatrizes essas serão permanentes e perdurarão por séculos.

3 de julho de 2023

Acolhimento de jovens peregrinos

Cá na paróquia de Guisande seremos uma das famílias de acolhimento de dois jovens peregrinos durante a semana que antecede a Jornada Mundial da Juventude, que como se sabe ocorrerá na cidade de Lisboa na primeira semana do mês de Agosto.

Os programas que ocuparão os jovens que acorrerão ao nosso país na semana que antecede o evento, designam-se de Pré-Jornadas ou Dias nas Dioceses e comportam vários momentos a nível da Diocese, Vigararia, comunidade inter-paroquial e famílias de acolhimento, adequados às suas realidades e inspirados em cinco pilares: Acolhimento, descoberta, missão, cultura e envio.

Em rigor, enquanto família de acolhimento não temos total disponibilidade, porque ainda em tempo de trabalho e por isso com horários preenchidos, mas com alguns ajustamentos será possível receber dois jovens, até porque durante o dia eles andarão ocupados por outros lados no âmbito do programa. 

É certo que a nossa freguesia não é das grandes mas facilmente podemos identificar umas 20 a 30 famílias que, querendo, teriam todas as condições para acolherem jovens em suas casas, porque objectivamente com disponibilidade, porque muitos já reformados ou pré-reformados, com boas instalações e no geral com os filhos já fora, por isso com quartos desocupados.

Apesar disto e dos constantes apelos que na nossa paróquia vêm sendo feitos desde há meses, parece que o resultado em termos de famílias aderentes está muito aquém do que seria expectável e desejável levando os responsáveis a ponderar improvisar situações de alojamento em grupos, que podendo remediar, não serão, contudo, as mais adequadas sob o ponto de vista da importância do contexto de inter-acção entre famílias e jovens.

É pena, mas em boa verdade também não supreende, pois em rigor, de um modo geral, as pessoas fogem das responsabilidades e compromissos como o diabo da cruz.  Por natureza, não somos dados a voluntarismos nem a partilhas e o expectável enriquecimento mútuo, para os jovens peregrinos estrangeiros e famílias de acolhimento, não é permissa que vá à missa da larga maioria dos que teriam de facto disponibilidade e instalações. A fraca aderência fala por si. Oxalá que a coisa ainda se componha sendo que por imperativos de programação o prazo já é reduzido.

Mesmo que com pena, há que entender esta retracção de muitas das nossas famílias que teriam todos os requisitos para o acolhimento mas que por motivos que se devem respeitar optaram por não aderir à experiência e aos apelos. 

Como diria um filósofo pragmático: - É o que é! Em terra árida não se espera colher morangos.

A França é de há muito uma nação multi-racial e multi-cultural e já nem sei se em rigor tem algo de si própria, de gaulsesa, de nacionalista. Neste efervescente caldo social, cultural e até religioso, tem este país um histórico de manifestações que supera qualquer outro país, desde as mais curriqueiras às mais violentas, incluindo as que por estes dias têm feito parte das notícias, com milhares de jovens e adolescentes e até crianças em actos colectivos de puro vandalismo que ultrapassam em muito o direito pacífico à manifestação, destruindo tudo à sua frente. Não há motivo algum, memso a morte de alguém às mãos da polícia, que justifique este tipo de reacções que penalizam não só o Estado como milhares de cidadãos que nada tiveram a ver com o caso que em teoria despoletou estes actos criminosos.

Tenho para mim que reacções criminosas, quase terroristas, porque isto é tudo menos manifestações, deviam ser tratadas como tal, mesmo que para o efeito - apetece dizê-lo - fosse necessário disparar a matar. Passe o exagero e a desproporção, mas doutro modo, apenas com métodos e procedimentos politicamente correctos a coisa não vai lá. Algumas bastonadas, gás lacrimogénio e canhões de água e as habituais e várias detenções, em rigor não dão em nada nem fazem pensar duas vezes os inssurectos. As detenções às centenas são apenas um faz-de-conta e daqui a poucos dias não haverá um único que permaneça detido e os condenados eventualmente vão ter que fazer umas horas de serviço comunitário que em rigor nunca cumprirão.

É nestas alturas e nestas reacções de puro vandalismo, destruir por destruir, que desejamos que a França fosse uma China. Para o bem e para o mal, os regimes democráticos não sabem lidar com as massas quando é necessário impor a disciplina, a autoridade, a lei e a ordem. Por conseguinte, este tipo de reacções e manifestações violentas e destruidoras são apenas um dos frutos da árvore do politicamente correcto, onde até os mais ordinários e vis criminosos têm direito a ser tratados como se fossem pacíficos e honoráveis cidadãos.

Assim sendo, que aguentem!

27 de junho de 2023

A normal anormalidade

É no mínimo curioso observar como a perspectiva da sociedade evolui ao longo do tempo, redefinindo o que é considerado adequado, normal e politicamente correto. Essa mudança reflecte o progresso e a transformação dos valores sociais, no que poderá ser entendido como uma abertura para abraçar a diversidade e a inclusão, mas tantas vezes de forma desajustada ou distorcida.

Uma reflexão importante sobre esse fenômeno é que as noções de "normalidade" e "adequação" não são fixas nem imutáveis. Elas são construídas a partir das crenças, tradições e contextos sociais e culturais de uma determinada época. O que pode ter sido amplamente aceite e considerado como a norma num determinado período passado, pode ser agora questionado e desafiado à medida que a sociedade avança (ou recua).

A mudança de atitude em relação a certos aspectos da sociedade ocorre muitas vezes devido a um aumento da consciencialização e do conhecimento. À medida que as pessoas são expostas a diferentes perspectivas, experiências e narrativas, elas começam a questionar as suposições anteriormente estabelecidas. Os avanços na comunicação e na tecnologia têm desempenhado um papel fundamental nesse processo, permitindo que as vozes antes marginalizadas, discriminadas e sem tempo de antena, sejam agora ouvidas e consideradas.

No entanto, é importante reconhecer que nem todas as mudanças são universalmente aceites ou apoiadas por toda a sociedade. Sempre houve e haverá debates e divergências de opinião e isso faz parte do processo de crescimento e evolução social. É importante manter um diálogo aberto e respeitoso, no qual diferentes perspectivas possam ser ouvidas e consideradas, mas as mudanças da "anormalidade" para a "normalidade" têm ocorrido, quase sempre, com rupturas e antagonismos porque, essencialmente, processam-se numa transição, diria, desajustada. Na gíria, a normalidade corrente é passar do 8 para o 80. Gerações como a minha, têm, de facto, assistido a mudanças tão radicais em tão curto período que em muitas delas não há tempo para uma assimilação natural e evolutiva.

À medida que novas ideias e conceitos emergem e ganham aceitação, é essencial que a sociedade esteja disposta a adaptar-se e a aprender. Isso não significa abandonar completamente os valores e tradições passadas, mas sim repensar e reavaliar se eles são inclusivos e respeitosos para com todos os membros da sociedade, o que, diga-se, nem sempre acontece.

A História tem sido fonte de ensinamento de que a mudança é constante e inevitável. À medida que os tempos mudam, a nossa compreensão e percepção do que é considerado normal e politicamente correto também se transformam. Essa evolução contínua desafia-nos a reflectir sobre os nossos próprios preconceitos, a questionar suposições arraigadas e a procurar uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

Apesar de todo este palavreado politicamente certinho, a verdade é que vamos correndo num tempo de normais anormalidades, ou o contrário.

Assim, como simples exemplos, é normal o político, o desportista, o doutor e o engenheiro declararem-se homossexuais; é normal o casamento entre eles e normal que queiram ter filhos, mesmo sendo uma impossibilidade biológica sem recurso de terceiros; é normal dois namorados passarem a viver juntos como casados, mesmo não sendo; é normal uma mãe ter filhos aos 12 anos e um pai aos 70; é normal uma mulher somar abortos voluntários com a mesma indiferença com que vai ao cabeleireiro; é normal que a Europa queira fazer do aborto um direito fundamental; é normal um jovem casal divorciar-se ao fim de um mês de casamento, como normal é que em meia dúzia de anos some meia dúzia de divórcios; é normal o casal comprar terreno, edificar a sua habitação e ainda antes de acender a lareira já estarem em divórcio e a casa à venda pelo banco; é normal um executivo andar de saia e saltos altos, um rapaz de cor-de-rosa e uma rapariga de azul; é normal o bandido agredir o polícia; é normal o polícia não poder usar da força com o bandido e este ser indemnizado se lhe fizerem uns arranhões.

É normal o aluno bater no professor como normal é que nada nem ninguém o criminalize por isso; é normal que a televisão nos dê programas de encher chouriços horas a fio e os seus funcionários se prestem a esses fretes; é normal as televisões terem programas para adultos como se estes sejam criancinhas e para criancinhas como se estes sejam adultos; é normal um casal não ter rendimentos para tal mas não dispensar viagens de férias, carros eléctricos,  jantar e almoçar fora com regularidade.

É normal que as igrejas cada vez estejam mais vazias e os espaços de entretenimento mais cheios; é normal os filhos viverem à custa dos pais e fazerem da casa deles um hotel até aos 30 ou 40 anos; é normal que apesar desse sacrifício parental os filhos depositem os pais, já velhos, num qualquer canto; é normal um aluno que não estude a ponta de um corno e tenha tanto aproveitamento escolar como uma galinha, e mesmo assim andar a arrastar-se nas escolas até aos 20 anos.

É normal que muita gente capaz recuse empregos e responsabilidades e prefira viver à custa do estado social, ou seja, à custa dos outros; é normal que as cuecas já não sejam feitas para tapar o cu mas para serem tapadas por ele; é normal que a promiscuidade e drogas sejam normalizadas; é normal derrubar estátuas, conspurcar obras de arte e alterar conteúdos de livros só porque se pensa que com isso se pode mudar a História.

Enfim, tudo, mas tudo, é normal. Mesmo o que possa ainda ser catalogado como anormal, há políticos e políticas que encontram razão de ser em fazer com que isso passe a normalidade e quem não alinhar na mudança é catalogado como racista, xenófabo, discriminador, sexista, etc, etc.

A coisa já não vai lá com paninhos quentes. Só mesmo um dilúvio atómico o que também, diga-se, com o rumo que as coisas levam, será mais que normal!

Viva a normal anormalidade!

23 de junho de 2023

À vontade e à vontadinha

O que impressiona de todo este caso relacionado à imigração ilegal, tráfico de pessoas, exploração laboral e apanha ilegal de bivalves no estuário do Tejo, na zona do Samouco - Montijo, bem como noutras zonas do país, é a indiferença e incapacidade das nossas diferentes autoridades. Pois se então toda esta situação era conhecida de há muito, a envolver várias centenas de pessoas e de forma pública, visível e descarada, como é possível que a mesma perdurasse no tempo. Para que serve o SEF, as autoridades marítimas, ambientais e policiais? Não teria sido possível acabar com aquilo logo nos primeiros dias?

Com o aparato desta recente operação que conduziu à constituição de vários arguidos, supostamente da organização criminal, em rigor depois de feitas todas as contas, daqui a largos meses, poucos ou ninguém serão criminalizados. Mesmo por parte dos pobres imigrantes, compreendendo-se a sua situação de fragilidade, mas, porra, também eles, na sua larga maioria, sabiam desde o primeiro momento que estavam no país em situação ilgal e também a exercerem uma actividade igualmente proibida. Por conseguinte, largas dezenas ou mesmo centenas são também eles ilegais e que devem, quanto antes, serem remetidos à procedência. Mas em rigor, à larga maioria isso não vai acontecer e vão ficar por cá, já não às mãos dos supostos cabecilhas das redes mas ao encargo de todos nós. Mais uma vez o Zé Tuga vai ajudar a subsidiar gente ilegal e que exercia actividades ilegais.

Somos assim uns mãos largas, uns bonacheirões que deixamos que os imigrantes ilegais e respectivas redes de tráfico e ajuda à imigração ilegal andem por aí com relativo à vontade, ou mesmo à vontadinha. Podem ser pessoas pacíficas e que apenas pretendem melhores condições de vida do que a que viviam nos seus países, mas com este à vontade por parte das autoridades, bem que podiam ser todos terroristas e criminosos de primeiro grau que à rédea solta continuariam.

Assim não! Pessoalmente sou a favor da imigração, até porque somos um povo de emigrantes, mas de forma controlada, sustentada, integrada e que se saiba o nome, origem e morada de cada um. E, claro, com visto de residência com base em contratos dignos de trabalho digno.

Para além de tudo, custa a crer que tenhamos entre nós políticos e políticas que defendem o escancaramento das portas deixando entrar tudo e todos, sem qualquer controlo ou escrutínio. Podemos ser um país acolhedor mas não precisamos de andar sem cuecas de rabo no ar a apnhar sabonetes.

Não é pedir muito!

21 de junho de 2023

Meter água...

Um cliente da Indáqua Feira paga a sua factura com 15 dias de antecedência e nada recebe de juros. Pelo contrário, atrasa-se no pagamento da factura em apenas 1 hora, e porque a referência multibanco emitida não tem qualquer dia de prazo adicional, ao contrário de, por exemplo, outros serviços como a MEO, e permite-se cobrar juros de mora, mesmo que apenas o ridículo valor de 0,01 euros.

Há limites para a falta de bom senso e acima de tudo de pouca vergonha. Não é um bom relacionamento com o cliente. Mas isto, em grande ou em toda a parte, acontece porque este tipo de empresas concessionárias de serviços exclusivos permitem-se a arbitrariedades ou a estas desproporcionalidades.

Por conseguinte, uma empresa destas só pode merecer a desconfiança e pouco apreço por parte dos clientes.

14 de junho de 2023

Desportivismo e falta dele

Marcus Rashford, um dos bons futebolistas do Manchester United, deu os parabéns ao rival, Manchester City, pela conquista de Premier League, Taça de Inglaterra e Liga dos Campeões.

Em declarações à Sky Sports, disse:

«Não é agradável, mas o futebol é assim. A melhor equipa, que joga, consistentemente, o melhor futebol, vai conquistar a maior parte dos troféus. Eles conquistaram três, por isso, bom para eles. Temos de seguir em frente». «Cabe-nos a nós apanhá-los. Vou dar-lhes os parabéns. É o futebol. Não é nada de novo. Olhem para a rivalidade de há alguns anos entre Barcelona e Real Madrid... Eram de forma consistente os melhores e ganhavam títulos»

Façamos agora um exercício imaginando que isto ocorreria em Portugal. Estamos a ver alguém do F.C. do Porto dar os parabéns ao rival Benfica? Ou então ao contrário? Tretas!

Por aqui, em grande parte devido a  uma rivalidade fanática e acicatada tanto por dirigentes como por jogadores e treinadores, o clima é precisamente o contrário: Nada de desportivismo nem reconhecimento do mérito adversário, mas antes a depreciação, a desvalorização das conquistas, e pior do que isso, a ofensa e a provocação mútuas.

Por cá somos assim, sempre a um nível inferior e com bons (maus) exemplos de comportamentos anti-desportivos. Mas há quem os siga e os tenham como doutrina e mística.

9 de junho de 2023

A mais velha profissão do mundo tem novas concorrências.

Nos tempos que correm vai fazendo escola um puritanismo social que apesar de nos antípodas de antigos costumes e normalidades, padece da mesma doença  e cegueira, com a agravante de já não por ignorância mas porque nos carris de rumos ditos politicamente correctos como se a História possa ser mudada. Assim, há editoras a alterar histórias, narrativas, palavras e adjectivos onde o gordo não é gordo, o preto não é preto, o cigano não é cigano, e em troca vestem-lhes outros supostos sinónimos como se um cu mudasse na sua essência só porque muda de calças. 

Mas esta visão cega, que vai arrebanhando seguidores, a modos de burros que usam palas só para ver defronte, é mais ampla e há estátuas, monumentos e obras de arte a serem castradas ou arrumadas para o breu dos arquivos mortos só para não chocarem as tais novas mentalidades. Que o diga a estátua do David de Miguel Ângelo, só porque não usa cuecas a tapar aquele insignificante pénis em estado de repouso marmóreo, chocando os pais dos alunos de uma América despudorada.

Por conseguinte, quem aprova e legitima quem estabelece estes novos parâmetros de pensamento, arte e literatura, e quem o consome, não faz mais que um papel de modelo que mostra as pernas, o cu, as maminhas e tudo o que for preciso para exibir na moda as tendências, mesmo que em rigor não passem para fora da estreita passarele. Mais prosaicamente, os que dão lastro a estes absurdos em nome do novo politicamente correcto e quem os segue, por comparação, não são mais que as prostitutas que se oferecem nas montras chiques do Red Light District de Amesterdão.

É o que é! A mais velha profissão do mundo tem novas concorrências e concorrentes.

10 de Junho, dia de qualquer coisa

Poderia escrever sobre o 10 de Junho, pomposamente designado de Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. 

Seja lá o que isso queira significar, vale pelo feriado, mesmo que neste ano calhe ao Sábado. Mas a propósito, e porque já não há paciência para certas "merdas", para discursos da praxe, paradazinhas militares, medalhas ao peito e colares ao pescoço e o alargamento do clube de comendadores e cavaleiros da ordem da espada e da torre de não sei das quantas, partilho um artigo de opinião de João Gonçalves, no Jornal de Notícias. Subscrevo e não diria nem escreveria melhor. Todavia, para além de mal frequentado, o lugar anda desgovernado. O dia, devia ser, pois, de pesar.

"No próximo sábado, será Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Não sei se é assim que ainda se designa. Por causa do Ultramar, foi durante décadas o Dia da Raça ao qual o regime do Estado Novo associava o nome de Camões.

Jorge de Sena, no primeiro "10 de Junho" institucional, pós-PREC, devolveu Camões às suas origens, desfiliando-o de toda e qualquer circunstância patrioteira. Começada, aliás, não pelo Estado Novo, mas pela "manobra republicana a que a monarquia se associou a contra-gosto", em 1880, com a patética cena dos crepes em redor da estátua do bardo no Largo do mesmo nome. Ignoro que "vulto" terá Marcelo escolhido para ornamentar, com o seu verbo, as comemorações deste ano. E muito menos a cidade, cá e lá fora, onde o evento se desenrola, com o seu tradicional cortejo de "elites" e meia dúzia de tropas a desfilar.

Na verdade, nada existe para comemorar em nome de Portugal, neste ano da desgraça de 2023. Nunca tivemos dramas identitários. Somos o mais sólido e antigo complexo histórico-geográfico da Europa que alguns palermas querem pôr em causa com a regionalização, de exclusivo interesse político-partidário, e nunca nacional. Tal representaria, num certo sentido, uma traição à pátria. Por outro lado, as instituições políticas de soberania não podem estar em piores condições.

Um Governo trespassado de autismo e de autoritarismo, um Parlamento que o secunda com a sua maioria absoluta de improváveis lacaios, salvo uma ou outra forma de vida inteligente, um presidente capturado pelas suas "variantes e variações", a quem muito pouca gente presta atenção, e um sistema judicial, com vértice no Constitucional, que é praticamente uma vergonha latino-americana. Lá onde as democracias (cito Sena) "não são a paz nem o sossego - são a agitação, a reivindicação, a negociação, a discussão", por cá reina a paz dos cemitérios de Schiller e Verdi, sem valentes como o marquês de Posa. Dir-me-ão que sobra o "povo".

Mas o "povo" hesita no que quer e não quer, estando-se verdadeiramente nas tintas para a "situação" ou para a "oposição", esta uma coisa híbrida que paira no plano metafísico. O país (e regresso a Sena) é, hoje, um conjunto de "realidades tremendas que são uma língua ou muitas, uma raça ou várias, uma cultura, por mais adaptável ou capaz de absorção que ela seja, que se identificam com um nome secular - Portugal". Um lugar "para servir de exílio a vencidos e enganados", diria Agustina. Um lugar "onde nada se agita e tudo se murmura". Um lugar mal frequentado."

João Gonçalves - Jornal de Notícias

7 de junho de 2023

O estado a que chegou o Estado

"Os certificados de aforro eram uma pedra no sapato da Banca. A sangria nos depósitos contava-se por milhares de milhões desde o início do ano, ou, dito de outra forma, 67 milhões de euros por dia. Mesmo que ainda não fosse o caso (acredite quem quiser), não tardaria que se transformasse num problema de liquidez.

Pior. O movimento massivo de pequenos aforradores, dos bancos para a dívida pública, equivalia a um grito diário de revolta contra a forma como os banqueiros conduzem o seu negócio. Os bancos cobram, nos empréstimos à habitação, juros quatro vezes superiores aos que pagam pelos depósitos. É esta usura, aliás, que explica que, mesmo depois de um ano de 2022 com lucros fora do normal, estes tenham chegado a um nível absurdo no primeiro trimestre de 2023 (quase mil milhões nos seis maiores bancos).

Confrontado com a questão, o que fez o Governo? Mostrando "zero cedência" perante os interesses dos poderosos, mas preocupado com o défice e a dívida, acabou com a série de certificados de aforro que ameaçava transformar os portugueses em milionários. Ao final de uma sexta-feira, não fosse ainda o malandro do pai aplicar a correr os mil euros da poupança do filho, não fosse algum professor, jornalista, ou empregado de escritório com a mania das grandezas levantar os cinco mil euros que tem guardados para um imprevisto ou para a reforma que se aproxima, aproveitando-se da generosidade do Estado.

Generosidade, sim, que, segundo as explicações iniciais, pagar um juro de 3,5% pela dívida pública não era racional. É verdade que, na segunda-feira, ficou claro que, descontado o IRS que cobra sobre os juros, o Estado paga mais aos grandes investidores estrangeiros do que aos pequenos aforradores nacionais. Mas isso não é caso para perder a face. É preciso pensar na previsibilidade: ou seja, o filho entretanto chega à maioridade, o tal azar acontece, ou o velhote reforma-se mais cedo. Levantam o dinheiro e deixam o Estado, pobre dele, com as calças na mão. E você, também acredita em histórias da carochinha?"

Rafael Barbosa - Jornal de Notícias

Não diria nem escreveria melhor que o Rafael. Na mesma linha do assunto, também subscrevo na íntregra a opinião seguinte de Paula Ferreira:

"Bem pode o secretário de Estado das Finanças dizer que houve zero pressão dos bancos, versão certamente confirmada pelo ministro se, eventualmente, Medina responder ao repto dos partidos e for ao Parlamento. O fim da Série E dos certificados de aforro anunciado numa noite de sexta-feira, depois da hora de jantar, aparenta ser golpe sujo perante os portugueses que amealham as poupanças e têm a veleidade de esperar algum retorno.

Até podemos com bondade, uma dose enormíssima de bondade e candura, aceitar a versão do Governo. Mesmo assim, mesmo que nos esforcemos, não conseguimos acreditar. Tinha havido sinais de que a banca não estava nada contente com a sangria dos depósitos, saídos diretamente para os cofres do Estado. Houve quem o dissesse abertamente. Foi o caso do presidente do Banco CTT. Defendeu, em público, que o Estado devia suspender a emissão de certificados de aforro; outros o terão feito, por certo, com mais discrição. Ora, não demorou uma semana para o desfecho: o Governo cedia. 

Mas, para nem tudo ser mau, acena aos portugueses com a emissão de certificados do tesouro. Com uma nuance: uma taxa inferior aos 3,5% dos certificados de aforro, logo bem menos atrativos, logo menos competitivos com o setor bancário. Que faz a festa. Ontem, passou a remunerar os depósitos, ou seja, o dinheiro que os depositantes emprestam aos bancos, com uma taxa média de pouco mais de 1% - taxa inferior, na Zona Euro, só Chipre e Eslovénia.

Coincidência? Ninguém acredita. Há dados objetivos. Os bancos viram sair dos seus cofres, desde o início do ano, 67 milhões de euros todos os dias, como se pode ler nas páginas seguintes. O Governo é amigo e a medida vai com certeza estancar a sangria. Não porque a banca esteja sem liquidez. Apenas precisa de aumentar os lucros. Ao Estado, os portugueses emprestam dinheiro: nos bancos, depositam em troca de juros. Eufemismos."

Paula Ferreira - Jornal de Notícias

Não há milagres...e o karma

Amanhã é feriado, dia de "Corpo de Deus" e a nossa paróquia viverá a celebração da Comunhão Solene. Longe dos tempos em que participavam habitualmente 40 a 60 crianças, dizem que serão agora apenas meia dúzia. A festa continua a ser importante para as crianças e familiares mas já sem o envolvimento da comunidade que se sentia noutros tempos. 

Ora como vai haver festa e está programada a tradicional procissão à capela do Viso e depois o regresso à igreja, a Junta de Freguesia já está a tratar, e bem, da limpeza dos espaços envolventes à igreja, à capela e no percurso. Esta é uma situação perfeitamente natural e normal, pois se a freguesia está em festa há que haver brio no asseio. 

Apesar desta normalidade, não deixa de ser engraçado que estas coisas não se alterem e tenham que ser assim. Isto é: Quando fiz parte da Junta no primeiro mandato da nova realidade de união de freguesias, uma crítica recorrente da oposição e de opositores, era de que se fazia apenas limpeza nas ruas quando havia festas e procissões. Mas, cá está, a vida dá voltas e se os orientais dizem que há uma coisa chamada karma (*), o nosso povo mais prosaicamente diz que "cá se fazem cá se pagam". Por conseguinte, ontem crticava-se uma certa forma de fazer as coisas, mas hoje, do outro lado da barricada, as coisas fazem-se exactamente da mesma forma. 

Na verdade não há volta a dar nem outra forma de fazer estas coisas e terá mesmo que ser assim. Mas é pena que nem sempre sejamos capazes de ser coerentes. E isto calha a todos. Por conseguinte, com esta ou outra Junta, tomara que haja pelo menos disponibilidade para limpar quando é necessário, mesmo que na véspera de festa ou procissão. 

Quando fiz parte da Junta, perante a incapacidade da mesma em acorrer a todas as situações, sobretudo na nossa freguesia, paguei do meu bolso, por diversas vezes, horas de trabalho a jornaleiro para limpar o cemitério e a envolvente do Monte do Viso na véspera da festa, incluindo trabalho próprio na limpeza incluindo a das instalações sanitárias nos dias do evento. Mas, cá está, quem é que dá valor a isto? Quem é que deu por ela e o reconheceu? Tretas! Quando muito davam conta que as limpezas se faziam na véspera de qualquer coisa. Coitado do perú de Natal que morre sempre na véspera.

Por estas e por outras, é que cada vez mais, muita gente válida e voluntariosa, mesmo da nossa freguesia, se vai desligando das questões e acções de cidadania porque a crítica negativa, geralmente de quem nada fez ou faz, sobrepõe-se sempre ao empenho e dedicação de alguns poucos. Do lado de fora é sempre, mas sempre, mais fácil. 

Amor com amor se paga!


(*) Quanto ao karma:

O karma é uma concepção espiritual ou filosófica que tem origem em várias tradições religiosas, como o hinduísmo, o budismo e o jainismo. É uma crença fundamental que descreve a relação entre as ações de uma pessoa e as consequências que ela enfrenta como resultado dessas ações.

Segundo a crença no karma, todas as ações que uma pessoa realiza, sejam elas físicas, verbais ou mentais, têm consequências que afetam a vida presente ou futura dessa pessoa. Essas consequências podem ser positivas ou negativas, dependendo da natureza das ações. O karma é frequentemente associado ao princípio de causa e efeito, onde cada ação gera uma reação correspondente.

Por exemplo, se alguém pratica boas ações, como ajudar os outros ou agir com bondade, acredita-se que essa pessoa acumulará karma positivo, o que poderá resultar em coisas boas acontecendo em sua vida futura. Da mesma forma, se alguém realiza ações prejudiciais ou negativas, isso acumulará karma negativo, que poderá levar a consequências indesejáveis em algum momento futuro.

A crença no karma também está frequentemente ligada ao ciclo de nascimento, morte e renascimento, conhecido como samsara, em algumas tradições. Acredita-se que o karma influencie a condição em que uma pessoa renasce após a morte, determinando sua sorte ou desventura na próxima vida.

É importante ressaltar que diferentes tradições interpretam e entendem o karma de maneiras ligeiramente diferentes. Essa é apenas uma visão geral do conceito. O karma é um conceito complexo e multifacetado, que tem sido discutido e explorado há milênios em várias tradições filosóficas e religiosas.

5 de junho de 2023

Segunda-Feira, dia de S. Bonifácio

Não fui ao evento das colectividades da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, designado de "Corga da Moura" que decorreu neste fim-de-semana em Gião. Diz quem foi, que esteve muito bem participado e a coisa estava mais bem arranjada e enquadrada do que na primeira edição do ano anterior. O tempo não esteve nada a condizer com o que se espera para estes eventos, sol e calor, mas nunca pior.

É bom que a União tenha assim um evento amplo e concorrido e que sirva para mostrar e apoiar o associativismo e grupos do território. Por uma questão de igualdade, seria interessante que em cada ano ocorresse numa das diferentes quatro unidades da União, mas já se percebe que a coisa não vai por aí e vai ficar por ali. Mas reconheço que há vantagens no local e permite rotinar aspectos da organização e logística de edição para edição.

Do programa musical parece-me excessivamente talhado para os mais jovens e que de resto parece ter absorvido o evento "Young Fest". Nada contra por princípio, mas para os mais velhos, como eu, para além de depararem com nomes que não conhecem e representativos de estilos que porventura não apreciam, terão que levar todos os anos com os mesmos ranchos e as mesmas concertinas. Por mais valor que queiramos dar ao que é nosso, "comer" sempre do mesmo enjoa.

Em alternativa fui de visita ao renovado parque das Termas das Caldas de S. Jorge. No geral, como já escrevi no artigo anterior, gostei do resultado. Musicalmente não cheguei a saber o nome de quem ali actuava, mas num registo acústico e muito intimista sem dúvida que tinha muita qualidade e a demonstrar que não é de todo preciso muito aparato de luz, som e palco gigante para bons espectáculos. A assistência não era muita mas percebia-se que estava a gostar. 

Quanto a São Bonifácio, também conhecido como São Bonifácio de Mogúncia ou São Bonifácio, o Apóstolo dos Germanos, foi um missionário cristão e mártir que viveu no século VIII. Terá nascido pelo do ano 675 na Inglaterra e recebeu o nome de Wynfrith. Ingressou na vida monástica e foi ordenado padre.

Bonifácio é conhecido por seu trabalho missionário na Europa continental, especialmente entre os povos germânicos. Ele viajou para a Germânia (região que englobava a Alemanha atual) com o objetivo de converter os pagãos ao cristianismo. Ele estabeleceu várias dioceses, fundou mosteiros e organizou igrejas, desempenhando um papel fundamental na cristianização dessas regiões.

Bonifácio também foi um reformador da Igreja e um defensor da disciplina eclesiástica. Ele trabalhou para erradicar práticas pagãs e unificar as diferentes tradições cristãs da época. Além disso, Bonifácio foi nomeado arcebispo de Mogúncia e desempenhou um papel importante na reforma da Igreja na França e na Alemanha.

São Bonifácio foi martirizado em 754 durante uma missão na Frísia, região que compreende atualmente partes da Holanda e da Alemanha. Ele foi assassinado junto com 52 de seus companheiros por um grupo de pagãos enquanto realizava uma cerimônia de confirmação. Ele é considerado um mártir e um dos principais santos padroeiros da Alemanha.

Boa Segunda-Feira!

31 de maio de 2023

Deve ser em Guisande

 


Nesta como noutras coisas, cada cabeça sua sentença. Independentemente de se gostar ou não do design e grafismo escolhidos, parece-me que sob um ponto de vista formal o cartaz da nossa festa, que foi apresentado publicamente no último Domingo, desconsidera alguns aspectos que tenho como importantes. Desde logo, mesmo que conhecida por Festa do Viso, é acima de tudo e antes de mais a Festa em Honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e de Santo António. Assim, creio que a esta designação devia ser dado maior destaque e não apenas uma anotação de forma discreta em roda-pé.

Por outro lado, posso estar a ver mal, mesmo com óculos, mas em todo o cartaz não vejo qualquer referência a Guisande. Ora em qualquer cartaz de evento, para além da designação do mesmo e da data, é fundamental que tenha o local. E antes e mais do que ser do Viso, a festa é de Guisande. Seria e será sempre imprescindível que tenha a referência à freguesia e até mesmo ao concelho, porque hoje em dia estas coisas podem ser divulgadas bem ao longe e importará saber-se onde fica o Viso, até porque pelo país fora há outras festas do Viso. De facto, em várias localidades portuguesas há o culto a Nossa Senhora do Viso, pelo que também por aí são conhecidas como as festas do Viso.

Ainda alguns outros pormenores, menores mas também importantes, como indicar "21H - Rancho de Lobão". Qual deles? É que lá existem dois e até já foram três. Será o Rancho Regional da Vila de Lobão ou o Rancho Folclórico de S. Tiago de Lobão? Também o Rancho de Sanguedo, designa-se como Rancho Folclório Santa Eulália de Sanguedo. É sempre bom chamar "os bois pelos seus nomes". Dentro da mesma falta de atenção, também parece-me que a missa marcada para Segunda-Feira, não costuma ser assim tão "solene" como isso. Ou neste ano terá novamente sermão, a Banda Marcial do Vale a acompanhar e foguetes a estourar a "Santos"? Ainda no que toca a solenidade, a missa vespertina de Sábado, na igreja matriz, será também solene? Talvez importe aqui, para não vulgarizar, distinguir o conceito de "solenidade" aplicado a uma missa. As missas em si são todas iguais no seu fundamento mas a solenidade festiva que se lhe empresta, essa ou tem ou não tem. 

Finalmente ainda um pequeno reparo: A forma escrita "Em honra da Nossa Senhora..." não é a certa. A forma mais correcta seria "em honra de Nossa Senhora". A preposição "de" é usada para indicar posse ou pertença, e  indica que a honra está relacionada a Nossa Senhora.

Palavra de honra, e juro de forma solene,  que isto são apenas reparos construtivos.

28 de maio de 2023

38 - No fim de contas apenas um número, um dejá vu

 


Conforme já o escrevi por aqui há algumas semanas, confesso que pelo andar arrastado da carruagem das últimas jornadas não tinha grande esperança de ver o Benfica a conquistar o seu 38.º título de campeão nacional de futebol da 1.ª Liga Portuguesa. Chegou a ter 10 pontos de vantagem e com possibilidade de chegar aos 13 mas acabou apenas com 2. Decidido ficou o título na última jornada vencendo com naturalidade o último classificado, o Santa Clara. 

Apesar disso, pela parte que me toca, sem qualquer entusiasmo e euforia. De resto nem vi nem ouvi o jogo apesar do seu carácter decisivo e festivo. E se nesta noite abri um bom espumante nem foi para celebrar tal coisa, mas antes pela amizade e convívio, não com benfiquistas, mas com um portista.

Isto porque, deve ser do raio da idade, já nada acrescenta e porque aprendemos a colocar cada coisa na ordem natural de importância nas nossas vidas. Ora o futebol, incluindo o nosso clube, numa época em que não passa de uma indústria que gere, recebe e paga balúrdios de milhões, onde os jogadores são profissionais, príncipes e idolatrados,  e tantas vezes meros mercenários, porque trocam de clube por uns trocos a mais no salário, já perdeu aquela mística verdadeiramente genuina e clubista onde havia uma coisa chamada amor à camisola e ao clube.

Quanto ao F.C. Porto, lutou naturalmente até ao fim, como é seu timbre, e na partida que poderia ser decisiva foi logo a partir dos 2 minutos de jogo que a coisa ficou inclinada a seu favor com uma estúpida e inexplicável expulsão (bem justificada) de um jogador do Vitória de Guimarães. O castigo de ser ultrapassado pelo Arouca foi mais que merecido. Há nódoas que não se apagam e só não apanharam 11 porque o Porto desligou quando sabia o resultado que corria lá para os lados da Luz e o Taremi à custa de uma inusitada (mas normal)  fartura de penalties sagrou-se o mellhor marcador da Liga. Mas foi merecido para o iraniano porque quem tanto mergulha acaba por nadar. E de resto, reconheça-se, é um excelente avançado.

Apesar disso, nas últimas jornadas o Porto manteve sempre o discurso de acreditar mesmo que não dependendo de si. Isto é crença e porque fica bem perante a massa adepta, mas é sobretudo fanfarronice. Quando não dependemos de nós próprios temos que o salientar e valorizar. Mas isto durou muitas jornadas e nas últimas até a imprensa azul e branca andou a alimentar a coisa e até foi desenterrar ao Japão um tal de Kelvin a recordar gloriosos milagres como se isso bastasse para decidir a seu favor algo que dependia dos outros. Ainda na véspera da jornada decisiva o habitual condicionamento dos árbitros. Mas até aqui é tudo natural e dali não se espera nunca que venha qualquer mérito ao adversário, nem por via de dúvidas. Um treinador que não sabe empatar nem perder e até nem vencer, andará toda a vida como aquele soldado que no pelotão considera que vai a marchar de passo certo e que todos os outros é que andam descompassados.

É futebol! Para a próxima será mais do mesmo, vença Benfica, Porto, Sporting ou qualquer outro. Será sempre um filme já visto, um dejá vu.

24 de maio de 2023

Racismo ou mais alguma coisa?

O futebol não se livra dos casos identificados como "racismo". Agora mais um, mediático, a envolver o futebolista do Real Madrid, Vinicius Júnior, insultado por adeptos adversários no jogo com o Valência.

Sinceramente, não sei se considero isso como racismo no verdadeio conceito do termo, mas se tão somente rivalidade levada ao extremo e dela a má educação, falta de respeito, facilidade e impunidade com que ainda se continua a atingir os outros, sejam eles jogadores, árbitros, dirigentes ou adeptos. Esta cultura de ofensa gratuita já é assimilada na própria rivalidade entre grandes clubes e a questão do racismo acaba mesmo por ser menor, até porque hoje em dia qualquer clube de futebol ou de outra modalidade tem tantos brancos como negros. Não é de todo por aí.

Se quisermos, esta cultura da ofensa já nos vem de pequeninos. Nos jogos distritais as provocações e ofensas, aos árbitros e jogadores e até aos adeptos forasteiros, porque geralmente em menor número, eram consideradas normais. Assim chamava-se tudo e mais alguma coisa: Termos como, filho da puta, corno, boi, monte de merda, cabrão, animal, paneleiro, etc, etc, eram o normal. E a coisa era a eito e as consequências eram em rigor nulas porque onde havia autoridades estas não queriam incómodos e os ofendidos raramente pediam a identificação dos ofensores. 

Por conseguinte, chama-se preto ou  macaco a um negro não por uma especificidade racista de fundo mas no geral apenas ofensiva. Ora quem ofende gratuitamente fá-lo nos termos que considera serem mais duros e incisivos para os ofendidos. 

Em resumo, eu próprio me considero anti-racista mas entendo que há nesta classificação muito exagero porque o que de facto está em causa é um mal muito mais amplo e generalizado que, como disse, é de má educação, fundamentalismo no conceito de adversário e rival e em muito pelo tal sentimento de impunidade porque, sobretudo nas bancadas de um jogo de futebol, quem ofende sente-se anónimo e protegido entre uma multidão composta pelos da sua facção. Quem é que como adepto não é ofendido no meio da claque adversária? Experimente um portista ir equipado com as cores do seu clube para o meio da claque dos "No Name Boys" ou um adepto benfiquista ir equipado de encarnado para dentro da claque dos "Super Dragões". Serão ambos respeitados na sua diferença? Tretas! No extremo poderão ir para o hospital. Se o adepto em questão  for negro no meio de brancos será racismo? E se for branco entre maioria de brancos será o quê? 

Assim sendo, ou não, vamos andando nisto e casos como este em Espanha é apenas mais um, como já foi em Portugal, na Itália, França, Inglaterra ou em qualquer país ou sítio onde haja adeptos em jogos de futebol e mesmo de outras modalidades.

E não pensem que estes maus exemplos acontecem a um nível profissional e mediatizado, mas até mesmo em jogos distritais e amadores e já nas camadas mais jovens. Insultos entre adeptos, pais e treinadores, são coisa comum.

Podemos ter irradiado ou controlado a violência física nos estádios, chamada de hooliganismo, mas a violência verbal ainda continua bastante activa, nomeadamente no meio de algumas claques. É pois necessário combater a violência como um todo e a verbal é igualmente condenável.

Mas lá vamos batendo na tecla do racismo porque dá jeito a algumas agendas.

23 de maio de 2023

Memória selectiva ou falta dela

À recente intervenção do ex-primeiro ministro e presidente da república, Cavaco Silva (por quem não nutro especial simpatia quanto ao estilo político), em que tece duras críticas ao actual governo de António Costa, alguns membros do Partido Socialista vieram a terreiro considerar essa posição como uma postura anti-democrática. O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que de brilhante apenas tem o apelido, acusou o ex- chefe de estado de utilizar uma “linguagem ofensiva e antidemocrática” nas declarações que fez sobre o Governo e o PS.

Acontece que a classe política, e calha a todos, tem nestas coisas uma memória selectiva e esquece-se que há sempre o verso da medalha e que até um velho single de vinil tem sempre o lado B.

Assim, veja-se que num relativamente passado recente, há coisa de uma dúzia de anos, em 2012, o Partido Socialista veio a público e numa carta aberta subscrita pelo então ex-presidente da república Dr. Mários Soares, desancar nas políticas do Governo PSD-CDS e pedir a demissão do primeiro ministro Dr. Pedro Passos Coelho. Veja-se de seguida a transcrição da notícia para perceber a tal falta de memória ou memória selectiva do PS ou mesmo falta de vergonha para agora virem fazer papel de moralistas e de virgens ofendidas como se o direito à crítica política seja coisa para meninos de coro.

- Da imprensa em 2012:

Um conjunto de 70 personalidades entregou em São Bento uma carta aberta em que é pedida a demissão do Governo, segundo apurou a Antena1. O documento, cujo primeiro subscritor é o antigo Presidente da República Mário Soares, acusa o primeiro-ministro de encaminhar o país para o abismo.

Outros subscritores da carta são deputados do PS e do Bloco de Esquerda, mas também figuras de outros quadrantes da sociedade portuguesa, como é o caso do escritor Valter Hugo Mãe. Este documento foi entregue em São Bento, com o conhecimento do Presidente da República.

A missiva considera que “o crescente clamor que contra o Governo se ergue como uma exigência para que o primeiro-ministro altere urgentemente as opções políticas que vem seguindo, sob pena de, por interesse nacional, ser seu dever retirar as consequências políticas que se impõem, apresentando a demissão ao Presidente da República, poupando assim o país e os portugueses a mais graves e imprevisíveis consequências”.

Em resumo: Onde é que ficamos? O que diz a isto o fosco Brilhante? 

15 de maio de 2023

Maus hábitos e piores comportamentos

Uma pessoa reles é sempre uma pessoa reles. Isto para não usar um eufemismo mais condizente com a terminologia vernácula popular. 

Assim, parece-me que alguém que deposita lixos na berma de um caminho ou num barroco, seja resíduos e entulhos de obras de construção, electrodomésticos, colchões, sofás, ou mesmo restos de limpeza florestal e de jardins, etc, não merece outra classificação. Podem até ser boas pessoas em muitas questões, estudadas e bem formadas e até estarem devidamente integradas na sociedade, como  se diz agora nos tribunais para amenizar comportamentos criminosos e reduzir as respectivas penas, mas em em rigor quando adoptam comportamentos destes, tanto mais que censuráveis nos tempos que correm, perdem muito daquilo que podem valer como cidadãos.

Infelizmente, estes maus comportamentos continuam a ter palco um pouco por todo o lado e basta um caminho que permita o acesso de um carro ou carrinha para que pela calada da noite, ou nem por isso e mesmo de forma descarada, se faça a descarga e tantas vezes de maneira que até seja difícil e remoção pelas entidades competentes.

É certo que os ecocentros são poucos e tantas vezes não passam de meras inutilidades porque no geral não garantem na totalidade os propósitos para os quais foram criados, mas mesmo assim não há necessidade destes atropelos porque bem ou mal vão existindo alternativas adequadas para dar sumiço ao lixo, nomeadamente quanto aos ditos "monos", havendo um serviço de recolha que pode ser solicitado. 

Um dos mais descarados atropelos ocorrre em pleno centro da freguesia num dos troços da Rua das Fogaceiras, entre Casaldaça e Gândara. Mas há mais, como na zona do campo de futebol e zona dos Corgos entre o lugar de Estôze e Azevedo. Até ali uma sanita se via, no que de algum modo é simbólico da coisa.

Em resumo, nesta questão de civismo e urbanidade ainda há um longo caminho a percorrer e das autoridades nem sempre se pode esperar grandes acções  de vigilância e intimação, porque as prioridades vão para o que dá nas vistas. Já os espaços mais escondidos, os caminhos menos utilizados, esses são pura e simplesmente abandonados na sua manutenção e limpeza, permitindo-se e facilitando estas atitudes de gente pequena.

Assim vamos andando!