Mostrar mensagens com a etiqueta Pessoais. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pessoais. Mostrar todas as mensagens

2 de novembro de 2018

Biblioteca Abade de Pigeiros


Como a casamentos e a baptizados vão os convidados..., apenas hoje tive a oportunidade de visitar a Biblioteca Pe. Domingos A. Moreira - Abade de Pigeiros. Foi uma visita guiada pela simpática responsável, Maria de Fátima, precisamente a sobrinha do Pe. Domingos, que demonstrou conhecimento e sobretudo amor e paixão pelo rico legado deixado por seu tio. Desde os simples mas emblemáticos objectos de uso pessoal e que demonstram o sentido arquivista do sacerdote e professor, até às obras mais significativas, passando pelos manuscritos, há de facto um imenso e importante espólio, naturalmente na sua maior parte a precisar de catalogação. 

Por conseguinte, não me surpreendeu que não tivesse resposta a algumas questões ou eventuais referências documentais deixadas pelo Pe. Domingos relativamente a Guisande onde foi administrador paroquial durante uma dezena de anos para além da frequente colaboração com o Pe. Francisco. Talvez noutra altura. Mas, registei, com emoção, o facto de também ter guardado um exemplar do jornal "O Mês de Guisande", precisamente o número especial sobre a celebração das Bodas de Ouro Sacerdotais do Pe. Francisco G. Oliveira, de Agosto de 1989.

Quanto ao espaço, tem a suficiente dignidade,  mas obviamente muito longe do que seria expectável e condizente. O pé-direito é baixo e o espaço livre nas diferentes salas é exíguo e nada compatível com o que se espera de uma moderna biblioteca com amplos e iluminados espaços para além dos requisitos técnicos de controlo de temperatura e ambiente. A este respeito colhi o sentir da responsável  mas obviamente que não interessa ao caso aqui o reproduzir.

Em todo o caso, é uma biblioteca rica e diversificada, obviamente que predominando as temáticas de interesse do Pe. Domingos A. Moreira, mas também com conteúdos mais generalistas e que podem colher a atenção de visitantes ou utilizadores menos estudiosos. No entanto, a interesse de todos e do próprio espaço convém que tenha a devida dinamização de modo a que, passada a novidade, não se torne num mero arquivo morto. Um espaço na internet, individualizado ou ligado à Biblioteca Municipal, será importante pelo menos, para já, como apresentação ainda que sumária, do espaço, dos seus objectivos bem como alguns apontamentos biográficos do Pe. Domingos. O trabalho até já está feito, bastando procurar reproduzir o que sobre ele publicou a revista "Villa da Feira" edição Nº 28 de Junho de 2011, da Liga dos Amigos da Feira. Certamente que com tempo farão isso, mas não deixo de me espantar que ainda não esteja online esse espaço próprio mesmo que numa versão simplificada.

1 de novembro de 2018

1, 2, 20, 30?


Em certa ocasião alguém terá perguntado a Galileu Galilei: - Quantos anos tens?
- Cinco, oito ou dez... - respondeu Galileu, em evidente contradição com as suas rugas, cabelo e barbas brancas.
Mas justificou:- Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais.

É verdade, muitos o sabem, faço anos neste emblemático dia 1 de Novembro, dia que a Igreja consagra a todos os Santos e Santas. E todos os anos, invariavelmente, sou cumprimentado por isso. Alguns cumprimentos sentidos, sobretudo de familiares e outros de circunstância, mas igualmente saborosos. Todavia, há sempre um misto de sentimentos porque, pelas características do dia, sou cumprimentado em pleno cemitério, onde me encontram. E assim, não apenas a partir dos 50 anos e da tal  curva do tempo e da vida, em que supostamente o percurso passa a ser de descida (sabe-se lá se aos céus se aos infernos), em tal cenário receber um cumprimento de parabéns lembra-nos de forma mais vincada a efemeridade da vida e o nosso inevitável destino terreno, ali, envolto em terra fria e sob uma pesada lápide de granito. É certo que em face da nossa crença e fé, aspiramos a que haja uma segunda vida, porventura mais gloriosa e menos infernal do que esta terrena, mas isso é apenas fé e tantas vezes fezada, pelo que sem certezas desse lado místico ou espiritual, importa que procuremos fazer desta vida terrena, enquanto por cá andamos, um pequeno céu. Por isso, a amizade e cordialidade entre outros bons valores humanos são sempre rumos certos que devemos procurar seguir e transmitir. É verdade que somos de barro fraco e nem sempre suportamos as pequenas ou grandes colisões do dia-a-dia, mas se formos capazes de fazer algum esforço nesse sentido, pelo menos não teremos passado pela vida  em vão. Não temos que passar a constar nos livros da História, não que sejamos fracos, mas , porra, pelo menos justificar uma ou outra lágrima sentida de quem por cá fica.

22 de outubro de 2018

Pelo menos tapem os buracos


De vez em quando por lá passo os olhos, no jornal online "O Mirante". Nele, mesmo que já recessa, de 2011, li a queixa de um certo António Bento, morador da freguesia de Pinheiro Grande  (actualmente integrada na União das Freguesias de Chamusca e Pinheiro Grande) relativamente ao suposto tratamento do seu presidente de Junta, não tratando de igual modo os seus habitantes,  ignorando o seu pedido de reparação dos buracos de uma certa estrada. Rematava dizendo que "...Eu não peço alcatrão na referida rua mas sim que se digne de tratar os habitantes de Pinheiro Grande da mesma forma e com o civismo que deve ou devia ter para com a minha pessoa."

Independentemente das razões do cidadão Bento para com o seu presidente de Junta de então, porventura resumem muitas das queixas de moradores de muitas outras freguesias e lugares destas, em que se sentem esquecidos e ignorados. 
Ora, em Guisande, à data, com mais de um ano de exercício da actual Junta percebe-se perfeitamente este sentimento de marasmo e inactividade, sem qualquer sinal de obra ou melhoramento por mais simples que seja, a ponto de já se ouvir as pessoas a dizerem precisamente isto: - Pelo menos tapem os buracos!

E há muitos para tapar e pedaços de estradas por refazer e há situações deploráveis como os casos de troços em estado reles como na Rua do Outeiro, Rua do Jardim de Infância, Rua Nª Sª da Boa Fortuna, junto ao cruzamento com a Rua de Cimo de Vila e várias outras, bem como a situação de águas no cruzamento da Rua da Igreja com a Rua das Quintães, que se arrasta há meses e com o pavimento a degradar-se dia para dia e ainda sem a chegada do Inverno.
De facto, não querendo pedir muito a quem tem o poder da decisão, pelo menos tapem os buracos. Se a tarefa for complicada, pelo menos os mais granditos. 

21 de outubro de 2018

Rock and rolas




São mais que muitas as rolas que por aí andam. Ainda neste ano fizeram ninho e criaram nos loureiros que tenho ao fundo do quintal. Gosto de as ver, calmas, sempre aos pares, ou então em reunião de bando como hoje ao início da manhã nuns cabos eléctricos de média tensão. De repente, um gavião, no caso um avião, que passou  bem por cima das rolas e estas esvoaçaram não fosse mesmo um gavião. Mas de aviões, parece-me que por agora são bem mais que as rolas e de há algum tempo que passam sobre o nosso céu a um ritmo impressionante, seja de dia ou de noite. Como diria o Futre, a descarregar paletes de chineses e outros turistas na cidade do Porto. Não surpreende, pois, que turistas pela Invicta sejam mais que rolas, ou mesmo mais que pardais. Não tarda que venham a ser mais que moscas e por ali já não se possa pôr pé. Como aprendemos no velhinho ditado "O que é de mais é moléstia".

20 de outubro de 2018

O poder de uma letrinha



O Centro Social S. Mamede de Guisande vai promover no próximo sábado, dia 27 de Outubro, a sua 2ª Noite de Fados. Por pessoa, 20,00 euros, com entradas e sobremesa. Será um pouco puxadito mas está inerente o objectivo de angariação de fundos para ajudar as responsabilidades financeiras da instituiçao. Assim, quem reconhece a importância da associação e seus objectivos e tem acompanhado o esforço da Direcção num contexto de dificuldades, dará por bem empregues o tempo o custo do jantar e a noite de convívio. Pelo contrário, quem não reconhece ambas as coisas, a importância e a dedicação, não tem que se preocupar porque falta faz quem cá está. E há sempre andorinhas que se perdem pelo caminho da Primavera mas esta não deixa de florir nem espera por quem não vem..
 
Em todo o caso, não esquecendo o título da prosa, estava eu a preparar o convite para o evento, a pedido do presidente do Centro, quando por lapso troquei apenas umas letrinhas na palavra "fados", trocando as posições do "a" e do "o". Toca a corrigir, é claro, porque mesmo que acompanhada por guitarra e viola ninguém quereria participar numa 2ª Noite de Fodas. Ou talvez sim, mas não seguramente nesse local e contexto.
 
Ora como este processo do Centro Social já tem conhecido "fodas" suficientes, algumas de quem menos se esperava, venham antes os fados e as guitarradas, que sempre têm o condão de nos alegrar a alma. Depois de um bom jantar a alma fica mais receptiva às melodias choronas da guitarra e com isso ajuda-nos a esquecer as "fodas" da vida.
 
Silêncio, que se vai cantar o fado!

11 de outubro de 2018

Cascatas...

Duas minhas ilustrações em venda na Shutterstock. Parecidas mas com algumas variantes. Técnica vectorial.

7 de outubro de 2018

É mesmo lázaro quem por ali pedala






Pedalando por Parada, S. Miguel do Mato, Fermedo, Belece, Lázaro, Cela do Arda, Borralhoso, Escariz. Como diria o Brandão, é preciso ser-se lázaro para por ali se enfrentar subidas com 20%. Mas podia ser pior, porque as paisagens compensam e recompensam.

1 de outubro de 2018

Auto simula(estimula)ções


São engraçadas as simulações online de seguros automóveis. No que devia ser apenas isso, uma simulação, para além dos compreensíveis dados relativos ao veículo, idade do condutor e tempo de carta de condução, eventualmente aqueles dados complementares de existência de garagem, tipo de utilização, extras, atrelados, estimativa de kilómetros/ano, etc,  as seguradores querem que lhes contemos toda a nossa vidinha. Por mim, dei o assunto como encerrado quando solicitaram como dados obrigatórios os elementos de identificação pessoal, contactos, morada, etc. 

Não tendo, pois, concluído a simulação, porque considero que tais informações pessoais não são necessárias à simulação e ao objectivo desta, não me surpreenderia que a seguir quisessem saber o nosso estado civil, a nossa tendência sexual, paixão clubística, religião, filiação partidária e se alinhamos em jantaradas de arroz de cabidela às sextas feiras, seguidas de orgias sexuais ou se no Verão vamos a banhos à praia do Meco e se usamos cuecas de fio dental ou ceroulas.

Bem vistas as coisas, estas auto simulações podem levar-nos a outras estimulações e excitações.

29 de setembro de 2018

Rabiscos à venda


Tenho estado a vender alguns dos meus rabiscos. Já o fazia em algumas outras conceituadas  agências (Dreamstime, 123RF, Alamy, Pixabay, etc), já com mais de um milhar de de diferentes ilustrações, mas comecei agora na Shutterstock, uma das mais conceituadas e exigentes neste meio.

Obviamente que não tenho grandes pretensões, mas se forem caindo uns trocos para o café, porreiro. Se der para a nata, melhor. Seja como for, numa das agências já facturei pelo menos para um bom jantar e noutra para um banquete. Sendo assim, toca a rabiscar já que, diz quem sabe e anda no meio, é preciso obviamente alguma qualidade mas sobretudo diversidade e quantidade para chegar a potenciais interessados.
Obviamente que também estou aberto a produzir alguma coisa personalizada para alguém interessado.
Se alguém quiser ir espreitando os trabalhos que por ali vão sendo disponibilizados, siga o link acima.

24 de setembro de 2018

Desconfiar é preciso


Como se suspeitava, Joana Marques Vidal, Procuradora Geral da República, não foi reconduzida no cargo. Poderia tê-lo sido, mas não foi. Em seu lugar o Governo nomeou Lucília Gago. Poderá ter sido para contrariar a pressão à direita, poderá ter sido apenas porque sim e lhe dava jeito.

Entre muitas leituras e questões, incluindo a de que o presidente da república e o 1º ministro ficaram chamuscados neste "fogo", achei curisosa a génese das justificações de António Costa e do seu Governo, a de que nunca tivera em mente reconduzir a Procuradora, porque se pretendia que a mesma não se sentisse pressionada nem de tal resultasse uma dependência da nomeada face ao nomeador, justificando-se basicamente nas virtudes da alternância e do mandato único, apesar de a Constituição não o prever. Afinando, obviamente, pelo mesmo diapasão, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, também reforça que "a existência de um único mandato é a solução que melhor respeita a autonomia do Ministério Público".

Ora se a independência da Justiça e dos seus agentes face ao Poder Politico está sempre a ser apregoada e enaltecida, porque raio é que o primeiro ministro e seus governantes vêm sugerir possibilidades de limitações, influências e pressões? Houve sinais de tal? Sintomas de cedência a eventuais e obscuros interesses?

Com estas justificações, será também legítimo estender tais pressupostos a todos os cargos públicos deste país? Se sim, que se comece por limitar mandatos a presidentes de junta, presidentes de câmara, deputados, ministros, presidente da república. Ou seja, porque assim pensa o Governo, mandatos únicos serão mais eficientes e menos "susceptíveis" de pressões, influências, acomodamentos, aproveitamentos, etc, etc.

Ora, de António Costa que daqui a meses tem a legítima pretensão de vencer as eleições e renovar o cargo de ministro primeiro, se possível com maioria, não seria mais adequado ao país, que se ficasse apenas por aqui e que desse o lugar a outro?

Por mim, acho que esta decisão passa em muito pelo facto do poder político na generalidade não ter gostado da actuação de Joana Marques Vidal, impertinente quanto baste porque investigando e acusando mais do que a anterior tendência de arquivamento. Acusar políticos e figuras públicas com o calibre de Sócrates, Vara, Salgado, clubes como o Benfica e ainda o caso do angolano Manuel Vicente que despoletou um clima "irritante" entre Portugal e Angola, não cai bem a um Estado que se quer sem irritações. Grande parte do poder político, mesmo que o apregoe, de facto parece não se dar bem com as questões de independência da Justiça, porque por vezes dá jeito que os pratos da balança possam pender um bocadinho. Se a justiça é cega, como dizem e a retratam, certamente que não dará conta de um ligeiro desequilíbrio, mesmo que um subtil toque.

Neste contexto e com estas razões, já gora com estes políticos, fiquemos todos desconfiados.

22 de setembro de 2018

Muito rock e pouca orquestra num sítio fresquinho

Nesta noite, o concerto dos The Bookkeepers com a Orquestra Milheiroense, anunciado como uma fusão de rock com orquestra, num espaço de lazer de excelência, na praia fluvial da Mâmoa, em Milheirós de Poiares, com entrada livre.

Sendo certo que não fiquei até ao fim, com uma hora e picos de espectáculo deu para perceber que a orquestra, exceptuando o maestro que ía tocando umas pianadas e ainda a intervenção pontual de alguns dos metais, no geral teve uma muita reduzida participação. De resto o estilo rock, mesmo que dito poético, marcado pela bateria e baixo não se compadece com as subtilezas da orquestra, sobretudo no que se refere aos instrumentos de cordas num espaço aberto.

Em todo o caso valeu a tentativa e a intenção. Sem o dizerem, percebi alguma desilusão dos mais velhos que iam abandonado o espaço e que certamente ali foram para ver e apoiar a sua orquestra. 
Um reportório todo em inglês, mesmo que viajando por Camões, Pessoa e Florbela Espanca, também não ajudou a prender uma boa parte da assistência alheia à língua de Shakespeare..
Em todo o caso, pareceu-me uma boa banda com uma sonoridade interessante. Pena que, principalmente para os milheiroenses, a participação da sua orquestra tenha sido quase meramente cenográfica.

20 de setembro de 2018

Força Bayern! - Força Schalk 04! Força Qarabag!



Tolerância é um termo que vem do latim tolerare que significa "suportar" ou "aceitar". A tolerância é o ato de agir com condescendência e aceitação perante algo que não se quer ou que não se pode impedir.
A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade. Uma pessoa tolerante normalmente aceita opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social. Este tipo de tolerância é denominada "tolerância social".

Esclarecido o significado, e face ao que ainda hoje li no Facebook, fica a questão: 

Podemos tolerar no Facebook um "amigo" que descarada e declaradamente torce por um clube estrangeiro adversário do nosso clube? Tipo, Força Bayern! - Força Schalk 04! Força Qarabag!
Admite-se e compreende-se que um determinado adepto possa ter esses sentimentos para com os clubes rivais, porque o sucesso dele reside no insucesso dos demais, mas, pôrra, expressá-los publicamente de forma contundente, provocatória mesmo, não parece nada apropriado nem respeitoso para com os "amigos" e demais comunidade, esta certamente diversificada nos gostos, nomeadamente clubísticos. Há, pois, um desrespeito básico nestas manifestações. Ora o desrespeito deliberado fere necessariamente o direito à tolerância. Ou não?

Em resumo, a tolerância é uma coisa bonita mas não merecida para quem abusa dos princípios por ela abrangidos, desde logo o fundamentalismo. Dito isto, "amigos" desses estarão certamente sempre a mais, mesmo que numa lista de redes sociais onde o conceito de "amigo" vale o que vale. Quando muito, temos na nossa lista, entre verdadeiros amigos, alguns "grunhos" a quem simpaticamente aceitamos como "amigos".

19 de setembro de 2018

José Coelho, que também é Gomes de Almeida



(Há uns anitos, à sombra do sobreiro junto à capela de Nossa Senhora da Conceição - Abelheira - Escariz )


(num encontro da LIAM em Fátima, ao lado das já saudosas D. Laurinda e D. Lucinda)

Quem não conhece o Zé Coelho? Pois bem, está hoje de parabéns. 92 anos feitos, porque quis o destino que nascesse no dia 19 de Setembro de 1926. Será já dos homens mais velhos da freguesia de Guisande. 
Tenho uma carinho e consideração especiais por este cidadão do mundo com o qual comecei a ter algum relacionamento a partir do momento em que recém chegado de África do Sul, por volta do final dos anos 80 veio ao estúdio da então Rádio Clube de Guisande, cantar umas cantigas acompanhadas pela sua guitarra de fados. Mais tarde, por volta da viragem do século, uma maior e frequente proximidade, participando nas reuniões, iniciativas e convívios do Núcleo da LIAM de Guisande, no qual estávamos então envolvidos. Eu de viola e ele de guitarra, foram muitas as cantigas ao desafio e a fazer dançar muita e boa gente com ritmos de viras e chulas. Mais tarde, que o instrumento era velho, comprou uma nova guitarra e deu-me a velha, que ainda guardo.
Infelizmente os anos passam e pesam para todos, sobretudo para quem já passa dos 90. Apesar disso, certamente que mais debilitado, passando já os dias no Centro Social em Gião, ainda temos a alegria de ter por cá o Zé do Coelho. Que ainda seja por muitos e bons anos. Parabéns Coelho!

Sobre a sua vida, ele próprio, em quadras que escreveu há alguns anitos (doze), faz uma retrospectiva da mesma. Poderia, depois disso, já ter acrescentado mais algumas, mas o que viveu já é muito, em idade e em experiências. De resto, como ele próprio diz na quadra final "...São histórias alegres e tristes, Mas com elas se faz a vida".


Nasci no ano de 1926
No dia 19 de Setembro.
Aqui conto minhas histórias,
De todas elas eu me lembro.

Minha terra é Guisande,
De Santa Maria da Feira,
Meu amor por ela é grande,
Será assim a vida inteira.

Com sete anos de idade
Comecei a ir para a escola,
E desde aí fui crescendo
Ganhando juízo na tola.

É para as queridas crianças
Que vou contar a minha história,
Recordar meus velhos tempos
Que tenho gravados na memória.

Eram tempos bem difíceis
Diferentes do que tendes agora,
Para a escola ia-mos a pé
E a pé vínhamos embora.

Não havia autocarros
Nem estradas alcatroadas,
Caminhávamos só por quelhas
Velhas, sujas e apertadas.

Só existiam três carros
Aqui, na minha freguesia,
Hoje há casas com dois e três,
O que não falta é burguesia.

Findado o tempo de escola
Logo comecei a trabalhar,
Mas procurando novos rumos
A África fui parar.

Foi em Outubro de 1954
Que para Angola emigrei,
Das dificuldades desse tempo
Vou contar-vos o que passei.

Foi Angola a escolhida,
Por ter língua igual,
Assim aprendi na escola,
Angola também era Portugal.

Passei por grandes dificuldades,
Algumas delas vou contar,
Pois não arranjava trabalho
E o dinheiro estava a acabar.

Só ao fim de alguns meses
Consegui o primeiro emprego,
Ali trabalhei vários anos
Com vontade, força e apego.

Era uma fábrica de cerveja,
E Cuca se chamava,
Bebida loura e fresquinha,
A muitos a sede matava.

Assim fui vencendo na vida
E muita coisa melhorou,
Mas foram tempos difíceis,
Comi o pão que o “diabo amassou”.

Durante o dia trabalhava
Só à noite fazia a comida,
Que guardava para o outro dia.
Assim era a minha vida.

Até a pobre roupa
Era eu quem lavava,
Como o clima era quente
Pela noite ela secava.

Assim trabalhei oito anos
Com amor e dedicação,
Mas ao fim desse tempo
Sofri nova desilusão.

Comecei de novo a sofrer
E a perder já a ilusão,
Pois em Angola rebentara
A chamada revolução.

Dez anos tinham passado,
A Portugal tive de voltar.
Angola estava em guerra
E era perigoso lá continuar.

Em Portugal passei dois anos
Sempre na vida a lutar,
Mas com saudades de África
Desejava regressar.

Foi para a África de Sul
Que desta vez emigrei,
E assim com outra história,
Vou contar-vos o que passei.

Facilmente arranjei trabalho,
Era coisa que lá não faltava,
Mas tinha outro problema
Era o inglês que não falava.

Todo o dia trabalhava
Mas à noite ia para a escola
Aprender a língua inglesa
E encaixá-la bem na tola.

Até para ir ao mercado
Comprar o que precisava,
Como não sabia falar inglês
Nem o dinheiro contava.

Assim fui aprendendo
Mas tudo um pouco custou,
É para vós saberdes, meninos,
O que o emigrante passou.

Trabalhando e estudando
Muita coisa aprendi,
Hoje, com meus oitenta anos,
Estou feliz por chegar aqui.

Meus dois filhos estão na África
E eu por cá, vivo sozinho.
É triste a solidão,
Mas Portugal é que é meu ninho.

Hoje tenho meus pensamentos
Em África e em Portugal,
Mas Portugal é minha terra,
Aonde nasci e sou natural.

Todos os anos de avião,
Meus filhos e netos vou rever,
Vou matar a saudade,
E um mês fico lá a viver.

Tenho filhos, também noras
E netos da vossa idade,
Que me fazem recordar
Meus tempos de mocidade.

Nas minhas férias em África
Sempre falo com muita gente
Relembro minha juventude
E vejo como hoje tudo é diferente.

Foi para vós meus meninos
Que escrevi a minha história,
Peço-vos que não a esqueçais
Guardai-a na vossa memória.

Se um dia tiveres que emigrar
Pensai bem antes de o fazer,
Mas por vezes até faz bem
Na vida um pouco sofrer.

 Desta feita vou terminar 
E fazer a minha despedida,
São histórias alegres e tristes
Mas com elas se faz a vida.

José Coelho Gomes de Almeida

17 de setembro de 2018

350


Não é nada de extraordinário, mas médias diárias de 350 visitantes únicos num blog pessoal de contexto local, como Guisande, não deixa de ser relevante. Pode significar muita coisa e nada, mas parece normal e legítimo supor que serão 350 visitantes diferentes que têm algum interesse pelas coisas que por aqui vou publicando e partilhando, umas meramente de carácter pessoal e outras igualmente pessoais mas que reflectem a visão sobre assuntos da freguesia e não só. 
Sendo médias, significa que nem todos os dias se atinge estes números, até porque nem todos dias há coisas novas, mas em certos assuntos e textos chega a passar de meio milhar de visitas o que não deixa de ser significativo. Destaque especial para a comunidade de emigrantes que demonstra o seu interesse e carinho pelas coisas da freguesia. São inúmeros os contactos e mensagens privadas que recebo, nomeadamente através do Facebook, dando conta do interesse e carinho por estas coisas que vou escrevendo e rabiscando, nomeadamente as que dizem respeito à realidade passada, presente ou futura da nossa terra.
Ainda há algum tempo, um emigrante em França confessava-me que todos os dias visitava tanto a minha página de facebook como o blog "A minha aldeia de Guisande" e ficava com um sentimento de ligação mais forte sempre que lia e via novidades.

Vale o que vale, mas fica aqui a nota.

16 de setembro de 2018

Momentos de história e sopa à lavrador


Há dias em que bastam dois, três ou quatro momentos e outros tantos pormenores para os considerarmos como salvos (os dias, claro). Hoje, por exemplo, no Monte do Viso, onde decorreu a I Festa das Colectividades da União de Freguesias, da qual fazemos parte, fiquei com a certeza de que as cantigas ao desafio podem ensinar-nos muitas coisas, incluindo trechos da História de Portugal. Disse-mo o meu inestimável amigo (permitirá que assim o trate, até porque a isso obriga os laços de parentesco) Tono Ribeirense, que, torcendo o nariz e o branco bigode ao estilo das cantigas que no palco iam sendo travadas entre o Borguinha de Braga (bom cantor e tocador) e a Naty (Natividade) Viera, da Póvoa de Lanhoso, esta mesmo com um "pipo" na barriga quase a fazer jus ao seu nome, para mais realçado de um macacão à Benfica, para ele, o "patriarca" do lugar do Ribeiro, o que por ali estava a assistir em nada se comparava com os antigos duelos entre o Augusto Caseiro das Caldas de S. Jorge e o Valdemar de Cucujães, em que o Augusto, qual professor universitário, a cantar lhe ensinou que o ilustre descobridor de Terras de Vera Cruz, Pedro Álvares Cabral, nasceu à sombra do bonito castelo de Belmonte. Ele que diz que nunca aprendera isso na escola, aprendeu-o numa quadra improvisada pelo Augusto. - Toma que é para aprenderes!

Outros bons momentos: Ver o Sr. Maximino Gonçalves (que não via há semanas), com boa cara, apesar do problema de saúde que atravessou. Com atenção e controlo (e um novo sorriso), está aí para durar. Ver ainda, a Ti São do Neves, vinda do lar onde se encontra a rever gentes e lugares que lhe enchem os olhos. 

Ainda tempo para uma curta mas boa conversa, muito informal, como Sr. Emídio Silva, responsável pela Horta Social e Comunitária da nossa União de Freguesias, triste pela falta de água na horta e por falta de mais alguma coisa. Ainda uma boa conversa com o David Neves, presidente da associação do Rancho Folclórico S. Tiago de Lobão, entre um fresca cerveja e não menos frescos tremoços e azeitonas. Um exemplo de associação dinâmica. multifacetada e inclusiva. Bem hajam!

No Centro Social de Guisande, por estes dias, muita gente boa a ajudar, como o Jorge Ferreira, sempre atento e disponível, o Fernando Almeida, o Celestino Sacramento, a D. Zélia, o Joaquim Santos, a Eduarda Sá e outros mais que perdoar-me-ão por não os chamar ou não me lembrar pelos nomes.

A finalizar: Uma merenda, quase, jantar, entre as tasquinhas do referido rancho e da associação Os Rodinhas BTT. Bom melão com presunto e rojõezinhos desta, a rematar com um misto de grelhados e uma sopa à lavrador daquela, sopa essa que estava à altura do nome, confirmada pela opinião da sogra que não se coibiu de repetir a boa tigela.  

13 de setembro de 2018

Paisagem - Ilustração


Acabada de rabiscar e partilha no Pixabay.

Sim, não e nim



Atento ao edital da convocatória da próxima sessão da Assembleia de Freguesia da nossa União de Freguesias, que terá lugar no próximo dia 21 de Setembro pelas 21:00 horas na Casa da Cultura, em Gião, no 6º ponto da agenda de trabalhos está programada a "Continuação da apreciação sobre a eventual desagregação da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande".

Considerando-se que já houve uma sessão de carácter extraordinário para debater este assunto, em 15 de Junho de 2018, e considerando ainda que supostamente a desagregação será um assunto que interessará a todas as quatro freguesias que compõem a actual União (ou não ?), pensei eu que a coisa já estava mais que resolvida e decidida a favor, caso o Governo se venha a manifestar receptivo a alterar a lei, tanto mais que várias freguesias do nosso concelho, incluindo a de Guisande, entregaram na Assembleia da República uma petição pública nesse sentido, com um número significativo de cidadãos eleitores. 

Todavia, pelos vistos, uma decisão que parecia fácil  e de consenso transversal aos partidos representados na AF, afinal ainda se arrasta, vestida de eventualidade, o que me leva a supor que pelo meio há pedras no sapato da vertente política, porque, nestas coisas da dita cuja, por vezes há a tentação de se dizer sim apetecendo dizer não, ou dizer não com a consciência a dizer sim. 

Mas vamos ter uma fezada que a coisa com mais ou menos discussão, mais ou menos embaraço, acabará por ir de encontro ao interesse da natural desagregação, sendo ela possível, claro. Na impossibilidade de uma pura reversão (que me parece mais plausível), pelo menos um ajustamento na composição da União das Freguesias, que esta nossa, conforme está e como sempre o disse, é natural e manifestamente desajustada e desequilibrada. Mas é apenas a minha humilde opinião, e mandará sempre quem pode.

10 de setembro de 2018

Não há 32 mas há 7




Passam sete anos, mas parece que foi ontem que o progresso aterrou na nossa pacata freguesia para esventrar parte dela, precisamente  onde, de algum modo, a natureza fluía sem grande intervenção do homem, penas umas leiras arroteadas, umas represas, uns caminhos, umas minas, uns moinhos e pouco mais. Mas as coisas são assim e a natureza e a floresta só são importantes e intocáveis para as pequenas coisas, como um muro à face de um caminho ou um barracão de guarda de animais e pastos que são atentados aos regulamentos e ferem, dizem, os planos de ordenamento, até porque uma enxada ou machado mal usados já fazem estragos na flora e alteram o perfil natural. Porém, para os grandes desígnios, a floresta e o solo agrícola e as suas minudências humanas tornam-se coisas descartáveis e teatro de grandes operações mecânicas que tudo revolvem, aplanam e pavimentam.
Assim, nasceu uma auto-estrada para nela, a toda a velocidade, porque apressada, passar os instrumentos da civilização.
Que traga, ao país e à região, bom proveito. Para alguns trouxe concerteza.

 Parece que foi ontem.