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15 de outubro de 2022

A família como morangueiras

 


As famílias e os seus membros são como estolhos de morangueiras que às tantas começam por aí a enraizar e a dar frutos ao largo e quando transplantados, mesmo que para longe da cepa materna, continuarão a produzir os mesmos frutos.

Neste sentido, parece-me que em todas as famílias e sobretudo nas numerosas, às tantas perdemos o fio à meada e temos por aí dispersos, primos, segundos e terceiros,  que até, eventualmente, se cruzam connosco nos cruzamentos do dia-a-dia mas que não passam de desconhecidos e como tal não há partilha de acenos nem cumprimentos.

Isto acontece na minha família, tanto na parte de meu pai como de minha mãe e acontecerá no geral com todas as famílias. E claro, quando no estrangeiro já ramificados, a coisa piora quanto ao contacto próximo.

Pessoalmente tenho procurado pelo menos seguir os primeiros ramos da árvore paterna e deles os rebentos e frutos primeiros, mas depois disso a orgânica das células e a química da vida continuam os seus passos de multiplicação e torna-se tarefa mesmo impossível confinar todo o morangal num único vaso.

Mesmo com as actuais ferramentas que possibilitam o contacto com gente de longe, as coisas são mesmo difíceis e complexas tanto mais que, por força do desligamento e das circunstâncias da vida, a separação e o desligamento aconteceram já há muito. 

Não há papel capaz de comportar o desenho de uma tão grande árvore genealógica a abarcar gerações passadas e presentes. Mesmo uma árvore digital é complexa de gerir e de actualizar. Teria que ser uma tarefa comum a todos os ramos, mas isso, convenhamos, é uma missão digna de Hércules.

Neste aspecto, são importantes os encontros e convívios familiares, o registo e actualização das árvores genealógicas, e até temos alguns em Guisande, mas no geral, quando muito aparece apenas uma reduzida percentagem dos membros catalogados, muitos deles até de perto da base mas que desprezam esta questão de encontro a fraternização entre os seus.

Tantas vezes, somos estranhos dentro da própria família. De resto o que seria dos rebanhos sem as suas ovelhas negras e ronhosas?

Neste contexto de perda do caminho dos membros familiares, ainda há dias faleceu em Pigeiros um meu primo paterno, que sabia ali viver, até por informação de outro primo que de quando em vez o contactava, mas em rigor já não o veria há longos anos e por conseguinte nem a esposa, nem os filhos e muito menos os netos, meus segundos e terceiros  primos, são por mim conhecidos. Este é um exemplo comum a quase todas as famílias.

Para além disso, parece-me, no geral nota-se um desinteresse pela valorização da família e da sua história e por isso, não surpreende que ao fim de duas ou três gerações se perca o fio ao novelo base.

É o que é, porque nestas como em muitas coisas do nosso actual modo de vida, para o bem e para o mal, vão rolando desta maneira. Colocámo-nos como o centro do universo e tudo o resto é colateral.

12 de outubro de 2022

Lugar do Viso


Quando à tardinha o sol se põe, dolente,

O lugar do Viso fica todo dourado,

Como se nele toda a sua gente,

De ouro o tivesse pintado.


Que benção, que graça, concerteza,

Prendar os olhos com esta vista;

Só mesmo do pincel da natureza

Sai um quadro de fino artista.

11 de outubro de 2022

Contentamento

Contentamento é sair pela manhãzinha

Ainda com o sol, sonolento, a levantar,

Seguir o caminho que dará a algum lugar

E ver a sair do ninho a doce avezinha.


Contentamento é beber no puro regato

A frescura prateada da sede consolada,

Sentir no bosque a sombra esverdeada,

Até mesmo acariciar o tojo no mato.


Contentamento é entrar no velho moinho,

Já nú, vazio, despojado da alma sem dó,

A moer uma doce compaixão naquela mó.

Como um velho entre paredes, sozinho.


Contentamento é mergulhar na limpidez

Da água fresca da mina na velha represa,

Sentar na erva do chão como se fora mesa

E, em merenda, saciar o suor outra vez.


Contentamento é subir ao outeiro no Outono

E aos prenhes ouriços, abrir-lhes as entranhas,

Encher os bolsos fartos de doces  castanhas

Porque dizem, se no caminho, não têm dono.


Contentamento, é afinal, ter tão pouco,

Bastando, não mais, que o poder sentir,

Que se tem tudo mas sem nada possuir,

Ser inocente, puro ou, porventura, louco.

4 de outubro de 2022

O prometido é devido

Conforme antes anunciado, do resultado da venda do meu livro infantil "O meu vizinho camelo", doarei 20 % (2 euros por livro) ao fundo da UNICEF para ajudar nas suas campanhas de cuidados médicos e escolares a crianças subnutridas da região do Corno de África, como Somália e Etiópia.

É certamente um valor simbólico, mas que naquele contexto faz muita diferença. A UNICEF através destes donativos estima salvar a vida de 9 em cada 10 crianças com subnutrição aguda que são tratadas pelas suas equipas no terreno. Mas o número de crianças que procuram ajuda tem estado a aumentar e o preço do alimento terapêutico que as pode ajudar estima-se que suba cerca de 16% nas próximas semanas.

Assim, sem perder tempo, concretizei já ontem um primeiro donativo de 150 euros correspondentes aos 75 livros vendidos na sessão de apresentação e dia seguinte.

Claro está que se vier a vender mais unidades (e tenho já vários livros sob reserva) será posteriormente efectuado o correspondente donativo.

Escusado será dizer que este donativo não é só meu mas de todos quantos adquiriram o livro.

Em nome das crianças que beneficiarão da ajuda, bem hajam!

2 de outubro de 2022

Num mar colorido




Na apresentação do livro de género infantil, “O meu vizinho camelo”, pouco sentido faria se elas próprias, as crianças, não marcassem presença e, mais do que isso, de forma activa.

Assim, logo de princípio, e com o total anuimento da Junta da União de Freguesias, na pessoa do seu presidente, David Neves, defini que seriam criados alguns momentos intercalares com leitura de contos, e no caso, porque não concebo contos infantis sem serem ilustrados, acompanhados com as ilustrações.

Um dos momentos consistiu na leitura de quatro pequenos contos, de autoria de Maria Isabel César Anjo, com magníficas ilustrações da saudosa Maria Keil, cada um referente às quatro diferentes estações do ano. Perfeitos exemplos de conciliação e complementaridade do texto e da ilustração.

Creio que funcionou muito bem. Bem sabemos que as crianças, tanto mais quando juntas, navegam num barco colorido sobre ondas de imaginação e envoltas nesse constante balouçar, alheiam-se dos olhares dos adultos. Ora na sala, esse mar colorido era quase literal. 

Percebo que às tantas, com os discursos chatos dos adultos, e com o avançar das horas, as crianças já começavam a querer continuar a sonhar, mas já não nesse mar agitado e colorido que se instalou na sala mas nos seus vales de lençóis.

Mas no geral, valeu a pena, por nós, adultos, e certamente que por elas. Claro que gostaria de ter mais crianças a ler, mas naquele contexto parece-me que foi na medida certa quanto possível.

Pegando neste parâmetro do possível, preocupei-me em ter ali mais crianças para além das que foram solicitadas e procurei chamar pais com crianças e vários disseram presente. Estiveram, por isso bastantes, mesmo, sabendo que, infelizmente, elas vão sendo raras nas nossas comunidades como consequência do nosso modelo de sociedade. 

Mas as coisas são como são e não valem a pena lamentos e comparações com as três ou quatro crianças que agora nascerão em Guisande anualmente, com as 30 que nasciam há 50 anos atrás.

Bem haja às crianças presentes, às que leram de forma empenhada e naturalmente aos pais.

Teremos que pensar mais à frente num qualquer evento em que o tema seja só os livros e contos infantis em que o protagonismo seja só delas, das crianças.

Bem hajam a todos.

Nota: Peço desculpa aos pais e a elas próprias por as expor aqui, mas é por uma boa causa.

Utopia

Num Outono vestido de Primavera,

Reuniu-se um conclave de sonhos e utopias

Em que tomaram a palavra as palavras

Para dizerem, simplesmente: - Estamos aqui!


Nada mudou porque ainda és quimera,

Trilhas os caminhos que já seguias,

Duros, por onde só passam as cabras,

Mas, mais à frente, algo espera por ti.


O sonho, a realidade? Seja lá o que te for dado,

Importa sonhar, sempre, nem que seja acordado.

29 de setembro de 2022

Redundância

Olhar com olhos de ver,

Falar com a boca plena,

Escutar com as orelhas todas,

Apalpar com os dedos tácteis.


Mas diferente poderia lá ser?

É de rezas, repetidas, a novena

As mulheres são dadas a modas,

Umas difícies, outras fáceis.


Que mania esta e nossa, a de redundar.

Mais do que mania, chega a ser ânsia,

A de repetir, teimosamente a teimar,

Em que tudo seja assim, redundância.

27 de setembro de 2022

Falar bem, maldizer, o fácil, o difícil

Não tenho muitos amigos no Facebook.  Em número ainda não reuni 500. Talvez porque desses terei pedido amizade apenas a meia dúzia. De todos os demais tive o privilégio de me terem solicitado amizade. Também terei recusado outros tantos, desconhecidos, ou de raparigas bonitas com nomes abrasileirados que nos aparecem por cá com uns convites para partilhar coisas boas. Mas como sou de um tempo em que aprendi a desconfiar de grandes esmolas a troca de palha, prefiro recusar tais generosas "amizades".

Desses quatrocentos e muitos amigos que tenho nesta rede social, naturalmente que serão bem menos os que me têm mesmo como amigo e  menos os que tenho como tal. Alguns até parecem inimigos, mas, vá lá, toleram-se.

Mas ainda bem que assim é. Fossem esses quatrocentos e muitos, bons e verdadeiros amigos, daria uma trabalheira a tratar deles. Sim, porque a amizade, é dos livros, deve ser cultivada. Ora cultivar amigos e amizades não é como plantar batatas, cebolas ou alhos. É bem mais trabalhoso e requer o uso de bom estrume, rega frequente e cuidado na protecção contra as inconstâncias do tempo e parasitas.

De certo modo, um cultivador de amigos e amizades é como um lavrador, que comprometido com as suas culturas, não tem horas para se deitar, para comer, enfim, não tem tempo para tratar de si próprio porque por vezes preocupado com os outros.

Nos tempos que vão fazendo os dias presentes, convenhamos, a malta de um modo geral não gosta de empregos de lavrador. Prefere o certo ao incerto, pegar e despegar a horas normais; Andar de espinha direita, com mãos sem calos e unhas sem terra ou estrume. Talvez por isso o negócio de quem pinta e decora unhas está em alta.

Não perdendo o fio à meada, dizia que de todos classificados pelo Facebook como meus amigos, naturalmente que sempre que tenho oportunidade e pretexto, sobre um ou outro mais próximos, gosto de os enaltecer, nas suas virtudes, mesmo que com alguns humanos defeitos, com sentimento mas sem paninhos quentes. No fundo, exercer e aplicar a tal analogia de usar bom estrume nas plantas para que estas sejam produtivas.

Mas, por isso, dou comigo a pensar e mesmo a confirmar, que nestes coisas de falar e escrever bem sobre os outros, os nossos amigos, mesmo que não entrando em intimidades, mas apenas raspando no lado público, é bem mais difícil do que falar mal, de maldizer, criticar. 

Não supreende, pois, que a norma, porque mais fácil, seja o dizer mal, desprestigiar, desconsiderar. E estas acções nem precisam ser executadas na forma de escrita. Há muitas outras formas, por vezes mais penosas e acutilantes  porque subliminares, ocultas. E deste mal padecemos todos. Não me excluo. 

A vida, é pois, uma aprendizagem permanente. É como um mar amplo em que, desde que se aviste um farol a rasgar o breu da noite, há sempre tempo de virar o leme, de fugir aos penhascos traiçoeiros, em última análise, evitar o naufrágio.

Em conclusão ou remate, devemos sempre teimar em realçar o lado mais positivo das coisas e de modo especial, das pessoas. Terão, naturalmente, facetas escondidas, mas talvez nelas a luz supere a escuridão e bastará isso para prevalecer um centelha de humanidade. Afinal, até as plantas mais espinhosas dão doces e saborosos frutos.

26 de setembro de 2022

Ao longe, o mar

Aqui e agora, no tempo pleno e no espaço,

Doce e macio, qual fruto a cair de maduro,

Não sei o que pense, não sei o que diga

Que de substancial possa pensar ou dizer.


Sinto-me de cima abaixo envolto em cansaço,

Como peregrino amassado num caminho duro,

Como trovador com a boca seca, sem cantiga,

Como criatura vivida já pronta a morrer.


Mas será essa a natureza dos seres,

Uma contemplação de coisa perdida,

Quando, afinal, enquanto puderes,

Há ainda caminho, há ainda mais vida?


Pois bem! É levantar, então a fronte,

Na serenidade plana de um rio avançar,

Porque a vida começa, ténue, na fonte

E só se cumprirá no encontro do mar.

25 de setembro de 2022

Sublimação


Sou uma rocha de musgo vestida,

Incrustada em seio de montanha

Sob a asa sombria de um carvalho,

Num longo, perene, dia de Verão.


Sou solidez inerte, mas com vida,

Impossibilidade da física, façanha.

Sou pequeno, ínfimo, pouco valho,

Num desvanecimento em sublimação.


Não mais que gás, molécula em deriva,

Poeira cósmica presa à gravidade,

Sou só pedra amorfa, orgânica, viva,

Cidadão da terra, pó, humanidade.


A. Almeida


"Sublimação" é um poema que nos leva a uma reflexão sobre a existência humana e sua relação com a natureza e o universo. Através de sua linguagem poética, o autor utiliza metáforas e imagens fortes para expressar a dualidade da vida e a transitoriedade da condição humana.

O poema é composto por três estrofes de quatro versos cada com um esquema de rima ABCD, ABCD, EFEF. Mesmo sem uma métrica perfeita e clássica, apresenta um ritmo fluente da leitura, tornando a poesia agradável de ler em voz alta.

A primeira estrofe apresenta uma imagem poderosa da rocha de musgo, retratando-a como uma parte integrante da montanha e protegida pela sombra de um carvalho em um longo dia de verão. Essa descrição da rocha ressalta a ideia de estabilidade e permanência, reforçando a noção de solidez.

A segunda estrofe traz uma reviravolta no discurso, em que o eu lírico se percebe como uma "solidez inerte, mas com vida". A poesia explora uma aparente contradição entre a inércia da rocha e a presença de vida, abrindo espaço para uma reflexão sobre a complexidade da existência humana. O uso da palavra "façanha" sugere que a coexistência desses elementos aparentemente opostos é uma conquista notável.

Na terceira estrofe, o eu lírico se apresenta como alguém de pouco valor, contrastando com a grandiosidade da natureza que o rodeia. Essa sensação de pequenez pode estar relacionada à busca por significado na vida ou ao sentimento de insignificância perante o universo vasto.

A quarta estrofe traz a ideia de sublimação, que é a transição direta de uma substância do estado sólido para o estado gasoso, sem passar pelo estado líquido. Essa metáfora pode representar a transformação do eu lírico em algo maior e mais abstrato, uma transcendência da condição humana.

A poesia é rica em metáforas e imagens, criando uma atmosfera simbólica e contemplativa. O uso da natureza como pano de fundo para as reflexões do eu lírico reforça a conexão entre o homem e o ambiente em que vive. A rocha, o carvalho, a montanha e o dia de verão representam a imutabilidade e o ciclo da vida natural, enquanto o eu lírico tenta compreender sua própria existência diante dessa grandiosidade.

A dualidade presente no poema (solidez e vida, gás e poeira cósmica) reflete a complexidade da condição humana, que é, ao mesmo tempo, finita e efêmera, mas também intrinsecamente conectada ao universo e à natureza. A sublimação, apresentada no último verso, sugere a possibilidade de transcender a forma física e material para algo mais etéreo, destacando a busca por significado e sentido na existência humana.

Em suma, "Sublimação" é uma poesia que convida o leitor a contemplar a natureza, a transitoriedade da vida e a busca por um propósito maior. Através de metáforas e imagens vívidas, o poema desperta reflexões sobre a dualidade humana e a relação entre o homem e o cosmos.

A.Almeida

30 de maio de 2022

Paz interior



Tanta canseira afadiga o homem

Além de tudo quanto diz e faz;

Coisas fúteis que o consomem

Quando, afinal, lhe basta a paz.


Esse afago de mansidão interior,

É, afinal, o bem mais precioso:

Desperta sereno o negro turpor

De um viver triste, só, doloroso.


A paz calma como bem supremo,

É como lago na placidez da água,

Em que apenas o doce bater do remo

O desperta à vida, o viver sem mágua,


Homem, pára! Afrouxa esse fragor

Medonho de todos os teus rios

Feitos de água de lágrimas e suor

E dá-lhes a calma dos vales macios


A.Almeida

19 de maio de 2022

Desespero

Desci já ao poço mais fundo,

Negro, frio, de uma tristeza sem fim;

Corri no alvoroço do mundo,

Cego, vazio, numa palidez de marfim.


Assim triste, indolente, sem vida,

Um mar de dúvidas logo se agiganta;

O caminho torna-se beco sem saída

E dele tentar fugir, que adianta?


Mas nessa lassidão de má sorte

Que nos tolhe, mutila, emudece,

Talvez ainda, por última prece

Venha o prémio, a paz, a morte.


A. Almeida

2 de maio de 2022

O valor do agradecimento


Tenho, em diversas ocasiões, contribuido com donativos para causas que me sensibilizam, pessoal, animal ou pela natureza, mas com pena por não o poder fazer mais vezes e de forma mais substancial. Todavia, mesmo que de forma simbólica, procuro fazê-lo sempre que a causa me parece honesta, justa e fundamentada. Mais recentemente, na campanha do Movimento Gaio para aquisição de um terreno na serra da Freita, para reflorestação com arborização autóctone (objectivo já conseguido). Também ali deixei o meu simbólico donativo.

Isto sem bandeiras, mas apenas para salientar que em várias dessas ocasiões em que contribuimos era expectável um agradecimento, mesmo que simples e breve, ou mesmo, vá lá, automático. Mas nem sempre há esse retorno. 

Ora o agradecimento fica sempre bem a quem pede e recebe.Não é necessário que seja público, acompanhado de fanfarra e foguetes, mas bastará que discreto e pessoal.

Por conseguinte, em alguns dos serviços de partilhas de ilustrações em que participo, recebo muitas vezes alguns donativos, a que no meio se designam por "café"; ou seja, alguém gosta do nosso trabalho, aproveita-o e de forma reconhecida pode doar um qualquer valor para "se tomar um café". Ora sempre que isso acontece, e felizmente muitas vezes, procuro sempre agradecer, mesmo que seja 50 cêntimos ou 1 euro. 

Ainda agora, a troco da imagem aqui publicada, uma ilustração muito simples como fundo (background), base decorativa para mensagens, recebi 50 euros de uma italiana. Dá para cafés para o mês todo e ainda sobra, mas naturalmente que, para mais de forma expressiva, dá gosto ser reconhecido e por isso o agradecimento é tão saboroso como a recompensa.

Infelizmente o valor do agradecimento anda pelas ruas da amargura porque enfunados com a nossa importância e com os nossos reis na barriga, somos pouco dados ao agradecimento, ao reconhecimento ao "obrigado!",ao "obrigada!, ao "parbéns!". Em contraposição, o normal é a inveja. 

Somos, no geral, uns mãos largas no que toca a distribuir inveja e ressentimentos.

Se chegou até ao fim de texto, obrigado!

24 de abril de 2022

Pe. André Almeida Pereira - Missa Nova













Neste dia 24 de Abril de 2022 celebrou Missa Nova na sua terra Natal, S. Vicente de Louredo, o Pe. André Almeida Pereira, dos Missionários Passionistas.

Um orgulho ter um sacerdote na família. Que Deus o proteja e lhe dê uma vida repleta de bênçãos ao serviço da Igreja.

21 de abril de 2022

Um livro ao professor Rodrigo


Ontem tive o ensejo e o prazer de oferecer o meu simples livro ao professor Rodrigo Sá Correia.

Sendo um "risco" oferecer um nosso livro a alguém que foi professor, e sobretudo de português (creio não estar enganado), certamente que a sua leitura terá sempre esse sentido analítico e admito que não faltarão por ali, no livro, algumas coisas a merecer reparos no olhar de um professor, mas como nesse aspecto tanto a publicação como seu autor não se apresentam como pretenciosos, creio que me há-de relevar.

Em todo o caso é mesmo um prazer a simples oferta, porque tenho de há muito uma natural consideração por esta figura guisandense, pela sua relevância enquanto cidadão e pela sua longa intervenção cívica na sua, minha e nossa freguesia. Desde atleta do Guisande F.C. dos primeiros tempos, bem como pela sua participação como dirigente e sobretudo como autarca, naturalmente que me merece uma natural estima e consideração. Guisande bem que precisaria e ganharia com mais pessoas com a sua bagagem cívica e intelectual.

Para além de tudo, sempre que com ele contactei, não só em contexto pessoal como inclusive em representação da Junta da União das Freguesias (nomeadamente no processo de compra/venda de um seu terreno contíguo ao cemitério), mostrou sempre ser afável, receptivo, compreensivo, dialogante e pragmático. Ora nem sempre estas virtudes abundam em muitos de nós na nossa freguesia, já que tendemos a complicar o fácil, a dificultar o óbvio e a esgrimir a importância do nosso rei na barriga.

Naturalmente que todos aqueles por quem tenho como amigos ou pessoas de estima, me merecem igualmente a mesma deferência mas penso que é de justiça realçar aqui de forma muito simples e pública a figura e pessoa do Prof. Rodrigo Sá Correia, mesmo com as naturais diferenças e posicionamentos que possamos ter.

Fica, pois, aqui esta referência.

14 de abril de 2022

Bora lá, borra cá

Por tudo e por nada,

Por esta palha dá cá,

Já é frase cansada,

O "malta, bora lá!"


Apetece dizer; -Basta!

De tão foleiro que soa.

Já cansa de tão gasta

Porque se diz tão à toa.


Não que não se possa,

Dizer a interjeição,

Mas, assim, faz mossa

Na fala da perfeição.


Pois, bora lá, isto!

Pois, bora lá aquilo!

O borá lá, está visto,

Vende-se, e bem, ao quilo.


De tanto falar, bora lá,

Calão usado e abusado,

Por borá lá, por borra cá,

Ainda se acaba borrado.


Vá lá, só mais um bora, lá!:

Pronto! bora lá! Acabou!

Já, pois, não está cá

Quem tal coisa assim falou.

Paradoxo existencial

E quem não sonha, acordado,

De olhos fixos, luzentes,

Ou quem não viaja, parado,

De pés cansados, dormentes?


Somos o que não somos, até,

Que sejamos o que quisermos:

Deitados, morrendo em pé,

Alevantados, no chão enfermos.

Ao Senhor do Bonfim


Ali, na capelinha sobranceira

Ao regato que embaixo passa,

Está Jesus, o Senhor do Bonfim;

Porque numa prece derradeira,

Em alcançando tamanha graça

Alguém lá a fez, simples assim.


Quando a fé ao divino se abraça

O Homem toma-se de tal coragem,

Mas poucos  sabem porque  o foi;

Dizem que por atendida a graça

De um bom fim em penosa viagem,

Ou por resgatado à morte um boi.


A. Almeida

13 de abril de 2022

Peregrinar



No bucolismo verde de antigos caminhos

Percorro com sede  memórias passadas;

Eu e minha alma, avançando sozinhos

Sem que nos acossem as almas penadas.


O caminho, diz-se, faz-se caminhando,

Com o passado atrás e futuro adiante;

Mas, que estranho, se recuo avançando,

Com o tão perto, lá atrás, bem distante.


Importará ao homem, a cada momento,

Por os pés ao caminho, enfim, caminhar,

Indo ao encontro como santo peregrino;


Nesse caminhar solitário, benfazejo,

Há rosto e lábios à espera de um beijo

Há uma vida e depois morte por destino.


A. Almeida

12 de abril de 2022

"Palavras floridas" - O meu primeiro livro

 


Recebi hoje os exemplares do meu primeiro livro que havia mandado imprimir. Tem o título de "Palavras floridas - Porque a poesia é Primavera". São quase 200 páginas com alguns simples poemas e alguns curtos contos e outros escritos.

Por ora não estará à venda, sendo essencialmente par oferecer a familiares, amigos e a alguém por quem tenha estima e que dê algum valor a estas coisas da escrita e poesia.

Sem desconsideração por tantos familiares e bons amigos, a quem entretanto pretendo ofertar, como disse, fiz questão que o primeiro exemplar do meu livro "Palavras Floridas" fosse oferecido ao Carlos Cruz (Cruzadas. 

Desde logo como retibuição da sua simpática oferta do seu também primeiro livro "Ao longo dos tempos", e porque também, sem querer, faz agora parte desta dupla de "loucos" dispostos a perder tempo e a gastar umas coroas com estas coisas de livros, tanto mais com uma "léria" chamada de poesia.

Como o refiro no livro, "...se duas andorinhas não fazem a Primavera, ajudarão certamente a que seja mais florida".

Posto isto, não espero muito, mas com a esperança de que um pardal  possa ver um dos seus como colorido.

Entretanto, estou a preparar o próximo, a sair, se não antes, daqui por um ano.