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22 de junho de 2020

Antes do Centro Escolar, quando a escola era o centro

Hoje pergunto se não há escolas porque não há crianças, ou se não há crianças porque não há escolas, ou porque não há uma coisa nem outra porque queremos um futuro baseado num presente que cada vez mais desrespeita o passado?
 
É claro que há escolas, super-escolas, concêntricas, sem dúvida, com mais condições, mais confortáveis, com mais de tudo e porventura com mais de nada.

Pobre país, que até rasgou o mapa com auto-estradas, de norte a sul, de poente a nascente, mas pouco ou nada fez para impedir a desertificação do interior, ajudando à eutanásia das nossas aldeias. Na maior parte delas restam poucos, os "entas", porque com raízes profundas presas ao granito ou ao xisto, mas crianças, nem vê-las ou se sim,  raridades. 

Estamos definitivamente em extinção e não é só demográfica.  É mais do que isso. Muito mais. É também de valores e da desvalorização do conceito de família e comunidade. Até a porcaria da reforma administrativa veio dar um golpe nessa coisa de identidade comunitária e orgulho de pertença às raízes. Até isso!

As velhinhas escolas primárias, como a da imagem, algures numa das nossas aldeias, são agora monumentos  ao vazio. Mas nesta puta de dicotomia do copo poder ser visto meio cheio ou meio vazio, há sempre quem ache que o que importa é que tenha alguma coisa para beber. 
É isso! Habituámo-nos a meias doses, a meios copos meio cheios ou meio vazios, e talvez por isso andemos sempre insaciados! A plenitude é apenas filosofia! 

11 de junho de 2020

Foge, Mário!


A propósito da saída do Governo de Mário Centeno, ministro das Finanças, o primeiro-ministro António Costa contextualizou para justificar o abandono  que "...a vida é feita de ciclos e que por isso compreendia e respeitava a decisão do seu ministro".
Não deixa de ser verdade o que disse António Costa, mas esqueceu-se que na política e sobretudo num Governo, os ciclos são determinados por legislaturas e por compromissos assumidos para com o país e os eleitores. Ora definir o términus de um ciclo quando ainda não está decorrido um ano sobre a tomada de posse do actual executivo, convenhamos que assim os ciclos são quando cada um quiser e o compromisso é uma mera balela, sobretudo quanto não há motivos fortes e pessoais que o justifiquem bem como aparentemente também não de incompatibilidades políticas e de confiança até porque a saída foi anunciada com beijinhos e abraços entre Centeno e Costa.

Mas adiante. Certo é que este desfecho estava já anunciado pelas entrelinhas e sobretudo depois do disse-que-não disse sobre a injecção de milhões no Novo Banco.
Confesso que não tenho grande opinião técnica sobre o ministro em saída. Foi mais um.

Do apelidado "Ronaldo das Finanças", a percepção que eu, e muitos entendidos, têm de Mário Centeno, é que foi sobretudo o "ministro das cativações" e daí não surpreende que se vanglorie pelo tal excedente orçamental histórico. De resto falar num excedente orçamental soa a ridículo quando sabemos o valor da dívida pública. É como estarmos a fazer contas a poupanças ignorando a quem devemos. Mas, ok, linguagem técnica.

Neste contexto de cativações, em que vários sectores do Estado sofreram fortes impactos, como o SNS - Serviço Nacional de Saúde, faz-me lembrar uma história que por cá se conta sobre um certo rapazola, já reformado, que terá muitas economias, não porque tenha tido grandes empregos nem seja reformado da função pública ou de antigas edps, cps e telecoms, mas porque, simplesmente, fazia uma vida de forreta e de pendura. Dizem, até, que ainda terá guardada a nota de 500 escudos que terá recebido de prenda da comunhão solene. Ora este Centeno, de algum modo, mostrou ter estes dotes da poupança, no que é positivo, pois claro, poupar é preciso, mas não de uma forma quase obsessiva, retendo e cativando em quase todos os ministérios, inviabilizando e adiando obras e investimentos. 

Trazendo a coisa para o nosso contexto, é quase seguro dizer-se que o facto de o nosso Centro Social de S. Mamede de Guisande ainda não estar a funcionar plenamente devido à tal falta do acordo de cooperação com a Segurança Social resulta disso mesmo, de adiamento de anteriores decisões tomadas porque sem a disponibilidade de verbas, tudo porque o abaixamento do défice tornou-se uma obsessão para lá mesmo do tal limite dos 3%.

A meu ver, Mário Centeno sai precisamente num momento e num contexto em que o Governo e o país mais precisariam. É pena e de algum modo uma desilusão. Mas há quem prefira abandonar o barco  enquanto está calminho, antes da tempestade chegar ao cais.

Foge, Mário!

10 de junho de 2020

Interrogatório


Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso deste Dia de Portugal e de Camões, fez sobretudo perguntas. Mas às suas perguntas não pode esperar unanimismos nas respostas, mesmo dando de barato que a nossa sociedade parece que começa a embrutecer nos cânones do politicamente correcto e a estreitar o caminho para quem pense diferente. Não tarda a democracia a ser ela mesmo uma ditadura a definir os parâmetros politicamente correctos, legislando sobre os bons, os maus e os vilões, como numa clássica cowboyada.

A determinada altura do discurso interrogatório do nosso presidente, diz que "...Portugal não pode fingir que não existiu e existe pandemia, como não pode fingir que não existiu e existe brutal crise económica e financeira. E este 10 de Junho de 2020 é o exacto momento para acordarmos todo para essa realidade”.

É verdade que não podemos fingir mas isso em grande parte é o que todos temos estado a fazer desde o início da coisa. Fingimos que estávamos preparados, fingimos que o SNS estava à altura, fingimos que o uso das máscaras era contraproducente, fingimos que todas as outras doenças, consultas, exames, cirurgias, tratamentos, eram adiáveis, fingimos que por estes dias os únicos mortos eram da pandemia, fingimos que o acréscimo médio de mortes para além dos relacionados à Covid-19 era um número sem importância porque fora do radar geral da imprensa e do escrutínio de uma comunicação social amestrada, fingimos que decretar a suspensão do país era algo imperioso, porque ou isso ou a extinção da humanidade e dos bravos lusitanos.

É verdade que a "brutal crise económica" existe mas as reais consequências ainda estão para vir, sendo que o Governo, incluindo o presidente, não podem "tirar o cavalinho da chuva", para o bem e para o mal, e fugir às suas  responsabilidade de que uma boa percentagem desta "brutal crise económica" decorre das suas medidas de determinar a suspensão do país. Não podemos atirar a pedra e esconder a mão atrás das largas costas da pandemia. Muitas decisões terão sido necessárias, claro que sim,  mas outras terão tido uma enorme dose de exagero e desproporcionalidade, incluindo o anedótico estado de emergência e a patética proibição de saída dos concelhos, sobretudo na forma e nos critérios.

A pandemia é uma realidade, séria, que pode arrastar qualquer um de nós, sobretudo os mais idosos e vulneráveis, que não pode merecer desvalorização, mas exige simultaneamente  medidas equilibradas e proporcionais e não como uma rede de arrasto onde vai peixe graúdo e miúdo. 

Neste 10 de Junho,  no geral Marcelo foi igual a ele próprio, com um discurso redondo, moldado para agradar a gregos,  troianos, fenícios e cartagineses. Não duvido que também tenha agradado à maioria dos portugueses  mesmo que porventura tenham sido poucos a dar-se ao trabalho do o ouvir em directo, porque começa a ser mais do mesmo.

Brincar aos aviões



Confesso, saloiamente, que nunca estive num aeroporto  nem pus os pés dentro de um avião. O mais próximo disso terá sido algures numa Festa do Viso de outros tempos em que por lá se instalava um carrocel de aviões.
Por conseguinte, até ao momento, a necessidade de viajar de avião tem sido tão dispensável como uma dor de dentes.
Arrelia-me, pois, com fundamento, que a maioria dos nossos Governos tenham na TAP um autêntico poço sem fundo onde o dinheiro de todos nós, incluindo dos que nunca viajaram de avião, como eu, é ali despejado à tripa farra, de forma desmedida a pretexto, dizem eles, da importância estratégica da coisa para o país e da diáspora. Se querem a minha opinião, que tal estratégia se foda e mais quem apregoa isso!.
A coisa é tão simples quanto isto: Quem viaja, por férias ou trabalho,  que pague os custos inerentes. Não pode nem deve beneficiar de borlas, de descontos ou de passagens pagas abaixo do preço de custo. Não é pedir muito. Apenas que funcione a lei do mercado. 
Mas como nestas coisas vamos todos de anjinhos, o nosso Governo prepara-se para lá meter mais umas pázadas de dinheiro (+ 1200 milhões). E digam o que disser, porque nestas coisas as desculpas são sempre muito tecnicamente rebuscadas para enganar parvos, será dinheiro sem retorno e os prejuízos e a dívida, como a nossa pública, continuarão a galopar.
Já não há paciência para estes desmandos. Se não tem viabilidade a TAP, administrem-lhe a eutanásia e desliguem as máquinas. Não faltarão outros aviões. Nem que seja algures num carrocel.

7 de junho de 2020

Manifs

As manifestações, certas manifestações, são do caraças. Sabemos como funcionam até porque têm clientes certinhos a fazer lembrar o dono do "O MEU CAFÉ"  que mesmo sem o ver já tirava o café para o Ti Manel que dali a exactos vinte segundos entraria na tasca e apresentar-se-ia no balcão. Muitos anos a virar frangos.

Com "certas" manifs, às tantas ficamos sem saber se é puro folclore, um instinto gregário, um "Maria vai com as outras" ou se de facto há alguma propósito de verdade em cada um dos participantes .
É que, como diz o outro, "se fosse para cavar batatas não apareciam tantos". Ou como dizia ainda outro, "duas horas a sachar milho e a limpar matos, amaciariam muitas ideologias". 

Fazem-me, ainda, lembrar o inesquecível sketch humorístico com o saudoso Óscar Acúrcio na frente de uma manifestação a reclamar em uníssono "-Queremos trabalho! Queremos trabalho!." Às tantas, alguém de fora dirige-se a ele a diz: - Ó amigo, pode vir que eu arranjo-lhe trabalho!. - Ao que ele responde: - "Ó amigo, com tanta gente aqui e você vem logo ter comigo? Foda-se!".

Mas a malta gosta é de pândega, de bandeiras e slogans, de desconfinar, e como os filhos da Ínclita Geração, há rituais necessários e qualquer cidade serve para servir de Ceuta e acrescentar mais um degrau nos currículos porque mais tarde há-de fazer jeito.

1 de junho de 2020

Há burros que recusam cenouras


Os jornais online "Observador" juntamente com o "Eco", ambos detidos pela Swipe News, recusaram o "apoio" do Governo à comunicação social no contexto da crise da pandemia da Covid-19, por considerarem "falta de transparência no processo", posição criticada pelos restantes intervenientes.

A maioria, com o Grupo Impresa que engloba o Expresso e a SIC e a Media Capital que integra a TVI, com a boca mais larga e faminta, aproveitou da teta generosa a mama governamental (que é como quem diz,  o dinheiro de todos nós).
Pelo contrário, o Observador vale-se do apoio da própria comunidade de leitores e assinantes e até há poucos minutos e desde há poucos dias contava já com um apoio de 130  mil euros. 

Não tenhamos ilusões, o Governo naturalmente espera que a comunicação social agora apoiada não seja mázinha com a mão que lhe dá a papa. Quanto à publicidade institucional é apenas um subterfúgio para enganar tolos, já que a sua importância é muito relativa e dela estamos todos fartos, desde os alertas de todas as cores sempre que chove ou dá sol.

Recorde-se que o Observador teria acesso a apoios travestidos de contratos de publicidade institucional num valor inicialmente indicado como cerca de 19 mil e picos euros para depois ser corrigido pelo Governo para  90 mil e picos euros de um pacote total de 11,2 milhões de euros  sendo que a Impresa – dona da SIC e do Expresso – e a Media Capital, que detém a TVI, ficam com quase sete milhões.

É certo que os dois referidos jornais online podem não ser os melhores exemplos de imparcialidade que se pretende, mas não me parece que a medida do Governa esteja de todo isenta de "inocência". Mas há naturalmente quem ache que sim, até mesmo quem acredite no Pai Natal.

29 de maio de 2020

Pilatos cumpre as normas da DGS


Rezam as crónicas que o conhecido Bairro da Jamaica, no Seixal (um dos 200 bairros ilegais na Grande Lisoa), está com um preocupante foco de infecção de Covid-19, aparentemente em transmissão nos cafés.

Ora todos sabemos que os cafés estiveram encerrados até há poucos dias. Mas é claro, que o Bairro da Jamaica é um caso especial em que por lá não entra a polícia e quando entra é desautorizada por um presidente tretas. Assim é um mundo próprio, uma espécie de enclave, intocável, com muralha de tijolo, que sobrevive e resiste a tudo o que é norma, lei, regulamento. Mas, pelos vistos, não resiste ao vírus.

Creio que ouvimos todos, por estes dias, em horário nobre da TV, um suposto líder de uma associação dos moradores do bairro clandestino/ilegal dito da Jamaica, a dizer que a maioria dos moradores não trabalhava, o que nos pode levar inocentemente a perguntar, então vivem do quê?

Mais disse ainda que o pessoal como não trabalha vai para os cafés, e novamente a inocente pergunta, mas então se não trabalham, se não têm rendimento, vão para o café só para fazer sala?

Disse ainda que o pessoal não tem dinheiro para comprar máscaras. Pois, para cerveja e máscaras é mais difícil.

Mais disse que muita gente que anda pelo bairro não é de lá. Serão então turistas, a apreciar a paisagem? Deve dar movimento aos cafés, o que é bom.

Depois faz confusão aqueles edifícios em tijolo assente por aprendizes de pedreiro e repleto de antenas parabólicas, sendo que é normal já que todos sabemos que a MEO, a NOS e a VODAFONE são uns amigos e adeptos das borlas.

Tanta coisa que havia a dizer sobre o contexto desde característico bairro, mas hoje em dia apontar o dedo a alguém ou a alguma comunidade que tenha a pele mais pigmentada é mote para acusação de racismo e xenofobia, como se exigir que o respeito pelo cumprimento das normas, das regras e da lei por parte de todos seja um sacrilégio. Vão por aí, que vão bem!

Perante isto, todas as entidades, desde o Estado à Câmara do Seixal, vão lavando as mãos como fez Pilatos, de resto o que até está na moda e é recomendado pela DGS. 

Mendicidade com marketing


Noutros tempos, ditos da velha senhora, eram comuns os mendigos e deficientes, uns verdadeiros, outros disfarçados, outros oportunistas, ambos a mendigarem e a pedirem esmola, ora pela porta, ora pelas feiras e romarias, apelando à caridade humana a troco de uma prece apressada ou apenas de um estender de mão.

Certo é que, passados 46 anos após a revolução do 25 de Abril, são largos milhares os portugueses que vivem na pobreza e passam fome. O Banco Alimentar, esse pedinte colectivo, tem dado mostras do aumento dos casos de pedidos, sendo que, pela tal vergonha, serão a ponta do icebergue.

Envergonhadamente, esta realidade tem sido disfarçada, mas perante um Estado consecutivamente incapaz de cumprir as garantias de Abril, a mendicidade continua em força, só que agora de forma mais sofisticada e mesmo persistente, através dos meios de comunicação social. 

Mas com excepção destas, para muitos ideólogos, "minudências", o país porta-se como se vivesse à rica, recebendo a esmo "emigrantes" e "refugiados", que na maioria dos casos, mesmo que apenas com o pretexto de saltar para uma Alemanha ou Inglaterra, só contribuem para aumentar o número de pobres e dependentes da caridade ou de apoios em cash.

Devemos ser solidários, concerteza, mas juntar pobreza e precariedade à pobreza não serve a ninguém. Mas há quem ache que sim e porque fica bem cumprir cotas. Já diz o velho ditado que quem não tem dinheiro, não tem vícios.

14 de maio de 2020

Palhaçadas

Falando sem papas na língua, e respeitando naturalmente quem tem opinião contrária, estou-me borrifando, para não dizer cagando, para o desfecho da nossa 1ª Liga de Futebol. Podem até até já terminar e dar o título ao F.C. do Porto, como anular a época, ou, como parece que vai ser, concluir o resto dos jogos, mesmo que à porta fechada. Aliás até devia ser com a porta e com as janelas. Tudo fechado!

Em todo o caso, de todas as soluções, a mais aberrante é sem sombra de dúvidas aquela que, como a que foi adoptada para a 2ª Liga, atribui títulos, subidas e descidas, sem que se tenham concluído todos os jogos. Pode, pois, ser uma decisão administrativa mas nunca  de verdade desportiva. Um campeonato é uma competição de regularidade em que todos jogam contra todos. Não cumprir estes requisitos, é obviamente uma farsa para não dizer uma palhaçada. Quantos títulos, subidas e descidas não se têm decidido nos últimos minutos e mesmo segundos na última jornada?

Para além do mais, o disparate é ainda maior quando não há uniformidade para o desfecho de todas as competições, nomeadamente as do futebol profissional. Porquê uma decisão para a 2ª Liga e outra totalmente diferente para a 1ª Liga? Falta de tomates nos decisores?

8 de maio de 2020

Critérios

Gosto de pedalar a subir a forte rampa da ponte do rio Inha ao lugar de Parada-Louredo (Rua do Emigrante), o que faço semanalmente (ainda ontem), e agora de forma mais suave, pois o piso levou tapete. 
Compreendo algum grau de relativa interioridade do lugar, que deve naturalmente ser tida em conta, e terá sido por aí, mas parece-me, contudo, que numa lógica de bons critérios, havia e há ruas bem mais degradadas a carecer de repavimentação, até  mesmo na freguesia de Louredo e Vale (aqui, por exemplo a Rua da Fonte, no lugar da Costa Má). 

Em contrapartida, na mesma Rua do Emigrante, o troço entre a ponte do Inha e o lugar da Pena, esse sim, estava muito degradado e há imenso tempo, pelo que foi naturalmente justa e justificada a sua repavimentação que ocorreu já há alguns meses. 

Obviamente que será escusado indicar as ruas em Guisande que estão ao nível dos melhores caminhos de cabras e por isso na lista de espera. Na altura na Junta, elenquei as mesmas como de necessidade, mas, claro, o pedido e o alerta caíram em saco roto.

Mas agora, tendo em conta o caso relatado da Rua do Emigrante, em Parada, vá lá perceber-se estes critérios das repavimentações!

4 de maio de 2020

Exemplos e Figuras


Depois das declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, que de algum modo davam a entender que poderiam ser realizadas as celebrações do 13 de Maio no Santuário de Fátima, cumprindo-se as regras e normas de segurança recomendadas pela Direcção Geral da Saúde, estive de seguida para escrever umas palavras a desejar que a Diocese de Leiria-Fátima não voltasse atrás com a anterior decisão de cancelamento das cerimónias abertas aos peregrinos, escusando-se assim a fazer a má figura e a dar o mau exemplo daqueles que, de forma algo tosca, a roçar o patético, como no Parque Eduardo VII, em contra-mão com o que se exigia aos portugueses, a teimarem em festejar o 25 de Abril na Assembleia da República e o 1º de Maio, como se as manifestações de carácter politico e ideológico, tivessem primazia sobre as demais, nomeadamente as religiosas.

É certo que seria apenas um desejo, mas não foi preciso o incómodo  porque a decisão foi, a meu ver, no sentido correcto. Ao reiterarem o cancelamento, fizeram, a Diocese e o Santuário, o que tinham que fazer, mantendo a anterior determinação. Até porque, parece-me, as palavras da ministra poderiam ser uma espécie de casca de banana para incautos e um procurar amenizar a contestação generalizada às tais celebrações de índole político em contraponto às proibições de carácter religioso, nomeadamente no período pascal.

27 de abril de 2020

Emergências

Ouvi ontem a opinião de um Constitucionalista e no geral disse o que eu sempre pensei: Grosso modo, para as medidas adoptadas pelo Governo nestas semanas em estado de emergência, não havia necessidade de recorrer ao mesmo. A Lei de Bases da Protecção Civil e de saúde pública seria mais que suficiente, tanto mais que o Governo vinha a louvar o comportamento exemplar dos portugueses. Mas o senhor presidente da república, quis ficar na história, entre outros exageros, por mais este, e a rapaziada foi quase toda atrás.

Como dizia o mesmo especialista, é perigoso e confunde a população, uma vez que esta saindo de um estado de emergência tenderá a não compreender que entrando num estado de calamidade as privações e medidas sejam na prática as mesmas, em consonância com a posição do PCP que considerou a prorrogação do estado de emergência como "desnecessária e desproporcional", contribuindo para a sua "banalização", no que concordo em absoluto.

Em suma, de forma exagerada e desproporcional temos estado privados de direitos fundamentais, incluindo o de correr riscos por conta própria. Pode-se questionar ou argumentar que o direito de correr riscos por conta própria não pode colidir com os direitos dos outros, o que é verdade, mas não é isso que acontece no dia-a-dia num estado de normalidade. por exemplo circulando na estrada? Por má conduta ou por avaria mecânica ou por outra circunstância não podemos acidentar, ferir e mesmo matar terceiros? Devíamos, por isso, ser proibidos de circular num permanente estado de emergência?

26 de abril de 2020

Chapeladas


Abstenho-me de comentar a colocação de coroas de flores pelas Juntas de Freguesia nos cemitérios, desde logo porque considero que o encerramento de cemitérios, sobretudo em pequenas aldeias, é um exagero exagerado, não obstando à importância do cumprimento de regras básicas. 

Em todo o caso, porque me parece que de um modo geral as Juntas estão desaparecidas em combate, pelo menos aqui em Guisande não se dá por ela quase há três anos, também se poderia pensar em colocar coroas fúnebres em muitas das nossas ruas, autenticamente mortas, tal é o seu estado de degradação. Mesmo em Gião, hoje passei pela Rua das Cavadinhas e ontem na Costa Má, no Vale, pela Rua da Fonte, e parece-me mau de mais, mesmo considerando que estamos em quarentena. Definitivamente, de um modo geral o conceito de Uniões de Freguesias está a precisar de ventiladores ou mesmo de uma coroa fúnebre na porta de cada sede.

Mas isto sou eu, o Chapeleiro Louco a exagerar, porque nada disto parece ser verdade e na Rua do Outeiro acabei de passar pelo Gato de Cheshire enquanto vou a caminho de uma reunião com a Raínha de Copas.

23 de abril de 2020

Nem tudo bem, nem tudo mal, antes pelo contrário


Todos os dias lá temos a conferência de imprensa do Ministério da Saúde e da Direcção Geral da mesma. Não tarda, começará a haver apostas sobre os números a divulgar.

Para lá da questão dos números e das curvas, e porque os números são pessoas em concreto, pode-se ficar com a ideia de algum aligeiramento da gravidade da situação, mas há outras realidades que só se percebem por portas e notícias travessas. 

Como ontem se noticiava, de casos não ligados à Covid-19, terão morrido pessoas em número substancialmente superior se comparativamente aos números médios da mortalidade no país numa amostra entre 2009 e 2020. Os números relativos a Março deste ano, não contando com os referenciados à Covid-19, têm sido avassaladores e para o caso não contam os de acidentes de viação os quais têm reduzido. Nunca os seguros automóveis pouparam tanto.

Ora não é difícil perceber as causas nem é preciso ser-se doutor e especialista para as conclusões. Desde logo porque alguns, muitos, morrerão vitimados pelas consequências do vírus de que se fala, sem que a elas fique relacionado. Por outro lado, o sistema puxou demasiado o lençol para a cabeça e descobriram-se os pés, pelo que o nível geral de acesso ao sistema de Saúde e aos seus serviços decaiu sobremaneira, a ponto de a população por estes tempos não poder ficar doente. Cirurgias, análises, exames e consultas desmarcadas e adiadas. Uma deterioração geral da qualidade na Saúde, física e mental, incluindo a saúde oral, vacinação (ainda ontem se noticiava um retrocesso na vacinação de crianças, nomeadamente contra o sarampo), redução da prontidão e eficácia dos serviços de urgência. Recomendações para não se recorrer aos serviços de urgências, mesmo com casos de sintomas claros, etc, etc.

Em resumo, como diria alguém, as coisas por cá não estão bem nem mal, antes pelo contrário. Poderemos ter motivos para estarmos optimistas na evolução do controlo da pandemia, mas classificar a actuação do Governo como exemplar parece-me francamente exagerado, já não falando no tal "estamos preparados" que dele se ouvia com optimismo no final de Fevereiro e que se mostrou uma autêntica falácia e que de algum modo ilustra todo o actual contexto. Como um aprendiz de atirador, entre tiros nos pés e muitos ao lado, vai sendo tempo do Governo acertar alguns no alvo, mesmo que não se espere que no centro.

Depois há a questão de economia, mas essa é outra luta, sendo que ambas estão naturalmente ligadas.

A ver vamos.

21 de abril de 2020

Frei João de cravo na lapela


"Da imprensa: A líder parlamentar do PS,  defendeu hoje a importância reforçada de assinalar o 25 de Abril no parlamento em período de emergência, considerando que as críticas feitas têm uma motivação "ideológica" e não de defesa da saúde pública."

Perante tais considerandos de Ana Catarina Mendes (Ferro Rodrigues não diria melhor), não temos hipótese para com estes democratas. Basta-lhes colocar um cravo vermelho na lapela para que fiquem dotados de super-poderes, quais super-heróis detentores de toda a reserva da boa ideologia, a do lado certo da História. Os outros, os não alinhados, são todos uns arruaceiros, uns fascistas, ideologicamente impuros. 

Felizmente, podemos sempre optar entre o assistir à celebração e aos discursos sempre tão entusiásticos quanto previsíveis e o ir ao mato arriar o calhau, porque liberdade é também poder baixar as calças, não para gestos de subserviência, para tão fisiologicamente apenas cagar.

Deixem, pois, que o Frei João pregue aquilo que não toma como exemplo. Celebrações da Páscoa, missas, funerais, não? Celebrações políticas e revolucionárias, com políticos muito bem remunerados, com boas pensões, vitalícias, sim, concerteza!

19 de abril de 2020

A democracia é um canivete suíço.


Eu não sei se partidos e figuras como o CHEGA e André Ventura vão subir nas intenções de voto com o contexto da pandemia e das crises que dela já veio e virão. É assunto que me merece tanta preocupação como saber quem vai ser o campeão do nosso futebol. Mas sei, ou pelo menos parece-me na minha modesta opinião, que se sim, figuras e personalidades como as de Ferro Rodrigues têm dado um importante contributo. O homem tem feito pela vida para que cheguemos todos para lá.

Em todo o caso, como o recado que o nosso presidente da Assembleia da República não resistiu a dar a um representante do CDS, que se mostrava contrário à cerimónia presencial da celebração do 25 de Abril, é apenas a democracia a funcionar e  a cerimónia vai ter lugar, doa a quem doer, porque a maioria dos deputados assim o determinou. 

Nada, pois, a obstar. Afinal, Ferro Rodrigues, como Trump, Bolsonaro e outros que tais, podendo estar em lados opostos e com funções diferenciadas, são frutos da mesma democracia, na mesma dose de cretinice ou no mesmo extremismo. Como num canivete suíço, mostram diferentes garras mas acomodam-se todos, aconchegadinhos no mesmo corpo.

16 de abril de 2020

O que não precisamos é de Fest

Pode não ser pela cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina, mas seguramente não será pela música a esmo nas redes sociais que lá vamos no combate à Covid-19. Chego a questionar se as rádios estarão fechadas em quarentena. 

Em todo o caso, ao contrário das referidas drogas, tal como as velhinhas pastilhas Melhoral, a música nas redes sociais não fará bem nem mal, antes pelo contrário.

Mais grave seria a TV Fest,  o festival da monumental estupidez, como o classificou o João Miguel Tavares. Felizmente foi cancelado. Houve pelo menos algum decoro, sendo que a nódoa lá ficou e custa a crer que no actual contexto tenha sequer sido equacionado gastar 1 milhão de euros com alguns artistas a dar-nos música.

Portugal inteiro


De algum modo procurando compreender quem não concorda, parece-me que esta história do norte e do sul, a propósito de um legenda infeliz por parte da TVI, que num trabalho jornalístico relacionou uma maior incidência de Covid-19 no norte de Portugal com uma população "com menor educação, mais pobre e envelhecida", tem de algum modo mostrado muito do que somos, uns exagerados, para o bem e para o mal, reagindo muitas vezes de forma desproporcional e num seguidismo de "a Maria vai com as outras". Porventura, digo eu, tendo sido infeliz, a TVI não merecia tanta importância e destaque.

Criticamos os países do norte da Europa por criticarem os do sul, por os catalogarem com o cliché de apenas gostarem de "siestas", vinho e mulheres, mas quando a coisa nos toca, lá vêm posições de críticas a Lisboa e ao sul, porque o norte é que trabalha, porque Lisboa é que gasta, mouros, corruptos, etc.

Em resumo, para além da gaffe da TVI, que por ela já pediu desculpas, parece-me que muitas das reacções de um modo geral se nivelaram por baixo, desde logo porque mesmo admitindo que o fez de forma infeliz e irreflectida e sem medir as consequências e devia saber que se vivem tempos em que um peidinho nas redes sociais se torna rapidamente num trovão seguido de tempestade da grossa, a TVI não representa, de todo, o sul nem o seu pensamento quanto ao norte. E nestas coisas de ofender gratuitamente, sem procurar expor posições fundamentadas e racionais, somos todos uns ases. Em suma, mesmo acreditando na boa fé da TVI, creio que se pôs a jeito e não havia necessidade. Mas também não foi caso para reacções tão fundamentalistas e agressivas.

Por outro lado, estas aparentes divisões, que não fazem qualquer sentido 900 anos depois do estabelecimento da nação por D. Afonso Henriques e sua prole, mostram que muita gente não reconhece de que massa se faz um país, mesmo que territorialmente pequeno como Portugal. São as suas diferentes idiossincrasias, as diversas culturas e delas as características próprias, moldadas por diferenças geográficas, em suma, a diversidade, que fazem a riqueza de um país, de uma nação. 

Andamos bairristicamente a cantar virtudes de cada uma das nossas pequenas aldeias, porque os de Guisande consideram-se diferentes e melhores do que os de Lobão, das Caldas e de Louredo, e vice-versa, e depois vimos para aqui com estas reacções despropositadas e mesmo desproporcionais que em muito desautorizam quem pretende falar com alguma moralidade.

Mas haja alguma tolerância porque é disto que a casa gasta, e num tempo propício à paranóia, estas quezílias servem para alimentar os fazedores de "memes" e frases feitas.

Somos todos Portugal e este é feito, se quisermos, por Norte mas também por Centro, Sul e Ilhas. Somos e devemos ser um Portugal inteiro!

15 de abril de 2020

Dançar conforme a música

De "uma falsa sensação de segurança", a uma "recomendação de uso geral".
Quando se pensava que o Governo só sabia dançar o "Vira", afinal parece que já sabe e recomenda a dança do "Fandango". Daqui a duas semanas já saberá dançar o "Corridinho". 
Quando a coisa terminar já será mestre em danças de salão.
Não havia necessidade, desde logo porque até qualquer leigo percebia que o uso da máscara generalizado era um aspecto positivo contra a propagação do vírus. Qual o preço desta teimosia e desacerto do passo?


11 de abril de 2020

Estamos preparados...

Título principal:
Num país de optimistas e num estado de prontidão, o Carlos Abreu é um desmancha-prazeres. 
Título alternativo ao título principal: A mania de não se dar crédito às vozes da oposição.
Título alternativo ao título alternativo: Todos calados, era uma virtude.

29 de Janeiro de 2020
"A ministra da Saúde, Marta Temido, assegura que os hospitais portugueses estão preparados para lidar com uma eventual epidemia de coronavírus e que a situação está a ser tratada de forma "tranquila, mas rigorosa"."

28 de Fevereiro de 2020
"A ministra da Saúde sublinha que o país está preparado para lidar com casos de Covid-19.
A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou, esta quinta-feira, que um cenário semelhante ao de Itália, onde mais de 600 pessoas estão infetadas, “é bem possível que aconteça em Portugal” mas sublinha que o país está preparado, numa entrevista à Sic Notícias."

01 de Fevereiro de 2020
Carlos Abreu, deputado do PSD:
"Estamos preparados? Sim, tal como estávamos nos incêndios de 2017"
Ex-deputado do PSD critica a forma como Portugal está preparado para tratar um caso suspeito do novo coronavírus."

26 de Fevereiro de 2020
A diretora-geral da Saúde explicou na RTP os procedimentos em Portugal para dar resposta eficaz quando surgem casos suspeitos no país. Graça Freitas garante que os hospitais estão preparados para uma eventual escalada da epidemia.

02 de Março de 2020
O primeiro-ministro insiste que o Serviço Nacional de Saúde está preparado para "o pior cenário" que o Covid-19 apresente.

07 de Março de 2020
O primeiro-ministro, António Costa, garante que Portugal está preparado para o surto de coronavírus e reiterou a confiança no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e nos seus profissionais.

11 de Abril de 2020
Afinal não estávamos preparados mas pré parados. O recruta vai com o passo certo; O problema é o resto da companhia que vai com o passo trocado.