4 de setembro de 2020

Sineta do Viso - Um toque de juízo

 







Custa a acreditar, não fosse a imagem de baixo, mas certo é que antes das obras de requalificação da Capela do Viso, em 2003, a sua sineta estava pintada. De facto o trolha ou pintor, certamente que vendo que sobrava tinta da pintura da parte da madeira, vai daí e decidiu pintar a sineta. Por sua iniciativa, ou por pior mandante, não se percebeu que com a camada de tinta era diminuída a capacidade de vibração e daí por muito tempo a sineta produzia um toque choco.

Felizmente, alguém com um toque  de juízo apercebeu-se da aberração e removeu a espessa camada de tinta da sineta, trazendo à luz a cor natural do metal e com isso um toque mais vibrante.

Coisas, que podem parecer insignificantes mas que fazem diferença e que dão sentido ao velho rifão popular: "Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?" 

1 de setembro de 2020

O Tiririca

O Costa, o António, nosso ministro primeiro, lá vem de novo com o fantasma e ameaça de crise política, caso os seus já habituais parceiros da esquerda não lhe façam as vontades.

Nitidamente o homem  não se dá bem quando o contrariam e como num filme do Charlot, é tudo em tons de cinza. Mas ao contrário do cómico do bigodinho e chapéu de coco, não tem piada nenhuma porque nunca ninguém gostou de meninos birrentos. Como diria, e bem, Jerónimo Martins, líder do PCP, abanar essa bandeira da "crise política" ainda antes das negociações do próximo orçamento, já é um mau princípio.

Em todo o caso, creio que  a dita "crise política" é apenas um eufemismo para enganar tolos, porque em democracia não há lugar para esses maus humores. Ou um Governo tem condições para governar, por maioria absoluta ou por acordo parlamentar, ou então, se não, não governa e há lugar a novas eleições e delas surgirá um novo Governo, mesmo que seja mais do mesmo como a pescadinha com o rabo na boca.

Portanto, qual o problema? Mais custos com eleições? Pois claro, mas quanto a isso o povo já está habituado a esses encargos, porque a democracia, imagine-se, tem custos.

Assim sendo, que se aguente e mostre o que vale em tempo de vacas magras, mesmo que com o leite a jorrar da gorda teta da UE, ou então, desista e venha o próximo. Em caso de novas eleições, pode até reforçar a sua posição, mas mesmo assim, como dizia o Tiririca, pior do que está, não fica. Por outro lado, aplica-se também o velho rifão popular " Para melhor está bem, está bem; Para pior já basta assim".

12 de agosto de 2020

Grupo da Cruzada Eucarística de Guisande

A fotografia acima, datada de 25 de Outubro de 1942, corresponde à data da inauguração do Grupo da Cruzada Eucarística de S. Mamede de Guisande. 

Foto obtida defronte da residência paroquial. Ao centro,  entre as crianças, o Pároco Padre Francisco de Oliveira, nos seus primeiros anos como guia espiritual da paróquia de S. Mamede de Guisande.


Nas fotos acima, datadas de 30 de Outubro de 1955, mais um registo do Grupo da Cruzada Eucarística de Guisande, defronte da residência paroquial e à sombra da então ainda existente cerejeira do adro. Contadas por alto, aproximadamente setenta crianças, entre rapazes e raparigas, certamente que com idades entre os oito e dez anos. Não deixa de ser significativo um número tão grande de crianças.

Ainda não conseguimos apurar os dados relativos à data da extinção desde grupo, mas creio que tal ocorreu pelo final dos anos 1970. Será um dado a confirmar. Todavia, este movimento eucarístico, conhecido popularmente pelo Grupo da Cruzada, ainda está bem vivo na memória de várias gerações de guisandenses.

A Cruzada Eucarística das Crianças era formada por crianças em idade da escola primária, rapazes e raparigas, que vestiam roupas brancas, camisa ou camisola, eles, e vestido ou blusa, elas. Sobre a roupa era costurada a tradicional Cruz de Cristo, em tecido vermelho. Nos primeiros tempos as meninas usavam ainda uma espécie de lenço, preso à cabeça por uma cinta. 

Já na parte final da existência do grupo, era frequente que os elementos usassem cruzando o tronco, na diagonal, do ombro esquerdo à cinta na direita, apenas uma faixa igualmente branca e com a Cruz de Cristo também costurada em tecido vermelho.

Este movimento era coordenado por mulheres, ligadas normalmente à Catequese, a quem se dava o nome de zeladoras. Pessoalmente nunca estive integrado nesse movimento, mas recordo perfeitamente a sua existência onde participavam alguns meus colegas. Entre outras actividades, o grupo da Cruzada tinha que acompanhar os funerais, participando no respectivo cortejo fúnebres. 

Naquela época, e ainda durante vários anos, os funerais eram realizados em cortejo pedestre, desde a casa do falecido até à igreja matriz. Em cada cerimónia, a cada criança da Cruzada era oferecida uma espécie de senha de presença, que mais tarde daria direito a algumas prendas ou lugar gratuito numa das excursões realizadas anualmente pelo pároco. Mensalmente, quase sempre no final da reza do terço ao Domingo, as crianças da cruzada presentes tinham direito a receber o jornalinho "O Clarim". Claro que não chegava para todos pelo que o Pe. Francisco recomendava que o lessem e o passassem aos colegas.


Em finais dos anos 70, o movimento na nossa freguesia acabou por se extinguir de forma natural, entre outros motivos, devido à cada vez menor indisponibilidade das crianças em participarem com regularidade nos diversos eventos e cerimónias religiosas. 

Sobre o movimento da Cruzada Eucarística:

O movimento da Cruzada, a exemplo de muitas paróquias de Portugal, também existiu aqui em Guisande, desde  25 de Outubro de 1942, até pelo menos finais  dos anos de 1970, conforme já referi. É possível que na sua origem, na sua génese estejam reminiscências da lenda da Cruzada das Crianças.

De todo o modo, sabemos que este movimento da Cruzada teve origem concreta no apelo do Papa Pio X, que, em plena I Guerra Mundial (1914/1919), pediu que as crianças, adolescentes e jovens de todo o mundo se organizassem numa Cruzada Universal, com o objectivo primeiro de rezar pela paz no mundo. Este movimento parece ter chegado a Portugal no início dos anos 20. Foi um sucesso e nos anos 30 o movimento agrupava quase três milhões de jovens, principalmente crianças.

11 de agosto de 2020

Quando a Escola do Viso estava quase novinha

 


Como se pode ler na legenda na própria foto acima, a mesma refere-se ao Natal de 1956. Nessa altura realizou-se ali, na Escola Primária do Viso e no envolvente monte, um evento recreativo, a Festa Escolar, com danças populares e mesmo um auto dos pastores. Estas festas escolares naturalmente tinham na organização as professoras, concretamente a Professora Georgina que então ali leccionava.

Não deixa de ser significativo que esta iniciativa tenha ocorrido junto à escola e no monte, mas convém lembrar que por essa ano o salão paroquial de Guisande ainda não existia, pelo que estes convívios da freguesia ocorriam invariavelmente ao ar livre.
De notar ainda o rigor dos trajes usados. O José Almeida, que cedeu as fotos (estas captadas pelo Pe. Francisco), e que era então um dos participantes, recorda-se que os trajes eram pedidos às mães ou avós. Também que eram os rapazes a fazer de raparigas, o que é curioso. Lembre-se que por esses tempos havia sala para rapazes e salas para raparigas pelo que as "misturas" eram evitadas.

Também de notar que por esse ano a Escola Primária do Viso estava construída apenas há poucos anos pois terá sido edificada no ano de 1949 e entrado em funcionamento ainda nesse ano ou no seguinte (1950). 




[fotos facultadas por José Almeida]

10 de agosto de 2020

Mortes anunciadas

O JN online dá-nos hoje a notícia da morte de um motociclista em Vila Verde, depois de um choque com uma carrinha.

Infelizmente, estas notícias de acidentes fatais de motociclistas ou motards, são mais que recorrentes e em muito contribuem para os números de mortes nas nossas estradas.

Todavia, não generalizando nas causas, muitas vezes estes acidentes parecem tão óbvios e mesmo pré-anunciados, porque quem anda na estrada, vê a forma de conduzir de muitos motards, sempre a acelerar, a furar por entre o trânsito, sempre no desrespeito pelas mais elementares regras de trânsito e segurança, colocando-se eles em permanente risco mas, pior do que isso, aos outros, tantas vezes quem vai a conduzir com segurança e respeito. As linhas contínuas, limites de velocidade e sinais de proibição de ultrapassagem são apenas para os outros. Para agravar, muitos dos motards não gostam de circular sozinhos e andam quase sempre aos grupos e se numa ultrapassagem perigosa vai um, então lá vão os demais de seguida. Neste aspecto são solidários e partilham as asneiras.

Ainda há dias, numa das minhas voltas de bicicleta, corri sério risco pois praticamente fui empurrado para a berma porque um grupo de uma dúzia de motas desceu a estrada com curvas e contra-curvas como se apenas eles ali circulassem. Chamar-lhes "cabrões" e outros "mimos" verbais de pouco valeu porque obviamente não me ouviram nem se incomodaram quando me viram a resvalar e a tombar para a berma. Estes são apenas alguns dos muitos maus exemplos e asneiradas das grossas a que já assisti e que me puseram a mim e a outros em perigo, e que, a quem anda na estrada, quase todos já assistimos.

Como se disse, contudo, não se pretende generalizar e concerteza que há motociclistas ou motards conscientes e que fazem uma condução segura e responsável. Mas pelo que se vai vendo, e quem já não viu, parecem ser aves raras.

Importaria, pois, mão pesada para estes recorrentes abusos e acima de tudo uma maior consciencialização e educação cívica e rodoviária de modo a que estas notícias de acidentes envolvendo motas e seus condutores fossem fortuitas e ocasionais.