Continuando com a série de apontamentos designada de "Cadernos da Memória", um olhar sobre a tradição na nossa freguesia sobre o Compasso da Páscoa e Juíz da Cruz.
Fica aqui o link para o documento:
Continuando com a série de apontamentos designada de "Cadernos da Memória", um olhar sobre a tradição na nossa freguesia sobre o Compasso da Páscoa e Juíz da Cruz.
Fica aqui o link para o documento:
Fotografia da década de 1980, anterior à construção da alemeda frontal à igreja matriz bem como da construção da capela mortuária.
Em 1983 o jornal "O Mês de Guisande", de que fui fundador e redactor, realizou um trabalho então inovador na freguesia de Guisande, o de fazer uma sondagem sobre o analfabetismo, a que designou de Sondagem Analfabetismo / 83.
Com dedicação e muito trabalho de campo e depois do apuramento dos resultados, foi feito um retrato quase fiel dessa situação que então, há mais de 40 anos, era ainda significativa. Concerteza que não foi possível realizar o trabalho de forma exaustiva abrangendo todas as casas, famílias e pessoas, mas mesmo assim de forma representativa e mesmo significativa.
Inicialmente o trabalho visava apenas a questão do analfabetismo mas, aproveitando o trabalho de campo, foi mais além e alargado a outros temas que enriqueceram o projecto e ajudaram a traçar o retrato da freguesia. Foi, pois, um documento importante e hoje, à distância temporal de mais de quatro décadas, é já um elemento histórico.
O trabalho, apesar dos meios escassos então disponíveis, sem computadores ou outras ferramentas que hoje dispomos, foi publicado com quadros e gráficos, na edição de Setembro de 1984.
Partilho aqui o link para esse livro digital", que faz parte da série "Cadernos da Memória".
Segue o link:
Fomos confrontados com a notícia de que faleceu o jovem João Paulo Oliveira da Silva, filho e neto de gente da nossa comunidade de Guisande, sendo que residia em Louredo.
O funeral será amanhã, Domingo, dia 26 de Outubro, pelas 10:30 horas com cerimónias fúnebres na igreja matriz de Guisande. No final será sepultado no cemitério local.
Nesta hora de consternação, profunda perda e tristeza, expresso os meus sentidos sentimentos aos pais, irmãos, avôs e demais familiares. Certamente a sua alma já estará em paz e que assim eternamente descanse.
São, de facto, cada vez mais correntes os episódios de agressões de filhos, mesmo de crianças, aos pais, de alunos aos professores, dos bandidos às forças de segurança e autoridade. No limite, como ainda agora esta semana, a notícia chocante de um filho adolescente, com 14 anos, em Vagos, a assassinar a mãe à queima-roupa, por motivos fúteis. Paralelamente parece registar-se uma onda de suicídios de gente jovem.
O que estará a contecer? Estamos a colher os frutos do que temos vindo a semear enquanto sociedade, que, com políticas centrais erradas e permissivas, tem vindo a desleixar ou mesmo a perder valores, como a importância da família, da autoridade e da disciplina?
Algumas reflexões e possíveis causas:
- Crise de sentido e de valores
É certo! Vivemos numa época de grande incerteza — moral, social e emocional. As referências tradicionais (família, religião, comunidade, escola) perderam parte da sua autoridade e coesão. Muitos jovens crescem sem um "norte" claro, sentindo-se perdidos, sem propósito ou esperança.
- Má influência das redes sociais e da cultura digital
As redes sociais têm tido um impacto enorme na autoestima, na perceção da realidade e nas relações humanas.
Comparação constante: Os jovens comparam-se com vidas "perfeitas" e sentem-se inferiores e insatisfeitos com a vida que têm.
Desumanização: O excesso de interações virtuais ajudar a diminuir a empatia e aumentar comportamentos agressivos.
Banalização da violência e morte, nas redes sociais, na televisão, no cinema, nos jogos, etc.
Isolamento: Apesar da hiper-conectividade, há solidão e sensação de desconexão real.
- Famílias fragilizadas e ausência emocional
A família convencional está cada vez mais desestruturada. Os divórcios são coisa vulgar com todos os problemas inerentes quanto ao enquadramento dos filhos. Em muitas famílias, há pais ausentes (mesmo que fisicamente presentes); falta de diálogo e escuta; sobrecarga emocional e económica; inversão de papéis (filhos com demasiado poder, pais sem autoridade).
O amor sem limites e a ausência de estrutura podem ser tão prejudiciais quanto o autoritarismo e a falta de afecto.
- Pressão psicológica e saúde mental
A ansiedade, a depressão e outros distúrbios emocionais estão a aumentar de forma alarmante entre jovens. As causas incluem: exigência de sucesso constante (escola, aparência, popularidade); insegurança quanto ao futuro; falta de espaço para lidar com a frustração e o erro.
Muitos jovens não aprenderam a gerir emoções — e quando a dor se torna insuportável, alguns dirigem-na contra si próprios (suicídio) ou contra os outros (violência).
- Contexto social e cultural mais amplo
Vivemos num mundo marcado por desigualdade e sensação de injustiça; consumo como valor central (o ter a ser mais importante que o ser); perda da confiança nas instituições; percepção de insegurança e descrédito das entidades que a deviam controlar; discurso público agressivo e polarizado.
Tudo isso cria um ambiente emocional tóxico, onde a empatia e o respeito pelos outros, incluindo próximos, parecem estar em falta.
- Para uma pergunta de100 milhões de euros para a resposta certa, o que se pode fazer, sabendo-se que as coisas já não se resolvem apenas no seio familiar mas com medidas de carácter geral que envolva a sociedade e o próprio Estado, no que parece ser uma impossibilidade de inversão do combóio em movimento?
Com tempo, pretendo ir publicando alguns apontamentos relacionados à nossa freguesia de Guisande, numa série a que chamo de “Cadernos da Memória”. Pretendem ser isso mesmo, retalhos da nossa memória comum, mais ou menos conhecidos, ou o contrário, conforme o tempo a que se reportam, mas com a finalidade de se tornarem presentes e preservados, de alguma forma, para o futuro.
Não se pretende que sejam apontamentos exaustivos nem há a pretensão de que sejam rigorosos, não porque o rigor seja dispensável mas porque, em muitos dos casos e temas abordados, são poucos ou mesmo inexistentes os documentos ou outros elementos que possam contribuir para uma mais substancial matéria e para o rigor que seria desejável.
Assim, o que aqui se produzirá, neste e futuros apontamentos, será o que for possível fazer no contexto dessa escassez de fontes, mas ainda assim como um contributo positivo e um subsídio para que no futuro possam ser retomados, melhorados e acrescentados.
O ficheiro pode ser acedido e lido a partir de um aplicativo online como se um livro. Espero que seja proveitoso.