6 de janeiro de 2019

Reservado


Por estes dias que foram de festas, de cuja quadra termina hoje, Dia de Reis, mesmo não indo a todas (bem ao contrário do José Malhoa), fui a algumas coisas chamadas eventos ou espectáculos que um pouco por todo o lado têm sido oferecidos (de borla) ao povo. Concertos, espectáculos e outros que tais, quase todos bons. Mas para além do que era suposto ver, viu-se mais coisas, uma delas a de que invariavelmente se continua a reservar lugares da frente, para supostas pessoas importantes, representantes de alguma coisa no sítio, na aldeia, eventualmente, nem sempre, doutores e engenheiros. Por isso, porque o respeitinho deve ser respeitoso, os importantes na frente, os menos importantes dali para trás.

Apesar desta deferência, que faz parte dos protocolos da nossa sociedade, dita inclusiva, invariavelmente verifica-se que uma vez iniciado o evento alguns desses lugares reservados para gente que seria importante, ficam parcialmente, se não todos, vazios, vagos ou até mesmo ocupados quando o espectáculo, avançado, já mereceu palmas.

Assim, apesar da simpatia das organizações e dos prévios convites,  há sempre quem não apareça (problemas de agenda), ou se aparecem marcam o ponto e esgueiram-se porque há mais pontos a marcar, ou então, porque, sem o dom da ubiquidade, fazem-se representar por gente secundária e terciária nas hierarquias ou mesmo por moços de recados e outros assistentes operacionais que vestem na perfeição o "em nome de".

Em resumo, e nada disto é crítica nem chapéu que caiba em qualquer cabeça, é apenas uma simples constatação de que apesar da preocupação, simpatia e deferência de quem organiza, seja para um concerto, uma noite de fados ou um festival de sopas de nabos, nem sempre existe uma correspondência à altura por parte de quem acaba por deixar os lugares vazios, seja num auditório, seja à mesa. Feitas as contas, em muitos casos (obviamente que não em todos), aqueles que deveriam merecer as palmas e a atenção, são os relegados para as filas secundarias. Mas quanto a isto não há nada a fazer até porque sempre se diz que a cada um é preciso saber "ocupar o seu lugar". Ora há por aí muitos lugares ocupados por quem os não sabe ocupar, literalmente. Porém, felizmente, também o contrário, e a estes seria mesmo bom que tivessem o tal dom da ubiquidade, que mais não fosse para retribuirem na primeira pessoa a deferência do convite e da reserva nos lugares de primazia.

27 de dezembro de 2018

Participar é preciso...


O JN - Jornal de Notícias voltou a lançar o concurso de ilustração para a sua capa do dia de Natal. Tal como no ano passado, em que obtive uma menção honrosa, voltei a participar, com a ilustração acima representada. 

Neste ano, para além da ilustração vencedora, entendeu a organização não diferenciar as demais e de um lote de mais de uma centena de trabalhos, escolheram 30 finalistas. A minha simples ilustração fez parte desse lote e na respectiva galeria online aparece na terceira posição. Não quer dizer nada, muito menos que ficou nessa posição em termos de classificação,  mas nem o sentido da participação teve esse único objectivo. Mas fazer parte do lote de trabalhos finalistas já é meritório.

Seja como for, respeitando as decisões de quem escolheu, e é sempre ingrato o papel de um júri, parece-me, a mim, que a qualidade geral foi pobre. Mesmo a ilustração vencedora tem um motivo relacionado ao jornal, demasiado óbvio e susceptível de uma influência por simpatia. Por outro lado, já percebi que a representação clássica do presépio, nomeadamente a sagrada família, deixou há muito de ser valorizada em nome de um laicismo politicamente correcto, sobretudo seguido pelos média, de resto em consonância com um natal de sentido consumista e menos humano e cristão. Mas, são escolhas e nestas as tendências seguidistas têm peso. Há que respeitar mesmo não concordando.



Acima, a ilustração vencedora.

26 de dezembro de 2018

Ressacas e cuecas


Dia 26 de Dezembro. Depois de uma mensagem de Natal do nosso primeiro ministro que por momentos me fez pensar que em termos de país estava, se não lá ainda, pelo menos nos arredores do céu, o Jornal da Tarde da RTP abre hoje, numa assentada, com o relato de quatro greves; dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, dos funcionários da Autoridade Tributária, dos serviços de Notariado e da CP. Creio que não me enganei, ou haverá mais? Mas dizem que vem aí mais do mesmo.
Nada mal para um dia tradicionalmente de ressaca. Podia ser pior, pois podia, mas há prendas que são assim, que, como as cuecas usadas, não há loja que as aceite trocar. É certo que a coisa pode nem cheirar muito bem mas uma boa mensagem de Natal em muitos casos tem a eficácia do melhor detergente. Não só ficamos de cuecas aparentemente limpas como também com a alma. 
Como cantarolava a saudosa Beatriz Costa, ..ai rio não te queixes, ai que o sabão não mata, ai até lava os peixes, ai põem-nos como prata.

Natalidades


Fiquei comovido com uma pequena reportagem da RTP sobre o espírito de Natal, com alguns dos nossos clubes de futebol a participarem em campanhas solidárias. Alguns dos seus treinadores e jogadores a dizerem coisas bonitas de saúde, paz e amor. Bonito. Até uma "invasão" de crianças à Academia de Alcochete.
Pena, porém, que para que este espírito seja perfeito e sincero só ficarem a faltar 364 dias, aqueles em que a tónica é novamente a guerrilha, a desconsideração, o desrespeito e mesmo até o desprezo uns para com os outros, até mesmo entre adeptos. E por estas redes sociais ao longo do ano vai sendo destilado muito desse quase ódio.
Mas anormal seria que assim não fosse. O Natal serve para realçar o lado bom das pessoas mas simultaneamente, como contraponto, o nosso lado mais negro e hipócrita.

23 de dezembro de 2018

Mais vale tarde...

Da sessão da Assembleia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, realizada esta sexta-feira, 21 de Dezembro, entre outros pontos, foi aprovada por unanimidade e aclamação uma moção a favor da reposição das freguesias extintas. Mesmo assim, com alguns "ses" ("...se isso for do interesse e vontade das respetivas populações."). No nosso entendimento, uma decisão algo tardia (já podia ter sido decidida em anteriores momentos onde se debateu o assunto) face ao que parece ser uma vontade comum e indisfarçável. Pelo menos quanto a Guisande, parece-nos, não sobra qualquer aspecto positivo que possa deixar dúvidas quanto ao prejuízo que resultou desta união de freguesias.
Em todo o caso, foi tomada a decisão certa e que devia ser tomada, e melhor ainda por unanimidade e aclamação, como de resto era expectável. Infelizmente, com algum pessimismo, porventura, a coisa irá dar em "águas de bacalhau", já que não estamos a ver o actual Governo a tomar esta decisão, pelo menos a contento de todos, que seria a reposição da situação anterior à cagada do Relvas.


MOÇÃO


Assunto: Pela reposição das Freguesias extintas da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande

Por decisão governamental em período crítico do país foi decidido proceder à extinção de centenas de Freguesias no território nacional. Em Santa Maria da Feira foram 10 as Freguesias afetadas com tal decisão, tomada em prol e com o objetivo positivo de melhor servir as populações.
Este processo que também abrangeu a União das Freguesias de Lobão Gião, Louredo e Guisande, levou à eleição legitima e democrática desta Assembleia e Junta de Freguesia para servir a União.
É hoje colocado em questão se as extinções aprovadas na Assembleia da República trouxeram alguma mais-valia ou benefício para as populações ou para o concelho. Têm-se formado movimentos no sentido da reposição das Freguesias por considerarem que as extinções não beneficiaram as populações, o que, no entanto, não é facto comprovado, pelo menos no que diz respeito à nossa União.
Encontra-se em apreciação na Assembleia da República a eventual anulação parcial ou total das extinções feitas, por proposta dos partidos da maioria parlamentar.
Pese embora não seja ainda o momento ideal para esta Assembleia de Freguesia emitir uma posição  definitiva sobre o assunto, já que ainda não são conhecidos os requisitos, propósitos e elementos objetivos que possam levar à reposição parcial ou total das freguesias extintas, nomeadamente no que diz respeito a Lobão, Gião, Louredo e Guisande, a ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DA UNIÃO, legitimamente eleita, declara nada ter a opor à reposição das Freguesias, se isso for do interesse e vontade das respetivas populações.

Pelo acima exposto, a Assembleia de Freguesia da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, reunida em sessão ordinária de 21 de dezembro de 2018, DELIBERA:

Ponto Único: Pronunciar-se formalmente no sentido de nada ter a opor à reposição das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, se isso for do interesse e vontade das respetivas populações e configurar os requisitos legais exigíveis para o efeito e ainda em decisão governamental e da Assembleia da República.

Lobão, 21 de dezembro de 2018. 

21 de dezembro de 2018

Natal

Coletes

Das primeiras indicações do início da manhã, parece que não é desta que Portugal vai parar. Nalgumas cidades são mais os polícias do que os chamados coletes amarelos. Certamente que na festa do colete encarnado em Vila Franca de Xira junta-se maior multidão. Somos bons em coisas originais mas no que toca a copiar...
Em todo o caso algumas conclusões: Os sindicatos cá do sítio não gostam destas manifestações. E não gostam porque, a exemplo daquele funcionário público que só era assíduo para que o chefe não percebesse que era perfeitamente dispensável, também os sindicatos temem que destas iniciativas se perceba que é possível juntar multidões com bandeiras e slogans mas sem a máquina e sem a liderança dos dinossauros das centrais.