25 de fevereiro de 2019

Esta mania da preocupação

As coisas foram como foram, aquém do que se esperava, reconheço pela minha parte, mas mesmo que muito limitadamente e sem poder algum , enquanto elemento do anterior executivo da Junta procurei estar atento e transmitir as diferentes situações relacionadas a Guisande. Podem não ter sido atendidas mas não deixaram de ser sinalizadas e pedidas. Uma delas, mesmo que de somenos importância, foi a de estar atento e reportar as avarias na iluminação pública. Foram largas dezenas de situações por mim comunicadas e quase todas resolvidas. Para além de dar atenção e seguimento a quem indicava cada situação, eu próprio percorria as ruas da freguesia com frequência semanal de modo a tomar nota das várias avarias. Isso era importante numa altura em que vigorava o programa de economia que desligou muitas iluminárias no concelho e sobretudo em Guisande, e que por isso uma iluminária desligada significava três postes seguidos sem luz  e a escuridão notória de muitas ruas. Esse programa terminou pelo que na teoria e na prática todos os postes com iluminárias têm que estar a funcionar, isto é, a iluminar.

Mas agora, já estando de fora de responsabilidades públicas, vejo que há muitas situações de iluminárias desligadas ou variadas, durante semanas e meses sem que aparentemente alguém se preocupe com a situação. É certo que essa não é uma responsabilidade directa de uma Junta, mas numa perspectiva de estar ao serviço, esta tem responsabilidades de chamar à atenção e comunicar à entidade da EDP responsável pela rede.

Seja como for, e quem te manda a ti sapateiro tocar o rabecão da preocupação, tendo recomeçado umas caminhadas nocturnas, verifico que em apenas duas ou três ruas são mais que muitas as avarias. Duas delas na Rua da Fonte (parcialmente às escuras) e uma na Rua das Quintães. Com esta mania da preocupação, que ninguém agradece ou reconhece, já as reportei, esperando que entretanto se dignem efectuar a reparação.

Para além do mais, para dificultar a coisa, os meios e os contactos disponíveis para o comum cidadão reportar a avaria, cada vez são mais mecanizados e menos ou nada pessoais. Terminaram os canais telefónicos e mesmo os canais por email. Cada vez mais as entidades fogem das reclamações e do atendimento personalizado como o diabo da cruz. Os cidadãos e clientes são apenas números a quem interessa cobrar. Somos regra geral atendidos por máquinas e encaminhados por opções que quase nunca dão resposta aos nossos problemas concretos. É o que é.

Quanto a esta gente da EDP, ou a mando dela, fazem o que podem e o que lhes mandam, mas, vá lá saber-se porquê, quase sempre fazem pouco, devagar e demoradamente. Mas como sabemos que o dar à luz leva-nos 9 meses, vamos esperar que para o caso leve um pouco menos. 

22 de fevereiro de 2019

Nota de falecimento


Faleceu Maria de Fátima da Conceição Gonçalves da Silva, de 63 anos (21 de Julho de 1955-21 de Fevereiro de 2019). Residia no lugar da Gândara. Era esposa do Sr. Celestino da Silva Sacramento.
Cerimónias fúnebres, amanhã, sábado, dia 23 de Fevereiro, pelas 15:30 horas, com missa de corpo presente na igreja matriz de Guisande e no final irá a sepultar em jazigo de família no cemitério local.
A missa de sétimo dia terá lugar na quarta-feira, 27 de Fevereiro, pelas 18:00 horas na Capela do Viso.
Sentidos sentimentos a todos os seus familiares, de modo particular ao marido e filhos.
Que descanse em paz!

19 de fevereiro de 2019

Bolachas Confiança

Parece que por estes dias vai haver uma moção de censura ao Governo de António Costa, a ser apresentada no parlamento pelo CDS. Sabe-se de antemão que, tal como na primeira apresentada pelo partido de Assunção Cristas, qual será o resultado desta moção, mesmo que o PSD tenha anunciado que, apesar de apenas de forma simbólica, votará ao lado dos centristas. Por conseguinte, o PS e partidos da esquerda que apoiam o Governo vão reunir forças e votar contra.

Sem querer fazer análise política dos prós e contras desta moção de censura, creio que tem razão quanto à importância de servir para clarificar a posição dos partidos à esquerda do PS, Bloco e PCP. Ora estes foram dos primeiros a anunciar a derrota da moção. 

O país está afundado em greves, como nunca se viu e as coisas parecem levar um rumo apenas virado para o presente e futuro imediato. O BE e o PCP estão ao lado dos grevistas e sindicatos, criticam forte e feio o Governo e a Europa, mas na hora de aflições lá estão fiéis ao lado de António Costa a proteger-lhe as costas. Ora isto é uma arrelia para a esquerda porque a mais ou menos oito meses das eleições legislativas de Outubro próximo conviria que cada um já lutasse apenas por si. Com esta moção vão ter que reafirmar o apoio ao Governo que lhes conviria criticar. Uma chatice. Como uma mosca que não faz mossa mas incomoda. 

A política afinal não é mais que um jogo de gato e rato e por vezes o gato gosta apenas de dar baile ao rato e vice-versa. Visto de fora é engraçado, sendo que no final de todas as contas, mesmo sem se comerem literalmente um ao outro estão ambos gordinhos e bem de vida e bem instalados no parlamento. Por isso, é tudo um faz de conta, da esquerda à direita.

Nós, de fora, somos meros espectadores, a assistir, com a agravante de ter que pagar bilhete.


18 de fevereiro de 2019

Crónicas do cavalheiro de calças clássicas - Límpidos e azuis

"As leis são como as mulheres, existem para ser violadas". Creio que foi um espanhol, um tal de advogado José Manuel Castelao Bragaño, durante uma reunião do Conselho Geral da Cidadania no Exterior, órgão consultivo pertencente ao Ministério do Emprego espanhol, presidido por este ex deputado do PP no Parlamento da Galiza, a proferir esta emblemática e irreflectida frase no contexto de ultrapassar um problema de quórum da tal reunião. 

Mas para o caso, não é caso este espanhol, mas o sentido do que disse. Embora na altura fosse polémica e obrigasse o autor à demissão, aparte o politicamente correcto, todos perceberam o alcance da sentença. É certo que lhe bastaria dizer que as leis existem para serem desrespeitadas ou violadas, sem meter as mulheres na molhada, para o caso ter as mesmas consequências, mas as coisas são como são. Foi dito, foi dito. E de resto, assim é. As leis por si só não são imperativas do seu cumprimento. Por isso não falta quem no dia-a-dia, nas mais diversas situações, procure escapar da malha da rede das leis e das acções das autoridades ou de quem tem o dever de as fiscalizar e fazer cumprir. 

Tudo isto para dizer que pela aldeia vizinha de Cagalhães, Vendas de Pigeirães, há dias, por um acaso de visita a uns carvalhais plantados nas imediações,  assistimos a uma descarga pura e dura de esgotos de uma pocilga escorrendo directamente para um dos mais belos rios da zona, o rio Uíça. A instalação,  dizem alguns vizinhos ecologistas, comete tripla ilegalidade porque não retém nem trata os esgotos, encaminha-os directamente para o rio e está edificada em solo de reserva agrícola, mesmo na borda de reserva ecológica.

Bem sabemos que as pocilgas são necessárias e pelo impacto que geram, desde logo os fortes odores, imperativo é que se localizem afastadas dos núcleos habitacionais, mas nos tempos que correm esperar-se-ía que não acumulassem tanta ilegalidade quanto fezes e estrume. Há mínimos.

Aparte disso, a tal pocilga, diz quem sabe, é uma espécie de infantário pois o que ali se cultiva é leitões para serem assados e servidos como tal, dourados e estaladiços por um afamado restaurante da zona.

Mas, feitas as contas, é porque tudo está dentro da legalidade. Afinal, de outras contas, gente que tem poder e manda é cliente mais ou menos habitual do famoso petisco com origens na Bairrada. É porque tudo está bem. Estamos todos descansados. A pocilga fica bem longe do restaurante e os esgotos quando passam a jusante já são límpidos e azuis como a demais água do Uíça e até alimentam bogas e trutas, se é que as há. Pelo menos ajudam a medrar amieiros, choupos e salgueiros. Afinal, há merdas que bem lavadas deixam de o ser. Ora, como poderia proferir o tal galego Bragaño, "os rios existem para serem poluídos e os peixinhos também cagam".

CCCC

16 de fevereiro de 2019

Quando a dignidade vale a luta

Tenho, por vontade própria, estado afastado da rede social Facebook, com a conta desactivada temporariamente, pelo que só soube praticamente em cima da hora das cerimónias fúnebres, do falecimento do Sr. José Pinto da Silva, das Caldas de S. Jorge. Terá ido a sepultar na manhã de hoje. 
Não fosse uma casualidade de encontro com quem me deu a triste notícia e teria sabido apenas já depois de sepultado. Infelizmente, porque em cima da hora acabei por não participar no funeral, mas em nada diminui a memória, consideração e respeito para com a figura e personalidade.

Precisamente através do Facebook, onde o Sr. Pinto intervinha com regularidade e qualidade, soube pelo próprio que tinha tido nos últimos tempos alguns problemas de saúde, adicionados à debilidade da mesma,  que o remeteram para o hospital, pelo que de certa maneira foram factores que atenuaram a surpresa do desfecho.

Nunca tendo sido chegado, contactamos, falamos e opinamos as vezes suficientes para o considerar como amigo e pessoa de muita estima e consideração, activo, inteligente e um lutador por causas que considerava basilares. Que mais não fosse, porque celebrava o aniversário no mesmo dia que eu, 1 de Novembro.

Lembro-o sobretudo pela sua intervenção cívica e política. Pela verdade, transparência e rigor, travou várias lutas, uma delas relacionada com a verdade da cota máxima de cheia alguma vez registada e testemunhada no rio Uíma, nas Caldas de S. Jorge, que todos os anos relembrava em 24 de Outubro, dia em que em 1954 se registou a maior cheia de sempre na nossa zona, incluindo Pigeiros, Guisande, Caldas de S. Jorge, Lobão e Fiães.

Creio que apesar dessas muitas lutas, eventualmente, e de algum modo, terão sido de resultados inglórios, porque travadas contra quem detinha poderes de mandar e decidir, mesmo a de compor e enfeitar a verdade adequando-a a certos interesses ou propósitos. Não teria sempre a razão do seu lado, ou pelo menos toda, mas esgrimia como ninguém as suas convicções, sendo-lhe reconhecida a sua qualidade de discurso e de escrita. Também era com toda a naturalidade que reconhecia estar enganado ou equivocado quando se provasse o contrário, recuando, se preciso fosse, nos seus ímpetos.

Seja como for, foi um digno e nobre  lutador, qualidades que lhe honraram a vida e o perpetuarão na memória do tempo, sobretudo nos que lhe eram mais próximos.
Não duvido que tinha muitos adversários, alvos das suas lutas, alguns que agora certamente, deduzo, se apresentaram de gravata e semblante pesado nas cerimónias fúnebres, mas é justo que lhe seja reconhecida a nobreza e dignidade das suas variadas intervenções, mesmo nas mais inflamadas. Tivesse, Caldas de S. Jorge, Guisande ou outra terra qualquer, mais Pintos da Silva. 

Que descanse em paz!

11 de fevereiro de 2019

Significâncias

A expressiva vitória de 10-0 do Benfica sobre o Nacional da Madeira, em jogo de ontem ao fim da tarde, não tem nada de especial sob um ponto de vista de apenas números. Sabe-se que em futebol estes resultados, ou similares, acontecem. Não todos os dias, pois não, mas acontecem, principalmente quando a meio minuto de jogo já se está a perder. E se as diferenças de qualidade técnica e de orçamento entre Benfica e Nacional são notórias e de algum modo atenuantes ou justificáveis para o desnivelamento do resultado, ainda no mesmo dia de ontem, em Inglaterra o Manchester City aplicou 6-0 ao Chelsea, sendo equipas notoriamente parecidas no seu poderio técnico e económico. Por isso.

Creio que, como adepto do Benfica, mais significativo que o 10-0, é o facto do clube estar a jogar bem melhor, a recuperar nitidamente e sobretudo a dar espaço, lugar e tempo a jogadores da formação. Mais significativo é o facto de no mesmo jogo de ontem, se não estou em erro, ter feito alinhar sete jogadores portugueses. Como contrapartida, e também significativo, o rival F.C. do Porto por estes dias chegou a jogar sem um único português. 
Bem sabemos que estas significâncias pouco ou nada valem nos dias de hoje e os adeptos querem é títulos e campeonatos nem que os jogos sejam ganhos por 11 marroquinos ou 11 brasileiros, sem desprimor para estes.

Em todo o caso, face ao contexto económico dos clubes portugueses, que vivem na generalidade acima das possibilidades, seria positivo que mudassem alguns paradigmas, mesmo que com algum prejuízo desportivo no imediato mas certamente com vencimento de juros a médio e a longo prazo. Mas sim, é uma quimera e vai continuar a ser mais do mesmo. Significâncias, apenas.

6 de fevereiro de 2019

Você não tem um pingo de vergonha....

Agora José Mourinho, antes Cristiano Ronaldo. Ambos condenados por fuga de impostos. Ambos portugueses famosos, ambos tidos como cidadãos exemplares e embaixadores de prestígio de Portugal e dos portugueses. Ambos agraciados pelo Estado com a Ordens do Infante D. Henrique.
Ambos, porém, como canta a canção, deviam ter um pingo de vergonha e retratar-se aos portugueses e devolver as condecorações. A sua notoriedade e exemplo deviam servir como isso mesmo, exemplo. Mas não. A ganância também os tocou apesar de serem ambos detentores de enormes fortunas. Chega quase a ser ridículo para quem tanto tem e que mesmo assim procura fugir às suas obrigações.

Infelizmente, parece que tudo se lhes perdoa e não estou, de facto, a ver o presidente Marcelo a retirar-lhes as condecorações. Em nome do politicamente correcto a coisa vai ficar por aqui porque são ambos gente graúda e coisa e tal e os coitados nem sabiam que tinham ocultado os rendimentos.

 O português comum, que ganha o ordenado mínimo e cumpre as suas obrigações, porque o Fisco é impiedoso, forte com os fracos e fraco com os fortes, esse não tem condecoração nem é falado.
Em resumo, tudo uma palhaçada e uma enorme hipocrisia. Mas é disto que a casa gasta. Goste-se, ou não. Marcelo ainda se vai rir e fazer de conta que foi coisa de somenos importância, nada que belisque tão famosos portugueses.