25 de novembro de 2019

25 de Novembro de 1975

Assinalam-se hoje 44 anos do 25 de Novembro de 1975, o golpe que pôs fim ao Processo Revolucionário em Curso (PREC), estabelecendo condições para a democracia pluralista.

E se há quem queira celebrar esta data, reivindicando até um feriado nacional, outros, mais conotados com os golpistas de 25 de Novembro, nomeadamente a extrema-esquerda, preferem não comemorar. Mesmo o PS, então, por Mário Soares, um dos oponentes ao rumo para uma ditadura de esquerda, tem adoptado uma postura de "nem sim nem sopas", não pretendendo ferir susceptibilidades à sua esquerda, já que vêm aí lutas para as quais precisa do seu apoio.

Para muitos, o 25 de Novembro de 1975, foi mesmo o início do processo democrático e dele emergiram as figuras dos então tenentes-coronéis Jaime Neves e Ramalho Eanes, que tiveram papel determinante ma oposição ao golpe militar, sendo que este último  veio posteriormente a ser presidente da República.

Até então, e desde o 25 de Abril de 1974, vivia-se num "banho maria" revolucionário e não faltava no seio do MFA (Movimento das Forças Armadas) quem quisesse levar o país para uma ditadura, já não de direita, derrubada, mas de esquerda.

Esta questão da importância da data do 25 de Novembro só não tem sido tão generalizada e mesmo celebrada porque ainda mexe com resquícios desses tempos e deles ainda anda por aí muita gente, incluindo os golpistas e seus apoiantes. Até o presidente Marcelo, no seu low-profile parece não querer mexer na "coisa" com receio de soltar maus cheiros, amaciando com um salomónico "...ninguém deve apropriar-se das datas".

Assim sendo, que não se mexa na dita cuja.

O fracasso das uniões


Em artigo de opinião publicado na edição de 18 de Novembro último do jornal "O Correio da Feira", o ex-presidente da Junta de Freguesia de Pigeiros, Feliciano Pereira, realça o fracasso da reforma administrativa e da união de freguesias que juntou a sua à das Caldas de S. Jorge. 

No artigo, para além de outras considerações elenca uma lista de situações que justificam, no seu entendimento, o fracasso e a perda de identidade, cultura, história e autonomia, sobretudo das freguesias mais pequenas e com menos peso no contexto das uniões.

Algumas das situações que indica, são graves se corresponderem à verdade, e servem de parte da justificação do fracasso dos pressupostos inerentes à reforma administrativa. Conceitos propalados como maior eficiência de meios humanos e equipamentos e maior proximidade às pessoas só podem ser brincadeira de mau gosto ou cenouras para enganar burros. Este desfasamento entre o que se prometeu e a realidade, em grande parte resulta da ainda incapacidade dos presentes autarcas em não perceberem a nova realidade e as dinâmicas necessárias a uma integração horizontal e inclusiva.

Neste contexto, a "revolta" do Feliciano é exactamente a mesma, a sentida pelo grosso da população das demais freguesias envolvidas em uniões. Em todos os aspectos houve um nítido e objectivo prejuízo e empobrecimento das freguesias mais pequenas, constatando-se um degradação geral mesmo nos aspectos mais básicos e elementares. Só não vê quem não quer ver. 

É certo que apesar da sua inutilidade de princípio, uma união de freguesias não tem necessariamente que estar condenada ao fracasso e à revolta constante  das populações. Muita e boa coisa pode ser feita, mas muita coisa tem que mudar, desde logo a filosofia e os modelos que têm sido seguidos até aqui. E porque muito importante, convirá não esquecer que qualquer rei fraco faz fraca a sua forte gente. É elementar e do abecedário da política autárquica.

24 de novembro de 2019

O milagre da multiplicação ou...não há cofre como o da D. Adelaide

Há alturas em que temos que vestir aqueles vestidinhos de tule coloridos, incluindo as asinhas, indispensáveis, e fazermos figura de anjinhos, tal qual aquelas adoráveis criancinhas que ornamentam as cerimónias de comunhões e procissões solenes. 

Nesse papel, de anjinhos, em que com elevada candura em tudo acreditamos, incluindo no Pai Natal, no Harry Potter e no Luís Montenegro, podemos então ler e reler as conclusões da investigação no chamado Caso Marquês, nomeadamente os últimos interrogatórios do juiz Ivo Rosa ao José Sócrates, transcritos e escarrapachados nas edições do jornal “Correio da Manhã”, podemos supor e pressupor que o homem está inocente, que tudo aquilo é uma enorme e “injuriosa” cabala do Ministério Público contra o pai do Magalhães, e das acusações e indícios não fazermos quaisquer julgamentos e juízos de valor. 

Em suma, Sócrates, sua mãezinha, primos e amigos, são todos gente séria e honesta, dignos de figurar nos melhores compêndios de moral e civismo. A seu tempo a Justiça pronunciar-se-á, mas já antevemos que daquela enorme tripa que é a investigação, quando muito vão escapar dois ou três peidinhos. 

Mas deixando essas coisas da Justiça de lado, e cinjindo-nos ao que parece em tudo isto ter mais relevo, é a narrativa do José Sócrates quanto às explicações e justificações para o vendaval de dinheiros que foi gastando à grande e à francesa, ora no seu modesto dia-a-dia, ora em Paris, ora em férias de Verão ou Inverno na neve. Concluímos que a sua mãezinha tem um grande cofre  onde o dinheiro nasce e multiplica-se como ratos em esgoto, à conta de uma enorme herança que ninguém sabe de onde veio. Um cofre cujo fundo deve ser um poço sem fundo,  onde, a exemplo daqueles macacos espertos que espetam um pauzinho num castelo de térmitas e quando o retiram vem carregadinho de bichinhos gordos e nutritivos, sempre que lá se mete a mão,  vem um pacote de 10, 20 ou 50 mil euros entalados entre os dedos. E ao contrário de qualquer outro ordinário cofre, o da D. Maria Adelaide tem a vantagem de estar sempre cheio, inesgotável, um pouco como o cofre do Tio Patinhas.

Como se isso não bastasse de sorte para o nosso ex-primeiro ministro, tem ainda outra dose de sorte de ter um amigo de mãos super largas, uma espécie de Bom Samaritano sempre a postos para abastecer de “fotocópias” o nosso ilustre Sócrates, seja para pagar luxuosas férias seja para pagar apartamentos e outras minudências que para esta gente, são coisas triviais. Ao Sócrates, para não dar ares de deselegância e de chupista, bastava-lhe  pagar os jantares e os cafés para ficar desobrigado de tanta fraternidade do patrão da Lena.

Em resumo, mesmo continuando o nosso papel de ângélicos anjinhos, ficamos assoberbados de inveja terrena de alguém que tem a sorte de lhe sair o euro milhões todos os dias, seja recorrendo ao cofre da mãezinha seja do amigo Carlitos. Movimentos que totalizam milhões e tudo sem um registo de movimento bancário de onde para onde. Tudo em dinheirinho vivo, daquele que não fala. Gente da categoria de Sócrates, o cartão de crédito serve só para pagar cafés. O resto, é como um dos antigos vaqueiros, um monte de notas no bolso.

É de alguém se roer de inveja. Ora como já sabemos que a D. Adelaide não vai abrir mão do cofre milagreiro que não multiplica rabos de sardinha nem restos de pão, mas euros e títulos do tesouro, alguém saberá o contacto do Carlitos? É que dava jeito ter um amigo desses e sendo ele tão generoso, nem daria conta de nos ajudar com uns 10 de mil de "fotocópias"de vez em quando, tanto mais que se aproxima o Natal e dava jeito para distribuir prendas.

14 de novembro de 2019

Siga...sempre em frente


Uma estrada plana, macia, a direito, sem curvas, sem RETENÇÕES. É este o modelo de Ensino que se pretende, onde tanto passa o aluno dedicado como o cábula e o mandrião, o atinadinho, como o indisciplinado?

Siga, sempre em frente, mesmo que 2+2 sejam 22. De resto, o chumbo é coisa poluente.

José Cid - Grammy Latino



José Cid, recebeu nesta quarta-feira, 13 de Novembro, em Las Vegas - Estados Unidos, o Grammy Latino na categoria Lifetime Achievment, de excelência musical a favor da música latina.
Aos 77 anos o cantor e autor recebe um prémio de notoriedade e reconhecimento internacional, mesmo que já uma figura com méritos mundiais, mas sobretudo no nosso país onde é uma figura de topo no panorama musical, com uma longa, diversificada e riquíssima carreira.

É, óbviamente, um artista de qualidade indiscutível e pela parte que me toca, não sendo fã daqueles que lhe seguem os passos, sou admirador do seu acervo musical e da importância no contexto do panorama cultural e musical do nosso país.

Não deixo, por isso, de, conjuntamente com os elementos da Comissão de Festas do Viso (Carlos Santos e Vasco Monteiro) de ter tido a sorte e o mérito de o contratar e trazer à festa. Parece que foi ontem mas foi já em 2004. Naquela noite de segunda-feira, o arraial viu, ouviu e experienciou um dos  melhores espectáculos da nossa festa. Não tenho dúvidas que na qualidade musical e peso histórico do artista foi uma das figuras mais importantes que passaram em todo o tempo pelo palco da nossa Festa do Viso.

Para além desse mérito, todo o contexto de contratação e acompanhamento do artista e da sua banda, resultaram em momentos interessantes, desde logo no dia em que eu e o Carlos Santos fomos até à Bairrada, mais concretamente a Mogofores, de forma pessoal assinar o contrato, tendo sido recebidos no palacete onde vive. Era já noite, num Outubro. Depois de ter tratado dos seus cavalos - uma das suas paixões - lá nos recebeu informal e descontraidamente e ofereceu-nos um xerez que acompanhamos com uma fogaça que lhe levamos e que ali logo foi comida pois o artista  "estava com fome". Gostou!

Em todo o processo de contratação e depois no dia da actuação em Guisande, foi muito simples, de trato fácil, mas extremamente profissional, ficando ainda à sua responsabilidade o contrato com o então popular fadista Paulo Bragança, que também participou no espectáculo, bem como ainda os elementos da sua banda, incluindo o carismático Mike Sergeant, companheiro do artista desde cedo.

Parabéns, pois, ao José Cid por mais este reconhecimento da sua arte.

[foto: CM]

11 de novembro de 2019

No correr dos dias...

Luís Montenegro oficializou, ontem em Lisboa, a sua candidatura à presidência do PSD. O discurso que se esperava, já com ganas de conquistar Câmaras e Juntas, mas ouvi-lo falar e criticar as divisões no partido é metaforicamente como ouvir a raposa a pregar moralidade no galinheiro.

Sendo certo que o actual presidente Rui Rio já assumiu que vai de novo a eleições, Montenegro, louve-se-lhe a coragem, vai enfrentar a decisão do eleitorado social-democrata, indo mais além dos  bitaites.

A coisa poder-lhe-á correr bem, pois poderá, ou não, e isto porque em disputas eleitorais há esse "inconveniente" que, a par da possibilidade de vitória, é a possibilidade de se sair derrotado, embora há os que filosoficamente pregam que só é derrotado quem se esquiva da luta. Por conseguinte, o mesmo se aplica a Rui Rio e a outros mais concorrentes que se venham a perfilar, e parece que por ora são três. 

Em tudo isto, maior do que o risco de Montenegro vir a perder, e voltamos a dizer que pode ganhar, é o risco para alguns dos seus ilustres apoiantes; alguns deles tendo já perdido com consequências a aposta no "cavalo errado" (Santana Lopes), se vierem a perder de rajada uma segunda aposta a coisa pode ficar (Monte)negra. Aí, caso aconteça, serão "obrigados" a remeter-se a palcos secundários e refrear ou adiar as suas ambições políticas e confinar o poder a coisas menores. Alguns, sem o lastro adequado, peões e escudeiros menores, serão varridos definitivamente de cena. Se, pelo contrário acertarem no apoio, e desta vez o "cavalo" for o certo, aí, esperam, serão readmitidos e logo que se abra a janela da oportunidade, lá estarão. Mas isto para ambos os lados das hostes. De resto, o habitual nas lutas internas partidárias.

Em todo o caso, mais importante que o desfecho da eleição interna e se o vencedor será o Bilhas ou Rio, ou outro, importará ao PSD definir definitivamente o seu rumo sob pena de vir a perder identidade e expressão de forma irrecuperável. Aos militantes caberá essa decisão de optar pela luta e desfragmentação constantes ou por uma paz,  uma verdadeira unidade sem discursos de raposas nos galinheiros ou de "caças às bruxas".

Como é luta que sigo como outsider - embora com opinião, a minha - ...que se entendam.