12 de agosto de 2020

Grupo da Cruzada Eucarística de Guisande

A fotografia acima, datada de 25 de Outubro de 1942, corresponde à data da inauguração do Grupo da Cruzada Eucarística de S. Mamede de Guisande. 

Foto obtida defronte da residência paroquial. Ao centro,  entre as crianças, o Pároco Padre Francisco de Oliveira, nos seus primeiros anos como guia espiritual da paróquia de S. Mamede de Guisande.


Nas fotos acima, datadas de 30 de Outubro de 1955, mais um registo do Grupo da Cruzada Eucarística de Guisande, defronte da residência paroquial e à sombra da então ainda existente cerejeira do adro. Contadas por alto, aproximadamente setenta crianças, entre rapazes e raparigas, certamente que com idades entre os oito e dez anos. Não deixa de ser significativo um número tão grande de crianças.

Ainda não conseguimos apurar os dados relativos à data da extinção desde grupo, mas creio que tal ocorreu pelo final dos anos 1970. Será um dado a confirmar. Todavia, este movimento eucarístico, conhecido popularmente pelo Grupo da Cruzada, ainda está bem vivo na memória de várias gerações de guisandenses.

A Cruzada Eucarística das Crianças era formada por crianças em idade da escola primária, rapazes e raparigas, que vestiam roupas brancas, camisa ou camisola, eles, e vestido ou blusa, elas. Sobre a roupa era costurada a tradicional Cruz de Cristo, em tecido vermelho. Nos primeiros tempos as meninas usavam ainda uma espécie de lenço, preso à cabeça por uma cinta. 

Já na parte final da existência do grupo, era frequente que os elementos usassem cruzando o tronco, na diagonal, do ombro esquerdo à cinta na direita, apenas uma faixa igualmente branca e com a Cruz de Cristo também costurada em tecido vermelho.

Este movimento era coordenado por mulheres, ligadas normalmente à Catequese, a quem se dava o nome de zeladoras. Pessoalmente nunca estive integrado nesse movimento, mas recordo perfeitamente a sua existência onde participavam alguns meus colegas. Entre outras actividades, o grupo da Cruzada tinha que acompanhar os funerais, participando no respectivo cortejo fúnebres. 

Naquela época, e ainda durante vários anos, os funerais eram realizados em cortejo pedestre, desde a casa do falecido até à igreja matriz. Em cada cerimónia, a cada criança da Cruzada era oferecida uma espécie de senha de presença, que mais tarde daria direito a algumas prendas ou lugar gratuito numa das excursões realizadas anualmente pelo pároco. Mensalmente, quase sempre no final da reza do terço ao Domingo, as crianças da cruzada presentes tinham direito a receber o jornalinho "O Clarim". Claro que não chegava para todos pelo que o Pe. Francisco recomendava que o lessem e o passassem aos colegas.


Em finais dos anos 70, o movimento na nossa freguesia acabou por se extinguir de forma natural, entre outros motivos, devido à cada vez menor indisponibilidade das crianças em participarem com regularidade nos diversos eventos e cerimónias religiosas. 

Sobre o movimento da Cruzada Eucarística:

O movimento da Cruzada, a exemplo de muitas paróquias de Portugal, também existiu aqui em Guisande, desde  25 de Outubro de 1942, até pelo menos finais  dos anos de 1970, conforme já referi. É possível que na sua origem, na sua génese estejam reminiscências da lenda da Cruzada das Crianças.

De todo o modo, sabemos que este movimento da Cruzada teve origem concreta no apelo do Papa Pio X, que, em plena I Guerra Mundial (1914/1919), pediu que as crianças, adolescentes e jovens de todo o mundo se organizassem numa Cruzada Universal, com o objectivo primeiro de rezar pela paz no mundo. Este movimento parece ter chegado a Portugal no início dos anos 20. Foi um sucesso e nos anos 30 o movimento agrupava quase três milhões de jovens, principalmente crianças.

11 de agosto de 2020

Quando a Escola do Viso estava quase novinha

 


Como se pode ler na legenda na própria foto acima, a mesma refere-se ao Natal de 1956. Nessa altura realizou-se ali, na Escola Primária do Viso e no envolvente monte, um evento recreativo, a Festa Escolar, com danças populares e mesmo um auto dos pastores. Estas festas escolares naturalmente tinham na organização as professoras, concretamente a Professora Georgina que então ali leccionava.

Não deixa de ser significativo que esta iniciativa tenha ocorrido junto à escola e no monte, mas convém lembrar que por essa ano o salão paroquial de Guisande ainda não existia, pelo que estes convívios da freguesia ocorriam invariavelmente ao ar livre.
De notar ainda o rigor dos trajes usados. O José Almeida, que cedeu as fotos (estas captadas pelo Pe. Francisco), e que era então um dos participantes, recorda-se que os trajes eram pedidos às mães ou avós. Também que eram os rapazes a fazer de raparigas, o que é curioso. Lembre-se que por esses tempos havia sala para rapazes e salas para raparigas pelo que as "misturas" eram evitadas.

Também de notar que por esse ano a Escola Primária do Viso estava construída apenas há poucos anos pois terá sido edificada no ano de 1949 e entrado em funcionamento ainda nesse ano ou no seguinte (1950). 




[fotos facultadas por José Almeida]

10 de agosto de 2020

Mortes anunciadas

O JN online dá-nos hoje a notícia da morte de um motociclista em Vila Verde, depois de um choque com uma carrinha.

Infelizmente, estas notícias de acidentes fatais de motociclistas ou motards, são mais que recorrentes e em muito contribuem para os números de mortes nas nossas estradas.

Todavia, não generalizando nas causas, muitas vezes estes acidentes parecem tão óbvios e mesmo pré-anunciados, porque quem anda na estrada, vê a forma de conduzir de muitos motards, sempre a acelerar, a furar por entre o trânsito, sempre no desrespeito pelas mais elementares regras de trânsito e segurança, colocando-se eles em permanente risco mas, pior do que isso, aos outros, tantas vezes quem vai a conduzir com segurança e respeito. As linhas contínuas, limites de velocidade e sinais de proibição de ultrapassagem são apenas para os outros. Para agravar, muitos dos motards não gostam de circular sozinhos e andam quase sempre aos grupos e se numa ultrapassagem perigosa vai um, então lá vão os demais de seguida. Neste aspecto são solidários e partilham as asneiras.

Ainda há dias, numa das minhas voltas de bicicleta, corri sério risco pois praticamente fui empurrado para a berma porque um grupo de uma dúzia de motas desceu a estrada com curvas e contra-curvas como se apenas eles ali circulassem. Chamar-lhes "cabrões" e outros "mimos" verbais de pouco valeu porque obviamente não me ouviram nem se incomodaram quando me viram a resvalar e a tombar para a berma. Estes são apenas alguns dos muitos maus exemplos e asneiradas das grossas a que já assisti e que me puseram a mim e a outros em perigo, e que, a quem anda na estrada, quase todos já assistimos.

Como se disse, contudo, não se pretende generalizar e concerteza que há motociclistas ou motards conscientes e que fazem uma condução segura e responsável. Mas pelo que se vai vendo, e quem já não viu, parecem ser aves raras.

Importaria, pois, mão pesada para estes recorrentes abusos e acima de tudo uma maior consciencialização e educação cívica e rodoviária de modo a que estas notícias de acidentes envolvendo motas e seus condutores fossem fortuitas e ocasionais.

6 de agosto de 2020

Migalhas

Quando na sua página da rede social Facebook, a Junta da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, faz, e muito bem, referência à festa ou festividade de S. Tiago, padroeiro de Lobão, e não o faz relativamente às demais festas nas demais freguesias, não está, parece-me, a prestar um bom serviço nem a mostrar imparcialidade. 

Mesmo uma eventual justificação de que a referência deve-se ao facto da Junta ter assumido a reactivação da festividade, depois de muitos anos sem ser organizada, ainda acentua mais a diferença de tratamento pois não pode ou não deve assumir organizações festivas numa freguesia quando nas demais essa é uma responsabilidade da comunidade. Se acha que tal é relevante, então que assuma as despesas e organização de todas as festas na união. Deve, sim, apoiar e incentivar.

Nestas coisas de união, ou há um critério de equilíbrio e igual tratamento e referência, e defesa dos diferentes aspectos de identidade, ou então algo não está bem nem contribui para a já por si pouco ou nada aceite união de freguesias. 
Por conseguinte, uma política de um certo banquete para uns e migalhas para outros, não é aceitável, não fica bem e nem havia necessidade.  Afinal, é uma questão de bom senso.
 

4 de agosto de 2020

20 anos


Parece que foi ontem, mas na realidade já passaram 20 anos desde a criação deste sítio na internet  sobre a freguesia de Guisande. 
Inicialmente na plataforma dos blogues Sapo, mas depois foi dando outras voltas e noutras plataformas. Inicialmente um percurso com alguns altos e baixos, é certo, mas a verdade verdadinha é que chegou até aqui. Não é que seja nada de especial, mas mesmo assim é caso único na nossa freguesia. Mesmo nas redondezas, não conheço algo similar que tenha tido esta longevidade e alguma regularidade.

Desde o início e até hoje tem sido um espaço de cariz pessoal. Nunca foi nem pretendeu ser um espaço oficial ou institucional da freguesia. De resto o pouco que se referia a Guisande na anterior versão da página da Junta da União de Freguesias, foi apagado. Porque por vezes há disto: Mudam-se as coisas, supostamente para algo melhor e mais profissional mas em rigor fica-se com uma página cheia de nada. 

Sendo um espaço pessoal, como disse, nele se expressam e partilham coisas próprias do autor, como opiniões, pensamentos, fotografias, vídeos, ilustrações, etc. Numa perspectiva pessoal e de interesse comunitário, é dado  natural destaque à divulgação de assuntos relacionados à freguesia de Guisande,  nos seus diversos aspectos históricos, geográficos e sócio-culturais, incluindo temas da sua vida diária e actual, mas também com espaço e lugar para as informações e notícias. Também se dispensa um olhar atento sobre assuntos relacionados com o município de Santa Maria da Feira e opiniões e reflexões sobre assuntos do dia-a-dia do país e do mundo, porque dele sou cidadão.

Ao fim destes vinte anos, tenho noção que o espaço incomodou alguns, e continua a incomodar, mas tem agradado e sido seguido por muitos mais. Sei, por testemunhos pessoais, que é muito seguido sobretudo pelas comunidades dos nossos emigrantes, nomeadamente de França e Suiça, mas também no Brasil e África do Sul.

Sendo um espaço de âmbito local, e não global, tem tido um número de visitantes diários muito apreciável. Tem oscilações, mas normalmente regista entre 7000 a 15000 visitas mensais, por vezes com mais de 500 visitas diárias, dependendo dos assuntos tratados e da divulgação dos mesmos, nomeadamente através das redes sociais. Por vezes recebo indicações de visitantes, pedindo-me que publique ainda com mais regularidade pois querem saber notícias e apontamentos da sua freguesia.

Em suma, este espaço vai cumprindo os propósitos a que me propus há 20 anos. Nem tudo terá sido bem feito, mas certo é que não vejo ninguém a fazer melhor, e ficaria contente se assim fosse. De resto, há por aí artistas especialistas na arte de tudo contestar mas nada fazer. Eu também contesto e critico mas parece-me que de algum modo tenho procurado alguma coisa fazer, mesmo que nem sempre como desejável, e este espaço online é uma delas. Também nem sempre publico com a regularidade desejável, que seria diária, mas vai indo de modo a não se perder o fio à meada da actualidade. 

Modéstia à parte, creio que tem sido um veículo de transmissão de notícias, olhares e apontamentos sobre a história e identidade cultural e social da nossa freguesia, ganhando uma maior importância desde que a freguesia tem estado numa espécie de interregno, quase uma criogenia nesta coisa chamada União de Freguesias que, muito lobãonizada, pouco ou nada tem feito pela valorização dos diferentes aspectos identitários de cada uma das demais partes integrantes. 

Bem haja a todos os visitantes regulares e a todos quantos encontram neste espaço alguma utilidade. Os parabéns são para eles.

3 de agosto de 2020

Festa do Viso 2020 - Celebração de Missa Solene



Devido aos condicionalismos conhecidos, decorrentes da pandemia de Covid-19, a Festa do Viso neste ano de 2020 foi cancelada, sendo que foi possível realizar a celebração de Missa Solene em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António.
A missam celebrada pelo pároco Pe. Arnaldo Farinha, foi campal, com o altar montado no coreto e com a presença dos andores de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António. 
A celebração teve uma boa afluência e com espaços adequados ao respeito pelas regras de distanciamento. Foi assim possível dignificar o dia e a festividade. Durante a tarde de Domingo a capela esteve aberta para quem quisesse visitar, ver os andores e fazer as suas orações pessoais.
Certamente que para o próximo ano teremos já uma organização e festa plena.
Parabéns à Comissão de Festas e serviços da paróquia pelos aspectos organizativos. Bem hajam!.