2 de abril de 2021

Feliz Páscoa 2021

 


Dentro dos condicionalismos que a pandemia e o estado de emergência vão ditando, expresso votos de uma Feliz e Santa Páscoa a todos os guisandenses, particularmente a todos quanto vão passando por este espaço. Um abraço especial também para os nossos emigrantes ausentes, que pelos motivos diversos não puderam vir à sua terra natal nesta quadra que é de festa. Melhores dias virão!

29 de março de 2021

Venham as cabras

É certo e louvável que a Câmara Municipal de Santa Maria tem feito um grande investimento na pavimentação de muitas ruas no concelho, mas muitas há ainda à espera de requalificação. Por outro lado percebe-se que as Juntas de Freguesias, à boleia destes investimentos do município e regra geral exauridas das suas finanças, pouco ou nada têm gasto do orçamento próprio em pavimentações.

Não surpreende, por isso, que ainda muitas ruas estejam em condições deploráveis. Em Guisande ainda subsiste a Rua da Zona Industrial, a rainha da buracada, mas em várias freguesias mais há. Ainda por estes dias, circulando de bicicleta em Romariz, na Rua Cruz da Lavoura, que liga os lugares de Mouquim à Cruz da Lavoura, vê-se o mau estado da mesma, com autênticas crateras. E nem se percebe sequer um mínimo esforço por parte da Junta local em aplicar os habituais remendos de almôndegas de massa. Mesmo em Romariz, continua em mau estado a Rua Fonte do Uíma, de Fafião à parte baixa de Duas Igrejas, uma rua com bastante trânsito. 

Assim, face a este permanente estado, mas valia que algumas ruas fossem desclassificadas e fossem equiparadas a caminhos destinados a tractores e a retro-escavadoras e sinalizadas como tal.

A juntar a tudo isto, são mais que muitas as ruas com boa pavimentação mas com remendos toscos decorrentes das intervenções nas redes públicas de águas e esgotos e que, aparentemente sem fiscalização e sem penalização, permanecem definitivamente por rematar de forma correcta. Este é, todavia, um (mau) hábito que parece não ter emenda e a Indáqua parece movimentar-se à vontade neste facilitismo.

22 de março de 2021

Direitos...

É sabido que as manifestações anti-racismo estão na moda. Têm um leitmotiv válido e importante, pois claro, porque o racismo é de todo injustificável, como a intolerância, discriminação, a violência, a criminalidade, etc, etc.  Mas, na onda, tantas vezes vêm ao de cima por agendas meramente partidárias e ideológicas que em nada ajudam, antes, muitas vezes, servem apenas para extremar posições.

Em todo o caso, sempre que se ouvem no palco mediático alguns responsáveis desses movimentos, como o grotesco Mamadou Ba, uma espécie de raposa em galinheiro, com ares de galo protector, ou como ainda ontem, na TV, o José Falcão, fundador do movimento SOS Racismo, em tudo quanto possam dizer de verdade, certo é que uma palavra que reiteradamente repetem é "direitos". Direito a isto, direito àquilo, direito àqueloutro, para tudo e todos. E podemos facilmente concordar com a necessidade de garantia de todos esses direitos tão dados como adquiridos num estado democrático, mas o que nunca ouvimos dessas figuras que botam faladura inflamada sobre o racismo, é aquela palavrinha "dever". Se quisermos, dever e responsabilidade. Ou seja, para que as coisas se equilibrem, convém que para cada direito, se contraponha um dever, para cada regalia, uma responsabilidade. 

Assim, para além do combate que devemos fazer a todas as manifestações concretas de racismo, relevando algum folclore e oportunismo de agendas, convém que para cada direito, se exija um dever. Desde, logo, à cabeça, para quem de outras paragens, raízes e culturas venha para o nosso país, como destino de trabalho e vida, cumpra uma coisinha chamada respeito por quem cá está, pela nossa cultura, usos e costumes. Porque chegar cá e pretender impor as suas, limitando as nossas, desrespeitando os nossos símbolos e valores, aí sim, temos que ser racistas, não no sentido de raça étnica nas no sentido de que  não devemos gostar de raças de víboras oportunistas e que vivem à custa do parasitismo e do estado social, sejam elas brancas, pretas, amarelas ou vermelhas.

Já agora, José Falcão, esse "activista" dos direitos, é o mesmo que perante cartazes exibidos em manifestações, do tipo "...polícia bom é um polícia morto", considerou apenas que se tratava de "liberdade de expressão" e que tal não justificava prática de crime. Ora fica tudo dito quanto à postura deste tipo de activistas. 

Num exercício ao contrário, que diria José Falcão se nos cartazes estivesse estampada a mensagem "...preto bom é preto morto!"? Continuaria a ser "liberdade de expressão"?

A Lei, quanto à instigação pública a um crime, diz:

1 - Quem, em reunião pública, através de meio de comunicação social, por divulgação de escrito ou outro meio de reprodução técnica, provocar ou incitar à prática de um crime determinado é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.

Ora para o Sr. Falcão e dirigentes que vão vivendo da coisa, a lei deve estar escrita em chinelês e quando traduzida para falconês quer dizer "liberdade de expressão". 

Assim, com estes "parasitas", que "combatendo" o racismo, precisam dele como forma de viver, não vamos lá!

11 de março de 2021

Vai de tudo...

A ter em conta o que se vai ouvindo por aqui e por ali, parece que a nossa freguesia está de novo a saque. Tal como na pandemia que nos vai constrangendo os dias, parece que uma nova vaga está a acontecer e já são vários os relatos de assaltos ou roubos, como que lhes queiram chamar. E vai de tudo, desde o óbvio pilim e objectos de valor como vão as couves na horta e o cebolo nos canteiros.

É claro que com tudo isto, as forças de segurança parece que andam ocupadas a caçar gambuzinos e a multar quem se aproxima do postigo do tasco ou quem põe um pé fora do concelho. Já quanto ao vigiar, zelar pela segurança das pessoas e dos seus bens e ir à cata do criminoso, aí a coisa fica mais perra. 

Assim sendo e em resumo, estamos fodidos e entregues à bicharada, cada um por si. Só com alguma vigília e um pau de marmeleiro a coisa poderá ser aliviada.


10 de março de 2021

Cagadores encartados

A higiene e limpeza nos espaços públicos, como quem diz a higiene urbana, está regulamentada em quase todos as Câmaras Municipais, nomeadamente na de Santa Maria da Feira, que dispõe do seu Regulamento de Resíduos Sólidos e Higiene Urbana

O incumprimento dos mesmos regulamentos, seja por parte de empresas ou particulares,  pode naturalmente dar lugar à aplicação de coimas, mesmo sabendo-se que na prática, é quase um "faz de conta", já que mesmo em situações flagrantes poucas são as consequências e em muitos casos são as próprias autarquias a "pôr o pé na argola".

Más há um tipo de prática corrente e recorrente de sujidade na via pública, sobretudo em ambientes rurais, que, pelo que tenho analisado, passa ao lado dos regulamentos camarários ou então de leitura e interpretação dúbias. Falo do caso da sujidade das ruas decorrentes de saídas de estaleiros de obras, locais de aterros e desaterros e ainda de lavoura de terrenos agrícolas, seja com terra seja com estrume. Em ambos os casos verifica-se um recorrente abuso e desrespeito, já que antes de se fazerem à estrada ninguém tem a preocupação de limpar e lavar, mesmo que de forma mais superficial,  alfaias, rodados de tractores e camiões, deixando rastos e terrões em longas extensões das ruas, desde o "local do crime" até à "toca".

Há Câmaras, poucas, que têm essa especificação, mas no geral tudo é resumido a entulhos e resíduos de obras, escapando ao crivo as situações atrás referidas.

Em resumo, o que não falta por aí é "cagões" despreocupados e sem qualquer sensibilidade para com o respeito do espaço público que é, afinal, de todos nós. Ora quando se junta esta falta de cultura cívica à falta de regulamentação e penalização aos prevaricadores, tudo é possível e daí não surpreende o que vamos vendo.

Mas como estamos em Portugal, não é de todo surpreendente. Não generalizando, afinal, o mal de Portugal foi sempre o ter "portugueses".

8 de março de 2021

Mota, o revolucionário dos anos 70 e catrapuz

O conhecer uma pessoa tem que se lhe diga. Só anos de vivência e convivência comuns podem sustentar um conhecimento profundo. Sem essa bagagem, qualquer conhecimento de alguém é sempre e apenas circunstancial. Pouco mais que um retrato do aspecto físico e de um ou outro traço mais vincado na personalidade.

Assim, conheço o Firmino Mota, de forma circunstancial, desde há algumas décadas, era ele maduro e eu pouco mais que um adolescente. Mas desde então que tracei o seu retrato como de alguém um pouco para o revolucionário, funcionário público, militante de esquerda, amigo das greves e das manifestações gerais e das lutas por cada vez mais regalias. Não conseguiu a semana de trinta horas e a reforma aos 50 anos (sonho e reivindicações), mas as suas lutas e dos seus pares eram como afluentes de regalias que nunca misturavam as suas águas num rio de deveres e obrigações. Talvez por isso, e porque veio a puta da privatização, reformou-se cedo e desde há longos anos que é um reformado com salário de médico, quando na vida activa do tempo que sobrava das greves, não passou de um medíocre funcionário numa empresa então pública que mais parecia uma porca de criação com muitas tetas onde muitos mamavam à tripa farra.

Então, o Mota libertado cedo dessa obrigação de ter que ir marcar o ponto e de encabeçar comissões de trabalhadores (um eufemismo para quem nada fazia), decidiu lançar-se na literatura onde começou por escrever uns contos e umas frases a que chamava de "poemas de um homem da luta em curso".

Nunca tive curiosidade de ler o que o Mota escreveu em meia dúzia de títulos de edição própria, que fazia distribuir pela sua gente, oferecendo-os pelos natais e aniversários em vez de chinelos, peúgas e cuecas, mas por estes dias, nem sei como nem por quem, lá me veio ter às mãos um desses livros. Logo ao primeiro texto, que nem sei se fábula, se conto, crónica ou coisa nenhuma, começava por destacar a brutalidade de regimes ditatoriais e seus líderes e lá estavam Hitler como o chefe da comandita, o Mussolini, que o bandido de bigodinho à Charlot tanto apreciava, e outros mais incluindo o "sanguinário" Salazar. Logo depois, exaltava figuras como Fidel Castro, Che Guevara, Agostinho Neto, Amílcar Cabral e outros líderes africanos, nomeadamente os ligados aos movimentos da resistência e independentistas dos anos 60 e 70, todos num ramalhete de santidade.

Mas, omitindo os ditadores carniceiros de outros tantos regimes comunistas, desde logo a União Soviética e seus derivados da Europa de Leste, China, Coreia do Norte, Camboja, Cuba e outros mais, com figuras sinistras como Stalin, Mao, Pol Pot e muitos outros que de assentada encheriam um autocarro de dois pisos como os ingleses,  o Mota disse logo ao que vinha. Em rigor não o disse, mas percebeu-se pela leitura de meia dúzia de linhas. O homem não gosta de ditaduras nem de ditadores, no que lhe partilho a aversão, mas, pasme-se, o Mota como bom camarada, finge que dali e daqueles foram só primaveras, progresso liberdade para metalúrgicos e ceifeiras. 

Seja como for, o futuro do Mota não é nos livros nem no que escreve. Fosse por aí, teria que andar a estender a mão à caridade e pegar na foice e no martelo para além do simbolismo. Não! Vai vivendo, e bem, com os frutos do capitalismo que nos seus escritos desdenha e pinta em tom carregado. E vai sonhando com presentes e futuras revoluções. 

O Mota é dos "durinhos" e se os mais cinco cantados pelo Zeca viessem e lhe fizessem companhia era homenzinho para fazer uma nova revolução e ainda ir atrás do sonho de reviver os Precs e os verões quentes quando o país guiado pelo Vasco e seus capitães seguia nos carris certos para uma ditadura abençoada por Lenine e Marx.