23 de setembro de 2022

Trilhos e comunicação

Das largas dezenas de bons trilhos que com amigos tenho percorrido, uns marcados, outros apenas seguidos por mapa e sentido de navegação, várias vezes reporto às Câmaras Municipais, Juntas e responsáveis por essas rotas, para alguns aspectos sobretudo os ligados à manutenção, segurança e limpeza. E posso dizer que de vários contactos nunca recebi sequer resposta.

Neste sentido fiquei agradado com a rapidez, simpatia e prontidão da Câmara Municipal de Sever do Vouga a responder a um meu contacto em que para além de elogiar a qualidade de alguns dos trilhos nesses município, alertava para algumas questões de segurança bem como questionava sobre outro trilho que pretendo fazer mas do qual tinha ouvido recentes comentários de que estaria a precisar de limpeza e manutenção já que tendo cerca de 1,5 Km em passadiço junto a um rio, havia uma parte que tinha colapsado.

Pois bem, a técnica respondeu rapidamente falou com o presidente da Junta local que mandou gente ao local e de facto constatou que o mesmo estava com problemas de segurança. Que iriam resolver rapidamente pelo que eu deveria adiar a caminhada, ficando de me informar logo que o mesmo estive transitável.

E assim damos connosco a perceber que de facto há ainda muito défice de prontidão e atenção das entidades para com os cidadão, que há muitos trilhos oficiais que depois de implementados são esquecidos e abandonados na sua limpeza e manutenção regulares, mas há ainda gente atenta, simpática e prestável.

Nesta como noutras coisas nem tudo está bem, mas nem tudo está mal. 

Bem haja a Câmara de Sever do Vouga pela boa comunicação, porque dessa forma é chamar pessoas ao município, dar-lhes a conhecer os seus lugares, as suas gentes e património e em contrapartida levando os visitantes a utilizarem os serviços, o comércio e os restaurantes. 

Infelizmente esta atenção e consideração não é de todo a norma nalguns municípios.

20 de setembro de 2022

S. Rafael

Não procuro as notícias mas elas vêm ter comigo. E dizem-me que o futebolista do SL Benfica, Rafa (Rafael Alexandre Fernandes Ferreira da Silva), terá anunciado a sua indisponibilidade para representar a dita selecção nacional de futebol abrasileirada, como quem diz, anunciou a sua retirada.

Independentemente das suas razões, que diz serem pessoais e familiares, devem ser respeitadas. Ganha com isso, naturalmente, o seu clube, já que as participações nas selecções são para os clubes uma constante dor de cabeça e notório prejuizo.

Parece-me também que, pelo seu historial na selecção e a forma como vinha a ser aproveitado, em que nunca foi levado a sério, fez bem. De resto já é moço a roçar os 30 anos, o que para um futebolista é quase velhice.

É claro que alguns arrastam-se por ali ate´aos 40 e se lhes derem lugar, até mesmo aos 50, tapando o caminho a outros craques mais novos.

De resto esta selecção dita nacional, a do Fernando Santos, do Ronaldo e do Jorge Mendes, sempre foi assim, de um certo grupinho, alguns brasileiros e mais uns tantos. E no grupinho não se mexe, mesmo que não joguem nos clubes. Os outros, os mais uns tantos, vão andando por ali para jogar uns minutinhos, a amaciarem o banco e almoçarem juntos com o Ronaldo, o Pepe e o Moutinho.

Portanto, esta decisão legítima do Rafa, vale o que vale, e nem deverá ser encarada como recado para ninguém, mas servirá pelo menos a alguma reflexão, até porque foi anunciada num momento de nítida boa forma e rendimento e na véspera de jogos da selecção para os quais tinha sido convocado.

Posto isto, mesmo que esta seja uma notícia banal, parece que tem incendiado as redes sociais e a coisa é levada à discussão num contexto de clubite com interpretações próprias, leituras e recados. Uns louvam a atitude, outros acham que não faz falta, outros consideram que foi uma decisão nojenta, outros ainda alvitram que foi um opção cobarde, como se o representar uma selecção, que é tudo menos nacional, seja um desígnio sagrado ou dever patriótico. 

Um exagero. Afinal foi apenas um jogador que tomou uma decisão de carreira. Nada mais!

19 de setembro de 2022

Raridades


Não sou muito, ou até mesmo nada, de realitys shows na televisão. Mas de quando em vez vejo com agrado o documentário observacional que passa no canal Odisseia, "Uma quinta, 9 filhos e 1000 ovelhas", no original "Our Yorkshire Farm".

A série acompanhou durante 5 anos o dia-a-dia de uma família proprietária de uma quinta (Ravenseat) com um enorme rebanho de ovelhas, localizada nas típicas chanercas inglesas na região de Yorkshire.

Para além da já por si interessante história da família, em que Amanda Owen, aos 19 anos deixa uma vida tranquila e confortável de modelo, na cidade, e decide como opção de vida dedicar-se a ser pastora e com ligação à terra. 

Com 21 conheceu e casou em 2000 com Clive, um criador de ovelhas, com 42 anos. De lá para cá a família cresceu e tem 9 filhos, a mais velha a entrar na universidade em Biomedicina e a a mais nova de tenra idade. A acrescentar aos 9 filhos com Amanda, Clive tem mais dois, da sua primeira esposa.

Para além de tudo, do género televisivo, da sua exposição pública, que lhes confere  inconvenientes mas também mediatismo e popularidade e dela receita e proventos, desde logo em venda de produtos da quinta, livros publicados e outros artigos de marketings, etc, percebe-se que ali há  de facto uma família concreta no conceito clássico do termo.  Mas simultaneamnete uma família normal sujeita a diferentes momentos e tensões.

Diferentes idades, entreajuda, com os mais velhos a olharem pelos mais novos, momentos de brincadeira e contacto com a natureza, com a terra e os animais, a aprendizagem, o enfrentar das realidades e o ultrapassar dificuldades, sempre com o trabalho como base. Em suma, a conquista da autonomia, da independência na vida tal qual ela é, o que é raro nos dias que correm.

A par disso, naturalmente que com todas as exigências educativas. Os filhos do casal frequentam a escola, mesmo que percorrendo longas distâncias diariamente por estradas sinuosas e estreitas até à cidade mais próxima.

Vê-se que o dia-a-dia é duro, trabalhoso, incerto e inconstante como todos os trabalho ou actividades relacionadas à agricultura e pecuária, tanto mais naquela região, muito sujeita à inconstância e particularidades do tempo, habitualmente chuvoso, frio e nevoso no Inverno.

Mas de tudo, ressalta a naturalidade como aquelas crianças se relacionam em família, aos pais e irmãos, à quinta, à terra, à natureza e aos animais. Sem descontrolo, sem excessiva protecção. A valorização do trabalho na ajuda aos pais. Um bom testemunho como crescem e se educam mulheres e homens a sério capazes de cedo serem autónomos e determinados.

Nada de excessivos confortos, mimos e proteccioniso, que vai sendo norma na nossa moderna sociedade.

Esta família, por todos os aspectos inerentes ao mediatismo e escrutínio a que está sujeita, naturalmente que está condicionada nos diferentes momentos do dia-a-dia, mas quem assiste com regularidade, percebe que apesar disso há ali uma autenticidade, que já deixou de ser norma. 

Entretanto, como nada é perfeito, e que só reforça alguma normalidade, foi noticiado em Junho passado que o casal Amanda e Clive se separaram, mantendo no entanto, como prioridade, a educação dos 9 filhos e mesmo a trabalharem juntos na Quinta Ravenseat. Não sabemos, obviamente, os motivos do divórcio, mas não será dispiciendo supor que a exposição pública terá contribuido para alguma instabilidade e tensão, bem como, não menos importante, a diferença de idades entre ambos (20), que naturalmente não se nota quando mais novos mas que se acentua com a velhice.

Se porventura esta realidade vivida em Ravenseat decorresse em Portugal (e quantas famílias modernas, mas ligadas à terra e que vivem do seu trabalho, terão 8 filhos?), dou comigo a questionar se aquelas crianças não seriam retiradas institucionalmente aos pais e estes acusados de incapacidade, desleixo ou de exploração infantil? Sim, porque em Portugal somos o topo, um paíz civilizado, na linha da frente educacional, em que às crianças nada falta, nada se recusa, nada se priva, excepto a desresponsabilização, o trabalho e o mexer no estrume e na terra.

É certo que mesmo em Portugal, no país interior ainda muito ligado à terra, até haverá exemplos semelhantes, em que as crianças também são inseridas cedo na realidade da vida e do trabalho, mas regra geral num contexto de pobreza e raramente como opção por um modo de vida mais terra-a-terra, mais natural, mais primordial, se quisermos.

Digo isto com a naturalidade de quem aos 5 anos já guardava gado e ajudava nas lides da casa e do campo. 

Mas nesse tempo não havia o canal Odisseia. O dia-a-dia já era, em si, uma odisseia.

Mas, voltando aos tempos actuais, modernos, não deixa de ser interessante que o que devia ser a coisa mais natural do mundo, seja, afinal, uma raridade, uma excentricidade, digna de passar na televisão, tornando-se popular aos olhos de milhões de pessoas que seguem a série documental..

Assembleia Municipal - Desagregação

O assunto da proposta da desagregação da União das Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, depois de aprovada em sede de Assembleia de Freguesia, vai a votação na Assembleia Municipal, que terá lugar no próximo dia 23 de Setembro, pelas 20:30 horas no Europarque - Santa Maria da Feira.

É um dos passos necessários para que a proposta possa chegar à Assembleia da República onde sairá a decisão final quanto à concretização, ou não, da desagregação, conforme vontade das populações de Gião, Louredo e Guisande.

Náufrago do tempo


Eis-me aqui, todo em pleno mar,

Sem farol a guiar a porto seguro,

Sem barco, sem âncora, nem bóia

Em água temerosa.


Fugi, perdi-me para me encontrar,

Mais livre, solitário, mais puro,

Como quem busca tesouro ou  jóia

Mais rica, valiosa.


Talvez nesta imensidão ondulante,

Espelho da negrura da alma e céu,

Eu encontre uma rocha firme, a fé,

Que me resgate desta morte certa.

Serei então um solitário mareante

Digno, sereno, despojado de labéu,

Um novo e renovado homem Crusoé

No reencontro da ilha deserta.


Eis-me aqui, náufrago em verdade

Já com fundada, renovada esperança,

Porque passada a dor, a tempestade, 

Ressurge a doce e vindoura bonança.


Eis-me aqui, vivo, já fora do mar,

Seguro, mesmo que a noite caia,

Porque um homem pode naufragar

Mas dará sempre à sua praia.

16 de setembro de 2022

Gente nossa - O José Almeida está de parabéns!



Porra! Anda um homem a escrever coisas bonitas e sentidas para os de fora e não as há-de escrever sobre alguém da família? 

Mas olhem que não é fácil, porque nestas coisas de enaltecimentos, os famíliares são sempre os mais poupados, não porque esquecidos ou menosprezados, mas um pouco como o pai do filho pródigo no tratamento para com o seu primogénito: - Filho, tu estás sempre comigo, e as minhas coisas são as tuas!

Mas a verdade é que esta parábola é mesmo difícil de mastigar, ao alcance  de poucos na sua aplicação, mas por isso, por quase impossível ao entendimento pelos olhos da nossa frágil humanidade, é que Cristo a contou como exemplo. Mas, retomando, nestas coisas de falar dos outros, estes são os filhos pródigos e os da casa, os filhos mais velhos. Creio estar desculpado ou pelo menos justificado.

Mas, hoje, a propósito do seu aniversário, e nem importa saber quantos, quero dar uma palavrita ao José Almeida, meu primo por parte dos nossos pais, o meu, o António, o dele, o Joaquim.

O José Almeida, o Zé ou o Zé da Glória, está naturalmente mais mole porque com o peso dos anos, os ensinamentos da vida e as artimanhas dos ossos. Mas mesmo que ainda com uns arrebates dos velhos tempos, já não é o que era de impetuoso, e por isso para melhor. Tinha um temperamento de mar do norte, ora calmo e sereno, ora a levantar ondas e tempestades. A bem dizer, fervia em pouca água, mas com a particularidade de apenas quando sentia que estava a ser desrespeitado ou desconsiderado.

Perdoar-me-á, mas só para atestar esta fácil fervura, partilho um episódio testemunhado na primeira pessoa: Houve uma altura em que o acompanhava à lota a Matosinhos onde comprávamos peixe congelado. Ao chegar, no parque de estacionamento estava ali um lugar disponível, mas ele precisava de dar a volta com a sua carrinha e então pediu-me que ficasse a guardar o lugar enquanto manobrava. Assim fiz, mas entretanto chega de rompante um chico-esperto, que mesmo contra a minha indicação de que o meu primo já ali vinha estacionar, ignorou e estacionou. Pois, bem! Ali chegado e posto ao corrente, o meu primo enfrentou o tipo com impropérios, sacou de uma espécie de bacamarte de partir queixadas, que tinha algures na carrinha, e o condutor espertalhão, perante aquela tempestade vulcânica não teve outro remédio senão, com o rabo entre as pernas, esgueirar-se a ir procurar abrigo. É que se não fosse isso, e a propósito do local, ele iria apanhar umas valentes solhas, congeladas, porque mais duras. Mas felizmente, a coisa resolveu-se, senão iria ser ali uma peixeirada. E num instante o Zé já estava outra vez envolto em bonança, calmo, sereno, a encher a carrinha de peixinho do mar do norte.

Mas apesar desta sua característica, o Zé é uma pessoa com uma enorme bondade e disponível para ajudar. É certo que esse seu temperamento por vezes dificulta as coisas, para ele e para quem com ele convive, mas, porra, quando um homem se sente com razão, não há força que o cale! Fosse a jogar uma sueca, a ver ou ouvir um jogo do seu Porto, convinha não agitar as águas com o Zé.

O José tem uma vida pacata e certinha, que vive ao lado da sua Adelaide de sempre, boa e fiel companheira, mesmo a aturá-lo na fervura. Bom marido, bom pai, e bom avô. Criou filhos e já com netos, e creio que bisnetos. Casou cedo, porque apesar de viver numa família onde nada faltava, tinha uma educação austera e por esses tempos as mãos maternas, porque calejadas, eram pesadas. Assim casou novo e e a lua-de-mel não tinha aquecido e já marchava para o serviço militar em África. Depois emigrou para França, regressou, trabalhou na Câmara Municipal da Feira e, finalmente, na merecida reforma, já há uns anos.

Mesmo com esse seu tal feitio que não é defeito, foi sempre participante da vida comunitária, exercendo, e bem, a sua quota parte de cidadania. Integrou corpos directivos do Guisande F.C., fez parte da política, do associativismo, até do Grupo Coral, e desde há alguns anos que é ministro da Comunhão cá na paróquia. Não se pode exigir mais. Há quem, literalmente, nunca tenha mexido uma palheira pela terra e pela comunidade.

Por tudo isso, e bastaria o ser gente, tanto mais boa gente porque familiar, faço votos de um feliz aniversário e que por cá ande muitos mais, mesmo que de vez em quando chateado com os ossos. É a vida!

Parabéns, primote, e desculpa qualquer coisinha por te expor assim publicamente!


Nota de falecimento

 


Faleceu no final do mês de Agosto (dia 30), Maria da Conceição Gomes de Almeida, viúva de Manuel José da Silva, com habitação em Cimo de Vila - Guisande,  mas que vivia há vários anos na África do Sul, junto de familiares.

Para quem não reconhece pelo nome, diremos que é irmã da Sr.ª Aida Gomes de Almeida, que vive em Fornos, e dos falecidos Sr. Alberto Gomes de Almeida, Sr. Higino Gomes de Almeida e Sr.ª Bernardina Gomes de Almeida..

As cerimónias fúnebres serão realizadas hoje, Sexta-Feira, 16 de Setembro, em Guisande, pelas 15:30 horas, com chegada do corpo pelas 14:00 horas.

No final vai a sepultar no cemitério local em jazigo de família.

Missa de 7.º dia amanhã, Sábado, 17 de Setembro, pelas 17:30 horas, também na igreja matriz de Guisande.

Sentidos sentimentos a todos os familiares!

Paz à sua alma!

Que Deus a tenha em eterno descanso!