24 de janeiro de 2023

Pedradas...

...Quem nunca tomou conhecimento e aprovou uma indemnização de meio milhão de euros a uma correligionária, e depois esqueceu-se disso, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca fez um orçamento de 750 milhões de euros e que logo de seguida resvalou para três milhões, que atire a primeira pedra.

...Quem nunca foi secretária de Estado por 24 horas, que atire a primeira pedra.


O problema é que um dia destes não há pedras que cheguem.

22 de janeiro de 2023

Adeus comunidade solidária

Confesso que não me apetece reflectir de forma profunda sobre isso, nem colher ou muito menos dar lições de moral, mas parece-me uma pura constatação de que os nossos jovens quase nunca participam em cerimónias fúnebres, excepto aqueles por questões circunstanciais especiais, desde logo os que pertencem à família dos que partem.

Mas se esta é uma realidade quanto aos jovens, também se nota que dos nossos adultos dos cinquentas para baixo, poucos ou nenhuns se veem num funeral ou mesmo numa missa de sétimo dia, mesmo que a um Sábado ou a um Domingo.

Não são, por isso, sob um ponto de vista moral, nem mais nem menos que os demais, mas que se nota, nota. 

Tenho, naturalmente, algumas razões que me parecem justificar esta realidade, mas para o caso pouco importam. Mais que um mero desrespeito, que não é, ou desinteresse por quem parte ou por quem da família fica e sofre as dores do luto, há sobretudo um comodismo, uma indiferença quase generalizada. E isso porque em grande parte as pessoas já não se conhecem numa perspectiva de comunidade. Cada um leva a sua vidinha sem grandes rasgos de vivência fora de portas ou do círculo restrito da família chegada. Cada um está por si, pelo que quando morre o Ti Manel ou a Ti Maria, mesmo que da vizinhança, ninguém sabe, ninguém conhece ou não quer saber. 

É certo que tantas vezes os funerais são marcados para horas impróprias e inadequadas para quem trabalha e tem responsabilidades. Eu próprio, por isso, acabo por não participar em alguns funerais, com pena, mas procuro sempre que posso e logo depois, transmitir pessoalmente os sentimentos aos familiares mais próximos.

Em todo o caso, há sim, porque é notório e evidente, um desinteresse generalizado, e não espanta, pois, que ninguém deixe de fazer o que tem a fazer, mesmo que no domínio do recreio e lazer, para ir participar comunitariamente nas cerimónias de despedida de algum dos dos nossos que partiu e para, de algum modo, ajudar a mitigar a dor dos familiares nesses momentos de tristeza e pesar. Quem passou por elas, sabe que é reconfortante um apoio da comunidade.

Mas é o que é e não há volta a dar. Estas coisas vão neste sentido e não tardará, daqui a mais duas ou três gerações, desaparecidos os actuais mais velhos, que um qualquer funeral seja um mero frete reservado apenas à participação e responsabilidade dos familiares, e nem todos. Cada um por si. A indiferença ganha campo.

Adeus, comunidade solidária! Descansa em paz!

A rotina quebrada

O Francisco do Vieira enviuvou cedo. Depois de desanuviada a negra nuvem da dor do luto, ainda o rondaram, pretensiosas, algumas pretendentes, sabedoras da sua gentileza, boa estampa, casa montada e emprego estável num dos gabinetes da Câmara Municipal, mas a todas esvaziou-as com a subtileza dos comportamentos de lobo solitário. Considerou que o que precisava depois da partida da sua amada Isabelina, era cumprir na solidão uma caminhada de serenidade, física e espiritual. 

Logo depois, à primeira possibilidade, reformou-se e desde o primeiro dia que se impôs a uma rotina disciplinadora para que não se perdesse numa modorra que conduz ao limiar da loucura. Assim, levantava-se sempre às sete e meia da manhã, espreitasse o sol pela janela do quarto ou nos vidros da jenela batessem as gordas bátegas de chuva. A seguir, na casa de banho, eram sempre quinze minutos para o essencial, o escanhoar da barba e do ordenamento da basta cabeleira, já grisalha. Banhos gostava de os tomar antes de deitar. De seguida o pequeno almoço na pastelaria da esquina, a leitura das goradas nos jornais, e minutos depois caminhava já em passo acelerado pelos caminhos da redondezas, tanto quanto possível por onde não andasse alguém. Ao meio dia e meio era cliente diário no restaurante do Quintela. E era assim o resto do dia com coisas certas, a horas marcadas, como que comandado por um treinador de apito na boca e cronómetro na mão. Conversas, poucas com amigos raros e mesmo assim apenas para não dar ares de bicho de buraco. Mas, não fora essa obrigação social, dispensaria de bom grado as conversas de lana caprina sobre o estado do país, da política e dos políticos, do futebol, etc.. Deitava-se sempre às onze, depois de ler algumas páginas de um dos muitos livros, e em regra dormia bem até que o ciclo recomeçava no dia seguinte. Corriam os dias, as semanas e os meses e com eles os anos pareciam  cavalgar num trote certinho.

Um dia, porém o Francisco, não se sabe por que carga de razões, quebrou a rotina e foi tomar o pequeno almoço na freguesia vizinha e foi servido por tão graciosa rapariga, de olhos negros profundos, num corpo esbelto de viço, e tão simpática e afável como se o conhecesse desde sempre. Não consegue justificar-se sobre que aranha lhe mordeu quando percebeu que começou a ir ali, não apenas uma, mas duas ou três vezes por semana. E pouco mais à frente, já era presença diária e fazia por prolongar aqueles momentos que ali passava simulando que se entretinha a ler o jornal de fio a pavio, mas na verdade sempre com os olhos a fugirem para os da empregada que, mais doces que os pastéis que servia, os retribuía. Começou a baralhar as tarefas que tinha na rotina inabalável dos seus dias, saltando umas e adiando outras. Começou a dormir mal e aquela rapariga, tenra e deslumbrante, era presença nos seus sonhos nocturnos e pensamentos à luz do dia.

Certo é que passados alguns meses toda a freguesia ficou pasmada quando foi noticiado que o Francisco se juntara à Teresinha da pastelaria Estrela da Manhã, e mudara lá para os lados de Castro Daire, de onde era natural a moça.

Há assim nas nossas vidas um não sei quê de que destino, fatalidade ou apenas acaso, que quando damos por ela, dá cabo das mais fundamentadas rotinas, descompondo ideias, desorganizando sonhos, distorcendo as linhas rectas e paralelas que nos guiam, fazendo descarrilar o comboio com as dezenas de carruagens onde arrumos as coisas certinhas.

Feitas as contas, terá sido melhor assim. Seria demasiado penoso que o Francisco não fosse capaz de se desamarrar daquela disciplina monocórdica que lhe fazia os dias todos tão iguais, tão minuciosamente agendados e preenchidos em todos os minutos e horas do dia e da noite, que às tantas aquilo já não era vida, mas somente um existir, um ponteiro de relógio preso ao eixo da engrenagem.

Não sabemos como corre a vida para o Francisco com a fresca Teresinha, lá por Castro Daire, mas por mais revolta e imprevista que seja, será certamente vida e vivida, em que cada dia é diferente do anterior como inesperado será o seguinte. Sem regras, apenas de improviso. Porventura, descascada a sumarenta da companheira, já a achará chocha, desenxabida, ou ela, de tanto o já ter espremido, seguiu para outro pomar, mais fresco. Talvez, uma ou outra coisa ou nenhuma delas, mas na certeza de que a vida do Francisco deu uma volta de pernas-para-o-ar. Se caiu de patas como os gatos, se de cu, por ora ainda não se sabe.

21 de janeiro de 2023

Recolha de sangue - 21 de Janeiro de 2023


Decorreu na manhã do dia de hoje, Sábado, 21 de Janeiro de 2023, mais uma sessão de recolha de sangue na nossa freguesia, que teve lugar nas instalações do Centro Cívico do Centro Social, no Monte do Viso.

Foram registadas 46 presenças com 37 dádivas, 8 adiadas e 1 eliminada.

Um agradecimento a quantos colaboraram com a equipa de recolha e aos participantes. Uma generosa dádiva num momento em que tem sido noticiada a redução das reservas de sangue no nosso sistema hospitalar. 

Bem hajam!



20 de janeiro de 2023

COP Guisande - reunião

O COP - Comité Organizador Paroquial de Guisande, no âmbito da preparação das acções relacionadas à Jornada Mundial da Juventude - Lisboa 2023, realizou ontem, Quinta-Feira, 19 de Abril, pelas 20:30 horas, uma reunião de trabalho, a qual teve lugar no edifício do polo da sede da Junta de Freguesia.

O ponto de ordem era a análise e apresentação de propostas para angariação de famílias de acolhimento de jovens que nos visitarão na última semana de Julho deste ano, antes da Jornada, na semana seguinte e que decorrerá em Lisboa.

Ainda não há números de quantos jovens ficarão alocados em Guisande, até porque depende naturalmente da capacidade de alojamento, pelo que tudo está ainda numa fase preparatória. É certo que o nosso pároco já tem feito avisos no sentido das famílias que entendam reunir condições se voluntariarem para o acolhimento, mas na realidade, para além de uma ou outra situação, ainda não há casos concretos.

Neste contexto elaborou-se uma lista de cerca de quatro dezenas de famílias que em princípio poderão ter condições, disponibilidade e instalações, e de seguida o COP através de três ou quatro grupos farão os respectivos convites de forma pessoal, a par de uma melhor explicação dos requisitos e como é que se processará a estadia e a sua dinâmica. Sabe-se que será necessário garantir o alojamento de pelo menos dois jovens por família, por isso disponibilizar um quarto para dormidas, casa de banho para serviço e higiene pessoal e ainda garantir o pequeno almoço e o jantar. Durante o dia as famílias ficarão livres uma vez que os jovens irão participar no âmbito da Vigararia e Diocese em diversas acções preparatórias e de convívio no âmbito da JMJ.

É certo que o acolhimento implica naturalmente algum trabalho e responsabilidade, mas estamos certos que a nossa paróquia tem pelo menos meia centena de famílias com essas condições, pelo que em rigor, no geral essa disponibilidade dependerá, naturalmente, apenas da vontade das pessoas em partilhar esta experiência com jovens vindos de outros países e de outras culturas. Poderá ser enriquecedor para ambas as partes. Haja, pois, vontade e algum sentido de cidadania em colaborar com este evento internacional que vai marcar a realidade do nosso país neste Verão.

Entretanto, as famílias que entendam poder colaborar, podem dar o seu nome ao Grupo de Jovens ou no serviço da paróquia.

Nota de falecimento

 


Faleceu Maria Adelina Almeida, de 97 anos de idade [19 de Janeiro de 1926 a 20 de Janeiro de 2023]. Residia no lugar da Lama, Guisande.

As cerimónias fúnebres serão no Domingo, dia 22 de Janeiro, pelas 11:00 horas, na igreja matriz de Guisande, indo no final a sepultar em jazigo de família no cemitério local.

Missa de 7.º Dia na Sexta-Feira, 27 de Janeiro, pelas 18:30 horas na igreja matriz de Guisande.

Sentidos sentimentos a todos os familiares. 

Paz à sua alma!

19 de janeiro de 2023

Sinais dos tempos e sol na eira e chuva no nabal

No alto do pedestal da minha idade, creio que já me é permitdo fazer comparações entre estes novos tempos e os tempos passados que já somam mais de meio século. Mas antes das minhas memórias e testemunhos, naturalmente que as dos nossos pais, avós e bisavós. Na realidade conheci e convivi pelo menos com a minha bisavó materna.

Dessas memórias na primeira pessoa e dos testemunhos das mais velhas, o tempo, o clima, em rigor foram sempre assim: Chovia, fazia sol, estava frio, caía neve, granizo e geada. Os verões eram quentes e secos, os invernos frios, ventosos e molhados, tal como seria normal ser. Tudo era aceite e compreendido como uma mera e incondicional normalidade, mesmo que já houvesse extremos, como vagas de calor e secas, vagas de chuva e inundações. Meteorologia quase não existia e quando aparecia na televisão, no tempo dela, um soturno Antímio de Azevedo a mostrar e a explicar nuns toscos mapas desenhados à mão em quadros de lousa, as temperaturas, a velocidade do vento e a altura das ondas do mar, poucos percebiam do que estava a falar e, mais do que isso, em rigor essas explicações não serviriam de nada porque se há coisa que nunca o homem pode mudar foi o clima. 

Dizem, agora, que o clima está mudado pelo homem e coisa e tal e que há aquecimento global, os polos estão a derreter, os oceanos vão subir e inundar cidades costeiras e muitas espécies de animais vão desaparecer, etc, etc.

É certo que há nisso muita verdade e que a não devemos ignorar, mas desde os primórdios dos tempos que o planeta Terra começou a aglutinar-se e a girar em redor do Sol, tudo tem sido dinâmico e transformador, e dizem os cientistas que leem nas rochas, que já tivemos diferentes eras, algumas glaciares. 

Para além disso, mesmo nos nossos tempos, as forças da natureza, nomeadamente os terramotos e os  vulcões, continuam com a acapacidade de destruir e transformar. Por outro lado a Terra, tal como no passado, é um alvo potencial de receber em queda  asteróides e outros elementos sólidos que vagueiam pelo profundo espaço ou mesmo das acções das tempestadas solares que só não nos são fatais devido aos campos elctromagnéticos gerados pelo nosso planeta em rotação.

Ou seja, o homem, pelo seu processo de evolução, tem contribuído para alterar alguns equilíbrios mais ou menos tidos como naturais, mas em rigor a Terra sempre esteve e estará condicionada a eventos que de todo não dependem do homem mas apenas da sua dinâmica física, química e de relação com o espaço sideral onde gravita. Além do mais, dizem novamente os cientistas, daqui a uns muitos largos milhões de anos acabará mesmo por ser incinerada quando o Sol estiver nos seus últimos tempos e expandir-se na forma de uma estrela gigante vermelha, engolindo o nosso planeta azul. Dos vivos ninguém estará cá para testemunhar.

Com tudo isto para dizer que, porventura, o muito que se diz e apregoa acerca das alterações climáticas e do aquecimento global nem é tanto ao mar nem tanto á terra, isto é, há verdades confirmadas mas igualmente um nítido exagero porque as nossas acções comparadas com as da própria natureza são de facto insignificantes. Bastará que sobre a terra caia um asteróide do tamanho daqueles que dizem que extinguiu os dinossauros para que a Terra volte a conhecer tempos trágicos de escuridão, gelo, fome e miséria. Ou então, que entre em acção um super vulcão como dizem que é o de Yellowstone, nos Estados Unidos, para o planeta ficar novamente de candeias às avessas. E dizem que vai mesmo acontecer, faltando saber quando. Dizem que pode ser amanhã, daqui a um ano, dez, cem ou milhares de anos ou bem mais. Portanto, o que temos como certo é a incerteza.

Mas é claro que nos dias de hoje as coisas do clima e do tempo que faz em cada região do planeta ou mesmo em cada localidade do nosso país, é tudo muito esmiuçado. Dão-se nomes às tempestades, contam-se as vagas de calor e frio, informa-se se vai estar frio ou calor, emitem-se avisos de cores quentes por tudo e por nada, que mais não seja para as pessoas não se aproximarem da praia quando o tempo vai revolto, como se necessário fosse tal aviso. Por conseguinte, tanto ênfase damos a estas coisas, de uma forma tão exarcebada e constante que em rigor estamos sempre sobre um constante estado de alerta, seja porque faz sol, chuva ou coisa nenhuma.

Sinais dos tempos. Bem estavam os mais antigos que viam nestas coisas do clima e do tempo uma mera normalidade, sabendo pelos sinais da natureza se iria chover, dar sol ou cair neve, mesmo que desejassem sol na eira e chuva no nabal e nem que para isso tivessem que fazer promessas aos seus melhores santos e santas.