30 de julho de 2023

Festa do Viso 2023 - Noitada de Sábado

 


Excelente noitada de Sábado na nossa Festa do Viso, em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António. Um excelente músico, Pedro Piaf, seguindo-se a Banda Remember, de tributo à música das décadas de 80 e 90 com passagem pelos 70. Surpreenderam-me pela positiva, pela qualidade dos músicos e do vocalista. Conseguiram envolver num clima contagiante diferentes gerações com músicas que já são intemporais. 

Parece-me que este é um bom exemplo de que é possível fazer boas noitadas com qualidade e a preços justos. Nem sempre colocar como cabeça-de-cartaz um qualquer popular cantor pimba, resulta numa festa de arromba. Para lá da multidão,  música vulgar e recheada de ordinarices camufladas ou de segundas intenções, está uma coisa que deve ser sempre tida em conta, a qualidade da própria música e dos seus intérpretes.

Eu não sei como foi na freguesia vizinha, onde terá actuado um certo Malhoa, que há quase 60 anos anda a malhar em mais do mesmo em música de qualidade duvidosa mas de gosto fácil, a apertar com elas, a ajoelhar para rezar e com as 24 rosas já murchas. Mas veste umas roupas coloridas, mete gel no resto do cabelo e faz de conta que ainda tem a idade que tinha quando passou na nossa Festa do Viso há pelo menos 40 anos. Não me custa acreditar que tenha tido por lá o dobro ou triplo da assistência que por cá tiveram os fantásticos Remember, mas ainda bem, porque assim a coisa ficou filtrada e mais limpa. De resto há tempo e lugar para todos os estilos e gostos. A nossa noitada, essa foi memorável, com casa quase cheia, gente a divertir-se, mesmo que com muitos apenas a ver, mas ficou o bom clima. De nossa parte ficou a pena de ter que deixar o bonito arraial pela meia noite para ir apanhar as peregrinas da Jornada Mundial da Juventude que chegavam cansadas da jornada de ontem no Porto.

Por conseguinte, a noite de ontem foi bem melhor do que a de Sexta-Feira já que para além do tempo menos agradável, a meu ver algo não funcionou nas opções do programa, ao colocar-se, e repetir o mesmo erro do ano passado, um comediante a debitar umas merdas e umas caralhadas em frente à capela, quebrando o ritmo musical à festa. Foi pena, e quando alguém no palco lá pela meia noite começou a meter discos já meia casa tinha dado de frosques. Ainda bem que por lá ainda estavam muitos dos jovens que pelas nossas paróquias estão em pré-jornadas da juventude. Salvou-se assim parte da noite.

Ainda bem que neste Sábado foi reposta a normalidade e equilibradas as coisas. Parabéns à Comissão de Festas por esta boa surpresa e aposta da Banda Remember. E já agora, pela excelente barraquinha repleta de boas opções para além da tradicional cerveja. Bem hajam e a todos quantos ali ajudavam numa azáfama constante.








29 de julho de 2023

Moinhos de Jancido - Nova visita

 


O Sábado, já numa quase mania, nasceu com ares de chuva macia mas como aqueles cães de colo que encostadinhos ao peito morno das donas mostram os dentes mas que tomara que não venha vento. Assim, o grupo reduzido regressou aos já populares moinhos de Jancido, na freguesia de Foz do Sousa, concelho de Gondomar. 

O ribeirinho que os movimenta e lhes dá vida, mesmo que agora só a moer e a remoer máguas, corria como correm os regatos no Verão, mas ainda assim a ponto de cantar ao despenhar-se na bonita cascata do Caiágua já na borda do senhor Sousa, este um rio mais rio. 

Seguimos então Sousa acima, pela sua margem esquerda até ao parque de Covelo e regressamos ao ponto de partida. 

No retempero, porque amanhã há carniça da boa em Guisande, fomos no bacalhau nas variantes de com broa e à Freitas (tipo à Liberdade). Em rigor bastaria uma das doses para saciar o grupo de quatro mas lá se empurrou e pouco sobrou. Deliciosos ambos pelo que nem valeu a pena perder tempo na dança da boca com as sobremesas que a empregada anunciou como se fora uma cantiga.

Boa jornada, apesar de para além da carreira dos velhos moinhos (do Quintas, do Alves, do Sousa, do Capela, do Almeida e do Crestina) com formas peculiares e em negra  pedra de xisto, não ter o trilho pontos de muito interesse, tal é a eucaliptização e o desmazelo das margens do Sousa. Fosse há 100 anos e outro galo cantaria, mas por agora, como para apanhar batatas, ninguém aparece ao trabalho.

De seguida alguns olhares.

























28 de julho de 2023

Ena! Tanta gente!

É elementar: Para cada um de nós nascer, temos que ter 2 pais, 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós e por aí fora, com o número sempre a dobrar conforme vamos recuando no tempo e nas gerações.

Assim, neste princípio e considerando uma média de 30 anos por geração, poderemos ter a seguinte lista, no caso apenas até ao século V. Imagine que continuaríamos a recuar no tempo até aos primórdios da evolução enquanto humanos. De facto, sendo pura matemática, dá que pensar na quantidade absurda de pessoas que foram necessárias para através das diferentes ligações se chegar ao produto único que somos cada um de nós.

Não seriam necessárias estas contas para tal conclusão, mas vendo a lista abaixo, só ajudam a perceber que em rigor somos de facto todos familiares, mesmo que em ramificações tão dispersas no espaço físico e temporal. 


1. 1ª geração - Pais (2023) - 2 pessoas

2. 2ª geração - Avós (1993) - 4 pessoas

3. 3ª geração - Bisavós (1963) - 8 pessoas

4. 4ª geração - Tetravós (1933) - 16 pessoas

5. 5ª geração - Trisavós (1903) - 32 pessoas

6. 6ª geração - Pentavós (1873) - 64 pessoas

7. 7ª geração - Hexavós (1843) - 128 pessoas

8. 8ª geração - Heptavós (1813) - 256 pessoas

9. 9ª geração - Octavós (1783) - 512 pessoas

10. 10ª geração - Nonavós (1753) - 1.024 pessoas

11. 11ª geração - Decavós (1723) - 2.048 pessoas

12. 12ª geração - Endecavós (1693) - 4.096 pessoas

13. 13ª geração - Dodecavós (1663) - 8.192 pessoas

14. 14ª geração - Tredecavós (1633) - 16.384 pessoas

15. 15ª geração - Quatordecavós (1603) - 32.768 pessoas

16. 16ª geração - Quindecavós (1573) - 65.536 pessoas

17. 17ª geração - Sedecavós (1543) - 131.072 pessoas

18. 18ª geração - Septendecavós (1513) - 262.144 pessoas

19. 19ª geração - Octodecavós (1483) - 524.288 pessoas

20. 20ª geração - Novendecavós (1453) - 1.048.576 pessoas

21. 21ª geração - Vigintavós (1423) - 2.097.152 pessoas

22. 22ª geração - Unvigintavós (1393) - 4.194.304 pessoas

23. 23ª geração - Duovigintavós (1363) - 8.388.608 pessoas

24. 24ª geração - Trevigintavós (1333) - 16.777.216 pessoas

25. 25ª geração - Quattuorvigintavós (1303) - 33.554.432 pessoas

26. 26ª geração - Quinquavigintavós (1273) - 67.108.864 pessoas

27. 27ª geração - Sesvigintavós (1243) - 134.217.728 pessoas

28. 28ª geração - Septemvigintavós (1213) - 268.435.456 pessoas

29. 29ª geração - Octovigintavós (1183) - 536.870.912 pessoas

30. 30ª geração - Novemvigintavós (1153) - 1.073.741.824 pessoas

31. 31ª geração - Trigintavós (1123) - 2.147.483.648 pessoas

32. 32ª geração - Untrigintavós (1093) - 4.294.967.296 pessoas

33. 33ª geração - Duotrigintavós (1063) - 8.589.934.592 pessoas

34. 34ª geração - Trestrigintavós (1033) - 17.179.869.184 pessoas

35. 35ª geração - Quattuortrigintavós (1003) - 34.359.738.368 pessoas

36. 36ª geração - Quinquatrigintavós (973) - 68.719.476.736 pessoas

37. 37ª geração - Sestrigintavós (943) - 137.438.953.472 pessoas

38. 38ª geração - Septentrigintavós (913) - 274.877.906.944 pessoas

39. 39ª geração - Octotrigintavós (883) - 549.755.813.888 pessoas

40. 40ª geração - Noventrigintavós (853) - 1.099.511.627.776 pessoas

41. 41ª geração - Quadragintavós (823) - 2.199.023.255.552 pessoas

42. 42ª geração - Unquadragintavós (793) - 4.398.046.511.104 pessoas

43. 43ª geração - Duoquadragintavós (763) - 8.796.093.022.208 pessoas

44. 44ª geração - Tresquadragintavós (733) - 17.592.186.044.416 pessoas

45. 45ª geração - Quattuorquadragintavós (703) - 35.184.372.088.832 pessoas

46. 46ª geração - Quinquaquadragintavós (673) - 70.368.744.177.664 pessoas

47. 47ª geração - Sesquadragintavós (643) - 140.737.488.355.328 pessoas

48. 48ª geração - Septenquadragintavós (613) - 281.474.976.710.656 pessoas

49. 49ª geração - Octoquadragintavós (583) - 562.949.953.421.312 pessoas

50. 50ª geração - Novenquadragintavós (553) - 1.125.899.906.842.624 pessoas

51. 51ª geração - Quinquagintavós (523) - 2.251.799.813.685.248 pessoas

52. 52ª geração - Unquinquagintavós (493) - 4.503.599.627.370.496 pessoas

53. 53ª geração - Duoquinquagintavós (463) - 9.007.199.254.740.992 pessoas

54. 54ª geração - Tresquinquagintavós (433) - 18.014.398.509.481.984 pessoas

55. 55ª geração - Quattuorquinquagintavós (403) - 36.028.797.018.963.968 pessoas

(...)

27 de julho de 2023

Nota de falecimento

 


Faleceu Augusto Alves Ferreira da Silva, de 69 anos de idade  [17 de Fevereiro de 1954 - 25 de Julho de 2023]. Natural de Estôse, Guisande, tinha habitação no lugar da Leira - Guisande, sendo que emigrante em França.

Cerimónias fúnebres na nossa igreja matriz de Guisande, na Segunda-Feira, dia 31 de Julho de 2023, pelas 15:00 horas, indo no final a sepultar em jazigo de família no cemitério local.

Missa de 7º Dia no mesmo local no próximo Sábado, 05 de Agosto, pelas 17:30 horas.

Expresso o meu sentido pesar a toda a família. Que descanse em paz!

Ainda as linhas de água que metem água


Há dias escrevi aqui sobre uma certa situação que configurava uma incompreensível dualidade de critérios quanto à aprovação ou reprovação de operações de edificação supostamente por colidirem com linhas de água, nomeadamente aquelas assinaladas na cartografia militar, habitualmente estas representadas nas escalas 1/25000 ou 1/50000, ou seja, sem qualquer rigor métrico. Sem uma análise rigorosa e apenas com um parecer emitido por alguém com o cu mergulhado no sofá e no conforto do gabinete, com o super poder de ver mosquitos em África.

Mas, voltando ao tema, e agora especificamente relativamente ao nosso território, para efeitos de comparação, de exemplo e mesmo de reflexão, fica a constatação de que a Sub-Estação Eléctrica de Santa Maria da Feira, localizada no nosso Monte de Mó, para além de ter decorrido de uma enorme movimentação de terras e alteração da topografia do terreno natural que se verificou no processo da sua construção, isto claro para além de vários postes ali plantados e uma densa rede electromagnética, para além de implantada em solo classificado no PDM como Estrutura Ecológica Municipal e Reserva Ecológica Nacional, abrange ainda cabeceiras de linhas de água.

Isto é, os mesmos pressupostos e condicionantes que impedem a edificação de uma habitação ou mesmo de um simples galinheiro ao cidadão comum, a uma escala insignificante, é, no entanto, permissiva para uma ampla edificação ou infra-estrutura para o estado ou suas entidades. E nesta conta podemos ainda incluir a auto-estrada A32 que também desbaratou no seu traçado solos classificados como Reserva Ecológica Nacional, a tal que não permite a construção de um galinheiro ou um simples muro. 

Neste contexto, há efectivamente uma dualidade de critérios gritante, grave e incompreensível e que só motiva o descrédito das entidades que nestas coisas deviam ser imparciais. Podem até invocar leis e interesse público, mas o descrédito e desproporcionalidade continuam a ser lesivos para os cidadãos, para os contribuintes.

Mas de facto é o que temos e não há volta a dar. Já o Dr. Mários Soares, mesmo na condição de presidente da nossa república, dizia intepestivamente que tínhamos o direito à indignação. Mas esta, em rigor, é algo abastracta e que não faz mossa aos ouvidos de mercadores dos senhores mandantes e decisores. Por conseguinte, a coisa já não vai lá com paninhos quentes. No mínimo, face a esta nossa incapacidade, mas porque não somos tolos nem anjinhos, podemos e devemos, pelo menos, conceder-lhes todo o nosso desprezo.

26 de julho de 2023

Ir a banhos. Olé, olé!

Atentos aos resultados das eleições legislativas em Espanha, neste último Domingo, apesar da vitória do PP, de Alberto Núñez Feijóo, em rigor as coisas mantêm-se mais ou menos iguais no que toca a indefinição e incerteza governativas, e tudo aponta para uma geringonça de esquerda à espanhola, em que tal como cá em 2015, o partido mais votado ficou de fora do governo pela equação de uma maioria parlamentar também de esquerda, ficando António Costa, o líder do partido derrotado, o PS, desde então a governar como primeiro-ministro. Por conseguinte, em Espanha, Pedro Sánchez, líder do PSOE, poderá encontrar uma solução à portuguesa, mesmo sabendo o que dela resultou ao fim de 6 anos apesar de várias cedências à extrema esquerda.

Mas isto é em Espanha e também, se forem inteligentes, poderão os espanhóis aprender a lição portuguesa de que mesmo com uma maioria absoluta, as coisas podem continuar a correr mal, com demissões, casos e casinhos, comissões parlamentares de inquérito e que apesar de um crescimento económico as pessoas continuam com dificuldades e os sistemas públicos em permanente crise. 

Isto significa que as eleições só por si, sejam quais forem os resultados que delas decorram, podem não resolver os problemas concretos das pessoas e das sociedades e dos respectivos países. É preciso acima de tudo uma boa interpretação dos resultados, um sentido de estado, coerência política e diálogo. Extremismos ideológicos não levam a lado nenhum ou, melhor dito, levam a esta constante indefinição. 

Apesar desta opinião, por mim podem os nuestros hermanos marcar já novas eleições para a próxima semana e se nada mudar, outras logo a seguir e assim sucessivamente, num estado de permanente acto eleitoral. Pode ser que o povo um dia se canse definitivamente destas particularidades dos nossos regimes democráticos, nomeadamente na nula importância dada ao partido ou força política ganhadora, em que às tantas um partido com um único elemento eleito é determinante em desfavor de um partido com centenas de deputados, e em vez de votar sem proveito aproveite o dia para ir a banhos. Ora o que não falta por lá, como cá, são boas praias.

Em resumo, tenho para mim que o partido mais votado deveria ser sempre o partido a governar, mesmo que em minoria. A instabilidade governativa eventualmente decorrente de desaprovações ou mesmo moções de censura, seria depois melhor analisada pelos eleitores que agiriam em consequência da sua leitura quanto a responsabilidades. Veja-se, como exemplo, em 1987 a moção de censura ao governo do PSD/CDS de Cavaco Silva, apresentada pelo PRD - Partido Renovador Democrático e apoiada pelo PS e pelo PCP. Em resultado da queda do governo, e marcadas eleições antecipadas pelo presidente da república, Mário Soares, o PSD venceu com maioria absoluta, com o eleitorado a penalizar quem derrubou o governo e a contribuir para o quase desaparecimento do PRD (passando este de 45 para 7 deputados) que pouco depois aconteceu, apesar de em rigor e com viragens ideológicas, ter vindo a dar lugar ao que é actualmente o Ergue-te (E), sem qualquer expressão política e eleitoral.

As maiorias parlamentares previstas pelo nosso regime eleitoral e constitucional têm provado ao longo dos tempos não serem grande solução nem garantia de estabilidade durante os respectivos mandatos bem como, de algum modo deturpam o sentido de voto. Por exemplo, o eleitor do partido "A" votaria nesse partido se soubesse que o mesmo se viria a aliar ou a coligar com o partido "B" ou "C"? Eu não votaria, pelo que acontecendo, sentir-me-ía, enquanto eleitor, defraudado. Ora na apologia das maiorias parlamentares urdidas por interesses políticos, com posições sobre elas nem sempre claras e assumidas em campnha eleitoral, quase sempre se ignora esta situação. Em bom rigor e em nome da transparência, seria preferível que em vez dos arranjinhos de maiorias parlamentares à posteriori os partidos concorressem em coligações. Nessas circunstâncias os eleitores votariam de forma esclarecida e já sabendo se concordavam ou não com tais coligações. Mas, é claro, os grandes partidos, raramente fazem isso. Em Portugal tem-no feito com regularidade o PSD com o CDS, sendo que este geralmente com pouca expressividade eleitoral. Mas de facto seria interessante ver o PS coligado com o BE e o PCP, ou o PSD com o IL (Chega p´ra lá!). Aí não haveria dúvidas na hora de votar por quem e os leitores decidiriam em consciência em qual geringonça apostar. Mas é tirar daí o cavalinho da chuva!

No fundo, esta forma de falsear a vontade dos eleitores, não é novidade e quem vota é sempre um boneco neste teatro de operações e daí se compreende o cada vez maior desinteresse pelos actos eleitorais que assim registam altas taxas de abstenção, de votos em branco e nulos.

25 de julho de 2023

Céu cinzento


Há em mim memórias, 

umas boas, outras más,

uma brisa de aromas e cores

que me levam como folha outonal

a uma viagem sem labéu

antes do final adormecimento,

do retorno à terra, ao pó.


Pinto as minhas  histórias

com o vermelho das romãs,

o roxo das minhas dores,

também com o verde do matagal,

o azul do mar e do céu 

quando não calha estar cinzento,

como os dias em que estou só.


A. Almeida - 24052023