30 de novembro de 2024

Nota de falecimento - Domingos de Sousa Pinho


Faleceu Domingos de Sousa Pinho, de 70 anos [14 de Agosto de 1954 a 29 de Novembro de 2024]. Natural de Canedo, casou em Guisande com Dorinda da Silva Alves. Residia em Lobão, na Rua da Ponte - Arosa.

Cerimónias fúnebres na Segunda-Feira, 2 de Dezembro, pelas 14:30 horas. Missa na igreja matriz de Guisande e no final sepultamento no cemitério local em jazigo de família.

Missa de 7.º Dia na Sexta-Feira, 6 de Dezembro de 2024, às 18:30 horas

Sentidos sentimentos a todos os familiares, de modo particular à esposa e filho.

Que Deus o guarde na Sua presença!

26 de novembro de 2024

Pérolas a porcos

O Dicionário de Expressões Correntes, de Orlando Neves (Editorial Notícias), regista a expressão «Deitar pérolas a porcos» e a variante «Dar pérolas a porcos». Com semear, não encontrei a expressão.

Diz este dicionário que «oferecer coisas finas, delicadas, ricas ou requintadas a pessoas rudes, ignorantes ou insensíveis é «deitar pérolas a porcos»; e acrescenta que «É mais uma expressão com origem bíblica. No Evangelho segundo S. Mateus, cap. 7, no Sermão da Montanha, Cristo disse: "Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis pérolas a porcos, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem."»

Carlos Marinheiro  16 de junho de 2008


[Ciberdúvidas da Língua Portuguesa]

22 de novembro de 2024

Louredo - Freguesia irmã?


A freguesia de Louredo é antiga. Pertence ao concelho de Santa Maria da Feira mas já pertenceu ao de Arouca.

Actualmente, no mesmo processo castrador, faz parte da mesma união de freguesias. Dizem que entretanto ambas as freguesias vão voltar a ser elas próprias, mas ver para crer.

De todas as freguesias vizinhas de Guisande (Lobão, Gião, Louredo, Romariz, Pigeiros e Caldas de S. Jorge), tenho para mim que Louredo é a mais parecida com Guisande, tanto em muitas das características do seu território, exceptuando o enclave de Parada, pela sua dimensão quase uma freguesia à parte, mas também pelas suas gentes, forma de ser e estar.

De resto, mais que às demais vizinhas, Guisande sempre teve uma ligação muito próxima à freguesia de Louredo. Pode esta minha consideração sofrer da influência de eu ter nascido e vivido em Cimo de Vila e por isso mais próximo de Louredo, e porque em centenas de vezes em criança percorri aqueles caminhos que levavam a Cimo de Aldeia, ao Codeçal ou ao Convento, bem como na partilha comum dos matos e pinhais do monte de Mó e dos férteis campos junto à ribeira das Corujeiras.

Assim, ia-se à missa e à festa a Vila Seca, à festa do S. Vicente, que se dizia de Ferreira mas que afinal era o Mártir, ao Ti Florentino consertar as bicicletas, ao alfaiate do Concharinha mandar fazer calções ou calças ou nelas aplicar umas quadras, ao alambique a Tozeiro entregar bagaço e trazer aguardente, etc, etc.

Já em adolescente eram por lá alguns serões e as desfolhadas por Louredo eram mais generosas e de raparigotas sorridentes. Até quando as maleitas batiam à porta e entravam no corpor, passava-se por Louredo a ir ao Dr. Alexandrino no Carvalhal.

Mesmo na igreja paroquial de Louredo há ali obras realizadas por guisandenses e até a residência paroquial terá sido mandada fazer, por 1903, por Custódio António de Pinho, avô paterno do ainda pároco Pe. Eugénio Pinho, este filho de António Baptista de Pinho, que era da Casa da Quintão, aqui de Guisande. Esta casa abastada tinha noutros tempos muitas propriedades dispersas por Louredo.

Concerteza que um freguesia tem sempre ligações de várias naturezas às freguesias vizinhas, incluindo familiares, porque uns e umas casam-se com outros e outras, mas mesmo que sendo apenas a minha percepção, e sob um ponto de vista de tempos já passados e não tanto na actualidade, creio haver, de facto uma ligação mais homogénea a Louredo.

Já de Lobão, as relações nunca foram por aí além, porque estas sempre com um sentimento escusado de grandeza e bazófia, com muita gente boa mas no geral com características de pouca empatia pela vizinhança. De lá, em debandada de pinhoeiros e jericos e mulas, subiam ao nosso monte de Mó “colher” tudo quanto eram pinhas e com fama de levar outras coisas pelo caminho de regresso. Rivalidades e alguns pontos acrescentados aos contos, concerteza, mas nunca houve fumo sem fogo.

De S. Jorge, talvez pela humidade da “cova” e do cheiro a podre das suas águas, como se dizia, a coisa nunca foi melhor, no geral empertigados e pouco dados a reconhecer os valores dos demais e em muito daí a recusa da freguesia em tomar parte com ela aquando da formação das uniões de freguesia, preferindo-se Lobão numa de “mal menor”. A forma abusiva e de desconsideração como considera de seu a parte do que é o lugar de Azevedo, não reconhecendo as evidências de limites e registos, surripiando marcos que definiam os limites, também não ajudou em tempos mais recentes a uma melhor simpatia.

Gião, porque os acessos directos quase não existiam, e pelo meio, ali pelos Marinhos, falava-se de poiso de quadrilhas de assaltantes, apenas ali se ía por Maio à festa da Senhora da Hora ou forçadamente a caminho de Canedo ao médico local e pouco mais.

Romariz, boa e antiga terra, de castro e capelas, talvez porque os caminhos eram sempre a subir, também nunca vingou uma forte ligação e se alguma, com mais importância, talvez a Duas Igrejas.

Pigeiros, tem também muito das características de Guisande e Louredo, e durante muitos anos até partilhamos o mesmo pároco e padres, mas a ligação formal também nunca foi muito substancial, talvez mais do lado de Estôze por ser lugar próximo. Apesar disso dali resultaram fortes ligações familiares como da família Costa e Silva e Gomes Leite, que em Guisande se uniram a famílias abastadas na Casa da Quintão, à família leite Resende (Casa do Dr. Inácio) e a um ramo da Casa do Loureiro, acrescentando hectares de campos e pinhais.

Em todo o caso, os tempos mudaram, rasgaram-se estradas e caminhos a unir todas as freguesias e aos poucos os valores, identidades e características que eram específicas e intrínsecas das diferentes populações, foram-se dissipando e hoje já quase que somos todos farinha do mesmo saco, peças moldadas do mesmo barro, com todas as virtudes e defeitos comuns.

Todavia, é sempre importante alguma mistura social e cultural e da diferença resulta a riqueza da diversidade. Temos, pois, os vizinhos que temos e eles têm-nos a nós..

18 de novembro de 2024

Quase dois anos depois, oxalá que sim!


A Câmara Municipal de Santa Maria da Feira tem em andamento um programa de requalificação de parques infantis e polidesportivos no concelho. Nesse âmbito o rinque polidesportivo de Trás-os-Lagos, em Casaldaça - Guisande, junto à habitação social, tem estado em obras. De resto, já escrevi sobre o assunto há quase dois anos, aqui. Reitero agora tudo o que então opinei.

Estando agora a ser concretizada,  é uma medida interessante e importante, face ao abandono e degradação do espaço e de algum modo surpreendente porque por estas bandas as obras e apoios são coisas raras. De acordo com o anúncio público, o valor base do procedimento do concurso rondou os 182 mil euros o que é significativo.

Todavia, importa saber se o espaço vai ser devidamente usufruído e aproveitado e por quem. Há algum grupo ou associação que o vá dinamizar e dele usufruir com actividades diárias ou semanais? Ou, depois de estreada a renovada instalação voltará ao abandono ou a uma utilização meramente residual e novamente como estendal?

Oxalá que sim, que seja devidamente aproveitado, sendo que com a actual dinâmica dos grupos e associações da freguesia, quase inexistente, será um pequeno milagre se tal vier a acontecer. Além do mais, ninguém gosta de jogar debaixo de chuva ou a coberto da noite. Mas deseja-se quem sim, até para não ser dinheiro esbanjado! Que o impulso de coisa nova ou renovada seja gerador de um interesse na sua utilização, é o que se deseja! Quero acreditar que a utilização passará pelo Guizande F.C.. veremos em que moldes e se haverá rentabilidade e aproveitamento justificado do espaço.

Quanto às obras previstas pretende-se uma manutenção geral à respectiva instalação desportiva. Os trabalhos englobam a demolição de placas de piso, lavagem e limpeza de todo o piso do polidesportivo e murete de vedação, pintura dos muros de vedação, substituição das estruturas metálicas de suporte das redes de vedação e substituição das respetivas redes.

Será ainda assegurado o fornecimento de equipamentos desportivos, aplicação de novo piso e realização de marcações desportivas.

Será executado um passeio em pavê hexagonal para garantir as acessibilidades ao polidesportivo. O percurso irá seguir básicamente as cotas naturais do terreno. Execução de percurso suave garantindo a inclinação suave de ≤6%, para cumprir as acessibilidades ao polidesportivo.

Porta com vista para o rio

 


Uma porta, velha, arrombada, já sem alma para guardar. 

Lá dentro, uma cozinha despojada, vilipendiada. Já não há aromas de peixe frito nem vozes a chamar para a ceia.

Mesmo assim, neste escancaramento, nos restos de um estupro da memória de tempos já volvidos, há uma nesga de rio a espreitar. Este, tristonho, vai correndo mas já sem a calma dos dias serenos, antes perturbado pela correria dos barcos e das motos-de-água, de gente que sobre ele se diverte, como coisa de usar e deitar fora.

A tarde é de Outono mas nos canteiros das casas defronte há flores que moram na Primavera e na borda da margem o pato solitário mergulha sem frio porque o ar não é de agasalhos.

Lá no alto, aquele imponente pinheiro sobrevive, qual sentinela. E tanto e quanto nos poderia contar, de outros tempos, azáfamas, de fainas de pescadores num vai-e-vem a arrancar do rio o que comer à noite. Ainda se lembrará do Douro de outros tempos, impetuoso, cheio, ou sereno, estival, de águas minguadas a juntar nas margens frescas as lágrimas de regatos e ribeiras? Talvez sim, porque tem a idade e o tamanho de nele caberem as memórias de um tempo tão próximo e tão distante.

Quanta água já passou aquelas curvas apertadas, quanto à sua conta encheu o mar? Mas não só levou água ou areia o Douro, mas uma enxurrada de memórias, de saudades.

Um lugar, como Pé-de-Moura, na bonita Lomba, conta-nos mais que o que vemos e até uma porta arrombada pode convidar-nos a entrar. Haja alma e cortesia para com o anfitrião, haja olhos para respeitar a intimidade.


11 de novembro de 2024

"Correio da Feira" - Fim anunciado


Ontem, no escaparate da loja da BP, aqui em Guisande”, peguei num exemplar do jornal “Correio da Feira” e li o que já poderia ter lido há 6, 10 ou 15 anos, que a coisa ia terminar por ali, deixando apenas a incógnita da “suspensão por tempo indeterminado”.

Como estas coisas não se anunciam assim de ânimo leve, sem mais nem menos, tinha escrito o habitual rosário de justificações, nomeadamente,  “...são várias as razões que levaram de novo o jornal à sua insustentabilidade. Convém referir a primeira, como também convém referir que é a mesmíssima que leva à insustentabilidade de muitos outros títulos, dezenas, centenas de muitos títulos neste país e por esse mundo fora. 

O número de assinantes é insuficiente para manter um jornal em actividade. Diariamente há desistências. Cada vez há menos e menos leitores interessados em assinarem, ou manterem a sua assinatura na imprensa profissional. Há um contínuo desrespeito pela profissão de jornalista. Poucos, e por isso insuficientes, estão interessados em pagar para se fazer informação profissional e isenta….concluindo, somos todos, enquanto sociedade, quem está a assinar o óbito da Imprensa. Portanto, como sociedade, assumamos as nossas responsabilidades!”.

Ora este “...assumamos as nossas responsabilidades!” também é chapéu que me cabe na cabeça e tanto mais que fui assinante do jornal, mesmo que na versão digital.

Com mais ou menos “rodriguinhos”, é há muito sabida a dificuldade da imprensa e sobretudo a escrita e por maioria de razões daquela que tem pouco expressão como a regional ou concelhia. Se é certo que com as plataformas digitais os problemas aumentaram, apesar de também criar novas oportunidades e diferentes alternativas, o certo é que as dificuldades do sector são até muito anteriores e à custa delas já haviam ficado pelo caminho grandes títulos da nossa imprensa, desde o “Século”, o “Diário de Lisboa”, “A Capital” e outros diários mais a norte como o “Primeiro de Janeiro” e o “Comércio do Porto”, etc.. Mesmo os que se mantêm, como o “Diário de Notícias”, de que também fui assinante” e o “Jornal de Notícias”, andam constantemente com o nó na garganta e como diz o povo “a cagar e a tossir” e lá vão indo e andando, mais a fazer de conta e com apoios por vezes duvidosos do que por resultado de bom trabalho e boas práticas empresariais e jornalísticas

Não vou, naturalmente, estar aqui a esmiuçar a questão porque não sou do sector nem nele tenho interesses para além da percepção de mero leitor.

Em todo o caso, mesmo que com todas as dificuldades do contexto, as responsabilidades residem em muito em, tantas vezes, não ter sido capaz de garantir o interesse dos leitores e assinantes.

Por exemplo, no caso do “Correio da Feira”, quando fui assinante online, a plataforma era lenta, pouco apelativa, continuava com excesso de publicidade e esta a atravancar o espaço de leitura e as notícias poucas, de pouco interesse, como “pão recesso e sem miolo”. Ora continuar a ser assinante para pouco ou nada receber em troca, convenhamos que era pedir muito. Assim descontinuei e do lado de lá da linha também não mostraram interesse em rebater ou a encaixar as queixas ou incentivar à renovação. É o que é.

Não me surpreende, pois, este desfecho como já não tinha surpreendido o do “Terras da Feira” que depois de um crescimento insuflado, mandado por "testas de ferro", andou a estrebuchar uns tempos até se extinguir.

No caso destes dois importantes jornais concelhios, sem prejuízo de acolher o contraditório, parece-me que em muito padeceram da acção, mesmo que involuntária, de maus políticos e de fracos empresários. Durante um bom período percebeu-se que representavam “a voz dos donos”, estes "testas de ferro de outros interesses", cada um a puxar a sardinha para a brasa da sua partidarite, como se de algum modo fossem uma espécie de “Avante”, sendo que este com a vantagem de não enganar ao que vinha.

Posto isto, pessoalmente entristece-me que um jornal centenário”, mesmo que durante uma grande parte da sua longa vida de 127 anos o seu conteúdo fosse pouco relevante sob um ponto de vista noticioso, sendo mais da Feira, vila ou cidade, do que do concelho, mas mesmo assim só por essa história e longevidade mereceria ser mais acarinhado e continuar a testemunhar esse legado centenário.

Assim sendo, acredito que mais mês menos mês alguém retomará o título e depois poderá ser o mais do mesmo, porque será preciso muito para que um jornal seja sustentável, sem apoios públicos e institucionais, que de algum modo ponham em causa a imparcialidade e isenção da sua função de formar e informar de todos para todos.

Neste concelho gastam-se milhões em patuscadas e entretenimento de massas e talvez haja algum para apoio a um jornal concelhio mas, sinceramente, não estou a ver como, tanto mais que sem colocar em risco a tal necessidade de imparcialidade e choque de interesses. Não sei! O que sei, é que foi dada a notícia de que o título está suspenso de forma indeterminada, seja lá o que isso signifique para além do óbvio.

Se regressar como um jornal de qualidade, com uma cobertura do concelho, independente e imparcial, não me custará a voltar a ser assinante, mesmo que numa perspectiva de ajudar. A ver vamos mas em rigor sabemos que não será nada fácil porque os tempos, os meios e os hábitos muderam de forma substantiva. 

Espero, memso, que como disse o director nas suas palavras finais do Editorial, que não seja um adeus.

7 de novembro de 2024

IMI, o imposto estúpido e injusto

Acabei de pagar a minha segunda das duas prestações anuais do IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis. É como é tão prazeroso pagar este imposto ao Estado, ou, através dele, à Câmara Municipal. No fundo é pagar uma renda de um prédio que é nosso e que por isso não lhes pertence nem um cêntimo gastam para o conservar. Mais prosaicamente, numa rima com sentido, "é pagar para ser fo..do".

Dizem, com razão, que este será dos impostos mais estúpidos. Mas, acrescento, também dos mais injustos e desde logo porque ao edificar-se uma habitação, já se pagou projectos, taxas e licenças e no caso até cedi terreno para alargamento da rua e construí passeio público na frente do prédio. Na compra do terreno paguei sisa, imposto de selo, etc. Na construção paguei IVA, desde a areia aos tijolos. No empréstimo continuo a pagar juros e imposto de selo.

Mas, como diz o outro, mesmo sabendo que é um roubo travestido de legalidade, que lhes faça bom proveito, sempre lhes dará para patrocinar umas valentes patuscadas. Alguém tem que pagar os desmandos!

Em contrapartida, conheço por cá alguns doutores e engenheiros que estando a viver nas suas belas e boas casas há dezenas de anos, porque, ao arrepio da lei, ainda não solicitaram licenças de utilização, vão escapando a este imposto estúpido, pagando valores mínimos do prédio, tantas vezes ainda na condição de rústico, e no futuro sujeitos apenas à liquidação dos últimos quatro anos (creio que ainda vigora essa regra). Há, de facto, crimes e ilegalidades que ainda compensam.

Siga, que é Portugal, brando com os incumpridores e forte com os que cumprem!