Nesta foto, temos duas gerações representadas, o pai, o Albertino da Silva Santos e o Alberto Jorge, um dos seus filhos e meu bom colega de juventude.
O Ti Albertino foi casado com outra figura típica de Guisande, a Ti Dina, de nome Bernardina de Leite Resende e Silva, mulher abnegada de trabalho, amor pelos filhos e pela terra, à qual se dedicou quase até aos derradeiros dias, mesmo que já sem forças. Quem é que não se lembra de, já pela noite alta, de a ver a vir carregada dos campos, com pasto ou outras coisas, algumas vezes acompanhando o carro puxado pelo gado ou mesmo à cabeça ou no atrelado de mão?
Sobre a família Leite de Resende, falaremos num futuro artigo.
Albertino da Silva Santos era filho de Benjamim da Silva Santos, conhecido como "Benjamim do Pomar" e de Joaquina da Conceição. Sobre este apelido "Pomar" falaremos adiante. Dos seus irmãos conheço ou conheci o Alberto, que viveu em Vila Seca, a Conceição, que casou com o Cèsar Rocha e viveu em Duas Igrejas, o António, que viveu na Lama e ainda a Isaura, que vive em Casaldaça.
Por sua vez, o Ti Albertino e a Ti Dina tiveram vários filhos, o Alcino, o Alberto Jorge, o Inácio, o Albertino, o Carmindo, a Cidália, a Florinda e a Madalena.
Como se vê pela foto acima, o Ti Albertino está ainda vivo da silva e com bom aspecto mas naturalmente já com o peso da idade, pois que vai fazer daqui a nada (1 de Novembro) 96 anos, por isso já a caminho dos 100. Encontra-se bem cuidado, num lar em Maceda - Ovar, recebendo a visita frequente dos filhos.
A figura do Sr. Albertino é por demais conhecida e dispensa apresentações para a maioria dos guisandenses, mas com características muito próprias e peculiares, podendo, sem sombra de dúvidas, ser o modelo de pessoa calma e pacata, a quem uma casa a arder ou uma vaca a parir não causam a mínima aflição.
Sobre este seu modo de ser, há muitas histórias divertidas, umas mais que as outras mas em todas elas o traço da sua personalidade calma. Desde logo, invariavelmente, chegava sempre à missa quando esta já tinha começado, ia a meio e ou tantas vezes já a acabar.
Como muitos bem sabem, entre as suas ocupações que fazia calmamente, também fazia de barbeiro e os seus clientes, como o meu tio Neca, quando para lá iam sabiam ao que iam e por isso sem hora para chegar a casa. Contou-me, ele, o meu tio, que não raras vezes o corte da sua barba era interrompido a meio porque chegara alguém a casa do Albertino para este lhe lhe fazer chegar o touro à vaca. Como se sabe o Ti Albertino teve durante algum tempo um imponente touro de cobrição que se assegurava de emprenhar as vacas da freguesia e de outras vizinhanças. Ora um barbeiro a acumular outros trabalhos é coisa para trocar as voltas a quem precisava de cortar o cabelo ou escanhoar o rosto.
Ora lá ficava o meu tio Neca com metade da cara com a barba desfeita e outra metade ensaboada. Mas, dizia ainda o meu tio, que bastava chegar alguém e bater à porta, mesmo que por assunto de menor importância, que o Ti Albertino abandonava os clientes para dar uns dedos de conversa. Ora na realidade eram dois dedos, mais os três, a mão inteira e rapidamente um recado de dois minutos passava a meia hora, esquecendo-se do tempo
Também se conta que uma vez o Ti Albertino e o Ti António, Simeão, do Viso, combinaram, cada qual na sua bicicleta, irem pela manhãzinha à Feira das Debulhas a Cabeçais, que se faz ali pelo 13 de Julho. Ora com tanta calma e tanta conversa com pausas, e as bicicletas a serem pouco ou nada usadas, ainda com uma paragem no Carvalhal para no Barrigas molharem as gargantas secas de tanto paleio, certo é que quando chegaram à festa já os comerciantes estavam a desmontar as tendas. Só não chegaram de madrugada a casa pelo que o caminho de regresso era a descer até Santa Ovaia e depois de Cimo de Aldeia a Guisande e as bicicletas lá fizeram o seu papel. Mas era noite quando chegaram a Guisande.
Voltando ao pai do Ti Albertino, o Benjamim da Silva Santos, de que ainda tenho memória, nasceu em 28 de Julho de 1895 e faleceu em 12 de Maio de 1985. Era filho de Joaquim da Silva e de Margarida de Jesus Santos (nascida a 20 de Novembro de 1852). Era neto paterno de José Bernardo da Silva e de Micaela Maria Rosa e neto materno de Manuel José de Oliveira e de Ana Francisca dos Santos.
Para além de outros, que ainda não consegui pesquisar, era irmão de Maria dos Santos (nascida em 22 de Fevereiro de 1890 e falecida em 10 de Abril de 1979) esta que casou com Manuel Ferreira Coelho ( nascido em 5 de Abril de 1890 e falecido em 11 de Dezembro de 1951) (1). Este Manuel Ferreira Coelho e Maria dos Santos eram os pais da popular Ti Elvira da Conceição, esposa do Sr. Mamede, por sua vez pais do Américo, do Miguel e do David.
Era ainda irmã do Benjamim e da Maria, a Conceição, esposa do Domingos Caetano de Azevedo ( Patela), por sua vez pais da Professora Maria Célia Azevedo.
Ainda outros irmãos do Benjamim, o António Joaquim e a Olívia Rosa (nascida a 12 de Fevereiro de 1875).
(1) Sobre este Manuel Ferreira Coelho, casado que foi com Maria dos Santos (avôs maternos, entre outros, da professora Maria Célia Azevedo), era filho de António Ferreira Coelho (do lugar de Fornos e professor da instrução primária) e de Maria Francisca da Silva ( de Canedinho - Gião). Era neto paterno de José Ferreira Coelho e de Maria Joaquina de Jesus (do lugar de Fornos). Era neto materno de Manuel Ferreira Pinto (do lugar de Fornos) e de Francisca Joaquina da Silva (do lugar de Canedinho - Gião).
Este Manuel Ferreira Coelho exerceu em Guisande o cargo de regedor, pelo que era também conhecido pelo Ti Manel Regedor. Faleceu em 11 de Dezembro de 1951 com 61 anos de idade.
Quanto à origem do apelido Pomar:
Dos vivos, ninguém sabe ao certo a origem do apelido ou alcunha de "Pomar" dada a esta gente, deduzindo alguns que talvez pelo sítio do lugar de Casaldaça onde viviam, ser terra de muitas árvores de boa fruta, logo um pomar.
Todavia, das minhas pesquisas, tudo indica que este Pomar refere-se mesmo a um antepassado que tinha esse apelido no nome. Falo concretamente de António José do Pomar, casado com Maria Rosa de Jesus. Este António José do Pomar era avô paterno de Margarida Jesus dos Santos, esta por sua vez a mãe do Benjamim. Ou seja, este António José do Pomar era avô materno do Benjamim e seus irmãos. Além do mais é de supor que este apelido Pomar seja ainda anterior, por isso já parte dos nomes do pai ou avós do António José do Pomar. A investigar.