18 de abril de 2025

Nota de falecimento - Mário da Conceição e Silva



Faleceu Mário da Conceição e Silva, solteiro, de 79 anos, do lugar de Estôze - Guisande. 

Nasceu em 11 de Janeiro de 1946. Filho de David Pinto da Silva e Arminda  (Erminda) da Conceição. Neto paterno de Adelino Pinto da Silva e de Tomázia Marques. Neto materno de Joaquim António de Almeida e de Filomena da Conceição.

As cerimónias fúnebres serão amanhã, Sábado, 19 de Abril, pelas 11:00 horas, na igreja matriz de Guisande, indo no final a sepultar no cemitério local.

Missa de 7.º Dia na Sexta-Feira, 25 de Abril, pelas 19:30 horas, em Guisande.

Sentidos sentimentos a todos os familiares. Que descanse em paz!

14 de abril de 2025

Nota de falecimento - Manuel Mendes de Silva

 


Faleceu Manuel Mendes da Silva (Manuel "Correio"), de 79 anos. Natural de Sobrado - Castelo de Paiva, morava na Rua Nossa Senhora de Fátima, lugar de Fornos - Guisande.

A cerimónia fúnebre será amanhã, Terça-Feira, 15 de Abril, pelas 16:00 horas, na igreja matriz de Guisande, indo no final a sepultar no Cemitério de Sobrado - Castelo de Paiva.

Missa de 7.º Dia no dia 25 de Abril, Sexta-Feira, pelas 19:30 horas, em Guisande

Sentidos sentimentos a todos os familiares, de modo particular à esposa e filhos.

Que descanse em paz!

11 de abril de 2025

Desagregação de freguesias - Comissão de Extinção


Em sessão extraordinária da Assembleia de Freguesia, realizada ontem, Quinta-Feira, pelas 21:00 horas, em Lobão, foi aprovada e tomada posse a Comissão de Extinção.

Composição:

Presidente, por inerência: David Neves (Presidente da Junta da União de Freguesias)

Representante do Partido Socialista - PS: Celestino Sacramento - Guisande

Representante do Partido Social Democrata - PSD: Manuel Oliveira Leite - Gião

Cidadãos:

Américo Fonseca Gomes de Almeida - Guisande

Artur Manuel Rodrigues Pereira Valente - Lobão

Telma Mafalda Vieira Barbosa - Gião

Verónica Daniela dos Santos - Louredo


Esta Comissão foi criada no âmbito do previsto pelo artigo 5.º da Lei n.º 25-A/2025, de 13 de Março. A Comissão de Extinção de freguesia funcionará até à conclusão da última instalação dos órgãos eleitos nas eleições autárquicas de 2025.

Compete à Comissão:

Executar todos os actos preparatórios estritamente necessários à extinção da freguesia, nomeadamente a aprovação dos mapas finais com a discriminação de todos os bens móveis e imóveis, universalidades, direitos e obrigações da freguesia de origem a transferir para as novas freguesias, bem como a identificação da alocação de recursos humanos a cada freguesia a repor;

A aprovação dos mapas finais de transferência de bens móveis e imóveis, de universalidades, direitos e obrigações e de trabalhadores, sempre que seja necessária a sua atualização, realiza-se com base nos seguintes critérios orientadores:

A repartição será proporcional, em função do número de eleitores e da área das respetivas freguesias e localização geográfica dos bens a repartir.

Confesso que preferia ficar de fora, desde logo porque não tenho vontade nem intenção de me candidatar por qualquer força partidária às próximas eleições autárquicas.  Acabei por me resignar porque tenho consciência de que é importante que alguém tenha esse papel e, infelizmente, são poucos os que querem meter-se nestas responsabilidades. É bem mais fácil estar de fora no jogo dos bitaites.

Ainda tinha alguma esperança de ficar de fora da votação, porque foram apresentadas duas listas, mas o meu nome fazia parte de ambas as listas, tendo sido indicado pelo próprio presidente da Junta de Freguesia, e assim, sem possibilidade de não ser escolhido, lá tive que me conformar e aceder a tomar posse. Agora é seguir em frente!

Nesta Comissão, a freguesia de Guisande estará assim representada por mim e pelo Celestino Sacramento, embora este como representante do PS.

Desejo e espero, e tal como foi ontem referido pelo Sr. presidente da Junta, David Neves, que o processo decorra com normalidade, urbanidade, sentido de responsabilidade e justeza na partilha, tendo em conta a proporcionalidade dos factores de número de eleitores e área geográfica, previstos na Lei, bem como de outros entendimentos ajustáveis à realidade, de modo a que no final se mantenha um espírito de boa vizinhança e cooperação mútuas.

Estou certo que algumas questões não serão fáceis de resolver, mas concerteza que se procurará que o sejam dentro do equilíbrio possível.

10 de abril de 2025

Dinamização cultural e...política

DINAMIZAÇÃO CULTURA...E POLÍTICA - O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!!! (MAS TEM SIDO SEMPRE)

Num recorte de jornal de 5 de Abril de 1975, dava-se conta de uma sessão de Dinamização Cultural Promovida pelo Movimento das Forças Armadas, no Salão Paroquial de Guisande, em 22 de Março desse ano e no dia seguinte, 23, realizou.-se uma sessão de esclarecimento pelo MDP/CDE.

Diz-nos a notícia que ambos os eventos decorreram com boa assistência, com educação e ordem. Recordo-me de estar presente mas, como criança mais curiosa que interessada, retive poucos pormenores, para além algumas intervenções inflamadas de jovens com bigodaças, golas altas e calças à boca de sino, e de vivas ao povo e às forças armadas como então era corrente. De cultura propriamente dita, de nada me recordo, apenas política.

CONTEXTO:

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, foram concebidos diversos programas, tanto públicos como privados, com o objetivo de promover a melhoria das condições sociais, económicas e culturais da população portuguesa. Entre essas iniciativas destacavam-se o Serviço Cívico Estudantil, as Campanhas de Alfabetização, a Educação Sanitária, o Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), o Serviço Médico à Periferia e as ações da Pró-UNEP no domínio da alfabetização.

Neste mesmo contexto inseriam-se as Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica, levadas a cabo pelo Movimento das Forças Armadas (MFA). Assumindo o papel de agente libertador de uma sociedade submetida a quase cinco décadas de ditadura, o MFA, em articulação com a Direção-Geral da Cultura Popular e Espectáculos, impulsionou estas campanhas com o intuito de divulgar e explicar os princípios do seu programa revolucionário – considerando-se que: «era preciso explicar ao povo português o programa do MFA».

Acreditava-se que, através destas ações de dinamização cultural, seria possível dar resposta às carências das comunidades locais e, ao mesmo tempo, fomentar a sua participação activa no processo revolucionário. Pretendia-se ainda transformar a percepção das Forças Armadas, tradicionalmente associadas ao aparelho repressivo do Estado Novo, promovendo uma nova relação de proximidade e confiança com a população. Claro está que, em rigor nada disso se concretizou nesse período revolucionário e só depois de consolidade a democracia e da adesão à UNião Europeia, é que as coisas foram evoluindo mas ainda hoje, passados 50 anos, com muito por cumprir e com o país a viver sempre acima das suas possibilidades, com uma enorme dívida pública. Não temos tido políticos nem políticas à altura.

QUANTO AO MDP/CDE:


O Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) destacou-se como uma das principais forças da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo em Portugal, antes da Revolução de 25 de Abril de 1974. Criado em 1969, operava através de comissões democráticas eleitorais, com o objetivo de intervir nas eleições legislativas e afirmar uma alternativa política ao regime.

Em 1973, marcou presença no Congresso Democrático de Aveiro, um acontecimento simbólico e decisivo na resistência à ditadura.

Com a queda do regime, o MDP evoluiu para partido político e participou em todos os Governos Provisórios, à exceção do VI. Concorrendo de forma autónoma à Assembleia Constituinte de 1975, viria posteriormente a integrar, a partir de 1976, a coligação Aliança Povo Unido (APU), juntamente com o Partido Comunista Português (PCP).

A cisão com o PCP em 1986 motivou a saída do MDP da Coligação Democrática Unitária (CDU) e a apresentação de listas próprias nas legislativas de 1987. Foi nesse contexto que um grupo de militantes dissidentes fundou a Intervenção Democrática (ID), que permanece até hoje como membro da CDU, ao lado do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).

Finalmente, em 1994, o MDP uniu-se ao colectivo responsável pela revista Manifesto, dando origem ao movimento Política XXI, uma das forças fundadoras do Bloco de Esquerda.

Em resumo, as campanhas de dinamização cultural, que se iniciaram em outubro de 1974 e se estenderam até 1976, tinham como objectivos estratégicos promover o programa do MFA, informar as populações sobre a importância do voto como acto cívico e dar visibilidade nacional ao 25 de Abril. Ao longo desse período, foram realizadas mais de 2.000 ações de dinamização cultural e de intervenção cívica.

Em rigor estes eventos em Guisande, como um pouco por todo o país, eram essencialmente eventos de cariz político e mesmo doutrinário, e por esse tempo este movimento MDP/CDE, porque com alguns simpatizantes na freguesia, teve alguma acção ao nível da propaganda, com uma certa actividade, nomeadamente na distribuição de panfletos, pinturas nas estradas e muros.

Passado algum fulgor desses primeiros tempos pós revolução, o movimento perdeu gás e acabou mesmo por se extinguir derivando para o que veio a ser o BE-Bloco de Esquerda.

Vários desses elementos de Guisande mantiveram-se como de esquerda mas na generalidade derivando para uma esquerda menos radical, nomeadamente para o PS - Partido Socialista. Alguns, mais ferrenhos, mantiveram a ligação ao Partido Comunista, mas, como o provam os resultados, sem qualquer expressão eleitoral ou social e os votos nunca passaram de meia dúzia.

Em todo o caso, é com saudade que pessoalmente recordo esses tempos pós revolução embora vistos com os olhos de criança.


9 de abril de 2025

Confraria e Irmandade de Nossa Senhora do Rosário - Um olhar, uma opinião

 


Não tenho a certeza de estar inscrito na Confraria/Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, secular instituição da nossa paróquia, fundada por volta de 1733, com estatutos aprovados a 2 de Setembro de 1734, pelo então pároco, o Abade Manuel de Carvalho, com a devida autorização eclesiástica e da Ordem de S. Domingos (Dominicanos).

Essa incerteza deve-se ao simples facto de não possuir qualquer documento comprovativo da minha inscrição, e à própria instituição não se mostrar capaz de realizar a necessária pesquisa nos livros de assentos dos irmãos e confrades, alegando não ter em sua posse tais registos antigos.

Desconhecendo-se quem actualmente detém esses livros — ou mesmo se eles ainda existem desde a data da fundação —, torna-se efectivamente complicado, senão impossível, confirmar essa condição.

Se esta dúvida já não se coloca para os que infelizmente já faleceram, ela poderá ser muito relevante para os que ainda estão vivos e, como eu, não sabem ao certo se pertencem à Irmandade.

É certo que esta é uma instituição secular, ainda em actividade, e como tal, um património imaterial de valor significativo para a história e cultura da nossa paróquia e freguesia. Contudo, e em rigor, há já muitas dezenas de anos que não funciona como uma verdadeira associação.

Uma associação moderna rege-se por um conjunto de estatutos actualizados, que regulam os diversos aspectos da sua actividade. Tem sócios com direitos e deveres, realiza eleições periódicas, e os corpos gerentes são eleitos democraticamente pelos próprios associados.

Ora, a Confraria e Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, ainda sem estatutos revistos e com os originais há muito ultrapassados pelas mudanças dos tempos, vai funcionando, mas não exactamente como uma associação, desde logo porque não realiza eleições regulares.

Assim, num modelo organizativo que remonta ao tempo do Pe. Francisco Gomes de Oliveira, a gestão e controlo da actividade têm estado nas mãos de um reduzido número de pessoas, que, dentro das suas possibilidades, vão fazendo o melhor que podem e sabem.

Não tendo a certeza de ser irmão ou confrade, e não tendo portanto qualquer interesse directo na questão, parece-me, no entanto, que seria importante actualizar e valorizar esta instituição que caminha para o seu terceiro centenário — a celebrar dentro de oito anos. Seria desejável que, até essa data, a Irmandade estivesse devidamente regulamentada por estatutos adequados, em conformidade com as normas da Igreja e com a lei civil.

Além disso, e tendo sempre achado a sua orgânica bastante reservada, constato que várias regras — ou tradições — se têm vindo a perder ou a degradar. Por exemplo: no tempo do Pe. Francisco, era prática que, nas missas mensais ou na anual em que se sorteavam os terços, apenas os próprios, se presentes, podiam indicar a presença, ou, na sua ausência, familiares próximos como pais, irmãos ou avós. Nos últimos anos, porém, tem-se dado voz a familiares mais afastados, como primos ou tios, e até a vizinhos ou amigos. Ou seja, sem regras claras, têm surgido abusos que desvirtuam tradições antigas.

Na ausência de normas, é natural que se verifiquem estas situações de desregulação.

Ainda recentemente assisti à atribuição de um terço a uma pessoa já falecida — algo que, dantes, não era permitido. Sempre que saía o nome de alguém falecido no sorteio, o papel era anulado e rezava-se uma oração pela alma da pessoa em causa.

Neste caso, admito que quem reclamou o terço o tenha feito por desconhecimento dessa regra. Daí que me pareça adequado que, no momento da entrega do terço, perante dúvidas, se peça a quem o recebe que indique qual a sua relação com o sorteado e se este se encontra vivo ou já falecido.

Não aplicando este procedimento, continuarão a verificar-se situações semelhantes — acredito que não por má-fé, mas simplesmente por algum facilitismo e porque a ausência de regras as permite.

Sem qualquer pretensão de estar a ensinar o Pai-Nosso ao vigário, ou a fazer refogado à cozinheira, julgo que ninguém terá razões objectivas para discordar destes princípios.

Mas, como tenho reiterado, não tenho a certeza de ser irmão ou confrade, e ninguém o sabe confirmar. A minha opinião surge apenas como contributo construtivo, sem qualquer crítica pessoal, mas com intenção de orientação e valorização de uma instituição que é, sem dúvida, parte viva da nossa memória colectiva.

Finalmente como esclarecimento, no momento actual a inscrição de um irmão e confrade custa  25 euros e acrescido de 5 euros por cada ano acima de um ano de idade e uma anuidade também de 5 euros. Para quem quiser remir, isto é, não ficar sujeito ao pagamento de anuidades, tem o custo de 45,00 euros, no que é vantajoso sobretudo para baixas idades. Até me parece um valor baixo e desproporcional ao valor de pago de forma anual. Mas, como disse, de acordo com informações colhidas, são estes os valores praticados à data.

Quanto aos direitos dos irmãos e confrades vivos e defuntos, têm sido alterados ao longo destes quase três séculos, mas ainda assim com direito a um bom número de missas depois de falecidos para além de uma missa mensal e uma anual, por vivos e defuntos. aquando da festa, pelo primeiro Domingo de Outubro. Mesmo assim, as despesas têm sido superiores às receitas e a sustentabilidade da instituição, dependendo apenas de receitas próprias decorrentes das inscrições e anuidades, a prazo será posta em causa, pelo que antes que isso aconteça terão que ser encontrados equilíbrios e medidas adequadas.

8 de abril de 2025

Fonte, lavadouro e presa de Cimo de Vila


Muitas das minhas memórias de infância ainda vagueiam por ali, pelo alto de Cimo de Vila. Naquela fonte bebi muitas vezes. No lavadouro, fecho os olhos e ainda ali vejo e ouço a tagarelar muitas das mulheres do lugar às voltas com o lavar da roupa, esfregando-a repetidamente na pedra de granito, depois de boas ensaboadelas. Nesses tempos as roupas sujavam-se do suor de cada dia, do pó da terra e do estrume dos aidos e currais, do trabalho sujo e duro. Hoje, mesmo que já poucos se sujem com o trabalho, e como são dignos os que o fazem, veste-se uma roupinha de manhã e outra à tarde. Ao fim de meia dúzia de vezes, vai para o lixo e se encaminhada para os bancos sociais poucos a aproveitam.

A roupa rompia-se dessa labuta diária e das esfregadelas pelas mãos calejadas das mulheres, mas só quando já não seguravam os remendos, as joelheiras, cotoveleiras e quadras, é que terminavam a sua função e mesmo assim ainda davam para trapos que depois de cortados em tiras eram enviados em novelos para as tecedeiras fazerem tapetes para a casa e liteiros para as camas.

Não surpreende, por isso, que do lavadouro de Cimo de Vila, sempre que por lá passe, ainda sinta o aroma de sabão e água fresca nas manhãs de segunda-feira, onde acompanhava a minha bisavó.

Por sua vez, da presa, tantas vezes acompanhava a água acabada de ser libertada pelo boeiro aberto, seguindo o rego que ladeava a parte baixa do lugar e ía regar campos pelos lugares das Quintães e do Viso. Havia tempo para fazer barquinhos de casca de pinheiro e rodízios de bogalhos.

Da água que chegava à fonte em torrente generosa, vinda da nascente do alto de Centes, o progresso aniquilou-a, aquando da construção da Auto Estrada, e, que se saiba, sem qualquer compensação. Numa solução espertalhona, desviaram para ali parte da água que vem do Monte de Mó e que também cai na fonte do Monte do Viso. Chega para todos, no Inverno, mas minguada no Verão tardio e a ter que ser dividida com parcimónia. Fossem muitos os necessitados e haveria lutas e disputas de enchadas e varapaus no ar. Mas não, anda tudo manso e acomodado aos confortos.

É certo que estes equipamentos, outrora indispensáveis às comunidades, hoje em dia andam pelas ruas da amargura ou mesmo numa via sacra, esquecidos, desmazelados e até vandalizados e são já poucos os moradores que a eles recorrem. Pela década de 1980 fizeram uns mamarrachos de betão, sem conta nem medida, sem estética nem coisa que o valha, que em nada ajudaram à mais valia do património colectivo.

Um destes dias, por lá passei e a Maria, uma das poucas utilizadores, queixou-se do estado da presa e a foto nao a desmente. Assoreada, já num misto de jardim, pântano, mato e até ninho de bicharada. Noutros tempos era valiosa porque boa regadora e vários dos consortes até pagaram para o ser. Claro que quando quando a origem da +agua da fonte e da presa foi destruída, ficaram a ver navios.

Coloca-se sempre a questão de até que ponto justifica-se gastar dinheiro público numa coisa que deixou de ter utilidade, nomeadamente por uma Junta de Freguesia, quando os próprios consortes a deixaram abandonada à sua pouca sorte, mas é um motivo de reflexão, porque há coisas que mesmo tendo perdido importância, continuam a ser marcos e testemunhas de vivência de uma comunidade, das suas raízes e identidade.

Com igual sorte da presa de Cimo de Vila, há várias outras, como a da Pereirada, a de Lamoso, estas perto de estradas, mas várias outras mais interiores, algumas quase destruídas, como a das Corgas, Sabugueiro, Monte de Mó, etc. Também os lavadouros, quase todos em má sorte, de Estôze ao Reguengo, de Cimo de Vila a Casaldaça. Alguns, como o das Quintães, ficaram pelo caminho de opções políticas discutíveis, e deles só resta a memória nos mais velhos e e nem sequer uma simples fotografia ficou como amostra.

Em suma, quando não formos capazes de valorizar certas coisas, por mais insignificantes que pareçam ser, estaremos a caminho da extinção, senão como raça, seguramente como comunidade. Já nem sequer há gente a reclamar abandonos, talvez porque o cansaço amolece ou porque o verdadeiro sentido era outro que não a genuinidade das causas e das coisas.