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14/10/2025

Ninguém é profeta na sua terra

Com a vitória, por maioria, da lista do PSD na eleição para a Assembleia de Freguesia de Guisande, encabeçada por Johnny Almeida, Rui Giro é também uma das figuras eleitas e vencedoras e em princípio virá a assumir o importante cargo de presidente da Mesa da Assembleia. Também foi eleito directamente para a Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira.

Em bom rigor, qualquer elemento de qualquer uma das listas, com alguma preparação, poderia desempenhar essa função, mas convenhamos que é um cargo de responsabilidade e que exige alguns conhecimentos legais ligados às funções, competências e funcionamento deste importante órgão do nosso poder autárquico. Resulta deste pensamento que alguém com formação em Direito, estará, óbviamente, mais capacitado para o cargo.

Mesmo nos elementos agora eleitos pelo PSD, temos a Inês Bastos, advogada e jurista na Câmara Municipal de Albergaria a Velha, que bem poderia desempenhar esse papel com qualidade e competência. Isso também demonstra que a lista do PSD apresentou-se com gente jovem mas com formação superior no que, convenhamos, não sendo determinante, é sempre importante. 

Não obstante, e não tendo qualquer certeza ou indicação disso, creio que será mesmo o Rui Giro a vir a assumir essa responsabilidade, desde logo pela larga experiência, pois, recorde-se, já foi presidente da Assemblei de Freguesia ainda no tempo anterior à União de Freguesias, depois também já na União de Freguesias, para a qual foi eleito nos mandatos de 2014/2017, 2017/2021 e 2021/2025, para além de ser o presidente da Assembleia Geral da Associação do Centro Social S. Mamede de Guisande.

Sei eu, sabe o próprio, que em Guisande, junto de uma certa franja de pessoas, tem existido algum preconceito ou má impressão à volta da sua figura. Quanto a mim, de forma injusta, mas que como explicação, resultará de alguma inveja pessoal ou de facção,  bem como  resquícios de alguns  atritos do passado, nomeadamente decorrente do processo em que depois de difamado publicamente em contexto de uma assembleia de freguesia. A defesa do bom nome é um direito que todos temos pelo que o seu bom nome foi defendido na Justiça. Esta actuou e quem difamou sem qualquer provas e fundamentos foi naturalmente condenado. A decisão não agradou aos que na ocasião defenderam o difamador pactuando com a difamação. Um episódio triste mas marcante e que em parte ajuda a explicar um certo mau estar que ainda parece subsistir, mesmo que já passados mais de vinte anos.  Quem não se defenderia perante uma difamação torpe no contexto de um órgão de poder local?

Por outro lado, na sua profissão de advogado, nomeadamente em causas a envolver guisandenses, naturalmente que provoca sempre algumas antipatias do lado a quem a Justiça não dá razão, o que é natural mas injusto. A Justiça, gostemos ou não, seja lenta ou susceptível de ser subvertida por quem tem dinheiro e poder,  deve ser cega e não se compadecer com o que não respeitar a lei e os direitos de cada um, seja pessoa singular ou colectiva. Os advogados, todos, têm este ónus contra si, o de serem defensores, ora de Deus ora do diabo, por conseguinte agradando a uns e desagradando a outros.

Por conseguinte, conhecendo o Rui Giro desde os meus tempos de escola primária, e com ele estive na fundação e actividade da Associação Cultural da Juventude de Guisande, do jornal "O Mês de Guisande", da Rádio Clube de Guisande e depois na fusão e actividade com a Associação Cultural de Guisande "O Despertar", por isso mais de duas décadas ligadas ao associativismo e à cultura na nossa freguesia, compreendo alguns dos factores para essa antipatia e até algum preconceito, mas que, como disse, considero totalmente injustos e imerecidos.

Queira-se ou não, goste-se ou não, o  Rui Giro é uma pessoa interessada pela sua freguesia e nela tem sido uma importante figura, no contexto associativo, cultural, político e até mesmo empresarial e quem dera a muitos de nós, guisandenses, ter no seu currículo esse peso e ligação à freguesia. Infelizmente, alguns dos que nutrem e semeiam por ele essa antipatia ou pouco apreço, provavelmente nunca nada fizeram pela comunidade, passando ao lado da sua história e do seu dia-a-dia. E se fizeram, nunca contribuiram para a união da comunidade, antes dividindo para reinar.

No que foi esta campanha eleitoral, alguns terão discutido se para a lista do PSD teria sido mais vantajosa ou prejudicial a presença do Rui Giro. Admito que alguns consideram que sim e outros que não. Pessoalmente, pela realidade que atrás descrevi, acho que a sua presença na lista foi positiva mesmo que a contragosto de alguns. A sua qualidade de jurista, de oratória e experiência no cargo de elemento de Assembleia de Freguesia, incluindo no papel de seu presidente, não tem paralelo na freguesia no momento presente. Concerteza que já tivemos pessoas no passado a assumir essa função, até com a qualidade adequada, mas no presente não estou a ver melhor, até porque os que têm capacidade não se querem meter nestas coisas ou já numa fase da vida a que pouco ou nada dispensam do seu tempo e interesse.

Por conseguinte, de forma pragmática, e mesmo sabendo que o próprio até tinha a vontade de não fazer parte, a sua introdução na lista foi positiva. Quem gostou, gostou, quem não gostou não gostou e por isso, de uma forma ou outra, teve oportunidade e pôde exprimir-se na votação. Ora, como se sabe, a lista em que se integrava venceu democraticamente por uma diferença significativa e certamente que o Rui Girto voltará, e bem, a ser o presidente da Mesa da Assembleia no recomeço de um ciclo importante.

Finalmente, e convém não esquecer, gostem alguns ou não, se é certo que ao Celestino Sacramento todos, devemos estar reconhecidos e gratos pelo seu papel no processo e luta pela desagregação de freguesias, que nos trouxe a independência, não foi em nada menor a importância e o papel do Rui Giro nesse processo, bem como da lista do PSD na Assembleia da União de Freguesia que votou unanimemente a favor da desagregação, ao contrário de alguns elementos da mesma Assembleia, de Guisande ou com familiares em Guisande, que pelo PS votaram contra ou abstiveram-se. Está escrito e registado para memória futura. De resto, durante o processo, fui acompanhando de perto a evolução e o papel importante que teve o Rui Giro, nomeadamente já na parte final e depois de numa primeira apreciação a desagregação da nossa União de Freguesias ter sido reprovada. O seu papel formal e jurídico, bem como diligências informais junto de quem tinha poder de influência,  foi fundamental no agendamento da sessão extraordinária e clarificação da freguesia de Lobão, tornando possível, in extremis, que o processo fosse reapreciado e aprovado.

É pois, muito injusto que este papel do Rui Giro seja ignorado ou desconsiderado ou que apenas se atribuam os louros ao Celestino Sacramento, mesmo que merecidos. De resto, este, em conversa pessoal, reconheceu o papel importante do Rui Giro. O Celestino Sacramento pode ter perdido agora um acto eleitoral, democraticamente e que o enobreceu, mas é um homem de honra e palavra e por isso teve esse reconhecimento a favor do papel do Rui Giro. Mesmo quem não se simpatize com a figura do Rui Giro, e não temos que simpatizar ou ser amigos de toda a gente, só não reconhece este papel importante e dedicação às causas da freguesia quem estiver de má fé e ronha pessoal.

Dos fracos não reza a história, mas o Celestino Sacramento e o Rui Giro, goste-se ou não, farão parte do lado certo e nobre da história de Guisande e isso não pode ser negado nem apagado, no presente e no futuro. Quem não gostar, que se amanhe e que se coce.

Diz-nos a Bíblia e o Evangelho que ninguém é reconhecido como profeta na sua terra, mas alguma má impressão, antipatia ou mesmo preconceito de uma franja de guisandenses contra o Rui Giro, repito,  é de todo injusta, imerecida e mesmo sem fundamento. Mas é o que é e mal estaríamos se fôssemos condicionar a nossa vida e a nossa forma de ser e estar, ao sabor do vento e dos humores de algumas pessoas incapazes de dar mérito a quem o merece. Gente assim, invejosa e incapaz de reconhecer o mérito a terceiros há em todo o lado e também em Guisande. É o que é!

13/10/2025

A experiência (e competência) é um posto

Ontem nas duas secções de voto em Guisande, entre gente jovem, alguns dos quais não conheci (sinal de que estamos a ficar velhos), mas certamente competentes, foi com satisfação que voltei ali a ver o Jorge Ferreira. Sinal de experiência, competência e rigor. Ouvi contar que até aconteceu ali um episódio digno dos apanhados, mas que com a sua experiência soube resolver.

Velhos são os trapos e o Jorge ainda continua a ser das coisas boas na freguesia, pelo passado mas ainda pelo presente. De resto, se importa sempre dar lugar aos novos, por vezes é importante salpicar as coisas com experiência. 

O mal, por vezes, é não são sermos capazes de perceber este equilíbrio tão necessário quanto útil.

Parabéns ao Jorge Ferreira, mas também  a todos quantos, mesmo que pagos, contribuiram para mais este acto de democracia.

21/09/2025

A lei e a ética - O que valem?


Eu não sei se é eticamente censurável, com falta de transparência na gestão pública ou se configura nepotismo, a decisão de Emídio Sousa, actual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, enquanto presidente da edilidade de Santa Maria da Feira, de aprovação de uma nomeação por parte do seu vereador da Cultura, para um cargo político de uma sua familiar indirecta, no caso uma sobrinha, para secertária do gabinete do respectivo pelouro. Talvez seja, talvez não!

Talvez o ex autarca se tenha posto a jeito para a censura e para o escrutínio público, mas, de acordo com a lei, e disseram-no os especialistas, a aprovação da nomeação foi legal. De resto, uma nomeação política é isso mesmo, escolher alguém que se conhece e de quem se tem confiança. De resto, Emídio Sous não nomeou mas apenas aprovou, o que poderá dar ao mesmo, ou talvez não. Além do mais, do que conheço e me têm transmitido, a pessoa em causa, há mais de 10 anos que tem exercido a função com qualidade e competência, afinal que o que se espera do respectivo cargo.

A questão essencial aqui será esta? É legal? É ilegal? Se é ilegal, que actue a Justiça, ou deveria ter actuado no tempo próprio. Se é legal, então nada a opor. Se estão em causa questões de transparência, ética e nepotismo e se tal é censurável ou não, mesmo sendo um cargo de confiança política, então que se altere a lei para impedir estas coisas, estas dúvidas, este pasto para chamas, porque este não foi caso único e, de uma forma ou outra, aqui, ali e acolá, é prática corrente. Ademais, custa acreditar que num Estado de Direito, em que se defende a individualidade, alguém possa ser prejudicado no acesso a funções públicas só porque é familiar indirecto do presidente, do vereador ou do director. Terá menos direito que qualquer outro cidadão?

Talvez mais do que isso, é censurável, e mesmo eticamente reprovável, que sob um ponto de vista jornalístico, um assunto que foi público e legal, venha agora a terreiro através de um meio de comunicação social com estatuto de serviço público, quando passado mais de uma dezena de anos sobre o facto. A que propósito, com que objectivo? 

Reitero, o ex-presidente da nossa Câmara pôs-se a jeito, e eu não o faria, mas actuou apenas dentro do que a lei permite. Quanto à ética e aos outros valores que se procuram aqui debater, e se foi ou não censurável ou reprovável, revestem-se de subjectividade e interpretação de acordo com os interesses de quem critica, para além de que tais valores há muito que deixaram de ser considerados, sobretudo no contexto de serviço público e político. Porventura, quem agora defende que faltou ética no caso, é defensor de que um médico quebre o seu juramento e possa praticar o aborto e a eutanásia, ou que um jornalista revele as fontes, ou que um oficial de Justiça quebre o segredo de processos, e que a acção de um criminoso informático, invadindo o foro particular deterceiros, como a sua correspondência, seja elevado aos céus como benfeitor, só poque supostamente em nome do bem público, como se, em consonância, a um advogado seja legítimo revelar a confissão de um seu cliente, admitindo o crime, por mais banal ou hediondo que seja. Além do mais, se há sector da sociedade que há muito perdeu o crédito da ética, é precisamento o da comunicação social e do jornalismo, precisamente o que agora vem a terreiro fazer de juíz. O jornalismo, de um modo geral, não só os dos órgãos conotados com o sensacionalismo, como mesmo o da RTP, tem sido digno de retrete. É disto que se trata, mesmo que fique por clarificar o propósito.

26/08/2025

O adeus a Manuel Alves

 


Como se esperava, ontem, Segunda-Feira, a cerimónia exequial  do Sr. Manuel Alves, o nosso Sr. Neca, foi bastante participada, no que também ajudou o período de férias, mesmo que, também por ele, algumas pessoas ausentes. 

Com o nosso pároco em merecidas férias, o serviço contou com a participação do jovem Pe. André Almeida Pereira, de Louredo, meu primo, e do Pe. Augusto Pereira Baptista.

Após a celebração, usou da palavra o presidente da União de Freguesias, Sr. David Neves, que enalteceu sobretudo o lado do autarca e do seu serviço à comunidade que foi o Sr. Manuel Alves em mais de uma década enquanto presidente da Junta.

Já no rescaldo da cerimónia, deambulando pelo cemitério, apanhei alguém, que não conheci a meio de uma conversa em que de algum modo parecia criticar a intervenção do presidente da Junta, classificando-a como de campanha eleitoral e que por isso “não havia necessidade”. 

Cada um tem a sua opinião, mas pessoalmente não vi a intervenção como tal, e creio que foi justa, comedida e objectiva porque, tal como eu já fiz de forma escrita através dos meus espaços na internet, realçou o papel e importância do serviço de autarca, coisa que julgo que em rigor e de um modo geral e na nossa comunidade, nunca ninguém reconheceu publicamente ao Sr. Neca esse papel e importância. 

Infelizmente, no geral somos assim, um bocadinho virados para a ingratidão e algo invejosos” em vez de enaltecer e valorizar, mesmo que, certamente, com o benefício de algumas dúvidas e defeitos que todos temos.

Creio, que como já escrevi, será justo que a futura Junta de Freguesia de Guisande tenha um sinal de deferência, mesmo que a título póstumo. 

Em resumo, acho que esteve bem o presidente da União de Freguesias e pela parte que me toca, fico reconhecido por esse reconhecimento. Pessoalmente apenas dispensaria as palmas, porque não se justificavam no contexto e local, porque mais de contemplação, mas há sempre alguém com as mãos ligeiras esquecendo o local onde estão. Mas, também creio que dispensava os aplausos o próprio David Neves. Quanto ao defunto, o reconhecimento da freguesia deve ser bem mais amplo e em contexto institucional.

Certamente, que o enaltecimento da figura da pessoa mas sobretudo do autarca, poderia ser feito com igual ou mais propriedade por qualquer pessoa de Guisande, mas nestas coisas nunca sabemos se agradamos aos familiares, ou não. Eu próprio não me custaria fazê-lo, e estou certo que outros que conheceram bem a faceta de autarca do Sr. Neca,  mas nestas coisas há hierarquias e princípios que devem ser seguidos e por isso, como foi feito, a meu ver foi o adequado.

Registei também a presença do ex-presidente da Câmara da Feira, Alfredo Henriques, que se associou nos pêsames à esposa e familiares próximos. Foi um gesto bonito pois afinal ambos tiveram relações institucionais durante vários e anos e até mesmo alguma relação pessoal. Terão faltado outras figuras gradas a quem também ficaria bem estar presente, mas nestas como noutras coisas, só faz falta quem cá está.

Que descanse em paz o Sr. Neca e que, de afcto venha a merecer num futuro próximo algum reconhecimento institucional e da comunidade, mesmo por parte de quem nesse contexto de serviço público e luta partidária foi adversário.

24/08/2025

Manuel Alves - O homem e o autarca






Com o falecimento de Manuel Alves, o Nequita, partiu uma das figuras mais emblemáticas e carismáticas da nossa freguesia.

Como já escrevi na nota de falecimento, ele teve uma relevante acção cívica, tendo sido regedor no período anterior ao 25 de Abril de 1974 e foi presidente da Junta de Freguesia de Guisande entre 1979 e 1989, em representação do PPD-PSD – Partido Social Democrata. 

Anos mais tarde, nas eleições de 1997 voltou a tentar o regresso mas o eleitorado considerou que já tivera o seu tempo e não conseguiu destronar o PS - Partido Socialista. Para essas eleições tive o privilégio de por ele ser convidado para segundo da sua lista, mas, por várias razões, nomeadamente a de também eu considerar que o seu tempo como autarca já tinha passado, bem como pela indisponibilidade pessoal, acabei por não poder aceitar.


Em 1993 aquando da sua candidatura pelo PPD-PSD

Gostando-se, ou não do seu estilo enquanto presidente da Junta - e enquanto autarca tinha adversários acérrimos, alguns até com considerações injustas - certo é que a freguesia conheceu com ele um forte desenvolvimento. É verdade que então estava tudo por fazer, mas com maior ou menor transparência, mas dentro de um estilo que era generalizado a todas as juntas de freguesia da época, foi um presidente activo e com sentido de astúcia política. Os executivos liderados por si realizaram inúmeras obras, algumas significativos, nomeadamente no que se refere a abertura de estradas, incluindo as ligações de Guisande a Louredo e a Gião, a construção do novo cemitério, a edificação da sede da Junta, construção das pré-escolas da Igreja e Fornos, bem como bastantes outras, estando também ligado à construção do campo de futebol no Reguengo.

Pelo contexto geral, pessoalmente não tenho dúvidas que foi o presidente de Junta com uma acção mais significativa de todos quantos têm exercido o cargo desde as eleições de 1976.

Muitos de nós, os mais velhos, conheciam também o Manuel Alves como comerciante, em que durante vários anos, nas décadas de 1970 e 1980, explorou a típica  mercearia no lugar de Casaldaça, antes dirigida pelo Domingos Caetano de Azevedo e sua esposa D. Conceição, e depois no lugar do Viso, para onde foi viver, onde, conjuntamente com a esposa Sr. Tina, confeccionava a tradicional e tão apreciada regueifa doce à moda de Guisande.

A relação das suas juntas com o jornal “O Mês de Guisande”, de que fui co-fundador e chefe de redacção, em toda a década de 1980, nem sempre foi a mais pacífica, e chegou a confessar que apenas o jornal lhe fazia boa oposição, mas foi sempre franco e directo e apesar disso sempre reconhecedor da importância do jornal para a freguesia e nunca se escusou a colaborar, apoiar e a conceder entrevistas e a fazer chegar apontamentos de notícia.

Chegou mesmo a confessar-me que em certa medida perdeu as eleições de 1989 devido à acção do jornal  bem como pelo papel da lista Força Jovem Independente, que nos mandatos de 1985/1989 e 1989/1993 foi sempre muito exigente e com sentido de escrutínio, porque com um nível de intervenção e oposição de que até então a Junta de Freguesia não estava habituada, mas com um entendimento positivo e sem qualquer ressentimento.

Ao longo dos últimos anos  mantive sempre com ele uma boa relação, com uma consideração e respeito mútuos, tratando-me sempre por Almeida, e partilhou comigo muitas confidências, pessoais, das suas memórias, mas sobretudo políticas, sempre com um tom muito próprio, de “manha”, que todos lhe reconheciam. 

Dos muitos episódios, contou-me a forma pouco ortodoxa como alguns “revolucionários”, logo após o 25 de Abril de 1974, lhe vieram “assaltar” o cargo de regedor, intimando-o a “devolver a ferramenta”. Pensavam eles, dizia, que isso era coisa pesada e de importância, incluindo armamento, mas afinal foram de mãos a abanar e levaram apenas um carimbo e um selo branco. De resto, a nova regedoria morreu ao nascer e o regedor provisório e seu substituto, apesar de ficarem com o retrato no arquivo da Câmara, então governada ainda sem legitimidade democrática, pelo presidente da Comissão Administrativa, Dr. Arnaldo dos Santos Coelho, em rigor nunca chegou a exercer, nem sequer a tratar de um roubo de galinhas, passando a GNR a exercer as funções de autoridade até então a cargo do regedor.

Também, entre a brincar e a sério, chegou-me a dizer que se fosse mais novo arrancaria a placa de limite de freguesia entre Guisande e Lobão, na zona do Santo Ovídeo, porque achava que tinha sido um abuso consentido pelas juntas do PS em deixar colocar a placa, não no limite determinado pelos marcos de fronteira, mas uma dezenas de metros do  lado de Guisande. De facto a sua idade já não era adequada a revoluções, mas, sim, tinha razão e neste aspecto os responsáveis da freguesia foram sempre “moles” em aceitar este e outros atropelos, nomeadamente no lugar de Azevedo, em que uma boa parte de território de Guisande continua sendo considerado descaradamente como de Caldas de S. Jorge mesmo contra todas as provas e evidências.

Muitas mais coisas me confidenciou, algumas das quais guardo só para mim e até porque alguns dos envolvidos ainda pertencem ao mundo dos vivos.

Em resumo, parece-me que será de justiça que a futura Junta de Freguesia de Guisande reconheça a importância de Manuel Alves enquanto autarca, senão com um nome de rua, pelo menos de uma qualquer outra forma. Pessoalmente, do que conheci do homem e do autarca, acho plenamente justo e merecedor, mesmo sabendo que nestas coisa a ingratidão ainda tem peso e a memória perna curta.

Defeitos teve, com certeza, como eu tenho e quase todos, pelo menos aqueles que não se consideram seres perfeitos. Manuel Alves foi um autarca do seu tempo, com limitações mas sobretudo com vontade de servir a freguesia e a comunidade. E creio que no geral fez muito.

Paz à sua alma e acredito que continuará a ser lembrado no presente e no futuro e no que de mim depender, nomeadamente no livro que estou a ultimar sobre apontamentos da história de Guisande, será concerteza e figurará na galeria das suas figuras mais relevantes.

Que descanse em Paz, caro Sr. Neca!

18/06/2025

Visto de fora - O regresso da velha guarda

Consumados que estão os processos de desagregação da maior parte das uniões de freguesias do concelho de Santa Maria da Feira — mesmo que, em rigor, apenas a partir da tomada de posse dos futuros órgãos deliberativos e executivos de cada uma das novas (velhas) freguesias — os partidos políticos já estão no terreno para formalizar listas concorrentes às próximas eleições autárquicas, que deverão ter lugar no início do próximo mês de Outubro.

Sobretudo o PSD, mas também, aos poucos, o PS, têm divulgado publicamente alguns cabeças-de-lista às diferentes freguesias, sendo que outros, ainda não assumidos, têm sido apontados como sérios concorrentes.

Olhando apenas para a nossa vizinhança, em que de três uniões de freguesias desfeitas resultam nove freguesias (Lobão, Gião, Louredo, Guisande, Caldas de S. Jorge, Pigeiros, Canedo, Vale e Vila Maior), não deixa de ser curioso — e até merecedor de alguma reflexão — o facto de alguns dos candidatos, assumidos ou prestes a sê-lo, serem pessoas que já assumiram, no passado, responsabilidades autárquicas nessas mesmas freguesias, vários deles já em situação de reforma profissional, mas que, por motivos diversos ou mais ou menos comuns, regressam às lides eleitorais, propondo-se à escolha dos eleitores e a assumir responsabilidades, caso mereçam a sua confiança.

Assim, por Pigeiros, já está assumido que será o Eng.º António Cardoso a encabeçar a lista do Partido Socialista, gorada que foi a possibilidade de uma lista independente. Foi uma figura importante e activa no processo de reposição da freguesia de Pigeiros. Pelo PSD já foi divulgado o jovem Tiago Afonso.

Em Louredo, ainda não tive conhecimento de que a decisão seja já pública, mas fala-se que, pelo PSD, será Fernando Moreira, que já havia sido presidente da Junta dessa freguesia. Desconheço quem avançará pelo PS, numa freguesia marcadamente social democrata.

Pelo Vale, e pelo PSD, será o Fausto Sá, o qual esteve ligado ao movimento pela reposição da freguesia do Vale.

Por Lobão, é desconhecido o candidato pelo PSD. Pelo PS é mais que certo que será o actual presidente da União de Freguesias, David Neves que quererá aproveitar a experiência e a popularidade.

Por Gião, pelo PSD, outra velha guarda, com Manuel Oliveira Leite, já divulgado como cabeça de lista. Sem surpresa, porque tinha feito parte de um mandato sem história, perdeu as anteriores eleições como cabeça-de-lista pelo PSD à União de Freguesias, mas agora concorre numa freguesia que melhor conhece e melhor o conhece.

Ainda por Gião, pelo PS, vai-se dizendo que será a Vera Silva, uma forte candidata, que faz parte do actual executivo da União de Freguesias.. 

Cá por Guisande, a única solução que me levaria a equacionar tomar parte seria uma lista independente, com elementos do PS e do PSD. Transmiti isso ao Celestino Sacramento e ao Dr. Rui Giro, já que foram estes as principais figuras no processo de reposição da freguesia de Guisande. Mas, no fim de contas, não vi que houvesse, de qualquer dos lados, um sério interesse em avançar com essa solução. Face a isso, será Celestino Sacramento — que também já foi presidente da Junta — a encabeçar a lista do Partido Socialista, mesmo que ainda não o tenha divulgado publicamente.

Quanto à lista do PSD, mesmo que com palpites, desconheço de todo quem será o cabeça-de-lista.

Quanto aos motivos que levam estas figuras da velha guarda a avançarem para os processos eleitorais — que são sempre desgastantes —, bem como às responsabilidades durante o mandato, caso eleitos, parece-me que se justificam por duas razões principais: porque sentem a responsabilidade, e mesmo o dever, de ajudar as freguesias a retomarem o seu destino — já que a transição traz inevitáveis dificuldades, de resto esperadas —, mas também porque, da parte das novas gerações, o desinteresse é quase geral. Fazer parte de uma Junta de Freguesia, ou mesmo de uma Assembleia, assumir responsabilidades e estar sob escrutínio público, sujeito a críticas — faça-se o que se fizer, pagando-se por ter e não ter cão —, não é propriamente estar na festa, na farra e nos copos numa qualquer Corga da Moura.

Não surpreende, pois, que se assista nesta fase ao regresso da velha guarda, de alguns “senadores”. No geral, creio que será uma mais valia, pois podem transmitir conhecimento e experiência, o que é sempre importante. Em todo o caso, estou certo de que, mesmo assim, saberão rechear as diferentes listas com gente mais nova, interessada e capaz — o que não é fácil, sobretudo em Guisande. Mas, entrados no processo, há que seguir em frente, como quem diz, "descalçar a bota".

Votos de boas campanhas e bom trabalho, independentemente de quem venha a avançar e a assumir responsabilidades.

17/06/2025

Visto de fora - António Cardoso avança por Pigeiros

 


Não sou amigo de peito do Eng.º António Cardoso, mas com uma amizade e respeito suficientes para conhecê-lo o bastante, e de há anos, para ter a certeza de que, independentemente do que em consciência e liberdade decidirem os pigeirenses  lá para Outubro próximo, no rescaldo de uma campanha eleitoral que promete ser positiva para a renascida freguesia, ele conhece e gosta como poucos da sua terra de Pigeiros, mesmo que até já tenha andado por Guisande a defender as suas redes. Coisas da bola e de outros tempos.

Sei que, pela idade e trajecto já percorrido em cidadania, como autarca e deputado, seria bem mais fácil e apetecível manter-se alheado destas lutas que, mesmo que decorram dentro do melhor espírito democrático e respeito mútuos pelas diferenças de visão para uma mesma terra e comunidade, são sempre desgastantes, mas também sei que não vira a cara à luta e terá sido nesse sentimento, espírito e quase dever, que aceitou o repto de concorrer ao cargo de presidente de Junta de Freguesia de Pigeiros, depois de uma infrutífera e penosa relação no contexto da União de Freguesias em que estava inserida com Caldas de S. Jorge.

Falo, pois, de fora, mas com a simpatia por Pigeiros e com uma imparcialidade não obrigatória mas de respeito pelas partes que vão estar em disputa, na certeza de que o António Cardoso será uma excelente opção. Tivesse Guisande gente dessa qualidade e com essa disponibilidade para defender os interessas da terra e sua gentes, na recuperação de uma dúzia de anos em que se andou como o caranguejo, de marcha atrás.

Sei, porque falamos sobre isso aqui há uns tempos, quando se começava a ver a luz ao fundo do túnel no processo sinuoso da desagregação, que também ele partilhava a mesma e minha opinião de que neste recomeço, seria vantajosa uma lista independente, a congregar gente de ambos os lados, numa forma de unir e não o contrário. Por motivos e contornos que desconheço e nem são da minha conta, as coisas não terão ido nesse sentido e devido a isso, temos assim o António Cardoso a encabeçar uma lista proposta pelo Partido Socialista, que certamente também terá gente jovem, a surgir como uma boa alternativa aos pigeirenses.

Pelo PSD, concorre o jovem Tiago Afonso, que conheço apenas circunstancialmente, mas de quem tenho referências também positivas quanto ao gosto e interesse que demonstra pela freguesia e suas gentes. 

Naturalmente que serão duas visões diferentes, até porque também de gerações, mas estou certo que ambos com Pigeiros e suas gentes como foco central. O resto será luta partidária e, o Cardoso, melhor que ninguém, sabe o que isso é, para o bem e para o mal. Portanto, parte prevenido.

Em suma, é uma luta que vou apenas ver da bancada, e que apenas os pigeirenses decidirão, mas fico satisfeito em ver que o António Cardoso diz presente à freguesia num momento importante depois da tão ansiada desagregação pela qual foi voz e figura activa.

Votos de boa campanha a ambas as partes, mas pela amizade que tenho para com o Eng.º António Cardoso, faço votos que o trabalho que o espera seja recompensado pelos pigeirenses, na certeza que serão sempre estes quem decidirão!

02/05/2025

Pedro Nuno dos Santos - Ascendência em Guisande


Confesso que não tenho documento que o confirme de forma segura, mas já tenho ouvido referências de que Pedro Nuno dos Santos, e das pesquisas que fiz, o actual secretário-geral do Partido Socialista, e candidato ao papel do próximo Primeiro Ministro, tem ascendência familiar paterna em Guisande.

Pedro Nuno de Oliveira Santos, nasceu em 13 de Abril de 1977. É filho de Américo Augusto dos Santos e de Maria Augusta Leite de Oliveira Santos.

O seu pai, Américo Augusto dos Santos será filho de Alberto Pinto dos Santos e de Rosária Augusta da Conceição, ambos naturais de Guisande a aqui casados. O avô sapateiro, que tem sido referido na comunicação social, como que a justificar a origem humilde da família do Pedro Nuno dos Santos, é o pai da sua mãe.

Alberto Pinto dos Santos, será então o avô paterno de Pedro Nuno dos Santos, e é filho de Jerónimo dos Santos e de Amélia Maria de Oliveira Pinto, esta, sobrinha materna do Cónego Dr. António Ferreira Pinto.

Entre outros, o Alberto é irmão do Américo Pinto dos Santos, que casou com a D. Maria Angelina, que ofereceram o terreno para o campo de futebol do Guisande F.C., ainda do Delfim Pinto dos Santos, pai do Marinho Ferreira Coelho e de Manuel Pinto dos Santos, que foi regedor em Guisande pelas décadas de 1950/1960. Era ainda irmã do Alberto Pinto dos Santos a Gracinda Amélia dos Santos, mãe da Maria Fernanda da Costa, esta esposa do Joaquim Correia de Paiva (Peita), moradores em Fornos - Guisande.

Alberto Pinto dos Santos, por Guisande tinha a alcunha de "Xará" e exerceu a profissão de camionista. O seu filho, Américo Augusto dos Santos, pai de Pedro Nuno dos Santos, é sócio da Tecmacal, de S. João da Madeira, uma empresa com estrutura accionista familiar e do ramo de maquinaria e equipamentos para a indústria de calçado. Esta empresa tem sido comprovadamente associada ao recebimento de avultados fundos europeus. Receberia mesmo que não tivesse um dos sócios a influência e peso político do filho? Não o podemos afirmar nem o seu contrário, mas sabemos que neste país quem tem poder e influência política, tem mais vantagens. Sempre assim foi e sempre assim será.

Este Américo Augusto dos Santos, pai do Pedro Nuno, em solteiro chegou a fazer parte de uma banda rock em S. João da Madeira e esteve ligado a um partido de extrema esquerda a Frente Eleitoral dos Comunistas Marxistas-Leninistas (FEC ML). Talvez daqui venha a costela política de Pedro Nuno Santos, indicado por muitos como da ala da esquerda mais radical do PS.

Sabe-se que, devido à posição industrial e social dos pais, o actual lider do partido Socialista já nasceu em berço de ouro e vivia como tal, sendo conhecido o caso de ter conduzido o carro de luxo do pai, um Mesarati, e foi proprietário de um Porche, que acabou por vender por supostamente tal imagem de viver à patrão não ajudar a sua carreira política, nomeadamente pela contradição aos valores de esquerda que apregoava. Aliás, nesta contradição, mesmo defendendo a Escola Pública, o líder do Partido Socialista tem o filho numa boa escola privada.

Em resumo, sem moralismos ou julgamentos de valor, mas apenas num sentido geral, os nossos políticos, da esquerda à direita, nem sempre têm vidas simples e modestasm condizentes com os valores que dizem defender. São, por isso, muitas as contradições dos nossos políticos. Pedro Nuno dos Santos é apenas um entre muitos.

O seu perfil político e ideológico, bem como o seu estilo pró radical, não me fazem, de todo, seu seguidor e simpatizante político, mas também aqui pouco importa. A razão deste apontamento é mesmo o dar a conhecer essa tal ligação de ascendência familiar em Guisande., que, acredito, será do desconhecimento da larga maioria dos guisandenses e, quiçá, até mesmo de alguns dos familiares desse ramo genealógico.

05/07/2024

D. Laurinda da Conceição - A LIAM e outros apontamentos

 


Laurinda Gomes da Conceição, segunda filha de nome, que nasceu a 13 de Agosto de 1933 e faleceu em 5 de Setembro de 2016.

Era filha de Justino da Conceição Azevedo e Rosa Gomes de Almeida.

Este Justino nasceu a 15 de Fevereiro de 1898 e faleceu em 31 de Dezembro de 1945.Tinha, pois, a Laurinda 12 anos quando faleceu o pai.

A Laurinda teve vários irmãos, nomeadamente:

David Azevedo da Conceição, que nasceu em 27 de Março de 1921 e que casou em 12 de Outubro de 1941, com Maria da Conceição Francisca da Costa;

Maria Gomes da Conceição, que nasceu a 12 de Agosto de 1924. casou em 14 de Maio de 1955 com Joaquim Príamo Monteiro;

Laurinda Gomes da Conceição, primeira de nome, que nasceu a 17 de Janeiro de 1929. Faleceu menor em 25 de Maio de 1930.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017. casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho;

Maria Rosa Gomes da Conceição, nascida a 25 de Setembro de 1939, ainda viva à data em que escrevo. Casou com 22 de Agosto de 1964 com António Ferreira da Costa.Está ainda viva.

Toda esta gente eram meus parentes por parte do ramo de minha mãe já que a sua avó, por isso minha bisavó, Margarida da Conceição, era filha de António Caetano de Azevedo, carpinteiro de profissão, e de Maria Gomes da Conceição, costureira, moradores no lugar das Quintães, que por sua vez também eram pais do Justino da Conceição Azevedo, que por sua vez era o pai da D. Laurinda. Logo o pai de D. Laurinda era irmão da minha bisavó materna.


Na imagem acima, vemos o simples monumento dedicado ao Imaculado Coração de Maria, localizado ao fundo do Monte do Viso, obra levada a cabo pelo núcleo da LIAM - Liga Intensificadora da Acção Missionária e sobretudo pela sua então presidente ou orientadora, a D. Laurinda Gomes da Conceição.

O monumento teve o seu início no ano de 2002 e terminou por 2003. A obra contou com ofertas de muitas pessoas, em dinheiro e materiais e com apuramento de várias iniciativas da LIAM.

A D. Laurinda, como ficou dito, faleceu em 5 de Setembro de 2016. Durante vários anos foi presidente/orientadora do grupo da LIAM, cargo que em Maio de 2004 transmitiu à Lurdes Lopes. Foi desde nova uma figura dedicada às causas dos missionários do Espírito Santo e por isso a sua ligação à LIAM foi sempre de muito empenho e com grande sentido de missão.

Pessoalmente, por volta de 2001, tive a oportunidade de pertencer ao grupo, e durante vários anos, e em muitas vezes e circunstâncias pediu-me colaboração a D. Laurinda, nomeadamente quando se propôs a construir este simples mas interessante monumento. Para o efeito realizei o levantamento topográfico do monte e do local onde se implantou, com a devida autorização da Junta de Freguesia, e esbocei o projecto.

Em rigor, por alguma simplificação e por poupança de custos, acabaram por ser modificadas algumas ideias da projecto original, nomeadamente a inclusão na parte de trás de um semi-círculo com função de banco de descanso e de oração. Previa também um pouco mais de elevação da plataforma de modo a que na frente fossem mais os degraus e se garantisse uma simetria na forma. 

A adaptação não foi do meu agrado, mas quando dela dei conta, porque já consumada, não fiz disso uma questão. É certo que teria sido mais interessante respeitar a forma pensada e projectada, mas foi o que foi e num sentido geral respeitaram-se algumas coisas. Todavia, é velho o hábito dos construtores fazerem tábua rasa dos projectos e fazerem as coisas à sua maneira.

Para além de outras actividades, e recordo-me dos seus passeios convívio, a passagem de ano do milénio, de 1999 para 2000, e ainda a publicação do boletim mensal "Janela Aberta", que mais tarde, no tempo do Pe. Arnaldo Farinha, seria retomado como boletim dominical da paróquia.

Há alguns anos, antes de falecer, a D. Laurinda entregou-me um molho de papéis vários, inlcuindo alguns resumos da sua actividade na LIAM bem como as contas tidas com a construção do monumento, escritas pela sua mão, com vários erros, como humildemente reconhecia, mas que mesmo sem um grande rigor nos dá uma ideia dos respectivos custos e origens das receitas. Considero-os elementos já com algum interesse documental, pelo que partilho aqui.



Num sentido geral fica-mos a perceber que houve contributos provenientes de peditórios feitos na maior parte dos lugares da freguesia, ainda ofertas da maior parte dos materiais, como pedra e cimento, ainda tijoleira e granito, bem como de carretos e mão-de-obra tanto de pedreiro como de trolha.

O elemento principal do monumento, a imagem do Sagrado Coração de Maria custou 1.752,00 euros. A imagem e o monumento tiveram a sua benção pelo Pe. Domingos Moreira, sendo que que não obtive a dat certa mas naturalmente terá sido em 2003. 

Entre vários nomes mencionados nesta campanha do monumento, é salientado o empenho do saudoso José Coelho que em muito ajudou a obra e a D. Laurinda nas suas acções.

A todos estes nomes, embora de forma anónima, a D. Laurinda quis deixar uma nota, com a inscrição alusiva à autoria da obra, com a designação de "LIAM e BENFEITORES - 2003".





Nesse molho de papéis que me deixou a D. Laurinda, partilho um recorte onde justifica a entrega dos mesmos, chamando-lhe "testamento", pedindo-me para aproveitar alguma coisa para "recordação" ou então, "para deitar fora". É claro que não deitei fora como, pelo contrário, guardei e guardo com todo o respeito e consideração. Para muitos é um simples papel com uma escrita com vários erros mas para mim, e para o historial da LIAM, tem muito valor e mais terá com o passar dos anos.
Parece que foi há meia dúzia deles mas na realidade passaram já mais de vinte anos..

Por tudo isto, por este legado, mas por toda a dedicação que a D. Laurinda Gomes da Conceição teve para com a LIAM e para com a nossa paróquia, é de justiça que se lhe faça esta referência e memória e se evoque a sua figura.
Dos fracos não reza a História mas dos que temos como bons, e não são muitos, importa tê-los vivos nas nossas melhores memórias. 

Por tudo, obrigado à D. Laurinda, uma senhora, e que Deus a tenha à sua sombra bem como Maria, a tenha também como filha querida que à sua devoção tanto dedicou.



A seguir, a partilha de alguns elementos do projecto e levantamento topográfico, que naturalmente fiz sem qualquer custo, apenas por vontade e gosto..




Abaixo, imagens do boletim "Janela Aberta" que a LIAM publicou a partir de Janeiro de 2001, ano jubilar, e que durou alguns anos. A distribuição era gratuita mas aberta à oferta do que os leitores quisessem dar.
Como atrás ficou dito, mais tarde, no tempo do Pe. Arnaldo Farinha, o título foi aproveitado para o boletim dominical que com a minha colaboração (redacção, grafismo e impressão) se manteve durante alguns anos.


22/05/2024

Postal do dia - Partiu a Rosarinho


Não, não pretendo copiar a rubrica do jornalista Luís Osório, que bem melhor do que eu escreve, mas de quem nem sempre estou de acordo, porque também muito cingido a uma agenda politicamente correcta, mas porque postais do dia se deparam a qualquer um que tenha olhos e cabeça entre as orelhas. Olhar para o lado de pouco serve.

Ontem houve funeral em Guisande, com uma grande participação de que não tenho memória em tão grande número, senão o mais participado, seguramente  um deles, quer por uma boa parte da comunidade local, quer de gente vinda de fora.

E compreende-se o motivo: Dava-se sepultura a uma pessoa filha da terra, filha de boa gente e família, e que Deus permitiu que fosse praticamente a  meio de uma vida que se espera a um ser humano. Mas também sabemos que as contas de Deus, ou do destino para quem menos dado a esta amplitude da fé e crenças espirituais, não se fazem assim de forma académica, matemática, estatística. Todos sabemos que o mais comum é morrerem os mais velhos, mas pelo meio são muitos, e infelizmente cada vez com maior predominância, os que vão em idades jovens, na flor da vida, seja por acidente, porque cada vez mais nos expomos aos perigos, seja por doenças fatais, por  incidência genética mas em muito pelo modo de vida que levamos, pelo que comemos e bebemos, pelos medicamentos que ingerimos por tudo e por nada. 

Se é certo que já não se morre por causas que no passado eram comuns e frequentes, desde logo a falta de vacinas, cuidados médicos e hospitalares , ainda por má nutrição e condições deficientes de  higiene, a verdade é que tem vindo a aumentar a prevalência de mortes em idades consideradas jovens.

Seja como for, são contas e desfechos sempre imponderáveis e até que a ciência médica, já tão desenvolvida, chegue a um ponto de nos imortalizar ou prolongar a vida para além dos limites que consideramos actualmente como expectáveis, seremos sempre confrontados com mortes relativamente prematuras, como agora com a Maria do Rosário Giro, a Rosarinho para os mais chegados. Acontece a cada momento e em cada lugar, mas só damos conta do drama e profunda tristeza quando a fatalidade nos bate à porta, nos chega a casa, aos nossos, aos próximos, à comunidade.

Mas dizia, partiu a Rosarinho e às suas cerimónias fúnebres acorreram familiares, amigos e de um modo geral todos quanto tinham relações familiares, de amizade pessoal,  de mera relação comunitária ou até mesmo profissional ou de outras ligações. Concerteza que a maioria só conhecia a Rosarinho de forma circunstancial  e por conhecimento da sua relação com os demais familiares, desde logo o falecido pai, a mãe, os dois irmãos, o marido e a filha, e por isso ali estavam não tanto, a maior parte, pela homenagem pessoal a quem partiu mas em solidariedade para com quem cá ficou com a dor e a tristeza pela partida de um dos seus de sangue e de relação. É assim em todos os funerais e percebe-se.

De facto a Rosarinho, que naturalmente bem conhecia desde criança, e de um modo geral a freguesia, pelo rumo próprio que deu à sua vida pessoal, familiar e profissional, com certeza que  já não era uma pessoa de muita ligação à nossa paróquia nem foi dela participativa nos diferentes contextos. Todavia, era uma das nossas, e nestas coisas uma comunidade expressa-se sempre de forma sentida e comovida e a tristeza e pesar da família é também partilhada por cada um de nós. E quem passou por elas compreende o quanto é importante um abraço sentido, uma palavra de conforto e incentivo à coragem. 

É nisto que uma comunidade local e pequena como a de Guisande tem de positivo. Terá já sido mais solidária, é certo, mas mesmo com os desligamento dos novos tempos, felizmente, ainda tem muito de seu e por isso na hora de partida de um dos seus, sobretudo quando nestas idades e circunstâncias, une-se e partilha a mesma dor e tristeza. 

Assim, partilhei eu, e muitos dos presentes, um abraço sentido com o Rui Giro, de quem prezo ser amigo desde sempre, desde os 8 anos em que na escola primária partilhava comigo a sua caixa de 12 lápis de cor e depois no percurso e ligação que tivemos na Associação Cultural da Juventude de Guisande, no jornal, na rádio, no teatro, etc. E ainda depois na Associação “O Despertar”. 

Igualmente um abraço de conforto à D. Célia, a mãe, a professora, que não chegou a ser a minha, mas que também pela relação que tinha com o Rui, era naturalmente muito chegado e frequentava a casa com regularidade. Da D. Célia, todos reconhecemos as suas qualidades humana e pessoal e Guisande, freguesia e paróquia, é toda uma comunidade que lhe reconhece valor e prestígio ou não passassem por ela gerações a quem ensinou a ler, a escrever e a fazer contas, certamente que escolares mas também de vida. É doloroso a qualquer mãe ver partir um filho, uma filha, mas certamente que mesmo que com uma imensa dor e tristeza saberá ainda dar esta úlitma lição, a da coragem que sempre se reconhece a uma mãe.

Também um abraço ao Alexandre, sempre bem disposto e positivo, apaixonado pelas pombas e que numa certa analogia vê agora uma pomba próxima partir para mais não regressar ao pombal da casa, à família. Ambos, mãe e irmãos, com certeza que terão a Rosarinho bem viva nos seus corações e nas suas memórias.

Do marido Paulo e da filha Leonor, naturalmente que só conhecidos de vista, mas neste momento de perda e dor, certamente que a esposa e mãe permanecerá viva e contarão com a família para de algum modo mitigar a perda e a dor. O tempo tudo cura, mas leva tempo, mas será sempre um desafio encontrar na tristeza e vazio algo que ajude a superar. É aqui que entra a fé e a esperança. Creio que ambos, a família, serão capazes de encontrar esse lenitivo.

Na missa de corpo-presente, celebrada pelo Pe. Benjamim e acompanhado pelo nosso pároco Pe. António, as palavras e a homilia do Pe. Benjamim foram sempre motivo de reflexão e emoção, porque com o seu peculiar estilo, fala de coração e recorrendo a testemunhos de muita gente que em circunstâncias parecidas, também viu partir e que acompanhou nos últimos tempos de vida. Emociona, faz soltar as lágrimas de comoção mas conforta e reconforta.

Bem sabemos que mesmo nestes casos, há sempre uma tendência do elogio fúnebre, fácil, por vezes aqui e ali com uma pontinha de exagero ou sobrevalorização das virtudes de quem se sepulta, mas é perfeitamente compreensível e de algum modo positivo se for num sentido de chamar aos presentes a importância que devemos dar às nossas vidas e da relatividade das mesmas, por isso a ter em conta o desfecho que a todos está por natureza destinado e como tal importará valorizar cada vez mais as coisas boas, as pessoas, as nossas relações humanas com vista à preparação do destino que a todos espera. 

Com mais ou menos fé no que será o nosso destino depois da morte, é sempre bom e enriquecedor que enquanto por cá andarmos o façamos como se cada dia fosse o último e que no fim de contas, a nossa imortalidade permanecerá para quem quem cá fica, apenas pela memória e mérito do bem que formos capazes de fazer, quer a cada um de nós quer ao próximo ou à comunidade. 

Dos fracos não reza a história e quem por cá passa de forma fútil e negativa, poderá ser lembrado por algum tempo, por poucos,  mesmo que com despeito, mas dificilmente será lembrado e evocado para sempre e por todos. Facilmente cairá no esquecimento e permanecerá por todo o sempre sob a poeira do tempo.

Está em paz a Rosarinho e permanecerá viva entre a comunidade e seguramente entre os seus.

15/03/2024

Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva



O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva foi uma importante figura no contexto da nossa freguesia de Guisande. 

Nasceu em 26 de Novembro de 1911 e faleceu em 20 de outubro de 1989, por isso com quase 78 anos de idade. Era filho de Manuel Inácio da Costa Silva Júnior, da freguesia de Pigeiros, do lugar da Aldeia, e de Ermelinda  Baptista de Pinho, de Guisande, do lugar do Outeiro, da Casa da Quintão, que casaram em 19 de Julho de 1889. 

Era neto paterno de Manuel Inácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus (esta de Romariz). Era neto materno de Custódio António de Pinho (nascido em 21 de Fevereiro de 1846) e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do Outeiro - Guisande. Por parte de sua mãe era bisneto de  Manuel António de Pinho e Maria Rosa de Jesus. 

Cursou Direito entre 1933 e 1938. Em 18 de Novembro de 1938 foi nomeado ajudante na secretaria notarial de Vila da Feira. Em 21 de Novembro de 1938 foi nomeado ajudante do Conservador do Registo Predial de Vila da Feira. Em 1945 era director do Grémio de Lavoura de Vila da Feira e S. João da Madeira, que vei a dar lugar à Cooperativa Agrícola.

Abastado proprietário, advogado de profissão, com escritório na Vila da Feira e também em Guisande, chegou a ter intervenção cívica e política no período pós 25 de Abril de 1974, tendo sido o primeiro presidente da Assembleia de Freguesia de Guisande entre 1976/1979, logo após as primeiras eleições autárquicas de 12 de Dezembro de 1976, exercendo o mandato em representação do PPD-PSD vencedor das eleições em Guisande. No mandato seguinte, sucedeu-lhe no cargo e pela mesma força política o Sr. Domingos da Conceição Lopes.



Na década de 1940 foi de sua iniciativa e liderou o processo que levou à criação e construção da Escola Primária do Viso, de modo a dar resposta às necessidades de ensino na nossa freguesia e sobretudo permitindo o acesso às raparigas, já que até então praticamente só os rapazes (alguns) tinham ensino no posto escolar privado do professor Joaquim Ferreira Pinto, no lugar de Casaldaça.

O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva casou em Guisande em 18 de Fevereiro de 1943 com Laurinda Moreira de Resende. Esta nasceu no dia 20 de Novembro de 1917. Era filha de Manuel da Costa Moreira e de Maria da Conceição Leite de Resende, que casaram em 14 de Junho de 1916. 

A mãe de D. Laurinda,  Maria da Conceição Leite Resende, era filha, terceira do mesmo nome, de Bernardo Leite Resende e de Margarida Rodrigues Pereira (de Fiães). Nasceu em 20 de Agosto de 1883 e faleceu em 14 de Dezembro de 1956. Era neta materna de José Leite de Resende e de Teresa Maria de Jesus e neta paterna de João Pereira e Josefa Rodrigues de Oliveira.  



D. Laurinda e o Dr. Joaquim Inácio por ocasição do seu casamento



D. Laurinda em idade mais avançada

O avô materno da D. Laurinda, Bernardo Leite de Resende, era filho de José Leite de Resende e de Teresa Maria de Jesus. Por sua vez este José Leite de Resende era filho de Manuel José de Resende e de Mariana da Silva. Por sua vez, este Manuel José de Resende, era filho de Bartolomeu João de Resende e de sua segunda mulher Josefa Maria de Resende. Mariana Francisca da Silva era filha de Manuel da Silva e de Ana Fernandes. Quanto a Teresa Maria de Jesus, esposa do José Leite de Resende, era filha de Veríssimo Fernandes dos Santos e de Maria Francisca Moreira. 

Por sua vez, o pai de D. Laurinda era Manuel da Costa Moreira, natural do lugar de Goim da freguesia de Romariz. Nasceu em 8 de Dezembro de 1890. Era filho de António da Costa Moreira e de Delfina Rodrigues de Oliveira. Era neto paterno de Manuel Alves Moreira  e de Maria Josefa Rodrigues. Era neto materno de Manuel José Rodrigues de de Rosa de Oliveira. Faleceu viúvo em 18 de Fevereiro de 1962. Dizem que era um homem de bom porte e que terá mesmo chegado a pesar 100 quilos.

Os pais da D. Laurinda, Manuel da Costa Moreira e Maria da Conceição Leite Resende


O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva faleceu em 20 de Outubro de 1989.  A D. Laurinda Moreira de Resende faleceu na condição de viúva em 1 de Março de 2009. 

Do casamento do Dr. Joaquim Inácio com a D. Laurinda, nasceram vários filhos, nomeadamente a Manuela, a Odete, a Alcina, o António, a Maria José e o Manuel Inácio.

Nesta renovação própria das famílias, continua a Casa do Dr. Joaquim Inácio a pertencer a uma importante família no contexto da nossa freguesia e ainda muito considerada e respeitada pela comunidade.

Foi sempre o Dr. Joaquim Inácio bem como a sua esposa, figuras respeitadas e estimadas pelos guisandenses e ajudaram em muito, bem como a sua família, ao desenvolvimento da freguesia, cedendo em diferentes tempos parcelas de terreno para benefício de abertura e alargamento de ruas bem como possibilitou a venda, a preços justos, de várias parcelas onde alguns guisandenses poderam edificar a sua habitação. Mesmo depois de falecido, a sua esposa e família continuaram receptivos à cedência de terrenos para permitir melhoramentos, como o caso do terreno onde existe a alameda frontal à igreja matriz realizada em meados da década de 1990. A freguesia, reconhecida, propôs ali a instalação de um busto de reconhecimento à sua figura mas a família considerou, numa atitude de desprendimento, não a aceitar, mas em todo o caso a freguesia deu, com justiça e reconhecimento, o seu nome à respectiva alameda, no que foi inteiramente merecido. 


Casa da família Leite Resende, no lugar da Igreja, que foi propriedade do Dr. Joaquim Inácio. Na sua configuração actual terá sido edificada pelo Bernardo Leite de Resende, avô da D. Laurinda. Mais tarde, por iniciativa do próprio Dr. Joaquim Inácio, foi acrescentada a parte do lado nascente onde tinha o seu escritório e entre a casa onde durante muitos anos, como caseiros, viveu a família do Domingos José Lopes e Idalina da Conceição.



Na foto, o Dr. Joaquim Inácio com a esposa D. Laurinda Resende, os pais desta e os filhos então nascidos.


Notas à margem:

Quanto a outros laços familiares do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva:

Por parte de seu avô paterno, era sobrinho do reverendo Pe. António Inácio da Costa e Silva, que nasceu em 17 de Julho de 1864 e faleceu em 18 de Julho de 1938, tendo este sido pároco da sua terra natal onde se encontra sepultado.

Ainda o seu tio avô, o Pe. José Inácio da Costa e Silva (21-06-1872-12-03-1947), que chegou a ser pároco das freguesias de Fermedo e depois de Caldas de S. Jorge. Era filho de Manuel lnácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus.

Este padre, tio avô patermo do Dr. Joaquim Inácio, tinha como avôs paternos José Inácio da Costa e Silva e Ana Joaquina Henriques da Silva e avós maternos António José de Paiva e Ana Maria Henriques, de Romariz.

Ainda quanto a clérigos na família por parte do pai. o Dr. Joaquim Inácio teve um irmão sacerdote, o Pe. António Inácio da Costa e Silva, nascido em 6 de Junho de 1899. Rezou missa nova a 8 de Novembro de 1921. Esteve como vigário cooperador na paróquia de Santo Ildefonso - Porto, e depois de 4 de Julho de 1924 foi pároco na freguesia do Vale.  

À data, o ainda vivo pároco de S. Vicente de Louredo, Pe. Eugénio de Oliveira e Pinho, é primo do Dr. Joaquim Inácio, já que é filho do seu tio materno, António Baptista de Pinho, da Casa da Quintão, do Outeiro, este nascido em 18 de Março de 1877.

O avô materno da D. Laurinda, esposa do Dr. Joaquim Inácio, Bernardo Leite de Resende, chegou a ser emigrante no Brasil onde era negociante e terá feito fortuna.  Este Bernardo Leite Resende, para além da mãe da D. Laurinda, a Maria da Conceição, teve vários filhos, nomeadamente a Teresa, o José leite Resende, a Maria Adelaide, o Bernardo, que faleceu com 15 anos e a Maria (Ti Marquinhas) que faleceu velhinha, com 92 anos, em 1971.

Por sua vez, o Bernardo Leite de Resende, avô materno da D. Laurinda teve vários irmãos, nomeadamente o José, o António, o Joaquim, o Manuel, a Maria, a Teresa e a Ana.

29/02/2024

Poema à Ti Elisa


Partiu a Ti Elisa, num dia assim,

De Fevereiro com cheiro a quaresma,

Promessa de uma Páscoa de aleluias.

Sabemos, todos sabemos, que há fim,

Porque a morte ao homem é a mesma

Soma final, total, da conta dos dias.


Foi irmã, criada, afilhada fiel,

Presença certa em quem confiar,

Companheira no espírito de missão.

No resumo final cumpriu o  papel,

De mão a decidir, luz a iluminar,

Fazer da sua vida a do seu irmão.


Na vida temos isto como certeza

Ainda que a deixar máguas, penas:

Uma alma pode ser toda grandeza

Mesmo que por coisas tão pequenas.



16/01/2024

Emídio Sousa na Assembleia da República


Soube pela comunicação social de que o actual presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, o Dr. Emídio Sousa, foi escolhido como cabeça-de-lista pela AD - Aliança Democrática, pelo círculo eleitoral de Aveiro. O ainda presidente da Câmara de Vagos, Silvério Regalado, é o número dois na lista a qual integra, entre outros, Ângela Almeida e Salvador Malheiro, presidente do município de Ovar.

Impedido pela lei de se recandidatar a um novo mandato como presidente do município, o Dr. Emídio Sousa continuará assim ligado à alta política e tendo em conta o posicionamento na lista é segura a sua eleição.

Do que conheço do seu currículo, postura pessoal e política, acredito que tem competência de sobra para o cargo e saberá defender os interesses da Feira e seu território, embora saibamos que estes estão sempre dependentes de outros interesses e vontades partidárias ou governamentais. Será difícil e nada certo que a AD venha a formar governo mas, em todo o caso, pelo psicionamento na lista a sua eleição é certa.

O lado menos positivo desta candidatura será, naturalmente, o ter que deixar a presidência da Câmara Municipal pouco mais que a meio do mandato. Por princípio, os mandatos devem ser cumpridos até ao final sob pena de defraudar as expectativas dos eleitores. 

06/11/2023

Jorge, o guia

Das várias dezenas de caminhadas que já fizemos, em tantos concelhos mas sobretudo por Arouca, Castelo de Paiva, Vale de Cambra, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha, S. Pedro do Sul, Vouzela, Penafiel, etc, o Jorge invariavelmente segue à frente, como guia a desbravar caminho, a levantar coelhos e perdizes, a assustar aves e a afuguentar cobras e largatos. 

Sempre com um ritmo de invejar. Gosta da diversidade dos trilhos, dos bosques e pinhais, mas prefere os puros, a trepar e a descer serras escalvadas. Com malta assim, caminhar é prazer. Para já em pausa invernal, mas quase quase a recomeçar, até porque há caminhadas prometidas para dias de chuva. Afinal quem quer ver rios, ribeiras e cascatas a fumegar e a troar não pode ser no pino do Verão. Há que pôr os pés ao caminho.