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5 de julho de 2024

D. Laurinda da Conceição - A LIAM e outros apontamentos

 


Laurinda Gomes da Conceição, segunda filha de nome, que nasceu a 13 de Agosto de 1933 e faleceu em 5 de Setembro de 2016.

Era filha de Justino da Conceição Azevedo e Rosa Gomes de Almeida.

Este Justino nasceu a 15 de Fevereiro de 1898 e faleceu em 31 de Dezembro de 1945.Tinha, pois, a Laurinda 12 anos quando faleceu o pai.

A Laurinda teve vários irmãos, nomeadamente:

David Azevedo da Conceição, que nasceu em 27 de Março de 1921 e que casou em 12 de Outubro de 1941, com Maria da Conceição Francisca da Costa;

Maria Gomes da Conceição, que nasceu a 12 de Agosto de 1924. casou em 14 de Maio de 1955 com Joaquim Príamo Monteiro;

Laurinda Gomes da Conceição, primeira de nome, que nasceu a 17 de Janeiro de 1929. Faleceu menor em 25 de Maio de 1930.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017. casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho;

Maria Rosa Gomes da Conceição, nascida a 25 de Setembro de 1939, ainda viva à data em que escrevo. Casou com 22 de Agosto de 1964 com António Ferreira da Costa.Está ainda viva.

Toda esta gente eram meus parentes por parte do ramo de minha mãe já que a sua avó, por isso minha bisavó, Margarida da Conceição, era filha de António Caetano de Azevedo, carpinteiro de profissão, e de Maria Gomes da Conceição, costureira, moradores no lugar das Quintães, que por sua vez também eram pais do Justino da Conceição Azevedo, que por sua vez era o pai da D. Laurinda. Logo o pai de D. Laurinda era irmão da minha bisavó materna.


Na imagem acima, vemos o simples monumento dedicado ao Imaculado Coração de Maria, localizado ao fundo do Monte do Viso, obra levada a cabo pelo núcleo da LIAM - Liga Intensificadora da Acção Missionária e sobretudo pela sua então presidente ou orientadora, a D. Laurinda Gomes da Conceição.

O monumento teve o seu início no ano de 2002 e terminou por 2003. A obra contou com ofertas de muitas pessoas, em dinheiro e materiais e com apuramento de várias iniciativas da LIAM.

A D. Laurinda, como ficou dito, faleceu em 5 de Setembro de 2016. Durante vários anos foi presidente/orientadora do grupo da LIAM, cargo que em Maio de 2004 transmitiu à Lurdes Lopes. Foi desde nova uma figura dedicada às causas dos missionários do Espírito Santo e por isso a sua ligação à LIAM foi sempre de muito empenho e com grande sentido de missão.

Pessoalmente, por volta de 2001, tive a oportunidade de pertencer ao grupo, e durante vários anos, e em muitas vezes e circunstâncias pediu-me colaboração a D. Laurinda, nomeadamente quando se propôs a construir este simples mas interessante monumento. Para o efeito realizei o levantamento topográfico do monte e do local onde se implantou, com a devida autorização da Junta de Freguesia, e esbocei o projecto.

Em rigor, por alguma simplificação e por poupança de custos, acabaram por ser modificadas algumas ideias da projecto original, nomeadamente a inclusão na parte de trás de um semi-círculo com função de banco de descanso e de oração. Previa também um pouco mais de elevação da plataforma de modo a que na frente fossem mais os degraus e se garantisse uma simetria na forma. 

A adaptação não foi do meu agrado, mas quando dela dei conta, porque já consumada, não fiz disso uma questão. É certo que teria sido mais interessante respeitar a forma pensada e projectada, mas foi o que foi e num sentido geral respeitaram-se algumas coisas. Todavia, é velho o hábito dos construtores fazerem tábua rasa dos projectos e fazerem as coisas à sua maneira.

Para além de outras actividades, e recordo-me dos seus passeios convívio, a passagem de ano do milénio, de 1999 para 2000, e ainda a publicação do boletim mensal "Janela Aberta", que mais tarde, no tempo do Pe. Arnaldo Farinha, seria retomado como boletim dominical da paróquia.

Há alguns anos, antes de falecer, a D. Laurinda entregou-me um molho de papéis vários, inlcuindo alguns resumos da sua actividade na LIAM bem como as contas tidas com a construção do monumento, escritas pela sua mão, com vários erros, como humildemente reconhecia, mas que mesmo sem um grande rigor nos dá uma ideia dos respectivos custos e origens das receitas. Considero-os elementos já com algum interesse documental, pelo que partilho aqui.



Num sentido geral fica-mos a perceber que houve contributos provenientes de peditórios feitos na maior parte dos lugares da freguesia, ainda ofertas da maior parte dos materiais, como pedra e cimento, ainda tijoleira e granito, bem como de carretos e mão-de-obra tanto de pedreiro como de trolha.

O elemento principal do monumento, a imagem do Sagrado Coração de Maria custou 1.752,00 euros. A imagem e o monumento tiveram a sua benção pelo Pe. Domingos Moreira, sendo que que não obtive a dat certa mas naturalmente terá sido em 2003. 

Entre vários nomes mencionados nesta campanha do monumento, é salientado o empenho do saudoso José Coelho que em muito ajudou a obra e a D. Laurinda nas suas acções.

A todos estes nomes, embora de forma anónima, a D. Laurinda quis deixar uma nota, com a inscrição alusiva à autoria da obra, com a designação de "LIAM e BENFEITORES - 2003".





Nesse molho de papéis que me deixou a D. Laurinda, partilho um recorte onde justifica a entrega dos mesmos, chamando-lhe "testamento", pedindo-me para aproveitar alguma coisa para "recordação" ou então, "para deitar fora". É claro que não deitei fora como, pelo contrário, guardei e guardo com todo o respeito e consideração. Para muitos é um simples papel com uma escrita com vários erros mas para mim, e para o historial da LIAM, tem muito valor e mais terá com o passar dos anos.
Parece que foi há meia dúzia deles mas na realidade passaram já mais de vinte anos..

Por tudo isto, por este legado, mas por toda a dedicação que a D. Laurinda Gomes da Conceição teve para com a LIAM e para com a nossa paróquia, é de justiça que se lhe faça esta referência e memória e se evoque a sua figura.
Dos fracos não reza a História mas dos que temos como bons, e não são muitos, importa tê-los vivos nas nossas melhores memórias. 

Por tudo, obrigado à D. Laurinda, uma senhora, e que Deus a tenha à sua sombra bem como Maria, a tenha também como filha querida que à sua devoção tanto dedicou.



A seguir, a partilha de alguns elementos do projecto e levantamento topográfico, que naturalmente fiz sem qualquer custo, apenas por vontade e gosto..




Abaixo, imagens do boletim "Janela Aberta" que a LIAM publicou a partir de Janeiro de 2001, ano jubilar, e que durou alguns anos. A distribuição era gratuita mas aberta à oferta do que os leitores quisessem dar.
Como atrás ficou dito, mais tarde, no tempo do Pe. Arnaldo Farinha, o título foi aproveitado para o boletim dominical que com a minha colaboração (redacção, grafismo e impressão) se manteve durante alguns anos.


30 de março de 2024

Compasso da Páscoa em Guisande


Nem sempre consigo tal premissa e, como a maioria, por vezes também não resisto à tentação de partilhar banalidades, lugares comuns e pingarelhos, mas regra geral procuro que qualquer coisa que aqui publique e partilhe, tenha algum significado, sumo, como se espera de uma laranja. 

Bem sei que a maioria está a sintonizar outra frequência e quando temos às costas uma mochila carregada de anos e de experiência de vida, corremos o risco de andar a falar para as paredes ou para surdos-mudos, tal é o desfazamento entre gerações, níveis de cultura e diversidade de interesses. Mas quanto a isso não há nada a fazer, a não ser remar contra a maré ou navegar contra o vento. Mas isso tem custos, porque desgasta a embarcação, cansa o navegante e demora-se a chegar a bom porto e quando, por adversidade, não se naufraga na viagem.

Neste contexto e pensamento, para a Páscoa deste ano de 2024, que será fria e molhada, deixo de lado os habituais clichês dos coelhinhos, pintainhos, ovos e amêndoas. Tudo coisas boas e ternurentas, mas de tão generalizadas, enjoativas e com ar de banalidade.

Em alternativa partilho uma fotografia antiga, de meados da década de 1950, com o compasso pascal na nossa freguesia. Na cena, o saudoso  Pe. Francisco, com o seu barrete, alva branca de meio corpo sobre a batina preta, estola bordada sobre a alva, à sua direita o juiz da Cruz, o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, atrás, certamente já cansado, apesar de ser homem duro e de trabalho, o Ti Domingos Lopes, que tinha a tarefa de carregar a sua cruz e a do juiz, de quem era caseiro. Ainda, à esquerda do pároco, com a caldeirinha da água benta, um quarto elemento que não consegui ainda identificar, mas que talvez os mais velhos que eu e que por aqui espreitem, consigam reconhecer.

Como se vê, pelo menos neste compasso não havia campainha, a não ser que venha debaixo da opa do juiz da Cruz ou que seja quem tirou a fotografia. 

Recorde-se que por esses tempos, e durante muitos mais anos, a visita pascal na nossa paróquia era feita apenas por uma cruz, pelo que o percurso durava todo o dia e até altas horas da noite quando terminava no lugar de Cimo de Vila, na casa do Ti Joaquim "da menina" já a descer o monte do Viso.

A foto foi colorida artificialmente, apenas para dar um pouco de vivacidade ao quadro. Reconheço o local, então caminho estreito  mas hoje rua pavimentada, mas fica como teste para quem quiser adivinhar.

Por tudo isto e com isto, desejo aos meus visitantes e amigos, incluindo os que interessados e de boa fé andam pelo meu Facebook, votos de uma feliz e santa Páscoa! Bem hajam!

21 de novembro de 2023

Pedro, o escravo negro do pároco de S. Mamede de Guisande

 


Quem tem um bocadinho de interesse pela nossa História, saberá que Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a escravatura, com o decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal. 

Apesar dessa espécie de galardão, não nos retira o peso da consciência de termos sido, em contraponto, o primeiro estado do mundo a fazer comércio global de escravos provenientes de África. Estima-se que entre 1450 e 1900, Portugal terá traficado cerca de 11 milhões de pessoas. 

O referido decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal a abolir a escravatura em rigor não acabou com os escravos, pois em boa verdade apenas foi proibida, a entrada de novos escravos. Desse modo tal decreto não resultou só por si no fim da escravatura, pois para além dos escravos que já existiam à data, havia também os que nasciam de mãe escrava e que desse modo continuavam na condição de escravos. O propósito foi melhorado e pouco tempo depois, em 1763, o Marquês de Pombal voltou ao assunto fazendo aprovar uma nova lei, designada de "lei do ventre livre", que determinava que os filhos de escravos passavam a ser homens livres e que todos os escravos cuja bisavó já era escrava podiam ser libertados.

Certo é que, dizem estudiosos do assunto da escravatura no nosso país, esta continuou, embora já à margem da lei o que não era difícil contornar, mantendo-se a entrada ilegal de escravos provenientes das nossas colónias. Desta situação que se prolongou no tempo, é considerado que a última pessoa que havia sido escrava em Portugal terá morrido apenas na década de 1930, já em plena república. Os jornais da época escreveram que teria 120 anos e que vivia no Bairro Alto em Lisboa, onde vendia amendoins e tinha sido escrava até 1869 data em que um novo decreto abolia de facto a escravatura em todo o nosso território. 

Depois desta introdução histórica, descobri que mesmo aqui em Guisande também existiu alguém na condição de escravo. E logo do pároco, conforme o atesta o documento acima, precisamente o assento de óbito de um Pedro, descrito como "solteiro, homem preto, escravo do Reverendo Manuel Rodrigues da Silva, Abade desta freguesia de Guisande". 

Faleceu este Pedro em 3 de Dezembro de 1787, como se vê já depois dos decretos publicados pelo Marquês de Pombal. O assento é omisso quanto à sua idade, Não sabemos também a sua origem e proveniência, sendo de supor que já seria criado escravo do abade quando este tomou conta de Guisande e que o terá trazido consigo.

Este pároco de Guisande, sacerdote e advogado, Dr. Manuel Rodrigues da Silva, sucedeu na nossa paróquia ao Abade Manuel de Carvalho, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário. 

Este dono do escravo Pedro era natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, tendo sido formado em cânones pela Universidade de Coimbra. Sobre ele escreveu o visitador da Sé em 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja".  

A torre da nossa igreja foi construída em 1764, por iniciativa deste pároco Manuel Rodrigues da Silva. Faleceu em 12 de Abril de 1790, com cerca de 80 anos ("pouco mais ou menos" como dito no seu assento de óbito), sobrevivendo ao seu escravo em cerca de dois anos e meio. 

Deixou este Abade Manuel Rodrigues da Silva um testamento o qual foi aberto pelo Reverendo João Leite de Bastos, pároco de Santa Maria de Pigeiros. Do testamento, com caligrafia gasta e de difícil leitura, sabe-se que instituiu como seu testamenteiro um seu primo, de nome Pantaleão da Silva Coimbra, a quem deixou bens tal como a uns irmãos, mas ainda várias doações e bens aos seus criados, às confrarias da paróquia e mesmo a Maria, sua afilhada, filha de António Gomes Loureiro, da Barrosa. Também se percebe que do seu atrás referido criado escravo Pedro, este teria uma filha chamada Maria que também terá recebido alguns bens móveis.

Apesar de algum modo podermos ficar surpreendidos que logo o pároco, a autoridade moral e espiritual, tivesse um criado na condição de escravo, temos, todavia, que atentar nos valores da época e que tal não seria caso único. Além do mais, estamos em crer que seria bem tratado e com toda a dignidade humana. De resto teve direito a um ofício exequial com a presença de 11 sacerdotes e até como os demais paroquianos foi sepultado no interior da nossa igreja. E como atrás se disse, à filha deste escravo foram deixados em testamento alguns bens.

Este documento e esta constatação não deixam, porém, de ser uma interessante curiosidade.

20 de novembro de 2023

Missas ao Senhor do Bonfim e outros apontamentos


Retomando o assunto da origem ou antiguidade da nossa capelinha ao Senhor do Bonfim, no lugar da Barrosa, continuamos sem o saber em rigor. Todavia, podemos dizer que seguramente será da segunda metade do século XVIII. Esta suposição assenta naturalmente pelas escassas referências orais que se têm transmitido e tido em conta, pelo estilo da sua construção e ainda por um ou outro documento. Por exemplo, pesquisei um assento de óbito (imagem acima) de António Gomes Loureiro, a cuja família está ligada a origem da Casa do Loureiro na Barrosa, que se sabe estar relacionada à construção da capelinha.

Este António Gomes Loureiro faleceu em 12 de Setembro de 1790, sem os sagrados sacramentos porque falecido de repente, mas deixou testamento das suas vontades instituindo o seu filho Manuel Gomes Loureiro e suas filhas Maria e Margarida, como herdeiros.

O testamento aberto e testemunhado pelo padre José António de Azevedo, encomendado da paróquia de S. Mamede de Guisande, incumbia os filhos de mandar celebrar uma série de missas, incluindo umas dez ao Senhor do Bonfim.

Em resumo, por este documento confirma-se que à data a capelinha já existia e tinha relação com a família do Loureiro e esta mantinha uma devoção ao Senhor do Bonfim.

Este António Gomes Loureiro foi casado com Joana Pinto de Jesus. Dos seus filhos, o Manuel casou com Tomázia Rosa da Silva de Jesus, esta filha de João Alves da Silva e de Maria Joana de Jesus.

Deste casal Manuel Gomes Loureiro e Tomázia Rosa, nasceram vários filhos, incluindo a Maria Felizarda de S. José Loureiro da Silva que casou com Domingos José Francisco de Almeida, meu tetra-avô paterno porque era pai de Domingos José Gomes de Almeida, meu trisavô, este pai de Raimundo Gomes de Almeida, meu bisavô e este pai de Joaquim Gomes de Almeida, meu avô.

Da união desses meus tetra-avôs, Domingos José Francisco de Almeida e Maria Felizarada de S. José Loureiro da Silva, nasceram bastantes filhos, pelo menos uns oito, nomeadamente o referido Domingos José Gomes de Almeida, nascido a 22 de Março de 1813 e falecido em 14 de Abril de 1894, a Rita Felizarda de S. José, falecida solteira em 25 de Setembro de 1895 com 70 anos, a Ana Felizarda de S. José falecida solteira em 20 de Setembro de 1891 com 65 anos, o António Joaquim Gomes de Almeida, falecido em 21 de Fevereiro de 1890 com 70 anos, o Raimundo José Gomes de Almeida, nascido a 23 de Novembro de 1809 e falecido em 23 de Janeiro de 1897, o José Gomes de Almeida (padre do Loureiro), nascido a 22 de Setembro de 1807 e falecido em 03 de Agosto de 1879, a Maria Felizarda de S. José, nascida em 29 de Julho de 1815 e a Rita Felizarda de S. José que nasceu em 18 de Fevereiro de 1817 e faleceu em 25 de Setembro de 1895 com 78 anos, solteira sem filhos. Alguns destes filhos ramificaram com outras famílias e de algumas dessas ligações descedem a maioria dos Almeidas da freguesia de Guisande. Ou seja, os Almeidas de Guisande têm também ligações ascendentes à família Loureiro da Barrosa.

Uma nota digna de registo pela surpresa e curiosidade que desperta:

O atrás referido Domingos José Gomes de Almeida, meu trisavô paterno, casou com Joaquina Rosa de Oliveira. Aqui começa a surpresa: em 6 de Abril de 1894 morre um seu filho solteiro, com 32 anos de idade, negociante de madeiras, de nome Domingos Gomes de Almeida. A sua mãe, a referida Joaquina Rosa de Oliveira morre passados 4 dias, em 10 de Abril de 1894, com 77 anos de idade. E como não há duas sem três, passados outros 4 dias, em 14 de Abril de 1894 morre o seu pai, o tal Domingos José Gomes de Almeida, com 81 anos de idade.

Não conheço os motivos desta sucessão de mortes na mesma casa. Se por desgosto consecutivo da mãe após a morte do filho e depois do pai pela morte do filho e da esposa ou se por alguma circunstância de doença contagiosa ou de outra natureza. Provavelmente nunca o viremos a saber. Apesar de falecer jovem o filho, por esses tempos eram muito comum o falecimento com essas idades. Por outro lado o pai com 81 anos e a mãe com 77 já tinham umas bonitas idades, tanto mais naqueles tempos quase sem grandes cuidados e tratamentos de saúde. Por conseguinte, fica apenas a surpresa e a curiosidade pela coincidência, mas é provável que tenha havido uma relação de doença ou emocional.

11 de outubro de 2023

Venda da residência paroquial em 1923

 


Passa nesta dia de hoje, 11 de Outubro de 2023, um século após a data da escritura de venda do edifício da residência paroquial de Guisande, conforme o atesta o cabeçalho da escritura acima reproduzido.

A venda foi realizada pelo então pároco Pe. Abel Alves de Pinho a um outro sacerdote, o Pe. Joaquim Esteves Loureiro, de Ramalde - Porto, sendo que este representado no acto pelo então pároco de Pigeiros, Pe. António Inácio da Costa e Silva.

Todo este processo relacionado à residência paroquial é conturbado e ainda com vários segredos ou mistérios por desvendar. Oportunamente, por aqui ou no livro que tenho em preparação, procurarei transmitir o que se sabe sobre o assunto, sendo que ficarão sempre pontas soltas e enigmas por resolver.

Em todo o caso, o processo passa pela edificação da residência, dada como concluída em 1907, depois a compra da mesma à paróquia pelo então pároco Pe. Abel, e posteriormente a venda, de algum modo forçada, aquando da saída do referido padre, e ainda o mistério de ter sido vendida a um desconhecido do Porto, sendo que em princípio com ligações à Diocese e à Sé, presumindo-se que agindo como um testa-de-ferro. Posteriormente esse Pe.Loureiro, conforme previsto, veio também ele próprio a vender à paróquia, pelo que desde então lhe pertence. Foi depois no tempo do Pe. Francisco que a situação de propriedade, em termos de registo na Conservatória e Finanças se veio a resolver a favor do Benefício Paroquial, equivalente então à Comissão Fabriqueira.

É, pois, um processo obscuro e com contornos interessantes mas misteriosos e que, à falta de outros documentos, pelo falecimento dos intervenientes e pelo tempo decorrido, será difícil resolver de forma definitiva.

9 de outubro de 2023

Trocam-nos as voltas e a torre


Em 1998, era presidente da Junta de Freguesia de Guisande o Celestino Sacramento, então com a jovem idade de 48 anos, quando uma certa empresa fez publicar uma revista sobre as freguesias do concelho, onde se integrava Guisande. No fundo, não eram nem foram novidades as empresas que viviam e vivem essencilamente de negócio de angariação de receitas de publicidade e usam como motivo e pretexto a divulgação das terras. Marketing publicitário.

Em princípio é um negócio como outro qualquer, mas tantas vezes, feito de forma muito ligeira e se não completamente sem rigor, pelo menos com algumas imprecisões e asneiras, algumas até grosseiras.

Neste caso, e num exemplar que até pode ser visualizado no serviço online da Biblioteca Municipal, a nossa igreja matriz, então com a alameda frontal ainda a cheirar a novo, porque realizada uns poucos anos antes, foi retratada, imagine-se, com a torre sineira ao contrário, por isso do lado sul. Asneira da grossa mas, tanto quanto se saiba, não foi feita edição a rectificar e até presumo que poucos terão dado pelo erro crasso. Porventura um sorriso e a velha desculpa que assim a coisa é mais reparada.

Apesar disso, por esses tempos com as internetes ainda a dar os primeiros passos em Portugal e acessível a poucos, por isso ainda fora do horizonte dos meios fáceis e generalizados com que hoje divulgamos as nossas coisas, as juntas de freguesia, num modo geral, alinhavam facilmente nesses negócios de marketing publicitário, porque viam nisso uma forma de divulgar as suas realidades. Houve até negócios a envolver encomenda de pratos e travessas com estampagem dos elementos considerados mais significativos, como a igreja, a capela, etc. e que a poucos, presumo, interessou e que não passam de pingarelhos com qualidade artística duvidosa e sobretudo sem qualquer função. Ainda devem andar pela sede alguns exemplares. 

Outra asneirola da referida publicação, diz que Guisande tinha 3780 quilómetros. A serem quadrados seríamos um pequeno país, mesmo maior que o Luxemburgo. Mesmo que usassem a vírgula ou o ponto a seguir ao primeiro algarismo, ainda continuava a asneira mesmo que já menos grosseira.

Por outro lado constatam-se as vicissitudes do tempo e a prova provada de que o que hoje é uma verdade amanhã pode ser uma valente mentira, uma nova realidade ou algo anacrónico. Veja-se que o nosso presidente enaltecia e vangloriava-se, com razão, de então ter sedeada em Guisande uma das maiores empresas de construção do concelho da Feira. Contudo, o tempo passou, a coisa foi ao charco e os tais "muitos empregos" que de guisandenses nunca passaram de poucos, cairam no desemprego. Durante anos foi um elefante branco (azul)  nascido na completa ilegalidade e permissividade de autoridades, e subsistiu como um monumento às consequências de se dar passos maiores que as pernas. Actualmente já mexem por lá algumas empresas mas os guisandenses nelas empregados contam-se pelos dedos de uma mão e sobram dedos. Em conclusão, os ganhos económicos de tal coisa para a freguesia foi absolutamente zero. Os impactos negativos, com a poluição da ribeira e ocupação de terrenos da reserva agrícola, esses foram muitos, mas em nome desse efêmero interesse económico fecharam-se olhos, taparam-se ouvidos e igoraram-se leis e regulamentos e a coisa foi andando como se tudo estivesse em conformidade.

Em resumo, estas coisas vistas à distância, e parecendo que não, passaram já 25 anos, acabam por ser nostálgicas e vistas até com um sorriso. Não fose coisa séria e até daria para rir. 

Quanto aos efeitos do tempo, basta ver as fotos que ilustram a publicação, o Celestino com um ar ainda jovem e o meu tio Neca, que neste Sábado completou 100 anos de vida, então ali ainda com os seus 75 anos, encostado ao cruzeiro no monte do Viso e de serrote a tiracolo.

Bons tempos em que éramos felizes e não sabíamos, mesmo que a trocarem-nos as voltas e até a torre da igreja.

20 de setembro de 2023

Alfaiate setecentista


Por este assento de baptismo de um José, nascido em 28 de Abril, do ano de 1742, ficamos a saber que existia em Guisande, no lugar de Fornos, um alfaiate, de nome Manuel Francisco, marido de Maria de Pinho, que era sua segunda mulher. Curioso o facto do seu filho José ter tido como padrinho de baptismo o padre José Pinto, do lugar das Quintães. À falta de mais elementos, incluindo os apelidos e os nomes dos avôs, que o assento não fornece, ficamos sem saber se esse sacerdote era ou não familiar do alfaiate, presumindo-se que sim pois era normal ser alguém da família. 

Ainda deste alfaiate encontrei o nascimento de outros filhos, o  Mateus, nascido em 21 de Setembro de 1743, a Jacinta nascida em 14 de Abril de 1745 e a Teresa nascida em 20 de Setembro de 1746.

Percebe-se pelas datas aproximadas do nascimento dos filhos, que o alfaiate não perdeu tempo a trabalhar com as linhas com que se cosem a família.

Nesse ano de 1742 era pároco em Guisande o abade Manuel de Carvalho, que fez o referido assento de baptismo, tendo sido o fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário aqui em Guisande, secular entidade que ainda existe.

Quanto ao padre José Pinto, das Quintães, o seu nome consta na lista de sacerdotes nascidos em Guisande, a qual integra a monografia "Defendei Vossas Terras", do Cónego Dr. António Ferreira Pinto, edição de 1936. Sobre o referido sacerdote das Quintães é dito que "...em 1769, tinha 79 anos e fora ordenado cm 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor."

Dos alfaiates conhecidos que tiveram oficina em Guisande, desde logo lembramos o Joaquim Dias de Paiva, "O Pisco", que viveu no lugar da Igreja. Este Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso. 

Era filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande). Era neto paterno de Jerónimo de Paiva e de Maria Teresa de Oliveira. Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus. No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907. Teve vários irmãos, entre os quais o António, o Bernardo, a Miquelina, o José e o Guilherme. 

Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.

Desta família Dias de Paiva publiquei aqui já alguns apontamentos genealógicos.

Quanto a alfaiates em Guisande, para além do Joaquim Dias de Paiva, e o mais recente de que tenho memória, foi o senhor Delfim Gomes da Conceição, no lugar de Casaldaça, conhecido pelo "Delfim do Serra" ou pela alcunha "o Piranga" que trabalhava com as filhas.

Pelas minhas pesquisas pelos velhos assentos paroquiais recordo-me de passar ainda por um outro alfaiate guisandense, ali pelo século XIX, mas não anotei o nome, pelo que oportunamente tentarei procurar e actualizar aqui este apontamento.

3 de setembro de 2023

Recordando - Festa do Viso - 1960


Na edição do jornal "O Mês de Guisande" de Julho de 1982, foi feita uma entrevista ao Sr. Leandro Ferreira das Neves, sapateiro, do lugar de Casaldaça. Nela, entre outras coisas, é referido que ele fez parte da Comissão da Festa do Viso, em 1969, sendo que na realidade se pretendia dizer de 1960, pois foi o ano em que efectivamente o Sr. Leandro tomou parte. 

Mas para além desse lapso, tem importância sobretudo os pormenores que foram lembrados pelo entrevistado quanto à festa. Assim, foram três dias, sendo que no Sábado apenas houve música gravada a passar nos altifalantes, pois esse dia era necessário à preparação dos enfeites, ornamentos e outras logísticas no arraial, como montagem do palco e vedações. 

No Domingo de manhã actuou a Banda Musical de Santiago de Riba Ul, à qual à tarde também se juntou a do Loureiro, ambas do concelho de Oliveira de Azeméis. Na parte da noite houve actuação de ranchos bem como na Segunda-Feira.

Foi ainda referido que a procissão solene contou com apenas três andores, não mencionados mas certamente os de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António e presumivelmente o do padroeiro S. Mamede.

Estas memórias ajudam a perceber que a nossa festa, como todas as outras em diferentes terras, foram sofrendo evoluções ao longo dos anos, sobretudo pela maior disponibilidade de recursos financeiros. Também lembra que por esses tempos as partes musicais e recreativas das festas e romarias eram essencialmente preenchidas com actuações de bandas filarmónicas e ranchos folclóricos. A partir de meados dessa década de 1960 começaram a generalizar-se os conjuntos típicos, que passaram a fazer parte regular dos programas das nossas festas e só mais tarde, sobretudo a partir da década de 1990, é que apareceram os artistas ditos da rádio e televisão e depois todo o catálogo dos ditos cantores "pimba", os quais, em boas doses, vão preenchendo, tantas vezes sem qualidade, os programas das nossas festas.

Fica de seguida a composição da Comissão de Festas nesse ano de 1960:

Leandro Ferreira das Neves – Casaldaça

José Alves – Pereirada

Albertino da Silva Santos – Casaldaça

Manuel de Almeida Azevedo – Quintães

2 de setembro de 2023

Festa do Viso 1982 - Contas

 

Resumo das contas da Festa do Viso em 1982, em notícia publicada no jornal "O Mês de Guisande" em Setembro desse ano. Para além das contas fica-se a saber o nome de alguns dos grupos que fizeram parte do programa musical. Não sendo referidos na notícia os nomes de alguns, aqui ficam: Grupo Musical  KM6 (que actuou no Sábado) e os artistas Florbela Queiroz, Norberto de Sousa e Manuel Morais, entre outros (que actuaram na Segunda-Feira).


Deste conjunto ou banda KM6, que actuou no Sábado da Festa do Viso em 1982, pouco ou nada se sabe. Recordo-me que tinham uma embalagem musical muito dentro da onda do rock português que então estava a ganhar importância. Esta banda ou conjunto de ritmo, como na altura se dizia, teve um enorme êxito que ainda se encontra no Youtube, designado de "Menes da Vergada". À falta de mais informação sobre a banda, a ter em conta o tema dos menes, deduzo que sejam naturais daquela zona, de Mozelos ou Argoncilhe.

Retomando à festa, na referida edição do jornal foi também publicado um artigo em que relata que na altura houve um diferendo entre o pároco Pe. Francisco e a Comissão de Festas, pois inicialmente foi contratado por esta o Grupo Coral de Sanguedo para acompanhar a missa solene. Todavia, considerou o pároco que não fazia sentido, uma vez que existia grupo coral na freguesia. Perante esta situação a Comissão de Festas reconsiderou e acabou mesmo por ser o grupo da paróquia a cantar.

7 de junho de 2023

Festa do Viso de 2004 - Ponto de viragem


Este cartaz refere-se ao ano de 2004, em que fiz parte da Comissão de Festas, que teve a seguinte equipa (falta um elemento masculino que não assumiu):

Carlos da Conceição Santos – Fornos
Américo da Fonseca Gomes de Almeida – Casaldaça
Vasco Filipe da Mota Monteiro – Barrosa
Nilza Fernandes da Silva – Fornos
Mónica Joana Pintos dos Santos 

Este cartaz de 2004 foi elaborado graficamente pela própria Comissão e impresso na gráfica onde então trabalhava o Vasco Monteiro. Esta situação foi inédita pois até aí as comissões de festas reuniam os elementos e todo o trabalho de grafismo e composição era entregue à gráfica. Foi, pois, neste aspecto também um ponto de viragem, já que nos anos seguintes, mesmo que nem sempre, começou a haver um cuidado na parte estética dos cartazes e com alguns deles a serem tratados com cunho pessoal das comissões ou por alguém por eles solicitado. Também se começou a incorporar o elemento de logotipo associado a cada edição.

Esta edição de 2004, sem falsa modéstia, teve um excelente programa, diversificado e porventura com a participação do artista de maior renome de todos quantos desde sempre têm vindo à nossa festa. De facto José Cid é uma figura por demais reconhecida no nosso país e mesmo internacionalmente e com uma longa carreira e sucesso que dispensam grandes apresentações. Importa também referir que a sua contratação foi feita directa e pessoalmente com a Comissão de Festas, por isso sem qualquer intermediação de agentes. Pessoalmente com o Carlos Santos, juíz da festa, fomos a Mogofores ao palacete do artista onde ali assentamos o contrato, bem como ainda o do então muito prestigiado fadista Paulo Bragança, recomendado pelo próprio Cid.
Resulta desta situação que nesse ano de 2004 toda a contratação de artistas, bandas e ranchos foi trabalho directo da Comissão de Festas, de que decorreu naturalmente uma grande responsabilidade mas também alguma independência nas escolhas já que é sabido que os agentes procuram colocar ou vender artistas tantas vezes como gato por lebre para além de naturalmente acrescerem as suas margens de lucro.

De referir que apesar de não constar no programa o dia 30 de Julho, Sexta-Feira, houve festa com sessão de karaoke e oferta de sardinhada. Comeu-se e bebeu-se de borla, como agradecimento da Comissão de Festas à comunidade.

Para além da oferta de sardinhada na Sexta-Feira da festa, caso inédito na festa de Guisande, por exigência de José Cid, foi instalado o maior palco até então. Também pela primeira vez recorreu-se a um gerador para garantir a potência eléctrica necessária. O fogo de artifício superou tudo o quanto até ali se fazia e não me recordo de nas edições seguintes ter sido superado em diversidade e duração.

A festa contou ainda musicalmente com a presença de duas bandas filarmónicas, o que já não acontecia há várias dezenas de anos, vindo actuar a Sociedade Musical Vouzelense - Vouzela  e  a Filarmónica Boa Vontade Lorvanense, de Lorvão - Penacova, cujos almoços em restaurantes da zona foram suportados pela Comissão de Festas. Foi desde essa data que se inicou a tradição de arruada, tocando em diversos pontos da nossa freguesia. Creio que no ano ou dois anos seguintes ainda se conseguiu trazer duas bandas mas depois voltou-se à forma económica de apenas uma banda.

A Comissão de Festas tomou ainda a seu encargo o enfeite de vários andores, que de outro modo não sairiam à procissão.

A qualidade do programa estendeu-se ainda a três ranchos folclóricos, dois deles prestigiados do Alto Minho, o Rancho Regional das Lavradeiras de Carreço - Viana do Castelo e o Grupo Folclórico de Santa Marta de Serdedelo - Ponte de Lima, e da nossa região o excelente Grupo Folclórico de S. Miguel de Azagães - Carregosa - Oliveira de Azeméis. 

Perante esta qualidade, a comunidade colaborou de forma condizente, aumentando significativamente a oferta e no final ainda resultou um excelente saldo positivo que foi entregue à Comissão Fabriqueira para o aplicar na capela quando entendesse ser necessário. Recorde-se que em 2004 a capela havia sofrido obras de vulto pelo que não havia necessidade imediata de ali fazer mais despesa.

A edição de 2004, em pleno ano do Europeu de Futebol em Portugal, mostrou que era possível realizar-se uma festa com muita qualidade artística, sem um centavo de apoio da Câmara Municipal, apesar de ter sido solicitado pela componente cultural da vinda de duas bandas filarmónicas. 
O êxito da festa nos seus diferentes aspectos resultou sobretudo do trabalho, espírito de equipa e envolvimento da comunidade. 

De algum modo esta edição tornou-se modelo e ponto de viragem para as festas seguintes. Pena que de há alguns anos para cá, com óbvias dificuldades económicas e com os patrocinadores a reduzirem-se e menos generosos, apesar da dedicação das comissões de festas com várias iniciativas ao longo do ano para angariação de fundos, a qualidade geral no programa musical tem decaído. Já não se contratam duas bandas filarmónicas e invariavelmente está de serviço a Banda de S. Tiago Lobão e de quando em vez a Marcial do Vale. São boas bandas mas convenhamos que sempre a mesma receita desincentiva. Mesmo a diversidade folclórica é pouca ou nenhuma, quase sempre com os mesmos ranchos da vizinhança, quando o que não faltam por aí é bons ranchos de outras regiões do país, desde logo e à cabeça pela fama a prestígio, os ranchos do Alto Minho.

Em resumo, a festa de 2004 teve muitos aspectos positivos, pioneiros e marcantes e tornou-se de facto um ponto de viragem e acréscimo de qualidade da nossa festa de Guisande como uma das mais importantes no concelho, situação que durou vários anos. Como já ficou dito, parece-me que as últimas edições, sem desprimor porque com contextos de dificuldades, cairam em muito na qualidade geral, mesmo realçando a competência e dedicação das diferentes comissões de festas. Talvez porque a fasquia tivesse sido colocada demasiasdo alto em edições anteriores tendo em conta a realidade da nossa freguesia e porque os apoios são cada vez menores, mas é a realidade. 

Importa, pois, preservar e procurar manter a tradição de pé e sempre que possível de forma prestigiante para a nossa comunidade. E no geral, mesmo que nem sempre com muita qualidade, isso tem sido conseguido. Mas importa manter o estatuto e isso não se consegue contratando sempre os mesmos ranchos vizinhos e a mesma banda filarmónica e introduzir conceitos novos como DJs e supostos comediantes a debitarem umas caralhadas e que em nada acrescentam de valor artístico numa festa com as características da nossa.

6 de junho de 2023

Festa em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António - Cartazes e programas

Os cartazes desempenham um papel significativo na divulgação de eventos, pois são uma forma eficaz de transmitir informações e atrair a atenção do público que se pretende cativar. Eles podem ser encontrados em sítios estratégicos, como ruas movimentadas, universidades, escolas, cafés, espaços comerciais e outros pontos frequentados pelo público em geral.

Os cartazes podem reunir em si mesmos diferentes aspectos mas ligados entre si, nomeadamente:

1. Visibilidade: Os cartazes têm o potencial de alcançar um grande número de pessoas, especialmente quando são colocados em locais estratégicos. Quando visualmente atraentes podem cativar a atenção das pessoas que passam por eles, aumentando a visibilidade do evento.

2. Informação rápida: Os cartazes fornecem informações essenciais sobre o evento, como data, horário, local, programa, ingressos e outras informações relevantes. Essas informações podem ser transmitidas de forma clara e concisa, permitindo que as pessoas tenham uma compreensão imediata sobre o que está acontecendo.

3. Apelo visual: Um cartaz bem projetado pode ter um impacto visual significativo. Elementos gráficos, como cores vibrantes, imagens cativantes e tipografia atrativa, podem despertar o interesse do público e criar uma conexão emocional com o evento. Um design atraente aumenta as possibilidades de as pessoas pararem e lerem o cartaz.

4. Alcance: Os cartazes têm a capacidade de alcançar pessoas que talvez não estejam ativamente procurando informações sobre eventos. Ao contrário de outras formas de divulgação, como anúncios na internet ou nas redes sociais, os cartazes podem chamar a atenção de pessoas que estão passando pelo local, mesmo que elas não estejam especificamente procurando por eventos.

5. Tangibilidade: Os cartazes são materiais físicos que as pessoas podem tocar e ver de perto. Isso dá uma sensação tangível ao evento e pode criar uma sensação de urgência ou importância. As pessoas podem tirar fotos dos cartazes e elas próprias tornam-se divulgadoras ao partilharem essas informações nas redes sociais ou até mesmo colecioná-los como lembrança, o que ajuda na promoção de pessoa a pessoa.

6. Segmentação: Os cartazes podem ser direcionados a públicos específicos com base no local onde são colocados. Por exemplo, se um evento é voltado para estudantes universitários, os cartazes podem ser exibidos nas áreas próximas às universidades. Essa segmentação geográfica ajuda a atingir o público-alvo com mais precisão.

7. Custo-benefício: Comparado a outras formas de publicidade, como anúncios de televisão, rádio ou online, a produção e a distribuição de cartazes podem ser relativamente acessíveis. Isso os torna uma opção viável para eventos de diferentes tamanhos e orçamentos.

Apesar de todas estas considerações positivas sobre os cartazes em suporte de papel, no entanto, é importante considerar que no mundo digital de hoje eles não devem ser a única forma de divulgação de eventos. A combinação de estratégias de marketing online e offline pode ajudar a maximizar o alcance e a eficácia da divulgação. As redes sociais, sites, e-mail marketing e outros meios digitais podem complementar os esforços de divulgação dos cartazes, alcançando um público ainda mais vasto. Claro está que nem sempre as organizações, sobretudo amadoras e ad-hoc, estão capacitadas ou sensibilizadas para estes esforços e técnicas de divulgação, mas quando sim os resultados podem ser interessantes.

Neste contexto de importância, também nas festas ou romarias locais que por todo o país decorrem ao longo do ano, os cartazes desde há muito que são elementos fundamentais e por isso assumem-se já como meios com uma características de tradição associadas a cada evento. É certo que até há poucos anos não se dava grande importância aos aspectos de design e arte, características que devem fazer parte de um bom cartaz, mas com o crescimento e generalização dos meios tecnológicos ao nível da edição e da impressão, os cartazes têm vindo a tornar-se não só veículos de informação como também de arte gráfica.

Por conseguinte, os aspectos associados à imagem de um evento têm vindo a ganhar extrema importância, tanto nos cartazes como no desenvolvimento dos elementos e simbologia associados, como logotipos, etc. Há, de resto, eventos que já promovem concursos para a elaboração do design dos cartazes, como é bom exemplo a popular Festa da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, mas várias outras. Por outro lado, dentro dessa lógica do cartaz enquanto elemento importante e de arte, são frequentemente motivo de arquivo e exibição em exposições, retratando épocas, estilos e tendências gráficas.

No que toca à nossa festa em honra de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António, popularmente entre nós designada de Festa do Viso, infelizmente nunca houve por parte da paróquia nem das diferentes e sucessivas comissões de festas, nem a tradição nem a organização, nem a sensibilidade de arquivar exemplares dos diferentes cartazes que têm sido produzidos ao longo dos tempos. Uma pena!

Resulta desta situação, que em rigor não existe qualquer arquivo. Podem existir por aí, eventualmente na posse de alguns ex-festeiros, um ou outro exemplares dos anos em que realizaram a festa, mas de forma sequencial e organizada nada existe. A partir da altura em que se generalizou o uso de máquinas fotográficas digitais, telemóveis com câmara e ainda as ferramentas electrónicas como a internet e redes sociais, tornou-se possível a divulgação dos cartazes das diferentes edições da festa e daí, com maior ou menor dificuldade, é possível repescar as imagens de alguns cartazes, mas fora isso, em suporte papel é tarefa quase impossível.

Posto isto, deixamos de seguida alguns cartazes da nossa Festa do Viso, do que foi possível "pescar", e expressa a vontade e o propósito de aqui ir publicando o que de futuro for produzido. 

Dos que lerem este artigo e tiverem conhecimento da existência de antigos cartazes, agradeço que me façam chegar essa informação para aqui partilhar.


Cartaz da edição de 1949

Este será o cartaz mais antigo conhecido da nossa festa. Não tem indicado o ano, mas pela pesquisa da data e cruzamente de informações sobre alguns elementos participantes, nomeadamente a extinta Banda dos Bombeiros Voluntários de Vila da Feira, será legítimo considerar que será referente ao ano de 1949.

Importa referir que este tipo de cartaz, apenas com informação escrita e normalmente em papel colorido com texto a preto, e de reduzido formato, era o tipo corrente e em uso por essa época.  Nas décadas seguintes houve uma evolução tanto no tamanho do cartaz como no grafismo mas a introdução de imagens e sobretudo coloridas, só se começou a generalizar a partir da década de 1980.


Programa da festa - Edição de 1982

Contas da festa na edição de 1982


Programa e contas - Edição de 1983



Programa de 1984


Contas da festa de 1984



Programa da festa - Edição de 1985

Programa de 1988 
Em 1988 a grande atracção do cartaz musical foi a artista ANA

Programa em 1989 
Foram festeiros Arménio Costa, Delfim Henriques, Manuel Sousa e António Costa. Quanto ao cartaz muscal marcaram presença no Sábado o Conjunto Típico "Irmãos Leais". No Domingo houve folclore. Na Segunda-Feira programa de variedades com os artistas Nelo Silva, Fernanda Paula e outros.


Contas da festa de 1989



Programa em 1991
Neste ano foram festeiros Manuel Tavares, Alcino Alves, César Santos e Rui Giro.
Do cartaz musical participaram no Sábado o conjunto típico "Gaivotas do Sousa". No Domingo actuaram a Banda Musical de Angeja - Aveiro, o Rancho Folclórico de S. Romão do Coronado - S. Tirso, e o Danças e Cantares de S. João de Ver. Na Segunda-feira o destaque para o cantor TOY, antecedido da actuação do duo Tony Lemos e Marlene, que vieram anos mais tarde a fazer parte da banda "Santa Maria".


Programa da festa - edição de 1992


Programa da festa - 1993


Cartaz da edição de 1996


Cartaz da edição de 1998


Cartaz da edição de 1999


Cartaz da edição de 2003

Cartaz da edição de 2004

Este cartaz refere-se ao ano em que fiz parte da Comissão de Festas. Foi elaborado pela própria Comissão.

Cartaz da edição de 2005


Cartaz da edição de 2006

Cartaz da edição de 2008


Cartaz da edição de 2009


Cartaz da edição de 2010


Cartaz da edição de 2011

Nota: Este cartaz foi por mim desenvolvido a solicitação da Comissão de Festas. Não sendo nada de extraordinário, não deslustrou e marcou um ponto de viragem na importância estética dos cartazes. Já anteriormente, em 2004, quando fiz parte da Comissão de Festas, também elaborei o cartaz.

Cartaz da edição de 2012

Cartaz da edição de 2013

Cartaz da edição de 2014


Cartaz da edição de 2015

Cartaz da edição de 2016



Cartaz da edição de 2017


Cartaz da edição de 2018


Cartaz da edição de 2019


"Santinho" da edição de 2020 que, tal como a de 2021, não se realizou devido às contigências da pandemia Covid 19, situação que naturalmente suspendeu a organização de muitas festas similares por todo o país.


Cartaz da edição de 2022



Cartaz oficial da edição de 2023


Cartaz não oficial -  Edição de 2023

Cartaz oficial da edição de 2024