Continuando com a série de apontamentos designada de "Cadernos da Memória", um olhar sobre a tradição na nossa freguesia sobre o Compasso da Páscoa e Juíz da Cruz.
Fica aqui o link para o documento:
Continuando com a série de apontamentos designada de "Cadernos da Memória", um olhar sobre a tradição na nossa freguesia sobre o Compasso da Páscoa e Juíz da Cruz.
Fica aqui o link para o documento:
Em 1983 o jornal "O Mês de Guisande", de que fui fundador e redactor, realizou um trabalho então inovador na freguesia de Guisande, o de fazer uma sondagem sobre o analfabetismo, a que designou de Sondagem Analfabetismo / 83.
Com dedicação e muito trabalho de campo e depois do apuramento dos resultados, foi feito um retrato quase fiel dessa situação que então, há mais de 40 anos, era ainda significativa. Concerteza que não foi possível realizar o trabalho de forma exaustiva abrangendo todas as casas, famílias e pessoas, mas mesmo assim de forma representativa e mesmo significativa.
Inicialmente o trabalho visava apenas a questão do analfabetismo mas, aproveitando o trabalho de campo, foi mais além e alargado a outros temas que enriqueceram o projecto e ajudaram a traçar o retrato da freguesia. Foi, pois, um documento importante e hoje, à distância temporal de mais de quatro décadas, é já um elemento histórico.
O trabalho, apesar dos meios escassos então disponíveis, sem computadores ou outras ferramentas que hoje dispomos, foi publicado com quadros e gráficos, na edição de Setembro de 1984.
Partilho aqui o link para esse livro digital", que faz parte da série "Cadernos da Memória".
Segue o link:
Com tempo, pretendo ir publicando alguns apontamentos relacionados à nossa freguesia de Guisande, numa série a que chamo de “Cadernos da Memória”. Pretendem ser isso mesmo, retalhos da nossa memória comum, mais ou menos conhecidos, ou o contrário, conforme o tempo a que se reportam, mas com a finalidade de se tornarem presentes e preservados, de alguma forma, para o futuro.
Não se pretende que sejam apontamentos exaustivos nem há a pretensão de que sejam rigorosos, não porque o rigor seja dispensável mas porque, em muitos dos casos e temas abordados, são poucos ou mesmo inexistentes os documentos ou outros elementos que possam contribuir para uma mais substancial matéria e para o rigor que seria desejável.
Assim, o que aqui se produzirá, neste e futuros apontamentos, será o que for possível fazer no contexto dessa escassez de fontes, mas ainda assim como um contributo positivo e um subsídio para que no futuro possam ser retomados, melhorados e acrescentados.
O ficheiro pode ser acedido e lido a partir de um aplicativo online como se um livro. Espero que seja proveitoso.
Partilho aqui o link de acesso a um conjunto de dados genealógicos de algumas famílias de Guisande e suas ramificações bem como outros apontamentos relacionados.
É um trabalho incompleto, eventualmente com algumas falhas e gralhas, por isso sujeito a constantes actualizações e acrescentos.
Não obstante, sem modéstia, e sendo apenas uma parte do muito que tenho pesquisado, é já um bom conjunto de dados que, aos interessados, pode dar um conhecimento das raízes de algumas das nossas famílias e suas derivações.
Sei que serão poucos os que terão interesse neste assunto, mas, mesmo assim, partilha-se. Há-de- sempre interessar a alguém.
Segue o link de acesso à página:
https://tools2web.live/genealogia
Confesso que não tenho documento que o confirme de forma segura, mas já tenho ouvido referências de que Pedro Nuno dos Santos, e das pesquisas que fiz, o actual secretário-geral do Partido Socialista, e candidato ao papel do próximo Primeiro Ministro, tem ascendência familiar paterna em Guisande.
Pedro Nuno de Oliveira Santos, nasceu em 13 de Abril de 1977. É filho de Américo Augusto dos Santos e de Maria Augusta Leite de Oliveira Santos.
O seu pai, Américo Augusto dos Santos será filho de Alberto Pinto dos Santos e de Rosária Augusta da Conceição, ambos naturais de Guisande a aqui casados. O avô sapateiro, que tem sido referido na comunicação social, como que a justificar a origem humilde da família do Pedro Nuno dos Santos, é o pai da sua mãe.
Alberto Pinto dos Santos, será então o avô paterno de Pedro Nuno dos Santos, e é filho de Jerónimo dos Santos e de Amélia Maria de Oliveira Pinto, esta, sobrinha materna do Cónego Dr. António Ferreira Pinto.
Entre outros, o Alberto é irmão do Américo Pinto dos Santos, que casou com a D. Maria Angelina, que ofereceram o terreno para o campo de futebol do Guisande F.C., ainda do Delfim Pinto dos Santos, pai do Marinho Ferreira Coelho e de Manuel Pinto dos Santos, que foi regedor em Guisande pelas décadas de 1950/1960. Era ainda irmã do Alberto Pinto dos Santos a Gracinda Amélia dos Santos, mãe da Maria Fernanda da Costa, esta esposa do Joaquim Correia de Paiva (Peita), moradores em Fornos - Guisande.
Alberto Pinto dos Santos, por Guisande tinha a alcunha de "Xará" e exerceu a profissão de camionista. O seu filho, Américo Augusto dos Santos, pai de Pedro Nuno dos Santos, é sócio da Tecmacal, de S. João da Madeira, uma empresa com estrutura accionista familiar e do ramo de maquinaria e equipamentos para a indústria de calçado. Esta empresa tem sido comprovadamente associada ao recebimento de avultados fundos europeus. Receberia mesmo que não tivesse um dos sócios a influência e peso político do filho? Não o podemos afirmar nem o seu contrário, mas sabemos que neste país quem tem poder e influência política, tem mais vantagens. Sempre assim foi e sempre assim será.
Este Américo Augusto dos Santos, pai do Pedro Nuno, em solteiro chegou a fazer parte de uma banda rock em S. João da Madeira e esteve ligado a um partido de extrema esquerda a Frente Eleitoral dos Comunistas Marxistas-Leninistas (FEC ML). Talvez daqui venha a costela política de Pedro Nuno Santos, indicado por muitos como da ala da esquerda mais radical do PS.
Sabe-se que, devido à posição industrial e social dos pais, o actual lider do partido Socialista já nasceu em berço de ouro e vivia como tal, sendo conhecido o caso de ter conduzido o carro de luxo do pai, um Mesarati, e foi proprietário de um Porche, que acabou por vender por supostamente tal imagem de viver à patrão não ajudar a sua carreira política, nomeadamente pela contradição aos valores de esquerda que apregoava. Aliás, nesta contradição, mesmo defendendo a Escola Pública, o líder do Partido Socialista tem o filho numa boa escola privada.
Em resumo, sem moralismos ou julgamentos de valor, mas apenas num sentido geral, os nossos políticos, da esquerda à direita, nem sempre têm vidas simples e modestasm condizentes com os valores que dizem defender. São, por isso, muitas as contradições dos nossos políticos. Pedro Nuno dos Santos é apenas um entre muitos.
O seu perfil político e ideológico, bem como o seu estilo pró radical, não me fazem, de todo, seu seguidor e simpatizante político, mas também aqui pouco importa. A razão deste apontamento é mesmo o dar a conhecer essa tal ligação de ascendência familiar em Guisande., que, acredito, será do desconhecimento da larga maioria dos guisandenses e, quiçá, até mesmo de alguns dos familiares desse ramo genealógico.
Num recorte de jornal de 5 de Abril de 1975, dava-se conta de uma sessão de Dinamização Cultural Promovida pelo Movimento das Forças Armadas, no Salão Paroquial de Guisande, em 22 de Março desse ano e no dia seguinte, 23, realizou.-se uma sessão de esclarecimento pelo MDP/CDE.
Diz-nos a notícia que ambos os eventos decorreram com boa assistência, com educação e ordem. Recordo-me de estar presente mas, como criança mais curiosa que interessada, retive poucos pormenores, para além algumas intervenções inflamadas de jovens com bigodaças, golas altas e calças à boca de sino, e de vivas ao povo e às forças armadas como então era corrente. De cultura propriamente dita, de nada me recordo, apenas política.
CONTEXTO:
Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, foram concebidos diversos programas, tanto públicos como privados, com o objetivo de promover a melhoria das condições sociais, económicas e culturais da população portuguesa. Entre essas iniciativas destacavam-se o Serviço Cívico Estudantil, as Campanhas de Alfabetização, a Educação Sanitária, o Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), o Serviço Médico à Periferia e as ações da Pró-UNEP no domínio da alfabetização.
Neste mesmo contexto inseriam-se as Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica, levadas a cabo pelo Movimento das Forças Armadas (MFA). Assumindo o papel de agente libertador de uma sociedade submetida a quase cinco décadas de ditadura, o MFA, em articulação com a Direção-Geral da Cultura Popular e Espectáculos, impulsionou estas campanhas com o intuito de divulgar e explicar os princípios do seu programa revolucionário – considerando-se que: «era preciso explicar ao povo português o programa do MFA».
Acreditava-se que, através destas ações de dinamização cultural, seria possível dar resposta às carências das comunidades locais e, ao mesmo tempo, fomentar a sua participação activa no processo revolucionário. Pretendia-se ainda transformar a percepção das Forças Armadas, tradicionalmente associadas ao aparelho repressivo do Estado Novo, promovendo uma nova relação de proximidade e confiança com a população. Claro está que, em rigor nada disso se concretizou nesse período revolucionário e só depois de consolidade a democracia e da adesão à UNião Europeia, é que as coisas foram evoluindo mas ainda hoje, passados 50 anos, com muito por cumprir e com o país a viver sempre acima das suas possibilidades, com uma enorme dívida pública. Não temos tido políticos nem políticas à altura.
QUANTO AO MDP/CDE:
O Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) destacou-se como uma das principais forças da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo em Portugal, antes da Revolução de 25 de Abril de 1974. Criado em 1969, operava através de comissões democráticas eleitorais, com o objetivo de intervir nas eleições legislativas e afirmar uma alternativa política ao regime.
Em 1973, marcou presença no Congresso Democrático de Aveiro, um acontecimento simbólico e decisivo na resistência à ditadura.
Com a queda do regime, o MDP evoluiu para partido político e participou em todos os Governos Provisórios, à exceção do VI. Concorrendo de forma autónoma à Assembleia Constituinte de 1975, viria posteriormente a integrar, a partir de 1976, a coligação Aliança Povo Unido (APU), juntamente com o Partido Comunista Português (PCP).
A cisão com o PCP em 1986 motivou a saída do MDP da Coligação Democrática Unitária (CDU) e a apresentação de listas próprias nas legislativas de 1987. Foi nesse contexto que um grupo de militantes dissidentes fundou a Intervenção Democrática (ID), que permanece até hoje como membro da CDU, ao lado do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).
Finalmente, em 1994, o MDP uniu-se ao colectivo responsável pela revista Manifesto, dando origem ao movimento Política XXI, uma das forças fundadoras do Bloco de Esquerda.
Em resumo, as campanhas de dinamização cultural, que se iniciaram em outubro de 1974 e se estenderam até 1976, tinham como objectivos estratégicos promover o programa do MFA, informar as populações sobre a importância do voto como acto cívico e dar visibilidade nacional ao 25 de Abril. Ao longo desse período, foram realizadas mais de 2.000 ações de dinamização cultural e de intervenção cívica.
Em rigor estes eventos em Guisande, como um pouco por todo o país, eram essencialmente eventos de cariz político e mesmo doutrinário, e por esse tempo este movimento MDP/CDE, porque com alguns simpatizantes na freguesia, teve alguma acção ao nível da propaganda, com uma certa actividade, nomeadamente na distribuição de panfletos, pinturas nas estradas e muros.
Passado algum fulgor desses primeiros tempos pós revolução, o movimento perdeu gás e acabou mesmo por se extinguir derivando para o que veio a ser o BE-Bloco de Esquerda.
Vários desses elementos de Guisande mantiveram-se como de esquerda mas na generalidade derivando para uma esquerda menos radical, nomeadamente para o PS - Partido Socialista. Alguns, mais ferrenhos, mantiveram a ligação ao Partido Comunista, mas, como o provam os resultados, sem qualquer expressão eleitoral ou social e os votos nunca passaram de meia dúzia.
Em todo o caso, é com saudade que pessoalmente recordo esses tempos pós revolução embora vistos com os olhos de criança.
Infelizmente nem sempre se guardaram os documentos de apresentação de contas da nossa Festa do Viso. Insensibilidade, descuido, pouco sentido de arquivista, certo é que da maior parte das festas não há documentos guardados que informem o quanto se obteve como receita e quanto se gastou.
Apesar disso, a partir de velhos papéis, ainda consegui apontamentos de alguns anos, no caso de 1979 a 1992. Acredito que alguns elementos das várias comissões de festas até ficaram com cópias, mas também acredito que a maioria já não tem qualquer ideia ou documento. De resto como acomteceu com os diferentes cartazes em que, regra geral, ninguém ficou com um ou outro exemplar para arquivo e memória futura. Tal deveria ser uma prática de ano para ano, mas não. Somos uns pobres!
Ano de 1979
Receitas:130.247$00
Despesas: 125.921$00
Saldo positivo: 12.826$00
Ano de 1980
Receitas:192.568$00
Despesas: 161.482$00
Saldo positivo: 31.086$00
Ano de 1981
Receitas:217.347$00
Despesas: 217.340$00
Sem saldo
Ano de 1982
Receitas:303.427$00
Despesas: 302.043$00
Saldo positivo: 1.384$00
Ano de 1983
Receitas:268.951$00
Despesas: 267.281$00
Saldo positivo: 1.670$00
Ano de 1984
Receitas:344.759$00
Despesas: 330.848$00
Saldo positivo: 13.910$00
Ano de 1985
Receitas:452.910$00
Despesas: 409.000$00
Saldo positivo: 43.910$00
Ano de 1986
Receitas:553.630$00
Despesas: 553.895$00
Saldo negativo: 265$00
Ano de 1987
Receitas:655.186$00
Despesas: 572.319$00
Saldo positivo: 83.367$00
Ano de 1988
Receitas: 869.682$00
Despesas: 872.532$00
Saldo negativo: 2.850$00
Ano de 1989
Receitas: 904.549$00
Despesas: 930.297$00
Saldo negativo: 25.748$00
Ano de 1990
Receitas: 1.240.000$00
Despesas: 1.300.00$00
Saldo negativo: 60.000$00
Ano de 1991
Receitas: 1.310.884$00
Despesas: 1.246.819$00
Saldo positivo: 64.065$00
Ano de 1992
Receitas: 1.374.379$00
Despesas: 1.211.449$00
Saldo positivo: 162.930$00
Laurinda Gomes da Conceição, segunda filha de nome, que nasceu a 13 de Agosto de 1933 e faleceu em 5 de Setembro de 2016.
Era filha de Justino da Conceição Azevedo e Rosa Gomes de Almeida.
Este Justino nasceu a 15 de Fevereiro de 1898 e faleceu em 31 de Dezembro de 1945.Tinha, pois, a Laurinda 12 anos quando faleceu o pai.
A Laurinda teve vários irmãos, nomeadamente:
David Azevedo da Conceição, que nasceu em 27 de Março de 1921 e que casou em 12 de Outubro de 1941, com Maria da Conceição Francisca da Costa;
Maria Gomes da Conceição, que nasceu a 12 de Agosto de 1924. casou em 14 de Maio de 1955 com Joaquim Príamo Monteiro;
Laurinda Gomes da Conceição, primeira de nome, que nasceu a 17 de Janeiro de 1929. Faleceu menor em 25 de Maio de 1930.
António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017. casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho;
Maria Rosa Gomes da Conceição, nascida a 25 de Setembro de 1939, ainda viva à data em que escrevo. Casou com 22 de Agosto de 1964 com António Ferreira da Costa.Está ainda viva.
Toda esta gente eram meus parentes por parte do ramo de minha mãe já que a sua avó, por isso minha bisavó, Margarida da Conceição, era filha de António Caetano de Azevedo, carpinteiro de profissão, e de Maria Gomes da Conceição, costureira, moradores no lugar das Quintães, que por sua vez também eram pais do Justino da Conceição Azevedo, que por sua vez era o pai da D. Laurinda. Logo o pai de D. Laurinda era irmão da minha bisavó materna.
Na imagem acima, vemos o simples monumento dedicado ao Imaculado Coração de Maria, localizado ao fundo do Monte do Viso, obra levada a cabo pelo núcleo da LIAM - Liga Intensificadora da Acção Missionária e sobretudo pela sua então presidente ou orientadora, a D. Laurinda Gomes da Conceição.
O monumento teve o seu início no ano de 2002 e terminou por 2003. A obra contou com ofertas de muitas pessoas, em dinheiro e materiais e com apuramento de várias iniciativas da LIAM.
A D. Laurinda, como ficou dito, faleceu em 5 de Setembro de 2016. Durante vários anos foi presidente/orientadora do grupo da LIAM, cargo que em Maio de 2004 transmitiu à Lurdes Lopes. Foi desde nova uma figura dedicada às causas dos missionários do Espírito Santo e por isso a sua ligação à LIAM foi sempre de muito empenho e com grande sentido de missão.
Pessoalmente, por volta de 2001, tive a oportunidade de pertencer ao grupo, e durante vários anos, e em muitas vezes e circunstâncias pediu-me colaboração a D. Laurinda, nomeadamente quando se propôs a construir este simples mas interessante monumento. Para o efeito realizei o levantamento topográfico do monte e do local onde se implantou, com a devida autorização da Junta de Freguesia, e esbocei o projecto.
Em rigor, por alguma simplificação e por poupança de custos, acabaram por ser modificadas algumas ideias da projecto original, nomeadamente a inclusão na parte de trás de um semi-círculo com função de banco de descanso e de oração. Previa também um pouco mais de elevação da plataforma de modo a que na frente fossem mais os degraus e se garantisse uma simetria na forma.
A adaptação não foi do meu agrado, mas quando dela dei conta, porque já consumada, não fiz disso uma questão. É certo que teria sido mais interessante respeitar a forma pensada e projectada, mas foi o que foi e num sentido geral respeitaram-se algumas coisas. Todavia, é velho o hábito dos construtores fazerem tábua rasa dos projectos e fazerem as coisas à sua maneira.
Para além de outras actividades, e recordo-me dos seus passeios convívio, a passagem de ano do milénio, de 1999 para 2000, e ainda a publicação do boletim mensal "Janela Aberta", que mais tarde, no tempo do Pe. Arnaldo Farinha, seria retomado como boletim dominical da paróquia.
Há alguns anos, antes de falecer, a D. Laurinda entregou-me um molho de papéis vários, inlcuindo alguns resumos da sua actividade na LIAM bem como as contas tidas com a construção do monumento, escritas pela sua mão, com vários erros, como humildemente reconhecia, mas que mesmo sem um grande rigor nos dá uma ideia dos respectivos custos e origens das receitas. Considero-os elementos já com algum interesse documental, pelo que partilho aqui.
Em 2018, por isso há 6 anos, a pedido do Pe. Farinha, então nosso pároco, procedi ao levantamento e desenho das plantas dos pisos da residência paroquial.
Para além deste trabalho, a título gratuito, fiz também o levantamento fotográfico dos elementos construtivos sendo naturalmente visíveis situações que mereciam na altura como agora, obras de requalificação.
É certo que a residência exteriormente tem bom aspecto, está relativamente bem conservada, até porque foram sendo realizadas obras, nomeadamente pinturas e colocação de caixilharias em alumínio, substituindo as antigas em madeira, mas interiormente padece de muitos problemas, até porque deve-se ter em conta que este tipo de construção antiga (e ela foi edificada originalmente por 1907), tem uma estrutura interior muito baseada em madeira, tanto nas paredes como nos soalhos, tecto e armação da cobertura.
Em todo o caso, costuma-se dizer que o dinheiro não chega para tudo e vai-se acorredendo às situações que em cada momento se consideram como mais necessárias e prementes, como agora com as obras no Salão Paroquial. Mas importa, a todos nós, comunidade, não desmazelar a conservação de um património que, mesmo sendo da esfera da Igreja, é de todos nós.
A residência paroquial de Guisande está recheada de apontamentos históricos interessantes, desde os relacionados à sua construção (por 1907), à sua alienação pela década de 1920 e posterior aquisição, com contornos ainda muito misteriores e que a seu tempo procurarei partilharei por aqui.
Para já, as plantas dos dois pisos da residência conforme existente e que não difere muito do que terá sido a planta original, salvo as obras que o Pe. Francisco foi fazendo, nomeadamente com a introdução de uma casa de banho e a sua ligação pela parte interior, com adaptação na zona da cozinha.
Hoje em dia a mortalidade infantil em Portugal, como nos países mais ou menos desenvolvidos, é baixa quando comparada com anos passados e naturalmente com um acréscimo das taxas quanto mais recuamos no tempo.
Em 2023, de acordo com dados da Pordata, em Portugal por cada mil nascimentos a média de falecimentos foi de 2,5.
Recuando a 1974, quando se deu o fim da ditadura a taxa estava em 37,9. Continuando a recuar, em 1960 estava em 77,5. E recuando ainda mais, a taxa era ainda mais elevada.
As razões para os actuais valores são óbvias e sobretudo decorrem do desenvolvimentos da ciência média, medicamentos, vacinas, da rede de cuidados primários de higiene e saúde, respectivos tratamentos, e, naturalmente, o alargamento da rede de estabelecimentos de saúde dos primários aos centros hospitalares.
Por conseguinte, noutros tempos, era elevado o número de mortes de menores, alguns durante o parto e outros nos primeiros dias, meses ou anos de vida.
Consultando velhos assentos paroquiais dos óbitos, mesmo de Guisande, impressiona de facto a proporção de mortes de crianças. Até mesmo de pessoas já adultas mas de baixas idades, na casa dos vinte ou trinta anos.
Como um exemplo da moralidade em Guisande:
Em 1844 faleceram 16 pessoas: Homens 5; Mulheres 4, Meninos 4; Meninas 3.
Em 1846: Total 12. Homens 3; Mulheres 7, Meninos 0; Meninas 2.
Em 1847: Total: 15. Homens 4; Mulheres 1, Meninos 7; Meninas 3.
Em 1848: Total: 13. Homens 3; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 1.
Em 1849: Toal: 10. Homens 2; Mulheres 4, Meninos 2; Meninas 2.
Em 1850: Total: 12. Homens 0; Mulheres 5, Meninos 5; Meninas 2.
Em 1851: Total:12. Homens 4; Mulheres 3, Meninos 3; Meninas 2.
Em 1852: Total: 3. Homens 0; Mulheres 1, Meninos 0; Meninas 2.
Em 1853: Total: 7. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 2; Meninas 2.
Em 1854: Total: 8. Homens 3; Mulheres 1, Meninos 3; Meninas 1.
Em 1855: Total: 16. Homens 7; Mulheres 5, Meninos 3; Meninas 1.
Em 1856: Total: 22. Homens: 6; Mulheres: 8; Meninos: 3; Meninas: 5.
Em 1857: Total: 15. Homens 6; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 0.
Em 1858: Total: 6. Homens 3; Mulheres 3, Meninos 0; Meninas 0.
Em 1859: Total: 5. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 0; Meninas 2.
Em 1861 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1862 faleceram um total de 11 pessoas.
Em 1865 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1866 faleceram um total de 7 pessoas.
Em 1867 faleceram um total de 7 pessoas:
Em 1868 faleceram um total de 16 pessoas.
Em 1869 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1870 faleceram um total de 11 pessoas.
Em 1871 faleceram um total de 18 pessoas.
Em 1872 faleceram um total de 5 pessoas.
Em 1873 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1874 faleceram um total de 18 pessoas.
Em 1875 faleceram um total de 7 pessoas.
Em 1876 faleceram um total de 10 pessoas.
Em 1877 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1878 faleceram um total de 10 pessoas.
Em 1879 faleceram um total de 10 pessoas.
Em 1880 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1890 faleceram um total de 12 pessoas.
Em 1894 faleceram um total de 9 pessoas.
Em 1895 faleceram um total de 16 pessoas.
Em 1900 faleceram um total de 7 pessoas.
Em 1910 faleceram um total de 7 pessoas.
É certo que, como se percebe pelos números acima, havia variação de ano para ano, mas na maior parte dos anos é significativo o número de menores falecidos quando comparado com os tempos actuais.
Morria-se basicamente por falta de cuidados médicos e por isso muitas doenças que agora são relativamente fáceis de debelar, noutros tempos eram fatais. Os assentos paroquiais raramente referem a causa da morte e algumas poucas vezes com a designação genérica de "moléstia" ou "maleita" mas sabe-se que havia doenças determinantes como a bronquite, pneumonias, diversos tipos de febre e outras epidemias.
Pela falta de estabelecimentos hospitalares ou similares, e mesmo de médicos, a regra era as mulheres darem à luz em casa, tantas vezes sem o devido acompanhamento, e apenas, nem sempre, por parteira mais ou menos expedita e conhecida no meio. Escusado será dizer que a gestação também não tinha qualquer tipo de acompanhamento.
Finalmente, o que ajudava ao problema, não existiam regras e métodos anti-concepcionais e por isso era comum as mulheres gerarem uma carrada de filhos, uns a seguir aos outros, tantos quantos a natureza permitisse.
ANÁLISE DOS NÚMEROS:
Entre os anos de 1844 e 1910, os registos de mortalidade revelam a evolução das condições de vida e saúde da nossa comunidade ao longo de mais de seis décadas. Estes dados mostram não apenas as flutuações anuais no número de falecimentos, mas também as mudanças sociais e sanitárias que marcaram o século XIX e o início do século XX.
O período abrange 37 anos com números registados, variando entre um mínimo de três e um máximo de vinte e duas mortes anuais, com uma média aproximada de onze falecimentos por ano. Nos primeiros anos (1844 a 1859), os registos são mais detalhados, estando incluída a distinção entre homens, mulheres, meninos e meninas. Essa informação permite observar que, nesse intervalo, ocorreram 181 mortes: 54 homens, 57 mulheres, 40 meninos e 30 meninas. A mortalidade era, portanto, equilibrada entre adultos do sexo masculino e feminino, mas quase 40% das mortes correspondiam a crianças, um valor muito elevado que reflete a vulnerabilidade infantil da época e as condições sanitárias precárias a que a nossa freguesia não era imune.
Entre 1844 e 1859, a mortalidade foi irregular e elevada, com grandes variações de ano para ano. Os picos de 1855 e 1856, com 16 e 22 falecimentos respetivamente, coincidem com as epidemias de cólera que afectaram Portugal e outras partes da Europa. Estes anos registam o ponto mais alto de mortalidade da série, sugerindo um impacto epidémico local severo. Outros aumentos expressivos ocorreram em 1847 e 1848, possivelmente relacionados a doenças infecciosas sazonais. Após 1856, nota-se uma ligeira diminuição, embora os números permaneçam superiores a 10 mortes por ano.
Entre 1860 e 1879, os dados mostram uma estabilização em torno dos nove a doze falecimentos anuais. Ainda surgem anos com valores mais altos, como 1868 (dezasseis mortes) e 1871 e 1874 (dezoito mortes cada), que podem indicar novos surtos epidémicos ou crises alimentares. No entanto, em comparação com as décadas anteriores, a variação é menor, e a mortalidade parece ter-se tornado mais previsível.
A partir de 1880 e até ao início do século XX, a mortalidade mantém-se em níveis baixos e relativamente constantes. Os registos de 1880, 1890, 1895, 1900 e 1910 indicam entre sete e doze mortes por ano, um contraste notável com os valores das décadas anteriores. Esta estabilização sugere melhorias nas condições de higiene, no acesso a cuidados médicos e na alimentação, acompanhando o progresso social e tecnológico do final do século XIX. O desaparecimento de grandes picos epidémicos é um dos sinais mais evidentes dessa transformação.
A evolução geral aponta para três fases distintas. A primeira, entre 1844 e 1859, caracteriza-se por alta mortalidade e forte instabilidade, com crises provocadas por epidemias e más condições sanitárias. A segunda, de 1860 a 1879, representa um período de transição, ainda sujeito a oscilações mas com tendência à estabilidade. A terceira, de 1880 a 1910, marca uma redução clara da mortalidade e o início de uma era de maior segurança sanitária e social.
Em síntese, os dados mostram uma comunidade que atravessa um processo de transformação profunda. No início do período, a mortalidade é elevada e irregular, com grande peso da mortalidade infantil e das doenças infecciosas. Nas décadas seguintes, verifica-se um declínio sustentado dos óbitos e um aumento da regularidade anual, resultado de melhorias na saúde pública e nas condições de vida. Ao chegar a 1910, o número de falecimentos anuais é menos de metade do registado em meados do século XIX, refletindo um avanço significativo no bem-estar da população.
Dizem os entendidos nestas coisas do estudo da origem dos patronímicos, como quem diz, dos nomes de pessoas e apelidos de famílias, que Lopes foi apelido popular nos países latinos, como Grécia, Itália, Espanha e Portugal. Com origem do latim lupus, Lopo em Portugal, surge a derivação Lope, que significa lobo. Assim, a referência a este animal, do qual e pela domesticação surgiram os cães, procura conotar as pessoas que recebem esse nome com os seus atributos de coragem e destreza.
Lopes, em Portugal e Lopez em Espanha, foi apelido relativamente comum na península ibérica pela Idade Média. Lopes derivava de filho de Lopo, assim como à semelhança de Henriques como filho de Henrique, Gonçalves, filho de Gonçalo e Fernando, filho de Fernão.
Na actualidade, Lopes é considerado como o 14º apelido mais comum em Portugal. Na nossa História, sobretudo na Idade Média houve Lopes mais ou menos relevantes, como o cronista Fernão Lopes. Também, pela negativa, o Diogo Lopes de Pacheco, um dos assassinos da bela Inês de Castro e o único que escapou à vingança de D. Pedro, o Justiceiro, refugiando-se em Castela.
Descrição heráldica do brasão dos Lopes (representado acima):
Esquartelado: o primeiro e o quarto de azul com uma estrela de ouro, de seis raios; o segundo e o terceiro de vermelho, com uma flor-de-lis de prata; bordadura de vermelho, carregada de oito aspas de ouro. Timbre: um aspa da bordadura.
[fonte bibliográfica "Armorial Lusitano - Anuário da Nobreza de Portugal"]
Com estes apontamentos não tenho pretensões, obviamente, em fazer uma descrição genealógica exaustiva dos Lopes na nossa freguesia de Guisande, porque será tarefa quase impossível face à falta de documentos complementares e em sequência aos que é possível publicamente consultar. Ainda assim, com base em conhecimentos pessoais, na pesquisa e leitura de velhos assentos paroquiais, análises de nomes e datas e cruzamento dos mesmos, consegui apurar alguns nomes e datas e relações entre si que considero bastante substanciais.
Neste contexto, e como ponto de partida, uso como referência o nome de Domingos José Lopes, casado que foi com Idalina da Conceição, que viveram no lugar da Igreja, na nossa freguesia de Guisande, e que juntos geraram uma família numerosa e que na nossa freguesia será a mais representativa deste apelido. Mas também a par do Joaquim José Lopes, irmão do Domingos, que ficou com a alcunha de "o Cabreiro", e que casado com Maria Alves, também constituiu uma família igualmente numerosa e representativa do apelido.
O Domingos e o Joaquim tiveram ainda outros irmãos, nomeadamente o Manuel, que morreu solteiro e sem geração e que viveu com outro irmão, o João José Lopes, este casado com a Maria Isaura Ferreira dos Santos e que tiveram três filhos rapazes, o Fernando, o António, que já faleceu, solteiro, e o Joaquim, este casado com a Cristiana Valente, com filhos e moradores no lugar de Cimo de Vila, aqui em Guisande. Ainda como irmão do Domingos, do Joaquim, do Manuel e do João, o José Lopes, que casou e faleceu em Romariz.
Em resumo, pode-se concluir que a génese principal da família Lopes na nossa freguesia de Guisande está assente sobretudo nas gerações que deixaram o Domingos José Lopes e o seu irmão Joaquim José Lopes, como mais representativas em termos de geração deixada. Naturalmente que também os filhos do João, embora estes em menor número.
Vamos pois, começar por estes ramos dos Lopes:
Domingos José Lopes, nasceu a 12 de Abril de 1917.
Era filho de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, moradores no lugar de Cimo de Vila. Era neto paterno de António José Lopes e de Inês Rosa dos Santos. Era neto materno de Joana de Jesus e de avô incógnito (1).
Foram seus padrinhos de baptismo Domingos José da Mota, do lugar de Casaldaça e Rosária da Conceição, do lugar das Quintães.
Casou em 22 de Julho de 1945 com Idalina da Conceição, esta do lugar de Casaldaça.
Idalina da Conceição, esposa do Domingos José Lopes, nasceu a 24 de Agosto de 1923.
Era filha de Domingos Gomes da Conceição (alfaiate), que ficou conhecido com a alcunha de "o Pinguinha", do lugar de Casaldaça, nascido a 23 de Fevereiro de 1901 e falecido em 12 de Novembro de 1984, e de Rosália de Jesus, esta falecida em 23 de Janeiro de 1967. Casaram o Domingos e a Rosália em 21 de Novembro de 1922.
Esta Rosália de Jesus nasceu em 6 de Outubro de 1901. Era filha de pai incógnito e de Margarida de Jesus. Todavia, esta Margarida quando deu à luz a Rosália estava casada com Justino dos Santos, sendo que este estava ausente no Brasil há pelo menos 10 anos e sem qualquer comunicação com a esposa. Era, pois, a Rosália neta paterna de pai incógnito (1) e neta materna de António Caetano dos Santos e de Maria de Jesus, de Casaldaça. Para além de Rosália, a Margarida de Jesus teve outra filha ilegítima, a Adelina, que faleceu menor, com dois anos de idade, em 20 de Março de 1910.
A Margarida de Jesus, acima referida, mãe da Rosália, teve ainda uma irmã, a Rosa Maria de Jesus que por sua vez teve uma filha de nome Rosa, nascida em 2 de Março de 1891, filha de pai incógnito e neta materna do referido António Caetano dos Santos e de Maria de Jesus.
(1) Sobre o conceito de pai incógnito, convém referir que por esses tempos era muito vulgar. Incógnito não significa desconhecido mas tão somente alguém que de demitiu das suas responsabilidades de pai, muitas vezes porque a gravidez resultava de uma relação fortuita, consentida ou não, mas outras vezes por alguém que já era casado ou com estatuto social que impediam a assunção dessa paternidade. Por conseguinte as mães, solteiras, casadas ou viuvas, porque nesses tempos eram comuns as viuvas jovens, quase sempre sabiam a identidade dos pais. Ora se essa identidade não era vertida nos assentos de baptismo, na generalidade dos casos era conhecida da comunidade, da vizinhança.
Continuando, a Idalina da Conceição, era neta paterna de Joaquim Gomes da Conceição (serrador) e de Ana Rosa (costureira), do lugar de Estôze. Esta Ana tinha pelo menos uma irmã, a Maria Rosa, que foi sua madrinha de baptismo. Este Joaquim Gomes da Conceição teve três filhas, a Arminda, nascida em 4 de Maio de 1906 , a Aurora, nascida em 3 de Novembro de 1909 e Maria da Conceição. Para além do Domingos, teve como filho o Delfim Gomes da Conceição, com a alcunha de "o Piranga", que foi alfaiate em Casaldaça, e que nasceu em 14 de Maio de 1912, e que casou com a Isaura. Ambos falecidos. Deixaram vários filhos, dos quais me lembro do Joaquim (do Serra), Alcino, Alzira, Alberto, Dolores, Brilhantina, Crisantina, Isaura, Fernanda e Georgina.
Como se disse, a Idalina era neta materna de pai incógnito e de Margarida de Jesus. Era bisneta paterna de João Francisco e de Arminda de Jesus, de Cimo de Vila. Era bisneta materna de Manuel Francisco e Miquelina Rosa, de Estôze.
No seu baptismo teve como padrinhos o avô paterno e a avó materna.
Esta Idalina, teve vários irmãos, como o Albano Gomes da Conceição, que nasceu a 23 de Março de 1931; A Orlanda Gomes da Conceição, falecida em 12 de Fevereiro de 1937, apenas com um ano de idade. Teve ainda o Álvaro Gomes da Conceição, falecido em 6 de Dezembro de 1937, com 12 meses de idade. Teve ainda o Alberto Gomes da Conceição, casado com a Angelina, moradores no lugar de Fornos, com filhos e filhas. Teve irmãs, como a Dorinda, que casou com o Bernardino Gomes da Mota, ambos falecidos e ainda a Delfina (Sr. a Tina) casada como Manuel Alves (Nequita) moradores no lugar do Viso, de resto no sítio e na parte da casa onde morava o seu pai Domingos. Teve ainda uma outra irmã, a Maria da Conceição Gomes, nascida a 22 de Dezembro de 1925 e que casou em 16 de Janeiro de 1954 com Joaquim José Gonçalves de Almeida. Ainda outra com nome semelhante, a Maria Gomes da Conceição, que nasceu em 23 de Março de 1931. Teve a Idalina ainda como irmão o Elísio Gomes da Conceição, que nasceu a 28 de Março de 1938.
O Domingos José Lopes e a Idalina da Conceição tiveram vários filhos, a saber: O Domingos, que casou com a Maria, a Rosária, casada com o António Costa, o Belmiro, casado com a Isaura, a Délia, casada com o José Pereira Baptista, a Lurdes, casada com o Manuel Ferreira, o Leonel, a Celina, casada com o Agostinho Guedes, o Orlando, casado com a Georgina Santos, a Paula, casada com o José Pinto e o Arlindo, casado com a Maria José Fontes. Houve ainda um rapaz, o Francisco, que seria o mais novo da prole e que terá falecido com poucos meses. Escusado será dizer que de todos estes filhos resultaram filhos e netos.
O Domingos José Lopes, ficou conhecido como o Ti Lopes, e durante muitos anos foi carreteiro, com a sua junta de bois a fazer carretos e a lavrar terras, de resto como o seu irmão Joaquim, também carreteiro e laboreiro (aquele que labora na terra). Foi homem duro, de muito trabalho no campo a na labuta de criação de um bando de filhos que pelo exemplo e educação deram homens e mulheres de boa cepa..
Viveram no lugar da Igreja, como caseiros do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva.
Faleceu o Domingos em 14 de Agosto 1983 e a esposa Idalina, que lhe sobreviveu, a 9 de Setembro 1997.
![]() |
Domingos José Lopes e Idalina da Conceição |
![]() |
Domingos José Lopes e Idalina da Conceição, quando jovens |
![]() |
Casa onde viveram o Domingos José Lopes e a Idalina |
![]() |
O Ti Domingos Lopes e o pai do Pe. Francisco - 1957 |
Joaquim José Lopes, nasceu a 22 de Fevereiro de 1921.
Foram padrinhos de baptismo o Joaquim José Lopes, seu tio paterno, então morador em Pedroso, Vila Nova de Gaia e Maria Rosa da Conceição, do lugar de Casaldaça.
Casou com Maria Alves Cardoso em 11 de Novembro de 1944. Esta nasceu a 1 de Julho de 1924 e era filha de Manuel Gomes da Silva e de Custódia Alves, do lugar de Cimo de Vila. Era neta paterna de Martinho Gomes da Silva e de Olinda Rosa de Jesus (falecida a 3 de Fevereiro de 1937). Era neta materna de António Pereira e Joaquina Alves. Era bisneta paterna de pais incógnitos e bisneta materna de Manuel Francisco Botelho e de Rosa de Jesus, do lugar da Costa Má, da freguesia do Vale.
Foram padrinhos do seu baptismo o Moisés Gomes da Silva, seu tio paterno e uma sua irmã, a Rosa Alves.
Por curiosidade, este Moisés Gomes da Silva, nasceu em 19 de Julho de 1901. Casou com Eulália Pereira dos Santos, em 15 de Novembro de 1937. Faleceu em 23 de Junho de 1964. Este Moisés e a Eulália viveram em Casaldaça e tiveram vários filhos de que me lembro do Tono da Eulália, que era figura popular no teatro de Natal em Guisande. Esta Eulália nasceu em 24 de Agosto de 1909. Era filha de António Alves da Costa e de Rosa Pereira dos Santos. Faleceu em 9 de Setembro de 1986.Era neta paterna de José Alves da Costa e de Carolina Emília do Espírito Santo e neta materna de António Alves da Mota e de Custódia Pereira dos Santos. Como irmã desta Eulália identifiquei ainda uma irmã, Maria, que nasceu a 17 de Dezembro de 1915.
Do casamento do Joaquim José Lopes e da Maria Alves Cardoso, nasceram vários filhos e filhas, nomeadamente de quem tenho memória: A Albertina, que casou com o Delfim Pinto (falecido), a Conceição, que casou com o meu primo António de Oliveira Santos (o "Estopa") (falecido), o João, o Joaquim, que casou com a Lúcia, a Maria, que casou com o António Valente, a Madalena, que casou com o Serafim (falecido), o Domingos, que casou com a Natália, o António, que casou com a Fernanda Brandão (separados) e o Fernando, também casado.
O Joaquim José Lopes foi sempre uma figura muito típica e carismática na nossa freguesia e ficou com a alcunha de (o "Cabreiro"). Desconhece-se a origem desta alcunha apesar de haver quem a relacione à freguesia de Cabreiros, do concelho de Arouca. Nada encontrei que relacionasse a famílas daquela zona. Por sua vez a sua mulher, a maria Alves, era conhecida simplesmente por Ti Micas do Cabreiro. Viveram no lugar de Cimo de Vila, numa casa isolada do lugar e que popularmente ficou conhecido como a Coreia, no que terá sido baptizada pelo próprio. Pessoalmente, porque era do lugar e fazia vários trabalhos para os meus pais, tenho dele muitas memórias assim como da Ti Micas e naturalmente dos filhos, alguns, os mais novos, colegas de escola e das brincadeiras de infância. Foram gente de trabalho e de bem, deixando uma geração de filhos e filhas a fazer-lhes jus.
![]() |
Joaquim José Lopes e a esposa Maria Alves Cardoso |
José Lopes, nasceu a 11 de Abril de 1923.
Teve como padrinhos Manuel Caetano de Azevedo, do lugar das Quintães e Maria da Conceição, do lugar das Quintães.
Casou em Romariz com Ângela da Costa em 12 de Abril de 1947. Terá vivido no lugar da Portela - Desconheço a sua descendência.
Tentei um contacto com uma pessoa que acredito ser seu filho, mas às minhas questões ainda não respondeu. Quando e caso sim, actualizarei este artigo.
João Jose Lopes, nasceu a 11 de Julho de 1925.
Casou em 26 de Dezembro de 1968, em Fiães, com Maria Isaura Ferreira dos Santos. Do seu casamento nasceram o Fernando (creio, sem certeza, que casado em Milheirós de Poiares), o António, que faleceu solteiro e o Joaquim, casado com a Mariana, e que vive em Cimo de Vila. Durante muitos anos viveu com esta família a Isaura, que creio que era sobrinha da esposa do Ti João.
O Ti João "do Cabreiro", como ficou conhecido, era igualmente uma figura típica da nossa freguesia e durante muitos anos foi o sacristão, tocador do sino e coveiro da freguesia e que em muito ajudou a paróquia. Vivia no lugar de Cimo de Vila.
![]() |
João José Lopes, aqui como sacristão ao lado do Pe. Francisco, aquando da celebração das Bodas de Ouro Sacerdotais, em Agosto de 1989 |
Manuel José Lopes, nasceu a 27 de Setembro de 1915. Dos irmãos incluindo os acima descritos, era o mais velho, mas ficou solteiro e viveu até à sua morte com o seu irmão João. Era jornaleiro e os mais velhos lembram-se dele quase sempre de enxada ao ombro. Homem simples mas trabalhador.
Foram padrinhos do seu baptismo o Manuel Gomes, de Cimo de Vila, e Maria da Conceição, do lugar de Fornos.
Resumo: Estes foram os cinco irmãos, filhos de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, que até ao momento consegui identificar. Desconheço, pois, se outros houve. Destes, a particularidade de serem todos homens.
Ascendência:
Do que consegui apurar, e conforme já escrito, os cinco irmãos, Manuel, Domingos, Joaquim, José e João, eram filhos de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, que casaram em 29 de Outubro de 1914. Ele com 28 anos e ela com 26 anos de idade. Viveram em Cimo de Vila.
Este Bernardo José Lopes, nasceu em 13 de Setembro de 1886. Era filho de António José Lopes e de Inês Rosa dos Santos, casados a 5 de Novembro de 1885 quando ele tinha 20 anos e ela 26 anos de idade. António José Lopes era filho de Manuel Lopes, serrador, natural da freguesia de S. João Baptista de Videmonte - Guarda, e de Maria Rosa de Jesus. A Inês Rosa dos Santos era filha de Manuel António da Mota e de Margarida Rosa dos Santos, de S. Tiago de Lobão. Por sua vez o Manuel Lopes era filho de José Lopes, casado com Ana Rosa Gomes (1). Em resumo, este José Lopes é o tetra-avô dos actuais filhos do Domingos José Lopes, do Joaquim José Lopes e dos demais irmãos.
(1) Este casal José Lopes e Ana Rosa tiveram também uma filha de nome Rita Gomes, a qual também viveu em Guisande, no lugar das Quintães, e na condição de viúva teve pelo menos duas filhas de nome Maria, nascida em 19 de Setembro de 1852 e Rita nascida em 28 de Junho de 1854.
O Bernardo José Lopes, tinha pelo menos um irmão, o Joaquim José Lopes que casou em Pedroso-Vila Nova de Gaia com Joaquina Dias da Silva, e moravam em Cimo de Vila - Guisande. Tiveram pelo menos um filho o Joaquim da Silva Lopes, nasceu a 28 de Novembro de 1919 e que casou em Paramos-Espinho, em 3 de Dezembro de 1947 com Idite Rodrigues Dias.
A esposa do Bernardo José Lopes, a Albertina Rosa de Jesus, nasceu na freguesia deo Bonfim, cidade do Porto, em 7 de Janeiro de 1888. Era filha de Joana de Jesus e de pai incógnito. Esta Joana de Jesus era filha de António Joaquim Gonçalves e de Florinda Rosa, de Mansores - Arouca. Casaram o Bernardo e a Albertina em 29 de Outubro de 1914, tendo ele 28 anos e ela 26 anos de idade.
Os padrinhos de baptismo do Bernardo foram Bernardo José Leite de Paiva e Bernardina Rosa dos Santos, de Casaldaça.
Faleceu o Bernardo em 16 de Julho de 1944. Faleceu a esposa Albertina em 23 de Novembro de 1964.
O Manuel Lopes, de S. João Baptista de Videmonte - Guarda, casou com a Maria Rosa de Jesus, natural de Guisande mas que casaram em S. Tiago de Lobão. Esta Maria Rosa de Jesus era filha de Manuel Ferreira Valente e de Mariana Rosa de Jesus, esta de Cimo de Vila - Guisande.
Faleceu este Manuel Lopes em 19 de Setembro de 1864, com 39 anos de idade pelo que terá nascido por 1825. No seu assento de óbito é dito que deixou cinco filhos. Como se verá a seguir, consegui identificar um número superior pelo que esta referência a cinco filhos certamente que diz respeito aos que estava, vivos à data do seu falecimento.
Por conseguinte, este Manuel Lopes, o avô paterno do Bernardo José Lopes, para além do pai deste (o António José Lopes), teve outros filhos, de que consegui identificar:
Ana, que nasceu a 4 de Maio de 1848.
Inês, que nasceu a 17 de Março de 1851.
Foi padrinho de baptismo o avô materno e madrinha a sua tia materna Inês.
Domingos, que nasceu a 15 de Dezembro de 1852.
Emília, que faleceu menor, com 18 meses de idade, a 24 de Julho de 1856.
Joaquim, que nasceu a 28 de Março de 1858.
Teve como padrinho Joaquim Leite de Resende, de Trás-da-Igreja, e como madrinha a sua tia paterna, Rita Gomes.
António, que nasceu a 4 de Março de 1860. Primeiro de nome
Rita, 17 de Fevereiro de 1862.
António José Lopes, que nasceu a 17 de Maio de 1865. Segundo de nome. Pai do Bernardo José Lopes. A ter em conta a data de feleciemnto do pai (19 de Setembro de 1864), nasceu já órfão de pai.
Teve como padrinho um Rodrigues Lopes, relojoeiro na cidade do Porto, este representado por João Francisco, seu sobrinho. Deduzo que este Rodrigues Lopes seria tio paterno ou eventualmente tio-avô do baptizado.
Em resumo, do que me foi possível pesquisar e apurar, até ao momento, e sem prejuízo de futuras rectificações à luz de novos documentos, o apelido desta família Lopes tem origem em S. João Baptista de Videmonte, do antigo concelho de Linhares e actualmente do concelho e distrito da Guarda. José Lopes, o ascendente mais antigo a que consegui chegar, teve como filho o Manuel Lopes e este certamente terá vindo para o concelho de Vila da Feira, casado em Lobão com uma rapariga de Guisande e nesta freguesia foi morador no lugar de Cimo de Vila e onde gerou e criou os vários filhos (8) que conseguimos pesquisar.
Curiosidade: Por informação prestada pela Lurdes Lopes, mesmo que nunca verificado, haveria na sua ascendência algum parentesco afastado com familiares da família dos pais do Américo Baptista da Silva (Américo do Reimão), de Casaldaça. Ora este Américo chegou-me a dizer que de facto teria um parente proveniente de Mansores Arouca. Ou seja, a existir qualquer relação de parentesco, será muito afastada e pelo ramo ascendente da avô paterna da Lurdes. Ora provar essa relação é uma tarefa muito difícil e obrigaria a saber pelo menos o nome completo do dito parente da família do Reimão, proveniente de Mansores.
Também convém assinalar, e ligando ao dito no parágrafo anterior, que o pai do Américo "do Reimão", Raimundo Francisco da Silva (que foi ferreiro em Casaldaça), por sua vez era filho de Joaquim Francisco da Silva, de Mansores e de Maria Rosa da Conceição, de Guisande, neto paterno de João Francisco da Silva e de Maria Joaquina Santos, neto materno de pai incógnito e de Rosa Margarida dos Santos. Poderá este suposto e oral parentesco com gente de Mansores vir também daqui mas para já sem prova dessa ligação.
Por conseguinte, por agora, esta suposta relação tem apenas uma sustentação oral, do disse-que-disse, é apenas uma mera curiosidade e lateral ao propósito primeiro destes meus apontamentos, que procuram essencialmente estabelecer a proveniência do apelido Lopes na nossa freguesia, e sobretudo relacionada a esta família em particular.
Outros Lopes:
De tempos passados, encontrei ainda na nossa freguesia outras pessoas de apelido Lopes:
Um exemplo: Manuel Lopes, natural de Escapães, filho de António Lopes e de Maria Rosa de Jesus, que casou aqui em Guisande em 12 de Novembro de 1905 com Joaquina Maria de Jesus, do lugar da Pereirada, filha de António José Pinto (de Canedo) e de Custódia Maria de Jesus (de Guisande). Este Manuel Lopes de Escapães, nasceu a 13 de Junho de 1884, sendo filho de António Lopes e de Maria Rosa de Jesus. Era neto paterno de Manuel José Lopes e de Roa Maria de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e de Joana Maria de Oliveira. Por sua vez, este António Lopes, pai do Manuel Lopes, nasceu em 8 de Dezembro de 1855, em Escapães, era filho Manuel José Lopes e de Roa Maria de Jesus, neto paterno de António José Lopes e de Maria Rosa e neto materno de Teodósio José Caetano e de Maria Rosa.
Não consegui encontrar descendência deste casal Manuel Lopes e Joaquina Maria em Guisande pelo que será de supor que foram viver para fora, eventualmente em Escapães, terra do Manuel Lopes.
Outro exemplo: Por 1896, nascia no lugar de Fornos um Raimundo, filho de António Lopes, pedreiro, natural de Fafião - Romariz, e de Maria Rosa de Jesus, rendilheira, natural de Guisande, sendo neto paterno de Bernardino José Lopes e de Ana Maria da Silva, e neto materno de Manuel José da Mota e de Maria Rosa.
Não consegui estabelecer nestas famílias acima indicadas, qualquer relação com os Lopes de Guisande, objecto principal do aqui falo, mas é natural que, pela relação de apelidos e até mesmo na inclusão do José, no caso Manuel José Lopes e Bernardino José Lopes, é perfeitamente admissível teorizar que exista mesmo uma relação a ramos ascendentes e também com origens a Videmonte - Guarda.
Outro exemplo: Por Setembro de 1754, no lugar do Outeiro morava o casal Manuel Alves Lopes e Isabel Francisca de Jesus. Ele era filho de Manuel Alves e de Maria Lopes, de Valega - Ovar e ela era filha de Domingos Pereira e de Maria Ferreira, do lugar da Pereirada, Guisande.
Deste casal Manuel e Isabel consegui identificar como filhas a Maria, nascida em 7 de Setembro de 1754 e a Tedoósia, nascida em 23 de Novembro de 1758.
Têm ainda como apelido Lopes, por parte da mãe, a Adelina, que era de Canedo, os filhos de Manuel Armando dos Santos (Manel da Joana), que foi do lugar da Lama, como a Maria do Céu, a Paula, a Alzira, a Isabel, a Deolinda e um outro irmão. Em Canedo existem várias famílias de apelido Lopes, pelo que não surpreenderia que com antepassados relacionados aos também antepassados Lopes de Guisande, nomeadamente derivados dos atrás referidos filhos do Manuel Lopes, que foram em número significativo.
Por enquanto fica por aqui a saga dos Lopes de Guisande. Pode carecer de uma ou outra actualização ou correcção, que farei conforme for encontrando novas informações, mas já é um bom ponto de partida, nomeadamente se a alguém da família interessar estabelecer a sua árvore genealógica. Pela minha parte estes apontamentos decorrem do interesse próprio de conhecer as origens e teias familiares de algumas das famílias da nossa freguesia. Já o fiz por aqui com outras famílias e, com tempo, continuarei com outras.
![]() |
Igreja matriz de S. João Baptista de Videmonte - Guarda, terra onde desemboca a proveniência do apelido Lopes em Guisande [fonte: wikipedia] |
Creio que já o escrevemos por aqui, desde que há casamentos que nunca deixou de haver mães solteiras e sobretudo com os progenitores a não assumirem a paternidade e responsabilidades inerentes, fosse por verdadeira incapacidade de os responsabilizar ou por silêncio comprado ou ameaçado, sobretudo quando os progenitores já eram homens casados e de estatuto social incompatível com a "vergonha" ou infidelidade a assumir. Acontecia, por exemplo, com patrões relativamente a criadas.
Por conseguinte, nos velhos assentos paroquiais dos baptismos, são frequentes as referências a filhos naturais, não reconhecidos como legítimos, de mulheres e raparigas solteiras. Mas também eram considerados filhos naturais e não legítimos todos os que nascidos fora do casamento, como o caso constante num assento de baptismo de uma Petronilha, nascida em 7 de Julho de 1752, filha de Pedro de Oliveira, homem casado, do lugar de Trás da Igreja e de Maria Guedes, viúva que ficou de Manuel Francisco, do lugar de Casaldaça.
Ora num desses assentos, de uma rapariga a quem foi dado o nome de Getrudes, nascida em 29 de Março de 1739, filha de uma Maria, solteira, esta filha de Manuel da Mota e de sua mulher Domingas da Mota, do lugar da Pereirada, é curiosa a narrativa feita pelo pároco de S. Mamede de Guisande, o Abade Manuel Carvalho, nos seguintes termos: "..e perguntando à dita Maria, solteira, quem era o pai da dita criança, me respondeu que indo ela em fim do mês de Junho próximo (1), passando à freguesia de Cesar, em o caminho zombara dela um homem que ela não conhecera e dele ficara prenhe, em fé do que fiz este assento, que comigo assinarão o padrinho da baptizada e Manuel Francisco, de Cazaldaça, ambos desta freguesia".
(1) - creio que pretendia dizer "Junho passado"
Em resumo, não deixa de ser curioso. Fica-se sem saber se, todavia, se no caso a Maria ficou grávida por um acto de violação ou de uma brincadeira consentida com um estranho.
Seja como for, o caso, que não seria de todo vulgar, mostra a vulnerabilidade das mulheres e raparigas em certas situações e sem que houvesse justiça capaz de obrigar à assunção da responsabilidade paternal. Certo é que, a ter em conta a descrição, a rapariga iria sozinha a caminho de Cesar (seria à feira e já existiria nesse tempo ?) e pelo caminho foi abordada por um estranho que "zombou" dela. Dessa "zombaria" passados nove meses nasceu a Getrudes, filhinha de pai incógnito que teve a desfaçatez de "zombar" de uma inocente rapariga a caminho não de Viseu mas de Cesar.
Noutros assentos paroquiais similares, volta a ser usado o termo "zombar", no que modernamente poderemos traduzir como "abusar" ou mesmo "violar".
Pelo assento de baptismo de uma rapariga de nome Escolástica, nascida em 5 de Fevereiro de 1738, o seu pai, um Francisco Guedes, do lugar do Reguengo, já ía na sua quarta mulher, a Isabel Francisca.
O homem não teria um harém, mas tão simplesmente porque, certamente, por falecimento das anteriores esposas. Nessa altura a morte em idades jovens era frequente, nomeadamente durante a gestação ou o parto. Também não é de supor que o homem somasse divórcios pois por esses tempos era coisa rara ou mesmo inexistente.
Para além dessa particularidade, o assento feito pelo abade Manuel de Carvalho, então pároco de S. Mamede de Guisande, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário, revela-nos que o padrinho da Escolástica foi um Manuel Ferreira, que era "caseiro dos padres desta Igreja de Guisande". Ora, padres, no plural, significa que havia na igreja mais que um padre? Efectivamente sim, no caso o Pe. Manuel Rodrigues da Silva, que então era assistente do Pe. Manuel de Carvalho. Este Pe. Manuel Rodrigues da Silva acabou mesmo por suceder ao Pe. Manuel Carvalho como pároco da nossa freguesia a partir da data da sua resignação por motivo de doença, em 1750. Acabou por falecer o fundador da Irmandade em 4 de Fevereiro de 1758.
Apesar de tudo não deixa de ser curioso e interessante que estivesse o Pe. Manuel Rodrigues da Silva tantos anos como assistente. Outros tempos, com fartura de sacerdotes.
Já agora, refira-se que deve-se a este Pe. Manuel Rodrigues da Silva a construção da torre da nossa igreja, em 1764.
Fica aqui este interessante apontamento, que apesar de parecer coisa pouca, revela vários pormenores e mesmo muito da realidade social da época.
Finalmente, o nome de Escolástica, parece-nos fora do comum, mas na época embora não muito corrente era usado. Isto certamente em devoção a uma santa que teve esse nome, concretamente Santa Escolástica de Núrsia que era irmã do conhecido S. Bento.
Nascimentos em Guisande (de 1844 a 1859).
Os números a seguir, correspondentes a pouco mais que uma década, revelam que, ao contrário do que era habitual, os rapazes foram nascendo em maior número que as raparigas. Nota-se também que não houve uma tendência de crescimento pois em 1844 nasceram 19 crianças e dez anos depois apenas 14. Pelo meio, em 1855, apenas 10.
Importa referir que estes números até são percentualmente interessantes pois por esses anos a nossa freguesia tinha à volta de 500 habitantes residentes. Em 1864 tinha 529, em 1878, 456 e em 1900, ao virar para o século XX, tinha 550 moradores. Só em 1960 é que ultrapassou o milhar de habitantes residentes.
1844
Rapazes: 10
Raparigas: 9
Total: 19
1845
Rapazes: 5
Raparigas: 8
Total: 13
1846
Rapazes: 9
Raparigas: 7
Total: 16
1847
Rapazes: 9
Raparigas: 8
Total: 17
1848
Rapazes: 9
Raparigas: 5
Total: 14
1849
Rapazes: 6
Raparigas: 5
Total: 11
1850
Rapazes: 9
Raparigas: 5
Total: 14
1851
Rapazes: 9
Raparigas: 9
Total: 18
1852
Rapazes: 9
Raparigas: 10
Total: 19
1853
Rapazes: 4
Raparigas: 7
Total: 11
1854
Rapazes: 8
Raparigas: 6
Total: 14
1855
Rapazes: 5
Raparigas: 5
Total: 10
1856
Rapazes: 4
Raparigas: 6
Total: 10
1857
Rapazes: 8
Raparigas: 6
Total: 14
1858
Rapazes: 4
Raparigas: 6
Total: 10
1859
Rapazes: 10
Raparigas: 7
Total: 17
1868:
Total: 12