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20 de setembro de 2023

Alfaiate setecentista


Por este assento de baptismo de um José, nascido em 28 de Abril, do ano de 1742, ficamos a saber que existia em Guisande, no lugar de Fornos, um alfaiate, de nome Manuel Francisco, marido de Maria de Pinho, que era sua segunda mulher. Curioso o facto do seu filho José ter tido como padrinho de baptismo o padre José Pinto, do lugar das Quintães. À falta de mais elementos, incluindo os apelidos e os nomes dos avôs, que o assento não fornece, ficamos sem saber se esse sacerdote era ou não familiar do alfaiate, presumindo-se que sim pois era normal ser alguém da família. 

Ainda deste alfaiate encontrei o nascimento de outros filhos, o  Mateus, nascido em 21 de Setembro de 1743, a Jacinta nascida em 14 de Abril de 1745 e a Teresa nascida em 20 de Setembro de 1746.

Percebe-se pelas datas aproximadas do nascimento dos filhos, que o alfaiate não perdeu tempo a trabalhar com as linhas com que se cosem a família.

Nesse ano de 1742 era pároco em Guisande o abade Manuel de Carvalho, que fez o referido assento de baptismo, tendo sido o fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário aqui em Guisande, secular entidade que ainda existe.

Quanto ao padre José Pinto, das Quintães, o seu nome consta na lista de sacerdotes nascidos em Guisande, a qual integra a monografia "Defendei Vossas Terras", do Cónego Dr. António Ferreira Pinto, edição de 1936. Sobre o referido sacerdote das Quintães é dito que "...em 1769, tinha 79 anos e fora ordenado cm 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor."

Dos alfaiates conhecidos que tiveram oficina em Guisande, desde logo lembramos o Joaquim Dias de Paiva, "O Pisco", que viveu no lugar da Igreja. Este Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso. 

Era filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande). Era neto paterno de Jerónimo de Paiva e de Maria Teresa de Oliveira. Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus. No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907. Teve vários irmãos, entre os quais o António, o Bernardo, a Miquelina, o José e o Guilherme. 

Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.

Desta família Dias de Paiva publiquei aqui já alguns apontamentos genealógicos.

Quanto a alfaiates em Guisande, para além do Joaquim Dias de Paiva, e o mais recente de que tenho memória, foi o senhor Delfim Gomes da Conceição, no lugar de Casaldaça, conhecido pelo "Delfim do Serra" ou pela alcunha "o Piranga" que trabalhava com as filhas.

Pelas minhas pesquisas pelos velhos assentos paroquiais recordo-me de passar ainda por um outro alfaiate guisandense, ali pelo século XIX, mas não anotei o nome, pelo que oportunamente tentarei procurar e actualizar aqui este apontamento.

3 de agosto de 2022

Regedores e outras histórias

No desenvolvimento do livro que estou a preparar sobre aspectos da freguesia de Guisande, que, como já tenho divulgado, pretendo ter publicado lá para a Páscoa do próximo ano, um dos apontamentos que quero incluir é a lista dos regedores. 

Para além da lista dos nomes que for possível encontrar, procurarei fazer uma contextualização histórica sobre este importante cargo que durou basicamente desde as primeiras reformas administrativas do liberalismo, essencialmente depois de 1835 com a criação dos cargos de comissários de paróquia e depois em 1836 com a substituição destes pelos regedores, até à introdução da Constituição da República Portuguesa, depois da revolução do 25 de Abril de 1974, e pela Lei 79/77, de 25 de Outubro, com a atribuição das competências das autarquias locais, altura em que o cargo de regedor foi extinto.

De um modo resumido, os regedores eram os representantes do poder central junto das paróquias e depois freguesias, enquanto unidades de base da teia da administração territorial, e por isso junto das comunidades de paroquianos e fregueses.

Essencialmente competia aos regedores garantir o cumprimento e respeito pelas ordens, deliberações e posturas emanadas dos município, os regulamentos de polícia, levantar autos de transgressão, auxiliar as autoridades policiais e judiciais sempre que necessário fosse, agir de modo a garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, auxiliar as autoridades sanitárias, garantir o respeito pelos regulamentos funerários, mobilizar a população em caso de incêndio e cumprir outras ordens ou instruções emanadas do presidente da câmara municipal.

Apesar de todas essas responsabilidades, e que nos primórdios do cargo, antes de uma separação formal das paróquias e freguesias, se juntavam obrigações relacionadas à igreja, um pouco do que modernamente compete às Comissões Fabriqueiras, os regedores eram cargos não profissionais, acumulados às funções diárias ou profissionais, e por isso mal pagos, apenas usufruindo de algumas regalias e emolumentos ocasionais. No entanto, compreende-se que pela sua natureza e representação das autoridades administrativas, judiciais e de segurança, os regedores eram regra geral figuras de prestígio e respeitadas nas paróquias e depois nas freguesias. Tal importância e tal poder, em muitos casos e sobretudo nos primórdios, fizeram com que muitos regedores ultrapassassem as suas competências usando-as de forma discricionária e abusiva, sem qualquer controlo das entidades superiores. Por dá cá aquela palha, detiam e prendiam qualquer pessoa com que não simpatizassem. Em contrapartida, muitas vezes eram alvo de partidas e de outras artimanhas.

Neste estado de coisas são mais que muitos os episódios, mais ou menos caricatos, mais ou menos particulares que se contam à volta dos regedores. Mesmo em Guisande, os mais velhos, os que ainda se lembram dos regedores, recordam-se de algumas peripécias e episódios curiosos. Mas isso ficará para outra altura e para o livro

Por ora, a este propósito de situações engraçadas,  transcrevo uma crónica do escritor Alexandre Perafita:

Quem se lembra dos velhos “regedores”?

Muitos deles andaram na 1ª Grande Guerra, onde chegaram a cabos e a sargentos, e, regressados às suas aldeias, vinham com o prestígio reforçado. Logo, ninguém lhes negava a autoridade. Usavam, e sabiam usar, armas. Queixas de desacatos era com eles, resolviam-nas muitas vezes à lambada. Tinham poderes para prender e castigar os faltosos quando estes revelavam comportamentos cívicos impróprios. Era roubos de lenha, estupro de raparigas, grandes bebedeiras, cabras que comiam videiras alheias, disputas de regos de água, passagens em caminhos particulares. Podiam entrar na casa de qualquer pessoa. Em desacatos conjugais faziam de conselheiros matrimoniais. Zelavam pelos bens e tranquilidade das freguesias, atestavam bons comportamentos e sanidades mentais, não tinham ordenado, quando era preciso prender alguém eram responsáveis pelo preso, levavam-no a pé até à vila mais próxima, ou, sendo à noite, guardavam-no em suas casas, vigiando-o com a ajuda da mulher e filhos até o apresentarem à guarda republicana. Por vezes eram assessorados por “cabos de polícia” ou “cabos de regedor”. No tempo da 2ª guerra, o tempo da fome, em que a comida era racionada, a cada família era distribuído certo número de senhas, cabendo ao regedor essa distribuição.

Alguns havia que tinham um gosto especial pelo mando. Como um de que outrora se falava em Sabrosa. Contavam os antigos que havia numa aldeia um padre que tinha fama de mulherengo. Antes das moças casarem, costumava ter grandes conversas com elas, e às vezes excedia-se um bocado. Algumas não gostavam nada, está bem de ver, mas outras nem se importavam. Até porque o padre – costumava dizer-se – é uma amostra de Deus. O pior é que nessa mesma aldeia havia ainda um daqueles regedores que gostavam de mandar em tudo. Nos cabos de polícia, nos bêbados, mas sobretudo nos padres. E como ele conhecia bem este, mais as suas artimanhas, roía-se de inveja pelos sucessos que o padre tinha junto das mulheres. Dizia-se então que, quando era para atestar o documento de casamento das moças, o regedor escrevia assim: “Atesto por trás o que o senhor padre já atestou pela frente”

20 de dezembro de 2021

Quando a sala privada era um auditório público


As emissões regulares da televisão em Portugal começaram em 7 Março de 1957, mas um pouco antes, em 1956, houve emissões de carácter experimental, em instalações na Feira Popular de Lisboa. Apesar de uma programação inicial minimalista e com horário muito reduzido, a televisão depressa se transformou num fenómeno nacional e numa curiosidade que só terminava quando a emissão encerrava diariamente ao som do Hino Nacional.

Os aparelhos naturalmente começaram por ser poucos e caros, e com captura de sinal apenas em certas zonas do litoral, e desse modo não surpreende que as pessoas começassem a frequentar os locais mais ou menos públicos que tinham capacidade de instalação. Como nas demais aldeias, na freguesia de Guisande foram alguns cafés e mercearias como as do Sr. Joaquim Ferreira Coelho, em Fornos, e do Sr. Elísio dos Santos, em Casaldaça, logo na primeira metade da década de 1960, os primeiros a abrir essa janela que, mesmo condicionada por um regime de censura, nos alargava os horizontes. Depois, aos poucos, algumas casas particulares mais abastadas também foram adquirindo a caixa mágica.

Pela minha parte e das minhas recordações, no lugar de Cimo de Vila foi o meu avô, Américo Fonseca, o primeiro a adquirir o aparelho, o que terá sido no ano de 1966 e poucos anos depois, na casa do meu tio Avelino, por onde acompanhei as notícias e os acontecimentos da revolução do 25 de Abril de 1974. Seguiu-se, no Viso, a chegada a casa do meu tio Joaquim e em Casaldaça à mercearia do Sr. Domingos Sá. Aos poucos, pelos diferentes lugares. Em casa de meus pais, creio que por 1979 ou mesmo já no início de 1980. 

As emissões regulares no sistema a cores aconteceram aquando da transmissão do Festival RTP da Canção, em 7 de Março de 1980, em que sairia vencedor o José Cid com a canção "Um grande, grande amor". Todavia, poucos foram os que tiveram capacidade de mudar de televisor capacitado para a recepção a cores e por isso não surpreende que uma vez mais tenham sido os cafés a tomar a dianteira. Só muito mais tarde, aos poucos, os velhos aparelhos, os blaupunkts, os telefunkens e os philcos foram postos de lado.

De lá para cá todos conhecemos mais ou menos a evolução da televisão em Portugal, da RTP, dos seus diferentes canais, como o canal único e depois no Natal de  1968 a RTP2, conhecida como 2º programa, na banda UHF, o pagamento de taxa,  o aparecimento de novos canais privados, com o aparecimento da SIC, em 6 de Outubro de1992 e da TVI em 20 de Fevereiro de 1993, até à internacionalização dos sinais, e mais recentemente a emissão pela internet, cabo e satélite. Haverá certamente muito caminho a percorrer, ainda que tecnologicamento pareça que já não há muito mais a fazer, mas seguramente já sem a dimensão e amplitude das mudanças e evoluções ocorridas nos primeiros 30 ou 40 anos.

Voltando às minhas memórias de televisão desses primeiros tempos, recordo que na casa do meu avô, em Cimo de Vila, aos domingos, e sobretudo no Verão, logo a seguir ao almoço, e porque a sala era pequena, o televisor era colocado à porta da sala e voltado para o pátio comprido e estreito onde aos poucos a gente do lugar se acomodava, formando uma plateia compacta para assitir às novidades. Normalmente a coisa começava com o "TV Rural" onde o Eng.º Sousa Veloso nos trazia as novidades das coisas das lavoura. Também, muito apreciado o programa apresentado pelo Pedro Homem de Melo que nos trazia o folclore nacional. Marcantes, a visita do papa Paulo VI a Fátima, em Maio de 1967, bem como a chegada do Homem à Lua, em Julho de 1969.

Pelo meio, no dia-a-dia, a constante escapadela de casa e das tarefas para ir a casa do avô e padrinho para assitir aos desenhos animados e às séries como "Bonanza", "Daniel Boone", "Skippy", "Daktary"e tantas outras que nos marcaram a infância. Um pouco mais tarde em casa do meu tio Avelino e do meu tio Joaquim, repetiam-se as plateias de vizinhos para assitir aos filmes, como o "Lancer", na sexta-feira à noite, e a outras aventuras de índios e cowboys.

Aos Domingos à tarde, a coisa era complicada para a criançada, pelo que com a obrigação da Catequese, marcada para as 14 horas, seguida da reza do Terço, ou perdia-se a televisão e as aventuras ou ganhava-se uns "galos" nas cabeças, esculpidos à mocada da mão pesada do Sr. Vigário Pe. Francisco. Desse modo, escapar pelo menos ao Terço para fugir até aos cafés de Casaldaça era um misto de aventura e de loucura, já que raramente se escapava ao castigo, e desculpas de dores de barriga ou de dentes, ou outras artimanhas, não serviam de atenuante. Só agravava o peso da coça. Nesses tempos as queixinhas aos papás valiam e duravam tanto como manteiga em nariz de cão.

Seja como for, foi assim que  a malta desses primeiros tempos de televisão lidou com essa novidade mágica e misteriosa da televisão. Mesmo naquele pequeno e arredondado ecrã a preto-e-branco, de reduzida definição, abriam-se as portas largas para a imaginação, para uma realidade fantástica e fantasiada que depois tinha extensão e continuidade nas brincadeiras em comum, tanto no recreio da escola como no terreiro do lugar, espaço polivalente que tanta servia aos jogos de futebol como aos jogos da macaca e do pião. Nesse tempo a televisão não era a cores, nem em alta definição em HD, nem tinha box para gravações, nem era exibida em formato gigante, mas tinha o dom e a magia de nos fazer felizes na simplicidade do pouco quante baste. 

Como dizia alguém, "éramos felizes sem o saber".

13 de agosto de 2019

Rádio Clube de Guisande - Chama intensa


Era uma vez um grupo de jovens, que algures pelo início dos anos 1980 criaram uma associação cultural e nela um jornal mensal entre outras múltiplas actividades. Bem, em rigor foi ao contrário; primeiro o jornal e depois a associação. Não foi em Lobão, Gião ou Louredo, mas em Guisande.

Poucos anos mais tarde, em meados dos anos 80, a febre das rádios locais, rádios livres ou piratas, como vulgarmente eram conhecidas, andava a atacar um pouco por todo o lado e os mesmos jovens, não de Lobão, Gião ou Louredo, mas de Guisande, decidiram criar uma rádio local. Estávamos em Agosto de 1985.

Vai daí, com o nome dado, Rádio Clube de Guisande, escolhido num dia de praia em Espinho, por Américo Almeida e Rui Giro, e com o indispensável apoio técnico do entusiasta da electrónica  António Pinheiro, e com a aderência de muitos outros jovens, em pouco tempo e após a melhoria gradual das condições técnicas, a jovem rádio chegava a muitas casas, não só na freguesia como nas freguesias vizinhas e até mais além, (depois de instalada uma antena - ela própria com uma estória) que ainda hoje resiste).

Certo é que, de acordo com o jornal "O Mês de Guisande", em Dezembro de 1986 a emissão já estava estruturada e com um vasto grupo de pessoas a dar corpo ao manifesto.
Assim: 

Domingo: Das 07:00 às 09:00 horas: "Bom Dia, Domingo", com Mário Costa e Marco Paulo Alves;
Das 09:00 às 12:30 horas: "Domini", com Américo Almeida;
Segunda-Feira a Sábado: Das 14:30 às 17:00 horas "Guisande à Tarde", com David Conceição (uma das figuras emblemáticas da RCG, na foto acima);
Segunda-Feira: Das 20:00 às 23:00 horas: Desporto e Música", com Américo Almeida, Rui Giro e Elísio Monteiro;
Terça-Feira: Das 20:00 às 23:00 horas: A Vez e a Voz", com David Conceição;
Quarta-Feira: Das 20:00 às 23:00 horas: "Rota Nocturna", com Alberto Jorge;
Quinta-Feira: Das 20:00 às 23:00 horas: A Vez e a Voz", com David Conceição;
Sexta-Feira: Das 20:00 às 24:00 horas: Espaço Jovem", com José Higino Almeida;
Sábado: Das 13:00 às 14:30 horas: Quiosque do Som", com Elísio Mota;
Das 17:00 às 18:00 horas: "Sábado Especial", com Mário Costa e Marco Paulo Alves;
Das 18:00 às 20:00 horas: "Tema Livre", com Mário Silva.

Um ano antes, em Novembro de 1985, a programação (com carácter experimental) da rádio publicada no jornal "O Mês de Guisande", com a curiosidade do primeiro logotipo:



Um pouco mais tarde, era imperioso meter ordem na casa e o Governo lá arranjou um processo de candidaturas e atribuição de frequências. Mesmo que candidatando-se com um grupo de outras boas rádios do concelho (Rádio Clbe de Guisande, Rádio de Lourosa, Rádio Santa Maria e Rádio Independente da Feira), num projecto comum designado de "RTF - Rádio Terras da Feira", as duas licenças previstas para o concelho da Feira foram atribuídas à Rádio Clube da Feira (frequência 104.90) e (com enorme surpresa) à Rádio Águia Azul (frequência 87.60 ), em 21 de Abril de 1989.

Poucos dias antes, à margem da apresentação do Programa  de Apoio às Associações Juvenis, que decorreu em Viseu, em 15 de Abril de 1989, o director do jornal "O Mês de Guisande" e da Rádio Clube de Guisande", Rui Giro, ainda teve a oportunidade de falar pessoalmente com o então Ministro da Juventude, Couto dos Santos, mas apesar das palavras de estímulo e esperança deste, tal acabou por ser inconsequente e de nada valeu o esforço.

Depois ainda subsistiu a esperança de atribuição de uma terceira frequência ao concelho numa segunda-fase, mas tal não veio a suceder.  De resto alguém no concelho, se esforçou para que não fosse atribuída uma terceira frequência.

Este foi um processo polémico em que logo se percebeu que quem melhor mexeu os cordelinhos das influências políticas recebeu a prenda.  Deu-se primazia à rádio de uma única pessoa em detrimento de uma rádio que englobava um grupo alargado de pessoas e freguesias.

É claro que depois alguém andou durante anos a fazer as devidas vénias a quem fez por isso. Coisas da política. Mas, já passaram 30 anos e alguns dos então intervenientes já por cá não andam. Coisas passadas que já não movem moinhos, nem de água nem de vento. Apenas as memórias baloiçam na brisa do tempo.

De lá para cá as referidas rádios deram muitas voltas, piruetas e cambalhotas, mas mesmo que longe dos pressupostos iniciais, lá continuam, umas vezes na onda de cima, outras na de baixo.

Pela nossa parte e de quem ficou de fora nessa época, foi pena, mas temos que admitir que era necessária ordem numa anarquia que se instalou, embora salutar. 

Certo é que enquanto durou, a "Rádio Clube de Guisande" tornou-se numa referência de cultura e convívio para muitos jovens na nossa freguesia. As memórias e saudades são, naturalmente, muitas.
De facto aqueles jovens na década de 80 não tinham internet, nem facebook, nem smartphones, e poucos tinham carro, ou, se sim, apenas chaços, mas tinham uma chama intensa e um forte espírito de grupo e partilha.

Hoje em dia, apesar dos meios tecnológicos e fácil acesso a plataformas de comunicação, incluindo de rádio e tv, não se vêem grandes projectos, sobretudo os ligados à cultura e identidade das aldeias, mas fundamentalmente boçalidades e egocentrismos. Mas há que respeitar. Afinal são novos os tempos e os sinais deles. Nem tudo mal, mas nem tudo bem.


10 de agosto de 2019

Guisande Futebol Clube - Campos de Jogos - 2


Retomando os apontamentos à volta dos campos de jogos no historial do Guisande F.C., no anterior artigo referimos que o Campo de Jogos "Oliveira e Santos" foi inaugurado  em 2 de Novembro de 1986. Todavia, as obras realizadas até àquela data foram as estritamente necessárias para as condições mínimas na altura exigidas. Por conseguinte, depois dessa importante data, o campo de jogos, tal como o conhecemos hoje, foi resultado de várias obras durante diversos mandatos e dinamizadas por diferentes corpos gerentes.

As obras iniciais não foram fáceis porque desde logo as verbas então existentes eram escassas, como na altura, em Julho de 1985 o então presidente da Direcção, Sr. Manuel Tavares, dava conta em entrevista concedida ao jornal "O Mês de Guisande". 

De facto nesse mês de Verão, as obras iniciaram-se com a terraplanagem do terreno, realizada pelo empreiteiro de Paços de Brandão, Sr. Firmino Gomes, cujos trabalhos custaram 350 contos, mas tendo sido interrompidos porque não havia mais dinheiro. Em concreto existia numa conta do Banco Espírito Santo a quantia de 200 contos transitada da anterior Comissão de Obras e angariada para o campo de jogos anteriormente previsto noutro local da freguesia, mas cujo negócio deu em "águas de bacalhau" ou mesmo como então disse Manuel Tavares "...já haviam existido duas oportunidades para se criar campos de futebol e como é sabido ambas deram em fiasco e de uma maneira esquisita".

Como fonte de receita para as restantes obras necessárias à mudança de casa, Manuel Tavares esperava o apoio e colaboração da população, emigrantes, Junta de Freguesia e ainda da Câmara Municipal com o fornecimento de material e seu transporte.
Apesar dos constrangimentos financeiros face às necessidades da obra, o presidente da Direcção do clube dizia que "...isto não é para parar mas sim para prosseguir a todo o gás".

Como curiosidade do que Manuel Tavares declarou na referida entrevista ao jornal "O Mês de Guisande", as ideias ou projectos para o novo campo de jogos, incluiriam uma pista de atletismo e balneários subterrâneos. Ainda uma bancada central.
Estas boas ideias, excepto a bancada central, nunca vieram a ser concretizadas. Obviamente que o homem sonha e a obra nasce, diz o poeta, mas sem dinheiro e recursos as coisas ficam apenas pelos sonhos. Foi o que aconteceu. Em todo o caso, o Campo de Jogos tal como existe é de qualidade significativa e obviamente que custou muito do esforço da freguesia no seu todo.

A par das dificuldades financeiras da época, surgiram problemas com os aspectos legais do terreno doado pelo Sr. Américo Pinto dos Santos e sua esposa Maria Angelina Oliveira Gomes. A Câmara Municipal ter-se-á comprometido a tratar da legalização predial, nomeadamente junto das Finanças e depois na Conservatória do Registo Predial, pelo que seria complicado avançar-se com obras sem a doação estar devidamente formalizada e o terreno no nome do clube. 

Assim, de modo a adiantar o andamento das obras, em declaração que a seguir transcrevemos, e que na altura foi publicada no jornal "O Mês de Guisande", os doadores passaram um documento no qual declaram pública e oficialmente que "...para os devidos e efeitos legais, oferecem ao Guisande Futebol Clube uma parcela de terreno , sita no lugar do Reguengo, freguesia de Guisande, concelho da Feira, com a área de 12 mil metros quadrados, destinado ao campo de futebol do clube acima citado, não podendo a colectividade dar outro uso que não seja para o fim destinado e acima mencionado".

Mais declararam que o clube assim poderia dar início às obras que fossem destinadas à construção do campo de futebol e que desde essa data seriam da responsabilidade do clube. Mais ainda, que oportunamente, logo que as Finanças indicassem o Nº da inscrição matricial, formalizariam a doação por escritura notarial.
Esperamos vir a ter a oportunidade de publicar por aqui a escritura de doação. Para já, o recorte da publicação no "MG" da referida declaração.


Como se vê, no contexto das histórias relacionadas aos campos de jogos do Guisande F.C., há vários apontamentos de interesse e que se não forem anotados obviamente que acabarão por caír no esquecimento da nossa memória colectiva.

Voltaremos ao assunto.

31 de julho de 2019

Guisande Futebol Clube - Campos de Jogos - 1


Em anteriores apontamentos sobre alguns dos aspectos históricos e desportivos do Guisande Futebol Clube, já abordamos a questão dos campos de jogos que o clube teve como seus.
Mesmo que ainda sem elementos adicionais que melhor possam contribuir para documentar esta importante questão, procuremos, todavia, ao que foi escrito, acrescentar outros apontamentos, mesmo que repetindo alguns já anteriormente publicados.

Campo da Leira

Do que tenho memória, e há quem a tenha de forma mais precisa e mais recuada no tempo, e até mesmo experienciada, no caso de quem por essa altura jogava, o Guisande Futebol Clube realizava os  seus jogos caseiros num campo localizado no lugar da Leira, já próximo do lugar da Gândara, daí ter ficado conhecido como o "Campo da Leira", implantado à face da estrada que é hoje a Rua Nossa Senhora de Fátima.
O terreno era propriedade dos pais do Jorge da Silva Ferreira, por eles cedido a título de empréstimo e por isso num contexto provisório e precário.


Acima, vista aérea do local onde existiu nos anos 70 o campo de jogos da Leira. Como se perceberá, o antigo rectângulo de jogo ocupava espaço agora ocupado por algumas habitações.

Os pormenores relativos ao campo e às obras mínimas necessárias, como terraplanagem e construção de balizas e vedação do rectângulo de jogo, têm histórias e particularidades curiosas, de que alguns felizmente ainda se lembram, sobretudo o Sr. Valdemar Pinheiro, antigo atleta, massagista e dirigente do clube. Importa, recolher no papel ou em vídeo esses testemunhos que parecendo de somenos importância, são deveras interessantes até porque ajudam a compreender a dinâmica e envolvência daquele grupo de pessoas que por esses tempos  projectavam já a formação de um clube com a identidade guisandense.

Estávamos no início dos anos 70, eventualmente ainda no final dos anos 60, e ali o clube ainda sem estar constituído como tal, disputava com alguma regularidade jogos de carácter amistoso (por vezes pouco, diga-se), essencialmente contra equipas vizinhas, como o Lobão, o Romariz, o Pigeiros e outras mais. Obviamente, com as equipas das freguesias vizinhas a rivalidade era esperada e aumentada e que por esses tempos já arrastava multidões à Leira. Sempre que havia golo, o grito da assistência entusiasmada pelo mesmo, ecoava por toda a freguesia e chegava mesmo ao alto do Viso.

O campo, sendo já quase um luxo por esses tempos, obviamente que não tinha mais nada para além de um terreno mais ou menos plano e duas balizas que até chegaram a ser de madeira e ainda uma cerca também em barrotes de madeira. Por isso, os atletas equipavam-se e tomavam banho de forma muito improvisada numa ou noutra casa no lugar da Leira (como na casa do Coelho na Leira) ou  na Gândara (no que é hoje a Casa Neves). A água, quando a havia, era do poço e fria, fosse de Verão ou Inverno pelo que os duches eram debaixo da bica bombeada na hora. - Olha, foi golo do Guisande! - comentava-se.

O campo era de dimensões reduzidas e com pouco espaço para o público, sobretudo na central nascente, entre o campo e a estrada. Entre a baliza norte e os prédios vizinhos  havia pouco espaço pelo que sempre que a bola para lá era rematada "à Romariz" - chutão para o ar, sem qualquer nexo - , era um cabo dos trabalhos para a resgatar. Podia ser alguma má vontade do vizinho, mas temos que reconhecer que também era uma chatice constante e além do mais causava estragos na horta ou no jardim. É claro que tratou-se de remediar a coisa com uma rede alta colocada no topo norte mas mesmo assim por vezes lá surgia um remate desenquadrado não só com a baliza como com a rede e a bola lá seguia aterrando num pé de alface derrubando uma couve galega.

Apesar da precariedade deste campo, certo é que ali se disputaram grandes jogos, emotivos e com assistência de fazer inveja a muitos dos actuais jogos de campeonatos nacionais.
Em todo esse tempo que durou o Campo da Leira, foi-se cimentando a identidade do Guisande F.C. e dos vários jogadores que por ali passaram, sobretudo os da terra, alguns continuaram a aventura de jogadores do clube e mais tarde dirigentes. Foi, pois, uma etapa cheia de significado.

Campo da Barrosa

O campo de jogos na Leira durou alguns anos, quase até ao final da década de 70, mas mais tarde, já com o Guisande F.C. constituído como associação e devidamente federado na Associação de Futebol de Aveiro, aconteceu a mudança de casa e da Leira mudou-se para o lugar da Barrosa, num terreno também exíguo, localizado a nascente da casa do Sr. Raimundo Almeida e onde hoje se encontra implantado um pavilhão onde labora uma actividade de embalagens de cartão.

Uma vez mais era uma casa a título provisório. Segundo o testemunho de um dos presidentes da Direcção do clube desse tempo, a utilização do espaço estava sujeita ao pagamento de uma renda mensal, embora não tivesse memória para o valor que então era pago à proprietária, a S.ra Conceição, tia do Prof. Rodrigo Correia. Segundo o Sr. Valdemar Pinheiro, há a ideia de que o valor da renda mensal seria de 150 escudos.


Acima, vista do local onde existiu o Campo da Barrosa, à face sul da  actual Rua 25 de Abril. 
Ainda existente, um anexo que engloba parte ou mesmo a totalidade do que era então o balneário. Na platibanda da fachada existia um elemento decorativo com o emblema e a designação do clube.



Acima, vista parcial do campo da Barrosa, de sul para norte. Foto de meados dos anos 1980, praticamente nas vésperas de mudança para o então novo campo no Reguengo.


O Guisande F.C. oficialmente foi fundado em 31 de Outubro de 1979, data a que corresponde a outorga da escritura pública no 2º Cartório da Secretaria Notarial da Feira, com entrada a folhas 67 do livro nº 541-B. É certo que as suas origens ou raízes são bem anteriores, mas legal e oficialmente, apenas em 1979.
Por sua vez, a constituição da associação que tomou o nome de Guizande Futebol Clube, foi publicada no Diário da República nº 296, III série, de 26 de Dezembro de 1979, conforme o testemunha o extracto abaixo reproduzido.

Nota à margem: Importa lembrar que mesmo sem actividade formal há já algumas épocas, o clube está a poucos meses de celebrar 40 anos de fundação e seria bom que algo se fizesse em favor da efeméride. Fica o repto. Quiçá um encontro convívio entre ex-dirigentes, atletas e sócios. Porque recordar também é viver.



Por conseguinte, a entrada do clube nas competições oficiais da Associação de Futebol de Aveiro acontece logo no mesmo ano da fundação, concretamente na época desportiva de 1979/1980, tendo participado no Campeonato Distrital da 3ª Divisão - Zona Norte - da Associação de Futebol de Aveiro, com 24 atletas seniores inscritos. No final da competição de 24 jornadas o clube obteve um honroso 5º lugar. Era Presidente da Direcção o Sr. Manuel Rodrigues de Paiva.

Os jogos foram, pois, já disputados no novo Campo da Barrosa. Segundo memória do Sr. Valdemar Pinheiro, o primeiro jogo oficial ali disputado aconteceu com o Mocidade Desportiva Eirolense, uma equipa da zona de Aveiro, em que o Guisande F.C. venceu por 3-1.
Sobre este clube do Eirolense, diga-se que foi fundado um pouco antes do Guisande, precisamente em 15 de Outubro de 1976.

O Campo da Barrosa tinha dimensões mínimas, com reduzido espaço para a assistência, sobretudo nas laterais, mas tinha uns balneários, muito básicos, mas suficientes para a exigências desses tempos. As balizas ali instaladas vieram do Campo da Leira e mais tarde foram para o campo do Reguengo.


Acima o local onde existiu o Campo da Barrosa durante quase toda a década de 1980. No local ainda existe, como um anexo, o que era parte do balneário do clube. Muito básico, mas melhor que nada. Por muitos outros campos de jogos da vizinhança as condições não eram muito superiores.


Uma das boas equipas do Guisande F.C. que jogou no mítico Campo da Barrosa. Entre vários atletas, alguns da casa, como Joaquim Alves (Teixeira) e António Ribeiro.

Campo de Jogos "Oliveira e Santos"

O Guisande F.C. jogou, pois, no Campo da Barrosa uma grande parte da década de 80, antes de se mudar para o Campo de Jogos "Oliveira e Santos", no lugar do Reguengo, o que aconteceu após a inauguração deste em 2 de Novembro de 1986.

O acontecimento da inauguração foi notícia em jornais nacionais, como "O Comércio do Porto" e o jornal "O Jogo", entre outros, e também mereceu reportagem do jornal "O Mês de Guisande", na sua edição de Novembro de 1986.
A cerimónia, foi uma festa rija, com a presença de  autoridades locais, dirigentes, sócios e população em geral e dela fez parte o jogo inaugural com a equipa do Macieira de Sarnes, em jogo a contar para a 2ª jornada do Campeonato Distrital da 2ª Divisão, em que venceu por 1-0.
Recorde-se que o clube havia subido da 3ª para a 2ª Divisão na época de 1982/1983, depois de ter obtido o 3º lugar na classificação geral.

Quando se dá a inauguração  e mudança para o novo campo de jogos, era treinador da equipa o carismático Carlos Pedro. Do plantel constavam jogadores como Fonseca, Baptista, Ernesto, Pedro Moreira, Armindo Gomes, Azevedo, Vítor, João, Vivas, J. Augusto, Maximino e Américo Vendas, entre outros..

O presidente da Direcção do clube, o Sr. Manuel Rodrigues de Paiva declarou nessa ocasião que as obras teriam custado ao clube a verba de 7 mil contos, uma grande parte desse dinheiro angariado em peditório à população de Guisande e junto dos associados, para além dos apoios da Junta de Freguesia e Câmara Municipal, entre outras entidades e pessoas.

É claro que o campo de jogos nessa época não tinha as condições tais como as conhecemos hoje. Foi um trabalho continuado pelos anos seguintes, com obras e melhoramentos, tanto nos balneários como nas vedações, bancada e cobertura da bancada central. Todas as obras pelos anos seguintes couberam às várias direcções do clube bem como de modo especial à capacidade do saudoso Elísio Mota que soube congregar esforços e apoios que permitiram dotar o local com boas condições, muito acima das de vários clubes com maior pujança.

Até mesmo a equipa actual designada como Veteranos Guisande F.C., pese as dificuldades, tem conseguido tratar da manutenção das instalações e, tão importante como isso, dar vida ao espaço, disputando ali um campeonato de futebol de veteranos, mesmo que fora do âmbito da Associação de Futebol de Aveiro. No caso, faz parte da Associação de Atletas Veteranos de Terras de Santa Maria, no qual tem participado com mérito.




Acima, imagens de aspectos e localização do actual Campo de Jogos "Oliveira e Santos"

Os beneméritos:

Importa para a história do Guisande F.C. realçar que a construção deste campo de jogos no Reguengo só foi possível a partir da generosidade dos beneméritos Américo Pinto dos Santos e sua esposa Maria Angelina Oliveira Gomes (já falecidos), que doaram ao clube os terrenos chamados do "Albitre", necessários ao empreendimento e respectivos acessos envolventes. Daí a designação, Campo "Oliveira e Santos", numa junção de apelidos do casal de beneméritos.

Inicialmente o espaço até foi designado pomposamente de "Estádio Oliveira e Santos", mas  soava a ambição a mais, já que na realidade era nessa altura apenas um simples campo de futebol, ainda sem vedações, sem bancada e com um pequeno balneário. Nas condições actuais justificaria melhor o epíteto de estádio, mas isso é o menos importante. Estádio, Campo ou Parque de Jogos, vai dar ao mesmo e mais importante do que isso é o peso da história carregada e o que o clube representou e ainda representa. É certo que atravessa um período sem actividade, sem corpos gerentes e sem competições oficiais, para além da boa excepção referente à actividade da equipa de veteranos, mas pelo menos importa que a memória não morra e que se mantenha a esperança de que mais cedo ou mais tarde o clube possa ser reactivado, mesmo que num contexto de actividade diferente.

Infelizmente no contexto de poder local actual, a esperança não tem muito a que se agarrar, pois deixou de haver o "amor à terra e à camisola" e por agora as freguesias são geridas como um negócio, sem afectos e com pouco respeito pela memória, tradições e identidade de um passado colectivo. Podem dizer o contrário mas a realidade desmente-os.


Lápide em mármore colocada na frontaria da entrada do campo de jogos, em reconhecimento dos beneméritos.

Muito mais haverá a dizer, sobretudo em relação a este Campo de Jogos  "Oliveira e Santos", nomeadamente quanto às questões relacionadas com a angariação dos dinheiros, promoção e realização das obras. Ficará para próximos apontamentos.

Pelo meio, há interessantes histórias à volta de outros locais que estiveram na berlinda para serem  o campo de jogos do Guisande F.C., nomeadamente em Cimo de Vila na zona do Monte de Mó, junto ao limite com Louredo, em terrenos do Sr. Manuel Pereira e ainda em Linhares, em terrenos do Sr. Abel Correia Pinto, onde actualmente se implanta a fábrica da Utilbébé. Inicialmente este terreno foi prometido e disponibilizado pelo próprio Sr. Abel, e fizeram-se trabalhos de abate de árvores, limpeza e  desvio da mina de água ali existente, mas depois e à posteriori, alguns familiares do doador vieram exigir contrapartidas, nomeadamente na abertura de uma estrada a atravessar terrenos da família e face à esta situação inesperada e inicialmente não apresentada como condição, a hipótese do campo de futebol nesse local ficou sem efeito. Porventura interessou a alguns familiares o vender em vez de doar, como veio a acontecer. É compreensível mas pena que nem sempre à palavra dada se dê o valor.

Em resumo, por promessas que não passaram disso mesmo, ou porventura a oferta de chouriços na expectativa de se receber presuntos, a angariação de um terreno e construção do equipamento, deu umas voltas e com episódios algo caricatos e que hoje até nos fazem sorrir, mas que não se vieram a concretizar pelo que o destino acabou por conduzir à oferta efectiva do terreno por Américo Pinto dos Santos e esposa e assim, finalmente, se concretizou o Campo do Reguengo.

Voltaremos a este assunto com actualizações sempre que se justificarem.

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30 de julho de 2019

Pré-Primária de Fornos - Quase 30 anos


Pode parecer mentira, mas a verdade é que o Jardim de Infância de Fornos é o único estabelecimento de ensino de Guisande com alunos. E, ao que dizem, nem todos da freguesia. 
Edifícios emblemáticos como a Escola Primária do Viso e Escola Primária da Igreja, por onde passaram e aprenderam gerações de guisandenses, estão agora, do mal o menos, entregues a outros ofícios. A Escola do Viso integrada no Centro Cívico do Centro Social e a Escola da Igreja vai sendo lugar de ensaios do grupo de concertinas " Os Alegres e Divertidos da Feira"  e ainda do Banco Social, dinamizado pelo Grupo Solidário de Guisande. Por sua vez o Jardim de Infância da Igreja está abandonado à espera de melhores dias.

É triste, é pena, mas as coisas são como são. Tal realidade resulta da situação de baixa de natalidade de que também padece a freguesia e por outro lado de algumas más políticas nacionais e caseiras que conduziram os nossos alunos para estabelecimentos vizinhos numa política de centralismo, favorecendo o desligamento das populações e a descaracterização das freguesias mais pequenas. Adiante, que é política. 

Quanto ao Jardim de Infância de Fornos vai sobrevivendo como amostra. Relativamente ao edifício, desconhecemos se com necessidades e se dotado ou não com condições plenas de funcionalidade e conforto, mas pelo lado exterior é notória uma rua em deploráveis condições de pavimento e passeios e com um arbusto verdinho mas a ocultar parte da iluminação do poste frontal, o que no Inverno é um inconveniente. Adiante. 

Quanto à sua história: Já ninguém o saberá, mas o edifício foi inaugurado em 24 de Setembro de 1989, por isso às portas de completar 30 anos.
De acordo com o publicado pelo jornal "O Mês de Guisande" na edição de Outubro de 1989, com reportagem feita pela saudosa D. Rosa de Jesus Santos (então cuidadora de crianças que ali frequentavam a escola), e face à ausência de qualquer representante do jornal "O Mês de Guisande", que não receberam qualquer convite da então Junta de Freguesia ou Câmara Municipal, ao contrário de outros jornais que se fizeram representar bem como esteve presente o saudoso fotógrafo Manuel Azevedo, na cerimónia de inauguração marcaram presença o presidente da Câmara Municipal, Alfredo Henriques, o Vereador do Pelouro da Educação, Prof. Joaquim Cardoso, o Delegado Escolar de Fiães, o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Alves, o presidente da Assembleia de Freguesia, Joaquim Ferreira Coelho, o pároco Pe. Francisco Oliveira, que benzeu e abençoou o edifício, e ainda a então educadora, a Prof.ªa Teresina, para além, naturalmente, dos alunos e pais. A educadora usando da palavra,  em contra-corrente com a pompa da inauguração, foi bem mais objectiva e de uma assentada chamou a atenção para a falta de algumas coisas, como material escolar, aquecedores, "baloiços" e "escorregas" para as horas de recreio da pequenada. 

Houve discursos, ofertas de flores pelas crianças e lanche (confeccionado pela Sr.ª Maria Madalena do "Sebastião")
O custo do lanche foi suportado a meias pela Junta de Freguesia e pelos pais (outros tempos).

Num dos discursos da praxe, o presidente da Assembleia de Freguesia, referiu então a necessidade de construção de uma escola de ensino básico no lugar de Fornos, mas obviamente que tal desejo e aspiração não passou disso mesmo, já que tal nunca se veio a concretizar. Pelo contrário, como se disse no início desta lenga-lenga, nem básico nem primário. Nada, ou quase nada. Vale-nos este Jardim de Infância de Fornos, que, poderá não chegar aos 50 anos, mas pelo menos, e porque falta pouco, tudo indica que chegará aos 30.

Notas finais:
O Jardim de Infância de Fornos, como dissemos, foi inaugurado em 29 de Setembro de 1989 mas todo o processo anterior inerente à aquisição do terreno, projecto e construção foi demorado e por diversas vezes mereceu reparos na Assembleia de Freguesia, com os deputados a pressionarem a Junta para esta por sua vez pressionar a Câmara Municipal quanto à urgência e celeridade das obras. Por conseguinte, apesar de um pequeno equipamento, a coisa não foi fácil nem rápida, mesmo então reconhecendo-se a sua necessidade.

Sobre o número de alunos que estão inscritos no Jardim de Infância de Fornos:

29 de julho de 2019

Monte do Viso - Ante-Projecto "Nova Face"


Com maior ou menor interesse, de um modo generalizado todos reconhecemos no Monte do Viso e na sua respectiva zona envolvente à Capela de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António e edifício da Escola Primária, actualmente integrado no Centro Cívico do Centro Social S. Mamede de Guisande, um dos locais mais aprazíveis da freguesia e palco comunitário de muitas iniciativas  de índole recreativo, cultural e religioso, incluindo a nossa maior festividade popular, a qual dentro de dias, já no próximo fim-de-semana, volta a ter lugar.

Todavia, o arraial ou parque do Monte do Viso, apesar do empenho depositado nele por várias juntas de freguesia e indiferença de outras, como a anterior e a actual, é fruto de uma dinâmica de interesses colectivos e singulares que não é de agora, nem das duas últimas décadas, mas bem mais de trás. 

Neste contexto, muitos já estarão esquecidos, mesmo os mais velhos, mas toda a reformulação do arranjo do Monte do Viso tal como o conhecemos na actualidade, a partir do seu aspecto anterior, tal como vemos parcialmente na foto acima, datada de 1982, tem as suas raízes numa ideia apresentada em 1986 na Assembleia e à Junta de Freguesia de então, encabeçada pelo Sr. Manuel Alves, pelo jovem deputado Rui Giro em representação da lista  FJI - Força Jovem Independente que, recorde-se, concorreu às Eleições Autárquicas de 1985 e 1989.

Essa ideia traduzia-se num ante-projecto designado de "Monte do Viso - Nova Face", cujo esquema de apresentação (reproduzido abaixo) foi publicado no jornal "O Mês de Guisande" em Novembro de 1987, cuja capa abaixo se estampa.



É certo que a solução que veio a desenvolver-se não seguiu à risca a ideia plantada no ante-projecto (nem era isso que se pretendia), que desde logo previa uma circulação marginal e envolvente, ao arraial, mas dela nasceu o interesse colectivo pela importância de dar uma nova face a esse bonito local. e fazer dele uma das nossas salas de visita.

A ideia foi bem recebida tanto pela Junta como pela Assembleia de Freguesia e depois disso foi também envolvida a Câmara Municipal, a qual veio a dar seguimento ao levantamento topográfico,  estudo e projecto. As juntas de freguesia seguintes, lideradas por Rodrigo de Sá Correia, Manuel Ferreira e Celestino Sacramento corporizaram essa ideia e aos pouco o parque chegou à configuração actual, conforme foto área abaixo. De resto, o arraial até já esteve com melhor aspecto, pois já com alguns ano decorridos notam-se naturalmente os desgastes nas pavimentações, coreto e jardins. As obras de conservação  nunca tiveram lugar e as pedras da calçada vão por ali andado ao rebolo. 

No nosso entendimento e no da FJI de então, a solução adoptada não foi a melhor e isso comprova-se pelo constrangimento viário que se verifica em dias de eventos no local. Por outro lado, o percurso da capela até ao fundo do monte deveria ser directo e apenas pedestre e não misto, com uma transição mal conseguida. Adoptou-se uma solução com menos arruamento e mais zona de parque,é certo, mas na altura mandou quem podia e quem pode manda, mesmo que mal. 

Mesmo na actualidade podia-se melhorar os aspectos de circulação com uma postura de trânsito em sentido único a envolver a Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna e Rua de Santo António, mas tal obrigaria à sua requalificação, com alargamentos e pavimentações e o poder local agora organizado numa mistura incaracterística de freguesias, cada uma a olhar para o seu próprio umbigo, não tem estado para aí virado, apesar de na Rua de Santo António, a nascente da capela, os proprietários terem chegado a acordo para ceder terreno para o alargamento o que em muito beneficiaria o local e a circulação, sobretudo em dias de eventos, tanto mais que mesmo que a meio gás,  por ali vai estando de portas abertas o Centro Cívico. 



De lá para cá, as juntas que se sucederam não deram importância ao local e as obras estagnaram e muito há a fazer. De minha parte, enquanto membro da Junta, elenquei o local como palco de intervenção e requalificação, mas, para meu desalento e decepção, sem êxito. Fala-se, agora, que estão previstas intervenções nos pavimentos e passeios, mas o mandato vai a meio e para já nada, nem sequer limpeza. Mas haja esperança porque o dinheiro quando não se gasta deve andar por algures.

Mas estas são histórias que já não são lembradas e seria bom que procurássemos saber a origem das coisas e das suas raízes. E esta do arraial do Monte do Viso tem uma, ou mesmo várias. Por aqui, aos poucos, vamos tentando contá-las, a quem interessar.

Grafismo do cabeçalho do jornal "O Mês de Guisande"

Em qualquer jornal, do mais simples e local ao mais sofisticado e global, o grafismo do título ou o seu cabeçalho, a fonte ou tipo de letra, é um elemento de imagem e identidade importante. Há jornais que o mantêm inalterado ou quase, desde os seus primeiros tempos, como é o caso do centenário "O Correio da Feira", mas é igualmente comum que de tempos a tempos e normalmente coincidindo com a data de aniversário de fundação, se altere esse mesmo grafismo, com maior ou menor amplitude. Mais do que apenas o próprio título e cabeçalho, hoje em dia os jornais renovam periodicamente todo o seu esquema gráfico e aspectos de composição, incluindo as próprias fontes (estilo de caracteres) para os cabeçalhos, títulos e artigos. Diz-se por agora que se renova a "imagem".

Neste contexto, apesar da sua simplicidade original, o jornal "O Mês de Guisande" durante os anos em que foi publicado também foi sofrendo alterações tanto no seu aspecto gráfico como no formato. Essas alterações, como já foi dito em anteriores apontamentos, decorreram em grande medida dos diferentes equipamentos de composição, maquetagem e impressão. Não surpreende, pois, que nas primeiras edições todos esses aspectos fossem muito simples, básicos até. Basta relembrar que os cabeçalhos, títulos e ilustrações eram todos produzidos à mão, um processo muito complicado sobretudo nos primeiros tempos em que a matriz era um simples stencial em papel delicado. Daí nem sempre com o rigor gráfico adequado.

Assim, ao longo dos anos em que foi publicado, o jornal teve vários designs ou estilos no cabeçalho e que mudavam a cada ano a partir do mês de Agosto, altura em que o jornal fazia aniversário.
Com as actuais ferramentas gráficas que instaladas nos nossos computadores tudo facilitam, procuramos agora reproduzir digitalmente os diferentes cabeçalhos utilizados, desde as primeiras às últimas edições. Seguem abaixo, com a ordem temporal. Qualquer imprecisão nas indicações temporais que se venha a detectar será corrigida.

Todos os grafismos, excepto o último que usa apenas a fonte "Times New Roman", foram desenhados por mim, Américo Almeida.



De Agosto de 1981 a  Julho de 1982


De Agosto de 1982 a Julho de 1983


De Agosto de 1983 a Julho de 1984



De Agosto de 1984 a Julho de 1985


De Agosto de 1985 a Julho de 1992 - Este foi o grafismo que mais tempo durou e que de algum modo se traduziu no grafismo padrão.


De Agosto de 1992 a até 1994 e depois em 2006 e 2007


2 de outubro de 2018

Guisande Futebol Clube - Dados históricos


Iniciada que está (e bem) a época 2018/2019 do Campeonato da Associação de Atletas Veteranos de Terras de Santa Maria, em que participa a equipa do Guisande, é um motivo para trazermos à memória alguns apontamentos históricos do Guisande Futebol Clube. 

Infelizmente, e por motivos mais ou menos conhecidos (ou nem por isso), mas também decorrentes de um contexto de dificuldades que têm atingido os pequenos clubes, sobretudo os das divisões inferiores das distritais, certo é que o Guisande Futebol Clube já teve melhores dias e em rigor desde há anos está sem qualquer actividade oficial e sem corpos directivos.

As dificuldades dos pequenos clubes em geral e do Guisande F.C. em particular, são desde logo de cariz financeiro, mas também de desagregação do tecido social que deixou de ter no seu clube de futebol algumas das principais referências de unidade e identidade. Também e ainda por um desinteresse geral pelo serviço de cidadania no âmbito de associações e colectividades sem fins lucrativos. Já quase ninguém quer perder tempo a dinamizar colectividades, principalmente quando sentem que a população de um modo geral é desinteressada e pouco ou nada aderente às diferentes actividade.

Neste panorama pouco auspicioso, às portas do 40º aniversário da fundação oficial, se virá ou não a ser reactivado o Guisande Futebol Clube, em que contexto e modalidades, ninguém saberá dar resposta, até porque aliado a um desinteresse geral de grande parte da população, soma-se o desinteresse das estruturas autárquicas. A reforma administrativa e a extinção de juntas de freguesias e a decorrente e infeliz união, veio agravar este fosso de desinteresse e desinvestimento e qualquer iniciativa ou apoio traz sempre um indesejável aproveitamento ou contexto político. De resto, a politiquização do clube, em diferentes épocas, ajudou em muito à desagregação do Guisande F.C. e de muitos outros clubes.

Entretanto, do mal o menos, vai dando uso às boas instalações desportivas do Guisande F.C. a equipa dos veteranos, cujos elementos têm dado um excelente contributo para a manutenção do espaço, bem como, de algum modo, a manter viva a memória da história do clube e de todos quantos ao longo dos anos a ele se dedicaram.

APONTAMENTOS HISTÓRICOS:

A História do Guisande Futebol Clube está por contar e sobretudo por escrever. Estes meus apontamentos por aqui publicados não têm objectivo de fazer uma ou outra coisa, mas apenas isso, apontamentos que mais tarde poderão ser úteis.
A organização de secretaria e de arquivo infelizmente nunca foi ponto forte do Guisande F.C., como de resto da maioria dos pequenos clubes, e por isso dali pouco de substancial se poderá colher. Será elementar que pelo menos existam livros de actas das assembleias gerais e das reuniões de direcção. Mas existem? Se sim, onde estão e com quem? Se estes elementos, básicos na actividade de qualquer associação, existirem e estiverem arquivados, poderão fornecer muitos dados e apontamentos, desde logo a constituição dos diferentes corpos directivos nas diferentes épocas bem como deliberações sobre aspectos importantes como contratos de atletas e treinadores, realização de obras relacionadas com os recintos de jogos, etc.

Também será elementar que exista uma relação de todos os atletas que nas diferentes épocas participaram nas competições da Associação de Futebol de Aveiro, tanto de seniores como dos diferentes plantéis de formação bem como dos diferentes treinadores que pela casa foram prestando serviço. Ainda quadros de competições e classificações.

Pessoalmente, e porque na época em que fiz parte da direcção do clube, já no princípio da década de 90, nada parecido com um arquivo organizado por ali vi. Bem pelo contrário, alguns papeis sem qualquer organização. Tenho, pois, fortes dúvidas que existam em arquivo todos estes elementos. A não existirem é um pedaço da história do clube que se perdeu.

Felizmente, ainda fazem parte do mundo dos vivos alguns ex-atletas e ex-dirigentes e presidentes que guardam ainda muitas memórias da vida do Guisande F.C., mesmo antes da sua filiação na Associação de Futebol de Aveiro, por isso dos primeiros tempos, de modo particular o Sr. Valdemar Pinheiro, pessoa sempre muito apaixonada pelo clube, mas muitos outros. Podem não ter documentos nem papéis, mas têm seguramente memórias e histórias. Seria importante colher dos mesmos essas memórias e testemunhos e passá-los a papel para que no futuro possam dar proveito a alguém e sobretudo à história da freguesia. É um trabalho que está por fazer.

Interessado pelo assunto sob um ponto de vista documental, aqui há uns tempos dei alguns passos e fiz vários contactos, nomeadamente junto da Associação de Futebol de Aveiro e outras entidades, no sentido de pelo menos obter e documentar aqui alguns apontamentos. Do que fui conseguindo, pode não ser muito mas é alguma coisa, até porque tenho sérias dúvida que tais informações existam e estejam devidamente arquivadas onde quer que seja a sede do clube.

Assim sendo, aos poucos irei actualizando este artigo com informações que possa obter e que considere relevantes, ou mesmo que meras curiosidades, para o que foi a História do Guisande F.C. antes e pós fundação.

AS ORIGENS - OS PRIMÓRDIOS:

Com tempo e com testemunhos recolhidos, procurar-se-à contar aqui o que há a contar, sobre esses primeiros tempos em que por Guisande, de forma mais ou menos organizada e com uma identidade ligada à freguesia se começou a dar chutos na bola e a realizar jogos entre equipas mais ou menos vizinhas. No fundo, o Guisande Futebol Clube teve uma origem em muito semelhante a outros clubes desses tempos e sobretudo das freguesias vizinhas.

Por esses tempos, o futebol distrital federado não tinha ainda a projecção que passou a ter a partir do final da década de 1970 e princípio da década de 1980. Foi por esses tempos que uma larga maioria dos clubes regionais do nosso concelho e vizinho se começaram a federar e a participar em campeonatos organizados pela Associação de Futebol de Aveiro.

Veja-se que o Guisande, como à frente se pormenorizará, foi fundado em 1979. O Romariz F.C. uns anos antes, em 1976, tal como o F.C. Pigeiros, o A.D.C. Lobão em 1978 e o Caldas de S. Jorge Sport Clube em 1980, A.D.C. Sanguedo (1975), A.D. Argoncilhe (1978). Como se vê, os clubes vizinhos tiveram a sua fundação oficial e início da actividade em provas federadas sensivelmente pela mesma altura e com uma diferença de 3 ou 4 anos entre si. Mesmo o Canedo F.C. teve a sua fundação um pouco depois, em 1984. Ainda muitos outros clubes próximos, tiveram a sua fundação por essa altura ou mesmo posteriormente.

Para exemplo de clubes do nosso concelho e vizinhos, bem mais antigos e com alguma relevância desportiva e social, temos equipas como o S.C. Espinho (1914), C.D. Feirense (1918), A.D. Ovarense (1921), U.D. Oliveirense (1922), C.D. Arrifanense (1923), Lusitânia de Lourosa (1924), Sporting C. S. João de Ver (1929), C.F. União de Lamas (1932), F.C. Cesarense (1932), Fiães S.C. (1932), S.C. Paivense (1943), F.C. Arouca (1952), A.D. Valecambrense (1962),etc,  mas todos eles clubes sediados já em sedes de concelho ou em freguesias bem mais desenvolvidas, pujantes e com maior população e que por conseguinte mais cedo aderiram ao fenómeno do futebol em contexto organizado.

Pelo final da década de 50 e princípios de 60 do séc. passado, alguns rapazes desses tempos, juntavam-se no final dos trabalhos e aos fins de semana para dar uns pontapés na bola, o que acontecia mesmo no Monte do Viso, no Largo de Casaldaça e outros locais mais ou menos espaçosos. Um pouco mais tarde, um dos rapazes da bola era o Rui Ferreira (já falecido), irmão do Jorge Ferreira, que com os colegas faziam uns jogos no terreno dos pais, localizado no lugar da Leira e que um pouco mais tarde, com a autorização dos proprietários, foi nivelado (já que descaía para a estrada) e dotado com balizas em madeira. Havia, pois, mesmo que algo improvisado, um espaço já parecido com um campo de jogos. Com estas condições, mesmo que mínimas, o grupo de rapazes alargou-se e os jogos começaram a ser mais regulares, arrastando uma assistência curiosa.

É claro que para além do campo, não existia mais nada, nomeadamente balneário, pelo que os atletas antes dos jogos mais importantes equipavam-se e tomavam banho de forma muito improvisada numa ou noutra casa no lugar da Leira (como na casa do Coelho) ou Gândara (Casa Neves). A água, quando a havia, era do poço e fria, fosse de Verão ou Inverno.

Os desafios de então eram essencialmente disputados contra equipas vizinhas, como o Lobão, o Romariz, o Pigeiros e outras mais. Obviamente com uma rivalidade esperada e que por esses tempos já arrastava multidões à Leira Sempre que havia golo, o grito da assistência entusiasmado pelo mesmo, ecoava por toda a freguesia e chegava ao alto do Viso

Em resumo, terá, pois, sido por essa altura, meados dos anos 60 que naquele grupo de rapazes e mesmo com o apoio e entusiasmo de outros mais velhos, como o Sr. Delfim da Conceição, de Casaldaça, e o Sr. José Alves (Teixeira) da Pereirada, mas outros mais, começou a germinar a vontade de se formar um clube identificado à freguesia, pelo que desde logo ficou mais ou menos definido o nome de Guisande F.C. tendo-se mesmo elaborado um distintivo (de que não temos qualquer cópia).

Por esses tempos foram definidas as cores do clube, camisola amarela e calção preto e meias amarelas com borda preta. Carecendo de confirmação dos mais velhos, creio que tal escolha se justificava, pelo menos dizia-se, pelo facto de serem as cores do S.C. Beira Mar, de Aveiro, nosso distrito, (fundado em 1922). Certo é que com mais ou menos variantes, manteve-se desde aí o esquema das cores do clube e que acabou por influenciar mais tarde as cores do brasão e da bandeira da freguesia.



Acima, uma equipa do S.C. Beira Mar, da época 1978/1979, por isso próxima à data da fundação oficial do Guisande F.C. Neste plantel, há por ali excelentes jogadores que tiveram projecção em grandes clubes portugueses, como Sousa no F.C. do Porto e Veloso no S.L. Benfica. Até Eusébio, essa lendária figura do Benfica e do futebol português, já em final de carreira (época 1976/1977), passou  pelo Beira Mar.





Acima, uma equipa do Guisande F.C. no início dos anos 70, ainda de forma não federada, numa fotografia obtida num jogo realizado no campo de jogos do S. João de Ver. Esta, por enquanto, é uma das fotografias conhecidas mais antigas de uma equipa do Guisande F.C.
Esta equipa, com a variante de mais alguns atletas, jogavam por esse tempo no Campo da Leira, ainda antes da mudança para o Campo da Barrosa e antes da sua filiação na Associação de Futebol de Aveiro.

Em cima da esquerda para a direita:
Valdemar Pinheiro (massagista), Elísio Mota, Reinaldo Pinheiro, Manuel Monteiro, Américo Santos, Ramiro Pinheiro (porta-bandeira);
Em baixo da esquerda para a direita:
Marinho Coelho, Manuel "da Fina", Rodrigo Correia, António Pinheiro, Alcino Alves, Manuel "da Xica" e "Rei".


Acima uma equipa do Guisande F.C. já no final ou meados dos anos 80 (provavelmente da época 85/86), ainda no Campo da Barrosa. Uma das boas equipas, com vários guisandenses no plantel.

Para a identificação total da equipa, pedi ajuda a um dos elementos nela representado, precisamente o Jorge Ferreira, uma das carismáticas figuras do Guisande F.C. desses bons tempos:

Assim, de pé, da esquerda para a direita: Jerónimo, João, Cadete, Maximino, Manaca, Jorge, Sousa, José Augusto, Armindo e Pedro (treinador). Em baixo, da esquerda para a direita: (não identificado, sendo que de Fiães), Jorge Ferreira, Branco, Pinho, Azevedo e Hildebrando.


Acima uma outra equipa do Guisande F.C. já no final dos anos 80 ou princípio dos anos 90, logo depois da inauguração do novo Campo de Jogos Oliveira e Santos, no Reguengo. Com a curiosidade do treinador ser o mesmo da equipa retratada acima (Pedro). Na equipa, ainda por ali alguns guisandenses.

FUNDAÇÃO:

A ideia da oficialização do Guisande F.C. surgiu como uma necessidade legal mas também em resposta ao cariz do que se pretendia como competição. De facto, a ideia inicial era que o clube participasse mais ou menos de modo informal na competição do INATEL (ainda activa), mas depressa se concluiu, mormente por influência de Manuel Rodrigues de Paiva, que seria melhor e quanto antes oficializar o clube e passar a participar nas competições oficias da Associação de Futebol de Aveiro. Foi, pois, tomada a decisão e assim se oficializou o que até ali era um clube informal.

Tenho quase a certeza que uma grande parte dos guisandenses, mesmo dos mais velhos e de quem até foi associado do clube, não sabe a data da sua fundação oficial e por isso que idade tem. Pois bem, o Guisande Futebol Clube foi fundado em 31 de Outubro de 1979, data a que corresponde a outorga da escritura pública no 2º Cartório da Secretaria Notarial da Feira, com entrada a folhas 67 do livro nº 541-B. Abaixo a sua reprodução.

É certo que a raiz do clube é anterior em pelo menos duas décadas, mas de forma oficial e legalmente constituído, o clube tem como data de fundação 31 de Outubro de 1979.

Os subscritores:
Como se poderá confirmar pela leitura da escritura abaixo reproduzida, assinaram a mesma o Manuel Rodrigues de Paiva, Júlio César dos Santos Alves, José Pires de Almeida Saraiva, Elísio Alcino Ferreira dos Santos, António de Oliveira Bastos, José de Almeida Peixoto, Valdemar Ferreira de Pinho, Domingos da Conceição Lopes e Elísio Gomes da Mota.
Poderiam fazer parte do grupo de subscritores outras figuras importantes no clube, mas não constam apenas porque na data da escritura  ou estavam ausentes ou impossibilitados por outros motivos, pelo que não acrescenta importância a quem assinou ou a retira a quem o não pode fazer.




Por sua vez, a constituição da associação que tomou o nome de Guizande Futebol Clube, foi publicada no Diário da República nº 296, III série, de 26 de Dezembro de 1979, conforme o testemunha o extracto abaixo reproduzido.

Assim, penso que para efeitos da data da fundação deve ser considerada a data da escritura pública, por ser o primeiro acto oficial, de resto a adoptada desde então pelo clube, conforme se pode perceber por alguns documentos em que constava a data da fundação, como uma convocatória/convite abaixo reproduzida. Eventualmente poderia ser admitida a data da publicação no Diário da República como a data da fundação, mas é de facto mais acertada a data da escritura.

Adquirido é que foi já quase no final do ano de 1979, e por isso no próximo ano de 2019 o clube completará 40 anos. Será um bom pretexto para a sua reactivação, mesmo que com modalidades não necessariamente filiadas.


(acima: extracto da publicação no Diario da República)



Acima o documento convite em que na parte superior, abaixo do emblema aparece estampada a data de fundação. Este documento referia-se a um convite para um jantar no Restaurante "O Algarvio", em Fornos, para convívio e comemoração da subida do clube à 1ª Divisão Distrital na época 1991/1992. Embora o convite refira o dia 20 de Junho (um sábado) não indica, porém, o ano, mas de facto foi em 1992. Apesar de não muito perceptível, assinou o convite o então presidente do clube José de Almeida Peixoto. Nessa subida de divisão era treinador da equipa sénior o Salvador Correia. Se a memória me não atraiçoa, nesse jantar convívio, muito participado, esteve também o então presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Alfredo Henriques.

OS PRIMEIROS ANOS DAS COMPETIÇÕES FILIADAS:

(Dados fornecidos pela Associação de Futebol de Aveiro - Tidos como fidedignos embora se possa admitir alguma imprecisão, que será rectificada uma vez comprovada).

Época 1979/1980: 
Presidente da Direcção: Manuel Rodrigues de Paiva.
Atletas inscritos: 24 seniores.
Participação no Campeonato Distrital da 3ª Divisão - Zona Norte - da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 5º classificado, com 24 jogos disputados.

Época 1980/1981:
Presidente da Direcção: Américo Ferreira da Conceição.
Atletas inscritos: 22 seniores e 1 júnior.
Participação no Campeonato Distrital da 3ª Divisão - Série A,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 2º classificado, com 14 jogos disputados.

Época 1981/1982:
Presidente da Direcção: Domingos da Conceição Lopes.
Atletas inscritos: 24 seniores.
Treinador: J. Oliveira
Participação no Campeonato Distrital da 3ª Divisão - Série A,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 5º classificado, com 22 jogos disputados.

Equipas participantes:

Argoncilhe, C.S. Jorge S.C., F.C. Pigeiros, Guisande F.C., Paradela do Vouga, Silveira, Mosteirô de Arouca, S.to Estevão, Talhadas, Macieira de Sarnes, Real Atlético e Ribeirinhos.

Alguns dos atletas do Guisande F.C.:
Mário, Jorge Correia, Jorge Ferreira (capitão), Cadete, Fernando, João, Elísio Mota (Alhinho), Teixeira, Victor, Pedro, Carlos Cruz, António Ribeiro, Barbosa, Américo.

Época 1982/1983:
Presidente da Direcção: Joaquim da Conceição Santos.
Atletas inscritos: 24 seniores.
Participação no Campeonato Distrital da 3ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 3º classificado, com 22 jogos disputados. Subida à 2ª Divisão.

Época 1983/1984:
Presidente da Direcção: Domingos da Conceição Lopes.
Treinador: Nóbrega (Caldas de S. Jorge).
Atletas inscritos: 28 seniores.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 9º classificado, com 32 jogos disputados.

No final desta época, a Direcção cessante apresentou o seu relatório de contas, em que tanto as despesas  como as receitas totalizaram o curioso número de 787.787  escudos, por isso sem saldo negativo ou positivo. A curiosidade da despesa com a renda do campo de jogos, então na Barrosa, ter custado ao clube 16.500 escudos, por 11 meses.
Por sua vez, a quotização dos sócios rendeu 95.230 escudos. Por essa altura o clube teria à volta de 170 sócios inscritos embora pagantes fossem pouco mais que a centena. Mas veja-se abaixo um extracto do jornal "O Mês de Guisande", de Agosto de 1984, incluindo o curioso inventário do clube à época.


Ainda nesta época de 1983/1984 decorria a campanha de angariação de fundos para a compra da bandeira do clube e que representasse o mesmo em determinadas cerimónias.
Também nesta época, no período de interregno de Verão, o clube organizou o V Torneio Popular de Futebol, o qual servia para angariar receitas bem como descobrir jogadores que pudessem interessar ao clube.

Época 1984/1985:
Presidente da Direcção: Mário Reis de Oliveira.
Treinadores: Nóbrega, Jorge Pedro e Carlos Pedro.
Atletas inscritos: 20 seniores e 1 júnior.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 4º classificado, com 26 jogos disputados.

Época 1985/1986:
Presidente da Direcção: Manuel Tavares.
Treinadores: Jorge Ferreira Pedro e Carlos Pedro.
Atletas inscritos: 23 seniores e 1 júnior.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 3º classificado, com 24 jogos disputados.

Época 1986/1987:
Presidente da Direcção: Manuel Tavares.
Atletas inscritos: 20 seniores e 1 júnior.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 5º classificado, com 26 jogos disputados.

Época 1987/1988:
Presidente da Direcção: Manuel Tavares.
Atletas inscritos: 24 seniores e 18 iniciados.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 9º classificado, com 26 jogos disputados.

Época 1988/1989:
Presidente da Direcção: Mário Reis de Oliveira.
Vice-Presidente: Manuel Henriques de Almeida.
Presidente do Conselho Fiscal: Joaquim Pereira de Almeida.
Presidente da Mesa da Assembleia Geral: Valdemar Conceição Pinheiro.
Treinador/Jogador: Bastos n(ex- guarda-redes do Grijó e depois Manuel Jesus.
Atletas inscritos: 21 seniores e 19 iniciados.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 4º classificado, com 24 (26 ?) jogos disputados.
Taça Distrital - 3 jogos.
Campeonato Distrital de Iniciados: 9º classificado na Série A com 15 jogos e 1 com falta de comparência.

Notas: Neste época foi contratado o avançado Américo Vendas ao A.C.D. Lobão.

Equipas seniores participantes na Zona Norte na época 1988/1989:

Arada A.C.
Oliveirense F.C.
Canedo F.C.
C.D. Soutense
F.C.  Pigeiros
G.D. Fajões
G.D. Mosteirô
G.D. Pedorido
Guisande F.C.
J.A. Rio Meão
Macieirense
Mosteirô F.C.
Relâmpago Nogueirense
Romariz F.C.

Época 1989/1990:
Presidente da Direcção: Manuel Tavares.
Presidente da Mesa da Assembleia: José Pereira Baptista.
Treinador da equipa sénior: Prof. José Manuel.
Mais tarde, Sr. Maia, ex- Argoncilhe, sendo que apenas trabalhou uma semana, alegando falta de condiçoes de trabalho (na realidade tinha já uma melhor proposta de um outro clube que se intrometeu e abandonou o barco quase sem começar), sucedendo-se-lhe Salvador da Silva (ex-Macieirense).
Atletas inscritos: 28 seniores e 19 iniciados.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 13º classificado, com 26 jogos disputados.
Taça Distrital - 2 jogos.
Campeonato Distrital de Iniciados: 7º classificado na Série A com 12 jogos.

Equipas seniores participantes na Zona Norte na época 1989/1990:

Arada A.C.
Oliveirense F.C.
Canedo F.C.
C.D. Soutense
F.C.  Pigeiros
G.D. Fajões (vencedor da série)
G.D. Mosteirô
G.D. Pedorido
G.D. Alvarenga
Guisande F.C.
J.A. Rio Meão
Real Nogueirense
Relâmpago Nogueirense
Romariz F.C.

Uma das equipas dessa época, utilizada no derbi Guisande F.C., 0 - Romariz F.C., 0. Na segunda volta do campeonato dessa época de 1989/1990, o Guisande F.C. perdeu em Romariz por 2-0. À 25ª jornada, por isso a duas do final, o Guisande F.C. estava na 11º posição, à frente dos últimos lugares ocupados por Romariz F.C., G.D. Mosteirô e F.C. de Pigeiros. Liderava o G.D. de Fajões.

Uma das curiosidades desta época, o Guisande perdeu o jogo em Pigeiros, por 1-0, mas venceu na secretaria já que a equipa local alinhou com um jogador que havia sido castigado. Na altura na Direcção, detectei essa irregularidade e protestando junto da Associação, esta naturalmente deu-nos razão, castigando os pigeirenses com uma derrota por 0-3 e por uma multa de 5.000 escudos. Obviamente que o Pigeiros não gostou,  o que se aumentou a rivalidade até aí já existente. Na segunda volta, o Guisande recebeu e venceu a equipa pigeirense por 3-0.

Zé Augusto, Elísio, Familiar (capitão), José Manuel (treinador e jogador), Nando, Paulo, Pinto, Seninho e Vitor. Suplentes: Marinho, Fernando, Paulo Alexandre, Vendas e Pileca.

Nota: Nesta época, então recentemente casado, fiz parte dos corpos gerentes, integrando a direcção. Uma época difícil com poucos recursos financeiros, com as despesas fixas administrativas a aumentarem e as receitas a caírem abruptamente, com o presidente Sr. Manuel Tavares constantemente a avançar dinheiro para fazer face a compromissos, nomeadamente no pagamento de prémios aos atletas.

No final da época, de que se elaborou e publicou  relatório de contas que se reproduz abaixo (uma quase novidade na época),  o prejuízo (241.183,50 escudos) foi suportado pelos dirigentes que ainda se mantinham em funções. Feliz ou infelizmente, a época desportiva não foi a melhor (13º lugar) caso contrário, com os pagamentos de prémios aos atletas, o prejuízo teria sido superior.



 Pessoalmente, apesar do prejuízo efectivo, colhi aspectos positivos da experiência e tive gosto em servir o clube, apesar de desde cedo acumular vários cargos, pois alguns dirigentes abandonaram logo no arranque da época. Também percebi que já por essa altura a questão do futebol em Guisande estava muita marcada politicamente e isso foi quase sempre um contexto de fraccionamento que nunca foi positivo. De resto, em 1989 foi um ano de eleições autárquicas e o clube estava fortemente dividido e disso se ressentiu.

Nessa altura o jornal "O Mês de Guisande", de Maio de 1990 (imagem abaixo), dava conta da necessidade de novos corpos gerentes, a tempo e horas, anunciando a marcação de Assembleia Geral para o dia 15 de Junho desse ano.


 Apesar de alguma contestação no final da época, a verdade é que os contestatários nunca apareceram em tempo útil para tomar conta dos destinos do clube para a época seguinte. Assim, apesar de várias assembleias gerais convocadas para receber candidaturas, não houve ninguém e as chaves foram entregues à Junta de Freguesia da altura, tendo esta, já praticamente em cima do início da competição, mexido os "cordelinhos" para se conseguir formar os corpos gerentes, assumindo então o cargo de presidente da Direcção, Manuel Henriques de Almeida, que em declarações na altura prestadas ao jornal "O Mês de Guisande", dizia que "...foi difícil arranjar Direcção, mas acho que juntamos uma série de pessoas capazes de fazer um bom trabalho, embora a sua maior parte tivesse aceitado os cargos com custo".

Uma vez empossados os novos corpos gerentes para a época seguinte (90/91), o presidente marcou então um jantar convívio e de celebração do 11º primeiro aniversário do clube. O jantar (imagem abaixo) teve lugar no Restaurante "O Algarvio", em Fornos, e contou com a presença dos então vereadores da Câmara Municipal, Eng.º António Topa e Eng.º António Cardoso.




Época 1990/1991:
Presidente da Direcção: Manuel Henriques Almeida.
Presidente da Mesa da Assembleia: Carlos da Silva Cruz.
Treinador/Jogador: Manuel Jesus.
Treinador dos juvenis: António Pinheiro.
Atletas inscritos: 25 seniores, 12 juvenis e 6 iniciados.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 7º classificado, com 26 jogos disputados.
Taça Distrital - 2 jogos.
Campeonato Distrital de Juvenis - 2ª Divisão - Zona Norte: 8º classificado com 16 jogos.

Equipas participantes:
Canedo
Real Nogueirense
Relâmpago Nogueirense
Pedorido
G.D. Mosteirô
Romariz F.C.
F.C. Pigeiros
Guisande F.C.
Mosteirô F.C.
Palmaz
Oliveirense
Cruz
Sardoura .

Uma das equipas no jogo em que o Guisande F.C. recebeu e venceu o Sardoura por 1-0:
Meireles, Beto, Mota, Jorge e Rogério, Hélder, Rocha, Ismael, Vendas I (Betinho na 2ª parte), Barbosa (autor do golo), Maximino (Quintino na 2ª parte.

Esta época de 1990/1991, começou com dificuldades directivas, já que concluído o mandato dos anteriores corpos gerentes, que se depararam com muitas dificuldades incluindo financeiras de modo que tiveram que suportar o prejuízo do exercício com dinheiro próprio, e por isso sem vontade de continuar, houve necessidade de eleger novos corpos gerentes. Foram realizadas várias assembleias com esse objectivo, nomeadamente a 20 de Julho de 1990, mas tal como nas anteriores sessões, ninguém apareceu para assumir os destinos do Guisande F.C. Assim, as chaves das instalações foram entregues à Junta de Freguesia. Com grandes dificuldades lá se conseguiu arranjar gente capaz e assumiu como presidente da Direcção o Manuel Henriques de Almeida.

Época 1991/1992:
Presidente da Direcção: José de Almeida Peixoto.
Treinador: Salvador Correia.
Atletas inscritos: 27 seniores, 12 juvenis e 6 iniciados.
Participação no Campeonato Distrital da 2ª Divisão - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 1º classificado, com 24 jogos disputados (vencido na final com o vencedor da Zona Sul). Subida à 1ª Divisão B.
Taça Distrital - 2 jogos.
Campeonato Distrital de Juvenis - 2ª Divisão - Zona Norte: 8º classificado com 16 jogos.

Equipas participantes:
Guisande F.C.
Romariz F.C.
Azurva
Oliveirense
Macieira
Palmaz
Azuis Fial
Sardoura
Alquerubim
Vila Viçosa
Gafanha
Jovouga

Uma das equipas do Guisande F.C. no jogo realizado em Palmaz -Oliveira de Azeméis (1-1):
Lázaro, Familiar, Mota, Resende, Bino, Henriques, Paulo Pileca (marcador do golo), Alcides, Fernando, Paulo Jorge e José Manuel. Suplentes: Ivo, Paulo Pinto, Almeida, Joaquim Pinto.
Nota: Nesta época, com grande mérito, a equipa subiu à 1ª Divisão B Distrital - Zona Norte. Depois da subida da 3ª para a 2ª Divisão, conseguida na época 1982/1983, esta nova subida de divisão foi histórica para o clube tendo em conta a sua dimensão. Na 1ª Divisão B, por´andou até à época 1994/1995 em que se classificou  em 4º lugar. Infelizmente, naturalmente com uma decisão difícil de tomar,  porque certamente devido a dificuldades directivas e financeiras, na época seguinte de 1995/1996, com Elísio Gomes da Mota como presidente da Direcção, o clube não inscreveu a equipa sénior mas apenas equipas de juvenis e iniciados. Perdia assim o lugar nessa divisão caso viesse mais tarde a retomar a actividade da equipa sénior. De certo modo esta decisão resultou já num virar de página quanto à filosofia do clube, a antever uma vocação de formação e com menos ênfase na equipa sénior..
Por conseguinte, com esta paragem, a equipa de seniores só voltou ao activo na época 2001/2002, novamente com Elísio Mota como presidente da Direcção, participando então competindo no campeonato Distrital da 3ª Divisão, o mais baixo da Associação de Aveiro, onde notavelmente se classificou em 2º lugar subindo à 2ª Divisão na qual na época seguinte se classificou em 8º lugar na Zona Norte.
A equipa sénior participou na competição até à época 2005/2006, em que se classificou no 10º lugar na Zona Norte do Campeonato Distrital da 2º Divisão. A partir da época 2006/2007, nova paragem da equipa sensor, com a clube a participar apenas nos escalões de iniciados, infantis e escolas.

Os seniores voltaram ainda na época de 2011/2012, com José de Almeida Peixoto na presidência da Direcção. Recorde-se que Elísio Mota, um nome incontornável na história do Guisande F.C. faleceu inesperadamente pouco tempo antes (16 de Dezembro de 2010).

Infelizmente as coisas prometeram muito mas na época seguinte, com dívidas na Associação de Futebol de Aveiro e parece que também algumas responsabilidades nas Finanças, o Guisande F.C. terminou definitivamente a sua actividade, sem qualquer competição filiada ou informal, situação que se mantém actualmente.
Como se disse na introdução inicial, pelo menos os veteranos vão dando uma utilização às instalações desportivas e de algum modo a serem a continuidade da memória do clube.

Época 1992/1993:
Presidente da Direcção: Celestino da Silva Sacramento

(Nota: Apesar de Celestino Sacramento ser aqui indicado como presidente nos dados recolhidos junto da Associação de Futebol de Aveiro, temos a indicação de que terá sido Manuel Rodrigues de Paiva, de resto como noticiou então (Julho de 1992) o jornal "O Mês de Guisande". É uma questão a confirmar, ou se eventualmente terá acontecido mudança de presidente no decorrer do mandato).

Treinador: Salvador Correia.
Atletas inscritos: 25 seniores.
Participação no Campeonato Distrital da 1ª Divisão B - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 10º classificado, com 30 jogos disputados.

Equipas participantes:
Milheiroense
S. Vicente de Pereira
Lobão
Fajões
Torreira Praia
Caldas de S. Jorge
Real Nogueirense
Argoncilhe
Soutense
Guisande F.C.
Romariz
Murtoense
Relêmpago Nogueirense
Alvarenga
Mosteirô

Uma das equipas do Guisande F.C. no jogo em que recebeu e venceu o Romariz F.C. por 1-1:
Ivo, Baltazar, Chico, Sérgio, Fernando, Carlos Sousa, Paulo Pileca, Almeida, Avelino (marcador do golo), Carlos Pedro e Romão.

Neste ano de 1992, terão sido iniciados os trabalhos da construção da bancada central. Para ajudar no arranque de tais obras, a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira atribuiu um subsídio de 1000 contos. Contudo as obras seriam iniciadas apenas com a Direcção da época seguinte.

Época 1993/1994:
Presidente da Direcção: Manuel Henriques Almeida.
Vice-Presidente: Manuel da Silva Henriques .
Presidente da Mesa da Assembleia: Mário Reis de Oliveira.
Presidente do Conselho Fiscal: Elísio Alcino Ferreira dos Santos.
Atletas inscritos: 25 seniores, 7 iniciados e 15 infantis.
Participação no Campeonato Distrital da 1ª Divisão B - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 12º classificado, com 30 jogos disputados.
Taça Distrital: 2 jogos.
Prova Extra Iniciados: 5º classificado na Série 2, com 10 jogos.
Prova de Infantis: 8º classificado na Série 1, com 14 jogos.

Equipas participantes:
S. Vicente de Pereira
Argoncilhe
Carregosense
Soutense
Canedo
Caldas de S. Jorge
Real Nogueirense
Romariz
Murtoense
Guisande F.C.
Universidade de Aveiro
Alvarenga
Pedorido
Beira Vouga
Palmaz
Torreira Praia

 Acima, extracto do jornal "O Mês de Guisande" de Outubro de 1993, em que dá conta do arranque da época bem como da composição dos corpos gerentes. A Direcção era presidida por Manuel Henriques de Almeida.

Época 1994/1995:
Presidente da Direcção: Celestino da Silva Sacramento.
Atletas inscritos: 21 seniores, 1 júnior,  15 iniciados e 3 infantis.
Participação no Campeonato Distrital da 1ª Divisão B - Zona Norte,  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 4º classificado, com 28 jogos disputados.
Taça Distrital: 3 jogos.
Participação no Campeonato Distrital de Iniciados: 7º classificado na Série 1, com 16 jogos.
Prova Extra de Iniciados: 2º classificado na Série 2, com 10 jogos.

Nota: Nesta época, apesar da excelente classificação, o clube foi bastante penalizado pela disciplina da Associação de Futebol de Aveiro, nomeadamente a atletas, dirigentes e ao próprio clube, o que certamente ajudou a que na época seguinte não fosse inscrita a equipa de seniores.

Época 1995/1996:
(interrupçao da equipa sénior) 
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 13 juvenis e 7 iniciados.
Participação no Campeonato Distrital de Juvenis da 2ª Divisão - Série A -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 7º classificado, com 20 jogos disputados.
Participação na Prova Extra Juvenis - Série A -  da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 5º classificado, com 10 jogos disputados.

Época 1996/1997:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 17 iniciados e 2 infantis.
Participação no Campeonato Distrital de Iniciados- Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 7º classificado, com 18 jogos disputados.
Participação na Prova Extra de Iniciados - Série 1.
Classificação: 4º classificado, com 10 jogos disputados.

Época 1997/1998:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 13 juvenis, 6 iniciados, 17 infantis e 10 escolas.
Participação no Campeonato Distrital de Juvenis da 2ª Divisão - Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 9º classificado, com 20 jogos disputados.
Participação na Prova Extra de Juvenis- Série 2.
Classificação: 9º classificado, com 9 jogos disputados.
Participação no Campeonato Distrital de Infantis -  Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 10º classificado, com 18 jogos disputados.
Participação no Campeonato Distrital de Escolas -  Série 2 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 4º classificado, com 10 jogos disputados.

Época 1998/1999:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 18 juvenis, 2 iniciados, 21 infantis e 12 escolas.
Participação no Campeonato Distrital de Juvenis da 2ª Divisão - Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 5º classificado, com 18 jogos disputados.
Participação no Campeonato Distrital de Infantis -  Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 2º classificado, com 18 jogos disputados.
Participação no Campeonato Distrital de Escolas -  Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 5º classificado, com 18 jogos disputados.
Participação na Prova Extra de Infantis- Série 2.
Classificação: 3º classificado, com 6 jogos disputados.

Época 1999/2000:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 15 juniores, 8 juvenis, 19 iniciados, 5 infantis e 12 escolas.
Participação no Campeonato Distrital de Juniores da 2ª Divisão - Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro. Classificação: 6º classificado, com 18 jogos disputados.
Participação no Campeonato Distrital de Iniciados -  Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 7º classificado, com 28 jogos disputados.
Participação no Campeonato Distrital de Escolas -  Série 1 -   da Associação de Futebol de Aveiro.
Classificação: 4º classificado, com 18 jogos disputados.


Época 2000/2001:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 18 juniores, 4 juvenis, 20 iniciados, 4 infantis e 14 escolas.
Campeonato Distrital de Juniores 2ª Div.(3º classificado série A, 3º série A 2ª fase, 3º série C 3ª fase - 10º no final) 24 jogos;
Campeonato Distrital de Iniciados (3º classificado série C, 8º série A 2ª fase, 2º série A 3ª fase - 28º no final) 26 jogos;
Campeonato Distrital de Escolas (6º classificado série A, 1º série B 2ª fase, 3º série F 3ª fase - 21º no final) 31 jogos.

Época 2001/2002: 
(regresso da equipa sénior)
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 23 seniores, 16 juniores, 6 juvenis, 7 infantis e 6 escolas.
Campeonato Distrital da 3ª Divisão (2º classificado zona norte) 20 jogos;
Taça Distrital (1 jogo);
Campeonato Distrital Juniores 2ªDiv.(6º classificado série B e 4º série A últimos) 32 jogos; Campeonato Distrital de Infantis (3º classificado série B e 8º série B últimos) 30 jogos.

Época 2002/2003:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 34 seniores, 10 juniores, 11 juvenis, 9 infantis e 2 escolas;
Campeonato Distrital da 2ª Divisão.(8º classificado zona norte) 30 jogo.
Taça Distrital (1 jogo).
Campeonato Distrital de Juniores 2ª Div.(4º classificado série B e 7º série A últimos) 20 jogos; Campeonato Distrital de Infantis ( 8º classificado série B e 4º série B últimos) 26 jogos.

Época 2003/2004:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 29 seniores, 1 júnior, 12 infantis e 3 escolas;
Campeonato Distrital 2ª Divisão (5º classificado zona norte) 30 jogos.
Taça Distrital (1 jogo).
Campeonato Distrital de Infantis A (7º classificado série C e 6º série B últimos) 30 jogos.

Época 2004/2005:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 30 seniores, 10 infantis e 2 escolas.
Campeonato Distrital da 2ª Divisão (12º classificado  zona norte) 30 jogos.
Taça Distrital (3 jogos).
Campeonato Distrital de Infantis (4º classif série C e 5º série B últimos) 26jogos.

Época 2005/2006:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 31 seniores, 18 iniciados e 4 infantis.
Campeonato Distrital da 2ª Divisão (10º classificado zona norte) 28 jogos.
Taça Distrital (1 jogo). Campeonato Distrital de Iniciados 2ª Divisão (6º classificado série B e 8º série A últimos) 30 jogos.

Época 2006/2007: 
(nova interrupçao da equipa sénior)
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 20 iniciados, 11 infantis e 3 escolas.
Campeonato Distrital de  Iniciados 2ª Divisão (1º classificado na série B e 5º classificado na série primeiros) 32 jogos.
Campeonato Distrital de Infantis A (5º classificado na série B e 9º classificado na série B últimos) 28
jogos.

Época 2007/2008:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 23 juvenis, 17 iniciados e 3 infantis; 
Campeonato Distrital de Juvenis da 2ª Divisão (6º classificado na série A e 5º classificado na série A últimos) 28 jogos; 
Campeonato Distrital de Iniciados 2ª Divisão (1º classificado na  série B e 2º classificado na série primeiros) 32 jogos.

Época 2008/2009:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 22 juvenis e 2 iniciados;
Campeonato Distrital de Juvenis da 2ª Divisão (2º classificado da série A e 2º classificado na série A últimos) 30 jogos.

Época 2009/2010:
Presidente da Direcção: Elísio Gomes da Mota.
Atletas inscritos: 19 juniores, 21 juvenis e 1 iniciado;
Campeonato Distrital de  Juniores da 2ª Divisão.(2º classificado na série A e 9º classificado na série primeiros) 30 jogos;
Campeonato Distrital de  Juvenis 2ª Divisão (2º classificado na série A e 7º classificado na série A
últimos) 26 jogos.

Época 2010/2011:
Presidente - Elísio Gomes da Mota (faleceu em Dezembro de 2010).
Atletas inscritos: 20 juniores;
Campeonato Distrital de  Juniores 2ª Divisão.(2º classificado na  série A e 9º classificado na série primeiros) 32 jogos.


Época 2011/2012: 
(regresso da equipa sénior)
Presidente - José de Almeida Peixoto;
Atletas inscritos: 21 seniores, 8 juniores, 11 infantis, 9 benjamins e 5 traquinas;
Campeonato Distrital da  2ª Divisão.(13º classificado na série A) 24 jogos;
Campeonato Distrital de Infantis A (7º classificado na série B e 7º classificado na série B últimos) 24
jogos;
Campeonato Distrital de Benjamins A (6º classificado na  série B e 8º classificado na série A últimos) 24 jogos;

Nota: Nesta época de 2011/2012 terminou a actividade do Guisande F.C. Tinha tido um arranque auspicioso, de certo modo para preservar o trabalho e a memória do Elísio Mota, mas foi sol de pouca dura.
Com compromissos financeiros por resolver junto da Associação de Futebol de Aveiro, que tem sido um obstáculo a uma eventual retoma da actividade, o futuro do clube não se mostra nada risonho, mas haja esperança. Assim, para já fica aqui registado algum do seu passado porque é importante que o mesmo não seja esquecido nem apagado da memória.


SÓCIOS:
Os sócios ou associados são a vitalidade de qualquer colectividade. Por conseguinte, sem eles uma associação não existe nem tem razão de ser. O Guisande Futebol Clube foi constituído como associação com os seus primeiros sócios que se podem considerar como fundadores e que formaram os primeiros corpos gerentes, divididos pela Direcção, Mesa da Assembleia Geral e Conselho Fiscal.

De acordo com a escritura constitutiva da associação Guisande Futebol Clube, os sócios podiam ter as seguintes qualidades: executantes, auxiliares, beneméritos e honorários.
Apesar de devidamente definidas, não deixam de ser curiosas as qualidades de sócios executantes e auxiliares, uma vez que o normal, para além de beneméritos e honorários, estes em regra atribuídos pela Assembleia Geral,  é a qualificação de sócios fundadores e efectivos. Todavia, compreende-se que os sócios executantes fossem todos os atletas, de resto como acontece, por exemplo, numa sociedade filarmónica, vulgo Banda de Música, em que os músicos também são sócios executantes. Também os sócios auxiliares se entende como todos aqueles que têm uma função directa ou indirecta de ajudar o clube e as suas actividades. Em suma, parece-nos normal mas a  faltar essencialmente a qualidade de sócios efectivos sendo que a designação escriturada em rigor vai dar ao mesmo.

Quando na época 1989/1990 fiz parte da Direcção do clube, constatei que em rigor não existia um registo de sócios devidamente elaborado nem pormenorizado, no que hoje se designa por base de dados com dados identificativos de cada pessoa. O que consegui ver, era uma lista manuscrita em papel de linhas, numerada entre os números 1 e 254, a que depois foram acrescentados mais números até ao 263. Tive então oportunidade de tirar fotocópias que tenho guardadas desde então e que agora público.
Como se poderá verificar, o registo é muito básico, com várias rasuras de sócios desistentes ou falecidos bem como ainda, o que nunca percebi, com vários números em branco, sem atribuição de sócios.
Creio que esta lista foi elaborada por uma das primeiras direcções para registo da própria época mas que depois passou a ser definitiva. Pelo menos até à referida época em que fui dirigente, não tive conhecimento de qualquer outro registo de associados.

Certamente que posteriormente foram elaboradas outras listas actualizadas á altura, já que o meu cartão de associado da época 1993/1994 tem o número 287 quando na tal referida lista de sócios o meu número é o 252.
Para muitos poderá parecer um pecado estar a actualizar uma lista de sócios, nomeadamente com a alteração dos números, mas parece-me irrelevante desde que se ajuste a numeração mas se respeite a antiguidade. Por outro lado, uma vez que a antiguidade não vale mais números de votos em actos eleitorais ou em votações em sede de Assembleia Geral, como acontece em muitos clubes, premiando assim a militância regular e efectiva, a actualização tem ainda menos importância. Acresce ainda que, como se compreenderá, era muito normal uma grande parte dos sócios não pagarem com regularidade as suas quotas pelo que em rigor ao fim de algum tempo de incumprimento deixariam de ser associados de pleno direito. Em boa verdade, com excepção de alguns poucos exemplos, os sócios nunca tiveram uma relação de paixão e dedicação a ponto de terem orgulho de ser associados e sempre com as cotas em dia. De resto, este é uma mal da maior parte das colectividades de pequena dimensão. Regra geral, tais sócios veem na quotização uma despesa indesejada e não um investimento na cultura e desporto ou cooperação com quem a promove.

Por não ser prática a cobrança mensal das quotas junto dos associados, porque nem existia um serviço de secretaria adequado e permanente, os incumprimentos sempre foram muitos e por isso, principalmente nas direcções presididas pelo saudoso Elísio Mota, começou a tornar-se comum a cobrança anual com o chamado livre trânsito, dispensando-se assim o pagamento extra dos sócios que acontecia nos chamados "dia do clube". Por outro lado era uma receita cobrada e garantida logo no início de cada época no que em muito ajudava o clube.









Acima, fotocópias da lista de sócios do Guisande Futebol Clube existente na época 1989/1990. Em baixo o meu cartão de sócio com "livre trânsito" referente à época 1993/1994.

OS CAMPOS DE JOGOS:
Como atrás já foi dito, do que me lembro, o Guisande Futebol Clube, ainda sem fundação e sem filiação, jogava no Campo da Leira, em terreno emprestado  pelos pais do Jorge Ferreira.


Acima, vista aérea do local onde existiu nos anos 70 o campo de jogos. Como se perceberá, o antigo rectângulo de jogo ocupava espaço agora ocupado por algumas habitações.
Depois deste local, o clube, já filiado, mudou para o Campo da Barrosa.


Acima o local onde existiu o Campo da Barrosa durante quase toda a década de 1980. NO local ainda existe como um anexo, o que era parte do balneário do clube. Muito básico, mas melhor que nada. Por muitos outros campos de jogos da vizinhança as condições não eram muito superiores.


Acima, vista do local onde existiu o Campo da Barrosa, na Rua 25 de Abril. Ainda existente um anexo que engloba parte ou mesmo a totalidade do que era então o balneário. Na platibanda da fachada existia um elemento decorativo com o emblema e a designação do clube.


Acima, a localização do actual campo de Jogos "Oliveira e Santos", no lugar do Reguengo.

Posteriormente, porque na Barrosa as condições eram básicas e o rectângulo de jogo com dimensões reduzidas, tornou-se necessário construir um campo de jogos com as condições mínimas regulamentares. Depois de várias hipóteses e promessas de terrenos, avanços e recuos, bem à moda de Guisande, o benemérito Américo Pinto dos Santos e sua esposa Maria Angelina, doaram para o efeito desportivo um terreno localizado no lugar do Reguengo, já próximo dos limites com a freguesia de Louredo (imagem acima). Ali, com o esforço e dedicação de muitos ao longo de vários anos, o campo de jogos tornou-se uma realidade e a partir já do final dos anos 80 começou a receber os jogos das competições da Associação de Futebol de Aveiro.

No ano de 1992, terão sido iniciados os trabalhos da construção da bancada central. Para ajudar no arranque de tais obras, a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira atribuiu um subsídio de 1000 contos. Uns anos mais tarde a bancada foi coberta com uma estrutura metálica, conferindo algum conforto à assistência sobretudo em dias de chuva.

Aos longo dos tempos as obras foram continuando até à situação actual em que se dispõe de uma boa e ampla bancada central coberta  e balneários e sede com bastante qualidade. O parque está vedado em todo o seu perímetro.
Não menosprezando, há ainda hoje por terras vizinhas  parques de jogos com qualidade bem inferior e, apesar de tudo, com relvados sintéticos. É claro que sem actividade e competições e por isso sem um dinamismo que o justifique, é quase um sonho esperar boas vontades e apoios de quem manda, a ponto de se poder aspirar por um relvado. O futuro o dirá, mas as esperanças, no contexto actual, são muito vagas.







Acima, fotos do actual Campo de jogos "Oliveira e Santos", utilizado pela equipa dos Veteranos Guisande Futebol Clube.

OBSERVAÇÕES:

Aos poucos irei actualizando este espaço nomeadamente completando a lista acima iniciada e cujos dados já tenho em minha posse. Um ou outro dado pode carecer de confirmação e rectificação.
Vão passando por cá. Claro que quem tiver dados, apontamentos, fotografias e ou memórias desses tempos relacionados à história do Guisande F.C. e que queiram fornecer, pode sempre contactar-me.

ACTUALIZAÇÃO:
Entretanto, em complemento a estes apontamentos, e posteriores a eles, elaboramos novos apontamentos relacionados aos campos de jogos relacionados ao Guisande F.C..