Mostrar mensagens com a etiqueta Actualidade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Actualidade. Mostrar todas as mensagens

12 de abril de 2023

TAPar buracos e totobola


Isto da TAP, a cada dia que passa é um fartote. Cada cavadela, cada minhoca gorda. O que se vai ouvindo na Comissão Parlamentar de Inquérito, diz muito ao caso.

Para além de tudo, e não é pouco, uma questão que se impõe? Para que tanta importância com a questão da urgência e necessidade do novo aeroporto de Lisboa, quando o Governo está a estrangular o alojamento local e quando em Lisboa já há controlo de estadia de turistas com o pagamento da respectiva taxa. Isto é, têm sido tomadas medidas para controlar o afluxo de turistas à capital, limitar quantos vivem e dormem. Não será, pois, mais um daqueles paradoxos da política à portuguesa!

Entretanto, parece que o Governo lançou uma plataforma onde até o Zé da Esquina e a Maria das Galochas podem dar palpites sobre a posssível localização do novo aeroporto. Surreal, mas é verdade.

Aceitam-se apostas. Pode usar duplas ou triplas!

6 de abril de 2023

Pagar para correr - Um novo negócio


Não sei se já repararam, mas a realização de eventos desportivos relacionados com corridas, trails, caminhadas e mesmo BTT, são mais que muitas e mais que as mães no nosso país, região e concelho. Basta dar uma vista-de-olhos nalguns sítios especializados para ver a quantidade de provas. Para alguns o difícil é escolher e pela coincidência de datas terão que fazer opções, mais ao perto ou mais ao longe.

Tal como acontecia pela década de 80 com os campos de futebol, em que cada freguesia queria ter o seu, o mesmo se passa agora com o organizar corridas. Nalgumas freguesias até mais do que uma, porque organizadas por diferentes associações, algumas concorrentes entre si.

Algumas dessas provas, na larga maioria destinadas a amadores, que se realizam sem qualquer controlo ao nível de doping, são patrocinadas por empresas e autarquias e como tal no essencial são de inscrição gratuita, mas no geral o que vai dando é organizar com o intuito de ganhar dinheiro. 

Diz quem sabe, que provas já implantadas há alguns anos e com uma organização mais ou menos competente e quase profissional, que reuna algumas centenas de participantes, são bem lucrativas. E isto porque, pasme-se, a malta paga para correr e caminhar, mesmo podendo fazê-lo de borla pelas estradas, caminhos e trilhos da zona. Percebe-se isso porque está essencialmente na moda e todos querem estar entre o pelotão. Fazem-no por diferentes motivações, apenas por convívio, com amigos, na desportiva, para testar as capacidades, mas também por espírito competitivo e mostrar serviço e também arranjar assunto para as páginas das redes sociais. Acima de tudo, importa que todos fiquem felizes nas suas diferentes motivações.

É certo que na maior parte dos casos o custo da inscrição nas provas dá direito a um kit com uma tshirt, eventualmente um boné, a medalha toda xpto de vulgar metal, dorsal e até um diploma de participação, ou mesmo uma garrafa de água, bolachas ou um bolo e arroz. Mas por outro lado, uma boa organização consegue todos estes artigos praticamente à borlix com recurso a patrocínios de empresas e subsídios da autarquias que normalmente se mostram com mãos largas para estas coisas que envolvam muita gente.

Em tudo isto, para além do bom pretexto para a prática desportiva, fundamental à saúde do corpo e do espírito, há naturalmente aspectos positivos porque a cada terrinha acorrem centenas de participantes, mais ou menos amadores, mas muitos com pretensões de fazerem os mínimos para irem os jogos olímpicos. Mas que a coisa está transformada num negócio, está. Que não seja fácil a uma organização gerar lucros substanciais, não será, mas com tanta quantidade de eventos a serem organizados um pouco por todo o lado, com centenas e milhares a inscreverem-se e dispostos a pagar, certamente que no geral não haverá prejuízos. Ora onde cheira a dinheiro...

28 de março de 2023

À conversa com a máquina

Tenho estado a conversar com o tão falado ChatGPT, esse modelo de linguagem baseado em IA - Inteligência Artificial. E tenho conversado, não porque tenha perdido o juízo a ponto de dar conversa a uma coisa virtual, mas apenas porque quis fazer alguns testes para ter uma opinião pessoal mais avalizada sobre as suas capacidades.

Do que testei até agora, em várias áreas, incluindo aritmética, matemática, trigonometria e mesmo programação, não há dúvida de que a IA apresenta bons resultados, embora ainda haja algumas imprecisões, dependendo da matéria. Por exemplo, em geografia portuguesa, tem-se mostrado um autêntico desastre nos testes solicitados, com grandes calinadas, a meter os pés pelas mãos. Apesar dessas (ainda muitas) imprecisões, como ferramenta auxiliar em várias disciplinas, é de facto muito consistente. 

Como muitos analistas, não tenho dúvidas de que estamos perante uma mudança significativa na forma como podemos recolher informação e produzir trabalhos com recurso a este ambiente. De resto já estão identificadas dezenas de profissões que com esta ferramenta podem ter os dias contados.

Também me parece certo que se não forem adoptadas contra-medidas, facilmente passaremos a ter estudantes com aparentes bons resultados mas sem bases, porque sem trabalho e esforço e sem qualquer mérito intrínseco. Aplica-se aqui na perfeição a analogia de que hoje em dia não importará tanto, ou de todo, conhecer as bases, os conceitos e as regras de saber fazer contas e calcular fórmulas, mas apenas saber usar a calculadora. Portanto, mesmo que com eventuais normas de utilização e directrizes de análise e mesmo fiscalização e contra-testes, a verdade é que se abriu uma larga auto-estrada que pode ser usada a favor da lei do menor esforço. É um novo paradigma porque bem sabemos que o ser humano é exímio a optar pelo lado fácil. A ética, a deontologia e outros bonitos valores, são apenas pingarelhos e rendinhas para enganar tolos e gente que ainda acredita no lado bom dos maus.

Mas, em continuação, tenho testado, igualmente e sobretudo, os conceitos e pontos de vista de valores e princípios éticos e morais e aí não há dúvida que o ChatGPT é aquilo que os seus criadores e seus treinadores querem que ele seja. Está assim fortemente formatado numa perspectiva cultural, social e mesmo moral dos valores que vão sendo regra no mundo ocidental. Ele auto-denomina-se como imparcial e sem pré-posições, mas na realidade tem e muitas. É, nesse aspecto, muito preconceituoso embora nunca o admita. Discutir com a máquina, por exemplo, questões sobre a igualdade de género e liberdade sexual, adoptando-se uma posição um pouco mais conservadora ou mesmo esgrimindo pontos de vista que são comuns e aceites noutras sociedades, como na asiática e africana, o ChatGPT não muda a agulha e bate insistemente na mesma tecla. É como um adepto de futebol que esgrime todas as suas opiniões ou informações sob o ponto de vista do seu clube, por mais contrariado que seja. Nunca dará uma ponta de razão ao adepto adversário.

É pois, repito, aquilo que os seus criadores querem que ele seja. No ChatGPT não há lugar ao contraditório e a máquina apesar das suas potencialidades ainda demonstra que até chegar a um nível de contextualização, consciência e análise de auto-crítica a ponto de validar a argumentação contrária,  ser capaz de assimilá-la como aprendizagem e a fugir um bocadinho das regras tidas actualmente na sociedade ocidental como politicamente correctas, ainda estaremos a uma enorme distância. Em resumo, este ou outros modelos de linguagem baseados em Inteligência Artificial serão sempre o que os proprietários e criadores quiserem que sejam.

Seja como for, a coisa está aí para o bem e para o mal e o que já não faltam é empresas e ambientes tecnologicos a adoptarem a ferramenta, mesmo que na versão Plus, esta paga porque adaptada e melhorada às áreas e sectores que servirão.

A ver vamos. Por ora vou testando, mesmo correndo o risco de parecer tolo.

27 de fevereiro de 2023

O ChatGPT continua a dar pontapés na cultura e na geografia

Já tenho aqui falado do ChatGPT . Por curiosidade e para aferir das capacidades desta ferramenta que está a revolucionar as plataformas tecnológicas, continuo com os meus testes. Se é certo que em muitas matérias dá cartas, continua, porém, ainda a não saber as lições e por isso a algumas questões dá erros de palmatória com informações de todo incorrectas. Por exemplo: À questão de tecer considerações sobre a freguesia de Guisande, do concelho de Santa Maria da Feira, respondeu:

A freguesia de Guisande está localizada no concelho de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, em Portugal. É uma freguesia com uma área de aproximadamente 6,4 km² e uma população de cerca de 3.000 habitantes, de acordo com os dados do último censo.

Guisande é uma freguesia com uma forte tradição agrícola, sendo a produção de vinho uma atividade importante na região. A paisagem rural, caracterizada por colinas verdejantes e vales férteis, atrai muitos turistas que procuram fugir da agitação das cidades e desfrutar de um ambiente tranquilo e natural.

A freguesia de Guisande tem uma história rica, tendo sido habitada desde a época romana. Durante a Idade Média, Guisande foi um importante centro religioso, com a construção de várias igrejas e mosteiros, como a Igreja de Santa Eulália e o Mosteiro de São Salvador de Guisande.

Atualmente, Guisande é uma freguesia em desenvolvimento, com uma economia diversificada e um forte espírito comunitário. A preservação das tradições e da cultura local é uma prioridade para os seus habitantes, que organizam várias festas e eventos ao longo do ano, como as festas de São João e a Romaria da Senhora da Guia.

Em resumo, a freguesia de Guisande é uma região com uma forte identidade cultural, paisagens naturais deslumbrantes e uma comunidade unida e empreendedora, o que a torna um lugar especial para se visitar ou viver.

Como se pode ver, para além de algumas considerações básicas e comuns a muitas aldeias, dá um rol de deficientes informações, desde logo que temos por cá um mosteiro de S. Salvador e uma igreja de Santa Eulália. Temos as festas de S. João e da Senhora da Guia. 

Tem, pois muito caminho para andar e papinha Cerelac para comer o ChatGPT e ainda não é de confiar porque  com muitas calinadas. Algumas grosseiras.

15 de fevereiro de 2023

As chatices do ChatGPT

Do tão falado ChatGPT, um modelo de linguagem baseado em Inteligência Artificial, questionado sobre as grandes limitações é a própria ferramenta quem responde:

- Como um modelo de linguagem treinado em larga escala, o ChatGPT é capaz de gerar respostas altamente coerentes e relevantes em uma ampla variedade de tópicos. No entanto, ainda há algumas limitações e falhas em seu desempenho, incluindo:

- Viés: assim como qualquer modelo de linguagem baseado em dados, o ChatGPT pode incorporar viés em suas respostas com base nos dados de treinamento disponíveis. Isso pode resultar em respostas que refletem preconceitos ou estereótipos.

- Conhecimento limitado: o ChatGPT só pode fornecer informações com base no conhecimento que foi fornecido em seu conjunto de dados de treinamento. Portanto, se houver informações ou conhecimentos ausentes ou limitados nesses dados, o ChatGPT pode não ser capaz de fornecer respostas precisas.

- Contexto limitado: o ChatGPT não é capaz de entender completamente o contexto em que uma pergunta é feita. Portanto, em algumas situações, o ChatGPT pode fornecer respostas que parecem relevantes, mas na verdade estão fora do contexto da pergunta.

- Falta de empatia e senso comum: embora o ChatGPT possa gerar respostas que parecem inteligentes e razoáveis, ele não tem empatia ou senso comum humanos. Portanto, em situações onde é necessário levar em consideração o contexto social ou emocional, o ChatGPT pode não ser capaz de fornecer respostas apropriadas.

- Erros de geração de linguagem: como em qualquer modelo de linguagem gerativa, o ChatGPT pode produzir respostas que contenham erros gramaticais ou semânticos. Esses erros podem afetar a clareza e a precisão da resposta.

Relativamente à falta de "empatia e senso comum", questionei a máquina para fornecer um exemplo de  decorrente dessas limitações. A resposta:

- Embora o ChatGPT seja um modelo de linguagem avançado e capaz de fornecer respostas úteis em muitas situações, ainda há casos em que sua falta de empatia e senso comum pode resultar em respostas inadequadas ou até mesmo ofensivas.

- Um exemplo de resposta que pode ser vista como falta de empatia ou senso comum seria o seguinte:

- Pergunta: "Minha avó acabou de falecer. O que eu devo fazer agora?"

- Resposta inadequada: "Sinto muito pela sua perda. Talvez você deva aproveitar a oportunidade para limpar a casa dela ou ver se há algo que você possa herdar."

- Embora esta resposta seja tecnicamente correta em relação à pergunta, ela não leva em conta o contexto emocional e social da situação. A resposta não demonstra empatia pela perda do indivíduo e oferece uma solução superficial e materialista para um problema emocional. Isso pode ser considerado inadequado ou ofensivo por algumas pessoas.

- Por isso, é importante lembrar que o ChatGPT é uma máquina e não possui as mesmas habilidades sociais e emocionais que os seres humanos possuem. Portanto, em situações que exigem empatia ou senso comum, é sempre importante usar o bom senso e considerar outros recursos, como conversar com amigos ou familiares, um profissional de saúde mental ou um especialista no assunto em questão.

Em resumo, de facto a ferramenta tem muitas limitações, porventura mais do que as que ela própria enumera, mas convenhamos que apresenta resultados surpreendentes em muitas matérias e como tal  pode ter um amplo e enorme contributo em muitas áreas do conhecimento, para o bem e para o mal. Os cábulas, aqueles que querem e precisam de mostrar trabalho, mesmo sem qualquer esforço ou talento, podem ter aqui um amigo para a vida e sem a necessidade de ter que o compensar com jantares ou prendas. Importa, pois, que paralelamente sejam criados mecanismos para interceptar "chicos-espertos", o que, diga-se, não será fácil.

12 de abril de 2021

Censos 2021

Começaram já os procedimentos com vista à realização dos Censos 2021, o inquérito nacional que de 10 em 10 anos procura saber e caracterizar quanto são os portugueses bem como quantificar e caracterizar o parque habitacional.

Em rigor e tecnicamente, “Censos” corresponde à designação abreviada das operações estatísticas do Recenseamento Geral da População e do Recenseamento Geral da Habitação e constituem o grande referencial de informação estatística para a caracterização sócio-demográfica da população e do parque habitacional em Portugal

O INE - Instituo Nacional de Estatística, é a entidade responsável pela sua preparação e realização e conta com a colaboração do Serviço Regional de Estatística dos Açores, da Direção Regional de Estatística da Madeira, das Câmaras Municipais e das Juntas de Freguesia.

Os inquéritos realizados pelo INE, abordam temas específicos como o emprego, a saúde, a educação ou a utilização das tecnologias de informação, sendo dirigidos apenas a amostras da população (prévia e metodologicamente selecionadas). 

Por outro lado, os Censos são exaustivos e extensíveis a todo o território nacional, permitindo recolher um leque de informação fundamental para o conhecimento e gestão do país (como demografia, educação, habitação e transportes). Os Censos 2021 são a oportunidade de fazer parte duma fotografia de conjunto do país, contabilizando e caracterizando a sua população residente e o seu parque habitacional num determinado momento – o momento censitário, definido como o dia 19 de abril de 2021.

Em cada habitação está a ser distribuído um envelope que contem dados de acesso à plataforma online em que será possível a partir do dia 19 de Abril corrente responder às diferentes questões. Em caso de dificuldade os moradores poderão deslocar-se à Junta de Freguesia.

25 de março de 2020

Indignações e indignidades

Indignamo-nos, todos, de casos "maregas", porque na essência está a premissa de sermos todos iguais, nos deveres e direitos, independentemente de raça, cor, credo, ideologias, etc. Mas depois, confrontados com o actual drama da pandemia Covid-19 à escala global, esses direitos, essas igualdades, parecem ir por água abaixo quando o critério para o auxílio e cuidados médicos, é, afinal, o critério da selecção natural, dando-se primazia do mais novo em detrimento do mais velho, do mais forte em desfavor do mais fraco. 

Não importa que um homem ou mulher de 65 anos, ou mais, tenham contribuído para o país e para o Estado, durante 40 ou 50 anos, começando a trabalhar ainda em criança, suportando dificuldades, ajudando a ultrapassar crises e desmandos de governantes, sem nada receber em troca, sem um único dia de baixa médica, sem uma despesa na faculdade, na formação académica ou profissional, ou no hospital. Na hora da verdade esse mesmo país, esse mesmo Estado, não lhe garantem uma cama, um ventilador. É triste e mesmo dramático, mas já é a verdade pura e dura em Itália, também aqui ao lado na Espanha e, oxalá que não, mas virá a sê-lo em Portugal. Uma espécie de eutanásia imposta.

Pelo menos que a hipocrisia de quem nos governa deixe cair a máscara e por mais dura que seja a realidade, saibamos quais as regras do jogo e com o que podemos contar numa sociedade de coisinhas politicamente correctas, muito "frasquinho de cheiro", polvilhada de susceptibilidades, mas que na hora do "mata-mata" revela que afinal, somos todos iguais, brancos ou pretos, mas diferentes e segregados no critério da puta-da-idade e das probabilidades de vida. Afinal pouco nos distingue da selva.

20 de março de 2020

Muitas cigarras e poucas formigas


Sem pretender fazer juízos errados e injustos, e por isso sem generalizar, mas apenas como uma reflexão, percebe-se que é em tempos de dificuldades e crises, como a que extraordinariamente vivemos, que vêm ao de cima os erros e más políticas, nomeadamente na gestão de muitas empresas e mesmo no plano familiar.

Veja-se, de modo particular, o sector do turismo, como hotelaria, alojamento local e muito do tecido da restauração: É sabido que nos últimos anos tem gozado de um crescimento muito positivo, quase exponencial, com casas e espaços constantemente cheios, quintas de eventos com marcações em lista de espera, e desse cenário idílico resultou um "boom" de oferta de alojamento, nomeadamente em cidades com peso histórico, como no Porto e Lisboa, mas um pouco por todo o lado, mesmo na nossa vizinhança. Qualquer pardieiro, mesmo que incaracterístico, era vendido como se um palácio fosse. Anda bem, porque muitos e muitos encontraram ali mais do que um complemento de rendimento. A onda era alta e todos aproveitavam.

Mesmo a folga para irmos de férias para o exterior era muita e veja-se os milhares apanhados um pouco por todo o mundo com este encerrar de portas global. Nas agências de viagens os balcões estavam sempre cheios, com gente a marcar, a marcar, a marcar. Gastar, gastar, gastar!

Enfim, muita gente e muitas empresas ganharam muito dinheiro. Mas agora que estamos a lidar com algo inesperado que está a afectar toda a economia e de modo particular o sector do turismo, é vê-los, empresários e empresas já aflitos a reclamarem rápidos apoios do Estado, aparentemente mostrando-se incapazes de suportar pelo menos um, dois ou três meses de inactividade.

De tudo isto, resulta que na generalidade tanto particulares como muitas empresas não têm sabido lidar com o tempo de vacas mais gordas a ponto de não serem capazes de acumular bases e economias que possam ser usadas em tempo de crise, como lastro em barco em mar agitado. Pelo contrário, é vida boa, à grande e à francesa e as "cigarras" da nossa sociedade gostam é do "dolce far niente". Ninguém gosta de ser formiga, pois não.

Infelizmente é o que temos e não me parece que esta mentalidade de gozar à tripa farra venha a mudar depois de alguma bonança da actual tempestade. Mas a oportunidade é de ouro para rever prioridades e valores.

15 de março de 2020

O amanhã...


Concerteza que se há-de ultrapassar esta situação, mesmo que ainda com consequências imprevisíveis.

Mas depois dos escombros, será importante que se aproveitem as lições, os ensinamentos. Desde logo ao nível do sistema de Saúde, na preparação e num estado de permanente alerta e prontidão, de stock de produtos, acessórios e equipamentos bem como valorizar todos os profissionais.

Depois que as pessoas aprendam a valorizar ainda mais as questões de saúde pública, todos os procedimentos de limpeza, tanto na nossa casa, em contexto privado ou público.

Mesmo, sobretudo para a China, que tire lições de uma absurda cultura alimentar em que se come tudo o que mexe, num comércio sem mínimas condições de higiene e controle sanitários, com contacto permanente com a vida selvagem com todos os perigos de contágio decorrentes. A revolução moderna desta grande nação também deveria passar por aí, pela mudança de cultura da higiene e da alimentação segura..

Em suma, há tanto e tanto para aprender para que depois de mitigada a crise a sociedade e humanidade em geral saia mais forte e mais preparada mesmo que tenha, e terá seguramente, mais custos.

Por ora, para além das medidas que são vão tomando em Portugal e na Europa, mesmo em todo o mundo, surpreende-me que por cima do meu quintal continuem a sobrevoar a cada minuto aviões, trazendo gente que aterra sem qualquer controlo. Nestas coisas tende a haver sempre paradoxos e Portugal é fértil neles. Não bastou tomar medidas de encerramento de escolas e outros estabelecimentos com pelo menos duas semanas de atraso, nem desvalorizar nos hospitais situações que indiciavam perigo de propagação, deixando gente livremente, para ainda se continuar de fronteiras terrestres e aéreas abertas. 

Até quando se vai continuar a facilitar?

13 de março de 2020

Reiteradamente às aranhas...


Pouco ou nada há a dizer mais sobre este filho da globalização a que chamam de Covid-19 ou Corona Vírus e que ameaça parar literalmente uma grande parte das nações, Portugal incluído.

Em todo o caso, pelo que se tem lido e ouvido de fiável por estes dias, e mesmo agora pelo que se conclui da introdução do programa "Sexta às 9", que irá passar mais logo na RTP, percebe-se que mesmo perante a inevitabilidade da propagação global, no nosso caso houve falta de bom senso e irresponsabilidade de quem leviana ou despreocupadamente foi de férias de Carnaval ou em viagens de negócios para Itália, já quando as notícias davam conta de ser um país com problemas sérios na propagação.

Por outro lado, tal como o recentemente falado caso da jovem diagnosticada com simples gripe no nosso Hospital de S. Sebastião, por várias idas à urgência, comprova-se que os serviços médicos reiteradamente desvalorizaram situações que no mínimo mereciam tratamento e análise. Não surpreende que esses casos desvalorizados tenham permitiram que os vários infectados, nomeadamente de Felgueiras, levassem a sua vida social com normalidade quase durante quinze dias, tornando-se até ao momento as principais fontes de casos no norte e que tendem a aumentar progressivamente. De quem é a responsabilidade? Dos serviços, das pessoas?

Em resumo, mesmo com o aparelho de Estado a papagaiar desde o início de que estávamos preparados, a verdade é que cedo se demonstrou que não, e mesmo com o problema ainda longe de ser mitigado, já não há capacidade de resposta e o serviço Linha 24 é disso exemplo.

Não tarda que, infelizmente, estejamos mergulhados num salve-se quem puder e cada um entregue a si próprio, quase à semelhança da peste negra na Idade Média. 

Neste aspecto, sempre que surgem estas tragédias vêm ao de cima as incapacidades e incompetências de quem nos vai governando.

Mas oxalá que toda esta reflexão não passe de um exagero e que a malta ache por bem aproveitar o fecho das escolas e universidades para dar um saltinho à praia..






6 de março de 2020

Nem tudo é a cores...

Admitindo e correndo o risco de algum exagero, pelo que vou lendo, vendo e ouvindo das notícias sobre os casos confirmados e suspeitos em Portugal do Covid-19,  parece-me que em algumas das situações houve um correr de risco desnecessário com pessoas a viajar para Itália, quando já se sabia que era uma zona de risco. Ora em férias, ora em trabalho, certo é que quase todos os casos remetem para o relacionamento de estadia nesse país.

Em todo o caso, para os apologistas da plena globalização, do que ela tem de melhor e positivo, e tem, importa também ter em conta o outro lado da moeda e que esta situação da propagação do Covid-19 é apenas um dos efeitos negativos. E não é de menor importância porque é a saúde pública global que está em causa.

As situações ocorridas nos últimos anos dizem-nos que este é apenas um episódio mas virão mais no futuro e cujas repercussões em concreto não podemos determinar, apenas suspeitar, até mesmo num contexto de terrorismo. Espalhar meia dúzias de kamikazes infectados com algo desconhecido no meio de uma multidão poderá ser mais eficaz que muitas bombas e atentados. O resto, fica por conta da globalização.

Mas isto sou eu a exagerar...

4 de julho de 2019

E falam no aquecimento global...


O mês de Junho de 2019 foi o 13º mais frio desde 1931 e o mais frio desde 2000. O valor médio da temperatura média do ar, 18.19 °C, foi inferior ao normal com um desvio de -1.23°C. O valor médio da temperatura mínima do ar, 11.66°C, foi 1.84°C inferior ao valor normal, sendo ao 4º valor mais baixo desde 1931 (mais baixo em 1972, 10.89 °C). O valor médio da temperatura máxima do ar, 24.73°C, foi 0.63°C inferior ao valor normal, sendo o 2º valor mais baixo desde 2000 (mais baixo em 2007). Valores da temperatura máxima, neste período, inferiores aos registados ocorreram em cerca de 30% dos anos, desde 1931.

[fonte: IPMA]

20 de maio de 2019

Banana Joe e outras semi breves

Tenho cá para mim que as audições em sede de Comissões Parlamentares, sobretudo as que procuraram ouvir figuras do mundo empresarial e bancário, só têm servido para os inquiridos fazerem de parvos os portugueses, em geral, e os deputados, em particular. Figuras e posturas como as do recente Joe Berardo, com estatuto de Comendador, são um retrato fiel desse gozo, desse ar de intocabilidade. Ora o gozo e a risada de escárnio ora a perda de memória e outras amnésias fazem deles figuras tristas e cómico-dramáticas.
Deste modo, esta gente não tem emenda nem tem quem os emende e por isso, nada podendo fazer o português comum para mudar este estado de coisas, mesmo que a Catarina Martins diga que o meu voto vale tanto quanto o do patrão da Jerónimo Martins, resta-me aplicar a velha máxima de que "lavar a cabeça a burros dá trabalho e  gasta sabão." Mas fazia falta um verdeiro Joe, o Banana, distribuir por essa gentinha umas valentes coças. Infelizmente, Bud Spencer já não não faz filmes nem já anda por cá para os pôr na linha.


O Benfica lá conquistou o 37º título do nosso futebol maior. Reconheço que com algum esporádico benefício de erros de arbitragem, de resto como é costume acontecer para os chamados "grandes", e deles também  beneficiou em muito o F.C. do Porto ao longo desta época, o campeonato ficou decidido pelo facto do F.C. do Porto não ter conseguido impor-se ao Benfica nos jogos entre si. Tivesse vencido no jogo caseiro a poucas jornadas do final da competição e a equipa azul-branca teria ganho distância pontual e anímica mais que suficiente para conquistar folgadamente o bi-campeonato. Não o tendo feito nem sido capaz, por mais que procure agora desvalorizar o mérito do Benfica, como naquela história da raposa para com as uvas que não conseguiu comer, e como é apanágio da casa, não se livra desse ónus. Ficava-lhe bem  reconhecer a sua culpa e incapacidade.
Para além de tudo, mais que um novo título, a reconquista do Benfica tem uma importância acrescida num ano em que supostamente, por uma "santa aliança" entre F.C. do Porto e Sporting, foi despoletado um vendaval de suspeitas, de divulgação criminosa de correspondência privada, alegadamente contendo esquemas de favorecimento e controlo da arbitragem, com os chamados casos dos "emails" e "toupeiras". Afinal de contas, parece que mesmo tendo sido posta a nú toda a "marosca", dizem, independentemente do que os processos em sede judicial possam vir a revelar, os efeitos das "santa aliança" parecem, para já, ter sido um tiro no pé, ou até mesmo saído pela culatra.
Mas, como é um capítulo ainda em aberto, a ver vamos.


A propósito da conquista de mais um título de futebol pelo Benfica, o nosso presidente da república, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, endereçou os parabéns ao clube mas fê-lo justificando-se por também, em iguais circunstância o ter já feito aos outros clubes no passado.
Seria necessária esta justificação? Teve medo de quê ou de quem? Não quis ofender algumas virgens ou ferir susceptibilidades, destas que desencadeiam ondas de choque nas redes sociais?
Não gostei desta falta de pragmatismo do nosso presidente e o problema é que tem acontecido com mais frequência. Por vezes é preferível pragmatismo ao populismo.


Para o próximo Domingo, 26 de Maio, parece que há eleições para o parlamento Europeu. Dizem, os políticos, que são importantes. Sendo que cada um lhe dá a importância que quer, ao acto, por mim dou pouca ou de forma muito relativa, porque todos os actores candidatos às boas benesses de um assento confortável em Estrasburgo, da esquerda à direita, me parecem fraquinhos e todos falam como se cada um por si possa mudar os destinos da velha Europa, perigosamente escancarada e de cócoras. 
Pelo que vou vendo, os principais candidatos falam, falam, mas no fundo falam todos no sentido de que a Europa deva continuar escancarada e de cócoras, aberta à penetração fácil de culturas e fundamentalismos que não se enraízam, antes parasitam. A velha máxima de que "à terra onde fores ter faz como vires fazer" já não tem aplicação nesta Europa demasiado vulnerável,  até mesmo, num certo sentido, prostituída.

6 de maio de 2019

Desgraças engraçadas

A politica é engraçada e os políticos, porque seus protagonistas, engraçados. Alguns até malabaristas. Por exemplo, agora com este recente caso da ameaça de auto-demissão do Governo, a propósito do assunto do descongelamento das carreiras dos professores. O primeiro-ministro António Costa, na sequência da posição dos demais partidos na Assembleia sobre o assunto, disse à imprensa “Entendi ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da República e Presidente da Assembleia da República que a aprovação final global desta iniciativa parlamentar, forçará o Governo a apresentar a sua demissão”, disse António Costa, em conferência de imprensa.

Confesso que para além do que entretanto fui vendo, lendo e ouvido, e das razões ou não razões das partes, e nem creio que a classe dos professores tenha mais razões que todos os demais portugueses e como tal direito a tratamento diferenciado, parece-me uma fraca peça teatral levada à cena pelo Governo e António Costa e, desde logo, porque em devido tempo usou e justificou a legitimidade da maioria parlamentar para formar um Governo mesmo não tendo vencido as eleições e agora parece fazer um drama pela "ilegitimidade" de uma posição que decorre, ela também, de uma maioria parlamentar.

Pela análise pessoal, percebendo que em Outubro próximo o PS não obterá a maioria, e que a "coligação" ou apoio de esquerda não terá pernas para andar num próximo Governo, nomeadamente porque o Bloco de Esquerda e o PCP a partir de agora, e ultrapassada a questão do Orçamento, e até às eleições querem o devido distanciamento e definir territórios próprios, António Costa considera que será preferível um "golpe de teatro" com a adequada dramatização que levando mesmo a eleições antecipadas pode colher frutos mais saborosos bem como no imediato para as eleições europeias, já que os indicadores e os "especialistas" vão prognosticando que a sua campanha não está a correr bem, de resto o que se percebe com um cabeça-de-lista "fraquinho".

Mas é ver no que vai dar, principalmente agora que os principais acusados pelo Governo, o CDS e o PSD têm vindo a público clarificar e "desmistificar" os contornos e condições do apoio ao tal descongelamento das carreiras dos profs, parecendo, pelo que dizem, menos "dramático", pelo menos a ponto de justificar a encenação do "drama" e da ameaça de demissão.

A ver vamos, mas a política e os políticos são engraçados.

2 de maio de 2019

Ad perputuam

As estatísticas dizem que por ano em Portugal morrem em média 12 pessoas diariamente de enfarte do miocárdio. Por conseguinte, os números de ataques serão substancialmente superiores já que, felizmente, a maioria dos casos, por rápida intervenção médica, consegue ser resolvida e menorizada nas suas consequências fatais. 

Apesar disso, a comunicação social vai abordando destas coisas de forma marginal e normalmente apenas em números, até porque estas situações não escolhem idades, nem profissões, nem estatutos sociais. 
Mas quando uma dessas pessoas, apenas mais uma vítima desse problema de saúde, se chama Iker Casillas e é um famoso guarda-redes de futebol, do F.C. do Porto mas que foi do Real Madrid e da selecção espanhola, então temos tudo quanto é comunicação social, do país, de Espanha e do resto do mundo, a trazer o Iker Casillas às primeiras páginas.

Isto não é mau, se de algum modo contribuir para uma maior consciencialização deste problema de saúde que afecta diariamente muitas pessoas, até porque se aproveita a ocasião para melhor se explicar os contornos do acidente cardíaco e dos seus sintomas que podem concorrer para uma rápida e eficiente ajuda médica, mas por outro lado demonstra que a nossa sociedade continua a orbitar em torno dos famosos, ricos e importantes. Os demais, a larguíssima maioria, são apenas números. E quanto a isto não há volta a dar, pelo menos enquanto não se mudarem mentalidades e enquanto essa mesma larguíssima maioria anónima não deixar de consumir o mediatismo dos famosos, mesmo alimentando-o.

Em todo o caso, deste caso, fica pelo menos o desejo de que qualquer um cidadão anónimo, mesmo que pobre e desvalido, possa ter o mesmo e rápido socorro, atendimento e tratamento hospitalar perante uma situação destas, como teve Casillas. Todavia, infelizmente, não há como negá-lo, esta não é a realidade generalizada. Os famosos e ricos, em suma os Casillas deste mundo, continuarão ad perpetuam a ter um melhor e mais rápido socorro e tratamento.

14 de janeiro de 2019

Tempo a falar do tempo


Noutros tempos não se perdia tanto tempo a falar do tempo. Na RTP, no final do Telejornal lá vinham então o Costa Malheiro ou o Anthímio de Azevedo, formais de fato e gravata, de ponteiro apontado ao preto quadro de lousa, com gatafunhos por eles desenhados manualmente a giz, como nas escolas primárias, a explicar-nos os estados de alma do anti-ciclone dos Açores e as consequências do mesmo na ondulação, vento e temperatura. Era o Boletim Meteorológico, em dois ou três minutos, se tanto, a preto-e-branco, como no quadro.

Hoje em dia a coisa pia mais fino e ele é alertas de várias cores, porque faz frio, porque faz calor porque chove ou porque não chove. Falar do tempo e sobre o tempo faz parte do nosso dia-a-dia e já não basta deitarmos o nariz de fora da porta para, constatando o óbvio, vermos o tempo que está, ou comprar o Seringador nas feiras dos "quatro" ou dos "dezoito" para saber quando estará de feição e de boa lua semear os nabos  ou plantar batatas. Alguém tem que o dizer, comentar e fundamentar. Dá lugar a reportagens, entrevistas a populares anónimos e a cientistas e até mesmo no "teatro de operações" com uma qualquer repórter, de cabelos a esvoaçar, afanosamente a informar com ares de coisa nunca vista de que está a chover ou a nevar forte e feio. As coisas do tempo até têm nomes, como pessoas. Um aguaceiro pode chamar-se Custódio ou Isaías, uma ventania, Alice ou Josefina. Coisa que parece brincadeira mas para levar a sério.

Não andamos com o quadro de lousa do Malheiro ou do Anthímio, mas trazemos no telemóvel uma ou mais apps que nos dizem o tempo em cada momento e em cada lugar. Já não vivemos sem as previsões e não nos basta a do dia seguinte nem nos contentamos sequer com a de dois ou três. Pelo menos uma previsão para 15 ou mesmo 30 dias. É uma aflição e expectativa saber se no dia do casamento, do piquenique da família ou da festa da aldeia vai haver sol ou chuva. Nas redes sociais somos todos meteorologistas e replicamos as previsões, partilhando-as numa vontade samaritana de avisarmos os vizinhos do perigo, não vá eles, distraídos, estarem desprevenidos para uma chuva ou uma ventania. E logo nos nossos dias em que ninguém anda de guarda-chuva pendurado na gola do casaco.

Sinais dos tempos, estes em que o exagerado 80 deixou o humilde 8 envergonhado, lá trás.

26 de dezembro de 2018

Natalidades


Fiquei comovido com uma pequena reportagem da RTP sobre o espírito de Natal, com alguns dos nossos clubes de futebol a participarem em campanhas solidárias. Alguns dos seus treinadores e jogadores a dizerem coisas bonitas de saúde, paz e amor. Bonito. Até uma "invasão" de crianças à Academia de Alcochete.
Pena, porém, que para que este espírito seja perfeito e sincero só ficarem a faltar 364 dias, aqueles em que a tónica é novamente a guerrilha, a desconsideração, o desrespeito e mesmo até o desprezo uns para com os outros, até mesmo entre adeptos. E por estas redes sociais ao longo do ano vai sendo destilado muito desse quase ódio.
Mas anormal seria que assim não fosse. O Natal serve para realçar o lado bom das pessoas mas simultaneamente, como contraponto, o nosso lado mais negro e hipócrita.

21 de dezembro de 2018

Coletes

Das primeiras indicações do início da manhã, parece que não é desta que Portugal vai parar. Nalgumas cidades são mais os polícias do que os chamados coletes amarelos. Certamente que na festa do colete encarnado em Vila Franca de Xira junta-se maior multidão. Somos bons em coisas originais mas no que toca a copiar...
Em todo o caso algumas conclusões: Os sindicatos cá do sítio não gostam destas manifestações. E não gostam porque, a exemplo daquele funcionário público que só era assíduo para que o chefe não percebesse que era perfeitamente dispensável, também os sindicatos temem que destas iniciativas se perceba que é possível juntar multidões com bandeiras e slogans mas sem a máquina e sem a liderança dos dinossauros das centrais. 

20 de dezembro de 2018

O estado do Estado


Rui Rio, secretário geral do PSD, recorreu por estes dias a um ditado e a uma quadra populares para retratar a governação de António Costa apoiada pelos parceiros Jerónimo de Sousa e Catarina Martins. Quanto ao provérbio, ou aforismo, diz que o actual Governo tem enganado os portugueses "vendendo gato por lebre".
Quanto à quadra, "rouba-a" a António Aleixo:“Para a mentira ser segura e atingir profundidade, tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade.” 

É certo que Rui Rio, a quem lhe é reconhecida assertividade, fala, todavia, no sentido que lhe convém falar, porque é líder do maior partido da oposição. Todavia, há no uso desta "sabedoria" popular alguma verdade ou, para quem pretenda fazer um retrato menos clubístico da coisa, pelo menos contém situações que dão que pensar. Isto porque, por um lado, é indesmentível que tem havido uma melhoria geral da situação económica e social do país, nomeadamente com a redução do desemprego, reposição de alguns cortes anteriores e retoma de algum poder de compra, ou pelo menos uma maior predisposição para o consumo, mesmo que no geral andemos a reboque da conjunctura internacional e europeia. Mas em contrapartida e por outro lado, assiste-se a sinais que, recorrendo novamente à sabedoria popular,  são autênticos "gatos escondidos com rabo de fora". E não é só no aumento brutal dos impostos indirectos, a electricidade e combustíveis mais caros da Europa, mas também as cativações cegas que têm limitado e mesmo colocado em suspenso muitas e muitas situações que têm a ver com a Saúde, Educação e Estado Social. Como exemplo prático e que nos diz respeito, a situação do Centro Social S. Mamede de Guisande que mesmo depois de ver aprovado o contrato programa com a Segurança Social e a partir dele a sustentabilidade mínima para o funcionamento da instituição, depois de muitos impasses, viu o mesmo ser arquivado por falta de verba, sujeitando-o a uma nova candidatura e dela a mesma incerteza. Como a nossa associação, muitas por este país fora.

Para além de tudo, temos comprovadamente um Estado que tem dado provas de não assegurar a segurança dos cidadãos. Os casos de Pedrógão Grande e dos incêndios de 2017, os casos dos furtos de armas em Tancos e na PSP, o abatimento trágico da estrada em Borba e agora as falhas no processo de busca e socorro das vítimas da queda do helicóptero do INEM, são apenas alguns exemplos mais mediáticos da falha do Estado e das suas instituições, mas muito mais há e  são evidentes a degradação e desinvestimento em sectores importantes como os transportes, hospitais, educação, etc.

Para além do mais, têm duplicado as greves no funcionalismo público, algumas de impacto fatal para a vida dos portugueses, como a greve dos enfermeiros e com ela o adiamento de cirurgias, mesmo num contexto de supostas reposições de direitos e regalias. Mesmo a greve dos estivadores do Porto de Setúbal dizem muito da precariedade ainda não resolvida por mais que apregoada. Dizem os média que as greves duplicaram mas a ter em conta os anúncios do que aí virá, a coisa vai triplicar ou mesmo quadruplicar até ao final do mandato. Manifestam-se professores, magistrados, enfermeiros, médicos e tudo quanto é empregado do Estado. Que se saiba, ninguém se manifesta em greve por estar satisfeito com a governação, ou será apenas um oportunismo de classes que veem neste Governo uma porca de 18 tetas a quem se pode chorar por mama? Ou um pouco de ambas as coisas? 

Assim vamos andando e não me custa a acreditar que se as eleições legislativas fossem já no próximo mês, António Costa correria o sério risco de ser prendado com uma maioria. Nós, os portugueses, no geral, somos boas pessoas e de bem e não nos importamos nada de ser enganados, desde que com mestria e um sorriso.
Há, pois, muitas dúvidas a pairar no ar e situações concretas a merecer pelo menos uma reflexão do que temos e podemos vir a ter.  Mas o mal de tudo, é que não há muito por onde escolher e rematando com outro provérbio, "quem está no inferno está por conta do diabo".

[foto: fonte]

7 de dezembro de 2018

O email do amigo João Esteves


O texto abaixo, que vai sendo partilhado pela rede social do Facebook como se fosse uma coisa actual, anda há anos a ser divulgado. Basta fazer uma ligeira pesquisa para o perceber. Supostamente toda a gente tem um amigo João Esteves que lhe enviou esse importante email com essa surpreendente conclusão.
Em todo o caso, fazendo de conta que este é um texto actual, aparte a generalização de algumas questões e conclusões que, em rigor, não são tão lineares, certo é que muitas são evidentes e óbvias e, mais coisa menos coisa, mais alarmismo ou generalização fácil, há por ali muita coisa que bate certo no que acontece com as campanhas de solidariedade a que periodicamente os portugueses são chamados a contribuir, como ainda recentemente para o Banco Alimentar.

Em resumo, e antes de passar à reprodução do texto, para quem quiser ter o trabalho de o ler, e que por aí anda sempre com ar de  fresquinho, custa é acreditar que só agora cheguem a essa conclusão, de tão demasiado óbvia. Para além de que, mesmo não sendo politicamente correcto dizê-lo, uma grande parte destes alimentos é para ajudar quem vai vivendo à custa do Estado Social e da generosidade dos portugueses num contexto de chico-espertice continuada. Não generalizando, obviamente, todos nós conhecemos por aí alguns deles, que fumam, bebem, bons carros, bons telemóveis, ao sol no Inverno, à sombra no Verão, mas trabalhar, aí é que a porca-torce-o-rabo. "Trabalhar", eventualmente de madrugada. A malandrice neste país compensa e está isenta de IMI, IRS e IVA. 
Mas, ok, é Natal e somos bons e generosos, não só a dar aos pobres como aos ricos. Pagamos os combustíveis mais caros da Europa, a electricidade mais cara da Europa, os impostos indirectos mais altos da Europa, sempre com boa disposição e sem grandes alaridos, contentes com um salário mínimo nada condizente com o luxo do que pagamos. Em suma, pagamos mais por menos, mas contentes porque nos devolveram uns patacos e uns feriados, pelo que daqui a nada temos uma maioria absoluta para dar de prenda, na filosofia já por alguém cantada de que "pr’a melhor está bem, está bem, pr’a pior já basta assim".

Segue o texto:
Ontem recebi na minha caixa de mensagens um email enviado pelo meu amigo João Esteves, o qual embora de autor desconhecido, dada a importância do tema, não podia deixar de o partilhar.
O texto é um pouco extenso mas vale a pena ler, porque ajuda a denunciar uma situação que é mesmo, uma verdadeira vergonha.

Trata-se das campanhas de solidariedade e vejamos como se fazem lá fora e cá dentro.
“Em Inglaterra a cadeia de supermercados Waitrose, oferece uma chapa (espécie de moeda) a cada cliente que faz compras acima de um determinado valor. O cliente à saída tem três caixas, cada uma em nome de uma instituição social sediada no seu município, para receber as referidas moedas de acordo com a opção do cliente. Periódicamente a empresa conta as moedas e entrega depois em dinheiro o valor correspondente. Esse donativo diminui obviamente nos seus lucros fiscais, uma prerrogativa que a lei portuguesa, também permite através do Estatuto dos Benefícios Fiscais.

Só que em Portugal, as campanhas de solidariedade custam ao doador uma parte para a instituição, outra para o Estado e ainda mais uma boa parte, para a empresa que operacionaliza a acção ou campanha.
Somos um país de espertos até na ajuda aos mais necessitados, donde não devemos ficar quietos e calados, devendo denunciar esta total falta de vergonha.
É muito triste, mas é bom saber que no Programa de luta contra a fome, nada é o que parece.

Ora veja:
Na última acção de recolha de bens junto dos hipermercados, uma ação, louvável do programa da luta contra a fome, segundo os telejornais, foram recolhidos cerca de 2.644 toneladas! Ou seja 2.644.000 Kg.
Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, 0.50 € (cinquenta cêntimos), repare que:
2.644.000 Kg x 0,50 € dá 1.322.000,00 € (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total pago nas caixas dos hipermercados.

Quanto ganharam?
O Estado: 304.000,00 € (23% iva); O Hipermercado: 396.600,00 € (margem de lucro de cerca de 30%).
Nunca tinha reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas...
Devo dizer que não deixo de louvar a ação da recolha e o meu respeito pelos milhares de voluntários.

MAIS… É triste, mas é bom saber...
Porque é que os madeirenses receberam apenas 2 milhões de euros da solidariedade nacional, quando o valor doado foi de 2 milhões e 880 mil?
Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000,00 €?

A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira, através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.
Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 € + IVA. São 0,72 € no total.

O que por má-fé não se diz, é que o donativo que deverá chegar ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50 € assim oferecemos 0,50 € a quem carece, mas, cobram-nos 0,72 €, mais 0,22 € ou seja 30%.
Quem ficou com esta diferença?
1º - A PT com 0,10 € (17%), isto é, a diferença dos 50 para os 60.
2º - O Estado com 0,12 € (20%), referente ao IVA sobre 0,60 €.

Numa campanha de solidariedade, a aplicação deu uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado, são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou.
A RTP anunciou com imensa satisfação, de que o montante doado atingiu os 2.000.000,00 €.
Esqueceu-se de dizer, que os generosos pagaram mais 44%, ou seja, mais 880.000,00 €, divididos entre a PT (400.000,00 €, para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000,00 €, para auxílio do reequilíbrio das contas públicas e aos que por lá andam).

A PT cobra comissão de quase 20%, num acto de solidariedade!
O Estado faz incidir IVA, sobre um produto da mais pura generosidade!
Isto é uma total falta de vergonha, sob a capa da solidariedade é bom que o povo saiba, que até na confiança somos roubados. Isto é um triste esbulho à bolsa e ao espírito de solidariedade do povo português!

Pelo menos. DENUNCIE! Não vale a pena sermos solidários nestas acções, pois há muitos a comer à nossa conta e com muito mais