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27 de janeiro de 2024

Olhares - Espigueiros numa manhã de sábado

 


A minha alma é celeiro 

Onde te recolhi madura

Como grão primeiro

De uma ceifa pura.

Na essência do repartir

Foste à terra amante,

A germinar, a florir,

A dar fruto abundante.


AA-24012024

31 de outubro de 2023

Olhares diferentes

 


Percorrer trilhos, caminhar, e não captar toda a beleza e singularidade de tudo o que nos rodeia, da paisagem natural, da transformada e humanizada, seria um exercício pouco mais que inútil, como ir a Roma e não ver o Papa, ou ter nozes e não ter dentes. 

Mas para além das paisagens que prendem o primeiro olhar, seja em que diferente tempo do ano, há pormenores que pela mensagem que podem expressar, são autênticas pérolas e cada um deles daria para diferentes histórias. 

Assim, sejam os animais domésticos, como cães, gatos, cabras, ovelhas ou mesmo os selvagens como as aves, os répteis ou insectos, as árvores, as plantas, as flores, as alminhas, os cruzeiros, etc, são sempre motivos deliciosos e quem não for capaz de ver e ler em cada um deles um pouco de poesia, que me desculpem, mas andam por aqui e por aí apenas por ver andar os demais.

Ficam aqui alguns desses muitos olhares particulares, mas poderiam ser centenas e milhares. E não me falta espólio.










26 de agosto de 2023

Paradoxos do tempo





Há neste nosso Portugal, em todo o lado mas sobretudo no profundo, no interior, resquícios de outros tempos, de outras formas de ser e viver, que expostos ao diafragma dos olhares destes dias, apresentam-se como nostálgicos, mas em muitos casos como simbólicos e verdadeiros paradoxos, como que dedos indicadores em riste, a acusar quem durante décadas deixou que isto acontecesse. 

Poderia o passar dos tempos ser de renovação constante e serena, sem revoluções ou, como agora é tão na moda dizer-se, de adequação, valorizando-se em nome do respeito pelos esforços de passados e antepassados, mas não. Nada, ou muito pouco se fez, porque a voragem de visões políticas com equações que nunca tiveram em conta as pessoas e muito menos as suas terras e aldeias, não se compadeceram com lirismos e assim elas padeceram e pereceram. Atenuaram-se aqui e ali uma ou outra ferida, mas no geral elas são profundas e já cicatrizes e por isso irreversíveis à delicadeza da pele dos tempos. Não é um jogo de palavras ou um fácil trocadilho de circunstância, mas a realidade.

Esta placa, na fotografia acima, ainda caiada e vigorosa na sua função de aviso, foi deixada ali na berma de um ramal de caminho de ferro, hoje em dia uma ruína, um simples passadouro de cabras ou lagartixas. Os poucos humanos que por ela passam, a correr ou de bicicleta, é para aproveitar o traçado para uma corrida de exercício físico e a maior parte deles nem se dará à canseira de ver para além do sítio onde põem os pés ou a roda dianteira. E parar para tirar umas fotografias é estragar a merda da média ou então estar a quebrar o ritmo. É pouco, é muito pouco!

A correr, por estes dias, percorri por essa, dita agora ecovia, uns quase 20 quilómetros (a ir e voltar), e se o olhar se foi enchendo de paisagens  e da aspereza delas, como são em grande parte as desse reino maravilhoso de Miguel Torga, a alma condoía-se por essa pobreza do abandono e da incúria.

Esta placa é assim uma pura inutilidade quanto ao alerta que faz, porque ali nem passam pessoas, mesmo animais, poucos e desassossegados pela dureza das fragas, alguns pássaros livres, mas seguramente por ali já não palma a terra e os carris o comboio que outrora ligava Vila Real a Chaves, ali pelos vales e encostas do Corgo e do Tâmega. De resto, dos carris, já nem sinais deles. 

Já não há comboio, nem locomotiva num lufa-lufa, nem gente a caminho das aldeias, vilas e cidades transmontanas e os apeadeiros e estações são apenas lúgubres ruínas e se neles se ouvem ecos, são seguramente de fantasmas. E serão muitos esses espíritos que por ali ainda vagueiam, mortificados por perceberem ao que isto chegou. Em grande parte, é simbólico que uma grande fatia do nosso pequeno território não seja mais que terra de fantasmas. Mas para os ver e sentir os seus ecos, é preciso sair das autoestradas e dos IP,s e entrar em ruas estreitas e vielas cagadas por algum gado que ainda é a razão de ser de alguns idosos resistentes ao apelo do litoral, e pouco mais.

Vamos ver no que a coisa dará, mas já não haverá plano de resiliência, ou seja lá o que isso for, que nos valha. O mal já foi feito há muito. 

4 de junho de 2023

Parque das Termas de Caldas de S. Jorge


Foi algo polémico o projecto de renovação do parque das Termas de Caldas de S. Jorge e no que toca à duração das obras não envergonharia as de Santa Engrácia. Analisada agora a coisa, uma vez que foi, finalmente, dada como concluída, embora ainda se vejam sinais de coisas inacabadas, e umas árvores aparentemente secas, no geral não me parece mal. Não é nenhuma obra prima e as calçadas até parece que foram realizadas por calceteiros de quinta apanha, mas no geral até gosto do resultado e há um equilíbrio entre o respeito pelo antigo e pelo novo. Dizem que muito do investimento está escondido ou enterrado, porque em redes de infra-estruturas, mas mesmo assim espanta que tenha sido gasto tanto do dinheiro que se diz ter gastado. Estou a imaginar (sentadinho) dois milhões gastos no Monte do Viso....

A mudança do parque infantil parece-me positiva, como foi igualmente a demolição do muro e a manutenção da clássica pérgola. Mas continuam velhos problemas, como de excesso de carros e dele decorrente a falta de lugares. 

O parque agora renovado, parece-me, não envergonha os locais nem os forasteiros. Mereceria até um brinde com um copo de espumante no Zip-Zip, não fosse este estabelecimento estar fechado ao público e reservado para um evento privado. Quem é que não gosta de ter uma ilha privada?

Ficam aqui alguns olhares.






























16 de fevereiro de 2020

Máquina do tempo...


A Rua do Outeiro, a Rua das Barreiradas e a Rua da leira, vão ser pavimentadas, mas primeiramente a máquina tem que ser reparada. :-)
A clássica máquina de espalhar alcatrão, uma verdadeira máquina do tempo. 

10 de fevereiro de 2020

Olhares - Marcas do tempo


Há na decrepitude um não sei quê de beleza...

Por vezes uma simples fotografia, e dela um olhar, tanto mais de algo decandente e decrépito, tem uma história agregada, que pode ser privada ou pública.

Neste exemplo que captei hoje, apesar da falta de letras no letreiro, descobri que trata-se de um pormenor das instalações da RIMARTE, uma empresa fundada em 1950, ligada ao sector da latoaria, em concreto de embalagens de folha flandres. Foi uma das primeiras e mais importantes do tecido industrial de Vale de Cambra, em concreto na freguesia de Vila Chã. Foi fundada por António Ribeiro, sobrinho de Manuel Ribeiro, este co-fundador, com seu irmão, da primeira inústria de latoaria do concelho.

Como muitas outras empresas, as alterações sociais, tecnológicas e hábitos de consumo, forçaram e ditaram o seu final, o que terá acontecido já no final do anterior século.

O concelho de Vale de Cambra tem um importante historial de importantes empresas, algumas que fecharam, outras que mudaram de mãos, como a Lacto Lusa, e outras que continuam como nomes de prestígio no âmbito nacional e mesmo internacional, como a Colep, a Vicaima, a Arsopi, a Progresso, etc.

Resta dizer que as instalações da Rimarte, bem localizadas e no centro de Vila Chã, ocupam uma importante área, de quase 3500 m2, na sua generalidade degradadas.