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18 de outubro de 2024

Festa do Viso - Resumo de contas de 1979 a 1992


Infelizmente nem sempre se guardaram os documentos de apresentação de contas da nossa Festa do Viso. Insensibilidade, descuido, pouco sentido de arquivista, certo é que da maior parte das festas não há documentos guardados que informem o quanto se obteve como receita e quanto se gastou. 

Apesar disso, a partir de velhos papéis, ainda consegui apontamentos de alguns anos, no caso de 1979 a 1992. Acredito que alguns elementos das várias comissões de festas até ficaram com cópias, mas também acredito que a maioria já não tem qualquer ideia ou documento. De resto como acomteceu com os diferentes cartazes em que, regra geral, ninguém ficou com um ou outro exemplar para arquivo e memória futura. Tal deveria ser uma prática de ano para ano, mas não. Somos uns pobres!

Ano de 1979

Receitas:130.247$00

Despesas: 125.921$00

Saldo positivo: 12.826$00


Ano de 1980

Receitas:192.568$00

Despesas: 161.482$00

Saldo positivo: 31.086$00


Ano de 1981

Receitas:217.347$00

Despesas: 217.340$00

Sem saldo


Ano de 1982

Receitas:303.427$00

Despesas: 302.043$00

Saldo positivo: 1.384$00


Ano de 1983

Receitas:268.951$00

Despesas: 267.281$00

Saldo positivo: 1.670$00


Ano de 1984

Receitas:344.759$00

Despesas: 330.848$00

Saldo positivo: 13.910$00


Ano de 1985

Receitas:452.910$00

Despesas: 409.000$00

Saldo positivo: 43.910$00


Ano de 1986

Receitas:553.630$00

Despesas: 553.895$00

Saldo negativo: 265$00


Ano de 1987

Receitas:655.186$00

Despesas: 572.319$00

Saldo positivo: 83.367$00


Ano de 1988

Receitas: 869.682$00

Despesas: 872.532$00

Saldo negativo: 2.850$00


Ano de 1989

Receitas: 904.549$00

Despesas: 930.297$00

Saldo negativo: 25.748$00


Ano de 1990

Receitas: 1.240.000$00

Despesas: 1.300.00$00

Saldo negativo: 60.000$00


Ano de 1991

Receitas: 1.310.884$00

Despesas: 1.246.819$00

Saldo positivo: 64.065$00


Ano de 1992

Receitas: 1.374.379$00

Despesas: 1.211.449$00

Saldo positivo: 162.930$00

13 de maio de 2024

Pormenor do terço de Nossa Senhora do Rosário

 


Pormenor do rosário que faz parte da imagem de Nossa Senhora do Rosário, da nossa igreja matriz, invocação do uma secular confraria e irmandade que existe desde 1733, perto de completar 300 anos.

8 de maio de 2024

Mortalidade noutros tempos em Guisande


Hoje em dia a mortalidade infantil em Portugal, como nos países mais ou menos desenvolvidos, é baixa quando comparada com anos passados e naturalmente com um acréscimo das taxas quanto mais recuamos no tempo. 

Em 2023, de acordo com dados da Pordata, em Portugal por cada mil nascimentos a média de falecimentos foi de 2,5.

Recuando a 1974, quando se deu o fim da ditadura a taxa estava em 37,9. Continuando a recuar, em 1960 estava em 77,5. E recuando ainda mais, a taxa era ainda mais elevada.

As razões para os actuais valores são óbvias e sobretudo decorrem do desenvolvimentos da ciência média, medicamentos, vacinas, da rede de cuidados primários de higiene e saúde, respectivos tratamentos, e, naturalmente, o alargamento da rede de estabelecimentos de saúde dos primários aos centros hospitalares.

Por conseguinte, noutros tempos, era elevado o número de mortes de menores, alguns durante o parto e outros nos primeiros dias, meses ou anos de vida.

Consultando velhos assentos paroquiais dos óbitos, mesmo de Guisande,  impressiona de facto a proporção de mortes de crianças. Até mesmo de pessoas já adultas mas de baixas idades, na casa dos vinte ou trinta anos.

Como um exemplo da moralidade em Guisande:

Em 1844 faleceram 16 pessoas: Homens 5; Mulheres 4, Meninos 4; Meninas 3.

Em 1846: Total 12. Homens 3; Mulheres 7, Meninos 0; Meninas 2.

Em 1847: Total: 15. Homens 4; Mulheres 1, Meninos 7; Meninas 3.

Em 1848: Total: 13. Homens 3; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 1.

Em 1849: Toal: 10. Homens 2; Mulheres 4, Meninos 2; Meninas 2.

Em 1850: Total: 12. Homens 0; Mulheres 5, Meninos 5; Meninas 2.

Em 1851: Total:12. Homens 4; Mulheres 3, Meninos 3; Meninas 2.

Em 1852: Total: 3. Homens 0; Mulheres 1, Meninos 0; Meninas 2.

Em 1853: Total: 7. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 2; Meninas 2.

Em 1854: Total: 8. Homens 3; Mulheres 1, Meninos 3; Meninas 1.

Em 1855: Total: 16. Homens 7; Mulheres 5, Meninos 3; Meninas 1.

Em 1856: Total: 22. Homens: 6; Mulheres: 8; Meninos: 3; Meninas: 5.

Em 1857: Total: 15. Homens 6; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 0.

Em 1858: Total: 6. Homens 3; Mulheres 3, Meninos 0; Meninas 0.

Em 1859: Total: 5. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 0; Meninas 2.

Em 1861 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1862 faleceram um total de 11 pessoas.

Em 1865 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1866 faleceram um total de 7 pessoas.

Em 1867 faleceram um total de 7 pessoas:

Em 1868 faleceram um total de 16 pessoas.

Em 1869 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1870 faleceram um total de 11 pessoas.

Em 1871 faleceram um total de 18 pessoas.

Em 1872 faleceram um total de 5 pessoas.

Em 1873 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1874 faleceram um total de 18 pessoas.

Em 1875 faleceram um total de 7 pessoas.

Em 1876 faleceram um total de 10 pessoas.

Em 1877 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1878 faleceram um total de 10 pessoas.

Em 1879 faleceram um total de 10 pessoas.

Em 1880 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1890 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1894 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1895 faleceram um total de 16 pessoas.

Em 1900 faleceram um total de 7 pessoas.

Em 1910 faleceram um total de 7 pessoas.

É certo que, como se percebe pelos números acima, havia variação de ano para ano, mas na maior parte dos anos é significativo o número de menores falecidos quando comparado com os tempos actuais.

Morria-se basicamente por falta de cuidados médicos e por isso muitas doenças que agora são relativamente fáceis de debelar, noutros tempos eram fatais. Os assentos paroquiais raramente referem a causa da morte e algumas poucas vezes com a designação genérica de "moléstia" ou "maleita" mas sabe-se que havia doenças determinantes como a bronquite, pneumonias, diversos tipos de febre e outras epidemias. 

Pela falta de estabelecimentos hospitalares ou similares, e mesmo de médicos, a regra era as mulheres darem à luz em casa, tantas vezes sem o devido acompanhamento, e apenas, nem sempre, por parteira mais ou menos expedita e conhecida no meio. Escusado será dizer que a gestação também não tinha qualquer tipo de acompanhamento. 

Finalmente, o que ajudava ao problema, não existiam regras e métodos anti-concepcionais e por isso era comum as mulheres gerarem uma carrada de filhos, uns a seguir aos outros, tantos quantos a natureza permitisse.

21 de março de 2024

A Maria foi à feira a Cesar e ficou prenha

Creio que já o escrevemos por aqui, desde que há casamentos que nunca deixou de haver mães solteiras e sobretudo com os progenitores a não assumirem a paternidade e responsabilidades inerentes, fosse por verdadeira incapacidade de os responsabilizar ou por silêncio comprado ou ameaçado, sobretudo quando os progenitores já eram homens casados e de estatuto social incompatível com a "vergonha" ou infidelidade a assumir. Acontecia, por exemplo, com patrões relativamente a criadas.

Por conseguinte, nos velhos assentos paroquiais dos baptismos, são frequentes as referências a filhos naturais, não reconhecidos como legítimos, de mulheres e raparigas solteiras. Mas também eram considerados filhos naturais e não legítimos todos os que nascidos fora do casamento, como o caso constante num assento de baptismo de uma Petronilha, nascida em 7 de Julho de 1752, filha de Pedro de Oliveira, homem casado, do lugar de Trás da Igreja e de Maria Guedes, viúva que ficou de Manuel Francisco, do lugar de Casaldaça. 

Ora num desses assentos, de uma rapariga a quem foi dado o nome de Getrudes, nascida em 29 de Março de 1739, filha de uma Maria, solteira, esta filha de Manuel da Mota e de sua mulher Domingas da Mota, do lugar da Pereirada, é curiosa a narrativa feita pelo pároco de S. Mamede de Guisande, o Abade Manuel Carvalho, nos seguintes termos: "..e perguntando à dita Maria, solteira, quem era o pai da dita criança, me respondeu que indo ela em fim do mês de Junho próximo (1), passando à freguesia de Cesar, em o caminho zombara dela um homem que ela não conhecera e dele ficara prenhe, em fé do que fiz este assento, que comigo assinarão o padrinho da baptizada e Manuel Francisco, de Cazaldaça, ambos desta freguesia".

(1) - creio que pretendia dizer "Junho passado"

Em resumo, não deixa de ser curioso. Fica-se sem saber se, todavia, se no caso a Maria ficou grávida por um acto de violação ou de uma brincadeira consentida com um estranho.

Seja como for, o caso, que não seria de todo vulgar, mostra a vulnerabilidade das mulheres e raparigas em certas situações e sem que houvesse justiça  capaz de obrigar à assunção da responsabilidade paternal. Certo é que, a ter em conta a descrição, a rapariga iria sozinha a caminho de Cesar (seria à feira e já existiria nesse tempo ?) e pelo caminho foi abordada por um estranho que "zombou" dela. Dessa "zombaria" passados nove meses nasceu a Getrudes, filhinha de pai incógnito que teve a desfaçatez de "zombar" de uma inocente rapariga a caminho não de Viseu mas de Cesar.

Noutros assentos paroquiais similares, volta a ser usado o termo "zombar", no que modernamente poderemos traduzir como "abusar" ou mesmo "violar".

20 de março de 2024

Francisco Guedes - Homem de quatro mulheres

 


Pelo assento de baptismo de uma rapariga de nome Escolástica, nascida em 5 de Fevereiro de 1738, o seu pai, um Francisco Guedes, do lugar do Reguengo, já ía na sua quarta mulher, a Isabel Francisca.  

O homem não teria um harém, mas tão simplesmente porque, certamente, por falecimento das anteriores esposas. Nessa altura a morte em idades jovens era frequente, nomeadamente durante a gestação ou o parto. Também não é de supor que o homem somasse divórcios pois por esses tempos era coisa rara ou mesmo inexistente.

Para além dessa particularidade, o assento feito pelo abade Manuel de Carvalho, então pároco de S. Mamede de Guisande, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário, revela-nos que o padrinho da Escolástica foi um Manuel Ferreira, que era "caseiro dos padres desta Igreja de Guisande". Ora, padres, no plural, significa que havia na igreja mais que um padre? Efectivamente sim, no caso o Pe. Manuel Rodrigues da Silva, que então era assistente do Pe. Manuel de Carvalho. Este Pe. Manuel Rodrigues da Silva acabou mesmo por suceder ao Pe. Manuel Carvalho como pároco da nossa freguesia a partir da data da sua resignação por motivo de doença, em 1750. Acabou por falecer o fundador da Irmandade em 4 de Fevereiro de 1758. 

Apesar de tudo não deixa de ser curioso e interessante que estivesse o Pe. Manuel Rodrigues da Silva tantos anos como assistente. Outros tempos, com fartura de sacerdotes.

Já agora, refira-se que deve-se a este Pe. Manuel Rodrigues da Silva a construção da torre da nossa igreja, em 1764.

Fica aqui este interessante apontamento, que apesar de parecer coisa pouca, revela vários pormenores e mesmo muito da realidade social da época.

Finalmente, o nome de Escolástica, parece-nos fora do comum, mas na época embora não muito corrente era usado. Isto certamente em devoção a uma santa que teve esse nome, concretamente Santa Escolástica de Núrsia que era irmã do conhecido S. Bento.

19 de março de 2024

Nascimentos em Guisande no séc. XIX

Nascimentos em Guisande (de 1844 a 1859). 

Os números a seguir, correspondentes a pouco mais que uma década, revelam que, ao contrário do que era habitual, os rapazes foram nascendo em maior número que as raparigas. Nota-se também que não houve uma tendência de crescimento pois em 1844 nasceram 19 crianças e dez anos depois apenas 14. Pelo meio, em 1855, apenas 10. 

Importa referir que estes números até são percentualmente  interessantes pois por esses anos a nossa freguesia tinha à volta de 500 habitantes residentes. Em 1864 tinha 529, em 1878, 456 e em 1900, ao virar para o século XX, tinha 550 moradores. Só em 1960 é que ultrapassou o milhar de habitantes residentes.

Convém referir que por estes tempos, apesar de algumas mudanças com o liberalismo, os cuidados médicos e de saúde eram escassos ou mesmo inexistentes e as doenças estavam sempre presentes. Muitos bebés, como as mães, morriam durante o parto.

Apesar disso a freguesia foi crescendo em população e passado um século, pelas décadas de 1950 e 1960, os nascimentos na freguesia já andavam anualmente pelas três dezenas ou mais. Claro que depois, a partir da década de 1990, começou uma redução da natalidade e na actualidade os nascimentos são em escasso número não chegando sequer a atingir meia dúzia por ano. Talvez nem metade disso. Por conseguinte a freguesia está a registar por década  uma efectiva perda de população, na ordem já próxima da centena.

1844

Rapazes: 10

Raparigas: 9

Total: 19

1845

Rapazes: 5

Raparigas: 8

Total: 13

1846

Rapazes: 9

Raparigas: 7

Total: 16

1847

Rapazes: 9

Raparigas: 8

Total: 17

1848

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1849

Rapazes: 6

Raparigas: 5

Total: 11

1850

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1851

Rapazes: 9

Raparigas: 9

Total: 18

1852

Rapazes: 9

Raparigas: 10

Total: 19

1853

Rapazes: 4

Raparigas: 7

Total: 11

1854

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1855

Rapazes: 5

Raparigas: 5

Total: 10

1856

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1857

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1958

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1959

Rapazes: 10

Raparigas: 7

Total: 17

1868:

Total: 12

18 de março de 2024

Nossa Senhora da Conceição como madrinha de baptismo


Nos velhos assentos paroquiais há sempre coisas interessantes ou curiosas a descobrir. Por exemplo, neste assento de baptismo de Custódia, filha de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do lugar do Outeiro, nascida a 19 de Setembro de 1870, para além de outras informações, ficou-se a saber que teve como padrinho Manuel António de Pinho, avô paterno da baptizada,  e como madrinha, nem mais nem menos que Nossa Senhora da Conceição, sendo tocada com a sua coroa segurada por um João Cando, jornaleiro.

Não deixa de ser inédita esta situação pois de centenas de assentos já analisados não detectei esta situação em outros baptismos.

Seria vulgar? Qual a legitimidade canónica de tal acto? Desconheço mas a investigar mas certamente que não será caso único.

13 de março de 2024

Padre José Francisco, do lugar das Quintães


Na lista de padres nascidos em Guisande, pesquisada e publicada pelo Cónego Dr. António Ferreira Pinto, na sua monografia sobre a nossa freguesia de Guisande, "Defendei Vossas Terras", de 1936, não há qualquer referência ao padre José Francisco.

De acordo com o recorte do assento de baptismo de José, filho de Manuel Francisco e de Maria Guedes, do lugar de Casaldaça, que nasceu em 29 de Abril de 1737, surge o sacerdote como padrinho e como morador no lugar das Quintães. Não encontrei ainda mais dados sobre este padre e se realmente era natural de Guisande, mas será de presumir que sim. 

A prática de em muitos assentos, sobretudo nos mais antigos, serem omitidos os apelidos das pessoas, e mesmo com os nomes próprios abreviados, não ajuda a deslindar as relações genealógicas. Junta-se à dificuldade a frequente omissão de outros pormenores, como a identificação dos avôs, pelo que é sempre uma tarefa completa a de vasculhar a história, identificar pessoas e seus dados biográficos.

Ainda do lugar das Quintães, existiu o padre José Pinto. Sabemos que em 1769, tinha 79 anos, pelo que terá nascido por 1690. Foi ordenado em 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor. Faleceu em 14 de Novembro de 1775, com 85 anos de idade, tendo sido sepultado dentro da igreja matriz de Guisande. Deixou testamento cerrado com bens por alma de seus pais e seu irmão Manuel e instituiu como sua herdeira uma Josefa  Maria, mulher de Bernardo Pereira da freguesia de Lamas, com a obrigação de lhe fazer os bens de alma e pagar suas dívidas. Durante a sua vida foi padrinho de baptismo de vários guisandenses pelo que consta como tal em muitos assentos paroquiais.

Com alguma incerteza mas com grande probabilidade, do que consegui pesquisar, seria filho de António Pinto e de sua mulher Isabel Dias, tendo nascido a 5 de Janeiro de 1684, sendo baptizado a 7 do mesmo mês. Foram padrinhos, José Francisco, do lugar das Quintães e Isabel filha de Gonçalo Pinto, do lugar da Lama. A ter em conta este assento e esta data de nascimento poderá estar errada a indicação acima de que em 1769 tinha 79 anos.

12 de março de 2024

Quando a morte se hospeda numa casa

Domingos José Gomes de Almeida, foi meu trisavô paterno, casado com Joaquina Rosa de Oliveira. 

Em 6 de Abril de 1894 morreu-lhe um seu filho solteiro, com 32 anos de idade, negociante de madeiras, de nome Domingos Gomes de Almeida. A sua mãe, a referida Joaquina Rosa de Oliveira morreu passados 4 dias, em 10 de Abril de 1894, com 77 anos de idade. E como não há duas sem três, passados outros 4 dias, em 14 de Abril de 1894 morreu o seu pai, o tal Domingos José Gomes de Almeida, com 81 anos de idade.

Não conheço os motivos desta sucessão de mortes, em menos de 15 dias, na mesma casa. Se por desgosto consecutivo da mãe após a morte do filho e depois do pai pela morte do filho e da esposa ou se por alguma circunstância de doença contagiosa ou de outra natureza. 

Provavelmente nunca o virei a saber até porque os assentos de óbito nada dizem a esse respeito. Apesar de morrer jovem o filho, por esses tempos era muito comum o falecimento de gente jovem.

Por outro lado, o pai com 81 anos e a mãe com 77 já tinham umas bonitas idades, tanto mais naqueles tempos quase sem grandes cuidados e tratamentos de saúde, em que a esperança média de vida era naturalmente baixa. 

Por conseguinte, fica apenas a surpresa e a curiosidade pela coincidência, mas é provável que tenha havido uma relação de doença ou emocional

14 de fevereiro de 2024

Faleceu o Manuel da Viola

Dos velhos assentos paroquiais de Guisande, um curioso assento de óbito feito pelo pároco Manoel Rodrigues da Silva, de um Manoel Ferreira, mendicante (mendigo) do lugar de Gueifar da freguesia de S. João de Ver, considerado como falto de juízo, que faleceu na noite de Sábado para Domingo de 11 de Outubro de 1761, onde se encontrava num palheiro pertença de um Pedro de Oliveira. Está escrito que "somente recebeu o sacramento da extrema unção por não estar em seu juízo além de  que nunca o teve perfeito".

Apesar disso e dessa condição de mendigo, pobre e itinerante, teve ofício fúnebre com cinco padres e foi sepultado dentro da nossa igreja matriz.

Finalmente é dada a informação que o mendigo tinha como alcunha o "Manoel da Viola".

4 de fevereiro de 2024

Alminhas em Estôze

 





No lugar de Estôze, um dos mais antigos da nossa freguesia, existem dois interessantes exemplares de alminhas. Uma delas encastrada na fachada da casa da D. Laurinda Angélica (2 fotos de cima), com imagem em azulejo policromático de um Cristo Crucificado e a ainda as designadas como alminhas do Vitorino (2 fotos em baixo), também com azulejo colorido e com a temática habitual das Senhora do Carmo.

A grafia do lugar de Estôze ao longo dos tempos tem tido algumas variantes e mesmo no dias de hoje presta-se a alguma confusão, nomeadamente quanto ao uso do "z" ou "s" ou ainda quanto ao acento sobre o "o", por vezes com o acento circunflexo ("^") e outras com o til ("~"). Aparece ainda nas duas formas, com "z" ou com "s" mas sem qualquer acento.
Eu próprio poderei nem sempre escrever da mesma forma mas pessoalmente considero como mais correcta a variante"Estôze".
Ainda em documentos antigos já vi a variante Estôs ou Estôz, sem o "e".
De todo o modo é um topónimo de origem desconhecida e mesmo após várias pesquisas não encontrei qualquer outro semelhante no nosso país.

26 de novembro de 2023

Os Caetano de Azevedo de Guisande

Azevedo  é um apelido de família, não muito comum mas com alguma importância na nossa freguesia, nomeadamente o associado ao também apelido Caetano. 

Quanto à origem deste apelido, dizem alguns entendidos nestas questões de genealogia que Azevedo (ou Acevedo) é um sobrenome toponímico ibérico, com origem no couto e honra de Azevedo, no concelho de Barcelos, em Portugal. A palavra Azevedo vem de azevo (em espanhol antigo, acebedo), arbusto espinhoso; do latim acifolium, variação de aquifolium, azevinho.

D. Pedro Mendes de Azevedo é o mais antigo conhecido portador do sobrenome. Fidalgo de D. Afonso Henriques (1106-85) e D.Sancho I (1154-1211) era filho de D. Mem Pais Bufinho (D. Mendo Bufião ou D. Mendo Roufino) e descendente de D. Egas Gosindo Bayán (Baião), sendo este neto de Arnaldo de Bayán, cavaleiro que chegou a Galícia para lutar contra os mouros ao lado de D. Afonso V de Leão (994-1028), em 983. Afirmam alguns genealogistas que Arnaldo era o terceiro filho do imperador romano-germânico Guido de Espoleto (828-94).

Quanto aos Azevedos em Guisande, obviamente que será missão difícil e quase impossível tecer toda a teia genealógica e relação de parentesco entre os seus elementos, por isso com vários buracos, mas do que consegui pesquisar e relacionar deixarei aqui os respectivos apontamentos que servirão a quem neles quiser posteriormente pegar e melhor apurar. É pois um ponto de partida.

O interesse da minha pesquisa relacionada a esta família e a este apelido Azevedo e também a sua ligação ao apelido Caetano, que em alguns casos é nome próprio, liga-se com a figura de António Caetano de Azevedo, carpinteiro de profissão, e de Maria Gomes da Conceição, costureira, moradores no lugar das Quintães, aqui da freguesia de Guisande. Foram estes os pais de Margarida da Conceição, minha bisavô materna porque mãe do pai da minha mãe. Por isso, por parte do meu ramo materno, este António é meu trisavô. Logo também tenho sangue destes Azevedos. O lugar das Quintães é assim o ninho desta família mesmo que alguns desses elementos tenham temporariamente andado por outros locais.

António Caetano de Azevedo era filho de Francisco Caetano dos Santos e de Ana Joaquina dos Santos, esta filha de João Francisco dos Santos e de Arminda Gomes da Conceição, moradores no lugar de Cimo de Vila. Era neto paterno de Caetano Francisco dos Santos e de Maria Rosa Gomes, esta filha de Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos. 

Desta relação de nomes, numa primeira análise constata-se que a herança do apelido Azevedo por parte do meu trisavô, António Caetano de Azevedo, provém não da parte de seu pai ou avô paterno, como se esperaria, mas sim da parte de seu avô materno, Manuel Joaquim de Azevedo. De seu pai e também comum a quase todos estes Azevedos é o apelido Caetano.

Aqui chegados, importa ter em conta que por esses tempos os apelidos nem sempre eram respeitados na linha directa da descendência, como por regra acontece nos nossos dias. Por conseguinte, nesses tempos normalmente as mulheres não herdavam o último apelido do pai mas da mãe. E havia casos em que o próprio último apelido do pai era omitido em alguns dos filhos ou colocado num apelido do meio. Por conseguinte não havia esse cuidado ou sensibilidade por parte dos pais em transmitir de forma continuada e sucessória os apelidos de raiz aos filhos e nem as autoridades o exigiam. Ora esta aleatoriedade dificulta em muito a missão de quem pretende pesquisar documentos e relacionar famílias tanto na forma ascendente como descendente e gerar árvores genealógicas com base na herança do apelido.

De resto, durante muitos anos o papel que hoje é garantido pelas conservatórias do registo civil, restringia-se apenas à Igreja e às paróquias em que estas, pelos párocos, por necessidade de controlar os fregueses quanto ao cumprimento e estado da administração dos principais sacramentos, como o baptismo, matrimónio e também os óbitos, registavam, assentavam, os mesmos em livros a cujos escritos se designam de assentos paroquiais. 

Só depois do liberalismo, e foi precisamente em 16 de Maio de 1832 que foi aprovado o decreto que em Portugal proclamou a existência do registo civil para todos os cidadãos, é que foram criados os postos de registo civil, que no caso da freguesia de Guisande era assegurado pelo chamado Posto de Louredo, onde, creio,  se localizava no lugar de Vila Seca, sendo que tenho também a informação segura que funcionava no lugar da Mouta, em caso do Sr. Manuel Paiva, ali conhecido como Manuel da Mouta, homem da agricultura mas inteligente e dominador da palavra escrita e falada.

Pegando então, como base o pai da minha referida bisavó materna, temos a seguinte lista:

António Caetano de Azevedo,  nasceu em 28 de Março de 1867 e faleceu em 25 de Agosto de 1929 com 62 anos de idade. Como atrás dito, era filho de Francisco Caetano dos Santos, e de Ana Joaquina dos Santos. Os seus avôs paternos eram Caetano Francisco dos Santos, do lugar da Lama, e Maria Rosa Gomes e os seus avôs maternos eram Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos. Caetano Francisco dos Santos e Maria Rosa tiveram filhos para além do Francisco, entre os quais o José nascido a 7 de Dezembro de 1828 e a Rosa nascida em 17 de Setembro de 1841.

O seu pai, Francisco Caetano dos Santos, nasceu a 6 de Janeiro de 1827. Era filho de Caetano Francisco dos Santos e de Maria Rosa Gomes, do lugar da Lama. Era neto paterno de José Francisco dos Santos e de Maria da Silva Guedes, do lugar de Azenha – Lobão. Era neto materno de Manuel da Silva e de Ana Maria, do lugar da Lama – Guisande.

Também do que consegui pesquisar este mesmo Francisco Caetano dos Santos teve também os seguintes irmãos (tios paternos de António Caetano de Azevedo):

José, que nasceu a 7 de Novembro de 1828 (há um assento duplicado com a data de 7 de Dezembro de 1828; 

Victorino, nasceu a 2 de Janeiro de 1832; 

António, que nasceu a 7 de Setembro de 1833; 

Rosa, que nasceu a 17 de Setembro de 1840.

Do que consegui pesquisar, este Francisco Caetano dos Santos, para além de António Caetano de Azevedo, teve ainda outros filhos, nomeadamente:

Manuel, que nasceu a 18 de Janeiro de 1852;  

Joaquim, que nasceu a 9 de Maio de 1854; 

José, que nasceu a 31 de janeiro de 1856 e faleceu no Rio de Janeiro – Brasil, a 23 de Fevereiro de 1873;  

Maria, que nasceu em 28 de Novembro de 1857.

Bernardino Caetano de Azevedo,  que nasceu em 18 de Fevereiro de 1861 e faleceu em 19 de  Outubro de 1942. Casou em 14 de Janeiro de 1892 com Clemência Maria de Jesus, filha de Manuel José da Mota e de Maria Joaquina (Este Bernardino e Clemência tiveram uma filha, a Maria, nascida em 26 de Janeiro de 1893 e que veio a casar em 20 de Outubro de 1923 com António Augusto Guedes, tendo este falecido em 26 de Janeiro de 1973).

Joaquina, que nasceu a 25 de Janeiro de 1863; 

Carolina, que nasceu a 3 Maio de 1864 e que casou em 26 de Novembro de 1900, com Hermenegildo Correia, este então com 45 anos de idade, filho de Francisco Correia e Maria Bernardina, de Lobão;  

Domingos, que nasceu em 23 de Fevereiro de 1870 e faleceu em 7 de Dezembro de 1948; 

Justino Caetano de Azevedo, que nasceu em 31 de Outubro de 1878 e faleceu em Lobão em 1 de Março de 1936;

Dos nomes acima, Justino Caetano de Azevedo, para além do ramo do seu irmão António Caetano de Azevedo, é ele próprio um dos ramos principais dos Azevedos em Guisande. Nasceu em 31 de Outubro de 1878. Casou em Lobão com Custódia Fernandes da Encarnação, esta filha de Domingos de Almeida Lopes e de Maria Rosa de Jesus e do que consegui pesquisar tiveram como filhos:

Manuel Caetano de Azevedo, que faleceu em 27 de Junho de 1937 com 55 anos de idade, que casou com Jerónima Rosa de Jesus. Tiveram vários filhos, entre os quais os que consegui pesquisar:

António Caetano de Azevedo, que nasceu no dia 30 de Maio de 1907. Faleceu com 20 anos de idade em 2 de Fevereiro de 1928 .

Joaquim Caetano de Azevedo, que nasceu em 1 de Abril de 1909 e faleceu em 21 de Novembro de 1996. Casou em 17 de Dezembro de 1932 com Margarida Gomes de Almeida. Tiveram vários filhos entre os quais o Domingos, nascido a 14 de Maio de 1933, o Manuel, nascido a 23 de Novembro de 1937 e falecido em 10 de Abril de 2008 e que casou em 14 de Junho de 1960 com Maria Adelaide de Castro Linhares (nascida em 20 de Fevereiro de 1940), a Palmira, nascida a 21 de Novembro de 1940 e que casou em 28 de Janeiro de 1962 com Flávio de Paiva. Ainda a Maria Rosa de Almeida Azevedo, que nasceu em 24 de maio de 1948 e que casou em 21 de Novembro de 1964 com César Ferreira de Almeida. Ainda a Maria Amélia, nascida em 27 de Outubro de 1942 e que casou em 21 de Janeiro de 1957 com Eugénio Nogueira Alves, estes que tiveram como filhos, de que me recorde, a Paula e o Eugénio. Ainda como filha do Joaquim e de Margarida, a Maria da Conceição de Almeida Azevedo, viúva, que vive no lugar das Quintães. Ainda o Joaquim que nasceu em 24 de Agosto de 1952.


Margaria Gomes de Almeida, esposa de Joaquim Caetano de Azevedo


Domingos Caetano de Azevedo, que nasceu no dia 2 de Março de 1911 e que casou em  30 de Janeiro de 1937 com Maria da Conceição e Santos, esta nascida em 8 de Junho de 1914. Faleceu em Guisande  em 2 de Agosto  de 1985. A sua esposa faleceu em 29 de Agosto de 1980.

Este Domingos ficou conhecido como Sr. Domingos “Patela” e teve como filhos um Valdemar da Conceição e Azevedo, que nasceu em 15 de Agosto de 1938. Ainda Maria Célia Azevedo Gomes Giro, nascida a 4 de Janeiro de 1941, professora, que veio a casar em 14 de Agosto de 1965 com o Alcides Gomes Giro e de cujo casamento nasceram os filhos Rui Giro, Rosário Giro e Alexandre Giro. Ainda uma Maria da Conceição Azevedo, que nasceu a 12 de Dezembro de 1946, falecida.


Domingos Caetano de Azevedo e sua esposa Maria da Conceição e Santos


Manuel Caetano de Azevedo, que nasceu a 28 de Agosto de 1913. Casou com Custódia de Sá Reis em 7 de Dezembro de 1950. Tiveram vários filhos de que conheço o Alcides de Sá Azevedo e o Elísio de Sá Azevedo, que são sócios da empresa de engarrafamento de vinhos “Robalinho”, em Covento – Louredo, que retomaram de seu pai. Ainda como filha a Maria Celeste nascida em 13 de Outubro de 1951 e que casou em Louredo com José Pereira dos Reis.

Rosária Rosa Azevedo, nasceu a 26 de Março de 1918.

Augusto Caetano de Azevedo, que nasceu a 16 de Novembro de 1920.

Rosária da Conceição Azevedo, que nasceu no dia 22 de Junho de 1924 e faleceu em 13 de Janeiro de 1931.

Lucinda Rosa de Azevedo, que faleceu com 20 meses em 6 de Outubro de 1928.

Abel Caetano de Azevedo, que nasceu a 19 de Maio de 1930. Casou em Louredo em 13 de Dezembro de 1952 com Maria da Costa e Sousa (ainda viva à data em que escrevo estes apontamentos). Viveu alguns anos no lugar das Quintães em Guisande e depois mudou-se para o lugar do Convento em Louredo. Tiveram vários filhos, dos quais me lembro, o Joaquim (falecido com 65 anos em 24 de Fevereiro de 2020), a Maria da Conceição, o Domingos (também já falecido), a Lurdes, a Carminda, o Casimiro e o Alcides. Faleceu este Abel Caetano de Azevedo em 23 de Outubro de 2016.

António Azevedo da Conceição, que nasceu em 23 de Novembro de 1930. Casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho.


Voltando atrás, por sua vez, quanto a Manuel Joaquim de Azevedo, avô materno de António Caetano de Azevedo, e do qual terá advindo o apelido Azevedo, era filho de Francisco António de Azevedo e de Maria Joana (do lugar das Cortinhas – Cesar). A sua esposa Maria Joaquina dos Santos era filha de  Domingos dos Santos de Oliveira e Caetana Maria (de Vila Nova – Romariz).

Do casal Manuel Joaquim de Azevedo e Maria Joaquina dos Santos, consegui pesquisar os seguintes filhos:

Margarida, que faleceu com 55 anos de idade, no estado de solteira, em 23 de Outubro de 1871; Joaquim (primeiro de nome) que nasceu a 18 de Janeiro de 1833; Joaquim (segundo de nome), que nasceu a 4 de Abril de 1837;  José, que nasceu a 3 de Fevereiro de 1839.

Pelo que se constata do que atrás tem sido escrito, o apelido Azevedo, que chegou ao pai da minha bisavô, poderá ter proveniência no seu bisavô materno, Manuel Joaquim de Azevedo. Ou seja, o seu avô paterno já não tinha o apelido de Azevedo mas sim de Santos. Num assento de óbito da sua filha Margarida, é indicado como sendo ele natural de Cesar, concelho de Oliveira de Azeméis. 

Então, retomando a lista já com as origens a ramificações atrás descritas:

António Caetano de Azevedo,  nasceu em 28 de Março de 1867 e faleceu em 25 de Agosto de 1929 com 62 anos de idade. Era filho de Francisco Caetano dos Santos, e de Ana Joaquina dos Santos. Os seus avôs paternos eram Caetano Francisco dos Santos, do lugar da Lama, e Maria Rosa Gomes e os seus avôs maternos eram Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos.  António Caetano de Azevedo e sua esposa Maria Gomes da Conceição, que ficou com a alcunha de "a Tora" tiveram vários filhos, nomeadamente os que consegui pesquisar:

Rosa Gomes da Conceição. Do que consegui pesquisar, como filhos e como mãe solteira teve uma filha, a Laurinda, nascida a 2 de Janeiro de 1908. Teve ainda outra filha, a Melânia, nascida a 26 de Agosto de 1909 e que casou em 28 de Julho de 1932 com António Francisco ferreira, de Pigeiros. Faleceu em 4 de Abril de 1948. Esta Rosa foi madrinha de baptismo do Justino, o seu sobrinho, filho da Margarida. Por sua vez o seu irmão Justino foi o padrinho.

Margarida da Conceição, minha bisavó materna, conforme acima já identificada. Nasceu em 19 de Julho de 1885 e faleceu em 30 de Agosto de 1979 com 94 anos de idade. Tinha 21 anos de idade quando casou em 09 de Maio de 1907 com Raimundo José da Fonseca, de 22 anos de idade, do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz. 

Este meu bisavô materno nasceu em 19 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929 com apenas 45 anos de idade. Era filho de António José da Fonseca e de Maria de Oliveira. Era neto paterno de Manuel José da Fonseca e Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e de Ana Maria de Oliveira. 

Margarida e Raimundo tiveram vários filhos, que, sem ordem de idade consegui pesquisar:

Maria da Conceição, nascida em 12 de Junho de 1909, pelo que terá sido a mais velha dos filhos.

Joaquim José da Fonseca, que casou com Albertina

Alexandrino José Fonseca que nasceu a 13 de Setembro de 1914 e casou em 17 de maio de 1942 com Maria Glória Gomes de Pinho. Viveu no lugar de Azevedo da freguesia das Caldas de S. Jorge, tendo falecido num acidente de estrada, em Pigeiros.

Manuel José da Fonseca casou em 31 de Julho de 1933 com Ermelinda Pedrosa das Neves, de quem teve vários filhos dos quais conheço a Margarida, que ainda vive no lugar de Fornos, casada com o Sr. Justino, ainda a Lúcia, esta casada com o Sr. Óscar Melo, e residente no lugar da Mota, Canedo, o Joaquim, que creio que está viúvo e vive em Vila Nova de Cerveira, o António, nascido em 12 de Junho de 1934, e que casou em S. Silvestre-Coimbra com Maria Isabel Cortesão em 16 de Fevereiro de 1964.e ainda o Gil das Neves Fonseca, que não vejo há muitos anos e que viverá por Lourosa. Casou em 29 de Dezembro de 1974 com Maria Margarida Ferreira de Pinho. Ainda o Reinaldo das Neves Fonseca, que nasceu a 1 de Março de 1944. (foi padrinho do meu irmão Manuel). 

Laurinda da Conceição, que casou com Alexandre Ferreira de Almeida e tiveram como filhos a Conceição, o Joaquim e a Adelaide.

Justino José da Fonseca, já acima referido, que nasceu a 31 de Julho de 1916, que nunca conheci porque faleceu muito novo.

Américo José da Fonseca, meu avô materno, nascido a 20 de Março de 1919 e falecido em 17 de Julho de 2001.

Retomando os filhos de António Caetano de Azevedo:

Domingos Caetano de Azevedo, que nasceu a 17 de Março de 1890.

Joaquim Caetano de Azevedo, nascido em 1893 e que faleceu com 39 anos em 5 de Agosto de 1932. Era carpinteiro e casou com Aurora das Neves de Azevedo, esta filha de Manuel Henriques dos Santos e Maria Gomes das Neves, da freguesia de Lobão. Tiveram filhos dos quais pesquisei: o Arnaldo Caetano de Azevedo, que nasceu a 6 de Janeiro de 1917; A Maria da Conceição que nasceu a 15 de Agosto de 1922 e casou em Oleiros em 26 de Fevereiro de 1940 com Joaquim Ferreira da Silva; o António Joaquim das Neves Azevedo, que nasceu em 1 de Junho de 1925. 

António Caetano de Azevedo, que nasceu a 22 de Janeiro de 1895.

Alexandrina da Conceição (com alcunha de Pazada), que nasceu a 19 de Março de 1901. Casou com 23 anos de idade em 14 de Agosto de 1924 com Américo Augusto da Conceição, de 28 anos de idade, da freguesia de Romariz, flho de José Maria da Conceição e Carolina Augusta da Conceição. Dos filhos que consegui pesquisar, ainda na condição de solteira, a Maria da Conceição Azevedo, nascida em 13 de Setembro de 1923 e que casou em 27 de Julho de 1944 com Joaquim de Oliveira Cadete. Ainda como filha a Améçia Arlinda Augusta da Conceição, que nasceu a 1 de Junho de 1925 e que casou em 25 de Julho de 1948 com Rufino Joaquim dos Santos.

David da Conceição Azevedo, que nasceu a 25 de Maio de 1904. Faleceu em Guisande em 22 de Maio de 1940. Casou em 29 de Junho de 1925 com Francelina da Conceição, esta filha de Joaquim Gomes de Almeida e Maria Rosa de Oliveira, neta paterna de Domingos Gomes de Almeida e Joaquina Rosa de Oliveira e neta materna de Manuel de Matos e Maria de Oliveira. Faleceu este David em 21 de Janeiro de 1940.

Do que consegui pesquisar, este David e Francelina  tiveram os seguintes filhos: David Aníbal da Conceição, que nasceu em 10 de Fevereiro de 1934. que casou em 23 de Fevereiro de 1963 com a  Dolores da Conceição (viúva, ainda viva); Ainda a Natália da Conceição, nascida a 1 de Outubro de 1937 e que casou em 27 de Janeiro de 1962 com Felisberto Rodrigues Moreira (já falecido). Esta Natália e Felisberto tiveram vários filhos nomeadamente a Fátima, a Adelaide, o Paulo e Pedro. Ainda filho do David e da Francelina um Fernando Azevedo da Conceição que nasceu a 18 de Outubro de 1930.

Ainda como filha de David e Francelina, a Laurinda da Conceição Azevedo, que nasceu em 6 de Junho de 1925 e que faleceu em 18 de Novembro de 2020. Casou em Guisande em 28 de Janeiro de 1945 com António Ferreira Alves, este nascido em 12 de Maio de 1925 e falecido em 24 de Março de 2011.

Este casal teve vários filhos, alguns dos quais o Aníbal Azevedo Alves, a Maria Fernanda, que está casada com o Eugénio Azevedo da Conceição, e ainda o António. 

Laurinda da Conceição Azevedo, filha de David Azevedo da Conceição e Francelina da Conceição


Ainda como filho do David da Conceição Azevedo, o Fernando Azevedo da Conceição, que nasceu a 18 de Outubro de 1930.

Retomando os filhos de António Caetano de Azevedo:

Justino da Conceição Azevedo (que aparece também como Justino Azevedo da Conceição), que nasceu a 15 de Fevereiro de 1898 (teve como padrinho seu tio Justino), e faleceu em 31 de Dezembro de 1945, que casou com com Rosa Gomes de Almeida, filha de Maria Gomes de Almeida, e tiveram os seguintes filhos:

David Azevedo da Conceição, que nasceu em 27 de Março de 1921 e que casou em 12 de Outubro de 1941, com Maria da Conceição Francisca da Costa. Tiveram os seguintes filhos: António, Joaquim, os gémeos Domingos e Eugénio, Maria Amélia, Maria Adelaide, Alzira e Maria Isaura. Como curiosidade, este David está dado como natural da freguesia de Gião, pelo que os seus pais nessa altura residiriam nessa freguesia. Faleceu em 25 de Outubro de 2016.

David Azevedo da Conceição nascido em 27 de Março de 1921 e falecido em 25 de Outubro de 2016


Maria Gomes da Conceição, que nasceu a 12 de Agosto de 1924. casou em 14 de Maio de 1955 com Joaquim Príamo Monteiro. Tiveram vários filhos, como a Felicidade, a Elisa, a Alcina, o Manuel e o António.

Laurinda Gomes da Conceição, primeira de nome, que nasceu a 17 de Janeiro de 1929. Faleceu menor em 25 de Maio de 1930.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017. casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017


Laurinda Gomes da Conceição, segunda de nome, que nasceu a 13 de Agosto de 1933 e faleceu em 5 de Setembro de 2016. 

Laurinda Gomes da Conceição, nascida a 13 de Agosto de 1933 e falecida em 5 de Setembro de 2016


Maria Rosa Gomes da Conceição, nascida a 25 de Setembro de 1939, ainda viva à data em que escrevo. Casou com 22 de Agosto de 1964 com António Ferreira da Costa. Tiveram como filhos o António, o Alberto e a Filomena.


Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como datas, nomes de familiares e seus relacionamentos. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.

21 de novembro de 2023

Pedro, o escravo negro do pároco de S. Mamede de Guisande

 


Quem tem um bocadinho de interesse pela nossa História, saberá que Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a escravatura, com o decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal. 

Apesar dessa espécie de galardão, não nos retira o peso da consciência de termos sido, em contraponto, o primeiro estado do mundo a fazer comércio global de escravos provenientes de África. Estima-se que entre 1450 e 1900, Portugal terá traficado cerca de 11 milhões de pessoas. 

O referido decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal a abolir a escravatura em rigor não acabou com os escravos, pois em boa verdade apenas foi proibida, a entrada de novos escravos. Desse modo tal decreto não resultou só por si no fim da escravatura, pois para além dos escravos que já existiam à data, havia também os que nasciam de mãe escrava e que desse modo continuavam na condição de escravos. O propósito foi melhorado e pouco tempo depois, em 1763, o Marquês de Pombal voltou ao assunto fazendo aprovar uma nova lei, designada de "lei do ventre livre", que determinava que os filhos de escravos passavam a ser homens livres e que todos os escravos cuja bisavó já era escrava podiam ser libertados.

Certo é que, dizem estudiosos do assunto da escravatura no nosso país, esta continuou, embora já à margem da lei o que não era difícil contornar, mantendo-se a entrada ilegal de escravos provenientes das nossas colónias. Desta situação que se prolongou no tempo, é considerado que a última pessoa que havia sido escrava em Portugal terá morrido apenas na década de 1930, já em plena república. Os jornais da época escreveram que teria 120 anos e que vivia no Bairro Alto em Lisboa, onde vendia amendoins e tinha sido escrava até 1869 data em que um novo decreto abolia de facto a escravatura em todo o nosso território. 

Depois desta introdução histórica, descobri que mesmo aqui em Guisande também existiu alguém na condição de escravo. E logo do pároco, conforme o atesta o documento acima, precisamente o assento de óbito de um Pedro, descrito como "solteiro, homem preto, escravo do Reverendo Manuel Rodrigues da Silva, Abade desta freguesia de Guisande". 

Faleceu este Pedro em 3 de Dezembro de 1787, como se vê já depois dos decretos publicados pelo Marquês de Pombal. O assento é omisso quanto à sua idade, Não sabemos também a sua origem e proveniência, sendo de supor que já seria criado escravo do abade quando este tomou conta de Guisande e que o terá trazido consigo.

Este pároco de Guisande, sacerdote e advogado, Dr. Manuel Rodrigues da Silva, sucedeu na nossa paróquia ao Abade Manuel de Carvalho, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário. 

Este dono do escravo Pedro era natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, tendo sido formado em cânones pela Universidade de Coimbra. Sobre ele escreveu o visitador da Sé em 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja".  

A torre da nossa igreja foi construída em 1764, por iniciativa deste pároco Manuel Rodrigues da Silva. Faleceu em 12 de Abril de 1790, com cerca de 80 anos ("pouco mais ou menos" como dito no seu assento de óbito), sobrevivendo ao seu escravo em cerca de dois anos e meio. 

Deixou este Abade Manuel Rodrigues da Silva um testamento o qual foi aberto pelo Reverendo João Leite de Bastos, pároco de Santa Maria de Pigeiros. Do testamento, com caligrafia gasta e de difícil leitura, sabe-se que instituiu como seu testamenteiro um seu primo, de nome Pantaleão da Silva Coimbra, a quem deixou bens tal como a uns irmãos, mas ainda várias doações e bens aos seus criados, às confrarias da paróquia e mesmo a Maria, sua afilhada, filha de António Gomes Loureiro, da Barrosa. Também se percebe que do seu atrás referido criado escravo Pedro, este teria uma filha chamada Maria que também terá recebido alguns bens móveis.

Apesar de algum modo podermos ficar surpreendidos que logo o pároco, a autoridade moral e espiritual, tivesse um criado na condição de escravo, temos, todavia, que atentar nos valores da época e que tal não seria caso único. Além do mais, estamos em crer que seria bem tratado e com toda a dignidade humana. De resto teve direito a um ofício exequial com a presença de 11 sacerdotes e até como os demais paroquianos foi sepultado no interior da nossa igreja. E como atrás se disse, à filha deste escravo foram deixados em testamento alguns bens.

Este documento e esta constatação não deixam, porém, de ser uma interessante curiosidade.

20 de novembro de 2023

Missas ao Senhor do Bonfim e outros apontamentos


Retomando o assunto da origem ou antiguidade da nossa capelinha ao Senhor do Bonfim, no lugar da Barrosa, continuamos sem o saber em rigor. Todavia, podemos dizer que seguramente será da segunda metade do século XVIII. Esta suposição assenta naturalmente pelas escassas referências orais que se têm transmitido e tido em conta, pelo estilo da sua construção e ainda por um ou outro documento. Por exemplo, pesquisei um assento de óbito (imagem acima) de António Gomes Loureiro, a cuja família está ligada a origem da Casa do Loureiro na Barrosa, que se sabe estar relacionada à construção da capelinha.

Este António Gomes Loureiro faleceu em 12 de Setembro de 1790, sem os sagrados sacramentos porque falecido de repente, mas deixou testamento das suas vontades instituindo o seu filho Manuel Gomes Loureiro e suas filhas Maria e Margarida, como herdeiros.

O testamento aberto e testemunhado pelo padre José António de Azevedo, encomendado da paróquia de S. Mamede de Guisande, incumbia os filhos de mandar celebrar uma série de missas, incluindo umas dez ao Senhor do Bonfim.

Em resumo, por este documento confirma-se que à data a capelinha já existia e tinha relação com a família do Loureiro e esta mantinha uma devoção ao Senhor do Bonfim.

Este António Gomes Loureiro foi casado com Joana Pinto de Jesus. Dos seus filhos, o Manuel casou com Tomázia Rosa da Silva de Jesus, esta filha de João Alves da Silva e de Maria Joana de Jesus.

Deste casal Manuel Gomes Loureiro e Tomázia Rosa, nasceram vários filhos, incluindo a Maria Felizarda de S. José Loureiro da Silva que casou com Domingos José Francisco de Almeida, meu tetra-avô paterno porque era pai de Domingos José Gomes de Almeida, meu trisavô, este pai de Raimundo Gomes de Almeida, meu bisavô e este pai de Joaquim Gomes de Almeida, meu avô.

Da união desses meus tetra-avôs, Domingos José Francisco de Almeida e Maria Felizarada de S. José Loureiro da Silva, nasceram bastantes filhos, pelo menos uns oito, nomeadamente o referido Domingos José Gomes de Almeida, nascido a 22 de Março de 1813 e falecido em 14 de Abril de 1894, a Rita Felizarda de S. José, falecida solteira em 25 de Setembro de 1895 com 70 anos, a Ana Felizarda de S. José falecida solteira em 20 de Setembro de 1891 com 65 anos, o António Joaquim Gomes de Almeida, falecido em 21 de Fevereiro de 1890 com 70 anos, o Raimundo José Gomes de Almeida, nascido a 23 de Novembro de 1809 e falecido em 23 de Janeiro de 1897, o José Gomes de Almeida (padre do Loureiro), nascido a 22 de Setembro de 1807 e falecido em 03 de Agosto de 1879, a Maria Felizarda de S. José, nascida em 29 de Julho de 1815 e a Rita Felizarda de S. José que nasceu em 18 de Fevereiro de 1817 e faleceu em 25 de Setembro de 1895 com 78 anos, solteira sem filhos. Alguns destes filhos ramificaram com outras famílias e de algumas dessas ligações descedem a maioria dos Almeidas da freguesia de Guisande. Ou seja, os Almeidas de Guisande têm também ligações ascendentes à família Loureiro da Barrosa.

Uma nota digna de registo pela surpresa e curiosidade que desperta:

O atrás referido Domingos José Gomes de Almeida, meu trisavô paterno, casou com Joaquina Rosa de Oliveira. Aqui começa a surpresa: em 6 de Abril de 1894 morre um seu filho solteiro, com 32 anos de idade, negociante de madeiras, de nome Domingos Gomes de Almeida. A sua mãe, a referida Joaquina Rosa de Oliveira morre passados 4 dias, em 10 de Abril de 1894, com 77 anos de idade. E como não há duas sem três, passados outros 4 dias, em 14 de Abril de 1894 morre o seu pai, o tal Domingos José Gomes de Almeida, com 81 anos de idade.

Não conheço os motivos desta sucessão de mortes na mesma casa. Se por desgosto consecutivo da mãe após a morte do filho e depois do pai pela morte do filho e da esposa ou se por alguma circunstância de doença contagiosa ou de outra natureza. Provavelmente nunca o viremos a saber. Apesar de falecer jovem o filho, por esses tempos eram muito comum o falecimento com essas idades. Por outro lado o pai com 81 anos e a mãe com 77 já tinham umas bonitas idades, tanto mais naqueles tempos quase sem grandes cuidados e tratamentos de saúde. Por conseguinte, fica apenas a surpresa e a curiosidade pela coincidência, mas é provável que tenha havido uma relação de doença ou emocional.

22 de outubro de 2023

Entrevista de Elísio Mota - Factos e curiosidades


Em Setembro de 1982, o saudoso Elísio Mota, então presidente do Centro Cultural e Recreativo "O Despertar" de Guisande, concedeu uma entrevista ao jornal "O Mês de Guisande", traçando um resumo da história e actividades da associação. 

Falou da origem do nome "O Despertar", falou da actividade da secção de teatro e das actuações com sucesso nas freguesias de Vila Maior e Milheirós de Poiares e do subsídio recebido da Câmara Municipal da Feira (7.440,00 escudos anualmente).

Enalteceu o espírito de camaradagem que se vivia entre os elementos do grupo e a sua vontade de fazer coisas pelo desenvolvimento da freguesia, até aí estagnada no movimento associativo, cultural e recreativo e o desporto resumido ao futebol.

Falou igualmente da realização da Festa do Emigrante em 1977 com  a organização de um prova de atletismo em diferentes escalões e que reuniu 500 atletas. Falou da atleta que então estava inscrita na Federação (a Isaura Lopes). Falou dos muitos troféus, taças  e galhardetes conquistados pelos atletas de "O Despertar" em várias provas de atletismo.

Abordou o evento das Mini-Olimpíadas concelhias e a participação da associação no mesmo, que por esses tempos tinha muita importância concelhia. Posteriormente a associação viria a conquistar inúmeros troféus e pódiuns nessas provas.

Falou também dos projectos que tinha em mente para a promoção de outras disciplinas desportivas (como basquetebol, andebol e voleibol) mas que para tal ser possível faltava um rinque polidesportivo ( o que só veio a concretizar-se vários anos mais tarde e mesmo assim não coberto e que hoje está abandonado e degradado).

Bons tempos. Infelizmente, factos já um pouco ou totalmente esquecidos, que importa, digo eu, relembrar aos mais novos que, naturalmente, por razões óbvias não se lembram nem deles têm memória.

11 de outubro de 2023

Venda da residência paroquial em 1923

 


Passa nesta dia de hoje, 11 de Outubro de 2023, um século após a data da escritura de venda do edifício da residência paroquial de Guisande, conforme o atesta o cabeçalho da escritura acima reproduzido.

A venda foi realizada pelo então pároco Pe. Abel Alves de Pinho a um outro sacerdote, o Pe. Joaquim Esteves Loureiro, de Ramalde - Porto, sendo que este representado no acto pelo então pároco de Pigeiros, Pe. António Inácio da Costa e Silva.

Todo este processo relacionado à residência paroquial é conturbado e ainda com vários segredos ou mistérios por desvendar. Oportunamente, por aqui ou no livro que tenho em preparação, procurarei transmitir o que se sabe sobre o assunto, sendo que ficarão sempre pontas soltas e enigmas por resolver.

Em todo o caso, o processo passa pela edificação da residência, dada como concluída em 1907, depois a compra da mesma à paróquia pelo então pároco Pe. Abel, e posteriormente a venda, de algum modo forçada, aquando da saída do referido padre, e ainda o mistério de ter sido vendida a um desconhecido do Porto, sendo que em princípio com ligações à Diocese e à Sé, presumindo-se que agindo como um testa-de-ferro. Posteriormente esse Pe.Loureiro, conforme previsto, veio também ele próprio a vender à paróquia, pelo que desde então lhe pertence. Foi depois no tempo do Pe. Francisco que a situação de propriedade, em termos de registo na Conservatória e Finanças se veio a resolver a favor do Benefício Paroquial, equivalente então à Comissão Fabriqueira.

É, pois, um processo obscuro e com contornos interessantes mas misteriosos e que, à falta de outros documentos, pelo falecimento dos intervenientes e pelo tempo decorrido, será difícil resolver de forma definitiva.

25 de setembro de 2023

Casamentos? Nem por isso...

 


Ao contrário do que se possa pensar, noutros tempos, mesmo quando era grande o número de filhos em qualquer família, e 6, 7, 8, 9 ou 10 eram números normais, não se realizavam muitos casamentos. Por exemplo, aqui em Guisande, os assentos paroquiais dos anos 1901 e 1902 não registam qualquer enlace e mesmo no ano seguinte, em 1903, apenas se realizaram 3.

Mesmo quanto a filhos, eram comuns os filhos de mães solteiras. Numa época em que não havia planeamento familiar nem prática de métodos contraceptivos, e a pílula só veio a ser criada já na década de 1960 e a generalizar-se entre nós sobretudo a partir da década de 1980, os constrangimentos morais e religiosos conduziam ao forçoso respeito pela vida que assim prevaleciam sobre a "vergonha" social. Os casos de abortos ou "desmanchos" voluntários eram reduzidos, pelo menos nos meios rurais.

Não supreende que em face do elevado número de filhos e da falta de condições de higiene, de assistência médica, nomeadamente durante a gravidez e parto, e meios de tratamento, e por conseguinte à mercê de doenças mais ou menos infecciosas, a mortalidade infantil por esses tempos era alta e mesmo nos adultos eram frequentes os falecimento em idade jovem ou meia idade.

Nas minhas pesquisas de genealogia, são vários os casos em que um qualquer Manuel ou uma Maria, nomes muito vulgares, serem baptizados como segundos ou terceiros de nome, isto é, que vinham substituir outros filhos a quem já havia sido dado esses nomes mas que faleceram com idades de criança ou mesmo de bébés.

Em resumo, pesquisar este tipo de documentos nos velhos assentos paroquiais de baptizados, casamentos e óbitos, é simultaneamente uma forma de observar outros apontamentos sociais e demográficos.

20 de setembro de 2023

Alfaiate setecentista


Por este assento de baptismo de um José, nascido em 28 de Abril, do ano de 1742, ficamos a saber que existia em Guisande, no lugar de Fornos, um alfaiate, de nome Manuel Francisco, marido de Maria de Pinho, que era sua segunda mulher. Curioso o facto do seu filho José ter tido como padrinho de baptismo o padre José Pinto, do lugar das Quintães. À falta de mais elementos, incluindo os apelidos e os nomes dos avôs, que o assento não fornece, ficamos sem saber se esse sacerdote era ou não familiar do alfaiate, presumindo-se que sim pois era normal ser alguém da família. 

Ainda deste alfaiate encontrei o nascimento de outros filhos, o  Mateus, nascido em 21 de Setembro de 1743, a Jacinta nascida em 14 de Abril de 1745 e a Teresa nascida em 20 de Setembro de 1746.

Percebe-se pelas datas aproximadas do nascimento dos filhos, que o alfaiate não perdeu tempo a trabalhar com as linhas com que se cosem a família.

Nesse ano de 1742 era pároco em Guisande o abade Manuel de Carvalho, que fez o referido assento de baptismo, tendo sido o fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário aqui em Guisande, secular entidade que ainda existe.

Quanto ao padre José Pinto, das Quintães, o seu nome consta na lista de sacerdotes nascidos em Guisande, a qual integra a monografia "Defendei Vossas Terras", do Cónego Dr. António Ferreira Pinto, edição de 1936. Sobre o referido sacerdote das Quintães é dito que "...em 1769, tinha 79 anos e fora ordenado cm 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor."

Dos alfaiates conhecidos que tiveram oficina em Guisande, desde logo lembramos o Joaquim Dias de Paiva, "O Pisco", que viveu no lugar da Igreja. Este Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso. 

Era filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande). Era neto paterno de Jerónimo de Paiva e de Maria Teresa de Oliveira. Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus. No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907. Teve vários irmãos, entre os quais o António, o Bernardo, a Miquelina, o José e o Guilherme. 

Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.

Desta família Dias de Paiva publiquei aqui já alguns apontamentos genealógicos.

Quanto a alfaiates em Guisande, para além do Joaquim Dias de Paiva, e o mais recente de que tenho memória, foi o senhor Delfim Gomes da Conceição, no lugar de Casaldaça, conhecido pelo "Delfim do Serra" ou pela alcunha "o Piranga" que trabalhava com as filhas.

Pelas minhas pesquisas pelos velhos assentos paroquiais recordo-me de passar ainda por um outro alfaiate guisandense, ali pelo século XIX, mas não anotei o nome, pelo que oportunamente tentarei procurar e actualizar aqui este apontamento.

31 de agosto de 2023

Crisma em Guisande - 27 de Fevereiro de 1983

 


Em 27 de Fevereiro de 1983 realizou-se na pároquia de S. Mamede de Guisande uma Visita Pastoral, pelo bispo auxiliar da Diocese de Porto, D. Domingos de Pinho Brandão, (natural de Rossas - Arouca) que culminou com a administração do sacramento do Crisma. 

No total foram crismadas 124 pessoas, na sua maioria jovens, sendo que chegaram a estar inscritas 132. Recorde-se que por essa data, há já vários anos que a paróquia de Guisande não tinha cerimónia de Crisma, pelo que se explica o elevado número de participantes. Os mesmos tiveram desde Janeiro desse ano várias reuniões preparatórias. Cerca de dois terços dos crismandos fizeram-se acompanhar pelos próprios padrinhos de baptismo e os restantes tiverem como padrinhos o casal Joaquim Alves de Pinho Santiago e Maria Zélia Baptista Henriques Santiago (ambos já falecidos).

Na semana que antecedeu a Visita Pastoral, de 21 a 27 de Fevereiro, a paróquia preparou-se espiritualmente e viveu uma semana de pregações com o Pe. José Pinto de Carvalho, da Congregação do Espírito Santo. Foram ainda realizadas reuniões com os participantes e forças vivas da freguesia.

A recepção ao Bispo foi efusiva, tendo-se preparado tapete com flores entre o salão paroquial e a entrada da igreja e cânticos. O grupo coral foi auxiliado com violinistas vindos de fora.

Para além do bispo D. Domingos de Pinho Brandão, que presidiu à celebração, concelebraram o Pe. Francisco, o Pe. Leonel Lopes, o Pe. Santos Silva (vigário da vara), o Pe. Domingos, pároco de Pigeiros e ainda o pregador, Pe. José Pinto de Carvalho. Foram ainda convidados para a celebração os padres guisandenses, padre José Oliveira, padre Agostinho Silva e padre António Santiago, que por motivos maiores não puderam participar.

Depois das cerimónias decorreu na residência paroquial um almoço onde participaram os sacerdotes que tomaram parte na celebração, o motorista do Sr. bispo e ainda o o Pe. Aguiar, delegado episcopal, que apareceu já pelo final do almoço. 

Depois dessa data tão importante para a comunidade de Guisande, as cerimónias de Crisma tornaram-se mais regulares na nossa paróquia.

21 de agosto de 2023

O padre Eugénio Pinho e Guisande


Creio que todos em Guisande e arredores conhecem a ilustre figura, doutor e reverendo Pe. Eugénio de Oliveira e Pinho, actual pároco da paróquia e freguesia nossa vizinha, de S. Vicente de Louredo. Já poucos saberão, porém, da sua ligação à nossa freguesia de Guisande. De facto, este ilustre louredense é também guisandense, já que é filho de António Baptista de Pinho, que foi da Casa da Quintão, no lugar do Outeiro.

Assim, por parte do pai, é neto de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus (esta de S Tiago de Lobão). Por sua vez, o seu pai António era neto paterno de Manuel António de Pinho e Maria Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Caetano Cardoso e Maria Rosa da Mota.

António Baptista de Pinho, pai do Pe. Eugénio, nasceu em 18 de Março de 1877. Casou com Madalena Fontes de Oliveira, natural do Vale, em 6 de Agosto de 1937, por isso tardiamente, já com 60 anos. Faleceu em 7 de Fevereiro de 1950. A Madalena, a esposa deste António Baptista de Pinho, nasceu em 25 de Janeiro de 1901, por isso mais nova 24 anos que o marido. Era filha de António Francisco de Oliveira e de Ana Ferreira de Fontes, esta natural de Romariz. Era neta paterna de Domingos Francisco de Oliveira e de Rosa Maria de Oliveira e neta materna de Manuel Ferreira de Fontes e de Ana dos Santos. Faleceu em 29 de Maio de 1984, com 83 anos de idade, sobrevivendo ao marido por cerca de 34 anos.

António Baptista de Pinho teve vários e numerosos  irmãos (pesquisei 14) sendo que alguns faleceram pelo meio. Entre eles:

A Ermelinda  Baptista de Pinho, tia do Pe. Eugénio, que casou em 19 de Julho de 1898 com Manuel Inácio da Costa Silva Júnior (filho de Manuel Inácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus - esta de Romariz), da freguesia de Pigeiros, dando origem a uma das abastadas famílias, de que teve origem o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva que veio a casar em Guisande com D. Laurinda de Leite Resende, da casa do Sr. Moreira, do lugar da Igreja. As testemunhas desse casamento foram o o Pe. António Inácio da Costa e Silva (17-07-1864<>18-07-1938), então pároco de Pigeiros, irmão do noivo, e  António Baptista de Pinho (pai do Pe. Eugénio), irmão da noiva.

Ainda outra curiosidade, este Pe. António Inácio da Costa e Silva tinha outro irmão sacerdote, o Pe. José Inácio da Costa e Silva (21-06-1872<>12-03-1947), que chegou a ser pároco das freguesias de Fermedo e depois de Caldas de S. Jorge. Estes irmãos padres tinham como avôs paternos José Inácio da Costa e Silva e Ana Joaquina Henriques da Silva e avós maternos António José de Paiva e Ana Maria Henriques, de Romariz.

Deste casamento de Manuel Inácio da Costa e Silva Júnior com a  Ermelinda Baptista de Pinho, tia do Pe. Eugénio, também saiu um filho sacerdote, o Pe. António Inácio da Costa e Silva, nascido em Pigeiros em 6 de Junho de 1899. Rezou missa nova a 8 de Novembro de 1921. Esteve como vigário cooperador em Santo Ildefonso - Porto e depois de 4 de Julho de 1924 foi pároco na freguesia do Vale, Vila da Feira.

Este António, pai do Pe. Eugénio, casou com Madalena Fontes de Oliveira, natural do Vale, em 6 de Agosto de 1937, por isso tardiamente, já com 60 anos. Faleceu em 7 de Fevereiro de 1950. 

Para além das ligações pela parte do pai a Guisande e a Louredo, pela parte da mãe tem o Pe. Eugénio ligações familiares às freguesias do Vale e de Romariz. 

Por sua vez, a mãe do Pe. Eugénio, Madalena, nasceu em 25 de Janeiro de 1901, por isso mais nova 24 anos que o marido. Era filha de António Francisco de Oliveira e de Ana Ferreira de Fontes, esta natural de Romariz. Era neta paterna de Domingos Francisco de Oliveira e de Rosa Maria de Oliveira e neta materna de Manuel Ferreira de Fontes e de Ana dos Santos. Faleceu em 29 de Maio de 1984, com 83 anos de idade, sobrevivendo ao marido por cerca de 34 anos.

De referir ainda que, em termos familiares, o Pe. Eugénio Pinho é um de três irmãos, com o Custódio, já falecido e, ainda por cá, a Isabel, professora primária, que vive na freguesia do Vale.

Mais dados biográficos (*)

Quanto ao Pe. Eugénio, nasceu aos 17 de Agosto de 1939 (dia de S. Mamede), no lugar de Louredo, da freguesia de Louredo, concelho de Vila da Feira, onde residiam os pais.

Principiou a sua instrução na Escola Primária de Vila Seca, na freguesia de Louredo, de 1945 a 1949, sendo seu professor António Pereira da Silva Cabral, de Duas Igrejas -  Romariz, de quem recebeu, além dos conhecimentos académicos, uma personalidade e verticalidade que o marcou e tem orientado na vida. 

Quanto ao ensino secundário, em 1949, com 10 anos, ingressou no Seminário Diocesano de de Ermesinde, onde frequentou o 1° ano do Curso Secundário. Em 1950 transitou para o Seminário de Trancoso, em Vila Nova de Gaia, onde frequentou os 2° e 3° anos do Curso Secundário. Em 1953, transitou para o Seminário de Vilar,na cidade do Porto, onde fez os 4°, 5°, 6° e 7° anos. Em 1957 veio para o Seminário Maior de Teologia, junto à Sé do Porto, onde frequentou o Curso de Teologia, tendo-o terminado em 1961 com as mais elevadas classificações. 

Sacerdócio - Em 07 de Abril de 1962 recebeu a Ordenação Sacerdotal na Capela do então Paço Episcopal do Porto, hoje Casa da Torre da Marca, sendo Bispo ordenante D. Florentino de Andrade e Silva, Administrador Apostólico da Diocese do Porto, pelo facto de o Bispo Ordinário da Diocese, D. António Ferreira Gomes se encontrar no exílio, às ordens do Dr. António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros da República Portuguesa. 

De 1961 a 1963 exerceu as funções de Prefeito e Professor de Português e Latim no Seminário de Trancoso, em Vila Nova de Gaia. Estudos Superiores: - De 1963 a 1967 frequentou, em Roma, a Pontifícia Universidade Gregoriana, onde se licenciou em Direito Canónico, e a Academia Alfonsiana -  Instituto de Teologia Moral da Pontifícia Universidade Lateranense. 

Regressado a Portugal exerceu as funções de Superior Interno e Professor de Teologia, de 1967 a 1972, no Seminário Maior do Porto. De 1970 a 1972 frequentou a Faculdade de Direito da Uni-versidade de Coimbra, como aluno voluntário, tendo concluído a Licenciatura em Direito Civil em Julho de 1976. 

Outras actividades:

Em Novembro de 1976 iniciou funções de Juiz no Tribunal Eclesiástico do Porto. Em Outubro de 1977 assumiu funções de Professor Contratado de Teologia Moral no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas do Porto. Ao mesmo tempo exerceu actividade forense, como advogado, inscrito pela Comarca de Santa Maria da Feira, onde teve seu escritório, encontrando-se presentemente na situação de Reforma. 

Em Outubro de 1987 iniciou funções de docência da Cadeira de Ética Social, como Professor contratado da Faculdade de Teologia - Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa. Desde 1991 exerce funções de Defensor do Vínculo no Tribunal Eclesiástico do Porto e em 1999 foi nomeado Promotor da Justiça da Diocese do Porto. 

É Sócio fundador da Associação Portuguesa de Canonistas. 

Em 1991-92 frequentou, no Instituto de Defesa Nacional, o Curso de Defesa Nacional  e é Sócio n° 404/ CD. N92 da Associação dos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional. É Sócio n° 200 do Centro Social, Cultural e Recreativo de Louredo. 

Após o falecimento do Pe. Acácio de Freitas, em Setembro de 2014, foi  nomeado pároco da sua terra natal, encontrando-se até ao momento ao seu serviço, com amor e muita dedicação, apesar das limitações da sua já bonita idade (84 anos) que lhe permitiria a retirada de funções há já vários anos. 

Que Deus o conserve com todas as faculdades por muitos mais anos.


Uma curiosidade:

De acordo com o Pe. Acácio de Freitas, de cuja monografia sobre Louredo extraí a foto acima e alguns dos dados biográficos (*) sobre o Pe. Eugénio, o edifício da residência paroquial de Louredo, terá sido mandado construir por 1903, com as obras pagas pelo Sr. Custódio António de Pinho, avô do Pe. Eugénio, pois para além de um grande lavrador e proprietário de Guisande, também detinha muitas propriedades em Louredo, algumas delas, por herança, nos dias de hoje na posse do actual pároco de Louredo.

Este Custódio António de Pinho, da Casa da Quintão, no Outeiro, foi também, em diferentes tempos, um benemérito na sua freguesia de Guisande, pois custeou ou contribuiu para muitas obras na paróquia, sobretudo na igreja matriz e residência paroquial, que foi edificada por 1907.

Custódio António de Pinho, nasceu em 21 de Fevereiro de 1846, sendo filho de Manuel António de Pinho e de Maria Rosa. Era neto paterno de Manuel António de Pinho e de Josefa Francisca de Sá, do lugar de Vila Seca, freguesia de Louredo, e neto materno de António Fernandes e Maria Luisa, do lugar de Azevedo, freguesia de S. Jorge de Caldelas.

Foi padrinho deste Custódio, avô do Pe. Eugénio, o reverendo Pe. Rodrigo António Pereira do Vabo de Sá Coutinho, da vila de Barcelos. Como curiosidade, este sacerdote,  faleceu com 83 anos em 22/1/1880, na rua da Madalena, em Barcelos. Creio que a ligação ao baptizado se prende à família Sá da avó materna, de Vila Seca - Louredo.