Mostrar mensagens com a etiqueta Historiando. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Historiando. Mostrar todas as mensagens

18 de março de 2024

Nossa Senhora da Conceição como madrinha de baptismo


Nos velhos assentos paroquiaIs há sempre coisas interessantes ou curiosas a descobrir. Por exemplo, neste assento de baptismo de Custódia, filha de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do lugar do Outeiro, nascida a 19 de Setembro de 1870, para além de outras informações, ficou-se a saber que teve como padrinho Manuel António de Pinho, avô paterno da baptizada,  e como madrinha, nem mais nem menos que Nossa Senhora da Conceição, sendo tocada com a sua coroa segurada por um João Cando, jornaleiro.

Não deixa de ser inédita esta situação pois de centenas de assentos já analisados não detectei esta situação em outros baptismos.

Seria vulgar? Qual a legitimidade canónica de tal acto? Desconheço mas a investigar mas certamente que não será caso único.

13 de março de 2024

Padre José Francisco, do lugar das Quintães


Na lista de padres nascidos em Guisande, pesquisada e publicada pelo Cónego Dr. António Ferreira Pinto, na sua monografia sobre a nossa freguesia de Guisande, "Defendei Vossas Terras", de 1936, não há qualquer referência ao padre José Francisco.

De acordo com o recorte do assento de baptismo de José, filho de Manuel Francisco e de Maria Guedes, do lugar de Casaldaça, que nasceu em 29 de Abril de 1737, surge o sacerdote como padrinho e como morador no lugar das Quintães. Não encontrei ainda mais dados sobre este padre e se realmente era natural de Guisande, mas será de presumir que sim. 

A prática de em muitos assentos, sobretudo nos mais antigos, serem omitidos os apelidos das pessoas, e mesmo com os nomes próprios abreviados, não ajuda a deslindar as relações genealógicas. Junta-se à dificuldade a frequente omissão de outros pormenores, como a identificação dos avôs, pelo que é sempre uma tarefa completa a de vasculhar a história, identificar pessoas e seus dados biográficos.

Ainda do lugar das Quintães, existiu o padre José Pinto. Sabemos que em 1769, tinha 79 anos, pelo que terá nascido por 1690. Foi ordenado em 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor. Faleceu em 14 de Novembro de 1775, com 85 anos de idade, tendo sido sepultado dentro da igreja matriz de Guisande. Deixou testamento cerrado com bens por alma de seus pais e seu irmão Manuel e instituiu como sua herdeira uma Josefa  Maria, mulher de Bernardo Pereira da freguesia de Lamas, com a obrigação de lhe fazer os bens de alma e pagar suas dívidas. Durante a sua vida foi padrinho de baptismo de vários guisandenses pelo que consta como tal em muitos assentos paroquiais.

Com alguma incerteza mas com grande probabilidade, do que consegui pesquisar, seria filho de António Pinto e de sua mulher Isabel Dias, tendo nascido a 5 de Janeiro de 1684, sendo baptizado a 7 do mesmo mês. Foram padrinhos, José Francisco, do lugar das Quintães e Isabel filha de Gonçalo Pinto, do lugar da Lama. A ter em conta este assento e esta data de nascimento poderá estar errada a indicação acima de que em 1769 tinha 79 anos.

2 de março de 2024

José Gomes Leite

 


José Gomes Leite, que foi do lugar do Reguengo, foi uma figura com alguma importância na nossa freguesia, por ser um abastado proprietário, com ligações familiares por parte da sua esposa à Casa do Loureiro e à família Leite Resende, do lugar da Igreja,  mas sobretudo pela sua ligação à  Junta de Freguesia de Guisande onde, durante pelo menos 20 anos ocupou diversos cargos.

Em 1922 era vice-presidente.

Em 1923, era secretário.

Ainda em 1923 foi tesoureiro.

Em 1926 e entre 1935 e 1945 foi presidente. Foi neste período que foi realizada a abertura da estra que liga da Igreja a Fornos, passando pelas Quintães, Viso e Barrosa.

José Gomes Leite era natural de Pigeiros, do lugar da Bajouca, tendo nascido a 2 de Dezembro de 1886, sendo filho de Manuel Henriques Gomes Leite e de Rosa Maria Pereira de Jesus. Era neto paterno de Manuel Gomes Leite e de Bernardina Henriques de Paiva e neto materno de José Alves da Silva e de Maria Rosa Pereira.

Casou em Guisande em 14 de Junho de 1919 com Margarida Angelina Leite de Resende. Esta nasceu em 3 de Julho de 1884. Era filha de António Joaquim dos Reis Oliveira e de Maria Felizarda Gomes de Almeida, casados em 25 de Maio de 1880.

Por sua vez este António Joaquim dos Reis Oliveira era filho de filho de Manuel de Oliveira e de Ana Joaquina. Por sua vez a Maria Felizarda Gomes de Almeida nasceu em 28 de Julho de 1958 e era filha de António Leite de Resende (do lugar da Igreja) e Margarida Felizarda de S. José (da Casa do Loureiro). Era neta paterna de José Leite de Resende e Teresa de Jesus e neta materna de Domingos José Francisco de Almeida e de Maria Felizarda de S. José. Esta Maria Felizarda Gomes de Almeida era irmã de Raimundo de Almeida Leite de Resende, por sua vez pai da D. Anunciação Leite de Resende, de que aqui já falamos.

José Gomes Leite e sua esposa Margarida Angelina Leite de Resende foram pais da Maria Angelina que casou com o Américo Pinto dos Santos (Chefe) e da  Maria da Anunciação Leite de Oliveira Gomes, nascida a 10 de Maio de 1931, que casou em 25 de Fevereiro de 1964 com Rogério Fernandes da Costa Neves, que por sua vez  foram pais da Maria José Gomes Neves que casou com o Dr. Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro. Foram ainda pais de Albano Leite de Oliveira que faleceu menor, com apenas 2 anos de idade em 2 de Outubro de 1928.

Tiveram ainda uma outra filha, Maria Alzira de Oliveira Gomes, nascida a 7 de Abril de 1924 e que casou em 18 de Setembro de 1954 com Mário António Moreira Guerner, de Perosinho - Vila Nova de Gaia.

José Gomes Leite faleceu em 30 de Novembro de 1968. A data de falecimento inscrita na lápide sobre o o seu jazigo  no cemitério de Guisande está errada e refere-se à do falecimento da esposa, 19 de Novembro de 1973. Por conseguinte a sua data de falecimento na lápide também está errada como também está errado o seu nome pois escreveram José Leite Gomes em vez de José Gomes Leite. Espanta tantos erros juntos.

Margarida Angelina Leite de Resende de Oliveira, esposa de José Gomes Leite

António Joaquim Gomes Reis de Oliveira, sogro de José Gomes Leite


14 de fevereiro de 2024

Faleceu o Manuel da Viola

Dos velhos assentos paroquiais de Guisande, um curioso assento de óbito feito pelo pároco Manoel Rodrigues da Silva, de um Manoel Ferreira, mendicante (mendigo) do lugar de Gueifar da freguesia de S. João de Ver, considerado como falto de juízo, que faleceu na noite de Sábado para Domingo de 11 de Outubro de 1761, onde se encontrava num palheiro pertença de um Pedro de Oliveira. Está escrito que "somente recebeu o sacramento da extrema unção por não estar em seu juízo além de  que nunca o teve perfeito".

Apesar disso e dessa condição de mendigo, pobre e itinerante, teve ofício fúnebre com cinco padres e foi sepultado dentro da nossa igreja matriz.

Finalmente é dada a informação que o mendigo tinha como alcunha o "Manoel da Viola".

4 de fevereiro de 2024

Alminhas em Estôze

 





No lugar de Estôze, um dos mais antigos da nossa freguesia, existem dois interessantes exemplares de alminhas. Uma delas encastrada na fachada da casa da D. Laurinda Angélica (2 fotos de cima), com imagem em azulejo policromático de um Cristo Crucificado e a ainda as designadas como alminhas do Vitorino (2 fotos em baixo), também com azulejo colorido e com a temática habitual das Senhora do Carmo.

A grafia do lugar de Estôze ao longo dos tempos tem tido algumas variantes e mesmo no dias de hoje presta-se a alguma confusão, nomeadamente quanto ao uso do "z" ou "s" ou ainda quanto ao acento sobre o "o", por vezes com o acento circunflexo ("^") e outras com o til ("~"). Aparece ainda nas duas formas, com "z" ou com "s" mas sem qualquer acento.
Eu próprio poderei nem sempre escrever da mesma forma mas pessoalmente considero como mais correcta a variante"Estôze".
Ainda em documentos antigos já vi a variante Estôs ou Estôz, sem o "e".
De todo o modo é um topónimo de origem desconhecida e mesmo após várias pesquisas não encontrei qualquer outro semelhante no nosso país.

26 de novembro de 2023

Os Caetano de Azevedo de Guisande

Azevedo  é um apelido de família, não muito comum mas com alguma importância na nossa freguesia, nomeadamente o associado ao também apelido Caetano. 

Quanto à origem deste apelido, dizem alguns entendidos nestas questões de genealogia que Azevedo (ou Acevedo) é um sobrenome toponímico ibérico, com origem no couto e honra de Azevedo, no concelho de Barcelos, em Portugal. A palavra Azevedo vem de azevo (em espanhol antigo, acebedo), arbusto espinhoso; do latim acifolium, variação de aquifolium, azevinho.

D. Pedro Mendes de Azevedo é o mais antigo conhecido portador do sobrenome. Fidalgo de D. Afonso Henriques (1106-85) e D.Sancho I (1154-1211) era filho de D. Mem Pais Bufinho (D. Mendo Bufião ou D. Mendo Roufino) e descendente de D. Egas Gosindo Bayán (Baião), sendo este neto de Arnaldo de Bayán, cavaleiro que chegou a Galícia para lutar contra os mouros ao lado de D. Afonso V de Leão (994-1028), em 983. Afirmam alguns genealogistas que Arnaldo era o terceiro filho do imperador romano-germânico Guido de Espoleto (828-94).

Quanto aos Azevedos em Guisande, obviamente que será missão difícil e quase impossível tecer toda a teia genealógica e relação de parentesco entre os seus elementos, por isso com vários buracos, mas do que consegui pesquisar e relacionar deixarei aqui os respectivos apontamentos que servirão a quem neles quiser posteriormente pegar e melhor apurar. É pois um ponto de partida.

O interesse da minha pesquisa relacionada a esta família e a este apelido Azevedo e também a sua ligação ao apelido Caetano, que em alguns casos é nome próprio, liga-se com a figura de António Caetano de Azevedo, carpinteiro de profissão, e de Maria Gomes da Conceição, costureira, moradores no lugar das Quintães, aqui da freguesia de Guisande. Foram estes os pais de Margarida da Conceição, minha bisavô materna porque mãe do pai da minha mãe. Por isso, por parte do meu ramo materno, este António é meu trisavô. Logo também tenho sangue destes Azevedos. O lugar das Quintães é assim o ninho desta família mesmo que alguns desses elementos tenham temporariamente andado por outros locais.

António Caetano de Azevedo era filho de Francisco Caetano dos Santos e de Ana Joaquina dos Santos, esta filha de João Francisco dos Santos e de Arminda Gomes da Conceição, moradores no lugar de Cimo de Vila. Era neto paterno de Caetano Francisco dos Santos e de Maria Rosa Gomes, esta filha de Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos. 

Desta relação de nomes, numa primeira análise constata-se que a herança do apelido Azevedo por parte do meu trisavô, António Caetano de Azevedo, provém não da parte de seu pai ou avô paterno, como se esperaria, mas sim da parte de seu avô materno, Manuel Joaquim de Azevedo. De seu pai e também comum a quase todos estes Azevedos é o apelido Caetano.

Aqui chegados, importa ter em conta que por esses tempos os apelidos nem sempre eram respeitados na linha directa da descendência, como por regra acontece nos nossos dias. Por conseguinte, nesses tempos normalmente as mulheres não herdavam o último apelido do pai mas da mãe. E havia casos em que o próprio último apelido do pai era omitido em alguns dos filhos ou colocado num apelido do meio. Por conseguinte não havia esse cuidado ou sensibilidade por parte dos pais em transmitir de forma continuada e sucessória os apelidos de raiz aos filhos e nem as autoridades o exigiam. Ora esta aleatoriedade dificulta em muito a missão de quem pretende pesquisar documentos e relacionar famílias tanto na forma ascendente como descendente e gerar árvores genealógicas com base na herança do apelido.

De resto, durante muitos anos o papel que hoje é garantido pelas conservatórias do registo civil, restringia-se apenas à Igreja e às paróquias em que estas, pelos párocos, por necessidade de controlar os fregueses quanto ao cumprimento e estado da administração dos principais sacramentos, como o baptismo, matrimónio e também os óbitos, registavam, assentavam, os mesmos em livros a cujos escritos se designam de assentos paroquiais. 

Só depois do liberalismo, e foi precisamente em 16 de Maio de 1832 que foi aprovado o decreto que em Portugal proclamou a existência do registo civil para todos os cidadãos, é que foram criados os postos de registo civil, que no caso da freguesia de Guisande era assegurado pelo chamado Posto de Louredo, onde, creio,  se localizava no lugar de Vila Seca, sendo que tenho também a informação segura que funcionava no lugar da Mouta, em caso do Sr. Manuel Paiva, ali conhecido como Manuel da Mouta, homem da agricultura mas inteligente e dominador da palavra escrita e falada.

Pegando então, como base o pai da minha referida bisavó materna, temos a seguinte lista:

António Caetano de Azevedo,  nasceu em 28 de Março de 1867 e faleceu em 25 de Agosto de 1929 com 62 anos de idade. Como atrás dito, era filho de Francisco Caetano dos Santos, e de Ana Joaquina dos Santos. Os seus avôs paternos eram Caetano Francisco dos Santos, do lugar da Lama, e Maria Rosa Gomes e os seus avôs maternos eram Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos. Caetano Francisco dos Santos e Maria Rosa tiveram filhos para além do Francisco, entre os quais o José nascido a 7 de Dezembro de 1828 e a Rosa nascida em 17 de Setembro de 1841.

O seu pai, Francisco Caetano dos Santos, nasceu a 6 de Janeiro de 1827. Era filho de Caetano Francisco dos Santos e de Maria Rosa Gomes, do lugar da Lama. Era neto paterno de José Francisco dos Santos e de Maria da Silva Guedes, do lugar de Azenha – Lobão. Era neto materno de Manuel da Silva e de Ana Maria, do lugar da Lama – Guisande.

Também do que consegui pesquisar este mesmo Francisco Caetano dos Santos teve também os seguintes irmãos (tios paternos de António Caetano de Azevedo):

José, que nasceu a 7 de Novembro de 1828 (há um assento duplicado com a data de 7 de Dezembro de 1828; 

Victorino, nasceu a 2 de Janeiro de 1832; 

António, que nasceu a 7 de Setembro de 1833; 

Rosa, que nasceu a 17 de Setembro de 1840.

Do que consegui pesquisar, este Francisco Caetano dos Santos, para além de António Caetano de Azevedo, teve ainda outros filhos, nomeadamente:

Manuel, que nasceu a 18 de Janeiro de 1852;  

Joaquim, que nasceu a 9 de Maio de 1854; 

José, que nasceu a 31 de janeiro de 1856 e faleceu no Rio de Janeiro – Brasil, a 23 de Fevereiro de 1873;  

Maria, que nasceu em 28 de Novembro de 1857.

Bernardino Caetano de Azevedo,  que nasceu em 18 de Fevereiro de 1861 e faleceu em 19 de  Outubro de 1942. Casou em 14 de Janeiro de 1892 com Clemência Maria de Jesus, filha de Manuel José da Mota e de Maria Joaquina (Este Bernardino e Clemência tiveram uma filha, a Maria, nascida em 26 de Janeiro de 1893 e que veio a casar em 20 de Outubro de 1923 com António Augusto Guedes, tendo este falecido em 26 de Janeiro de 1973).

Joaquina, que nasceu a 25 de Janeiro de 1863; 

Carolina, que nasceu a 3 Maio de 1864 e que casou em 26 de Novembro de 1900, com Hermenegildo Correia, este então com 45 anos de idade, filho de Francisco Correia e Maria Bernardina, de Lobão;  

Domingos, que nasceu em 23 de Fevereiro de 1870 e faleceu em 7 de Dezembro de 1948; 

Justino Caetano de Azevedo, que nasceu em 31 de Outubro de 1878 e faleceu em Lobão em 1 de Março de 1936;

Dos nomes acima, Justino Caetano de Azevedo, para além do ramo do seu irmão António Caetano de Azevedo, é ele próprio um dos ramos principais dos Azevedos em Guisande. Nasceu em 31 de Outubro de 1878. Casou em Lobão com Custódia Fernandes da Encarnação, esta filha de Domingos de Almeida Lopes e de Maria Rosa de Jesus e do que consegui pesquisar tiveram como filhos:

Manuel Caetano de Azevedo, que faleceu em 27 de Junho de 1937 com 55 anos de idade, que casou com Jerónima Rosa de Jesus. Tiveram vários filhos, entre os quais os que consegui pesquisar:

António Caetano de Azevedo, que nasceu no dia 30 de Maio de 1907. Faleceu com 20 anos de idade em 2 de Fevereiro de 1928 .

Joaquim Caetano de Azevedo, que nasceu em 1 de Abril de 1909 e faleceu em 21 de Novembro de 1996. Casou em 17 de Dezembro de 1932 com Margarida Gomes de Almeida. Tiveram vários filhos entre os quais o Domingos, nascido a 14 de maio de 1933, o Manuel, nascido a 23 de Novembro de 1937 e falecido em 10 de Abril de 2008 e que casou em 14 de Junho de 1960 com Maria Adelaide de Castro Linhares (nascida em 20 de Fevereiro de 1940), a Palmira, nascida a 21 de Novembro de 1940 e que casou em 28 de Janeiro de 1962 com Flávio de Paiva, a Maria Amélia, nascida em 27 de Outubro de 1942 e que casou em 21 de janeiro de 1957 com Eugénio Nogueira Alves. Tiveram como filhos, de que me recorde, a Paula e o Eugénio. Ainda como filha do Joaquim e de Margarida, a Maria da Conceição de Almeida Azevedo, viúva, que vive no lugar das Quintães. Ainda o Joaquim que nasceu em 24 de Agosto de 1952..


Margaria Gomes de Almeida, esposa de Joaquim Caetano de Azevedo


Domingos Caetano de Azevedo, que nasceu no dia 2 de Março de 1911 e que casou em  30 de Janeiro de 1937 com Maria da Conceição e Santos, esta nascida em 8 de Junho de 1914. Faleceu em Guisande  em 2 de Agosto  de 1985. A sua esposa faleceu em 29 de Agosto de 1980.

Este Domingos ficou conhecido como Sr. Domingos “Patela” e teve como filhos um Valdemar da Conceição e Azevedo, que nasceu em 15 de Agosto de 1938. Ainda Maria Célia Azevedo Gomes Giro, nascida a 4 de janeiro de 1941, professora, que veio a casar em 14 de Agosto de 1965 com o Alcides Gomes Giro e de cujo casamento nasceram os filhos Rui Giro, Rosário Giro e Alexandre Giro.


Domingos Caetano de Azevedo e sua esposa Maria da Conceição e Santos


Manuel Caetano de Azevedo, que nasceu a 28 de Agosto de 1913. Casou com Custódia de Sá Reis em 7 de Dezembro de 1950. Tiveram vários filhos de que conheço o Alcides de Sá Azevedo e o Elísio de Sá Azevedo, que são sócios da empresa de engarrafamento de vinhos “Robalinho”, em Covento – Louredo, que retomaram de seu pai. Ainda como filha a Maria Celeste nascida em 13 de Outubro de 1951 e que casou em Louredo com José Pereira dos Reis.

Rosária Rosa Azevedo, nasceu a 26 de Março de 1918.

Augusto Caetano de Azevedo, que nasceu a 16 de Novembro de 1920.

Lucinda Rosa de Azevedo, que faleceu com 20 meses em 6 de Outubro de 1928.

Abel Caetano de Azevedo, que nasceu a 19 de Maio de 1930. Casou em Louredo em 13 de Dezembro de 1952 com Maria da Costa e Sousa (ainda viva à data em que escrevo estes apontamentos). Viveu alguns anos no lugar das Quintães em Guisande e depois mudou-se para o lugar do Convento em Louredo. Tiveram vários filhos, dos quais me lembro, o Joaquim (falecido com 65 anos em 24 de Fevereiro de 2020), a Maria da Conceição, o Domingos (também já falecido), a Lurdes, a Carminda, o Casimiro e o Alcides. Faleceu este Abel Caetano de Azevedo em 23 de Outubro de 2016.

António Azevedo da Conceição, que nasceu em 23 de Novembro de 1930. Casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho.

Rosária da Conceição e Azevedo, faleceu em 13 de Janeiro de 1931 com 6 anos de idade.

Voltando atrás, por sua vez, quanto a Manuel Joaquim de Azevedo, avô materno de António Caetano de Azevedo, e do qual terá advindo o apelido Azevedo, era filho de Francisco António de Azevedo e de Maria Joana (do lugar das Cortinhas – Cesar). A sua esposa Maria Joaquina dos Santos era filha de  Domingos dos Santos de Oliveira e Caetana Maria (de Vila Nova – Romariz).

Do casal Manuel Joaquim de Azevedo e Maria Joaquina dos Santos, consegui pesquisar os seguintes filhos:

Margarida, que faleceu com 55 anos de idade, no estado de solteira, em 23 de Outubro de 1871; Joaquim (primeiro de nome) que nasceu a 18 de Janeiro de 1833; Joaquim (segundo de nome), que nasceu a 4 de Abril de 1837;  José, que nasceu a 3 de Fevereiro de 1839.

Pelo que se constata do que atrás tem sido escrito, o apelido Azevedo, que chegou ao pai da minha bisavô, poderá ter proveniência no seu bisavô materno, Manuel Joaquim de Azevedo. Ou seja, o seu avô paterno já não tinha o apelido de Azevedo mas sim de Santos. Num assento de óbito da sua filha Margarida, é indicado como sendo ele natural de Cesar, concelho de Oliveira de Azeméis. 

Então, retomando a lista já com as origens a ramificações atrás descritas:

António Caetano de Azevedo,  nasceu em 28 de Março de 1867 e faleceu em 25 de Agosto de 1929 com 62 anos de idade. Era filho de Francisco Caetano dos Santos, e de Ana Joaquina dos Santos. Os seus avôs paternos eram Caetano Francisco dos Santos, do lugar da Lama, e Maria Rosa Gomes e os seus avôs maternos eram Manuel Joaquim de Azevedo e de Maria Joaquina dos Santos.  António Caetano de Azevedo e sua esposa Maria Gomes da Conceição, que ficou com a alcunha de "a Tora" tiveram vários filhos, nomeadamente os que consegui pesquisar:

Rosa Gomes da Conceição. Do que consegui pesquisar, como filhos e como mãe solteira teve uma filha, a Laurinda, nascida a 2 de Janeiro de 1908. Esta Rosa foi madrinha de baptismo do Justino, o seu sobrinho, filho da Margarida. Por sua vez o seu irmão Justino foi o padrinho.

Margarida da Conceição, minha bisavó materna, conforme acima já identificada. Nasceu em 19 de Julho de 1885 e faleceu em 30 de Agosto de 1979 com 94 anos de idade. Tinha 21 anos de idade quando casou em 09 de Maio de 1907 com Raimundo José da Fonseca, de 22 anos de idade, do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz. 

Este meu bisavô materno nasceu em 19 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929 com apenas 45 anos de idade. Era filho de António José da Fonseca e de Maria de Oliveira. Era neto paterno de Manuel José da Fonseca e Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e de Ana Maria de Oliveira. 

Margarida e Raimundo tiveram vários filhos, que, sem ordem de idade consegui pesquisar:

Maria da Conceição, nascida em 12 de Junho de 1909, pelo que terá sido a mais velha dos filhos.

Joaquim José da Fonseca, que casou com Albertina

Alexandrino José Fonseca que nasceu a 13 de Setembro de 1914 e casou em 17 de maio de 1942 com Maria Glória Gomes de Pinho. Viveu no lugar de Azevedo da freguesia das Caldas de S. Jorge, tendo falecido num acidente de estrada, em Pigeiros.

Manuel José da Fonseca casou em 31 de Julho de 1933 com Ermelinda Pedrosa das Neves, de quem teve vários filhos dos quais conheço a Margarida, que ainda vive no lugar de Fornos, casada com o Sr. Justino, ainda a Lúcia, esta casada com o Sr. Óscar Melo, e residente no lugar da Mota, Canedo, o Joaquim, que creio que está viúvo e vive em Vila Nova de Cerveira, o António, nascido em 12 de Junho de 1934, e que casou em S. Silvestre-Coimbra com Maria Isabel Cortesão em 16 de Fevereiro de 1964.e ainda o Gil das Neves Fonseca, que não vejo há muitos anos e que viverá por Lourosa. Casou em 29 de Dezembro de 1974 com Maria Margarida Ferreira de Pinho. Ainda o Reinaldo das Neves Fonseca, que nasceu a 1 de Março de 1944. (foi padrinho do meu irmão Manuel). 

Laurinda da Conceição, que casou com Alexandre Ferreira de Almeida e tiveram como filhos a Conceição, o Joaquim e a Adelaide.

Justino José da Fonseca, já acima referido, que nasceu a 31 de Julho de 1916, que nunca conheci porque faleceu muito novo.

Américo José da Fonseca, meu avô materno, nascido a 20 de Março de 1919 e falecido em 17 de Julho de 2001.

Retomando os filhos de António Caetano de Azevedo:

Domingos Caetano de Azevedo, que nasceu a 17 de Março de 1890.

Joaquim Caetano de Azevedo, nascido em 1893 e que faleceu com 39 anos em 5 de Agosto de 1932. Era carpinteiro e casou com Aurora das Neves de Azevedo, esta filha de Manuel Henriques dos Santos e Maria Gomes das Neves, da freguesia de Lobão. Tiveram filhos dos quais pesquisei: o Arnaldo Caetano de Azevedo, que nasceu a 6 de Janeiro de 1917; A Maria da Conceição que nasceu a 15 de Agosto de 1922 e casou em Oleiros em 26 de Fevereiro de 1940 com Joaquim Ferreira da Silva; o Joaquim António das Neves Azevedo, que nasceu em 3 de Junho de 1925.

António Caetano de Azevedo, que nasceu a 22 de Janeiro de 1895.

Alexandrina da Conceição (com alcunha de Pazada), que nasceu a 19 de Março de 1901. Casou com 23 anos de idade em 14 de Agosto de 1924 com Américo Augusto da Conceição, de 28 anos de idade, da freguesia de Romariz, flho de José Maria da Conceição e Carolina Augusta da Conceição. Dos filhos que consegui pesquisar, ainda na condição de solteira, a Maria da Conceição Azevedo, nascida em 13 de Setembro de 1923 e que casou em 27 de Julho de 1944 com Joaquim de Oliveira Cadete.

David da Conceição Azevedo, que nasceu a 25 de Maio de 1904. Faleceu em Guisande em 22 de Maio de 1940. Casou em 29 de Junho de 1925 com Francelina da Conceição, esta filha de Joaquim Gomes de Almeida e Maria Rosa de Oliveira, neta paterna de Domingos Gomes de Almeida e Joaquina Rosa de Oliveira e neta materna de Manuel de Matos e Maria de Oliveira. Faleceu este David em 21 de Janeiro de 1940.

Do que consegui pesquisar, este David e Francelina  tiveram os seguintes filhos: David Aníbal da Conceição, que nasceu em 10 de Fevereiro de 1934. que casou em 23 de Fevereiro de 1963 com a  Dolores da Conceição (viúva, ainda viva); Ainda a Natália da Conceição, nascida a 1 de Outubro de 1937 e que casou em 27 de Janeiro de 1962 com Felisberto Rodrigues Moreira (já falecido). Esta Natália e Felisberto tiveram vários filhos nomeadamente a Fátima, a Adelaide, o Paulo e Pedro.

Ainda como filha de David e Francelina, a Laurinda da Conceição Azevedo, que nasceu em 6 de Junho de 1925 e que faleceu em 18 de Novembro de 2020. Casou em Guisande em 28 de Janeiro de 1945 com António Ferreira Alves, este nascido em 12 de Maio de 1925 e falecido em 24 de Março de 2011.

Este casal teve vários filhos, alguns dos quais o Aníbal Azevedo Alves, a Maria Fernanda, que está casada com o Eugénio Azevedo da Conceição, e ainda o António. 

Laurinda da Conceição Azevedo, filha de David Azevedo da Conceição e Francelina da Conceição


Ainda como filho do David da Conceição Azevedo, o Fernando Azevedo da Conceição, que nasceu a 18 de Outubro de 1930.

Retomando os filhos de António Caetano de Azevedo:

Justino da Conceição Azevedo (que aparece também como Justino Azevedo da Conceição), que nasceu a 15 de Fevereiro de 1898 (teve como padrinho seu tio Justino), e faleceu em 31 de Dezembro de 1945, que casou com com Rosa Gomes de Almeida, filha de Maria Gomes de Almeida, e tiveram os seguintes filhos:

David Azevedo da Conceição, que nasceu em 27 de Março de 1921 e que casou em 12 de Outubro de 1941, com Maria da Conceição Francisca da Costa. Tiveram os seguintes filhos: António, Joaquim, os gémeos Domingos e Eugénio, Maria Amélia, Maria Adelaide, Alzira e Maria Isaura. Como curiosidade, este David está dado como natural da freguesia de Gião, pelo que os seus pais nessa altura residiriam nessa freguesia. Faleceu em 25 de Outubro de 2016.

David Azevedo da Conceição nascido em 27 de Março de 1921 e falecido em 25 de Outubro de 2016


Maria Gomes da Conceição, que nasceu a 12 de Agosto de 1924. casou em 14 de Maio de 1955 com Joaquim Príamo Monteiro. Tiveram vários filhos, como a Felicidade, a Elisa, a Alcina, o Manuel e o António.

Rosária da Conceição Azevedo, que nasceu no dia 22 de Junho de 1924.

Laurinda Gomes da Conceição, primeira de nome, que nasceu a 17 de Janeiro de 1929. Faleceu menor em 25 de Maio de 1930.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017. casou em 1 de Setembro de 1963 com Idalina Rosa de Pinho.

António Azevedo da Conceição, nascido em 23 de Novembro de 1931 e falecido em 1 de Julho de 2017


Laurinda Gomes da Conceição, segunda de nome, que nasceu a 13 de Agosto de 1933 e faleceu em 5 de Setembro de 2016. 

Laurinda Gomes da Conceição, nascida a 13 de Agosto de 1933 e falecida em 5 de Setembro de 2016


Maria Rosa Gomes da Conceição, nascida a 25 de Setembro de 1939, ainda viva à data em que escrevo. Casou com 22 de Agosto de 1964 com António Ferreira da Costa. Tiveram como filhos o António, o Alberto e a Filomena.


Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como datas, nomes de familiares e seus relacionamentos. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.

21 de novembro de 2023

Guisande - Os lugares da freguesia

Por diversas vezes temos aqui abordado a questão dos nomes dos lugares da nossa freguesia de Guisande. Desde há muitos anos que é de consenso comum e adquirido que a nossa freguesia de Guisande é constituída pela Parte de Cima e pela Parte de Baixo e por 14 lugares, concretamente: Da parte de cima: Igreja, Quintães, Viso, Cimo de Vila, Outeiro, Estôse, Pereirada, Leira e Gândara; Da parte de baixo, Fornos, Barrosa, Reguengo, Lama e Casaldaça.

Esta distribuição dos lugares pelas partes de cima e de baixo não é apenas de referência geográfica mas ao longos dos tempos tem sido usada na prática para algumas situações nomeadamente e por exemplo, o Juíz da Cruz em que era nomeado ou eleito de forma alternada entre as partes de cima e de baixo. Também em diferentes eventos e leilões de angariação de fundos para as obras da igreja, estes eram promovidos e até com alguma rivalidade entre as partes de cima e de baixo, por brincadeira também designadas de Beira Alta e Beira Baixa. 

Em 1758, três anos após o terrível sismo de Lisboa de 1755, em certa medida para saber da situação das terras e consequências do terramoto no território nacional, o Marquês de Pombal mandou realizar um inquérito em todas as paróquias. O mesmo foi enviado a todos os Bispos das Dioceses do país, para que por sua vez fosse encaminhado às então 4073 freguesias existentes em Portugal  e respondido pelos seus párocos. As respostas às diferentes perguntas (ver abaixo) deveriam ser tão precisas quanto possível e de seguida remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino.

A tarefa de proceder à organização das respostas de todos os documentos coube ao Padre Luís Cardoso, sendo concluída apenas em 1832, já depois do seu falecimento, altura em que se terá completado o índice de todas as respostas aos inquéritos. Os originais das respostas ao inquérito encontram-se na Torre do Tombo.

Na paróquia de S. Mamede de Guisande, sucedendo ao Pe. Manuel de Carvalho, fundador da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, no presente ainda activa, era pároco na altura o Dr. Manuel Rodrigues da Silva, que respondeu ao referido inquérito.

No entanto, na resposta ao ponto 6º do referido inquérito de 1758, o pároco referiu as partes ou metades de cima e de baixo, bem como os 14 lugares, mas estes com nomes que diferem um pouco da situação actual.

Respondeu o abade que a metade de baixo era formada por  sete lugares chamados de Reguengo, Barroza, Fornos, Lama, Lamozo e Cazaldaça; e que a outra metade, chamada de cima, tinha oito lugares, chamados de Leyra, Estôze, Pereirada, Quintam, Oiteiro, Simo de Villa, Quintana e Trás-da-Igreja.

Ora atentos à descrição, e relevando a questão da grafia própria da época, o abade começa por se enganar no total de lugares da parte de Baixo, dizendo sete quando elenca apenas seis. Além disso, acrescenta os lugares de Lamozo e Quintam (este último que corresponderá a Quintão), mas não refere os lugares do Viso e Gândara.

Claro que ficamos sem saber em rigor qual o uso da época, podendo até ser esse o alinhamento dos lugares da freguesia na época, pelo que posteriormente, certamente devido à expansão dos lugares, terão sido acrescidos o do Viso e o da Gândara enquanto que por sua vez os lugares de Lamozo e Quintam deixaram o estatuto de lugares, passando a sítios, que de resto ainda hoje são conhecidos.

O Abade Dr. Manuel Rodrigues da Silva à data do inquérito já paroquiava Guisande há vários anos pelo que não é crível que ainda desconhecesse a composição por lugares da sua paróquia a ponto de se justificar o que poderia ser um lapso.

Em todo o caso, e de algum modo a confirmar essa situação ao tempo do Abade Manuel Rodrigues da Silva, ao consultar os diversos livros antigos dos assentos paroquiais, tenho constatado algumas situações e uma delas é que o lugar da Gândara só começa ser indicado já pelo final do séc. XIX ou mesmo princípios do séc. XX,  porque até não aparece referenciado. O mesmo acontece com o lugar do Viso.

Além disso, e ainda nos assentos do referido Abade, aparece tanto a indicação de lugar da Lama como de Lamoso, o que de alguma forma entendia-se na época como diferenciados embora próximos. O topónimo Lamoso é ainda conhecido e usado, preecisamente para a zona entre os lugares de Casaldaça e Lama. Também pela mão do mesmo pároco aparece de forma diferenciada os lugares da Pereirada e de Pereiras. Este topónimo Pereiras não é conhecido pelo que caíu em desuso mas temos já referências que estará relacionado ao lugar das Quintães. Falaremos disso noutra altura.

Quanto às grafias dos nomes dos lugares, naturalmente que ao longo dos tempos foram sofrendo modificações. Como exemplo e tendo em conta o que fui encontrando nas pesquisas dos assentos paroquiais temos: Reguengo como Riengo; Casaldaça como Casal-de-Aça e Casaldaza; Outeiro como Oiteiro, Quitam e Quintão; Estôse como Estôze e Estôs; Igreja como Trás-da-Igreja e Detrás-da-Igreja; Cimo de Vila como Simo de Vila e Cima da Vila; Quintães, como Quitans; Leira como Leyra; Barrosa como Barroza ou Loureiro; Gândara como Gandra.

Para além dos nomes do que consideramos como lugares, ao longo dos tempos e na actualidade há designações para sub-lugares ou sítios, como por exemplo: Farrapa, Trás-os-Lagos, Pomar, Vale Grande, Lavandeira, Alvite. Albite ou Albitre, Marinhos, Corujeiras, Sentes ou Centes, Souto D´Álém, Barreiradas, Quintão, Linhares, Pinheiro, Santo Ovídeo, Gandarinha, Cruz de Ferro, Pinelas, Quatro Caminhos, Souto, etc. 

Pedro, o escravo negro do pároco de S. Mamede de Guisande

 


Quem tem um bocadinho de interesse pela nossa História, saberá que Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a escravatura, com o decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal. 

Apesar dessa espécie de galardão, não nos retira o peso da consciência de termos sido, em contraponto, o primeiro estado do mundo a fazer comércio global de escravos provenientes de África. Estima-se que entre 1450 e 1900, Portugal terá traficado cerca de 11 milhões de pessoas. 

O referido decreto publicado em 1761 pelo Marquês de Pombal a abolir a escravatura em rigor não acabou com os escravos, pois em boa verdade apenas foi proibida, a entrada de novos escravos. Desse modo tal decreto não resultou só por si no fim da escravatura, pois para além dos escravos que já existiam à data, havia também os que nasciam de mãe escrava e que desse modo continuavam na condição de escravos. O propósito foi melhorado e pouco tempo depois, em 1763, o Marquês de Pombal voltou ao assunto fazendo aprovar uma nova lei, designada de "lei do ventre livre", que determinava que os filhos de escravos passavam a ser homens livres e que todos os escravos cuja bisavó já era escrava podiam ser libertados.

Certo é que, dizem estudiosos do assunto da escravatura no nosso país, esta continuou, embora já à margem da lei o que não era difícil contornar, mantendo-se a entrada ilegal de escravos provenientes das nossas colónias. Desta situação que se prolongou no tempo, é considerado que a última pessoa que havia sido escrava em Portugal terá morrido apenas na década de 1930, já em plena república. Os jornais da época escreveram que teria 120 anos e que vivia no Bairro Alto em Lisboa, onde vendia amendoins e tinha sido escrava até 1869 data em que um novo decreto abolia de facto a escravatura em todo o nosso território. 

Depois desta introdução histórica, descobri que mesmo aqui em Guisande também existiu alguém na condição de escravo. E logo do pároco, conforme o atesta o documento acima, precisamente o assento de óbito de um Pedro, descrito como "solteiro, homem preto, escravo do Reverendo Manuel Rodrigues da Silva, Abade desta freguesia de Guisande". 

Faleceu este Pedro em 3 de Dezembro de 1787, como se vê já depois dos decretos publicados pelo Marquês de Pombal. O assento é omisso quanto à sua idade, Não sabemos também a sua origem e proveniência, sendo de supor que já seria criado escravo do abade quando este tomou conta de Guisande e que o terá trazido consigo.

Este pároco de Guisande, sacerdote e advogado, Dr. Manuel Rodrigues da Silva, sucedeu na nossa paróquia ao Abade Manuel de Carvalho, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário. 

Este dono do escravo Pedro era natural da freguesia de S. Ildefonso, no Porto, tendo sido formado em cânones pela Universidade de Coimbra. Sobre ele escreveu o visitador da Sé em 1769. “É bom pároco, letrado, com limpeza e asseio na sua igreja".  

A torre da nossa igreja foi construída em 1764, por iniciativa deste pároco Manuel Rodrigues da Silva. Faleceu em 12 de Abril de 1790, com cerca de 80 anos ("pouco mais ou menos" como dito no seu assento de óbito), sobrevivendo ao seu escravo em cerca de dois anos e meio. 

Deixou este Abade Manuel Rodrigues da Silva um testamento o qual foi aberto pelo Reverendo João Leite de Bastos, pároco de Santa Maria de Pigeiros. Do testamento, com caligrafia gasta e de difícil leitura, sabe-se que instituiu como seu testamenteiro um seu primo, de nome Pantaleão da Silva Coimbra, a quem deixou bens tal como a uns irmãos, mas ainda várias doações e bens aos seus criados, às confrarias da paróquia e mesmo a Maria, sua afilhada, filha de António Gomes Loureiro, da Barrosa. Também se percebe que do seu atrás referido criado escravo Pedro, este teria uma filha chamada Maria que também terá recebido alguns bens móveis.

Apesar de algum modo podermos ficar surpreendidos que logo o pároco, a autoridade moral e espiritual, tivesse um criado na condição de escravo, temos, todavia, que atentar nos valores da época e que tal não seria caso único. Além do mais, estamos em crer que seria bem tratado e com toda a dignidade humana. De resto teve direito a um ofício exequial com a presença de 11 sacerdotes e até como os demais paroquianos foi sepultado no interior da nossa igreja. E como atrás se disse, à filha deste escravo foram deixados em testamento alguns bens.

Este documento e esta constatação não deixam, porém, de ser uma interessante curiosidade.

20 de novembro de 2023

Missas ao Senhor do Bonfim e outros apontamentos


Retomando o assunto da origem ou antiguidade da nossa capelinha ao Senhor do Bonfim, no lugar da Barrosa, continuamos sem o saber em rigor. Todavia, podemos dizer que seguramente será da segunda metade do século XVIII. Esta suposição assenta naturalmente pelas escassas referências orais que se têm transmitido e tido em conta, pelo estilo da sua construção e ainda por um ou outro documento. Por exemplo, pesquisei um assento de óbito (imagem acima) de António Gomes Loureiro, a cuja família está ligada a origem da Casa do Loureiro na Barrosa, que se sabe estar relacionada à construção da capelinha.

Este António Gomes Loureiro faleceu em 12 de Setembro de 1790, sem os sagrados sacramentos porque falecido de repente, mas deixou testamento das suas vontades instituindo o seu filho Manuel Gomes Loureiro e suas filhas Maria e Margarida, como herdeiros.

O testamento aberto e testemunhado pelo padre José António de Azevedo, encomendado da paróquia de S. Mamede de Guisande, incumbia os filhos de mandar celebrar uma série de missas, incluindo umas dez ao Senhor do Bonfim.

Em resumo, por este documento confirma-se que à data a capelinha já existia e tinha relação com a família do Loureiro e esta mantinha uma devoção ao Senhor do Bonfim.

Este António Gomes Loureiro foi casado com Joana Pinto de Jesus. Dos seus filhos, o Manuel casou com Tomázia Rosa da Silva de Jesus, esta filha de João Alves da Silva e de Maria Joana de Jesus.

Deste casal Manuel Gomes Loureiro e Tomázia Rosa, nasceram vários filhos, incluindo a Maria Felizarda de S. José Loureiro da Silva que casou com Domingos José Francisco de Almeida, meu tetra-avô paterno porque era pai de Domingos José Gomes de Almeida, meu trisavô, este pai de Raimundo Gomes de Almeida, meu bisavô e este pai de Joaquim Gomes de Almeida, meu avô.

Da união desses meus tetra-avôs, Domingos José Francisco de Almeida e Maria Felizarada de S. José Loureiro da Silva, nasceram bastantes filhos, pelo menos uns oito, nomeadamente o referido Domingos José Gomes de Almeida, nascido a 22 de Março de 1813 e falecido em 14 de Abril de 1894, a Rita Felizarda de S. José, falecida solteira em 25 de Setembro de 1895 com 70 anos, a Ana Felizarda de S. José falecida solteira em 20 de Setembro de 1891 com 65 anos, o António Joaquim Gomes de Almeida, falecido em 21 de Fevereiro de 1890 com 70 anos, o Raimundo José Gomes de Almeida, nascido a 23 de Novembro de 1809 e falecido em 23 de Janeiro de 1897, o José Gomes de Almeida (padre do Loureiro), nascido a 22 de Setembro de 1807 e falecido em 03 de Agosto de 1879, a Maria Felizarda de S. José, nascida em 29 de Julho de 1815 e a Rita Felizarda de S. José que nasceu em 18 de Fevereiro de 1817 e faleceu em 25 de Setembro de 1895 com 78 anos, solteira sem filhos. Alguns destes filhos ramificaram com outras famílias e de algumas dessas ligações descedem a maioria dos Almeidas da freguesia de Guisande. Ou seja, os Almeidas de Guisande têm também ligações ascendentes à família Loureiro da Barrosa.

Uma nota digna de registo pela surpresa e curiosidade que desperta:

O atrás referido Domingos José Gomes de Almeida, meu trisavô paterno, casou com Joaquina Rosa de Oliveira. Aqui começa a surpresa: em 6 de Abril de 1894 morre um seu filho solteiro, com 32 anos de idade, negociante de madeiras, de nome Domingos Gomes de Almeida. A sua mãe, a referida Joaquina Rosa de Oliveira morre passados 4 dias, em 10 de Abril de 1894, com 77 anos de idade. E como não há duas sem três, passados outros 4 dias, em 14 de Abril de 1894 morre o seu pai, o tal Domingos José Gomes de Almeida, com 81 anos de idade.

Não conheço os motivos desta sucessão de mortes na mesma casa. Se por desgosto consecutivo da mãe após a morte do filho e depois do pai pela morte do filho e da esposa ou se por alguma circunstância de doença contagiosa ou de outra natureza. Provavelmente nunca o viremos a saber. Apesar de falecer jovem o filho, por esses tempos eram muito comum o falecimento com essas idades. Por outro lado o pai com 81 anos e a mãe com 77 já tinham umas bonitas idades, tanto mais naqueles tempos quase sem grandes cuidados e tratamentos de saúde. Por conseguinte, fica apenas a surpresa e a curiosidade pela coincidência, mas é provável que tenha havido uma relação de doença ou emocional.

22 de outubro de 2023

Entrevista de Elísio Mota - Factos e curiosidades


Em Setembro de 1982, o saudoso Elísio Mota, então presidente do Centro Cultural e Recreativo "O Despertar" de Guisande, concedeu uma entrevista ao jornal "O Mês de Guisande", traçando um resumo da história e actividades da associação. 

Falou da origem do nome "O Despertar", falou da actividade da secção de teatro e das actuações com sucesso nas freguesias de Vila Maior e Milheirós de Poiares e do subsídio recebido da Câmara Municipal da Feira (7.440,00 escudos anualmente).

Enalteceu o espírito de camaradagem que se vivia entre os elementos do grupo e a sua vontade de fazer coisas pelo desenvolvimento da freguesia, até aí estagnada no movimento associativo, cultural e recreativo e o desporto resumido ao futebol.

Falou igualmente da realização da Festa do Emigrante em 1977 com  a organização de um prova de atletismo em diferentes escalões e que reuniu 500 atletas. Falou da atleta que então estava inscrita na Federação (a Isaura Lopes). Falou dos muitos troféus, taças  e galhardetes conquistados pelos atletas de "O Despertar" em várias provas de atletismo.

Abordou o evento das Mini-Olimpíadas concelhias e a participação da associação no mesmo, que por esses tempos tinha muita importância concelhia. Posteriormente a associação viria a conquistar inúmeros troféus e pódiuns nessas provas.

Falou também dos projectos que tinha em mente para a promoção de outras disciplinas desportivas (como basquetebol, andebol e voleibol) mas que para tal ser possível faltava um rinque polidesportivo ( o que só veio a concretizar-se vários anos mais tarde e mesmo assim não coberto e que hoje está abandonado e degradado).

Bons tempos. Infelizmente, factos já um pouco ou totalmente esquecidos, que importa, digo eu, relembrar aos mais novos que, naturalmente, por razões óbvias não se lembram nem deles têm memória.

11 de outubro de 2023

Venda da residência paroquial em 1923

 


Passa nesta dia de hoje, 11 de Outubro de 2023, um século após a data da escritura de venda do edifício da residência paroquial de Guisande, conforme o atesta o cabeçalho da escritura acima reproduzido.

A venda foi realizada pelo então pároco Pe. Abel Alves de Pinho a um outro sacerdote, o Pe. Joaquim Esteves Loureiro, de Ramalde - Porto, sendo que este representado no acto pelo então pároco de Pigeiros, Pe. António Inácio da Costa e Silva.

Todo este processo relacionado à residência paroquial é conturbado e ainda com vários segredos ou mistérios por desvendar. Oportunamente, por aqui ou no livro que tenho em preparação, procurarei transmitir o que se sabe sobre o assunto, sendo que ficarão sempre pontas soltas e enigmas por resolver.

Em todo o caso, o processo passa pela edificação da residência, dada como concluída em 1907, depois a compra da mesma à paróquia pelo então pároco Pe. Abel, e posteriormente a venda, de algum modo forçada, aquando da saída do referido padre, e ainda o mistério de ter sido vendida a um desconhecido do Porto, sendo que em princípio com ligações à Diocese e à Sé, presumindo-se que agindo como um testa-de-ferro. Posteriormente esse Pe.Loureiro, conforme previsto, veio também ele próprio a vender à paróquia, pelo que desde então lhe pertence. Foi depois no tempo do Pe. Francisco que a situação de propriedade, em termos de registo na Conservatória e Finanças se veio a resolver a favor do Benefício Paroquial, equivalente então à Comissão Fabriqueira.

É, pois, um processo obscuro e com contornos interessantes mas misteriosos e que, à falta de outros documentos, pelo falecimento dos intervenientes e pelo tempo decorrido, será difícil resolver de forma definitiva.

9 de outubro de 2023

Família Leite Resende - Trás-da-Igreja


D. Laurinda Resende e Dr. Joaquim Inácio

A descendência de um ramo da família Leite Resende, relacionada ao lugar designado, noutros tempos, de Trás-da-Igreja, ou mesmo Detrás-da-Igreja, mas actualmente apenas na forma simplificada de lugar da Igreja, é uma das mais importantes e consideradas da nossa freguesia. A mim parece-me interessante sob um ponto de vista documental e mesmo genealógico dispensar-lhe alguns apontamentos. Na actualidade relacionamos esta família à Casa do Dr. Joaquim Inácio.

A importância desta família, como de outras similares e noutras aldeias, naturalmente decorre da sua  posição social no contexto da freguesia, mas porventura terá sido de forma mais notória noutros tempos quando os extractos sociais eram mais vincados. Nesses tempos em que a subsistência da maioria das pessoas dependia das terras e do rendimento que retiravam delas, fosse na parte agrícola ou nos matos e pinhais, logo quem as possuía em quantidade era considerado como proprietário e a sua família como abastada.

Em regra, pela quantidade de propriedades, sobretudo as agrícolas, e face à incapacidade da própria família as explorar no seu todo, até porque, com recursos, os filhos em regra eram destinados a seguir estudos e formações académicas superiores, estas, pela sua disponibilidade, eram arrendadas a caseiros que assim as agricultavam mas pagando uma renda anual, eventualmente em dinheiro mas, à escassez deste, quase sempre com os próprios frutos da terra. Assim, dependendo das características e dimensões do campo, uns pagariam com um certo número de alqueires de milho, de feijão, centeio e mesmo de uvas. O meu pai, apesar de possuir como seus vários campos, como a família a manter era grande, chegou também a ter um tomado de renda a esta família da Casa do Dr. Joaquim Inácio e cuja renda era paga anualmente pelas vindimas com um determinado número de jigas de uvas, mais tarde convertidas em sacos. No caso eram uvas brancas que depois de vindimadas eram transportadas para a casa do senhorio e depositadas em lagar. Não raras vezes os caseiros ainda ajudariam na pisa.

Mais tarde o campo, que para além de uma extensa ramada de vinho que o circundava, era pouco produtivo, foi entregue e sem quem o cultivasse depressa se transformou em mato e hoje em dia está ocupado com parte de uma plantação de eucaliptos promovida pela família.




Casa da família do Dr. Joaquim Inácio



Espigueiros pertencentes à casa.

A esta família, que como todas as outras vão sofrendo alterações ao longo dos tempos, desde logo pela renovação das gerações, o povo de Guisande refere-se como a Casa do Dr. Joaquim Inácio, sendo que este nome a ela só é incorporado numa fase tardia e com ligação por via de casamento e não por descendência directa. Há algumas décadas atrás era mais conhecida pela Casa do Sr. Moreira, que era o pai da D. Laurinda Moreira de Resende e sogro do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva.

D. Laurinda Moreira de Resende

Laurinda Moreira de Resende, que muitos de nós ainda conhecemos, carinhosamente como D. Laurindinha, era uma figura muito respeitada na freguesia, sendo depois da morte do marido, Dr. Joaquim Inácio, a matriarca da casa e da família.

Laurinda Moreira de Resende nasceu no dia 20 de Novembro de 1917. Faleceu em 1 de Março de 2009. Era filha de Manuel da Costa Moreira e de Maria da Conceição Leite de Resende. A sua mãe, era a terceira filha de nome de Bernardo Leite Resende e de Margarida Pereira de Resende (de Fiães). Era neta paterna de José Leite de Resende e de Teresa Maria de Jesus e neta materna de João Pereira e Josefa Rodrigues Pereira.

Nota: Em alguns assentos, parece haver confusão com o nome da esposa de Bernardo Leite Resende, surgindo como Margarida Rodrigues Pereira (que condiz com a assinatura) e Margarida Pereira de Resende. Sendo que dadas ambas como esposa de Bernardo, não encontrei provas de serem pessoas diferentes. Também a Josefa Rodrigues Pereira aparece como Josefa Rodrigues de Oliveira.


No jazigo capela da família, existente no cemitério de Guisande, obra de cantaria e escultura do meu bisavô materno (Raimundo José da Fonseca), seu pai e irmãos (que foram do lugar do Carvalhal - Romariz), existe ali a lápide (conforme imagem acima) com os nomes de Margarida Pereira de Resende e  Josefa Rodrigues Pereira.

O avô materno da D. Laurinda, Bernardo Leite de Resende, como se disse atrás era filho de José Leite de Resende e de Teresa Maria de Jesus. Por sua vez este José Leite de Resende, de que temos nota de ter tido uma irmã de nome Custódia, falecida em 9 de Novembro de 1773, era filho de Manuel José de Resende e de Mariana da Silva (trisavôs maternos da D. Laurinda). Como irmã deste José consegui identificar uma Ana Maria que nasceu em 22 de Março de 1878. Por sua vez, este Manuel José de Resende, era filho de Bartolomeu José de Resende e de sua segunda mulher Josefa Maria de Resende (tetravôs maternos da D. Laurinda). Mariana da Silva, a esposa de Bernardo, era filha de Manuel da Silva e de Ana Fernandes.

Este Bartolomeu José de Resende e a sua mulher Josefa tiveram ainda duas filhas gémeas, a Maria e a Ana, nascidas a 30 de Outubro de 1730 e baptizadas em 2 de Novembro do mesmo ano. Como curiosidade, a Maria teve como padrinho o Pe. Manuel Gomes de Pinho, irmão da mãe, a Josefa, e então pároco da Santa Maria de Arrifana. Por sua vez a Ana também teve como padrinho um sacerdote, o Pe. Manuel Alves da Conceição, natural de Guisande e morador no lugar de Cimo de Vila.

Quanto a Maria Teresa de Jesus, esposa do José Leite de Resende, era filha de Veríssimo Fernandes dos Santos e de Maria Ferreira. 

Ainda quanto ao José Leite de Resende e Teresa Maria de Jesus, bisavôs maternos da D. Laurinda, para além do Bernardo Leite de Resende (seu avô materno), tiveram outros filhos, dos quais apurei o José Leite de Resende, nascido em 5 de Maio de 1806 e que casou em 28 de Setembro de 1846 com Maria Pinto de Almeida (esta falecida em 4 de Junho de 1869 com 56 anos), sendo esta filha de Manuel Caetano dos Santos e de Maria Joaquina, do lugar de Estôse; o António Leite de Resende, nascido em 28 de Maio de 1808, a Maria, a Ana, o Joaquim, nascido em 8 de Junho de 1811 e que casou em 23 de Janeiro de 1857 com Maria Felizarda Gomes, esta filha de Francisco de Paiva e de Ana Margarida, de Cimo de Vila, e o Domingos nascido em 26 de Maio de 1816.

Destes nomes acima, filhos de José Leite de Resende e Teresa Maria de Jesus, o António Leite de Resende, nascido em 28 de Maio de 1808, falecido em 17 de Dezembro de 1871, veio a casar  em 27 de Maio de 1856 com uma descendente da Casa do Loureiro, da Barrosa, a Margarida Felizarda de São José Gomes de Almeida, que foram os pais de, entre outros, da Teresa, nascida em 1 de Abril de 1860, a Maria e o Raimundo Almeida de Leite Resende, este que foi pai, de entre outros, da D. Anunciação de Leite Resende, de que aqui já falámos.

Quanto à mãe da D. Laurinda, a Maria da Conceição Leite de Resende, como já ficou dito atrás, era a terceira filha de nome de Bernardo Leite Resende e de Margarida Rodrigues Pereira (de Fiães). Nasceu em 20 de Agosto de 1883 e faleceu em 14 de Dezembro de 1956. Casou com Manuel da Costa Moreira,  em 14 de Junho de 1916.

Os pais da D. Laurinda, Manuel da Costa Moreira e Maria da Conceição Leite Resende

Manuel Moreira da Costa, pai de D. Laurinda, era natural do lugar de Goim da freguesia de Romariz. Nasceu em 8 de Dezembro de 1890. Era filho de António da Costa Moreira e de Delfina Rodrigues de Oliveira. Era neto paterno de Manuel Alves Moreira  e de Maria Josefa Rodrigues. Era neto materno de Manuel José Rodrigues de de Rosa de Oliveira. Faleceu viúvo em 18 de Fevereiro de 1962. Este Manuel da Costa Moreira foi padrinho de baptismo do meu tio paterno Manuel Joaquim Gomes de Almeida (acabado de completar 100 anos de vida - 7 de Outubro de 2023).


O Sr. Moreira com o seu automóvel, defronte da sua casa, com o Pe. Francisco - Anos 40. O Sr. Moreira foi sempre uma pessoa de proximidade do Pe. Francisco.


O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva al lado do Pe. Francisco - 1979

A D. Laurinda veio a casar em 18 de Fevereiro de 1943 com o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, do lugar de Aldeia da freguesia de Pigeiros, também proveniente de uma importante família e que por lá ainda tem descendentes. Era filho de Manuel Inácio da Costa Silva Júnior e de Ermelinda  Baptista de Pinho, que casaram em 19 de Julho de 1889. Era neto paterno de Manuel Inácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus (esta de Romariz). Era neto materno de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do Outeiro - Guisande.

Por parte de seu avô, era sobrinho do reverendo Pe. António Inácio da Costa e Silva, que nasceu em 17 de Julho de 1864 e faleceu em 18 de Julho de 1938. Foi pároco da sua terra natal onde se encontra sepultado.


O Pe. José Inácio da Costa e Silva, tio paterno do Dr. Joaquim Inácio


Era ainda, pelo mesmo ramo, igualmente sobrinho do Pe. José Inácio da Costa e Silva, nascido em 21 de Junho de 1872 e que faleceu em 12 de Março de 1944, com 74 anos de idade, encontrando-se sepultado em Pigeiros. Este sacerdote foi pároco em Fermedo-Arouca e em Caldas de S. Jorge desde 1905 a 1939.

Ainda quanto a clérigos na família. o Dr. Joaquim Inácio teve um irmão sacerdote, o Pe. António Inácio da Costa e Silva Júnior, nascido em 6 de Junho de 1899. Chegou a ser pároco na freguesia do Vale. O ainda vivo e pároco de S. Vicente de Louredo, Pe. Eugénio de Oliveira e Pinho, é primo do Dr. Joaquim Inácio, já que é filho do seu tio António Baptista de Pinho.

Ainda da família Leite Resende, existiu o Pe.Manuel Leite de Resende, que nasceu em 4 de Setembro de 1758. Era filho de Manuel José de Resende e de Mariana da Silva (trisavôs maternos da D. Laurinda). Era neto paterno de Bartolomeu João e de sua segunda mulher Josefa Maria de Resende. Era neto materno de Manuel da Silva e de Ana Fernandes, do lugar da Lama. Era  irmão do Pe. José Leite de Resende, este nascido em 19 de Setembro de 1766.  

A mãe do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, Ermelinda  Baptista de Pinho, era de Guisande, filha de António Custódio de Pinho, da Casa da Quintão, do lugar do Outeiro.

O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva era advogado com escritório na Vila da Feira. Era uma importante figura em Guisande. Após as primeiras eleições autárquicas realizadas depois do 25 de Abril de 1974, concretamente em 12 de Dezembro de 1976, chegou a ser presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia de Guisande, entre 1976 e 1979.

Foi sempre o Dr. Joaquim Inácio uma figura respeitada e estimada pelos guisandenses e ajudou em muito ao desenvolvimento da freguesia, cedendo parcelas de terreno para benefício de abertura e alargamento de ruas bem como possibilitou a venda, a preços justos, de várias parcelas onde alguns guisandenses puderem edificar a sua habitação. Mesmo depois de falecido, a sua esposa e família continuaram receptivos à cedência de terrenos para permitir melhoramentos, como o caso do terreno onde existe a alameda frontal à igreja matriz. A freguesia, reconhecida, propôs ali a instalação de um busto de reconhecimento à sua figura mas a família, considerou, numa atitude de desprendimento, não a aceitar, mas em todo o caso a freguesia deu, com justiça e reconhecimento, o seu nome à respectiva alameda, no que foi inteiramente de justiça. 

Mais recentemente, e já depois do falecimento da D. Laurinda, a família acolheu a proposta da então Junta de Freguesia no sentido de ceder os terrenos envolventes à sede da Junta onde  seriam edificados futuros equipamentos, numa contrapartida a envolver a Câmara Municipal e compensações no processo de urbanização de terrenos no sítio de Linhares que a família estava a concretizar.

Apesar deste acordo ter suscitado por parte da oposição municipal algumas dúvidas e creio que mesmo uma fiscalização, considero pessoalmente, sem sombra de dúvidas que a freguesia de Guisande saíu a ganhar com esta permuta pois ficou com um amplo terreno pronto a ser utilizado em futuras necessidades de equipamentos e simultaneamente ficaram disponíveis parcelas de terreno para venda. A cena política deu uma reviravolta e os projectos então previstos, como o Centro Escolar de Guisande e a futura sede da Junta, não passaram de boas intenções. Mas isso são outras histórias.

Do casamento da D. Laurinda com o Dr. Joaquim Inácio, nasceram vários filhos, de que tenho memória da Manuela, a Odete, a Maria José, a Alcina, o António e o Manuel Inácio.

Nesta renovação própria das famílias, continua a Casa do Dr. Joaquim Inácio a pertencer a uma importante família no contexto da nossa freguesia e ainda muito considerada e respeitada.

Creio que das várias famílias guisandenses consideradas pelo povo como de abastadas, terá sido esta que ao longo dos tempos mais tem contribuído para o desenvolvimento da freguesia. 

Das demais famílias de Guisande com algum estatuto social, pouco se sabe e conhece de cedências, apoios e contributos a favor da freguesia ou se sim com contrapartidas bastantes. Eventualmente a Casa da Quintão, no tempo de António Custódio de Pinho (avô materno do Dr. Joaquim Inácio), que foi benfeitor em várias obras de melhoramentos na igreja matriz, mas pouco mais. Para além disso, alguns desses outros grandes proprietários raramente se mostraram disponíveis a dispensar património e a vender parcelas de terreno para construção e com isso condicionando e atrasando o progresso e crescimento urbanístico, bem ao contrário do que aconteceu em freguesias similares e nossas vizinhas que desse modo nos ultrapassaram em crescimento demográfico.

Para além do motivo meramente documental destes meus simples apontamentos genealógicos de uma importante família de Guisande, há uma outra leitura que deles se pode extrair, que de resto nem é novidade. Refiro-me ao facto das principais famílias abastadas de Guisande nesses outros tempos, terem ligações entre si por força de casamentos entre os seus membros. Assim é possível verificar ligações e relações familiares entre esta família de Trás-da-Igreja, com a da Casa da Quintão e a Casa do Loureiro. Com a Casa da Quintão, por via de descendência, também a Casa do Santiago. Mas há ainda outras ligações a outras casas igualmente consideradas no então contexto social da freguesia de Guisande.

Era de facto normal e de forma geral e sobretudo pelo estatuto social em que os grandes proprietários procuravam que os seus filhos e filhas casassem com outros da sua condição, mantendo e ampliando os patrimónios. Foi assim durante muito tempo. Na actualidade, com as melhores condições de vida e o aparecimento da classe média, as coisas são bastante diferentes e por isso vemos príncipes e princesas a casar com gente da "plebe". 

Por outro lado, os estatutos sociais e diferenças de classes foi-se diluindo e perdendo importância e já qualquer modesta família vive relativamente bem e com os seus filhos a poderem também asiprar, até por direito, a serem doutores e engenheiros. Filhos padres, como era vulgar nesses tempos passados nas famílias bastadas, é que já não, ou raridades.

Naturalmente que muito mais, mesmo em termos genealógicos poderia ser escrito sobre esta família, mas parece-me que o que aqui ficou escrito já é um bom contributo para a sua caracterização e, sobretudo para os mais novos, uma forma de melhor conhecerem as raízes de algumas das famílias da nossa freguesia e comunidade.

Bem sei que, à maioria, o tema e assunto pouco importará, até porque sempre teve sentido do provérbio que sentencia que "Deus dá nozes a quem não tem dentes". Ontem como hoje há verdades imutáveis.


Nota final: Os apontamentos aqui escritos, por dificuldades várias e escassez de documentos podem padecer de alguns erros ou imprecisões ou omissos quanto a alguns dados como nomes de familiares e datas. Por conseguinte baseiam-se apenas no que foi pssível pesquisar. Quaisquer informações que possam servir para completar ou corrigir são bem-vindas.

25 de setembro de 2023

Casamentos? Nem por isso...

 


Ao contrário do que se possa pensar, noutros tempos, mesmo quando era grande o número de filhos em qualquer família, e 6, 7, 8, 9 ou 10 eram números normais, não se realizavam muitos casamentos. Por exemplo, aqui em Guisande, os assentos paroquiais dos anos 1901 e 1902 não registam qualquer enlace e mesmo no ano seguinte, em 1903, apenas se realizaram 3.

Mesmo quanto a filhos, eram comuns os filhos de mães solteiras. Numa época em que não havia planeamento familiar nem prática de métodos contraceptivos, e a pílula só veio a ser criada já na década de 1960 e a generalizar-se entre nós sobretudo a partir da década de 1980, os constrangimentos morais e religiosos conduziam ao forçoso respeito pela vida que assim prevaleciam sobre a "vergonha" social. Os casos de abortos ou "desmanchos" voluntários eram reduzidos, pelo menos nos meios rurais.

Não supreende que em face do elevado número de filhos e da falta de condições de higiene, de assistência médica, nomeadamente durante a gravidez e parto, e meios de tratamento, e por conseguinte à mercê de doenças mais ou menos infecciosas, a mortalidade infantil por esses tempos era alta e mesmo nos adultos eram frequentes os falecimento em idade jovem ou meia idade.

Nas minhas pesquisas de genealogia, são vários os casos em que um qualquer Manuel ou uma Maria, nomes muito vulgares, serem baptizados como segundos ou terceiros de nome, isto é, que vinham substituir outros filhos a quem já havia sido dado esses nomes mas que faleceram com idades de criança ou mesmo de bébés.

Em resumo, pesquisar este tipo de documentos nos velhos assentos paroquiais de baptizados, casamentos e óbitos, é simultaneamente uma forma de observar outros apontamentos sociais e demográficos.