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20 de setembro de 2023

Alfaiate setecentista


Por este assento de baptismo de um José, nascido em 28 de Abril, do ano de 1742, ficamos a saber que existia em Guisande, no lugar de Fornos, um alfaiate, de nome Manuel Francisco, marido de Maria de Pinho, que era sua segunda mulher. Curioso o facto do seu filho José ter tido como padrinho de baptismo o padre José Pinto, do lugar das Quintães. À falta de mais elementos, incluindo os apelidos e os nomes dos avôs, que o assento não fornece, ficamos sem saber se esse sacerdote era ou não familiar do alfaiate, presumindo-se que sim pois era normal ser alguém da família. 

Ainda deste alfaiate encontrei o nascimento de outros filhos, o  Mateus, nascido em 21 de Setembro de 1743, a Jacinta nascida em 14 de Abril de 1745 e a Teresa nascida em 20 de Setembro de 1746.

Percebe-se pelas datas aproximadas do nascimento dos filhos, que o alfaiate não perdeu tempo a trabalhar com as linhas com que se cosem a família.

Nesse ano de 1742 era pároco em Guisande o abade Manuel de Carvalho, que fez o referido assento de baptismo, tendo sido o fundador da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário aqui em Guisande, secular entidade que ainda existe.

Quanto ao padre José Pinto, das Quintães, o seu nome consta na lista de sacerdotes nascidos em Guisande, a qual integra a monografia "Defendei Vossas Terras", do Cónego Dr. António Ferreira Pinto, edição de 1936. Sobre o referido sacerdote das Quintães é dito que "...em 1769, tinha 79 anos e fora ordenado cm 1724. Rebentou-lhe na mão uma espingarda, ficou muito doente dos olhos e nunca fez exame de confessor."

Dos alfaiates conhecidos que tiveram oficina em Guisande, desde logo lembramos o Joaquim Dias de Paiva, "O Pisco", que viveu no lugar da Igreja. Este Joaquim Dias de Paiva, nasceu em 24 de Setembro de 1906, sendo baptizado no dia 27 do mesmo mês e ano, tendo como padrinho Manuel de Pinho e Maria da Luz, do lugar do Viso. 

Era filho de Francisco Dias de Paiva (este natural de Caldas de S. Jorge) e de Margarida Augusta da Conceição (esta natural de Guisande). Era neto paterno de Jerónimo de Paiva e de Maria Teresa de Oliveira. Era neto materno de António de Pinho e de Maria de Jesus. No seu baptismo, em 27 de Dezembro de 1907. Teve vários irmãos, entre os quais o António, o Bernardo, a Miquelina, o José e o Guilherme. 

Casou em 26 de maio de 1926 com Luzia Rosa de Jesus, de Nogueira da Regedoura. Faleceu em 11 de Fevereiro de 2003. Foi como atrás se disse, um exímio alfaiate. Viveu no lugar da Igreja, junto à ribeira. Deixou filhos e filhas.

Desta família Dias de Paiva publiquei aqui já alguns apontamentos genealógicos.

Quanto a alfaiates em Guisande, para além do Joaquim Dias de Paiva, e o mais recente de que tenho memória, foi o senhor Delfim Gomes da Conceição, no lugar de Casaldaça, conhecido pelo "Delfim do Serra" ou pela alcunha "o Piranga" que trabalhava com as filhas.

Pelas minhas pesquisas pelos velhos assentos paroquiais recordo-me de passar ainda por um outro alfaiate guisandense, ali pelo século XIX, mas não anotei o nome, pelo que oportunamente tentarei procurar e actualizar aqui este apontamento.

15 de setembro de 2023

A D. Anunciação da Barrosa





Ali no lugar da Barrosa, aqui em Guisande, no gaveto entre a Rua 25 de Abril e a Rua Senhor do Bonfim, ainda sobram as ruínas do que foi uma casa abastada e importante e de uma das ilustres famílias guisandenses. Ali morou uma figura ainda conhecida dos mais velhos, e de que eu próprio ainda tenho memória, mas uma ilustre desconhecida para os mais novos. Falo da figura da D. Anunciação, que, sabem os mais velhos, chegou a ser organista no Grupo Coral de Guisande. Aquele velho órgão de foles que existia na nossa igreja matriz, e no qual ainda eu toquei, e que no tempo do Padre Francisco, já sem a D. Anunciação a tocar, ele usava para os ensaios dos novos cânticos.

Esta ilustre senhora terá tido, pois, uma esmerada educação e terá estudado piano nas boas escolas do Porto, onde também teria origens familiares por parte da mãe, de nome Jovita Gomes da Conceição. 

Os pais da D. Maria da Anunciação, Raimundo e Jovita casaram na paróquia de Nossa Senhora da Vitória, na cidade do Porto, em 22 de Agosto de 1887. Quando casaram tinha ele 25 anos e ela 17. Do que foi possível apurar, do casamento nasceram duas filhas, a Maria da Anunciação, a Maria e o António, que abaixo identificaremos.

O pai da D. Anunciação e por isso marido de D. Jovita era um ilustre guisandense do seu tempo, o Raimundo José de Leite Resende, que chegou a ser presidente da Junta Paroquial de Guisande, equivalente à Junta de Freguesia, no final do séc. XIX.

Raimundo Almeida de Leite Resende era filho de António Leite de Resende e de Margarida Felizarda de S. José , do lugar da Barrosa. Nasceu no dia 24 de Fevereiro do ano de 1872.  Era filho de António Leite de Resende e Margarida Felizarda de S. José. Era neto paterno de José Leite de Resende e Teresa de Jesus e neto materno de Domingos José Francisco de Almeida e de Maria Felizarda de S. José. Foi padrinho de baptismo Raimundo José de Almeida (morador no lugar da Lama e tio materno, e Rita Felizarda de S. José (tia materna). Faleceu em Guisande em 1933 com 61 anos.

Quanto a Margarida Felizarda de S. José, esposa de Raimundo Almeida de Leite Resende, era bisneta paterna de Domingos Francisco de Almeida Vasconcelos (de Mafamude - Gaia) e Clara Angélica Rosa. Este Domingos Francisco era filho de Manuel Francisco Trindade e de Maria de Almeida (da Sé-Porto). Esta Clara Angélica era filha de Domingos Francisco e de Teresa Vitória (de Cortegaça-Ovar)

Ainda quanto ao Raimundo, era bisneto paterno de José Leite de Resende (do lugar da Igreja) e Teresa Maria. Este José Leite de Resende era filho de Manuel José de Resende e de Mariana da Silva.Esta Teresa era filha de Veríssimo Fernandes dos Santos e de Maria Francisca

Jovita Gomes da Conceição nasceu no lugar da Estrada, freguesia de Mansores, concelho de Arouca, a 31 de Janeiro de 1870, tendo sido baptizada na igreja paroquial local em 25 de Março de 1870. Era filha de António da Conceição Neves Cardoso e de Ana Gomes da Conceição Neves Cardoso (de Estrada - Mansores - Arouca). Era neta paterna de Manuel da Conceição e de Maria Rosa. Era neta materna de Ana Margarida. Faleceu em Guisande em 12 de Abril de 1940 com 70 anos. Sobreviveu ao marido 9 anos.



D. Jovita Gomes da Conceição


Os filhos de Raimundo de Almeida Leite Resende e Jovita Gomes da Conceição:


António de Leite Resende, nasceu em 21 de Abril de 1889. Foi baptizado em Guisande em 24 de Abril de 1889. Foi padrinho Raimundo José de Almeida, seu tio e a avó materna Ana Gomes da Conceição Neves Cardoso.

Maria Leite Resende, nasceu a 30 de Novembro de 1890. Foi baptizada em Guisande no dia 1 de Dezembro de 1890.

Foram padrinhos de baptismo António Joaquim dos Reis Oliveira (do Reguengo) e Margarida Felizarda de S. José (avó paterna).

Foi casada com Joaquim Gomes de Almeida, este falecido em Guisande no dia 1 de Julho de 1915 e ela faleceu em 15 de Dezembro de 1927.

Maria da Anunciação Leite Resende, nasceu em 4 de Julho de 1908. Foi baptizada no dia 1 e Julho de 1908, na igreja matriz de Guisande. Foram padrinhos de baptismo António Joaquim dos Reis Oliveira (do Reguengo) e a sua irmã Maria, então solteira, com 17 anos. Faleceu a 5 de Maio de 1989, no Hospital em S. Paio de Oleiros, com 81 anos de idade.


Observação: Os dados acima indicados podem padecer de imprecisões e podem não corresponder à totalidade dos familiares, referindo-se estes elementos apenas ao que foi possível pesquisar e encontrar pelo autor. Se obtidos novos elementos ou motivos a corrigir, far-se-á a actualização.

10 de setembro de 2023

Voto da paróquia de Guisande à Senhora das Dores e ao Mártir S. Sebastião

 


Poucos o saberão, mas a devoção à Senhora das Dores e ao Mártir S. Sebastião na nossa paróquia de S. Mamede de Guisande, completará neste ano de 2023, 105 anos. Precisamente em 13 de Outubro próximo.

Ora esta devoção decorre de um voto feito pela paróquia no ano de 1918, por iniciativa do então pároco, o fianense Pe. Abel Alves de Pinho. Esse voto, assinado por 38 paroquianos, entre eles o pároco e 5 mulheres, está escrito e assinado no Livro de Visitações, com a data de 20 de Janeiro de 1919, nos seguintes termos (com uma ou outra adaptação da ortografia ou gramática):


"Verdadeiramente alarmado com os estragos enormes que se vão fazendo por toda a parte pelo terrível flagelo da peste, o povo de Guisande reunido na igreja paroquial, no Domingo 13 de Outubro de 1918, por ocasião da missa conventual, e por lembrança do seu pároco, Abel Alves de Pinho, fez o seguinte voto a Nossa Senhora das Dores e ao mártir S.Sebastião, se o flagelo da peste poupasse a freguesia: 

1.º - Guardar sempre o dia 20 de Janeiro e fazer nesse dia uma festa, só de portas da igreja adentro, a Nossa Senhora das Dores e a S.Sebastião; 

2.º - Confessar-se na véspera e comungar no dia da festa; 

3.º - Fazer nesse dia, antes da missa cantada na igreja, uma procissão da capela do Vizo para a igreja com as imagens da Senhora das Dores e do mártir, em andores, rezando no percurso a coroa das Dores e a ladaínha. 

Esta procissão nunca poderá ter música e se por qualquer circunstância a festa e procissão não puderem fazer-se no dia 20 ficarão transferidas para o Domingo seguinte. 

A festa contará de missa solene e com exposição do Santíssimo à tarde e nunca poderá ter véspera nesse arraial. 

Promete ainda recomendar esta devoção aos vindouros e concorrer com as suas esmolas para custear as despezas e fazer consultas. 

O povo de Guisande foi ouvido e pode dizer-se que o flagelo não chegou a penetrar aqui; e por isso e para quem conste se escreveu este voto no livro das visitações desta freguesia e vão assiná-lo todos os que o queiram fazer.

"Guisande, 20 de Janeiro de 1919." 

Assinaram: O Pároco - Abel Alves de Pinho; - Joaquim José da Silva; - Manuel José Henriques; - Domingos José da Silva; - Manuel Ferreira Linhares; - Joaquim da Silva; - Francisco Dias de Paiva; - Manuel Henriques Correia; - António Alves de Castro; - Alberto d'Almeida Leite d'Oliveira; - José Alves de Pinho; - António Augusto Guedes; - Joaquim Gomes d'Almeida; - José Joaquim Gomes; - José Ferreira Linhares; - Rita Sousa de Jesus; - Manuel Augusto Guedes; - António Ferreira Linhares, - José Ferreira dos Santos; - Tomás Alves da Silva; - António Castro Silva; - Manuel _António dos Santos; - José da Silva; - António Gomes da Silva; - Manuel José António; -Jerónimo dos Santos; - Manuel Francisco da Silva; - Manuel da Costa Moreira; - Domingos António Almeida; - Rufino da Silva Santos; - Rufino Ferreira Pinto; - Rodrigo Ferreira Pinto; - Laurinda Henriques Baptista; - Margarida Ferreira Linhares;-  Raimundo Leite Loureiro; - Rosária Rosa Duarte; - Rosa Teresa de Jesus ; - Joaquim António de Almeida. 

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Notas: Pelo que se percebe, alguns dos pressupostos do voto conforme feito não têm sido cumpridos nos últimos anos, nomeadamente por quase nunca se realizar a festa no próprio dia 20. Mesmo a possibilidade de transitar para o Domingo seguinte, também nem sempre tem sido garantida pois por vezes tem sido no Domingo anterior.

Seja como for, não deixa de ser interessante este voto, que confirma que a devoção ao mártir e à Senhora das Dores aqui em Guisande não decorre directamente do voto expresso pelo povo das terras de Santa Maria, incluindo a Feira, com origem em 1505, mas de um voto próprio. Naturalmente desconheço se este tipo de voto a nível paroquial existe em outras freguesias do nosso concelho.

31 de agosto de 2023

Crisma em Guisande - 27 de Fevereiro de 1983

 


Em 27 de Fevereiro de 1983 realizou-se na pároquia de S. Mamede de Guisande uma Visita Pastoral, pelo bispo auxiliar da Diocese de Porto, D. Domingos de Pinho Brandão, (natural de Rossas - Arouca) que culminou com a administração do sacramento do Crisma. 

No total foram crismadas 124 pessoas, na sua maioria jovens, sendo que chegaram a estar inscritas 132. Recorde-se que por essa data, há já vários anos que a paróquia de Guisande não tinha cerimónia de Crisma, pelo que se explica o elevado número de participantes. Os mesmos tiveram desde Janeiro desse ano várias reuniões preparatórias. Cerca de dois terços dos crismandos fizeram-se acompanhar pelos próprios padrinhos de baptismo e os restantes tiverem como padrinhos o casal Joaquim Alves de Pinho Santiago e Maria Zélia Baptista Henriques Santiago (ambos já falecidos).

Na semana que antecedeu a Visita Pastoral, de 21 a 27 de Fevereiro, a paróquia preparou-se espiritualmente e viveu uma semana de pregações com o Pe. José Pinto de Carvalho, da Congregação do Espírito Santo. Foram ainda realizadas reuniões com os participantes e forças vivas da freguesia.

A recepção ao Bispo foi efusiva, tendo-se preparado tapete com flores entre o salão paroquial e a entrada da igreja e cânticos. O grupo coral foi auxiliado com violinistas vindos de fora.

Para além do bispo D. Domingos de Pinho Brandão, que presidiu à celebração, concelebraram o Pe. Francisco, o Pe. Leonel Lopes, o Pe. Santos Silva (vigário da vara), o Pe. Domingos, pároco de Pigeiros e ainda o pregador, Pe. José Pinto de Carvalho. Foram ainda convidados para a celebração os padres guisandenses, padre José Oliveira, padre Agostinho Silva e padre António Santiago, que por motivos maiores não puderam participar.

Depois das cerimónias decorreu na residência paroquial um almoço onde participaram os sacerdotes que tomaram parte na celebração, o motorista do Sr. bispo e ainda o o Pe. Aguiar, delegado episcopal, que apareceu já pelo final do almoço. 

Depois dessa data tão importante para a comunidade de Guisande, as cerimónias de Crisma tornaram-se mais regulares na nossa paróquia.

21 de agosto de 2023

O padre Eugénio Pinho e Guisande


Creio que todos em Guisande e arredores conhecem a ilustre figura, doutor e reverendo Pe. Eugénio de Oliveira e Pinho, actual pároco da paróquia e freguesia nossa vizinha, de S. Vicente de Louredo. Já poucos saberão, porém, da sua ligação à nossa freguesia de Guisande. De facto, este ilustre louredense é também guisandense, já que é filho de António Baptista de Pinho, que foi da Casa da Quintão, no lugar do Outeiro.

Assim, por parte do pai, é neto de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus (esta de S Tiago de Lobão). Por sua vez, o seu pai António era neto paterno de Manuel António de Pinho e Maria Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Caetano Cardoso e Maria Rosa da Mota.

O pai do Pe. Eugénio Pinho nasceu em 18 de Março de 1877 e teve vários irmãos, de que não consegui confirmar a totalidade, mas pelo menos o Manuel, nascido em 4 de Abril de 1871, a Custódia, nascida em 9 de Setembro de 1873, a Ermelinda, nascida em 4 de Março de 1876, a Maria, segunda de nome, nascida em 24 de Abril de 1879, pelo que terá existido uma Maria anterior, o Bernardo nascido em 13 de Julho de 1880, Maria, terceira de nome, nascida em 23 de Março de 1882 e ainda  o Joaquim, nascido em 24 de Fevereiro de 1883.

A Ermelinda  Baptista de Pinho, tia do Pe. Eugénio, casou em 19 de Julho de 1898 com Manuel Inácio da Costa Silva Júnior (filho de Manuel Inácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus - esta de Romariz), da freguesia de Pigeiros, dando origem a uma das abastadas famílias, de que teve origem o Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva que veio a casar em Guisande com D. Laurinda de Leite Resende, da casa do Sr. Moreira, do lugar da Igreja. As testemunhas desse casamento foram o o Pe. António Inácio da Costa e Silva (17-07-1864<>18-07-1938), então pároco de Pigeiros, irmão do noivo, e  António Baptista de Pinho (pai do Pe. Eugénio), irmão da noiva.

Ainda outra curiosidade, este Pe. António Inácio da Costa e Silva tinha outro irmão sacerdote, o Pe. José Inácio da Costa e Silva (21-06-1872<>12-03-1947), que chegou a ser pároco das freguesias de Fermedo e depois de Caldas de S. Jorge. Estes irmãos padres tinham como avôs paternos José Inácio da Costa e Silva e Ana Joaquina Henriques da Silva e avós maternos António José de Paiva e Ana Maria Henriques, de Romariz.

Deste casamento de Manuel Inácio da Costa e Silva Júnior com a  Ermelinda Baptista de Pinho, tia do Pe. Eugénio, também saiu um filho sacerdote, o Pe. António Inácio da Costa e Silva Júnior,  nascido em Pigeiros em 6 de Junho de 1899. Rezou missa nova a 8 de Novembro de 1921. Esteve como vigário cooperador em Santo Ildefonso - Porto e depois de 4 de Julho de 1924 foi pároco na freguesia do Vale, Vila da Feira.

Este António, pai do Pe. Eugénio, casou com Madalena Fontes de Oliveira, natural do Vale, em 6 de Agosto de 1937, por isso tardiamente, já com 60 anos. Faleceu em 7 de Fevereiro de 1950. 

Para além das ligações pela parte do pai a Guisande e a Louredo, pela parte da mãe tem o Pe. Eugénio ligações familiares às freguesias do Vale e de Romariz. 

Por sua vez, a mãe do Pe. Eugénio, Madalena, nasceu em 25 de Janeiro de 1901, por isso mais nova 24 anos que o marido. Era filha de António Francisco de Oliveira e de Ana Ferreira de Fontes, esta natural de Romariz. Era neta paterna de Domingos Francisco de Oliveira e de Rosa Maria de Oliveira e neta materna de Manuel Ferreira de Fontes e de Ana dos Santos. Faleceu em 29 de Maio de 1984, com 83 anos de idade, sobrevivendo ao marido por cerca de 34 anos.

De referir ainda que, em termos familiares, o Pe. Eugénio Pinho é um de três irmãos, com o Custódio, já falecido e, ainda por cá, a Isabel, professora primária, que vive na freguesia do Vale.

Mais dados biográficos (*)

Quanto ao Pe. Eugénio, nasceu aos 17 de Agosto de 1939 (dia de S. Mamede), no lugar de Louredo, da freguesia de Louredo, concelho de Vila da Feira, onde residiam os pais.

Principiou a sua instrução na Escola Primária de Vila Seca, na freguesia de Louredo, de 1945 a 1949, sendo seu professor António Pereira da Silva Cabral, de Duas Igrejas -  Romariz, de quem recebeu, além dos conhecimentos académicos, uma personalidade e verticalidade que o marcou e tem orientado na vida. 

Quanto ao ensino secundário, em 1949, com 10 anos, ingressou no Seminário Diocesano de de Ermesinde, onde frequentou o 1° ano do Curso Secundário. Em 1950 transitou para o Seminário de Trancoso, em Vila Nova de Gaia, onde frequentou os 2° e 3° anos do Curso Secundário. Em 1953, transitou para o Seminário de Vilar,na cidade do Porto, onde fez os 4°, 5°, 6° e 7° anos. Em 1957 veio para o Seminário Maior de Teologia, junto à Sé do Porto, onde frequentou o Curso de Teologia, tendo-o terminado em 1961 com as mais elevadas classificações. 

Sacerdócio - Em 07 de Abril de 1962 recebeu a Ordenação Sacerdotal na Capela do então Paço Episcopal do Porto, hoje Casa da Torre da Marca, sendo Bispo ordenante D. Florentino de Andrade e Silva, Administrador Apostólico da Diocese do Porto, pelo facto de o Bispo Ordinário da Diocese, D. António Ferreira Gomes se encontrar no exílio, às ordens do Dr. António de Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros da República Portuguesa. 

De 1961 a 1963 exerceu as funções de Prefeito e Professor de Português e Latim no Seminário de Trancoso, em Vila Nova de Gaia. Estudos Superiores: - De 1963 a 1967 frequentou, em Roma, a Pontifícia Universidade Gregoriana, onde se licenciou em Direito Canónico, e a Academia Alfonsiana -  Instituto de Teologia Moral da Pontifícia Universidade Lateranense. 

Regressado a Portugal exerceu as funções de Superior Interno e Professor de Teologia, de 1967 a 1972, no Seminário Maior do Porto. De 1970 a 1972 frequentou a Faculdade de Direito da Uni-versidade de Coimbra, como aluno voluntário, tendo concluído a Licenciatura em Direito Civil em Julho de 1976. 

Outras actividades:

Em Novembro de 1976 iniciou funções de Juiz no Tribunal Eclesiástico do Porto. Em Outubro de 1977 assumiu funções de Professor Contratado de Teologia Moral no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas do Porto. Ao mesmo tempo exerceu actividade forense, como advogado, inscrito pela Comarca de Santa Maria da Feira, onde teve seu escritório, encontrando-se presentemente na situação de Reforma. 

Em Outubro de 1987 iniciou funções de docência da Cadeira de Ética Social, como Professor contratado da Faculdade de Teologia - Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa. Desde 1991 exerce funções de Defensor do Vínculo no Tribunal Eclesiástico do Porto e em 1999 foi nomeado Promotor da Justiça da Diocese do Porto. 

É Sócio fundador da Associação Portuguesa de Canonistas. 

Em 1991-92 frequentou, no Instituto de Defesa Nacional, o Curso de Defesa Nacional  e é Sócio n° 404/ CD. N92 da Associação dos Auditores dos Cursos de Defesa Nacional. É Sócio n° 200 do Centro Social, Cultural e Recreativo de Louredo. 

Após o falecimento do Pe. Acácio de Freitas, em Setembro de 2014, foi  nomeado pároco da sua terra natal, encontrando-se até ao momento ao seu serviço, com amor e muita dedicação, apesar das limitações da sua já bonita idade (84 anos) que lhe permitiria a retirada de funções há já vários anos. 

Que Deus o conserve com todas as faculdades por muitos mais anos.


Uma curiosidade:

De acordo com o Pe. Acácio de Freitas, de cuja monografia sobre Louredo extraí a foto acima e alguns dos dados biográficos (*) sobre o Pe. Eugénio, o edifício da residência paroquial de Louredo, terá sido mandado construir por 1903, com as obras pagas pelo Sr. Custódio António de Pinho, avô do Pe. Eugénio, pois para além de um grande lavrador e proprietário de Guisande, também detinha muitas propriedades em Louredo, algumas delas, por herança, nos dias de hoje na posse do actual pároco de Louredo.

Este Custódio António de Pinho, da Casa da Quintão, no Outeiro, foi também, em diferentes tempos, um benemérito na sua freguesia de Guisande, pois custeou ou contribuiu para muitas obras na paróquia, sobretudo na igreja matriz e residência paroquial, que foi edificada por 1907.

Custódio António de Pinho, nasceu em 21 de Fevereiro de 1846, sendo filho de Manuel António de Pinho e de Maria Rosa. Era neto paterno de Manuel António de Pinho e de Josefa Francisca de Sá, do lugar de Vila Seca, freguesia de Louredo, e neto materno de António Fernandes e Maria Luisa, do lugar de Azevedo, freguesia de S. Jorge de Caldelas.

Foi padrinho deste Custódio, avô do Pe. Eugénio, o reverendo Pe. Rodrigo António Pereira do Vabo de Sá Coutinho, da vila de Barcelos. Como curiosidade, este sacerdote,  faleceu com 83 anos em 22/1/1880, na rua da Madalena, em Barcelos. Creio que a ligação ao baptizado se prende à família Sá da avó materna, de Vila Seca - Louredo.

17 de agosto de 2023

Padre Delfim Augusto Guedes

 


Delfim Augusto Guedes, nasceu no lugar da Leira, na Casa do Ferreiro, na freguesia de Guisande, em 14 de Março de 1889. Era filho de Manuel Augusto Guedes, ferreiro de profissão, natural da freguesia de S. Jorge de Caldelas e de Rosa Gomes da Silva, doméstica, natural de Guisande.

Era neto paterno de Bernardo Guedes e de Maria Henriques, do lugar de Azevedo, de S. Jorge de Caldelas e neto materno de Manuel da Silva e de Margarida Gomes, do lugar da Leira, de Guisande.

Foram seus padrinhos de baptismo, em 18 de Março de 1889, Inácio Francisco e Custódia Gomes da Silva, do lugar dos Valos, freguesia de Fiães.

Ingressou no seminário do Porto e recebeu o presbiterado a 12 de Novembro de 1911, em Remelhe, durante a expulsão do bispo D. António Barroso. 

Foi durante vários anos pároco de Santa Eulália de Sanguedo, concelho de Vila da Feira e de seguida paroquiou a freguesia de S. Jorge de Caldelas (Caldas de S. Jorge), terra natal de seu pai, a partir de 28 de Setembro de 1939, sucedendo ao Pe. José Inácio da Costa e Silva, este natural de Pigeiros, que resignou nesse ano, seguindo depois, em 1943,  para a freguesia de Escariz - Arouca, onde faleceu em 1961 e ali foi sepultado no cemitério local, tendo sido muito estimado pelos seus paroquianos. A foto que ilustra este apontamento foi recolhida da respectiva lápide.

1 - Nota à margem:

Sobre este sacerdote, aquando da sua paroquialidade em Escariz - Arouca, José António Rocha, no documento intitulado "A Senhora da Abelheira", inserto no Lusitânia Sacra, 2ª série, Tomo 19-20 (2007-2008), a páginas 449, narra como lhe tendo sido contado pelos locais um episódio que considerou anedótico, mas que numa perspectiva sociológica ou de história das mentalidades, dizia muito. Assim, lá por Escariz dizia-se que o Pe. Delfim (ali pároco entre 1943 e 1961) não era muito devoto da capela da Senhora da Abelheira (porventura pela polémica da sua história e fundação) e que a ela se referia depreciativamente como "...lá em cima do monte". Ora por volta de 1960, numa celebração na dita capela da Abelheira, quando a missa estava a "santos" lançaram os tradicionais foguetes, sendo que um deles caiu sobre o telhado, furando-o e ferindo o pároco na cabeça, tendo sangrado..

Fosse ou não "castigo divino", certo é que a partir dessa data o padre não terá voltado a maldizer a capela.

Nota: Sendo que faleceu em 1961, verdade se diga, o Pe. Delfim também não teve muito mais vida para continuar a depreciar a capela da Abelheira. Não se consta que tenha morrido por causa do episódio do foguete, de resto um acontecimento algo mitificado e lendário, como reconheceu o atrás referido autor José António Rocha.

2 - Nota à margem:

Ainda sobre o Pe. Delfim Guedes, contou-me em vida o avô materno de minha esposa, Belmiro Gomes Henriques, do lugar da Igreja, que o formato da cúpula da torre da nossa igreja matriz de Guisande, em pirâmide de oito faces, se deveu ao pai do referido padre, o qual custeou as obras de remodelação da torre da igreja, que até então era mais baixa e aproximadamente esférica, na condição prévia de ser igual à da torre da igreja da freguesia de Sanguedo, onde ali paroquiava o filho.

Contou-me ainda a propósito, o Sr. Belmiro, que até então o formato da cúpula da torre da nossa igreja fazia lembrar um forno pelo que era alvo de troça das pessoas das freguesias vizinhas, que frequentemente se metiam com os de Guisande, questionando: - Então, vai haver fornada? - Já tiraram o pão do forno?

Resumo:

O Pe. Delfim Augusto Guedes, foi, pois, uma figura com relevância, mas quase ignorada e desconhecida na nossa freguesia, sua terra natal. Não surpreende, pela distância temporal sobre a época em que viveu, mas também porque a sua vida sacerdotal foi toda passada fora de Guisande, mesmo que em paróquias próximas.

Mais gostaríamos de saber e escrever sobre este sacerdote, mas fica para já este apontamento, que de algum modo, lhe faz a devida evocação.

13 de agosto de 2023

Nossa Senhora da Boa Fortuna - Borralhoso

 

Uma das particularidades com a Nossa Senhora da Boa Fortuna, que se venera na capela do Viso, aqui em Guisande, é o facto de relativamente perto de nós, precisamente no lugar de Borralhoso, da freguesia de Fermedo, concelho de Arouca, existir também uma capela com a mesma invocação. Além do mais, habitualmente a festividade em sua honra ocorre precisamente no primeiro Domingo do mês de Agosto, coincidindo a data com a da nossa própria festa.

Com esta particularidade e de algum modo uma coincidência, seríamos levados a pensar se alguma delas exerceu influência sobre a outra. Todavia, a capela original em Borralhoso, demolida e substituída há já alguns anos por uma de traça mais moderna e incaracterística, diga-se, foi edificada em 1885, por isso posterior à data de construção da capela do Viso em 16 anos, já que esta foi terminada por 1869.

Entretanto, neste ano de 2023, a nossa festa do Viso foi antecipada uma semana, por razões conhecidas e devido à data da Jornada Mundial da Juventude, e a festa em Fermedo foi adiada, pelo que assim tive a oportunidade de fazer a visita à capela e à festa para assistir à procissão.

Alguém me havia dito que para além do nome comum, Senhora da Boa Fortuna, as imagens também seriam muito parecidas. E de facto, a ter em conta a imagem usada no cartaz da festa, é exactamente igual, mas como as aparências iludem e nem sempre o que parece é, na realidade a imagem no cartaz da festa em Borralhoso corresponde à imagem da senhora em Guisande, de resto de minha autoria. Por conseguinte a imagem da capela de Borralhoso é em tudo diferente, como se pode comparar pelas fotos que ilustram este artigo.

No meio de tudo isto, não se percebe como é que alguém elabora e imprime um cartaz sem ter esta situação em consideração, bem como da parte da Comissão de Festas se permita uma situação destas. O seu a seu dono e as imagens usadas nos cartazes ou nos chamados santinhos, que se colocam junto das caixas de recolha de esmolas, devem ser as correspondentes ás existentes nas próprias igrejas ou capelas. Já aqui em Guisande, há alguns anos, não no cartaz mas nos santinhos, se cometeu essa asneirada, ao usar-se a imagem de um Santo António que não o de Guisande. E mesmo quanto ao nosso Santo António, deve usar-se sempre o existente na capela e não o que está na igreja.

Fica bem o seu a seu dono, para além da elementar coerência. A Senhora da Boa Fortuna de Borralhoso certamente que perdoará esta falha, o ser confundida com a do Viso, mas convém que não se abuse, porque, de facto, não fica bem e nem há necessidade, mesmo que em rigor, Nossa Senhora, Maria, Mão de Jesus, seja uma só, independentemente da invocação e do aspecto que lhe damos.




9 de agosto de 2023

Capelinha do Senhor do Bonfim - Apontamentos históricos


Todos nós guisandenses conhecemos de há muito a capelinha ao Senhor do Bonfim, erigida ali no limite entre os lugares da Barrosa e Reguengo, mas em rigor, porque nela não está lavrada, desconhecemos a data da sua construção. Já quanto à origem ou motivo, foram transmitidos oralmente alguns testemunhos, mesmo que com poucas certezas.

Tendo em conta o testemunho recolhido pessoalmente pelo André do Reguengo junto da D. Maria Isaura Borges, da Casa do Loureiro, nascida em 1917 e falecida em 2015, casada que foi com o Dr. António Ferreira da Silva e Sá, o mandante da edificação da Capelinha ao Senhor do Bonfim teria sido um Raimundo, também conhecido por Raimundinho. Posteriormente,  terá sido dada a informação por um dos filhos da D. Isaura que trataria de um avô do avô da mãe.

Em todo o caso, deve haver aqui alguma confusão (um dos problemas da oralidade) pois sendo certo que existe pelo lado do ramo paterno um Raimundo, antepessado da D. Maria Isaura, da Casa do Loureiro, este seria seu bisavô e não trisavô. Para ser um trisavô (avô do avô) do ramo de Raimundo teria que ser Domingos José (avô paterno) ou Manuel José (avô materno).

Inicialmente, ainda antes de ter logrado obter a certidão de nascimento, fiz as seguintes considerações: Tomando em conta o ano de nascimento da D. Maria Isaura (1917), recuando no tempo e considerando gerações médias de 25 anos, como era comum na época, poderemos especular com alguma proximidade à realidade que esse seu trisavô Raimundo poderá ter nascido por volta de 1817. Se mesmo usando a média de 30 anos, resulta que poder-se-ía estimar ainda por volta de 1797. Ou seja, quase seguramente entre o intervalo temporário de 1797 e 1817.

Entretanto, após aturadas diligências e buscas, consegui chegar à certidão de nascimento do tal Raimundo, que no final desta artigo transcrevo, e a mesma confirma a estimativa feita. Ou seja, na realidade o Raimundo, suposto mandante da edificação da capelinha ao Senhor do Bonfim, nasceu a 23 de Novembro de 1809, por isso dentro do tal intervalo temporário estimado de 1797 a 1817.

Em segundo lugar, tendo em conta que a promessa de construção da capela terá ocorrido no contexto de uma viagem marítima aflitiva e atribulada por tempestade no Atlântico, em que do Brasil, onde foi emigrante, regressava a Portugal, podemos supor que teria entre 50 a 60 anos de idade, o que somado a 1809 poderemos igualmente extrapolar que a construção da capela terá ocorrido entre 1859 e 1869. Grosso modo será da época da construção da capela do Viso, precisamente de 1869, dedicada à Senhora da Boa Fortuna e a Santo António.

Continuando no campo da especulação, à falta de documentos escritos e testemunhos orais consistentes, pelas datas e circunstâncias, a construção da capela do Viso poderá perfeitamente ter tido mão, motivação e financiamento desse antepassado da Casa do Loureiro, até porque a invocação de "Boa Fortuna", para além de outras interpretações, remete para o de uma grande graça ou sorte alcançada. Além do mais, para tão grande aflição na viagem, com risco de naufrágio, e tamanha fortuna alcançada pelo seu bom fim, parece-me que o pagamento da promessa apenas com a pequenina capela seria coisa de pouca monta para quem supostamente seria tão abastado e com fortuna trazida do Brasil.  Não custa, por isso, acreditar que para além da promessa ao Senhor do Bonfim também fosse feita uma à Senhora da Boa Fortuna.

De resto, por esses tempos, não fosse gente endinheirada, não estou a ver como a pequena e pobre freguesia de Guisande, marcadamente de pequenos lavradores e famílias que subsistiam do que a terra dava, e na sua larga maioria ainda a pagar rendas, tributos e quinhões a meia dúzia de proprietários mais abastados, conseguisse reunir dinheiro para tal construção, já que a capela do Viso é de generosas dimensões e edificada de forma sólida, com boa cantaria e ainda com três altares, coro e púlpito. É, pois, uma mera especulação mas com indícios de alguma sustentação. Quem sabe se algum dia poderemos vir a encontrar fontes e documentos que confirmem ou desmintam esta hipotética mas plausível relação?

Quanto a este tal Raimundo, conforme certidão de nascimento abaixo transcrita, era  filho de Domingos José Francisco de Almeida (natural de Mafamude - Vila Nova de Gaia) e de Maria Felizarda de São José Loureiro da Silva, da Barrosa, Guisande. 

Por conseguinte este Raimundo, seria irmão do Pe. José Gomes de Almeida, ou também referido como Pe. José Gomes Loureiro, ou mais popularmente como Abade Loureiro, nascido em 22 de Setembro de 1807 (mais velho 2 anos do que seu irmão) e que foi pároco nas freguesias de Pigeiros e de S. Jorge de Caldelas (Caldas de S. Jorge) - Vila da Feira. Também consegui aceder à certidão de nascimento deste José.

Por conseguinte, este Raimundo, que a ter em conta o nome do irmão clérigo, seria suposto ter como nome completo  Raimundo Gomes de Almeida, mas vim a confirmar, na certidão de nascimento de meu bisavô paterno, que lhe era afilhado, que era Raimundo José de Almeida. Era, como o irmão abade, neto paterno de Domingos Pereira de Almeida e Vasconcelos e de Clara Angélica Rosa e neto materno de Manuel Gomes Loureiro e Tomázia Rosa da Silva Jesus.

Este Raimundo foi ainda padrinho de um outro Raimundo, do lugar do Reguengo, nascido no dia 14 do mês de Julho do ano de 1833, este filho legítimo de Manuel Caetano Henriques e de Maria Joaquina, neto paterno de Caetano José Henriques e de Custódia Maria, do mesmo lugar, e neto materno de Manuel de Pinho e de sua mulher Anna Ferreira do lugar do Casal, freguesia de Gião. 

Em resumo, há neste artigo nomes, datas e factos concretos mas também algumas considerações que resultam de mera estimativa ou especulação. Mas com base e a partir do tal testemunho da D. Maria Isaura da Casa do Loureiro, é legítimo considerar os dados até aqui expressos. Ou seja, que a capelinha do Senhor do Bonfim terá sido mandada edificar por Raimundo José de Almeida, da Casa do Loureiro, da Barrosa, na sequência de uma promessa em situação de aflição, e que tal terá sido concretizada na segunda metade do século XIX, aproximadamente por ocasião da construção da capela do Viso em invocação à Senhora da Boa Fortuna, em 1869.


Transcrição da certidão de nascimento de Raimundo José de Almeida

Raimundo (*), filho legítimo de Domingos José Francisco de Almeida e sua mulher Maria Felizarda de São José Loureiro da Silva, do lugar da Barrosa, desta freguesia de Guisande, neto paterno de Domingos Francisco de Almeida e Vasconcelos e de sua primeira mulher Clara Angélica Rosa, moradores que foram na freguesia de São Cristóvao de Mafamude, mieira com a freguesia de Santa Marinha de Gaia e agora nas Vendas Novas da freguesia de S. Tiago de Lourosa, e materno de Manuel Gomes Loureiro e de sua mulher Tomázia Rosa da Silva de Jesus, do dito lugar da Barrosa desta freguesia de Guisande.

Nasceu no dia vinte e três (23) do mês de Novembro do ano de mil e oitocentos e nove (1809). Foi por mim, José dos Santos Figueiredo, abade desta mesma freguesia, baptizado no dia vinte e sete (27) do dito mês e ano.

Foram padrinhos Manuel Francisco de Almeida, do lugar do Boco, freguesia de Lourosa, tio do mesmo baptizado, e Tomázia Rosa da Silva de Jesus, avó materna do mesmo baptizado, e testemunhas o sobrinho Domingos Francisco de Almeida e Vasconcelos, avô paterno, e o sobrinho Manuel Gomes Loureiro, avô materno do mesmo baptizado, que aqui assinarão, dia, mês e ano (...)

(*) O nome completo: Raimundo José de Almeida


Outra consideração factual:

Tendo em conta os nomes acima referidos, resulta que eu próprio sou descendente de antepassados da casa e família dos Loureiros da Barrosa, já que o meu bisavô paterno, Raimundo Gomes de Almeida, que nasceu em 19 de Janeiro de 1849 e faleceu com 56 anos de idade no dia 10 de Dezembro de 1905, era neto paterno de  Domingos José Francisco de Almeida e de Maria Felizarda de São José Loureiro da Silva (meus tetravós), estes do lugar da Barrosa, Guisande, e neto materno de Manuel José de Matos e de Maria Rosa de Jesus (meus tetravós), do lugar da Lama, Guisande. 

Ou seja, este meu bisavô era filho de um dos irmãos do tal Raimundo (por isso sobrinho) de que temos vindo a falar, no caso, filho de Domingos José Gomes de Almeida (meu trisavô paterno) e de Joaquina Rosa de Oliveira, do lugar da Barrosa (minha trisavó paterna). Acabei também por descobrir que este meu bisavô paterno era afilhado do referido Raimundo José de Almeida.

Mais se conclui, e pela ordem natural das coisas, que em rigor somos todos parentes uns dos outros o que se comprova se formos a estabelecer as nossas árvores genealógicas, o que não é de todo tarefa fácil, senão mesmo impossível.

Creio que por tudo quanto foi escrito, mesmo sem todos os factos, temos já um conjunto de apontamentos que enriquecem a história da origem da nossa popular capelinha do Senhor do Bonfim.


A.Almeida - 08-08-2023


Actualização: 10-08-2023

Já depois de escrito e publicado o artigo acima, consegui aceder à certidão de óbito do até aqui falado Raimundo José de Almeida, tido como suposto (não confirmado) mandante da edificação da capelinha ao Senhor do Bonfim. 

Nesta certidão, para além da confimação de alguns dados biográficos, como a filiação, sendo filho de Domingos José Francisco de Almeida e de Maria Felizarda de São José Loureiro da Silva, fica-se a saber que faleceu em 23 de Janeiro de 1897, por isso com 87 anos de idade e que foi casado com Joana Rosa de Almeida e que vivia no lugar da Lama, na freguesia de Guisande.

Até aqui, tudo certo só que a ter em conta o que relata a mesma certidão de óbito, este Raimundo não deixou filhos, logo não poderia ser avô de quem quer que fosse, incluindo a D. Maria Isaura. Portanto, a ser Raimundo, terá que ser outro.

Assim sendo, tomando como fidedigna a informação contida na certidão, cai pela base a suposta relação deste Raimundo José de Almeida à construção da capela ao Senhor do Bonfim. 

A manter-se ainda como válido o testemunho oral colhido junto da D. Maria Isaura, apesar de posteriormente já não se recordar do nome, a ter existido e a ter Raimundo como nome, então, eventualmente só de outro ramo do qual ainda não encontramos ligação e esta terá que ser analisada da actualidade para cima, ou seja saber o nome dos pais e avôs da D. Maria Isaura e por aí acima, como quem diz, recuado no tempo.

Ora, por enquanto, apesar de buscas, ainda nada consegui encontrar desta relação. Por conseguinte, até novas evidências, esta história da origem da capelinha ao Senhor do Bonfim continua por resolver e a pertencer ao campo da especulação.


Outros aspectos:

A capelinha conforme existe na actualidade, não corresponde em termos de aspecto ao que seria a sua forma original. Na verdade já sofreu obras, nomeadamente pelo início da década de 1980, sendo as mais notórias o revestimento das fachadas em azulejo bem como refeita a cobertura já que esta originalmente seria em estrutura de madeira e telha. Para além disso foi pintada a imagem de Cristo no cruzeiro interior em pedra, o qual, apesar da boa intenção do artista, ficou de facto com uma qualidade artística de baixa qualidade. Também a porta não corresponde à original que naturalmente seria em madeira.

A propósito destas obras, recordo-me de na altura ter tido uma conversa com o então pároco, Pe. Francisco, o qual torceu o nariz ao revestimento em azulejo, dizendo ter preferido que se mantivessa o reboco original ou então, se em azulejo, que fosse branco mas sem padrão. Também o revestimento do roda pé foi de mau gosto. Também não apreciou que fosse colocado um painel da Sagrada Família, na fachada sul e que, no mínimo deveria ser monocromático, apenas em tom azul, como é tradicional e que melhor combinaria com o tom azulado do restante revestimento.

O revestimento da cobertura em azulejo depressa ficou em mau estado e posteriormente foi substituido por pastilha cerâmica em tom cinza. Pessoalmente, creio que seria valorizada a capelinha se fosse novamente instalada uma cobertura em telha mantendo a configuração de "quatro-águas" e que corresponderia à imagem original.

Por outro lado, aquele poste eléctrico ali encostado do lado norte é uma aberração estética e que deveria ser mudado.

27 de novembro de 2022

Raimundo José da Fonseca, meu bisavô materno



Raimundo José da Fonseca, era meu bisavô materno. Nasceu em 17 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929, muito jovem, apenas com 45 anos.

Era filho de António José da Fonseca e de Maria de Oliveira, meus trisavôs maternos, ambos do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz.

Por sua vez, era neto paterno de Manuel José da Fonseca e de Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e Ana Maria d´Oliveira (todos estes meus tetra-avôs maternos)

Tinha 22 anos quando casou em 9 de Maio de 1907, com Margarida da Conceição  (minha bisavó), esta filha de António Caetano de Azevedo e de Maria da Conceição, do lugar das Quintães - Guisande. Tinha 21 anos quando casou.

Este meu bisavô, tal como o seu pai,  era um afamado mestre canteiro (oficial de pedreiro) e pela nossa região são várias e autênticas pérolas de granito rendilhadas por si e por alguns familiares que com ele trabalhavam. 

Em Guisande é conhecida a capela mortuária da família da Casa do Moreira, do lugar da Igreja e ainda o mausoléu  da família do meu avô paterno. Mesmo na sacristia da nossa igreja a bonita fonte ali existente é de sua autoria.

Nas imagens abaixo, o mausoléu no cemitério em Guisande, com a imagem em mármore de Nossa Senhora e ainda um de características similares, existente no cemitério de Fermedo - Arouca, embora este com a imagem alegórica  da Saudade. 

Ainda na nossa região, são várias as alminhas por eles lavradas.

19 de outubro de 2022

Fonsecas de Cimo de Vila

 


A minha mãe, Eugénia, é filha de Américo José da Fonseca, de Cimo de Vila, e de Lúcia Alves, do Outeiro. 

Quanto à sua mãe, minha avó, faleceu quando ela era ainda tenra criança. Já o seu pai, meu avô,  nasceu em Março de 1919 e faleceu em Julho de 2001, sendo um dos vários filhos de Raimundo José da Fonseca (meu bisavô), do lugar do Carvalhal, freguesia de Romariz, e de Margarida da Conceição (minha bisavó), do lugar das Quintães da freguesia de Guisande. 

Este meu bisavô materno, Raimundo José da Fonseca, nasceu em 17 de Outubro de 1884 e faleceu em 17 de Novembro de 1929, muito jovem, apenas com 45 anos.

Por sua vez, era neto paterno de Manuel José da Fonseca e de Margarida Rosa de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e Ana Maria d´Oliveira (todos estes meus tetra-avôs maternos)

A minha bisavó materna era filha de António Caetano de Azevedo e de Maria da Conceição, do lugar das Quintães - Guisande. Quando casaram em 9 de Maio de 1907 ele tinha 22 e ela 21 anos de idade.

O meu bisavô Fonseca trabalhava com o pai e com alguns irmãos, sendo  afamadas mestres e oficiais de pedreiro e cantaria, tendo realizado em vários locais diversas obras de cantaria e escultura da mais fina traça. Terá sido ele a realizar a fonte existente na sacristia da nossa igreja matriz bem como a capela mortuária da Casa do Moreira, existente no nosso cemitério e ainda o jazigo de meus avôs paternos, com uma imagem de Nossa Senhora esculpida em mármore sob uma espécie de capela em granito assente em quatro colunas. Similar a este modelo tem de sua autoria um trabalho no Cemitério Paroquial de Fermedo - Arouca.

Naturalmente que tenho muitas memórias dos tempos de criança ligadas a este ramo familiar materno e por conseguinte ao lugar de Cimo de Vila onde tinham casa a minha bisavó - que depois passou para a filha Laurinda - o meu avô e o irmão deste, o Joaquim, cuja casa acima está na fotografia.

Esta casa, ali à face da Rua de Cimo de Vila, está naturalmente velhinha, mas dela tenho várias e boas memórias porque por lá passei muito tempo da minha infância, já que a minha mãe, presa aos trabalhos da casa e do campo, e por essa altura já com três filhos pequenos (eu, o meu irmão mais velho, o Joaquim, e o Manuel, que me segue na idade), deixava-nos ela entregues à minha bisavô Margarida e muitas vezes às suas primas, que ali naquela sua casa trabalhavam como costureiras. Recordo-me, pois, de muitas vezes ali subir à parte de cima daquela espécie de torre e passar as horas entretido a brincar com paninhos e botões e a desfolhar revistas da Crónica Feminina ao som de um pequeno rádio.

Não raras vezes, acompanhava a Ti Ilda Fonseca, prima de minha mãe, bem como a minha bisavó, a que chamávamos mãe Guida, ao Souto D´Além, já a caminho de Cimo de Aldeia - Louredo, onde enquanto apanhavam tojo e carqueja eu brincava  a construir casinhas de pedras e musgo. Outro sítio recorrente de brincadeiras infantis, era o campo da porta e na eira ali bem junto àquele canastro do lado sul da casa. A marginar esse campo, existia um rego que pelo Verão trazia a água da abundante fonte de Cimo de Vila, onde eu montava rodízios de bugalhos e largava barquitos de papel que acompanhava como timoneiro atento já quase até à descida para as Barreiradas, quando o dito "rio" dobrava o muro da Cancela que acompanhava.

Claro está que o largo fronteiro, era palco de habituais brincadeiras e chutos na bola com vários rapazes do lugar, e toda aquela zona envolvente, com a tal casa das primas de minha mãe, a do meu avô e a da minha bisavó, e ainda o amplo campo da Cancela, onde os meus pais também tinha uma parte por herança, eram no conjunto uma espécie de presépio bucólico e do qual tenho fortes lembranças, mesmo que já gastas pelo tempo, tal como a casa.

Muitas coisas mudaram de lá para cá por parte desta cepa de Fonsecas. Faleceu a minha bisavó (já era eu adolescente), o meu avô, os meus segundos tios, a Laurinda Fonseca e o marido Alexandre, e antes deles o Joaquim Fonseca e a esposa Albertina e já alguns filhos destes como o Hilário e o Alexandrino e mais recentemente a Conceição e a Alzira (esta há poucas semanas). Desse ramo dos Fonsecas de Cimo de Vila ainda andam por cá a Ilda, a Celeste, a Idília, a Madalena e o Abel - julgo não ter esquecido mais alguém - , todos irmãos, primos de minha mãe, por isso meus segundos primos. De todos os Fonsecas de Guisande, têm ali em Cimo de Vila a sua origem.

Somos oito irmãos e nem todos ficaram com o apelido de Fonseca. Pela minha parte herdei-o logo a seguir ao nome. De resto, Américo Fonseca, como o meu avô materno e também meu padrinho.

Somos, pois, Fonsecas, com raízes conhecidas em Romariz, porventura mais além, mas os apelidos são como os pássaros, andam por aí de lado para lado, sem poiso certo mesmo para fazer o berço dos filhotes. Uma vezes, como as andorinhas, até regressam ao mesmo ninho, outras vezes, na maior parte delas, vão e não voltam.

As memórias, essas também parecem ter asas e permitem-nos voar e ver as coisas de cima, como uma velha casa, um largo, um lugar. Cerrando os olhos, avivando a chama das memórias, ainda será possível ouvir crepitar na fogueira do tempo, por ali, naquele lugar, os gracejos e algazarras da criançada, que por esse tempo em Cimo de Vila era em mais quantidade do que agora em toda a freguesia. Outros tempos, naturalmente.

Se recordar é viver, também é voar sobre as velhas memórias.

17 de agosto de 2022

Dia de S. Mamede, nosso padroeiro

 


É já hoje, 17 de Agosto, o dia de S. Mamede, padroeiro da nossa paróquia. Sem pompa nem circunstância, mas com celebração condigna, logo teremos missa pelas 19:30 horas na igreja matriz. Seguir-se-á uma singela procissão à volta pelo percurso habitual (pelo adro e alameda).

Dizem os mais antigos que noutros tempos já houve por cá festa de arraial dedicada ao padroeiro, mas pessoalmente, não tenho memória dela. De resto, no que é uma singularidade, as festas populares com invocação de santos ou de Maria nas suas diferentes facetas, muitas vezes deixam os padroeiros de fora. Mesmo cá pelas redondezas, algumas têm tido períodos de paragem e outras são festas menores quando comparadas com demais festas nas próprias freguesias. 

Até mesmo na nossa freguesia, já tem havido procissões na Festa do Viso sem a sua presença, no que, naturalmente, é sempre de lamentar. No mesmo sentido de nem sempre se dar importância à importância, mesmo neste ano, incompreensivelmente, um santo com devoção e tradição na freguesia, o mártir S. Sebastião, não tomou parte na procissão da nossa maior festa. Soubesse disso, com tempo, e seria eu próprio, ou com mais alguém, a garantir a sua participação. Mas, adiante.

A ilustrar este artigo, deixo a reprodução do painel de azulejos existente no lado norte da torre da nossa igreja. Foi pintado a partir da imagem original existente à esquerda (de quem olha) do altar-mor. 

Este painel, com as dimensões de 1,26  x 0,84 m, composto por 54 azulejos (9 x 6) foi mandado fazer pelo então pároco Pe. Francisco Gomes de Oliveira à Fábrica de Cerâmica do Carvalhinho, no ano de 1949, tendo então custado 650 escudos.

8 de agosto de 2022

Presidentes de Câmara, ou equiparáveis, de Vila da Feira - Santa Maria da Feira

1800 - Sebastião Pitta de Castro

1811 - José Bernardo Henrique de Faria (Juiz de Fora)

1829 - José Apolinário da Costa Neves

1883 - Bernardino Maciel Rebelo de Lima (Juíz de Fora interino)

1833 - Francisco Monteiro Mourão Guedes de Carvalho (Juiz de Fora)

1834 - João José Teixeira Guimarães (Comissão Municipal)

1836 - Pedro José Correa Ribeiro

1837 - Manuel de Lima Ferraz da Silva

1838 - Manuel de Lima Ferraz da Silva

1841-1842 - Bernardo José Correa de Sá

1845-1846 - Francisco Correa de Pinho de Almeida Lima

1846 - António Fernandes Alves Fortuna (Juíz da Comarca)

1846 - António Soares Barbosa da Cunha

1847-1848 - Joaquim Vaz de Oliveira Júnior

1847 - Bernardo José Correa de Sá

1848-1851 - Bernardo José Correa de Sá

1852 - 1854 - Bernardo José Correa de Sá

1854-1855 - José António Varela Falcão Souto Maior

1856-1857 - João Nunes Cardoso

1858-1859 - Miguel Augusto Pinto de Menezes

1860-1861 - Fausto da Veiga Campos

1862-1863 - José Bonifácio do Carmo Soares

1866-1867 - Domigos José Godinho

1868-1869 - José António Varela Falcão Souto Maior

1870-1871 - Domigos José Godinho

1876-1877 - Manuel Augusto Correa Bandeira

1880-1881 - Manuel Pinto de Almeida

1882-1883 - António de Castro Pereira Corte Real

1884-1885 - António de Castro Pereira Corte Real

1888 - Roberto Alves (Presidente da Câmara)

1890 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)

1893-1897 - Manuel Baptista Camossa Nunes Saldanha (Visconde de Alberrgaria de Souto Redondo)

1897 - Pe. Manuel de Oliveira Costa

1899 - Pe. Manuel de Oliveira Costa (Comissão Administrativa)

1899-1901 - Pe. Manuel de Oliveira Costa

1905 - João Pereira de Magalhães

1907 - João Pereira de Magalhães

1908 - Eduardo Vaz de Oliveira (Comissão Administrativa)

1911 - António Ferreira Pinto da Mota (Comissão Administrativa)

1912 - Elísio Pinto de Almeida e Castro (Comissão Administrativa)

1914 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)

1915 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Executiva Municipal)

1915 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)

1917 - Crispim Teixeira Borges de Castro

1918-1919 - Crispim Teixeira Borges de Castro (Comissão Administrativa)

1919 - Vitorino Joaquim Correia de Sá (Comissão Administrativa)

1923-1925 -Saúl Eduardo Ribeiro Valente

1926 - José António Teixeira Saavedra

1926-1933 - Crispim Teixeira Borges de Castro

1933-1937 - Gaspar Alves Moreira

1934-1937 - Presidente da Comissão Administrativa: Gaspar Alves Moreira.

1937-1939 - António Soares de Albergaria (Conselho Municipal)

1937-1945 - Roberto Vaz de Oliveira

1945-1959 - Domingos Caetano de Sousa

1959-1971 - Domingos da Silva Coelho

1971-1974 - Alcides Branco de Carvalho

1974-1976 - Arnaldo dos Santos Coelho (Comissão Administrativa)

1976-1982 - Aurélio Gonçalves Pinheiro

1982-1985 - Joaquim Dias Carvalho

1985-2013 - Alfredo de Oliveira Henriques

2013-2017 - Emídio Joaquim Ferreira dos Santos Sousa 

3 de agosto de 2022

Regedores e outras histórias

No desenvolvimento do livro que estou a preparar sobre aspectos da freguesia de Guisande, que, como já tenho divulgado, pretendo ter publicado lá para a Páscoa do próximo ano, um dos apontamentos que quero incluir é a lista dos regedores. 

Para além da lista dos nomes que for possível encontrar, procurarei fazer uma contextualização histórica sobre este importante cargo que durou basicamente desde as primeiras reformas administrativas do liberalismo, essencialmente depois de 1835 com a criação dos cargos de comissários de paróquia e depois em 1836 com a substituição destes pelos regedores, até à introdução da Constituição da República Portuguesa, depois da revolução do 25 de Abril de 1974, e pela Lei 79/77, de 25 de Outubro, com a atribuição das competências das autarquias locais, altura em que o cargo de regedor foi extinto.

De um modo resumido, os regedores eram os representantes do poder central junto das paróquias e depois freguesias, enquanto unidades de base da teia da administração territorial, e por isso junto das comunidades de paroquianos e fregueses.

Essencialmente competia aos regedores garantir o cumprimento e respeito pelas ordens, deliberações e posturas emanadas dos município, os regulamentos de polícia, levantar autos de transgressão, auxiliar as autoridades policiais e judiciais sempre que necessário fosse, agir de modo a garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, auxiliar as autoridades sanitárias, garantir o respeito pelos regulamentos funerários, mobilizar a população em caso de incêndio e cumprir outras ordens ou instruções emanadas do presidente da câmara municipal.

Apesar de todas essas responsabilidades, e que nos primórdios do cargo, antes de uma separação formal das paróquias e freguesias, se juntavam obrigações relacionadas à igreja, um pouco do que modernamente compete às Comissões Fabriqueiras, os regedores eram cargos não profissionais, acumulados às funções diárias ou profissionais, e por isso mal pagos, apenas usufruindo de algumas regalias e emolumentos ocasionais. No entanto, compreende-se que pela sua natureza e representação das autoridades administrativas, judiciais e de segurança, os regedores eram regra geral figuras de prestígio e respeitadas nas paróquias e depois nas freguesias. Tal importância e tal poder, em muitos casos e sobretudo nos primórdios, fizeram com que muitos regedores ultrapassassem as suas competências usando-as de forma discricionária e abusiva, sem qualquer controlo das entidades superiores. Por dá cá aquela palha, detiam e prendiam qualquer pessoa com que não simpatizassem. Em contrapartida, muitas vezes eram alvo de partidas e de outras artimanhas.

Neste estado de coisas são mais que muitos os episódios, mais ou menos caricatos, mais ou menos particulares que se contam à volta dos regedores. Mesmo em Guisande, os mais velhos, os que ainda se lembram dos regedores, recordam-se de algumas peripécias e episódios curiosos. Mas isso ficará para outra altura e para o livro

Por ora, a este propósito de situações engraçadas,  transcrevo uma crónica do escritor Alexandre Perafita:

Quem se lembra dos velhos “regedores”?

Muitos deles andaram na 1ª Grande Guerra, onde chegaram a cabos e a sargentos, e, regressados às suas aldeias, vinham com o prestígio reforçado. Logo, ninguém lhes negava a autoridade. Usavam, e sabiam usar, armas. Queixas de desacatos era com eles, resolviam-nas muitas vezes à lambada. Tinham poderes para prender e castigar os faltosos quando estes revelavam comportamentos cívicos impróprios. Era roubos de lenha, estupro de raparigas, grandes bebedeiras, cabras que comiam videiras alheias, disputas de regos de água, passagens em caminhos particulares. Podiam entrar na casa de qualquer pessoa. Em desacatos conjugais faziam de conselheiros matrimoniais. Zelavam pelos bens e tranquilidade das freguesias, atestavam bons comportamentos e sanidades mentais, não tinham ordenado, quando era preciso prender alguém eram responsáveis pelo preso, levavam-no a pé até à vila mais próxima, ou, sendo à noite, guardavam-no em suas casas, vigiando-o com a ajuda da mulher e filhos até o apresentarem à guarda republicana. Por vezes eram assessorados por “cabos de polícia” ou “cabos de regedor”. No tempo da 2ª guerra, o tempo da fome, em que a comida era racionada, a cada família era distribuído certo número de senhas, cabendo ao regedor essa distribuição.

Alguns havia que tinham um gosto especial pelo mando. Como um de que outrora se falava em Sabrosa. Contavam os antigos que havia numa aldeia um padre que tinha fama de mulherengo. Antes das moças casarem, costumava ter grandes conversas com elas, e às vezes excedia-se um bocado. Algumas não gostavam nada, está bem de ver, mas outras nem se importavam. Até porque o padre – costumava dizer-se – é uma amostra de Deus. O pior é que nessa mesma aldeia havia ainda um daqueles regedores que gostavam de mandar em tudo. Nos cabos de polícia, nos bêbados, mas sobretudo nos padres. E como ele conhecia bem este, mais as suas artimanhas, roía-se de inveja pelos sucessos que o padre tinha junto das mulheres. Dizia-se então que, quando era para atestar o documento de casamento das moças, o regedor escrevia assim: “Atesto por trás o que o senhor padre já atestou pela frente”

21 de abril de 2022

Janela Aberta - Folha Dominical


Muitos já estarão esquecidos porque passam já quase seis anos (Junho de 2016) sobre a publicação do último número da "Janela Aberta", a folha dominical da nossa paróquia de S. Mamede de Guisande.

Por conseguinte, tem a importância que tem, mas tem já, seguramente, um lugarzinho na história ou nas estórias da nossa freguesia.

Como com todas as coisas, a "Janela Aberta" teve uma origem; Antes, pois, que fiquemos mais esquecidos vamos aqui relembrar a desta simples publicação.

Na última semana de Novembro de 2012 o nosso ex-pároco Pe. Arnaldo Farinha começou a compor e a publicar uma folha dominical para distribuição na igreja, dando-lhe precisamente esse nome "Folha Dominical". Era uma folha do tamanho A4 dobrada a meio, por isso apresentada no formato A5. Era composta pelos textos da liturgia do respectivo Domingo, algumas informações de agenda e horários e algumas imagens a ilustrar.

Este formato inicial durou seis números, referindo-se o último a 30 de Dezembro de 2012.

Nessa altura, por achar que o aspecto gráfico estava pobrezinho e que poderia ser feito de forma mais apelativa, falei com o pároco e propus-me a ajudar, ficando responsável pela composição e grafismo. Propus ainda que a publicação tivesse um outro título, que de algum modo emprestasse uma melhor identidade à publicação. O Pe. Farinha aceitou imediatamente, gostou da ideia e assim dali em diante, semanalmente, a partir do Nº 7, a folha dominical passou a publicar-se nessa nova etapa com o título "Janela Aberta", impressa em sistema laser, com muita qualidade, ao contrário dos primeiros números produzidos na impressora da paróquia em sistema de jacto de tinta.

Mas o título "Janela Aberta" não surgiu do acaso porque considerei interessante que fosse retomado do boletim informativo do Grupo da LIAM, com esse mesmo nome, uns anos antes, quando por minha iniciativa, o grupo então orientado pela saudosa D. Laurinda da Conceição, publicou mensalmente durante quase três anos esse boletim, com o primeiro número a sair em Janeiro de 2001 e que terminou no Nº 14, correspondente ao período de Janeiro/Junho de 2003.

Por conseguinte, a "Janela Aberta" enquanto folha paroquial e dominical teve o seu início quase 10 anos depois do boletim informativo do Grupo da LIAM.

Durante o período de publicação, a "Janela Aberta" teve dois formatos: Começou no formato original, no tamanho A5 (folha A4 dobrada a meio), com 4 páginas a cores e depois passou para o mesmo formato mas com 8 páginas e numa fase final, desde o Nº 117  de 24 de Janeiro de 2016 ao Nº 139 de 26 de Junho de 2016, passou para o formato A4 (folha A3 dobrada a meio) mas apenas a preto e branco de modo a compensar os gastos com o tamanho.

Depois da habitual paragem para férias, com a publicação do atrás referido Nº 139, a publicação não voltou a ser impressa. 

Importa referir que a paragem apenas se deveu à contenção de gastos pela paróquia pois a publicação, entre 80 a 100 exemplares, era distribuída gratuitamente e por conseguinte era sempre uma despesa regular a ter em conta semanalmente, apesar do baixo custo conseguido na impressão em sistema a laser. Por isso, pela minha parte, apesar do trabalho semanal de composição e impressão,  que me ocupava umas horas e naturalmente sem qualquer paga, a publicação teria continuado a ser composta e impressa.

Seja como for, é uma inevitabilidade que estas coisas tenham os seus momentos e períodos e nada dura eternamente, tanto mais quando representam custos que de algum modo não são compensados.

Na sua fase final, para além da habitual publicação da liturgia dominical, o conteúdo englobava ainda reflexões sobre a mesma liturgia, apontamentos relacionados às intervenções semanais do Papa Francisco, ainda a agenda dos serviços religiosos e alguns outros apontamentos ou informações de interessa da paróquia, particulares ou de âmbito geral. Creio que era uma interessante publicação e que por muitos era valorizada. Não sei se alguém guardou a totalidade dos números, mas quem o fez certamente que tem um documento interessante e que mais valor terá no futuro. 

Foi bonito enquanto durou e, como se disse no início deste apontamento, a "Janela Aberta" tem um lugarzinho na história da nossa comunidade paroquial. 

Abaixo deixo a reprodução de alguns números relacionados à transição das diferentes versões da "Janela Aberta", começando pelo tal primeiro número do boletim do Grupo da LIAM datado de Janeiro de 2001 em cujo texto de abertura se explicam e justificam as razões para a sua publicação.









Abaixo alguns outros números