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24 de agosto de 2025

Manuel Alves - O homem e o autarca






Com o falecimento de Manuel Alves, o Nequita, partiu uma das figuras mais emblemáticas e carismáticas da nossa freguesia.

Como já escrevi na nota de falecimento, ele teve uma relevante acção cívica, tendo sido regedor no período anterior ao 25 de Abril de 1974 e foi presidente da Junta de Freguesia de Guisande entre 1979 e 1989, em representação do PPD-PSD – Partido Social Democrata. 

Anos mais tarde, nas eleições de 1997 voltou a tentar o regresso mas o eleitorado considerou que já tivera o seu tempo e não conseguiu destronar o PS - Partido Socialista. Para essas eleições tive o privilégio de por ele ser convidado para segundo da sua lista, mas, por várias razões, nomeadamente a de também eu considerar que o seu tempo como autarca já tinha passado, bem como pela indisponibilidade pessoal, acabei por não poder aceitar.


Em 1993 aquando da sua candidatura pelo PPD-PSD

Gostando-se, ou não do seu estilo enquanto presidente da Junta - e enquanto autarca tinha adversários acérrimos, alguns até com considerações injustas - certo é que a freguesia conheceu com ele um forte desenvolvimento. É verdade que então estava tudo por fazer, mas com maior ou menor transparência, mas dentro de um estilo que era generalizado a todas as juntas de freguesia da época, foi um presidente activo e com sentido de astúcia política. Os executivos liderados por si realizaram inúmeras obras, algumas significativos, nomeadamente no que se refere a abertura de estradas, incluindo as ligações de Guisande a Louredo e a Gião, a construção do novo cemitério, a edificação da sede da Junta, construção das pré-escolas da Igreja e Fornos, bem como bastantes outras, estando também ligado à construção do campo de futebol no Reguengo.

Pelo contexto geral, pessoalmente não tenho dúvidas que foi o presidente de Junta com uma acção mais significativa de todos quantos têm exercido o cargo desde as eleições de 1976.

Muitos de nós, os mais velhos, conheciam também o Manuel Alves como comerciante, em que durante vários anos, nas décadas de 1970 e 1980, explorou a típica  mercearia no lugar de Casaldaça, antes dirigida pelo Domingos Caetano de Azevedo e sua esposa D. Conceição, e depois no lugar do Viso, para onde foi viver, onde, conjuntamente com a esposa Sr. Tina, confeccionava a tradicional e tão apreciada regueifa doce à moda de Guisande.

A relação das suas juntas com o jornal “O Mês de Guisande”, de que fui co-fundador e chefe de redacção, em toda a década de 1980, nem sempre foi a mais pacífica, e chegou a confessar que apenas o jornal lhe fazia boa oposição, mas foi sempre franco e directo e apesar disso sempre reconhecedor da importância do jornal para a freguesia e nunca se escusou a colaborar, apoiar e a conceder entrevistas e a fazer chegar apontamentos de notícia.

Chegou mesmo a confessar-me que em certa medida perdeu as eleições de 1989 devido à acção do jornal  bem como pelo papel da lista Força Jovem Independente, que nos mandatos de 1985/1989 e 1989/1993 foi sempre muito exigente e com sentido de escrutínio, porque com um nível de intervenção e oposição de que até então a Junta de Freguesia não estava habituada, mas com um entendimento positivo e sem qualquer ressentimento.

Ao longo dos últimos anos  mantive sempre com ele uma boa relação, com uma consideração e respeito mútuos, tratando-me sempre por Almeida, e partilhou comigo muitas confidências, pessoais, das suas memórias, mas sobretudo políticas, sempre com um tom muito próprio, de “manha”, que todos lhe reconheciam. 

Dos muitos episódios, contou-me a forma pouco ortodoxa como alguns “revolucionários”, logo após o 25 de Abril de 1974, lhe vieram “assaltar” o cargo de regedor, intimando-o a “devolver a ferramenta”. Pensavam eles, dizia, que isso era coisa pesada e de importância, incluindo armamento, mas afinal foram de mãos a abanar e levaram apenas um carimbo e um selo branco. De resto, a nova regedoria morreu ao nascer e o regedor provisório e seu substituto, apesar de ficarem com o retrato no arquivo da Câmara, então governada ainda sem legitimidade democrática, pelo presidente da Comissão Administrativa, Dr. Arnaldo dos Santos Coelho, em rigor nunca chegou a exercer, nem sequer a tratar de um roubo de galinhas, passando a GNR a exercer as funções de autoridade até então a cargo do regedor.

Também, entre a brincar e a sério, chegou-me a dizer que se fosse mais novo arrancaria a placa de limite de freguesia entre Guisande e Lobão, na zona do Santo Ovídeo, porque achava que tinha sido um abuso consentido pelas juntas do PS em deixar colocar a placa, não no limite determinado pelos marcos de fronteira, mas uma dezenas de metros do  lado de Guisande. De facto a sua idade já não era adequada a revoluções, mas, sim, tinha razão e neste aspecto os responsáveis da freguesia foram sempre “moles” em aceitar este e outros atropelos, nomeadamente no lugar de Azevedo, em que uma boa parte de território de Guisande continua sendo considerado descaradamente como de Caldas de S. Jorge mesmo contra todas as provas e evidências.

Muitas mais coisas me confidenciou, algumas das quais guardo só para mim e até porque alguns dos envolvidos ainda pertencem ao mundo dos vivos.

Em resumo, parece-me que será de justiça que a futura Junta de Freguesia de Guisande reconheça a importância de Manuel Alves enquanto autarca, senão com um nome de rua, pelo menos de uma qualquer outra forma. Pessoalmente, do que conheci do homem e do autarca, acho plenamente justo e merecedor, mesmo sabendo que nestas coisa a ingratidão ainda tem peso e a memória perna curta.

Defeitos teve, com certeza, como eu tenho e quase todos, pelo menos aqueles que não se consideram seres perfeitos. Manuel Alves foi um autarca do seu tempo, com limitações mas sobretudo com vontade de servir a freguesia e a comunidade. E creio que no geral fez muito.

Paz à sua alma e acredito que continuará a ser lembrado no presente e no futuro e no que de mim depender, nomeadamente no livro que estou a ultimar sobre apontamentos da história de Guisande, será concerteza e figurará na galeria das suas figuras mais relevantes.

Que descanse em Paz, caro Sr. Neca!

2 de maio de 2025

Pedro Nuno dos Santos - Ascendência em Guisande


Confesso que não tenho documento que o confirme de forma segura, mas já tenho ouvido referências de que Pedro Nuno dos Santos, e das pesquisas que fiz, o actual secretário-geral do Partido Socialista, e candidato ao papel do próximo Primeiro Ministro, tem ascendência familiar paterna em Guisande.

Pedro Nuno de Oliveira Santos, nasceu em 13 de Abril de 1977. É filho de Américo Augusto dos Santos e de Maria Augusta Leite de Oliveira Santos.

O seu pai, Américo Augusto dos Santos será filho de Alberto Pinto dos Santos e de Rosária Augusta da Conceição, ambos naturais de Guisande a aqui casados. O avô sapateiro, que tem sido referido na comunicação social, como que a justificar a origem humilde da família do Pedro Nuno dos Santos, é o pai da sua mãe.

Alberto Pinto dos Santos, será então o avô paterno de Pedro Nuno dos Santos, e é filho de Jerónimo dos Santos e de Amélia Maria de Oliveira Pinto, esta, sobrinha materna do Cónego Dr. António Ferreira Pinto.

Entre outros, o Alberto é irmão do Américo Pinto dos Santos, que casou com a D. Maria Angelina, que ofereceram o terreno para o campo de futebol do Guisande F.C., ainda do Delfim Pinto dos Santos, pai do Marinho Ferreira Coelho e de Manuel Pinto dos Santos, que foi regedor em Guisande pelas décadas de 1950/1960. Era ainda irmã do Alberto Pinto dos Santos a Gracinda Amélia dos Santos, mãe da Maria Fernanda da Costa, esta esposa do Joaquim Correia de Paiva (Peita), moradores em Fornos - Guisande.

Alberto Pinto dos Santos, por Guisande tinha a alcunha de "Xará" e exerceu a profissão de camionista. O seu filho, Américo Augusto dos Santos, pai de Pedro Nuno dos Santos, é sócio da Tecmacal, de S. João da Madeira, uma empresa com estrutura accionista familiar e do ramo de maquinaria e equipamentos para a indústria de calçado. Esta empresa tem sido comprovadamente associada ao recebimento de avultados fundos europeus. Receberia mesmo que não tivesse um dos sócios a influência e peso político do filho? Não o podemos afirmar nem o seu contrário, mas sabemos que neste país quem tem poder e influência política, tem mais vantagens. Sempre assim foi e sempre assim será.

Este Américo Augusto dos Santos, pai do Pedro Nuno, em solteiro chegou a fazer parte de uma banda rock em S. João da Madeira e esteve ligado a um partido de extrema esquerda a Frente Eleitoral dos Comunistas Marxistas-Leninistas (FEC ML). Talvez daqui venha a costela política de Pedro Nuno Santos, indicado por muitos como da ala da esquerda mais radical do PS.

Sabe-se que, devido à posição industrial e social dos pais, o actual lider do partido Socialista já nasceu em berço de ouro e vivia como tal, sendo conhecido o caso de ter conduzido o carro de luxo do pai, um Mesarati, e foi proprietário de um Porche, que acabou por vender por supostamente tal imagem de viver à patrão não ajudar a sua carreira política, nomeadamente pela contradição aos valores de esquerda que apregoava. Aliás, nesta contradição, mesmo defendendo a Escola Pública, o líder do Partido Socialista tem o filho numa boa escola privada.

Em resumo, sem moralismos ou julgamentos de valor, mas apenas num sentido geral, os nossos políticos, da esquerda à direita, nem sempre têm vidas simples e modestasm condizentes com os valores que dizem defender. São, por isso, muitas as contradições dos nossos políticos. Pedro Nuno dos Santos é apenas um entre muitos.

O seu perfil político e ideológico, bem como o seu estilo pró radical, não me fazem, de todo, seu seguidor e simpatizante político, mas também aqui pouco importa. A razão deste apontamento é mesmo o dar a conhecer essa tal ligação de ascendência familiar em Guisande., que, acredito, será do desconhecimento da larga maioria dos guisandenses e, quiçá, até mesmo de alguns dos familiares desse ramo genealógico.

10 de abril de 2025

Dinamização cultural e...política

DINAMIZAÇÃO CULTURA...E POLÍTICA - O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!!! (MAS TEM SIDO SEMPRE)

Num recorte de jornal de 5 de Abril de 1975, dava-se conta de uma sessão de Dinamização Cultural Promovida pelo Movimento das Forças Armadas, no Salão Paroquial de Guisande, em 22 de Março desse ano e no dia seguinte, 23, realizou.-se uma sessão de esclarecimento pelo MDP/CDE.

Diz-nos a notícia que ambos os eventos decorreram com boa assistência, com educação e ordem. Recordo-me de estar presente mas, como criança mais curiosa que interessada, retive poucos pormenores, para além algumas intervenções inflamadas de jovens com bigodaças, golas altas e calças à boca de sino, e de vivas ao povo e às forças armadas como então era corrente. De cultura propriamente dita, de nada me recordo, apenas política.

CONTEXTO:

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, foram concebidos diversos programas, tanto públicos como privados, com o objetivo de promover a melhoria das condições sociais, económicas e culturais da população portuguesa. Entre essas iniciativas destacavam-se o Serviço Cívico Estudantil, as Campanhas de Alfabetização, a Educação Sanitária, o Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), o Serviço Médico à Periferia e as ações da Pró-UNEP no domínio da alfabetização.

Neste mesmo contexto inseriam-se as Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica, levadas a cabo pelo Movimento das Forças Armadas (MFA). Assumindo o papel de agente libertador de uma sociedade submetida a quase cinco décadas de ditadura, o MFA, em articulação com a Direção-Geral da Cultura Popular e Espectáculos, impulsionou estas campanhas com o intuito de divulgar e explicar os princípios do seu programa revolucionário – considerando-se que: «era preciso explicar ao povo português o programa do MFA».

Acreditava-se que, através destas ações de dinamização cultural, seria possível dar resposta às carências das comunidades locais e, ao mesmo tempo, fomentar a sua participação activa no processo revolucionário. Pretendia-se ainda transformar a percepção das Forças Armadas, tradicionalmente associadas ao aparelho repressivo do Estado Novo, promovendo uma nova relação de proximidade e confiança com a população. Claro está que, em rigor nada disso se concretizou nesse período revolucionário e só depois de consolidade a democracia e da adesão à UNião Europeia, é que as coisas foram evoluindo mas ainda hoje, passados 50 anos, com muito por cumprir e com o país a viver sempre acima das suas possibilidades, com uma enorme dívida pública. Não temos tido políticos nem políticas à altura.

QUANTO AO MDP/CDE:


O Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) destacou-se como uma das principais forças da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo em Portugal, antes da Revolução de 25 de Abril de 1974. Criado em 1969, operava através de comissões democráticas eleitorais, com o objetivo de intervir nas eleições legislativas e afirmar uma alternativa política ao regime.

Em 1973, marcou presença no Congresso Democrático de Aveiro, um acontecimento simbólico e decisivo na resistência à ditadura.

Com a queda do regime, o MDP evoluiu para partido político e participou em todos os Governos Provisórios, à exceção do VI. Concorrendo de forma autónoma à Assembleia Constituinte de 1975, viria posteriormente a integrar, a partir de 1976, a coligação Aliança Povo Unido (APU), juntamente com o Partido Comunista Português (PCP).

A cisão com o PCP em 1986 motivou a saída do MDP da Coligação Democrática Unitária (CDU) e a apresentação de listas próprias nas legislativas de 1987. Foi nesse contexto que um grupo de militantes dissidentes fundou a Intervenção Democrática (ID), que permanece até hoje como membro da CDU, ao lado do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).

Finalmente, em 1994, o MDP uniu-se ao colectivo responsável pela revista Manifesto, dando origem ao movimento Política XXI, uma das forças fundadoras do Bloco de Esquerda.

Em resumo, as campanhas de dinamização cultural, que se iniciaram em outubro de 1974 e se estenderam até 1976, tinham como objectivos estratégicos promover o programa do MFA, informar as populações sobre a importância do voto como acto cívico e dar visibilidade nacional ao 25 de Abril. Ao longo desse período, foram realizadas mais de 2.000 ações de dinamização cultural e de intervenção cívica.

Em rigor estes eventos em Guisande, como um pouco por todo o país, eram essencialmente eventos de cariz político e mesmo doutrinário, e por esse tempo este movimento MDP/CDE, porque com alguns simpatizantes na freguesia, teve alguma acção ao nível da propaganda, com uma certa actividade, nomeadamente na distribuição de panfletos, pinturas nas estradas e muros.

Passado algum fulgor desses primeiros tempos pós revolução, o movimento perdeu gás e acabou mesmo por se extinguir derivando para o que veio a ser o BE-Bloco de Esquerda.

Vários desses elementos de Guisande mantiveram-se como de esquerda mas na generalidade derivando para uma esquerda menos radical, nomeadamente para o PS - Partido Socialista. Alguns, mais ferrenhos, mantiveram a ligação ao Partido Comunista, mas, como o provam os resultados, sem qualquer expressão eleitoral ou social e os votos nunca passaram de meia dúzia.

Em todo o caso, é com saudade que pessoalmente recordo esses tempos pós revolução embora vistos com os olhos de criança.


9 de abril de 2025

Confraria e Irmandade de Nossa Senhora do Rosário - Um olhar, uma opinião

 


Não tenho a certeza de estar inscrito na Confraria/Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, secular instituição da nossa paróquia, fundada por volta de 1733, com estatutos aprovados a 2 de Setembro de 1734, pelo então pároco, o Abade Manuel de Carvalho, com a devida autorização eclesiástica e da Ordem de S. Domingos (Dominicanos).

Essa incerteza deve-se ao simples facto de não possuir qualquer documento comprovativo da minha inscrição, e à própria instituição não se mostrar capaz de realizar a necessária pesquisa nos livros de assentos dos irmãos e confrades, alegando não ter em sua posse tais registos antigos.

Desconhecendo-se quem actualmente detém esses livros — ou mesmo se eles ainda existem desde a data da fundação —, torna-se efectivamente complicado, senão impossível, confirmar essa condição.

Se esta dúvida já não se coloca para os que infelizmente já faleceram, ela poderá ser muito relevante para os que ainda estão vivos e, como eu, não sabem ao certo se pertencem à Irmandade.

É certo que esta é uma instituição secular, ainda em actividade, e como tal, um património imaterial de valor significativo para a história e cultura da nossa paróquia e freguesia. Contudo, e em rigor, há já muitas dezenas de anos que não funciona como uma verdadeira associação.

Uma associação moderna rege-se por um conjunto de estatutos actualizados, que regulam os diversos aspectos da sua actividade. Tem sócios com direitos e deveres, realiza eleições periódicas, e os corpos gerentes são eleitos democraticamente pelos próprios associados.

Ora, a Confraria e Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, ainda sem estatutos revistos e com os originais há muito ultrapassados pelas mudanças dos tempos, vai funcionando, mas não exactamente como uma associação, desde logo porque não realiza eleições regulares.

Assim, num modelo organizativo que remonta ao tempo do Pe. Francisco Gomes de Oliveira, a gestão e controlo da actividade têm estado nas mãos de um reduzido número de pessoas, que, dentro das suas possibilidades, vão fazendo o melhor que podem e sabem.

Não tendo a certeza de ser irmão ou confrade, e não tendo portanto qualquer interesse directo na questão, parece-me, no entanto, que seria importante actualizar e valorizar esta instituição que caminha para o seu terceiro centenário — a celebrar dentro de oito anos. Seria desejável que, até essa data, a Irmandade estivesse devidamente regulamentada por estatutos adequados, em conformidade com as normas da Igreja e com a lei civil.

Além disso, e tendo sempre achado a sua orgânica bastante reservada, constato que várias regras — ou tradições — se têm vindo a perder ou a degradar. Por exemplo: no tempo do Pe. Francisco, era prática que, nas missas mensais ou na anual em que se sorteavam os terços, apenas os próprios, se presentes, podiam indicar a presença, ou, na sua ausência, familiares próximos como pais, irmãos ou avós. Nos últimos anos, porém, tem-se dado voz a familiares mais afastados, como primos ou tios, e até a vizinhos ou amigos. Ou seja, sem regras claras, têm surgido abusos que desvirtuam tradições antigas.

Na ausência de normas, é natural que se verifiquem estas situações de desregulação.

Ainda recentemente assisti à atribuição de um terço a uma pessoa já falecida — algo que, dantes, não era permitido. Sempre que saía o nome de alguém falecido no sorteio, o papel era anulado e rezava-se uma oração pela alma da pessoa em causa.

Neste caso, admito que quem reclamou o terço o tenha feito por desconhecimento dessa regra. Daí que me pareça adequado que, no momento da entrega do terço, perante dúvidas, se peça a quem o recebe que indique qual a sua relação com o sorteado e se este se encontra vivo ou já falecido.

Não aplicando este procedimento, continuarão a verificar-se situações semelhantes — acredito que não por má-fé, mas simplesmente por algum facilitismo e porque a ausência de regras as permite.

Sem qualquer pretensão de estar a ensinar o Pai-Nosso ao vigário, ou a fazer refogado à cozinheira, julgo que ninguém terá razões objectivas para discordar destes princípios.

Mas, como tenho reiterado, não tenho a certeza de ser irmão ou confrade, e ninguém o sabe confirmar. A minha opinião surge apenas como contributo construtivo, sem qualquer crítica pessoal, mas com intenção de orientação e valorização de uma instituição que é, sem dúvida, parte viva da nossa memória colectiva.

Finalmente como esclarecimento, no momento actual a inscrição de um irmão e confrade custa  25 euros e acrescido de 5 euros por cada ano acima de um ano de idade e uma anuidade também de 5 euros. Para quem quiser remir, isto é, não ficar sujeito ao pagamento de anuidades, tem o custo de 45,00 euros, no que é vantajoso sobretudo para baixas idades. Até me parece um valor baixo e desproporcional ao valor de pago de forma anual. Mas, como disse, de acordo com informações colhidas, são estes os valores praticados à data.

Quanto aos direitos dos irmãos e confrades vivos e defuntos, têm sido alterados ao longo destes quase três séculos, mas ainda assim com direito a um bom número de missas depois de falecidos para além de uma missa mensal e uma anual, por vivos e defuntos. aquando da festa, pelo primeiro Domingo de Outubro. Mesmo assim, as despesas têm sido superiores às receitas e a sustentabilidade da instituição, dependendo apenas de receitas próprias decorrentes das inscrições e anuidades, a prazo será posta em causa, pelo que antes que isso aconteça terão que ser encontrados equilíbrios e medidas adequadas.

25 de março de 2025

Retretes e gente importante em férias


Na actualidade e desde há vários anos, nomeadamente desde a edificação da Capela Mortuária, que todo o conjunto de edifícios e equipamentos à volta da igreja matriz de Guisande tem instalações sanitárias decentes. Apesar disso, os actos de vandalismo são recorrentes, como ainda recentemente, e tal situação dificulta a gestão do espaço pela Junta de Freguesia e a coloca num dilema de o encerrar durante a noite ou o manter aberto. Mas face à impossibilidade de ter um polícia 24 horas em cada canto, há que aguentar a selvajaria dos modernos tempos e da ineficácia das autoridades em vigiar, investigar e levar a julgamento os javardos que se prestam a esses serviços.

Mas dizia, há instalações sanitárias a servir os espaços da paróquia, mas nem sempre foi assim. De facto, antes das actuais, no passado existiram outras, mesmo que fraquinhas e, antes dessas, outras ainda mais básicas.

O recorte de jornal de uma notícia publicada no jornal "Correio da Feira" de 2 de Setembro de 1967, expressava a falta de instalações sanitárias pois as que existiam anteriormente, mesmo que fraquinhas, tinham sido demolidas com as obras de construção do Salão Paroquial, uns dois anos antes, por 1965.

Por comparação, o correspondente salientava que essa situação era uma necessidade já que em quase todas as outras freguesias do concelho já existiam essas instalações sanitárias.

Por último, a notícia também dava a conhecer que o capitão Manuel Ferreira Linhares, em serviço no exército em Angola, estava de férias em casa de seus pais em Casaldaça. 

É certo que os jornais, mesmo os regionais, já não fazem notícias de casamentos, baptizados, aniversários e estadias de férias, dos senhores e senhoras abastados, mas o que não faltam são as revistas cor-de-rosa a dar estampa colorida e brilhante às figurinhas e figurões da nossa sociedade e isto porque o interesse pelas vidinhas dos outros é coisa que nunca há-de acabar.

18 de outubro de 2024

Festa do Viso - Resumo de contas de 1979 a 1992


Infelizmente nem sempre se guardaram os documentos de apresentação de contas da nossa Festa do Viso. Insensibilidade, descuido, pouco sentido de arquivista, certo é que da maior parte das festas não há documentos guardados que informem o quanto se obteve como receita e quanto se gastou. 

Apesar disso, a partir de velhos papéis, ainda consegui apontamentos de alguns anos, no caso de 1979 a 1992. Acredito que alguns elementos das várias comissões de festas até ficaram com cópias, mas também acredito que a maioria já não tem qualquer ideia ou documento. De resto como acomteceu com os diferentes cartazes em que, regra geral, ninguém ficou com um ou outro exemplar para arquivo e memória futura. Tal deveria ser uma prática de ano para ano, mas não. Somos uns pobres!

Ano de 1979

Receitas:130.247$00

Despesas: 125.921$00

Saldo positivo: 12.826$00


Ano de 1980

Receitas:192.568$00

Despesas: 161.482$00

Saldo positivo: 31.086$00


Ano de 1981

Receitas:217.347$00

Despesas: 217.340$00

Sem saldo


Ano de 1982

Receitas:303.427$00

Despesas: 302.043$00

Saldo positivo: 1.384$00


Ano de 1983

Receitas:268.951$00

Despesas: 267.281$00

Saldo positivo: 1.670$00


Ano de 1984

Receitas:344.759$00

Despesas: 330.848$00

Saldo positivo: 13.910$00


Ano de 1985

Receitas:452.910$00

Despesas: 409.000$00

Saldo positivo: 43.910$00


Ano de 1986

Receitas:553.630$00

Despesas: 553.895$00

Saldo negativo: 265$00


Ano de 1987

Receitas:655.186$00

Despesas: 572.319$00

Saldo positivo: 83.367$00


Ano de 1988

Receitas: 869.682$00

Despesas: 872.532$00

Saldo negativo: 2.850$00


Ano de 1989

Receitas: 904.549$00

Despesas: 930.297$00

Saldo negativo: 25.748$00


Ano de 1990

Receitas: 1.240.000$00

Despesas: 1.300.00$00

Saldo negativo: 60.000$00


Ano de 1991

Receitas: 1.310.884$00

Despesas: 1.246.819$00

Saldo positivo: 64.065$00


Ano de 1992

Receitas: 1.374.379$00

Despesas: 1.211.449$00

Saldo positivo: 162.930$00

13 de maio de 2024

Pormenor do terço de Nossa Senhora do Rosário

 


Pormenor do rosário que faz parte da imagem de Nossa Senhora do Rosário, da nossa igreja matriz, invocação do uma secular confraria e irmandade que existe desde 1733, perto de completar 300 anos.

8 de maio de 2024

Mortalidade noutros tempos em Guisande


Hoje em dia a mortalidade infantil em Portugal, como nos países mais ou menos desenvolvidos, é baixa quando comparada com anos passados e naturalmente com um acréscimo das taxas quanto mais recuamos no tempo. 

Em 2023, de acordo com dados da Pordata, em Portugal por cada mil nascimentos a média de falecimentos foi de 2,5.

Recuando a 1974, quando se deu o fim da ditadura a taxa estava em 37,9. Continuando a recuar, em 1960 estava em 77,5. E recuando ainda mais, a taxa era ainda mais elevada.

As razões para os actuais valores são óbvias e sobretudo decorrem do desenvolvimentos da ciência média, medicamentos, vacinas, da rede de cuidados primários de higiene e saúde, respectivos tratamentos, e, naturalmente, o alargamento da rede de estabelecimentos de saúde dos primários aos centros hospitalares.

Por conseguinte, noutros tempos, era elevado o número de mortes de menores, alguns durante o parto e outros nos primeiros dias, meses ou anos de vida.

Consultando velhos assentos paroquiais dos óbitos, mesmo de Guisande,  impressiona de facto a proporção de mortes de crianças. Até mesmo de pessoas já adultas mas de baixas idades, na casa dos vinte ou trinta anos.

Como um exemplo da moralidade em Guisande:

Em 1844 faleceram 16 pessoas: Homens 5; Mulheres 4, Meninos 4; Meninas 3.

Em 1846: Total 12. Homens 3; Mulheres 7, Meninos 0; Meninas 2.

Em 1847: Total: 15. Homens 4; Mulheres 1, Meninos 7; Meninas 3.

Em 1848: Total: 13. Homens 3; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 1.

Em 1849: Toal: 10. Homens 2; Mulheres 4, Meninos 2; Meninas 2.

Em 1850: Total: 12. Homens 0; Mulheres 5, Meninos 5; Meninas 2.

Em 1851: Total:12. Homens 4; Mulheres 3, Meninos 3; Meninas 2.

Em 1852: Total: 3. Homens 0; Mulheres 1, Meninos 0; Meninas 2.

Em 1853: Total: 7. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 2; Meninas 2.

Em 1854: Total: 8. Homens 3; Mulheres 1, Meninos 3; Meninas 1.

Em 1855: Total: 16. Homens 7; Mulheres 5, Meninos 3; Meninas 1.

Em 1856: Total: 22. Homens: 6; Mulheres: 8; Meninos: 3; Meninas: 5.

Em 1857: Total: 15. Homens 6; Mulheres 5, Meninos 4; Meninas 0.

Em 1858: Total: 6. Homens 3; Mulheres 3, Meninos 0; Meninas 0.

Em 1859: Total: 5. Homens 1; Mulheres 2, Meninos 0; Meninas 2.

Em 1861 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1862 faleceram um total de 11 pessoas.

Em 1865 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1866 faleceram um total de 7 pessoas.

Em 1867 faleceram um total de 7 pessoas:

Em 1868 faleceram um total de 16 pessoas.

Em 1869 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1870 faleceram um total de 11 pessoas.

Em 1871 faleceram um total de 18 pessoas.

Em 1872 faleceram um total de 5 pessoas.

Em 1873 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1874 faleceram um total de 18 pessoas.

Em 1875 faleceram um total de 7 pessoas.

Em 1876 faleceram um total de 10 pessoas.

Em 1877 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1878 faleceram um total de 10 pessoas.

Em 1879 faleceram um total de 10 pessoas.

Em 1880 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1890 faleceram um total de 12 pessoas.

Em 1894 faleceram um total de 9 pessoas.

Em 1895 faleceram um total de 16 pessoas.

Em 1900 faleceram um total de 7 pessoas.

Em 1910 faleceram um total de 7 pessoas.

É certo que, como se percebe pelos números acima, havia variação de ano para ano, mas na maior parte dos anos é significativo o número de menores falecidos quando comparado com os tempos actuais.

Morria-se basicamente por falta de cuidados médicos e por isso muitas doenças que agora são relativamente fáceis de debelar, noutros tempos eram fatais. Os assentos paroquiais raramente referem a causa da morte e algumas poucas vezes com a designação genérica de "moléstia" ou "maleita" mas sabe-se que havia doenças determinantes como a bronquite, pneumonias, diversos tipos de febre e outras epidemias. 

Pela falta de estabelecimentos hospitalares ou similares, e mesmo de médicos, a regra era as mulheres darem à luz em casa, tantas vezes sem o devido acompanhamento, e apenas, nem sempre, por parteira mais ou menos expedita e conhecida no meio. Escusado será dizer que a gestação também não tinha qualquer tipo de acompanhamento. 

Finalmente, o que ajudava ao problema, não existiam regras e métodos anti-concepcionais e por isso era comum as mulheres gerarem uma carrada de filhos, uns a seguir aos outros, tantos quantos a natureza permitisse.

5 de abril de 2024

Os Lopes de Guisande


Dizem os entendidos nestas coisas do estudo da origem dos patronímicos, como quem diz, dos nomes de pessoas e  apelidos de famílias, que Lopes foi apelido popular nos países latinos, como Grécia, Itália, Espanha e Portugal. Com origem do latim lupus, Lopo em Portugal, surge a derivação Lope, que significa lobo. Assim, a referência a este animal, do qual e pela domesticação surgiram os cães, procura conotar as pessoas que recebem esse nome com os seus atributos de coragem e destreza.

Lopes, em Portugal e Lopez em Espanha, foi apelido relativamente comum na península ibérica pela Idade Média. Lopes derivava de filho de Lopo, assim como à semelhança de Henriques como filho de Henrique, Gonçalves, filho de Gonçalo e Fernando, filho de Fernão.

Na actualidade, Lopes é considerado como o 14º apelido mais comum em Portugal. Na nossa História, sobretudo na Idade Média houve Lopes mais ou menos relevantes, como o cronista Fernão Lopes. Também, pela negativa, o Diogo Lopes de Pacheco, um dos assassinos da bela Inês de Castro e o único que escapou à vingança de D. Pedro, o Justiceiro, refugiando-se em Castela.

Descrição heráldica do brasão dos Lopes (representado acima):

Esquartelado: o primeiro e o quarto de azul com uma estrela de ouro, de seis raios; o segundo e o terceiro de vermelho, com uma flor-de-lis de prata; bordadura de vermelho, carregada de oito aspas de ouro. Timbre: um aspa da bordadura.

[fonte bibliográfica "Armorial Lusitano - Anuário da Nobreza de Portugal"]


Os Lopes na freguesia de Guisande:

Com estes apontamentos não tenho pretensões, obviamente, em fazer uma descrição genealógica exaustiva dos Lopes na nossa freguesia de Guisande, porque será tarefa quase impossível face à falta de documentos complementares e em sequência aos que é possível publicamente consultar. Ainda assim, com base em conhecimentos pessoais, na pesquisa e leitura de velhos assentos paroquiais, análises de nomes e datas e cruzamento dos mesmos, consegui apurar alguns nomes e datas e relações entre si que considero bastante substanciais. 

Neste contexto, e como ponto de partida, uso como referência o nome de Domingos José Lopes, casado que foi com Idalina da Conceição, que viveram no lugar da Igreja, na nossa freguesia de Guisande, e que juntos geraram uma família numerosa e que na nossa freguesia será a mais representativa deste apelido. Mas também a par do Joaquim José Lopes, irmão do Domingos, que ficou com a alcunha de "o Cabreiro", e que casado com Maria Alves, também constituiu uma família igualmente numerosa e representativa do apelido. 

O Domingos e o Joaquim tiveram ainda outros irmãos, nomeadamente o Manuel, que morreu solteiro e sem geração e que viveu com outro irmão, o João José Lopes, este casado com a Maria Isaura Ferreira dos Santos e que tiveram três filhos rapazes, o Fernando, o António, que já faleceu, solteiro, e o Joaquim, este casado com a Cristiana Valente, com filhos e moradores no lugar de Cimo de Vila, aqui em Guisande. Ainda como irmão do Domingos, do Joaquim, do Manuel e do João, o José Lopes, que casou e faleceu em Romariz.

Em resumo, pode-se concluir que a génese principal da família Lopes na nossa freguesia de Guisande está assente sobretudo nas gerações que deixaram o Domingos José Lopes e o seu irmão Joaquim José Lopes, como mais representativas em termos de geração deixada. Naturalmente que também os filhos do João, embora estes em menor número.


Vamos pois, começar por estes ramos dos Lopes:


Domingos José Lopes, nasceu a 12 de Abril de 1917.

Era filho de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, moradores no lugar de Cimo de Vila. Era neto paterno de António José Lopes e de Inês Rosa dos Santos. Era neto materno de Joana de Jesus e de avô incógnito (1). 

Foram seus padrinhos de baptismo Domingos José da Mota, do lugar de Casaldaça e Rosária da Conceição, do lugar das Quintães.

Casou em 22 de Julho de 1945 com Idalina da Conceição, esta do lugar de Casaldaça.

Idalina da Conceição, esposa do Domingos José Lopes, nasceu a 24 de Agosto de 1923. 

Era filha de Domingos Gomes da Conceição (alfaiate), que ficou conhecido com a alcunha de "o Pinguinha", do lugar de Casaldaça, nascido a 23 de Fevereiro de 1901 e falecido em 12 de Novembro de 1984,  e de Rosália de Jesus, esta falecida em 23 de Janeiro de 1967. Casaram o Domingos e a Rosália em 21 de Novembro de 1922.

Esta Rosália de Jesus nasceu em 6 de Outubro de 1901. Era filha de pai incógnito e de Margarida de Jesus. Todavia, esta Margarida quando deu à luz a Rosália estava casada com Justino dos Santos, sendo que este estava ausente no Brasil há pelo menos 10 anos e sem qualquer comunicação com a esposa. Era, pois, a Rosália neta paterna de pai incógnito (1) e neta materna de António Caetano dos Santos e de Maria de Jesus, de Casaldaça. Para além de Rosália, a Margarida de Jesus teve outra filha ilegítima, a Adelina, que faleceu menor, com dois anos de idade, em 20 de Março de 1910. 

A Margarida de Jesus, acima referida, mãe da Rosália, teve ainda uma irmã, a Rosa Maria de Jesus que por sua vez teve uma filha de nome Rosa, nascida em 2 de Março de 1891, filha de pai incógnito e neta materna do referido António Caetano dos Santos e de Maria de Jesus.

(1) Sobre o conceito de pai incógnito, convém referir que por esses tempos era muito vulgar. Incógnito não significa desconhecido mas tão somente alguém que de demitiu das suas responsabilidades de pai, muitas vezes porque a gravidez resultava de uma relação fortuita, consentida ou não, mas outras vezes por alguém que já era casado ou com estatuto social que impediam a assunção dessa paternidade. Por conseguinte as mães, solteiras, casadas ou viuvas, porque nesses tempos eram comuns as viuvas jovens, quase sempre sabiam a identidade dos pais. Ora se essa identidade não era vertida nos assentos de baptismo, na generalidade dos casos era conhecida da comunidade, da vizinhança.

Continuando, a Idalina da Conceição, era neta paterna de Joaquim Gomes da Conceição (serrador) e de Ana Rosa (costureira), do lugar de Estôze. Esta Ana tinha pelo menos uma irmã, a Maria Rosa, que foi sua madrinha de baptismo. Este Joaquim Gomes da Conceição teve três filhas, a  Arminda, nascida em 4 de Maio de 1906 , a Aurora, nascida em 3 de Novembro de 1909 e Maria da Conceição. Para além do Domingos, teve como filho o Delfim Gomes da Conceição, com a alcunha de "o Piranga", que foi alfaiate em Casaldaça, e que nasceu em 14 de Maio de 1912, e que casou com a Isaura. Ambos falecidos. Deixaram vários filhos, dos quais me lembro do Joaquim (do Serra), Alcino, Alzira, Alberto, Dolores, Brilhantina, Crisantina, Isaura, Fernanda e Georgina.

Como se disse, a Idalina era neta materna de pai incógnito e de Margarida de Jesus. Era bisneta paterna de João Francisco e de Arminda de Jesus, de Cimo de Vila. Era  bisneta materna de Manuel Francisco e Miquelina Rosa, de Estôze.

No seu baptismo teve como padrinhos o avô paterno e a avó materna.

Esta Idalina, teve vários irmãos, como o Albano Gomes da Conceição, que nasceu a 23 de Março de 1931; A Orlanda Gomes da Conceição, falecida em 12 de Fevereiro de 1937, apenas com um ano de idade. Teve ainda o Álvaro Gomes da Conceição, falecido em 6 de Dezembro de 1937, com 12 meses de idade. Teve ainda o Alberto Gomes da Conceição, casado com a Angelina, moradores no lugar de Fornos, com filhos e filhas. Teve irmãs, como a Dorinda, que casou com o Bernardino Gomes da Mota, ambos falecidos e ainda a Delfina (Sr. a Tina) casada como Manuel Alves (Nequita) moradores no lugar do Viso, de resto no sítio e na parte da casa onde morava o seu pai Domingos. Teve ainda uma outra  irmã, a Maria da Conceição Gomes, nascida a 22 de Dezembro de 1925 e que casou em 16 de Janeiro de 1954 com Joaquim José Gonçalves de Almeida. Ainda outra com nome semelhante, a Maria Gomes da Conceição, que nasceu em 23 de Março de 1931. Teve a Idalina ainda como irmão o Elísio Gomes da Conceição, que nasceu a 28 de Março de 1938. 

O Domingos José Lopes e a Idalina da Conceição tiveram vários filhos, a saber: O Domingos, que casou com a Maria, a Rosária, casada com o António Costa, o Belmiro, casado com a Isaura, a Délia, casada com o José Pereira Baptista, a Lurdes, casada com o Manuel Ferreira, o Leonel, a Celina, casada com o Agostinho Guedes, o Orlando, casado com a Georgina Santos, a Paula, casada com o José Pinto e o Arlindo, casado com a Maria José Fontes. Houve ainda um rapaz, o Francisco, que seria o mais novo da prole e que terá falecido com poucos meses. Escusado será dizer que de todos estes filhos resultaram filhos e netos.

O Domingos José Lopes, ficou conhecido como o Ti Lopes, e durante muitos anos foi carreteiro, com a sua junta de bois a fazer carretos e a lavrar terras, de resto como o seu irmão Joaquim, também carreteiro e laboreiro (aquele que labora na terra). Foi homem duro, de muito  trabalho no campo a na labuta de criação de um bando de filhos que pelo exemplo e educação deram homens e mulheres de boa cepa..

Viveram no lugar da Igreja, como caseiros do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva.

Faleceu o Domingos em 14 de Agosto 1983 e a esposa Idalina, que lhe sobreviveu, a 9 de Setembro 1997.


Domingos José Lopes e Idalina da Conceição



Domingos José Lopes e Idalina da Conceição, quando jovens





Foto de 1962 - O Ti Lopes com os seus bois, pronto para iniciar a recolha da oblata, nessa altura baseada e oferta de milho e centeio. Ainda o Pe. Francisco, o David cantoneiro, de Estôze, e creio que o irmão do Domingos, o Manuel.




Casa onde viveram o Domingos José Lopes e a Idalina



O Ti Domingos Lopes e o pai do Pe. Francisco - 1957

Joaquim José Lopes, nasceu a 22 de Fevereiro de 1921.

Foram padrinhos de baptismo o Joaquim José Lopes, seu tio paterno, então morador em Pedroso, Vila Nova de Gaia e Maria Rosa da Conceição, do lugar de Casaldaça.

Casou com Maria Alves Cardoso em 11 de Novembro de 1944. Esta nasceu a 1 de Julho de 1924 e era filha de Manuel Gomes da Silva e de Custódia Alves, do lugar de Cimo de Vila. Era neta paterna de Martinho Gomes da Silva e de Olinda Rosa de Jesus (falecida a 3 de Fevereiro de 1937). Era neta materna de António Pereira e Joaquina Alves. Era bisneta paterna  de pais incógnitos e bisneta materna de Manuel Francisco Botelho e de Rosa de Jesus, do lugar da Costa Má, da freguesia do Vale.

Foram padrinhos do seu baptismo o Moisés Gomes da Silva, seu tio paterno e uma sua irmã, a Rosa Alves.

Por curiosidade, este Moisés Gomes da Silva, nasceu em 19 de Julho de 1901. Casou com Eulália Pereira dos Santos, em 15 de Novembro de 1937. Faleceu em 23 de Junho de 1964. Este Moisés e a Eulália viveram em Casaldaça e tiveram vários filhos de que me lembro do Tono da Eulália, que era figura popular no teatro de Natal em Guisande. Esta Eulália nasceu em 24 de Agosto de 1909. Era filha de António Alves da Costa e de Rosa Pereira dos Santos. Faleceu em 9 de Setembro de 1986.Era neta paterna de José Alves da Costa e de Carolina Emília do Espírito Santo e neta materna de António Alves da Mota e de Custódia Pereira dos Santos. Como irmã desta Eulália identifiquei ainda uma irmã, Maria, que nasceu a 17 de Dezembro de 1915.

Do casamento do Joaquim José Lopes e da Maria Alves Cardoso, nasceram vários filhos e filhas, nomeadamente de quem tenho memória: A Albertina, que casou com o Delfim Pinto (falecido), a  Conceição, que casou com o meu primo António de Oliveira Santos (o "Estopa") (falecido), o João, o Joaquim, que casou com a Lúcia, a Maria, que casou com o António Valente, a Madalena, que casou com o Serafim (falecido), o Domingos, que casou com a Natália, o António, que casou com a Fernanda Brandão (separados) e o Fernando, também casado.

O Joaquim José Lopes foi sempre uma figura muito típica e carismática na nossa freguesia e ficou com a alcunha de (o "Cabreiro"). Desconhece-se a origem desta alcunha apesar de haver quem a relacione à freguesia de Cabreiros, do concelho de Arouca. Nada encontrei que relacionasse a famílas daquela zona. Por sua vez a sua mulher, a maria Alves, era conhecida simplesmente por Ti Micas do Cabreiro. Viveram no lugar de Cimo de Vila, numa casa isolada do lugar e que popularmente ficou conhecido como a Coreia, no que terá sido baptizada pelo próprio. Pessoalmente, porque era do lugar e fazia vários trabalhos para os meus pais, tenho dele muitas memórias assim como da Ti Micas e naturalmente dos filhos, alguns, os mais novos, colegas de escola e das brincadeiras de infância. Foram gente de trabalho e de bem, deixando uma geração de filhos e filhas a fazer-lhes jus.


Joaquim José Lopes e a esposa Maria Alves Cardoso


José Lopes, nasceu a 11 de Abril de 1923.

Teve como padrinhos Manuel Caetano de Azevedo, do lugar das Quintães e Maria da Conceição, do lugar das Quintães.

Casou em Romariz com Ângela da Costa em 12 de Abril de 1947. Terá vivido no lugar da Portela - Desconheço a sua descendência.

Tentei um contacto com uma pessoa que acredito ser seu filho, mas às minhas questões ainda não respondeu. Quando e caso sim, actualizarei este artigo.


João Jose Lopes, nasceu a 11 de Julho de 1925.

Casou em 26 de Dezembro de 1968, em Fiães, com Maria Isaura Ferreira dos Santos. Do seu casamento nasceram o Fernando (creio, sem certeza, que casado em Milheirós de Poiares), o António, que faleceu solteiro e o Joaquim, casado com a Mariana, e que vive em Cimo de Vila. Durante muitos anos viveu com esta família a Isaura, que creio que era sobrinha da esposa do Ti João.

O Ti João "do Cabreiro", como ficou conhecido, era igualmente uma figura típica da nossa freguesia e durante muitos anos foi o sacristão, tocador do sino e coveiro da freguesia e que em muito ajudou a paróquia. Vivia no lugar de Cimo de Vila.


João José Lopes, aqui como sacristão ao lado do Pe. Francisco, aquando da celebração das Bodas de Ouro Sacerdotais, em Agosto de 1989


Manuel José Lopes, nasceu a 27 de Setembro de 1915. Dos irmãos incluindo os acima descritos, era o mais velho, mas ficou solteiro e viveu até à sua morte com o seu irmão João. Era jornaleiro e os mais velhos lembram-se dele quase sempre de enxada ao ombro. Homem simples mas trabalhador.

Foram padrinhos do seu baptismo o Manuel Gomes, de Cimo de Vila, e Maria da Conceição, do lugar de Fornos.


Resumo: Estes foram os cinco  irmãos, filhos de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, que até ao momento consegui identificar. Desconheço, pois, se outros houve. Destes, a particularidade de serem todos homens.

Ascendência:

Do que consegui apurar, e conforme já escrito, os cinco irmãos, Manuel, Domingos, Joaquim, José e João, eram filhos de Bernardo José Lopes e de Albertina Rosa de Jesus, que casaram em 29 de Outubro de 1914. Ele com 28 anos e ela com 26 anos de idade. Viveram em Cimo de Vila.

Este Bernardo José Lopes, nasceu em 13 de Setembro de 1886. Era filho de António José Lopes e de Inês Rosa dos Santos, casados a 5 de Novembro de 1885 quando ele tinha 20 anos e ela 26 anos de idade. António José Lopes era  filho de Manuel Lopes, serrador, natural da freguesia de  S. João Baptista de Videmonte - Guarda, e de Maria Rosa de Jesus. A Inês Rosa dos Santos era  filha de Manuel António da Mota e de Margarida Rosa dos Santos, de S. Tiago de Lobão. Por sua vez o Manuel Lopes era filho de José Lopes, casado com Ana Rosa Gomes (1). Em resumo, este José Lopes é o tetra-avô dos actuais filhos do Domingos José Lopes, do Joaquim José Lopes e dos demais irmãos.

(1) Este casal José Lopes e Ana Rosa tiveram também uma filha de nome Rita Gomes, a qual também viveu em Guisande, no lugar das Quintães, e na condição de viúva teve pelo menos duas filhas de nome Maria, nascida em 19 de Setembro de 1852 e Rita nascida em 28 de Junho de 1854.

O Bernardo José Lopes, tinha pelo menos um irmão, o Joaquim José Lopes que casou em Pedroso-Vila Nova de Gaia com Joaquina Dias da Silva, e moravam em Cimo de Vila - Guisande. Tiveram pelo menos um filho o Joaquim da Silva Lopes, nasceu a 28 de Novembro de 1919 e que casou em Paramos-Espinho, em 3 de Dezembro de 1947 com Idite Rodrigues Dias.

A esposa do Bernardo José Lopes, a Albertina Rosa de Jesus, nasceu na freguesia deo Bonfim, cidade do Porto, em 7 de Janeiro de 1888. Era filha de Joana de Jesus e de pai incógnito. Esta Joana de Jesus era filha de António Joaquim Gonçalves e de Florinda Rosa, de Mansores - Arouca. Casaram o Bernardo e a Albertina em 29 de Outubro de 1914, tendo ele 28 anos e ela 26 anos de idade. 

Os padrinhos de baptismo do Bernardo foram Bernardo José Leite de Paiva e Bernardina Rosa dos Santos, de Casaldaça.

Faleceu o Bernardo em 16 de Julho de 1944. Faleceu a esposa Albertina em 23 de Novembro de 1964.

O Manuel Lopes, de S. João Baptista de Videmonte - Guarda, casou com a Maria Rosa de Jesus, natural de Guisande mas que casaram em S. Tiago de Lobão. Esta Maria Rosa de Jesus era filha de Manuel Ferreira Valente e de Mariana Rosa de Jesus, esta de Cimo de Vila - Guisande.

Faleceu este Manuel Lopes em 19 de Setembro de 1864, com 39 anos de idade pelo que terá nascido por 1825. No seu assento de óbito é dito que deixou cinco filhos. Como se verá a seguir, consegui identificar um número superior pelo que esta referência a cinco filhos certamente que diz respeito aos que estava, vivos à data do seu falecimento.

Por conseguinte, este Manuel Lopes, o avô paterno do Bernardo José Lopes, para além do pai deste  (o António José Lopes),  teve outros filhos, de que consegui identificar:

Ana,  que nasceu a 4 de Maio de 1848.

Inês, que nasceu a 17 de Março de 1851.

Foi padrinho de baptismo o avô materno e madrinha a sua tia materna Inês.

Domingos, que nasceu a 15 de Dezembro de 1852.

Emília, que faleceu menor, com 18 meses de idade, a 24 de Julho de 1856.

Joaquim, que nasceu a 28 de Março de 1858.

Teve como padrinho Joaquim Leite de Resende, de Trás-da-Igreja, e como madrinha a sua tia paterna, Rita Gomes.

António, que nasceu a 4 de Março de 1860. Primeiro de nome

Rita, 17 de Fevereiro de 1862.

António José Lopes, que  nasceu a 17 de Maio de 1865. Segundo de nome. Pai do Bernardo José Lopes. A ter em conta a data de feleciemnto do pai (19 de Setembro de 1864), nasceu já órfão de pai.

Teve como padrinho um Rodrigues Lopes, relojoeiro na cidade do Porto, este representado por João Francisco, seu sobrinho. Deduzo que este Rodrigues Lopes seria tio paterno ou eventualmente tio-avô do baptizado.

Em resumo, do que me foi possível pesquisar e apurar, até ao momento, e sem prejuízo de futuras rectificações à luz de novos documentos,  o apelido desta família Lopes tem origem em  S. João Baptista de Videmonte, do antigo concelho de Linhares e actualmente do concelho e distrito da Guarda. José Lopes, o ascendente mais antigo a que consegui chegar, teve como filho o Manuel Lopes e este  certamente terá vindo para o concelho de Vila da Feira, casado em Lobão com uma rapariga de Guisande e nesta freguesia foi morador no lugar de Cimo de Vila e onde gerou e criou os vários filhos (8) que conseguimos pesquisar.

Curiosidade: Por informação prestada pela Lurdes Lopes,  mesmo que nunca verificado, haveria na sua ascendência algum parentesco afastado com familiares da família dos pais do Américo Baptista da Silva (Américo do Reimão), de Casaldaça. Ora este Américo chegou-me a dizer que de facto teria um parente proveniente de Mansores Arouca. Ou seja, a existir qualquer relação de parentesco, será muito afastada e pelo ramo ascendente da avô paterna da Lurdes. Ora provar essa relação é uma tarefa muito difícil e obrigaria a saber pelo menos o nome completo do dito parente da família do Reimão, proveniente de Mansores. 

Também convém assinalar, e ligando ao dito no parágrafo anterior, que o pai do Américo "do Reimão", Raimundo Francisco da Silva (que foi ferreiro em Casaldaça), por sua vez era filho de Joaquim Francisco da Silva, de Mansores e de Maria Rosa da Conceição, de Guisande, neto paterno de João Francisco da Silva e de Maria Joaquina Santos, neto materno de pai incógnito e de Rosa Margarida dos Santos. Poderá este suposto e oral parentesco com gente de Mansores vir também daqui mas para já sem prova dessa ligação.

Por conseguinte, por agora, esta suposta relação tem apenas uma sustentação oral, do disse-que-disse, é apenas uma mera curiosidade e lateral ao propósito primeiro destes meus apontamentos, que procuram essencialmente estabelecer a proveniência do apelido Lopes na nossa freguesia, e sobretudo relacionada a esta família em particular.


Outros Lopes:

De tempos passados, encontrei ainda na nossa freguesia outras pessoas de apelido Lopes:

Um exemplo: Manuel Lopes, natural de Escapães, filho de António Lopes e de Maria Rosa de Jesus, que casou aqui em Guisande em 12 de Novembro de 1905 com Joaquina Maria de Jesus, do lugar da Pereirada, filha de António José Pinto (de Canedo) e de Custódia Maria de Jesus (de Guisande). Este Manuel Lopes de Escapães, nasceu a 13 de Junho de 1884, sendo filho de António Lopes e de Maria Rosa de Jesus. Era neto paterno de Manuel José Lopes e de Roa Maria de Jesus e neto materno de Manuel Ferreira da Silva e de Joana Maria de Oliveira. Por sua vez, este António Lopes, pai do Manuel Lopes, nasceu em 8 de Dezembro de 1855, em Escapães, era filho Manuel José Lopes e de Roa Maria de Jesus, neto paterno de António José Lopes e de Maria Rosa e neto materno de Teodósio José Caetano e de Maria Rosa.

Não consegui encontrar descendência deste casal Manuel Lopes e Joaquina Maria em Guisande pelo que será de supor que foram viver para fora, eventualmente em Escapães, terra do Manuel Lopes. 

Outro exemplo: Por 1896, nascia no lugar de Fornos um Raimundo, filho de António Lopes, pedreiro, natural de Fafião - Romariz, e de Maria Rosa de Jesus, rendilheira, natural de Guisande, sendo neto paterno de Bernardino José Lopes e de Ana Maria da Silva, e neto materno de Manuel José da Mota e de Maria Rosa. 

Não consegui estabelecer nestas famílias acima indicadas, qualquer relação com os Lopes de Guisande, objecto principal do aqui falo, mas é natural que, pela relação de apelidos e até mesmo na inclusão do José, no caso Manuel José Lopes e Bernardino José Lopes,  é perfeitamente admissível teorizar que exista mesmo uma relação a ramos ascendentes e também com origens a Videmonte - Guarda.

Outro exemplo: Por Setembro de 1754, no lugar do Outeiro morava o casal Manuel Alves Lopes e Isabel Francisca de Jesus. Ele era filho de Manuel Alves e de Maria Lopes, de Valega - Ovar e ela era filha de Domingos Pereira e de Maria Ferreira, do lugar da Pereirada, Guisande.

Deste casal Manuel e Isabel consegui identificar como filhas a Maria, nascida em 7 de Setembro de 1754 e a Tedoósia, nascida em 23 de Novembro de 1758.

Têm ainda como apelido Lopes, por parte da mãe, a Adelina, que era de Canedo, os filhos de Manuel Armando dos Santos (Manel da Joana), que foi do lugar da Lama, como a Maria do Céu, a Paula, a Alzira, a Isabel, a Deolinda e um outro irmão. Em Canedo existem várias famílias de apelido Lopes, pelo que não surpreenderia que com antepassados relacionados aos também antepassados Lopes de Guisande, nomeadamente derivados dos atrás referidos filhos do Manuel Lopes, que foram em número significativo.

Por enquanto fica por aqui a saga dos Lopes de Guisande. Pode carecer de uma ou outra actualização ou correcção, que farei conforme for encontrando novas informações, mas já é um bom ponto de partida, nomeadamente se a alguém da família interessar estabelecer a sua árvore genealógica. Pela minha parte estes apontamentos decorrem do interesse próprio de conhecer as origens e teias familiares de algumas das famílias da nossa freguesia. Já o fiz por aqui com outras famílias e, com tempo, continuarei com outras. 


Igreja matriz de S. João Baptista de Videmonte - Guarda, terra onde desemboca a proveniência do apelido Lopes em Guisande [fonte: wikipedia]

21 de março de 2024

A Maria foi à feira a Cesar e ficou prenha

Creio que já o escrevemos por aqui, desde que há casamentos que nunca deixou de haver mães solteiras e sobretudo com os progenitores a não assumirem a paternidade e responsabilidades inerentes, fosse por verdadeira incapacidade de os responsabilizar ou por silêncio comprado ou ameaçado, sobretudo quando os progenitores já eram homens casados e de estatuto social incompatível com a "vergonha" ou infidelidade a assumir. Acontecia, por exemplo, com patrões relativamente a criadas.

Por conseguinte, nos velhos assentos paroquiais dos baptismos, são frequentes as referências a filhos naturais, não reconhecidos como legítimos, de mulheres e raparigas solteiras. Mas também eram considerados filhos naturais e não legítimos todos os que nascidos fora do casamento, como o caso constante num assento de baptismo de uma Petronilha, nascida em 7 de Julho de 1752, filha de Pedro de Oliveira, homem casado, do lugar de Trás da Igreja e de Maria Guedes, viúva que ficou de Manuel Francisco, do lugar de Casaldaça. 

Ora num desses assentos, de uma rapariga a quem foi dado o nome de Getrudes, nascida em 29 de Março de 1739, filha de uma Maria, solteira, esta filha de Manuel da Mota e de sua mulher Domingas da Mota, do lugar da Pereirada, é curiosa a narrativa feita pelo pároco de S. Mamede de Guisande, o Abade Manuel Carvalho, nos seguintes termos: "..e perguntando à dita Maria, solteira, quem era o pai da dita criança, me respondeu que indo ela em fim do mês de Junho próximo (1), passando à freguesia de Cesar, em o caminho zombara dela um homem que ela não conhecera e dele ficara prenhe, em fé do que fiz este assento, que comigo assinarão o padrinho da baptizada e Manuel Francisco, de Cazaldaça, ambos desta freguesia".

(1) - creio que pretendia dizer "Junho passado"

Em resumo, não deixa de ser curioso. Fica-se sem saber se, todavia, se no caso a Maria ficou grávida por um acto de violação ou de uma brincadeira consentida com um estranho.

Seja como for, o caso, que não seria de todo vulgar, mostra a vulnerabilidade das mulheres e raparigas em certas situações e sem que houvesse justiça  capaz de obrigar à assunção da responsabilidade paternal. Certo é que, a ter em conta a descrição, a rapariga iria sozinha a caminho de Cesar (seria à feira e já existiria nesse tempo ?) e pelo caminho foi abordada por um estranho que "zombou" dela. Dessa "zombaria" passados nove meses nasceu a Getrudes, filhinha de pai incógnito que teve a desfaçatez de "zombar" de uma inocente rapariga a caminho não de Viseu mas de Cesar.

Noutros assentos paroquiais similares, volta a ser usado o termo "zombar", no que modernamente poderemos traduzir como "abusar" ou mesmo "violar".

20 de março de 2024

Francisco Guedes - Homem de quatro mulheres

 


Pelo assento de baptismo de uma rapariga de nome Escolástica, nascida em 5 de Fevereiro de 1738, o seu pai, um Francisco Guedes, do lugar do Reguengo, já ía na sua quarta mulher, a Isabel Francisca.  

O homem não teria um harém, mas tão simplesmente porque, certamente, por falecimento das anteriores esposas. Nessa altura a morte em idades jovens era frequente, nomeadamente durante a gestação ou o parto. Também não é de supor que o homem somasse divórcios pois por esses tempos era coisa rara ou mesmo inexistente.

Para além dessa particularidade, o assento feito pelo abade Manuel de Carvalho, então pároco de S. Mamede de Guisande, fundador da Irmandade e Confraria de Nossa Senhora do Rosário, revela-nos que o padrinho da Escolástica foi um Manuel Ferreira, que era "caseiro dos padres desta Igreja de Guisande". Ora, padres, no plural, significa que havia na igreja mais que um padre? Efectivamente sim, no caso o Pe. Manuel Rodrigues da Silva, que então era assistente do Pe. Manuel de Carvalho. Este Pe. Manuel Rodrigues da Silva acabou mesmo por suceder ao Pe. Manuel Carvalho como pároco da nossa freguesia a partir da data da sua resignação por motivo de doença, em 1750. Acabou por falecer o fundador da Irmandade em 4 de Fevereiro de 1758. 

Apesar de tudo não deixa de ser curioso e interessante que estivesse o Pe. Manuel Rodrigues da Silva tantos anos como assistente. Outros tempos, com fartura de sacerdotes.

Já agora, refira-se que deve-se a este Pe. Manuel Rodrigues da Silva a construção da torre da nossa igreja, em 1764.

Fica aqui este interessante apontamento, que apesar de parecer coisa pouca, revela vários pormenores e mesmo muito da realidade social da época.

Finalmente, o nome de Escolástica, parece-nos fora do comum, mas na época embora não muito corrente era usado. Isto certamente em devoção a uma santa que teve esse nome, concretamente Santa Escolástica de Núrsia que era irmã do conhecido S. Bento.

19 de março de 2024

Nascimentos em Guisande no séc. XIX

Nascimentos em Guisande (de 1844 a 1859). 

Os números a seguir, correspondentes a pouco mais que uma década, revelam que, ao contrário do que era habitual, os rapazes foram nascendo em maior número que as raparigas. Nota-se também que não houve uma tendência de crescimento pois em 1844 nasceram 19 crianças e dez anos depois apenas 14. Pelo meio, em 1855, apenas 10. 

Importa referir que estes números até são percentualmente  interessantes pois por esses anos a nossa freguesia tinha à volta de 500 habitantes residentes. Em 1864 tinha 529, em 1878, 456 e em 1900, ao virar para o século XX, tinha 550 moradores. Só em 1960 é que ultrapassou o milhar de habitantes residentes.

Convém referir que por estes tempos, apesar de algumas mudanças com o liberalismo, os cuidados médicos e de saúde eram escassos ou mesmo inexistentes e as doenças estavam sempre presentes. Muitos bebés, como as mães, morriam durante o parto.

Apesar disso a freguesia foi crescendo em população e passado um século, pelas décadas de 1950 e 1960, os nascimentos na freguesia já andavam anualmente pelas três dezenas ou mais. Claro que depois, a partir da década de 1990, começou uma redução da natalidade e na actualidade os nascimentos são em escasso número não chegando sequer a atingir meia dúzia por ano. Talvez nem metade disso. Por conseguinte a freguesia está a registar por década  uma efectiva perda de população, na ordem já próxima da centena.

1844

Rapazes: 10

Raparigas: 9

Total: 19

1845

Rapazes: 5

Raparigas: 8

Total: 13

1846

Rapazes: 9

Raparigas: 7

Total: 16

1847

Rapazes: 9

Raparigas: 8

Total: 17

1848

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1849

Rapazes: 6

Raparigas: 5

Total: 11

1850

Rapazes: 9

Raparigas: 5

Total: 14

1851

Rapazes: 9

Raparigas: 9

Total: 18

1852

Rapazes: 9

Raparigas: 10

Total: 19

1853

Rapazes: 4

Raparigas: 7

Total: 11

1854

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1855

Rapazes: 5

Raparigas: 5

Total: 10

1856

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1857

Rapazes: 8

Raparigas: 6

Total: 14

1858

Rapazes: 4

Raparigas: 6

Total: 10

1859

Rapazes: 10

Raparigas: 7

Total: 17

1868:

Total: 12

18 de março de 2024

Nossa Senhora da Conceição como madrinha de baptismo


Nos velhos assentos paroquiais há sempre coisas interessantes ou curiosas a descobrir. Por exemplo, neste assento de baptismo de Custódia, filha de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do lugar do Outeiro, nascida a 19 de Setembro de 1870, para além de outras informações, ficou-se a saber que teve como padrinho Manuel António de Pinho, avô paterno da baptizada,  e como madrinha, nem mais nem menos que Nossa Senhora da Conceição, sendo tocada com a sua coroa segurada por um João Cando, jornaleiro.

Não deixa de ser inédita esta situação pois de centenas de assentos já analisados não detectei esta situação em outros baptismos.

Seria vulgar? Qual a legitimidade canónica de tal acto? Desconheço mas a investigar mas certamente que não será caso único.

15 de março de 2024

Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva



O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva foi uma importante figura no contexto da nossa freguesia de Guisande. 

Nasceu em 26 de Novembro de 1911 e faleceu em 20 de outubro de 1989, por isso com quase 78 anos de idade. Era filho de Manuel Inácio da Costa Silva Júnior, da freguesia de Pigeiros, do lugar da Aldeia, e de Ermelinda  Baptista de Pinho, de Guisande, do lugar do Outeiro, da Casa da Quintão, que casaram em 19 de Julho de 1889. 

Era neto paterno de Manuel Inácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus (esta de Romariz). Era neto materno de Custódio António de Pinho (nascido em 21 de Fevereiro de 1846) e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do Outeiro - Guisande. Por parte de sua mãe era bisneto de  Manuel António de Pinho e Maria Rosa de Jesus. 

Cursou Direito entre 1933 e 1938. Em 18 de Novembro de 1938 foi nomeado ajudante na secretaria notarial de Vila da Feira. Em 21 de Novembro de 1938 foi nomeado ajudante do Conservador do Registo Predial de Vila da Feira. Em 1945 era director do Grémio de Lavoura de Vila da Feira e S. João da Madeira, que vei a dar lugar à Cooperativa Agrícola.

Abastado proprietário, advogado de profissão, com escritório na Vila da Feira e também em Guisande, chegou a ter intervenção cívica e política no período pós 25 de Abril de 1974, tendo sido o primeiro presidente da Assembleia de Freguesia de Guisande entre 1976/1979, logo após as primeiras eleições autárquicas de 12 de Dezembro de 1976, exercendo o mandato em representação do PPD-PSD vencedor das eleições em Guisande. No mandato seguinte, sucedeu-lhe no cargo e pela mesma força política o Sr. Domingos da Conceição Lopes.



Na década de 1940 foi de sua iniciativa e liderou o processo que levou à criação e construção da Escola Primária do Viso, de modo a dar resposta às necessidades de ensino na nossa freguesia e sobretudo permitindo o acesso às raparigas, já que até então praticamente só os rapazes (alguns) tinham ensino no posto escolar privado do professor Joaquim Ferreira Pinto, no lugar de Casaldaça.

O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva casou em Guisande em 18 de Fevereiro de 1943 com Laurinda Moreira de Resende. Esta nasceu no dia 20 de Novembro de 1917. Era filha de Manuel da Costa Moreira e de Maria da Conceição Leite de Resende, que casaram em 14 de Junho de 1916. 

A mãe de D. Laurinda,  Maria da Conceição Leite Resende, era filha, terceira do mesmo nome, de Bernardo Leite Resende e de Margarida Rodrigues Pereira (de Fiães). Nasceu em 20 de Agosto de 1883 e faleceu em 14 de Dezembro de 1956. Era neta materna de José Leite de Resende e de Teresa Maria de Jesus e neta paterna de João Pereira e Josefa Rodrigues de Oliveira.  



D. Laurinda e o Dr. Joaquim Inácio por ocasição do seu casamento



D. Laurinda em idade mais avançada

O avô materno da D. Laurinda, Bernardo Leite de Resende, era filho de José Leite de Resende e de Teresa Maria de Jesus. Por sua vez este José Leite de Resende era filho de Manuel José de Resende e de Mariana da Silva. Por sua vez, este Manuel José de Resende, era filho de Bartolomeu João de Resende e de sua segunda mulher Josefa Maria de Resende. Mariana Francisca da Silva era filha de Manuel da Silva e de Ana Fernandes. Quanto a Teresa Maria de Jesus, esposa do José Leite de Resende, era filha de Veríssimo Fernandes dos Santos e de Maria Francisca Moreira. 

Por sua vez, o pai de D. Laurinda era Manuel da Costa Moreira, natural do lugar de Goim da freguesia de Romariz. Nasceu em 8 de Dezembro de 1890. Era filho de António da Costa Moreira e de Delfina Rodrigues de Oliveira. Era neto paterno de Manuel Alves Moreira  e de Maria Josefa Rodrigues. Era neto materno de Manuel José Rodrigues de de Rosa de Oliveira. Faleceu viúvo em 18 de Fevereiro de 1962. Dizem que era um homem de bom porte e que terá mesmo chegado a pesar 100 quilos.

Os pais da D. Laurinda, Manuel da Costa Moreira e Maria da Conceição Leite Resende


O Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva faleceu em 20 de Outubro de 1989.  A D. Laurinda Moreira de Resende faleceu na condição de viúva em 1 de Março de 2009. 

Do casamento do Dr. Joaquim Inácio com a D. Laurinda, nasceram vários filhos, nomeadamente a Manuela, a Odete, a Alcina, o António, a Maria José e o Manuel Inácio.

Nesta renovação própria das famílias, continua a Casa do Dr. Joaquim Inácio a pertencer a uma importante família no contexto da nossa freguesia e ainda muito considerada e respeitada pela comunidade.

Foi sempre o Dr. Joaquim Inácio bem como a sua esposa, figuras respeitadas e estimadas pelos guisandenses e ajudaram em muito, bem como a sua família, ao desenvolvimento da freguesia, cedendo em diferentes tempos parcelas de terreno para benefício de abertura e alargamento de ruas bem como possibilitou a venda, a preços justos, de várias parcelas onde alguns guisandenses poderam edificar a sua habitação. Mesmo depois de falecido, a sua esposa e família continuaram receptivos à cedência de terrenos para permitir melhoramentos, como o caso do terreno onde existe a alameda frontal à igreja matriz realizada em meados da década de 1990. A freguesia, reconhecida, propôs ali a instalação de um busto de reconhecimento à sua figura mas a família considerou, numa atitude de desprendimento, não a aceitar, mas em todo o caso a freguesia deu, com justiça e reconhecimento, o seu nome à respectiva alameda, no que foi inteiramente merecido. 


Casa da família Leite Resende, no lugar da Igreja, que foi propriedade do Dr. Joaquim Inácio. Na sua configuração actual terá sido edificada pelo Bernardo Leite de Resende, avô da D. Laurinda. Mais tarde, por iniciativa do próprio Dr. Joaquim Inácio, foi acrescentada a parte do lado nascente onde tinha o seu escritório e entre a casa onde durante muitos anos, como caseiros, viveu a família do Domingos José Lopes e Idalina da Conceição.



Na foto, o Dr. Joaquim Inácio com a esposa D. Laurinda Resende, os pais desta e os filhos então nascidos.


Notas à margem:

Quanto a outros laços familiares do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva:

Por parte de seu avô paterno, era sobrinho do reverendo Pe. António Inácio da Costa e Silva, que nasceu em 17 de Julho de 1864 e faleceu em 18 de Julho de 1938, tendo este sido pároco da sua terra natal onde se encontra sepultado.

Ainda o seu tio avô, o Pe. José Inácio da Costa e Silva (21-06-1872-12-03-1947), que chegou a ser pároco das freguesias de Fermedo e depois de Caldas de S. Jorge. Era filho de Manuel lnácio da Costa e Silva e de Margarida Henriques de Jesus.

Este padre, tio avô patermo do Dr. Joaquim Inácio, tinha como avôs paternos José Inácio da Costa e Silva e Ana Joaquina Henriques da Silva e avós maternos António José de Paiva e Ana Maria Henriques, de Romariz.

Ainda quanto a clérigos na família por parte do pai. o Dr. Joaquim Inácio teve um irmão sacerdote, o Pe. António Inácio da Costa e Silva, nascido em 6 de Junho de 1899. Rezou missa nova a 8 de Novembro de 1921. Esteve como vigário cooperador na paróquia de Santo Ildefonso - Porto, e depois de 4 de Julho de 1924 foi pároco na freguesia do Vale.  

À data, o ainda vivo pároco de S. Vicente de Louredo, Pe. Eugénio de Oliveira e Pinho, é primo do Dr. Joaquim Inácio, já que é filho do seu tio materno, António Baptista de Pinho, da Casa da Quintão, do Outeiro, este nascido em 18 de Março de 1877.

O avô materno da D. Laurinda, esposa do Dr. Joaquim Inácio, Bernardo Leite de Resende, chegou a ser emigrante no Brasil onde era negociante e terá feito fortuna.  Este Bernardo Leite Resende, para além da mãe da D. Laurinda, a Maria da Conceição, teve vários filhos, nomeadamente a Teresa, o José leite Resende, a Maria Adelaide, o Bernardo, que faleceu com 15 anos e a Maria (Ti Marquinhas) que faleceu velhinha, com 92 anos, em 1971.

Por sua vez, o Bernardo Leite de Resende, avô materno da D. Laurinda teve vários irmãos, nomeadamente o José, o António, o Joaquim, o Manuel, a Maria, a Teresa e a Ana.