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12 de setembro de 2025

Eleições Autárquicas 2025 - Guisande - Análise ao debate na Rádio

Ouvi ontem, em directo, o debate na Rádio Clube da Feira, pelas 19:00 horas, entre os candidatos à Assembleia de Freguesia de Guisande, Johnny Almeida, pelo PSD, e Celestino Sacramento, pelo PS, cuja eleição em 12 de Outubro próximo determinará quem formará a Junta de Freguesia e, por conseguinte, fará a gestão de Guisande nos próximos quatro anos, num mandato importante, porque o primeiro depois de uma falhada União de Freguesias que durou 12 anos.

Antes de mais, tenho em conta que os candidatos não estão habituados a ser entrevistados em directo para a rádio, pelo que naturalmente o nervosismo e as condicionantes do debate não ajudam à maior clareza. Mesmo com alguma preparação prévia, as coisas na hora tendem a ser esquecidas ou expostas de forma menos adequada.
Por conseguinte, acredito que ambos procuraram fazer o seu melhor nas respectivas condições.

Posto estas impressões iniciais, no geral, e é apenas a minha opinião, o debate ficou aquém do que eu esperava. Em vários temas pareceu-me um pouco pobre. Ambos mostraram ter praticamente as mesmas ideias, concordantes nas principais necessidades ( o que não é defeito) mas não foram capazes de se diferenciar quanto à substãncia e forma de as expor e como resolver. Pareceu-me que o debate foi pouco preparado ou, se foi,  pelo menos apresentado de forma pouco clara, muito superficial.
Houve até, de parte a parte, vários exageros, algumas confusões, certas omissões e diversas informações erradas em aspectos que me parecem importantes, nomeadamente os seguintes:

Edifício sede da Junta

Quanto às condições do edifício sede da Junta de Freguesia, houve um claro exagero de ambos os candidatos. O edifício tem condições de funcionamento e tem servido como pólo da actual Junta da União. O que de facto necessita é de obras de requalificação, com substituição da cobertura em chapas de fibrocimento, melhoramento das condições térmicas, criação de acessibilidades, renovação estética dos espaços, melhorar e modernizar o arquivo e sala de atendimento, bem como modernização da fachada principal. Mas, repito, daí a considerar-se que não tem condições de funcionamento ao ponto de se equacionar a mudança para o Centro Cívico é um exagero. O edifício não mete água nem está a ruir.

Envolvente da igreja matriz

Foi exagerado dizer-se que não há espaços de estacionamento. Claro que há: no Adro Padre Francisco de Oliveira, na Alameda Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, na baía junto aos Ecopontos e nos arruamentos envolventes. Para o dia a dia das actividades da paróquia, têm chegado e sobrado. Em situações de maior afluência, como alguns funerais, o Dia de Todos os Santos ou celebrações mais significativas, será importante haver mais lugares. Ou seja, há estacionamento e nunca foi um sério problema, mas concordo que, havendo possibilidade, será positivo ampliar os lugares existentes. No Adro, não há árvores enormes a dificultar o trânsito. Apenas alguns arbustos que merecem cuidado e poda. No entanto também considero que é possível melhorar. Talvez não se justifiquem os separadores centrais, e a sua eventual remoção, e delimitação com pintura no pavimento, permitirá um espaço mais adequado à circulação e estacionamento.

Por outro lado, ambos falaram dessa necessidade, bem como de um parque de lazer, mas ninguém explicou de forma séria como o fazer, dado que o terreno contíguo, a sul da Alameda, é privado e necessita de negociação. Se for adquirido — o que não será barato, certamente — poderá ser agregado ao terreno já pertencente à Junta, do lado sul e poente do cemitério, adquirido no mandato de 2014/2017, quando fiz parte da Junta.
Em resumo: será uma obra interessante se for possível, mas carece de negociação com privados e, sem apoio da Câmara, representará um grande esforço orçamental, pelo que terá de ser uma obra para mais do que um mandato.

Monte do Viso

Ambos concordaram na necessidade de obras, incluindo um parque infantil, mas foram vagos e pouco objectivos quanto à forma e ao conteúdo O espaço está mais ou menos definido mas há opções que devem ser tomadas, por exemplo considerar a reformulação da zona central onde está o pequeno lago e várias árvores e arbustos, de modo a no futuro optimizar um melhor local para o palco aquando da Festa do Viso, mas compensar com a plantação de árvores de sombra. Como está, esse espaço separa o arraial em duas zonas e não contribui para a hamonização do conjunto. Requer um bom estudo, bem pensado.

Ambos falaram na necessidade de alargar a rua de Santo António, do lado norte, e creio que é possível até porque no mandato de 2014/2017, obteve-se a concordância dos proprietários marginais. Infelizemnte, o executivo do 2.º mandato ignorou por completo essa necessidade mesmo não comportando custos significativos. A realizar-se será um melhoramento importante.

Auditórios e Centro Cultural

Questionados sobre a existência de auditórios, ambos disseram não haver nada na freguesia além do apoio do Centro Cívico. É verdade que a Junta não tem equipamento próprio, mas existe um pequeno auditório no Centro Cívico, onde já se realizaram actividades, e sobretudo o Salão Paroquial, recentemente requalificado, que há mais de 60 anos tem sido espaço nobre para teatro e outros eventos. Não é da Junta, mas é da paróquia e da freguesia.

Quanto à ideia do Centro Cultural, lançada por Johnny e à qual Celestino disse não acreditar, é de facto um sonho. Antes disso, será fundamental apoiar a reactivação da Associação Cultural de Guisande “O Despertar” e os grupos já existentes, para que no futuro o sonho de um Centro Cultural faça sentido.
Ninguém lembrou que existe, no lugar de Fornos, um terreno pertencente à Câmara, adquirido no final da década de 1980 precisamente para acolher um Centro Cultural, então pensado para a sede de “O Despertar”. Será, pois, um projecto de futuro, mas só fará sentido com um tecido associativo à altura.

Campo de futebol e desporto

Houve desinformação quanto à propriedade do terreno, supostamente o entrave à instalação do relvado sintético. Celestino Sacramento disse tratar-se de terreno particular, o que é falso na substância: foi doado na década de 1980 à Junta de Guisande. Existe escritura, embora, por desleixo da Junta de então, nunca tenha sido registada na Conservatória. Com o falecimento da doadora, não tendo sido feito o registo na década de 1980, o prédio entrou em herança. A situação detectada passou a exigir a regularização burocrática, da qual têm surgido divergências entre herdeiros e Junta, quanto à forma de regularizar, com cada parte a travar-se de razões. Apesar disso, a herança nunca se opôs à legitimidade da escritura nem da regularização necessária nem ao entrave no processo de candidatura ao projecto do arrelvamento. Ora este esclarecimento ficou por fazer no debate e o que foi dito só aumentou a confusão de quem está por fora do processo.

Faltou dizer, também, que a actual Junta da União recuou no compromisso público de apoio financeiro. Em Dezembro passado, no jantar de Natal do Guisande F.C., o presidente da Junta afirmou que o apoio seria garantido, na ordem dos 100 mil euros, independentemente do que viesse a ser decidido no processo de desagregação. Meses depois, com a desagregação consumada, a Junta recuou no compromisso público ao clube e à comunidade,  limitando a perspectivar um apoio de apenas e cerca de 20% desse valor. Ora para concretizar a obra, temos que admitir que gace a este recuo será um esforço grande para a futura Junta, o que obrigará a uma engenharia financeira pluri-anual, parece-me. Em todo o caso, importa que a futura JUnta não se desvie desta objectivo.

Creio que também nada falaram sobre o rinque polidesportivo de Casaldaça, requalificado pela Câmara com investimento de cerca de 180 mil euros, mas cujas obras no balneário ficaram de fora. Não se ouviu o que pretendem fazer para dinamizar o espaço que continua sem qualquer movimento, salvo um torneio organizado pela cessante Comissão de Festas  do Viso.

Cultura - Associativismo

Ambos prometeram apoiar logisticamente e financeiramente as associações existentes, mas nada disseram sobre reactivar “O Despertar”. É importante que a Junta, para além de apoiar e acarinhar os grupos que existem, com o seu poder agregador, possa incentivar e criar condições para reerguer aquela que foi a mais importante associação cultural e recreativa da freguesia, porque faz falta.

Urbanismo e PDM

Ambos traçaram o retrato das dificuldades do urbanismo e da esperança em reverter a quebra populacional, constatando a construção de várias habitações nos últimos tempos e a perspectiva de novas edificações. Mas não abordaram nem censuraram aspectos cruciais, como a revisão do PDM, supostamente ainda em curso, onde os técnicos da Câmara, em contra senso com os objectivos da Lei dos Solos, que é promover mais terrenos para construção, prevê reduzir espaços urbanos, classificando-os como rurais, mesmo em arruamentos centrais à freguesia e já dotados de infra-estruturas, nomeadamente em parte da Rua Cónego Ferreira Pinto, Rua da Zona Industrial, Rua do Viso e outras. Mostraram desconhecer o assunto pelo que se desconhece se ainda vão a tempo de, em se de de consulta pública, atalhar estas reduções injustificadas e penalizantes para o crescimento urbano da freguesia a curto prazo.

Aspectos gerais:

Ambos não conseguiram, no geral, avançar com outras ideias e projectos, mesmo que simples, mas diferenciadores. Uma ou outra ideia, já em vigor na União de Freguesias, bem como, no que concordo, com a possibilidade de em protocolo manterem o evento Corga da Moura, se nas mesmas condições e com uma participação proporcional, embora com reservas por parte do Celestino Sacramento. Não obstante, no geral, eu esperava mais ideias e iniciativas diferenciadoras. Algumas, até já as sugeri por aqui.

Aspectos positivos ou menos positivos

De Johnny Almeida: Citou várias vezes o actual presidente da Câmara como apoiante dos projectos para Guisande, e que ciente do atraso da freguesia, mas esquece que este  ainda terá de passar pelas eleições. Por enquanto o actual presidente é apenas um de vários candidatos. 

Além disso, pareceu desculpar demasiado a União de Freguesias, ignorando que esta está a concluir 12 anos de governação e seria interessante procurar saber onde foi aplicado no nosso território, pelo menos 1 milhão e 200 mil de euros a que Guisande,, por proporção do orçamento teria direito. 

Parece-me que, se é facto que houve uma óbvia melhoria no aspecto de  proximidade do presidente aos grupos e às pessoas, honra lhe seja feira, quanto a obras registam-se alguns melhoramentos com desvio de águas pluviais, a construção de mais sepulturas no cemitério, uma ou outra intervenção, mas no geral pouco de substancial foi feito e as mais significativo, como pavimentações e requalificação do rique polidesportivo, e saneamento e pavimentação da Rua de Trás-os-Lagos foram do orçamento da Câmara Municipal ou de apoio substancial desta. 

Mesmo a limpeza dos espaços públicos, numa boa parte da freguesia tem sido muito descurada nesta parte final do mandato. Alguns melhoramentos ainda estão por concretizar, como as sarjetas na Rua Nossa Senhora de Fátima entre os lugares da Leira e Gândara. Não confirmei nos últimos dias, mas há uma rua interrompida há meses e sem fim à vista (Rua do Sebastião, em Cimo de Vila). A obra do saneamento e a repavimentação da Rua da Zona Industrial já não vai ser realizada neste mandato nem deixada verba cabimentada para tal. Por conseguinte, a União de Freguesias, em 12 anos, com o PSD (2 mandatos) e o PS (1 mandato) não conseguiu ser diferenciadora nem resolver assimetrias. Foi muito pouco face às expecativas dos arautos e defensores da União.

No geral, mesmo que de forma muito suscinta, o Johnny Almeida mostrou ter vontade e espírito de iniciativa e com algumas ideias ambiciosas como o Centro Cultural e o melhoramento da ligação de Gião a Guisande para potenciar a ligação à A32 e algo diferenciadoras em relação ao Celestino Sacramento.

Finalmente, no minuto reservado para a declaração final, foi muito rápido gastando apenas 23 segundos. Poderia, a meu ver,  aproveitar todo o tempo previsto para enriquecer a mensagem. Foi a despachar.

De Celestino Sacramento: Tal como o colega de debate, disse ter muitas ideias mas na verdade foram abordadas muito pela rama, sem qualquer sustentação de como as realizar e cabimentar no orçamento da Junta. Não apresentou nada de diferenciador.

Apontou o dedo ao anterior executivo de ter terminado com o serviço de enfermagem (no mandato anterior pois ainda funcionou de 2013 a 2017)  mas ignorou que o executivo que apoia não foi capaz de o retomar. 

Creio que todos, a começar por mim, reconhecemos a importância que o Celestino Sacramento teve no processo de desagregação e obtenção da independência da freguesia. Mas não lhe ficou bem  chamar apenas a si esse papel e mérito. Teve-o, foi importante, como também importante e decisivo foi toda a bancada do PSD na Assembleia de Freguesia, que votou a favor, ao contrário dos colegas de bancada do Celestino. Alguns elementos da bancada do PS, residentes ou com origens familiares em Guisande, votaram mesmo contra ou abstiveram-se. Sem a posição e o voto do Celestino nada se conseguiria como também é verdade que nada se alcançaria sem a votação da bancada do PSD.

Por conseguinte, neste puxar dos louros, faltou ao Celestino Sacramento dizer que também o Dr. Rui Giro teve um papel fundamental na orientação e preparação do processo e da parte jurídica, e mesmo na recta final, quando já se dava por perdida a desagregação, foram o seu papel e intervenção fundamentais ao promover a sessão extraordinária da Assembleia de Freguesia, pelo final do ano de 2024, que veio clarificar a situação e ainda ir a tempo de ser apreciada e votada favoravelmente na Assembleia da República. Creio que sem lhe retirar o mérito, o apreço e o reconhecimento, e disso nunca esquecerei, ficou mal esta omissão ao Celestino Sacramento, porque era de justiça. Acredito que foi  sem intenção de ignorar o papel e importância dos demais, e do Dr. Rui Giro, mas foi essa imagem que passou.

Quanto ao Centro Social, esteve bem o Celestino Sacramento ao apontar a falta de cumprimento pela Segurança Social do programa de apoio para Centro de Dia, bem como da parte política, mas falhou ao equacionar o encerramento do Centro Social. Ora para quem for presidente da Junta deve desenvolver todos os esforços no sentido de fazer crescer e funcionar os equipamentos e nunca baixar os braços ou equacionar pelo seu encerramento.

Resumo

Não obstante a minha análise, os candidatos deram o seu melhor, embora o nervosismo em directo condicione sempre a clareza. Foi um debate educado, sem atropelos e com respeito mútuo, entre dois candidatos que certamente desejam o melhor para a freguesia. Concordaram nas principais necessidades, diferindo pouco na apreciação às mesmas.
A diferença entre ambos os candidatos e respectivas listas poderá estar na capacidade de concretização. Contudo, na substância e forma, o debate ficou um pouco aquém do que eu perspectivava. Talvez por elevar as expectativas. Foram algo superficiais, mas mesmo assim ficaram no crivo várias ideias que podem e devem ser desenvolvidas durante a campanha eleitoral.

Concluindo, e esta é apenas uma análise pessoal, e de forma isenta tanto quanto possível, se tivesse de decidir o meu voto apenas com base no debate, confesso que ficaria com dúvidas, pelo que aguardo os futuros desenvolvimentos da campanha de ambos os partidos e candidatos e suas dinâmicas. Hoje em dia o eleitorado exige clareza e já não alinha em métodos de campanha manhosos.

Para fechar mesmo, destaco e enalteço a postura respeitosa de ambos e agradeço-lhes a disponibilidade para servir a freguesia e a comunidade. Bem hajam!

11 de setembro de 2025

Sim, vou à apresentação do Johnny Almeida (e à do Celestino, se houver)

Nestas coisas não sou melhor nem pior que os outros. Não recebo nem quero dar lições de moral.

Mas em muitas questões, nomeadamente na política, procuro ter uma visão aberta e tanto comungo alguns dos valores tradicionalmente ligados à esquerda, como também de vários valores mais relacionados à direita. Sou pelo concenso, moderação e equilíbrio. Não alinho em extremismos e fundamentalismos, mesmos os ideológicos. De resto, faz-me confusão ver alguns que se apregoam como democráticos e defensores da democracia, a terem posições extremadas, como se apenas eles os donos e senhores da razão e porteiros das estradas que conduzem ao lado certo.

Neste sentido, tanto mais numas eleições locais, para a nossa freguesia, com pessoas nossas conhecidas e amigas em ambos os lados, faz-me confusão que alguns se entrincheirem nos seus redutos, afastados dos outros como se estes com sarna.

Quando queremos votar de forma esclarecida, sem fundamentalismos ou apenas pelo partidarismo, será importante analisar ambas as listas e seus projectos e ideias e ouvir o que os cabeças-de-lista têm a dizer. Claro que nestas apresentações dispensam-se os lugares comuns de quem vem de fora, das estruturas partidárias, as quais, quase sempre esquecem as freguesias fora destes contextos de eleições.

Neste pensar e sentir, é minha intenção assistir neste Sábado, no Monte do Viso, pelas 18:30 horas, à sessão de apresentação do Johnny Almeida, pelo PSD, ouvir da boca do próprio o que tem a dizer e quais as suas ideias e projectos paraa  freguesia, bem como da sua equipa.

Mas também, obviamente, participarei na apresentação do Celestino Sacramento, se esta se vier a realizar - o que para já nada se sabe.

9 de setembro de 2025

Ó Santa Maria, Maria de Lamas ( e do Jorge Jesus)


Santa Maria de Lamas. No Domingo assisti à saída da procissão que por lá, tem horas certas de sair e, não sei por que motivos, deambula pelas ruas durante horas. Um exagero. Nem sempre mais é melhor, mas tradições são tradições, não se beliscam porque mexem com bairrismos.

O tapete na estrada já não é só de flores. É mais fácil moldar sal colorido do que dispor, uma a uma,  pétalas, a esvoaçar aos caprichos do vento.

A multidão aconchegava-se nas bermas, e mesmo sem exagerado calor procuram-se as sombras . Nas mãos os telemóveis são mais que muitos, a fotografar  para uma memória que não terá futuro porque raramente se guardam. Come-se sem ter fome.

Ao meu lado um casal típico, terra-a-terra. Ela redondinha, baixa, serena, sorridente obediente ao “chefe”. Ele, com falta de dentes, nariz adunco, de boné a tapar a careca e vestido a rigor para a procissão, com a camisola do clube da terra, e nas costas, sobre um qualquer número, o nome estampado de Jorge Jesus. Fico sem saber se o nome dele, se de algum jogador da terra, se o do treinador, o que foi do Benfica e Sporting e nos últimos anos tem andado por terras de camelos a navegar nos milhões.

Certo é que o homem, como trolha à moda antiga, não se calava, sempre a palrar, a debitar bitaites, com  caralhadas à mistura, ora a meter-se com algum conhecido que passava ou fazia parte da equipa dos andores, a sugerir uma cerveja, ora a replicar com a esposa: - Caralho, mulher, já não te disse que são 26 andores? Já os contei na igreja! Deixa de ser chata! - Foda-se!

Ao meu lado, outros vizinhos pareciam incomodar-se com este falatório e sobretudo com o vernáculo e encolhiam os ombros ou murmuravam entre dentes: - Pouca vergonha! Sinceramente…

Mas a procissão, lentamente lá foi desfiando os andores. Entretanto começa o sino a repicar e o “vizinho” falador lá disse para quem quis ouvir: - Olha, está a sair o andor da Senhora. É a ultima porque o sino começou a tocar!  É a senhora! Santa Maria de Lamas!

Certo é que, dali a instantes, ao passar o andor da Senhora, porventura o menos deslumbrante e florido dos 26, o “vizinho” adepto da bola, tira o boné, descobre a careca, e à sua passagem faz uma genuflexão demorada, sentida.

Todos os santos e santas que antes passaram, incluindo Jesus Nosso Senhor, chefe deles todos, não lhe mereceram qualquer veneração, mas antes um falatório entremeado de caralhadas. Mas a Santa Maria de Lamas, vá lá saber-se por que razões, dispensou toda a atenção e veneração.

Há coisas assim! Ficamos sem saber se é fé ou fezada ou se há  ali uma genuína devoção e se a Santa Maria, de Lamas ou de qualquer outro sítio, acode às preces destas criaturas singulares, intercedendo a Seu Filho, pelas suas misérias, a relevar as suas caralhadas e a dar-lhes sorte no que sejam as suas vidas, que hão-de ser dedicada à paixão do futebol, de beber umas cervejas e a impertigar-se com as mulheres que, talvez por igual devoção à Santa Maria, os vão aturando ou a planear, um dia destes, a mandá-los à merda!.

É mesmo assim: Por vezes o principal interesse numa procissão não é ver os santos a passarem, a beleza dos seus andores, a vaidade e o bairrismo de quem os transporta, comedidamente trajados ou de calções e chinelos como quem vai à praia ao Furadouro, da solenidade rubra do padre debaixo do pálio, ou das entidades civis que o seguem todas empertigadas, em vésperas de eleições, ou mesmo o acerto do passo da banda filarmónica e do sentimento das pesarosas marchas. O interesse pode estar simplesmente ao lado, numa qualquer figura típica ou singular, anónima ou com o nome de Jorge Jesus.

Como cantavam no conjunto típico "Esperança": - 

Ó Santa Maria, terra onde eu nasci, 

Quantas vezes lá fora, eu chorei por ti.

Trabalhando, rezando, por vezes cantando

Eu pensava em ti.

Ó quanto eu te quero, e tanto me lembras,

E quanto me queres e tanto me chamas,

Ó Santa Maria, Maria de Lamas ( e do Jorge Jesus)




8 de setembro de 2025

Algumas propostas, ideias e sugestões para a futura Junta de Freguesia

 


Algumas propostas, ideias e sugestões para quem vier a governar a Junta de Freguesia.

Considero que em sede de campanha eleitoral para uma Assembleia de Freguesia, devem todas as forças concorrentes e seus elementos, nomeadamente aqueles que, vencendo, assumirão funções executivas, estar receptivos a sugestões e propostas dos cidadãos, de modo a que possam, querendo e achando-as válidas, integrá-las nos seus programas ou nos planos  de actividades durante o mandato.

Também considero, e porque já fiz parte de uma Junta - mesmo que num papel menor, de vogal sem competências - que pelas dificuldades próprias de uma pequena Junta de Freguesia, sem grandes recursos financeiros e logísticos, não é possível fazer tudo o que se deseja, por mais válidas que sejam as ideias e os projectos. Importa, pois, mesmo que com alguma ambição, haver realismo.

Não obstante, também sei que há várias coisas, procedimentos, iniciativas e eventos que podem ser realizados sem grandes custos, dependendo apenas de vontade, dinamismo e acção.

Quanto às obras e melhoramentos, atendendo às características da freguesia de Guisande, não é difícil estabelecer as prioridades e o que deve ser feito. É a minha opinião mas creio que será também a de qualquer futura Junta:

- Obras e melhoramentos, arruamentos e espaços públicos: Onde se mostre necessário, nomeadamente:

- No monte do Viso:

Requalificação dos espaços envolventes da capela do Viso e arraial, requalificando espaços de circulação, passeios e espaços verdes. 

Não sendo uma prioridade, será de se equacionar o revestimento da bancada do terreiro, conferindo-lhe mais qualidade e estética.

No coreto deverá ser feita a obra de pintura da cobertura, que começa a mostrar desgaste e oxidação.

Ainda no monte do Viso, criar condições para o alargamento do troço da Rua de Santo António, do lado norte, onde em dias de eventos o trânsito flui com dificuldade. Creio que há condições para a concordância dos proprietários. De resto, este alargamento só não foi realizado no segundo mandato do PSD da União de Freguesias por manifesta falta de vontade da Junta, já que pelo final do primeiro mandato, eu próprio obtive a concordância dos proprietários de ambos os lados da rua e faltava apenas formalizar o protocolo com a Câmara..

- Na Igreja matriz e envolvente:

- Requalificação de toda a zona envolvente da igreja matriz e sede da Junta de freguesia. Será uma obra dispendiosa,  de mandato ou até para dois, e só com o apoio da Câmara Municipal será possível. Não obstante, se noutras freguesias foram investidos milhões, por justiça alguma verba deve haver para esta obra.

- Requalificação da zona onde existe os eco-pontos na zona do Ribeiro: Fosse eu a decidir e os ecopontos seria mudados para outro local na freguesia onde o impacto de uma má utilização e falta de civismo, não seja tão negativo face à proximidade da igreja matriz, a zona nobre da freguesia. Um espaço que me parece adequado será na Rua do Outeiro, junto ao cruzamento com a Rua da Igreja e Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna, ao lado da A32.

- Ponte da Lavandeira na Barrosa:

- Na ponte propriamente ditam considero que pelo pouco trânsito e de carácter local, não é uma prioridade significativa, mas havendo margem é de pensar no seu alargamento e rectificação da parte da estrada, essa sempre em mau estado, sobretudo do lado poente.

- Pavimentação de passeios públicos:

Há na freguesia vários troços de passeios públicos, nomeadamente na Barrosa e Quintães, já definidos com guias mas sem pavimentação. Sendo espaços públicos, devem ser devidamente tratados e pavimentados. Onde for possível, fazer o tratamento de algumas bermas de ruas, com meias canas em betão de modo a reduzir o crescimento de vegetação e a permitir um melhor escoamento de águas pluviais.

- Rua das Quintães:

Com negociação com o proprietário, e refazendo o muro de suporte, creio ser possível alargar a curva  mais apertada,  que estrangula a estrada e assim melhorar a circulação, incluindo de autocarros.

- Rua da Zona Industrial:

- Está mais que visto que esta estrada, a mais degradada da freguesia, não foi nem vai ser requalificada no presente mandato. A instalação das redes de água e saneamento foi sempre adiada, em detrimento de investimentos mais vistosos e já se percebe que vai ficar apara a futura Junta. 

- Rua Nossa Senhora da Boa Fortuna:

Com o tempo a esgotar-se, em fim de mandato, também me parece que as sarjetas para escoalmento de águas pluviais  realizadas na Rua Nossa Senhora de Fátima, entre os lugares da Leira e da Gândara, e que ficaram sem os respectivos remates de pavimento, também irão passar ao lado do actual mandato e será mais uma herança para a futura Junta. Logo que possível deve fazer-se os remates porque como estão facilitam o acidente e ainda há semanas houve ali um despiste grave.

- Rua dos Quatro-Caminhos:

Por via das instalações de redes de águas e saneamento, algumas ruas apresentam depressões significativas, como a Rua dos Quatro-Caminhos. Importará chamar à responsabilidade a Câmara e a Indáqua para repor estas situações bem como adoptar uma política de exigência de bom acabamento em todas as intervenções pela concessionária nas ruas, pois invariavelmente os remates são feitos grosseiramente e assim se mantêm por meses e anos, ou com lombas, com depressões ou com rebaixos com arestas, como na rua das barreiradas e outras. Quem estraga deve consertar devidamente.

- Abrigos de passageiros:

Remodelar ou requalificar alguns abrigos de passageiros, vandalizados, deteriorados ou com aspecto de barracos, como no lugar de Estôze. Se necessários, requalifiquem-se. Se desnecessários, que se removam.

- Apoio ao Centro Social e Centro Cívico:

Como equipamento agregador e adequado a muitas das acções cívicas e comunitárias, é legítimo que a associação e o seu equipamento recebam apoios anuais adequados à conservação e subsistência. De que modo e em que peso, merecerá uma análise adequada e de acordo com a disponibilidade financeira da Junta, mas de modo justo equilibrado. Procurar envolver nesse esforço o município nomeadamente na alocação de um(a) funcionário(a). 

Mesmo para a própria Junta, procurar na Câmara e do seu quadro de pessoal. a alocação de um funcionário operativo, nomeadamente para serviço de coveiro e limpezas, des resto como já acontece na União de Freguesias..

- Associativismo: Guisande F.C., Guisande Trail Running, outros:

Apoiar todos os grupos, formais ou informais que tenham acções positivas no desenvolvimento de eventos e iniciativas que envolva a comunidade. manter e melhor por protocolos a utilização de espaços da Junta como pontos de encontro ou sedes dos grupos, como os já existentes.

Apoiar o Guizande FC: nomeadamente na limpeza e conservação do campo de jogos e instalações, também de forma equilibrada.

Face ao recuar da palavra dada pelo actual executivo da União de Freguesias quanto ao apoio à obra de instalação do relvado sintético, procurar forma e um plano de apoio, mesmo que pluria-anual para que a obra se faça, aproveitando a parte que à Câmara Municipal cabe apoiar.

Apoiar a continuidade da organização do evento do Trail do Viso, organizado pelo Guisande Trail Runnig e estudar a implementação de outros eventos similares no âmbito da prática desportiva, nomeadamente no aproveitamento das instalações do polidesportivo de Casaldaça, recentemente requalificada pela Câmara Municipal, mas a precisar de requalificação ao nível das instalações do balneário.

Para além das obras referidas e outras que se mostrem oportunas ou urgentes, bem como do apoio ao Centro Social e Centro Cívico e ao Guisande F.C., deixo algumas sugestões de algumas obras, melhoramentos e de pequenas mas significativas coisas e acções que gostaria de ver a futura Junta de Freguesia de Guisande a implementar ao longo do mandato. Concerteza que nem tudo poderá ser feito, mas há várias coisas que pelo seu baixo investimento podem perfeitamente ser concretizadas, até porque dependem apenas de vontade própria em agir e a capacidade de dinamizar:

Outras sugestões:

1 – Procurar requalificar o edifício da sede da Junta, dotar o mesmo com condições de acessibilidade ao piso do Andar, substituir a cobertura em fibro-cimento com amianto e dotar a fachada principal com elementos que emprestem uma estética de modernidade, como uma solução adoptada na sede da Junta em Louredo, por exemplo. Melhorar a qualidade de conforto térmico do edifício da sede da Junta, nomeadamente no salão de sessões de assembleia de freguesia e do espaço de arquivo e atendimento. Os móveis existentes na secretaria e arquivo já não se adequam a uma imagem de modernidade.

2 - Tratamento e organização do arquivo documental da freguesia e sua digitalização. Quando estive na Junta pude comprovar o mau estado do arquivo e acondicionamento de documentos importantes, como os livros de actas, antigos e mais recentes. Na altura já estava perdido um importante livro de actas, do período anterior à união de freguesias. Lamentavelmente, no acto da transmissão de poderes entre a Junta de Freguesia e a Comissão Administrativa, não foi feita a verificação da existência dos livros de actas e outros importantes documentos. Lamentável e injustificada essa perda. Alguém, com propósitos desconhecidos, tratou de o fazer desaparecer. Tlavez por algumas actas incovenientes. Creio que, volvidos oitos anos ainda não apareceu esse livro de actas, o que se lamenta e só por falta de controlo e defesa desses valores.

Também me apercebi que as actas das reuniões de Junta, mais recentes do paríodo anterior à União, estavam mal organizadas para além de elaboradas de forma muito básica e amadora, com assuntos importantes a serem registados de forma básica e resumida. Neste contexto, será importante adoptar critérios. procedimentos adequados e rigorosos na elaboração de actas, que devem ser tão exaustivas quanto possível e haver cuidado noutros documentos institucionais, de comunicação e imagem.

Será interessante começar a formar um acervo fotográfico de todos os aspectos da paisagem urbana e natural para memória futura, bem como procurar, mesmo que com doações ou autorizações de duplicação por parte de terceiros, de fotografias antigas da comunidade, que sejam um acervo e testemunho visual das nossas raízes. Se possível, com as devidas autorizações, formar um registo das nossas gentes, sobretudo dos nossos mais velhos, também para memória futura.

Procurar adoptar procedimentos de levantamento fotográfico de todas as obras, o antes e o depois, para registo futuro. De minha parte contribuirei com o que tenho.

3 – Em diálogo e concordância com a família proprietária, afixar uma lápide, em granito ou metálica, na fachada exterior da casa da Sr. ª Natália, em Casaldaça, a evocar que ali durante décadas existiu o principal Posto Escolar antes da construção da Escola Primária do Viso. Também na casa da esposa do Manuel Tavares do Viso, onde também funcionou uma escola de raparigas antes da Escola do Viso.

4 – Em diálogo e concordância com a família proprietária, afixar uma lápide, em granito ou metálica, na fachada exterior da casa na Rua Cónego Ferreira Pinto, em Casaldaça, anteriormente propriedade da Sr.ª Amália e agora de um sobrinho, o Sr. Agostinho, a evocar que ali durante vários anos funcionou a sede da Junta de Freguesia de Guisande, desde o 25 de Abril de 1974 até à edificação da actual sede da Junta.

5 – Criar um prémio ou evento anual de reconhecimento a uma figura ou grupo da freguesia que de algum modo tenha tido uma acção meritória na área da cidadania, defesa e valorização da freguesia, acção social, cultural, desportiva, recreio e entretenimento, etc.

O prémio para além da referência em Assembleia de Freguesia e atribuição de um voto de reconhecimento, poderia incluir um valor monetário, mesmo que simbólico, ou um qualquer elemento artístico a elaborar, como uma medalha, troféu ou diploma.

6 – Criar um evento anual de entretenimento e defesa e divulgação de gastronomia, promovendo um festival de sopas, que seriam elaboradas por pessoas mais velhas da freguesia e que integradas num evento de convívio e gastronomia seria alvo de escolha por um júri ou votação alargada entre os visitantes. Tentar promover a tradição da regueifa à moda de Guisande ou preservar as memórias associadas.

O evento teria um valor de entrada e pelo qual se poderia provar as diferentes sopas. Outros produtos como bebidas e sobremesas seriam vendidas e com receita para o Centro Social ou outra colectividade ou grupo a determinar. O prémio poderá ser monetário ou simbólico.

7 – Criar uns dois ou três elementos de geocaching, interligados, que permitam trazer gente praticante dessa actividade à freguesia e dar a conhecer alguns pontos ou património do nosso território.

8 – Promover concursos de arte com temas ligados à freguesia nos seus diferentes aspectos, como fotografia, desenho, poesia e prosa. Promover acções de arte urbana e de rua, apoiando pinturas ou murais em espaços desaproveitados, públicos ou privados, com concordância dos proprietários, com carácter efémero ou definitivo.

9 – Promover actividades recreativas direccionadas para o conhecimento da história da freguesia, património natural e edificado, junto da população e de fora da comunidade.

10 – Promover intercâmbios inter-freguesias, a nível do concelho e fora dele, com troca de experiências. Procurar, em parceria com as juntas de Lobão, Gião e Louredo, manter o formato da “Corga da Moura” como ponto de convívio inter-local e apoio às colectividades.

11 – Apoiar iniciativas de promoção à leitura e poesia bem como apoiar eventuais publicações de livros ou livretos de autores da freguesia.

12 – Envidar esforços junto dos jovens para reactivar a Associação Cultural da Juventude de Guisande e apoiar a activação do jornal mensal “O Mês de Guisande”, em papel opu formato digital. Apoiar os grupos e associativismo como o Guizande F.C. e Guisande Trail Running. Promover a utilização regular do rinque polidesportivo em Casaldaça.

13 – Incentivar programas de reconhecimento por intervenções de cidadania, como limpeza das ruas defronte das próprias casas, etc.

14 – Mesmo que sem qualquer filosofia de incentivo à natalidade, porque na realidade não resulta apenas com tais iniciativas, deve-se manter o programa similar levado a cabo pela União de Freguesias, que poderá ter a designação de “Bébés da nossa terra” com um valor monetário simbólico e um cabaz de produtos adequados aos primeiros tempos do bebé e da mãe.

15 – Na rotunda da Farrapa, no entroncamento da Rua Cónego Ferreira Pinto e Rua da Igreja, eliminar o cimentado, ajardinar e no centro plantar uma oliveira e dar ao espaço a designação de ´”Largo da Independência” em memória da obtenção da independência da freguesia em seguimento da desagregação da união de freguesia.

16 – Em parceria com o Guisande Trail Running, desenvolver esforços para realizar um percurso pedestre ao longo das margens da ribeira da Mota e mesmo pelo interior das matas, aproveitando caminhos e trilhos da freguesia, com sinalização e manutenção e limpeza regulares e fazer a sua promoção para um autilização de visitantes.

17 – No âmbito das actividades do Centro Social e Grupo Solidário, desenvolver iniciativas de proximidade e convívio dos nossos mais velhos, como apoiar a Ceia Solidária de Natal, manter o passeio convívio, promovendo visitas, convívios, tertúlias, etc. combatendo a solidão, isolamento e esquecimento Podem-se fazer coisas bonitas por pouco, mas apenas com o envolvimento de todas as forças vivas e paroquiais.

18 - Apoiar a organização da Festa do Viso e outras de carácter paroquial e comunitário.

Em resumo, outras mais sugestões poderiam ser aqui propostas, e cada cabeça sua sentença, mas enquanto comunidade devemos ser positivos e procurar desenvolver iniciativas diferenciadoras ou que pelo menos possam contribuir para uma comunidade mais inclusiva e solidária. Muitas delas, como justifiquei, envolverão poucos recursos financeiros mas antes vontade de fazer e capacidade de mobilizar e incentivar.


Guisande 7 de Setembro de 2025

Américo Almeida

Jogar às claras, olhos nos olhos


Para uma eleição para uma qualquer Assembleia de Freguesia, tanto mais numa pequena freguesia como a nossa ou similares, é das regras que é importante uma campanha de proximidade, porta-a-porta, para com realismo transmitir as ideias e os projectos e a forma como os concretizar. Importa dar-se a conhecer, ouvir opiniões, sugestões e até queixas, de modo a definir estratégias e soluções para, uma vez assegurada a eleição, passar à acção e dar respostas tanto quanto possível.

Em todo o caso, uma campanha de proximidade, porta-a-porta, deve ser feita pela equipa e sobretudo pelo líder, pelo cabeça-de-lista, aquele que, em caso de vencer as eleições, será indicado como presidente de Junta. É a ordem natural das coisas e de facto dá a cara e responde quem é o líder, a figura principal.

Ora quando assim não acontece, e à frente, sem se saber com que legitimidade ou a mando de quem, anda alguém que nem sequer faz parte de uma lista, por isso como um pau mandado ou arvorado por uma legitimidade que não tem, pergunta-se se isso é positivo ou negativo para o respectivo cabeça-de-lista e respectiva equipa e por, conseguinte, se para o resultado final? Tanto mais quando sem qualquer legitimidade e garantia de cumprimento, se procura aliciar com promessas de carácter privado em que nem sempre o bem público e comum é resguardado do benefício privado e particular.

Deve, pois, haver cuidado bastante neste tipo de tática, principalmente quando se constata que no passado não deu resultados e ainda por cima por parte de quem contribuiu  para uma pesada herança que outros tiveram de pagar à frente, por mais que  usados argumentos de negação, na velha máxima de que uma mentira dita muitas vezes passa a ser verdade.

Este pensamento é num contexto geral e cada um conclua o que quiser. Além do mais, quem vive estas coisas apenas com o fanatismo partidário não conseguirá fazer a destrinça. Afinal, o pior cego é o que não quer ver, diz o povo.

As campanhas eleitoraias, de um modo geral, não têm grandes segredos e devem basear-se na humildade, na capacidade de dar uma esperança fundada aos eleitores e num firme propósito de servir e estar próximo, mesmo que dentro dos condicionalismos e dificuldades de uma Junta de uma pequena freguesia. Não há milagres e quem já fez parte duma Junta sabe disso.

Não há nada para inventar e iremos mal quando cada um de nós não formos capazes de pensar e decidir pela nossa própria cabeça e capacidade de análise, mas apenas a não resistir a receber rebuçados ou outras coisas doces, que no futuro outros terão de pagar amargamente.

Haja, pois, de parte a parte, bom senso e nada de procedimentos rasteiros e manhosos, tantas vezes conspurcando a vida pessoal de quem se mete nestas coisas apenas com o propósito louvável de servir a freguesia e a comunidade. Não somos muitos pelo que todos são precisos e a unidade de uma comunidade como a nossa não ganha nada em dividir-se fora do jogo limpo e das regras de civismo e democracia.

Por isso, respeito, frontalidade, civismo e jogo às claras, sem alguém a minar ou a sabotar o terreno, deseja-se. 

Não recebo nem dou lições de moral a alguém, mas quando em 2014 andei literalmente porta-a-porta, dialogando com cada um e cada uma, a fazer campanha pelos valores em que acreditava em poder ajudar a freguesia na transição para a famigerada União, tive que lutar contra a má impressão em relação ao cabeça da minha lista, em que entrei como independente, bem como andar a esclarecer e a desfazer boatos e badalhoquices que alguém andava à frente e atrás a espalhar, mesmo com ataques e suspeitas de foro pessoal. Por isso sei do que falo e, em muito por isso, como gato escaldado, entendi desde a primeira hora que a solução para este ciclo seria uma lista independente, a unir, a não separar. Com pena minha, porque nessa condição poderia ajudar, não se foi por aí, antes pela forma habitual por via partidária, pelo que, de minha parte, desejo que a campanha seja o mais respeitosa  e clara possível, sem táticas manhosas, tão próprias de um tempo que já passou.  

Como qualquer um, na eleição vou ter que optar por uma das listas, porque votar em ambas é voto nulo, mas em ambas as listas tenho gente em quem confio e com reconhecido amor pela terra e capacidade. Outros, nem por isso e são meros desconhecidos ou desconhecedores da freguesia. Mas também aqui é necessária a inclusão e com isso uma possibilidade de haver uma maior ligação por parte de quem não a tem.Todos somos poucos.

Se em qualquer momento eu decidir expressar publicamento o meu apoio, será ao Johnny Almeida ou ao Celestino Sacramento, e não ao PSD ou ao PS. Será sempre uma decisão livre e pensada nas melhores opções e perspectivas, incluido capacidade de decisão, vigor nas acções, da qualidade das ideias e projectos,  mas sem nunca perder o respeito, consideração e estima pessoais  pelos que integram a outra parte. 

Haja, pois, respeito, porque todos devem querer o bem comum, o da nossa comunidade e das nossas pessoas. Táticas e campanhas manhosas, próprias do passado, não devem ter aceitação por quem se considera capaz de decidir por si próprio.

3 de setembro de 2025

Campanha Eleitoral em Guisande - Primeiros sinais


Quanto a mim, tarde, mas já temos o primeiro sinal de campanha eleitoral na nossa freguesia de Guisande. Pelo PSD, Johnny Deivis Almeida apresenta-se como candidato encabeçando uma lista com "nova energia" e "novas ideias" por um "Guisande mais nosso".. 

Os slogans valem o que valem, mas independentemente de quem vier a merecer a confiança da maioria dos guisandenses, e maioria nesta caso pode significar apenas mais um voto, importa que de facto seja uma junta com energia, motivação e ideias boas ao serviço da freguesia e da comunidade, sendo certo que as necessidades são muitas e os recursos financeiros, logísticos e humanos são escassos. Por conseguinte a tarefa da futura Junta não será fácil pelo que importa valorizar os que se dispõem a este serviço público.

Ficamos à espera dos primeiros sinais da lista do Partido Socialista liderada pelo Celestino Sacramento.

2 de setembro de 2025

Interesse positivo


Não é nada de extraordinário, mas, mesmo assim, é relevante que a minha página "Eu e a minha aldeia de Guisande", no endereço [www.freguesiadeguisande.com], venha a registar um número regular de visitas diárias, na ordem do milhar, havendo dias em que ultrapassa.

Significa que há da parte de muitos guisandenses um interesse pelos assuntos que vou partilhando bem como por parte da nossa comunidade emigrante.

É um projecto com 25 anos, que para além de coisas pessoais, aborda a realidade da nossa freguesia, da sua gente, do seu passado e presente e perspectivas futuras.

Não obstante, tendo muito de serviço público, nunca mereceu qualquer relevância ou reconhecimento por parte de quem o poderia fazer. Mas estas coisas sempre foram assim e quem andou nelas no passado e resiste no presente, sabe que a par de alguma valorização por alguns, não faltam outros a procurar minar.

Como dizia alguém: - É a vida!

Um agradecimento a todos quantos fazem parte dos que, com mais ou menos regularidade, vão visitando o espaço e o valorizam.

26 de agosto de 2025

O adeus a Manuel Alves

 


Como se esperava, ontem, Segunda-Feira, a cerimónia exequial  do Sr. Manuel Alves, o nosso Sr. Neca, foi bastante participada, no que também ajudou o período de férias, mesmo que, também por ele, algumas pessoas ausentes. 

Com o nosso pároco em merecidas férias, o serviço contou com a participação do jovem Pe. André Almeida Pereira, de Louredo, meu primo, e do Pe. Augusto Pereira Baptista.

Após a celebração, usou da palavra o presidente da União de Freguesias, Sr. David Neves, que enalteceu sobretudo o lado do autarca e do seu serviço à comunidade que foi o Sr. Manuel Alves em mais de uma década enquanto presidente da Junta.

Já no rescaldo da cerimónia, deambulando pelo cemitério, apanhei alguém, que não conheci a meio de uma conversa em que de algum modo parecia criticar a intervenção do presidente da Junta, classificando-a como de campanha eleitoral e que por isso “não havia necessidade”. 

Cada um tem a sua opinião, mas pessoalmente não vi a intervenção como tal, e creio que foi justa, comedida e objectiva porque, tal como eu já fiz de forma escrita através dos meus espaços na internet, realçou o papel e importância do serviço de autarca, coisa que julgo que em rigor e de um modo geral e na nossa comunidade, nunca ninguém reconheceu publicamente ao Sr. Neca esse papel e importância. 

Infelizmente, no geral somos assim, um bocadinho virados para a ingratidão e algo invejosos” em vez de enaltecer e valorizar, mesmo que, certamente, com o benefício de algumas dúvidas e defeitos que todos temos.

Creio, que como já escrevi, será justo que a futura Junta de Freguesia de Guisande tenha um sinal de deferência, mesmo que a título póstumo. 

Em resumo, acho que esteve bem o presidente da União de Freguesias e pela parte que me toca, fico reconhecido por esse reconhecimento. Pessoalmente apenas dispensaria as palmas, porque não se justificavam no contexto e local, porque mais de contemplação, mas há sempre alguém com as mãos ligeiras esquecendo o local onde estão. Mas, também creio que dispensava os aplausos o próprio David Neves. Quanto ao defunto, o reconhecimento da freguesia deve ser bem mais amplo e em contexto institucional.

Certamente, que o enaltecimento da figura da pessoa mas sobretudo do autarca, poderia ser feito com igual ou mais propriedade por qualquer pessoa de Guisande, mas nestas coisas nunca sabemos se agradamos aos familiares, ou não. Eu próprio não me custaria fazê-lo, e estou certo que outros que conheceram bem a faceta de autarca do Sr. Neca,  mas nestas coisas há hierarquias e princípios que devem ser seguidos e por isso, como foi feito, a meu ver foi o adequado.

Registei também a presença do ex-presidente da Câmara da Feira, Alfredo Henriques, que se associou nos pêsames à esposa e familiares próximos. Foi um gesto bonito pois afinal ambos tiveram relações institucionais durante vários e anos e até mesmo alguma relação pessoal. Terão faltado outras figuras gradas a quem também ficaria bem estar presente, mas nestas como noutras coisas, só faz falta quem cá está.

Que descanse em paz o Sr. Neca e que, de afcto venha a merecer num futuro próximo algum reconhecimento institucional e da comunidade, mesmo por parte de quem nesse contexto de serviço público e luta partidária foi adversário.

24 de agosto de 2025

Manuel Alves - O homem e o autarca






Com o falecimento de Manuel Alves, o Nequita, partiu uma das figuras mais emblemáticas e carismáticas da nossa freguesia.

Como já escrevi na nota de falecimento, ele teve uma relevante acção cívica, tendo sido regedor no período anterior ao 25 de Abril de 1974 e foi presidente da Junta de Freguesia de Guisande entre 1979 e 1989, em representação do PPD-PSD – Partido Social Democrata. 

Anos mais tarde, nas eleições de 1997 voltou a tentar o regresso mas o eleitorado considerou que já tivera o seu tempo e não conseguiu destronar o PS - Partido Socialista. Para essas eleições tive o privilégio de por ele ser convidado para segundo da sua lista, mas, por várias razões, nomeadamente a de também eu considerar que o seu tempo como autarca já tinha passado, bem como pela indisponibilidade pessoal, acabei por não poder aceitar.


Em 1993 aquando da sua candidatura pelo PPD-PSD

Gostando-se, ou não do seu estilo enquanto presidente da Junta - e enquanto autarca tinha adversários acérrimos, alguns até com considerações injustas - certo é que a freguesia conheceu com ele um forte desenvolvimento. É verdade que então estava tudo por fazer, mas com maior ou menor transparência, mas dentro de um estilo que era generalizado a todas as juntas de freguesia da época, foi um presidente activo e com sentido de astúcia política. Os executivos liderados por si realizaram inúmeras obras, algumas significativos, nomeadamente no que se refere a abertura de estradas, incluindo as ligações de Guisande a Louredo e a Gião, a construção do novo cemitério, a edificação da sede da Junta, construção das pré-escolas da Igreja e Fornos, bem como bastantes outras, estando também ligado à construção do campo de futebol no Reguengo.

Pelo contexto geral, pessoalmente não tenho dúvidas que foi o presidente de Junta com uma acção mais significativa de todos quantos têm exercido o cargo desde as eleições de 1976.

Muitos de nós, os mais velhos, conheciam também o Manuel Alves como comerciante, em que durante vários anos, nas décadas de 1970 e 1980, explorou a típica  mercearia no lugar de Casaldaça, antes dirigida pelo Domingos Caetano de Azevedo e sua esposa D. Conceição, e depois no lugar do Viso, para onde foi viver, onde, conjuntamente com a esposa Sr. Tina, confeccionava a tradicional e tão apreciada regueifa doce à moda de Guisande.

A relação das suas juntas com o jornal “O Mês de Guisande”, de que fui co-fundador e chefe de redacção, em toda a década de 1980, nem sempre foi a mais pacífica, e chegou a confessar que apenas o jornal lhe fazia boa oposição, mas foi sempre franco e directo e apesar disso sempre reconhecedor da importância do jornal para a freguesia e nunca se escusou a colaborar, apoiar e a conceder entrevistas e a fazer chegar apontamentos de notícia.

Chegou mesmo a confessar-me que em certa medida perdeu as eleições de 1989 devido à acção do jornal  bem como pelo papel da lista Força Jovem Independente, que nos mandatos de 1985/1989 e 1989/1993 foi sempre muito exigente e com sentido de escrutínio, porque com um nível de intervenção e oposição de que até então a Junta de Freguesia não estava habituada, mas com um entendimento positivo e sem qualquer ressentimento.

Ao longo dos últimos anos  mantive sempre com ele uma boa relação, com uma consideração e respeito mútuos, tratando-me sempre por Almeida, e partilhou comigo muitas confidências, pessoais, das suas memórias, mas sobretudo políticas, sempre com um tom muito próprio, de “manha”, que todos lhe reconheciam. 

Dos muitos episódios, contou-me a forma pouco ortodoxa como alguns “revolucionários”, logo após o 25 de Abril de 1974, lhe vieram “assaltar” o cargo de regedor, intimando-o a “devolver a ferramenta”. Pensavam eles, dizia, que isso era coisa pesada e de importância, incluindo armamento, mas afinal foram de mãos a abanar e levaram apenas um carimbo e um selo branco. De resto, a nova regedoria morreu ao nascer e o regedor provisório e seu substituto, apesar de ficarem com o retrato no arquivo da Câmara, então governada ainda sem legitimidade democrática, pelo presidente da Comissão Administrativa, Dr. Arnaldo dos Santos Coelho, em rigor nunca chegou a exercer, nem sequer a tratar de um roubo de galinhas, passando a GNR a exercer as funções de autoridade até então a cargo do regedor.

Também, entre a brincar e a sério, chegou-me a dizer que se fosse mais novo arrancaria a placa de limite de freguesia entre Guisande e Lobão, na zona do Santo Ovídeo, porque achava que tinha sido um abuso consentido pelas juntas do PS em deixar colocar a placa, não no limite determinado pelos marcos de fronteira, mas uma dezenas de metros do  lado de Guisande. De facto a sua idade já não era adequada a revoluções, mas, sim, tinha razão e neste aspecto os responsáveis da freguesia foram sempre “moles” em aceitar este e outros atropelos, nomeadamente no lugar de Azevedo, em que uma boa parte de território de Guisande continua sendo considerado descaradamente como de Caldas de S. Jorge mesmo contra todas as provas e evidências.

Muitas mais coisas me confidenciou, algumas das quais guardo só para mim e até porque alguns dos envolvidos ainda pertencem ao mundo dos vivos.

Em resumo, parece-me que será de justiça que a futura Junta de Freguesia de Guisande reconheça a importância de Manuel Alves enquanto autarca, senão com um nome de rua, pelo menos de uma qualquer outra forma. Pessoalmente, do que conheci do homem e do autarca, acho plenamente justo e merecedor, mesmo sabendo que nestas coisa a ingratidão ainda tem peso e a memória perna curta.

Defeitos teve, com certeza, como eu tenho e quase todos, pelo menos aqueles que não se consideram seres perfeitos. Manuel Alves foi um autarca do seu tempo, com limitações mas sobretudo com vontade de servir a freguesia e a comunidade. E creio que no geral fez muito.

Paz à sua alma e acredito que continuará a ser lembrado no presente e no futuro e no que de mim depender, nomeadamente no livro que estou a ultimar sobre apontamentos da história de Guisande, será concerteza e figurará na galeria das suas figuras mais relevantes.

Que descanse em Paz, caro Sr. Neca!

20 de agosto de 2025

Guisande - Listas concorrentes à Assembleia de Freguesia


Deram entrada no Tribunal pelo que são já conhecidas as listas concorrentes à Assembleia de Freguesia de Guisande às próximas eleições autárquicas programadas para 12 de Outubro de 2025.

Concorrem o Partido Social Democrata - PSD e Partido Socialista - PS. Uma destas listas irá dirigir com maioria os destinos da freguesia no próximo mandato de 2025-2029. Digo por maioria porque não há uma terceira força concorrente, no que poderia ser um fiel de balança.

Temos pessoas amplamente conhecidas, desde logo os cabeças-de-lista, séniores e jovens, gente com formação, gente capaz, alguns já com provas dadas de cidadania e de serviço na freguesia e paróquia, outros que nunca mexeram uma palha, alguns bem conhecidos, outros nem por isso.

Acredito que, alguns integram as listas por convicção partidária, outros apenas com sentido independente e de colaborar, outros somente porque pressionados e resignados a preencher as listas.

Posto isto, caberá ao eleitorado guisandense decidir em quem votar. Muitos decidirão em função da análise à capacidade dos candidatos, sobretudo daqueles que farão parte da Junta, sem qualquer influência partidária, outros apenas por convicção partidária e sem qualquer escrutínio das capacidades, dos programas e projectos. Infelizmente a cegueira partidária nem sempre permite ver o valor das ideias, projectos e a capacidades das pessoas. É e será assim em Guisande e, de resto, em todo o lado.

Pessoalmente continuo a defender a ideia de que teria sido preferível que se tivesse ido por uma solução de lista independente, integrando nomes de ambos os partidos, porque poderia ser um factor de união e não de divisão, ou de fraccionamento que as lutas partidárias sempre geram. Em todo o caso, não se foi por aí, porque os principais elementos identificados com os partidos na nossa freguesia preferiram soluções e agendas partidárias e será com esta realidade que teremos de contar.

Importante é que das eleições saia uma equipa com vontade de fazer mais e melhor, inovadora, capaz e próxima das pessoas, da comunidade e dos assuntos mais prementes e importantes para o dia-a-dia, e de forma mais proveitosa do que até aqui nesta falhada união de freguesias. Não será fácil para qualquer lista voltar a recompor, a unir e a restabelecer a identidade da freguesia, mas é um dever e estou certo que, independentemente de quem vier a vencer, haverá essa vontade de princípio. Se virá ou não a ser concretizada, daqui a quatro anos julgaremos. 

Pessoalmente, que preferia uma solução de lista independe e supra-partidária, e que nesse cenário até daria o meu contributo, confesso que estou dividido, porque vejo gente boa e capaz em ambas as listas e até gente de família e amigos, numa e noutra. Mas o voto é secreto, sendo que naturalmente, eu e qualquer outro eleitor, não tenho qualquer dever de neutralidade ou de insenção, por isso livre na escolha, se o desejar, de apoiar quem quer que seja, de forma privada ou pública. Mas para já, e ainda sem conhecer os programas, projectos e ideias por parte dos próprios candidatos, não tenho qualquer posição. A ver vamos!

Cá ficam as listas:


PARTIDO SOCIALISTA - PS

1 - Celestino da Silva Sacramento

2 - Liliana Cristina da Mota Monteiro

3 - Alcides Ferreira da Conceição

4 - António de Pinho Ribeiro

5 - Maria Eduarda Ferreira de Sá

6 - Vera Mónica Fontes Lopes

7 - Jorge António de Castro Azevedo

8 - Jorge dos Santos Magalhães

9 - Vanessa Soraia Coelho de Sousa

10 - Domingos André Alves da Silva

11 - Laurentino da Conceição Lima

12 - Mónica Susete dos Santos Alves

13 - André Filipe Henriques de Pinho

14 - Carlos Alberto dos Santos Tavares

15 - Maria Fernanda Ferreira de Pinho

16 - Maximino da Conceição Gonçalves

17 - Maria da Conceição Resende dos Santos

18 - Fernando Ferreira da Silva


PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA - PSD

1 - Johnny Deivis Baptista de Almeida

2 - Daniele Santos Oliveira

3 - Patrícia Henriques de Almeida

4 - Rui Manuel de Azevedo Gomes Giro

5 - Fernando Jorge Pereira de Almeida

6 - Vera Lúcia Oliveira da Encarnação

7 - Ricardo Carneiro Santos

8 - Inês Margarida Gonçalves Bastos

9 - Ilda Cristina da Costa Neves

10 - Alexandre Filipe Freitas Sousa

11 - Liliana Pinto de Almeida

12 - Susana Almeida Oliveira

13 - José Fernandes de Almeida Alves

14 - Manuel Henriques Gonçalves

10 de agosto de 2025

Com potencial de crescimento

 


Em 22 de Abril passado (por isso há quase 4 meses) partilhei no Facebook e também por aqui um depósito de lixo existente na berma de um caminho de acesso ao monte de Mó. Quem recuar na linha do tempo chega lá.

Infelizmente, como tenho pouca audiência, ninguém ligou patavina ao assunto e mereceu apenas dois comentários e 13 reacções. Já ninguém se indigna com estas coisas. Mesmo tendo reportado o assunto a quem poderia fazer alguma coisa, nem resposta mereci. É o que é!

Aproveitando os tempos "medievais" que se viveram neste concelho "vibrante" ainda tive esperança que alguns garbosos cavaleiros e elevados nobres tomassem conta desta batalha, mas, a realidade não se compadece com fantasias e lirismos. Além do mais a coisa não é mediática nem inspira ao "olha pra mim!"

Hoje voltei ao local e não posso dizer que estava tudo na mesma, não que tivesse sido resolvido, como se esperaria, mas porque, na realidade, o montão estava ainda maior. Entre outras coisas mecânicas, foi acrescentado um colchão, um sofá e as memórias de infância de uma qualquer casa, com roupas e brinquedos. Até um bébé chorão despido.

Reconheça-se, é uma montão de lixo multifacetadoe interessante e acima de tudo com potencial para crescer. Voltarei a lá passar daqui a mais quatro meses. Talvez lá tenha uma nave extra-terrestre

Talvez!







7 de agosto de 2025

Talvez seja tempo de limpar, digo eu

 


Confesso que, porque por lá já passei, compreendo as dificuldades de uma qualquer junta de freguesia em manter os espaços públicos e bermas das nossas ruas e caminhos em bom estado de limpeza. Falta de pessoal e de recursos neste concelho vibrante. O mal é geral, sobretudo pelo nordeste.

Estas e outras fotos similares, poderiam já ter sido expostas há um mês porque a situação arrasta-se. Apenas as publico porque, para além de já estarmos numa situação de não poder usar os passeios devido à vegetação, nomeadamente nos lugares da Leira e Pereirada, quando fiz parte da Junta este tipo de situações eram alvo constante de críticas da então oposição, o que até se compreendia apesar da Junta de então lidar com uma situação financeira bem difícil decorrente da transição das freguesias para a União. 

Também por esses tempos, por cá não faltava gente interessada e diligente a apontar e a publicar estas e outras situações de abandono. 

Mas, vá lá saber-se porque razão,  mudaram os tempos e algumas dessas pessoas terão perdido capacidade de visão e de intervenção, o que também se compreende.

Mas, mais a sério, sem qualquer ironia, mesmo percebendo todas as dificuldades, vai mesmo sendo tempo de limpar. Uma boa parte já foi limpa no período antecedente à festa do Viso, depois de meses por limpar. O troço da rua frente à minha porta não é limpo desde há três anos. Não sei por que motivo, talvez porque se pense que ali não mora gente. Os vizinhos vão limpando mas eu, sinceramente, cansei-me.

Mas sim, vai sendo tempo, mesmo que a daqui a dois meses a coisa vá mudar de figurino. Apesar disso, concerteza que na futura Junta vão continuar as dificuldades, porque, convenhámos, não há milagres.



6 de agosto de 2025

E lá se acabou a nossa festa!


Para este ano, pois claro, que para o ano, se Deus quiser e festeiros houver, lá se repetirá.

Os andores já foram removidos a toque de caixa da capela, pois que por hoje há ali cerimónia. A igreja é fresquinha mas grande. Sendo a capela mais maneirinha, pouca gente que venha parecerá muita. Além do mais, que mais se pode desejar para a vida que nos falta, senão paz, saúde e boa fortuna?

Sou de poucas rezas, e faço-o mais com o pensamento e coração do que com a boca, mas será raro o dia em que não invoque aquele par de gente santa que preside à capela do Viso. Talvez por ter nascido e crescido à sua sombra, e habituado desde pequerrucho a assistir ao montar e desfazer da romaria. Eram outros os tempos e mesmo o recinto há muito que mudou de cara.

Mas dizia, terminou a festa deste ano. Os abnegados festeiros, já num aliviar da tensão e da freima, limparam a casa e desmontaram as tendas. Faltará pouco mais que fazer as contas, mas uma qualquer folha de Excel dará uma ajuda — e, na certa, digo eu e esperamos todos, com bom saldo positivo, porque a capela esteve em obras e o dinheirinho é preciso.

Entretanto, a Almeida Rádio, velhinha instituição da nossa terra, virá remover a ornamentação, e não tardará que o velho monte do Viso volte à serenidade costumeira — e já se poderá ouvir o chocalhar da água da fonte vinda do monte de Mó e o toque das horas.

É certo que o Centro Cívico ainda vai tendo algum (pouco) movimento, mas a malta, apesar de afanada com a sueca, é gente boa e pacífica, e se alguma caralhada dali vier, nem se dará por ela.

É assim o ciclo da vida, um círculo redondinho sempre a girar certinho, mesmo que nos pareça que com sobressaltos. Daqui a nada, espera-se que apareça uma outra voluntariosa Comissão de Festas e recomece a faina: abordar a banda de música — e será bom que seja uma diferente (que comer arroz todos os dias enjoa) —, apressar a contratação de artistas, porque cada dia a oferta se limita e encarece, o peditório da esmola da eira, a voltinha aos patrocinadores, sempre cansados e teimosos em dar uma nota de vinte, as voltinhas semanais para o sorteio do presunto, organização de torneios de sueca, de futsal e de tudo o mais que possa reunir a tropa da comunidade e juntar uns tostões.

Do que foi feito este ano, acho que seria interessante manter o jantar e fazer mais almoços — de feijoada ou massa à lavrador — debaixo da sombra do sobreiro. E tudo o mais que, com imaginação e sentido positivo, possa ser realizável.

Depois, na recta final, será o costume, e os dias próximos à festa serão intensos. Talvez importe, digo eu, que a missa volte a ser pela fresca da manhã e que a pagela dos santos, junto à caixa de esmolas, volte a ter estampado  um Santo António que seja nosso. No resto, a comunidade, Deus e sua Mãe — a Senhora da Boa Fortuna — ajudarão, pelo que a festa, a nossa, voltará para o ano e com ela nova reunião da família guisandense.

29 de julho de 2025

Por entre a fumaça

 


Meio país está a arder, o que não espanta. Todos os anos, este caldo é preparado com os ingredientes do costume: Criminalidade relevada e sem penas adequadas, más políticas, falta de meios, recursos escassos e contextos climáticos cada vez mais adversos. 

O resto, as limpezas florestais e sua obrigatoriedade, é apenas um faz-de-conta, já que são poucos os que cumprem e muitos os que assobiam para o lado, face a um misto de impassividade e impotência das autoridades. Em Guisande, é só dar uma voltinha, apenas pelas ruas e deixando de lado os caminhos, para se ver com ambos os olhos os desrespeitos, com denso arvoredo até às valetas e mesmo sobre as estradas. Não obstante, com as limpezas a custarem mais que o valor de alguns dos prédios, convenhamos que a coisa não vá lá.

Assim, num céu enegrecido, quiçá com o incêndio que lavra por Arouca,o astro rei é por esta manhã um disco vermelho.

Ali, na berma da estrada, há cartazes políticos. À direita promete-se um concelho vibrante, seja lá o que isso queira significar. À esquerda diz-se que há outro caminho. Curiosamente, onde reina o PS vai-se dizendo que "no bom caminho", como se uma vez encontrado o caminho, seja esse o certo, sem alternativas, como a desmentir que "todos os caminhos levam a Roma". Além do mais há sempre o risco de quem se meter em atalhos meter-se em trabalhos, pelo que a analogia dos caminhos pode ser confusa. Quanto ao vibrante deve ter sido obra de algum iluminado publicitário, porque também não funciona, já que o quadro com que se vai pintando o território nem sempre é a cores e não faltam pontos ou manchas negras.

Por conseguinte, é apenas política e os slogans, na realidade, valem pouco ou nada, porque andamos nisto há 50 anos e sempre com os mesmos resultados. Já sabemos ao que vêm.

Mas importa haver sempre gente disposta, com pretensões a governar, tão bem quanto possível, e por isso há que fazer opções, se não todos, pelo menos a metade que costuma votar.

Felizmente que ao centro temos o anúncio da nossa festa, que sabemos que será já neste fim-de-semana. Assim, nesta exposição de cartazes, nem tudo são analogias!

25 de julho de 2025

É preciso agitar o pântano

Já vai por aí um entusiasmo desmesurado sobre a Viagem Medieval que, entretanto e por cerca de duas semanas, encherá a sede do nosso concelho com milhares de visitantes. Uns dizem que 500 mil, outros que 650 mil. Mas que vão fazer pela vida para chegar a um milhão, quiçá aspirando a 2 milhões. Isso é que era.

O interesse que vou vendo por aí, num entusiasmo infantil de gente armada em cavaleiros, senhores feudais, damas, bobos, jograis e outros quejandos, é proporcional ao meu desinteresse absoluto por este evento, sobretudo pelo modelo cimentado na componente gastronómica e da apropriação indevida do espaço público. O resto é entretenimento para encher chouriços, porque mais do mesmo, ainda que se mude a figura do rei. E anda-se há nisto há quase 30 anos. 

Muitos, que desde a quarta classe não leram uma linha da História de Portugal, ou do período da Idade Média, e que reprovariam num simples teste de escolha múltipla, dizem que é uma lição. De facto, nunca é tarde para aprender. 

Um sessão de recolha de sangue cativa o interesse de 20 pessoas, uma sessão de uma assembleia de uma associação cultural e desportiva local, menos de metade disso, uma peça de teatro, talvez 30 ou 40, uma sessão de leitura e poesia, provavelmente uma dezena, a apresentação de um livro, apenas os familiares, amigos e pouco mais, mas para estas farras de comer e beber entre a multidão, com concertos de música ou batalhas encenadas, é que resulta. "Panem et circenses". A fórmula pode parecer estafada mas já os romanos a aplicavam com êxito. Modernamente é replicada com igual êxito pelos autarcas e é vê-los entusiasmados com as ruas do burgo apinhadas com 100 mil pessoas diárias e a sonhar com o dobro disso. O céu é o limite. No rebanho há sempre lugar para mais um.

Apesar disso, desse entusiasmo de autarcas, sobretudo os que têm a jusante interesses eleitorais, a coisa funciona porque dá nas vistas e é manancial para as redes sociais, mas no resto, no que interessa ao dia a dia das pessoas, há ruas com erva de 2 metros a ocupar passeios, ruas interrompidas com abatimentos, estradas em reles condições, obras e melhoramentos por fazer, lixo por recolher, etc.  É o que é! Não há volta a dar e o mal vai sendo geral e só por isso se percebe que uma Câmara de um município com quatro mil e poucos habitantes, no interior do país (Penamacor), desbarate 150 mil euros num concerto de uma banda musical. Deveria haver limites para a pouca vergonha, ou pelo menos ao bom senso, mas não há. 

Para mim, depois de algumas das edições iniciais, mais genuínas, menos produzidas e dadas a especulações no que se vende, perdi o interesse por este evento. Sobretudo quando a coisa se tornou num negócio. É disto que estamos a falar. Um negócio, dos grandes e lucrativos e só por isso se percebe que certos dirigentes e certas figuras da organização andem por lá há decadas. Além do mais, na Idade Média não se passam facturas da caneca de vinho, do chouriço assado ou das sandes de porco. O Fisco por ali não meterá o bedelho. O controlo fiscal deve ser mesmo medieval.

Dizem que o evento representa centenas de milhares para a economia local. Sem dúvida, para os mesmos de sempre, dos que têm lugar cativo e sobretudo para a vizinhança. Por cá, o Café do Manel ou do Armando ficam a ver navios. A mim, nestes quase trinta anos, nunca me caíu um centavo no bolso. A economia é como a água da chuva, que se esvai por onde o terreno inclina.

Para além de tudo, é quase imoral, e de legalidade duvidosa, o que mais me faz espécie, que uma boa parte da zona nobre da cidade, de acesso livre e público, fique quase duas semanas condicionada e à qual se acede apenas pagando bilhete e usando a pulseira, uma espécie moderna marcação de gado. Quem pretender andar por ali livremente à sombra do Rossio ou do castelo, que tire o cavalinho da chuva, vá de férias e regresse depois de assentar o pó na relva seca. 

Pela sua dimensão e duração, há anos que  justificar-se-ía que este evento fosse realizado em recinto próprio, como numa Feira Popular, quiçá no Europarque, até porque dizem que é a cidade dos eventos.  Mas, está visto, não vão por aí, preferindo, sem oposição e numa de quero, posso e mando, ocupar e condicionar uma boa parte da cidade durante duas semanas, como um domínio privado.

Para os que adoram e não falham, bom proveito! Por mim, passo ao lado, mesmo que tenha que assistir a este massacre nas redes sociais, no antes, durante e depois. Já cansa!

Bem sei que estarei pouco acompanhado neste desinteresse, mas, porra, por vezes é preciso agitar o pântano e seguir em sentido contrário ao rebanho.

22 de julho de 2025

O PARP é parco de apoios e amplitude


Afinal, depois de tanto alarido, o PARP - Programa de Apoio À Recuperação do Património, promovido pelo nosso município, nomeadamente no que se refere a projectos apresentados por pessoas singulares, não passa de uma amostra. 

De facto, a ter em conta o regulamento, no universo do concelho serão apenas 10 os projectos a apoior e apenas com uma comparticipação de 25% do orçamento até ao limite de dois mil euros. 

Para além de tudo, o amplo leque de documentação e outras burocracias, estou certo, afastarão uma grande parte de quem pensaria aproveitar o apoio.

Tomando, como exemplo, os espigueiros tradicionais, só em Guisande são mais de 60. Significa isto que nem sequer dará uma média de um espigueiro por freguesia.

Concerteza que o que for apoiado e realizado ficará bem, mas convenhamos que foi muita a parra para tão pouca uva.

Desengane-se, pois, quem esperava ver este ou aquele bonito espigueiro recuperados. Nem sempre o que parece é e neste concelho gasta-se muito mas é em farras.

Quanto ao contexto de freguesia, considerando que os prazos para apresentar as candidaturas serão entre 21 de Julho e 15 de Outubro, por isso ainda na vigência da União de Freguesias, seria bom que pelo menos fosse apresentada pela actual JUnta a candidatura de apoio ao restauro das alminhas, nomeadamente no lugar da Igreja.