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24/10/2025

O que estará a acontecer?

São, de facto, cada vez mais correntes os episódios de agressões de filhos, mesmo de crianças, aos pais, de alunos aos professores, dos bandidos às forças de segurança e autoridade. No limite, como ainda agora esta semana, a notícia chocante de um filho adolescente, com 14 anos, em Vagos, a assassinar a mãe à queima-roupa, por motivos fúteis. Paralelamente parece registar-se uma onda de suicídios de gente jovem.

O que estará a contecer? Estamos a colher os frutos do que temos vindo a semear enquanto sociedade, que, com políticas centrais erradas e permissivas, tem vindo a desleixar ou mesmo a perder valores, como a importância da família, da autoridade e da disciplina?

Algumas reflexões e possíveis causas:

- Crise de sentido e de valores

É certo! Vivemos numa época de grande incerteza — moral, social e emocional. As referências tradicionais (família, religião, comunidade, escola) perderam parte da sua autoridade e coesão. Muitos jovens crescem sem um "norte" claro, sentindo-se perdidos, sem propósito ou esperança.

- Má influência das redes sociais e da cultura digital

As redes sociais têm tido um impacto enorme na autoestima, na perceção da realidade e nas relações humanas.

Comparação constante: Os jovens comparam-se com vidas "perfeitas" e sentem-se inferiores e insatisfeitos com a vida que têm.

Desumanização: O excesso de interações virtuais ajudar a diminuir a empatia e aumentar comportamentos agressivos.

Banalização da violência e morte, nas redes sociais, na televisão, no cinema, nos jogos, etc.

Isolamento: Apesar da hiper-conectividade, há solidão e sensação de desconexão real.

- Famílias fragilizadas e ausência emocional

A família convencional está cada vez mais desestruturada. Os divórcios são coisa vulgar com todos os problemas inerentes quanto ao enquadramento dos filhos. Em muitas famílias, há pais ausentes (mesmo que fisicamente presentes); falta de diálogo e escuta; sobrecarga emocional e económica; inversão de papéis (filhos com demasiado poder, pais sem autoridade).

O amor sem limites e a ausência de estrutura podem ser tão prejudiciais quanto o autoritarismo e a falta de afecto.

- Pressão psicológica e saúde mental

A ansiedade, a depressão e outros distúrbios emocionais estão a aumentar de forma alarmante entre jovens. As causas incluem: exigência de sucesso constante (escola, aparência, popularidade); insegurança quanto ao futuro; falta de espaço para lidar com a frustração e o erro.

Muitos jovens não aprenderam a gerir emoções — e quando a dor se torna insuportável, alguns dirigem-na contra si próprios (suicídio) ou contra os outros (violência).

- Contexto social e cultural mais amplo

Vivemos num mundo marcado por desigualdade e sensação de injustiça; consumo como valor central (o ter a ser mais importante que o ser); perda da confiança nas instituições; percepção de insegurança e descrédito das entidades que a deviam controlar;  discurso público agressivo e polarizado.

Tudo isso cria um ambiente emocional tóxico, onde a empatia e o respeito pelos outros, incluindo próximos, parecem estar em falta.

- Para uma pergunta de100 milhões de euros para a resposta certa, o que se pode fazer, sabendo-se que as coisas já não se resolvem apenas no seio familiar mas com medidas de carácter geral que envolva a sociedade e o próprio Estado, no que parece ser uma impossibilidade de inversão do combóio em movimento?

16/10/2025

Fim de um ciclo?

Quatro dias após as eleições de Domingo passado, que na nossa freguesia, de resto na linha do que aconteceu no concelho e no país, deram a vitória à lista do PSD, aqui emcabeçada pelo Johnny Almeida, o cabeça-de-lista do PS, Celestino Sacramento, veio na sua página pessoal no Facebook, falar sobre o acto eleitoral, conforme o texto que abaixo se reproduz.

Agradeceu às pessoas que o ajudaram na campanha bem como às que lhe confiaram o voto.

Seria de supor que fizesse uma análise pessoal ao resultado da eleição, apontando o que é que correu bem e o que correu mal, a justificar a lista, as suas escolhas e a forma como decidiu fazer a campnha, mas sobre isso nada falou, uma posição que se respeita e supondo que considera que apresentou a melhor lista e fez a melhor campanha. Certamente que na sua consciência fez o melhor que pode.

Aproveita também para dizer que o seu ciclo político chega ao fim. Todavia esta afirmação é enigmática pois na realidade tem um mandato de quatro anos para desempenhar como chefe da oposição. Por conseguinte, em rigor, a menos que desista do mandato para o qual foi eleito, o seu ciclo político terminará só daqui a quatro anos.

A maior parte do texto é ocupada a elencar um conjunto de obras que realizou nos mandatos em que foi presidente de Junta entre 1997 e 2005, por isso há mais de20 anos. Diz que deixou obra feita e é verdade, mas não foi só ele mas aqueles que com qualidade e competência fizeram parte das suas equipas, como o Rodrigo Sá Correia, o Jorge Ferreira e o Valter Neves. O seu a seu dono.Teve de facto, bons elementos na sua equipa. 

É legítimo esta lista do seu trabalho passado, que foi de facto positivo enquanto presidente de Junta. Ninguém se esqueceu nem lhe beslica o trabalho, mas de facto passaram mais de duas décadas e nesta eleição a realidade e as exigências eram outras e mesmo uma boa parte dos eleitores também são outros, com novas formas de ver e encarar a política. Como já escrevi, há doze anos quando começou a União de Freguesias, quem então tinha seis anos hoje tem dezoito e capacidade de votar, por isso desconhecedores do que antes disso fizeram todos os presidentes de Junta. A renovação das gerações não se compadece com feitos do passado mesmo que deles se possa dar conhecimento.

Em todo o caso, importa dizer que no final desse período, em 2005 o Celestino já perdeu as eleições para um terceiro mandato, para o PSD com Joaquim Santos, num sinal de que apesar dessas obras referidas, não mereceu a renovação da confiança dos guisandenses. Eleições são mesmo assim e nem sempre o trabalho realizado é reconhecido no mandato seguinte. No final de cada mandato há novas caras e novas propostas e o eleitorado vai sendo renovado e confronta-se com novas escolhas.

Refere também no seu comunicado  que Guisande hoje é independente graças à sua acção. É totalmente verdade e a freguesia deve ficar-lhe sempre reconhecida. Por mim nunca esquecerei esse seu papel e também lhe estou reconhecido. Mas também poderia referir, e ficaria bem, que pelo menos igual importância nesse processo de independência teve o PSD em sede de Assembleia de Freguesia bem como o Rui Giro em todo o aspecto processual e jurídico. A coisa foi conseguida em conjunto e nenhuma das partes conseguiria sem a outra.

Sendo que considero que o tal ciclo político ainda não terminou conforme atrás disse, importa, todavia, dizer que o Celestino Sacramento perdeu a eleição com dignidade e honra e cumpriu o seu papel e o compromisso que disse ter com os guisandenses. Apesar disso, é fácil perceber que algumas coisas falharam, e vários apoiantes já mo  confessaram, quer na elaboração da lista quer na forma e conteúdo da campanha. Mas isso já é passado, e como diz, e bem o Celestino Sacramento, agora é esperar e desejar que a futura Junta faça um bom trabalho, mesmo que na parte inicial do texto diga que "nós não perdemos nada, mas a freguesia deve ter perdido". Aqui nesta frase talvez falte um pouco de humildade, pois também, em democracia, devemos dar o mérito aos adversários e confiar, em respeito a eles próprios mas também na maioria que neles votou.

Parabéns ao Celestino Sacramento, por tudo quanto fez pela nova independência da nossa freguesia e esta deve ficar sempre reconhecida. Guisande certamente que nunca esquecerá o seu papel, mas não era isso que estava em jogo e em disputa nas eleições deste passado Domingo. Era mais do que isso pelo que não deve sentir-se desconsiderado ou desrespeitado. É importante que estas coisas não se misturem e reconhecimento não é necessariamente obrigação. Neste aspecto, a  História dá-nos lições: Winston Churchill, apesar do seu papel fundamental de resistência à frente do Governo da Grã-Bretanha, saíndo vitorioso na II Guerra Mundial, logo de seguida perdeu as eleições para os trabalhistas, sem apelo nem agravo.

A finalizar, espero mesmo que não seja o fim de um ciclo e que na Assembleia de Freguesia o Celestino Sacramento seja o líder de uma oposição responsável e construtiva, um exemplo de civismo e serenidade, mas exigente e atento à actividade da Junta, tomando as posições que considere do interesse da população. É isso que espero e certamente que os guisandenses.

14/10/2025

Ninguém é profeta na sua terra

Com a vitória, por maioria, da lista do PSD na eleição para a Assembleia de Freguesia de Guisande, encabeçada por Johnny Almeida, Rui Giro é também uma das figuras eleitas e vencedoras e em princípio virá a assumir o importante cargo de presidente da Mesa da Assembleia. Também foi eleito directamente para a Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira.

Em bom rigor, qualquer elemento de qualquer uma das listas, com alguma preparação, poderia desempenhar essa função, mas convenhamos que é um cargo de responsabilidade e que exige alguns conhecimentos legais ligados às funções, competências e funcionamento deste importante órgão do nosso poder autárquico. Resulta deste pensamento que alguém com formação em Direito, estará, óbviamente, mais capacitado para o cargo.

Mesmo nos elementos agora eleitos pelo PSD, temos a Inês Bastos, advogada e jurista na Câmara Municipal de Albergaria a Velha, que bem poderia desempenhar esse papel com qualidade e competência. Isso também demonstra que a lista do PSD apresentou-se com gente jovem mas com formação superior no que, convenhamos, não sendo determinante, é sempre importante. 

Não obstante, e não tendo qualquer certeza ou indicação disso, creio que será mesmo o Rui Giro a vir a assumir essa responsabilidade, desde logo pela larga experiência, pois, recorde-se, já foi presidente da Assemblei de Freguesia ainda no tempo anterior à União de Freguesias, depois também já na União de Freguesias, para a qual foi eleito nos mandatos de 2014/2017, 2017/2021 e 2021/2025, para além de ser o presidente da Assembleia Geral da Associação do Centro Social S. Mamede de Guisande.

Sei eu, sabe o próprio, que em Guisande, junto de uma certa franja de pessoas, tem existido algum preconceito ou má impressão à volta da sua figura. Quanto a mim, de forma injusta, mas que como explicação, resultará de alguma inveja pessoal ou de facção,  bem como  resquícios de alguns  atritos do passado, nomeadamente decorrente do processo em que depois de difamado publicamente em contexto de uma assembleia de freguesia. A defesa do bom nome é um direito que todos temos pelo que o seu bom nome foi defendido na Justiça. Esta actuou e quem difamou sem qualquer provas e fundamentos foi naturalmente condenado. A decisão não agradou aos que na ocasião defenderam o difamador pactuando com a difamação. Um episódio triste mas marcante e que em parte ajuda a explicar um certo mau estar que ainda parece subsistir, mesmo que já passados mais de vinte anos.  Quem não se defenderia perante uma difamação torpe no contexto de um órgão de poder local?

Por outro lado, na sua profissão de advogado, nomeadamente em causas a envolver guisandenses, naturalmente que provoca sempre algumas antipatias do lado a quem a Justiça não dá razão, o que é natural mas injusto. A Justiça, gostemos ou não, seja lenta ou susceptível de ser subvertida por quem tem dinheiro e poder,  deve ser cega e não se compadecer com o que não respeitar a lei e os direitos de cada um, seja pessoa singular ou colectiva. Os advogados, todos, têm este ónus contra si, o de serem defensores, ora de Deus ora do diabo, por conseguinte agradando a uns e desagradando a outros.

Por conseguinte, conhecendo o Rui Giro desde os meus tempos de escola primária, e com ele estive na fundação e actividade da Associação Cultural da Juventude de Guisande, do jornal "O Mês de Guisande", da Rádio Clube de Guisande e depois na fusão e actividade com a Associação Cultural de Guisande "O Despertar", por isso mais de duas décadas ligadas ao associativismo e à cultura na nossa freguesia, compreendo alguns dos factores para essa antipatia e até algum preconceito, mas que, como disse, considero totalmente injustos e imerecidos.

Queira-se ou não, goste-se ou não, o  Rui Giro é uma pessoa interessada pela sua freguesia e nela tem sido uma importante figura, no contexto associativo, cultural, político e até mesmo empresarial e quem dera a muitos de nós, guisandenses, ter no seu currículo esse peso e ligação à freguesia. Infelizmente, alguns dos que nutrem e semeiam por ele essa antipatia ou pouco apreço, provavelmente nunca nada fizeram pela comunidade, passando ao lado da sua história e do seu dia-a-dia. E se fizeram, nunca contribuiram para a união da comunidade, antes dividindo para reinar.

No que foi esta campanha eleitoral, alguns terão discutido se para a lista do PSD teria sido mais vantajosa ou prejudicial a presença do Rui Giro. Admito que alguns consideram que sim e outros que não. Pessoalmente, pela realidade que atrás descrevi, acho que a sua presença na lista foi positiva mesmo que a contragosto de alguns. A sua qualidade de jurista, de oratória e experiência no cargo de elemento de Assembleia de Freguesia, incluindo no papel de seu presidente, não tem paralelo na freguesia no momento presente. Concerteza que já tivemos pessoas no passado a assumir essa função, até com a qualidade adequada, mas no presente não estou a ver melhor, até porque os que têm capacidade não se querem meter nestas coisas ou já numa fase da vida a que pouco ou nada dispensam do seu tempo e interesse.

Por conseguinte, de forma pragmática, e mesmo sabendo que o próprio até tinha a vontade de não fazer parte, a sua introdução na lista foi positiva. Quem gostou, gostou, quem não gostou não gostou e por isso, de uma forma ou outra, teve oportunidade e pôde exprimir-se na votação. Ora, como se sabe, a lista em que se integrava venceu democraticamente por uma diferença significativa e certamente que o Rui Girto voltará, e bem, a ser o presidente da Mesa da Assembleia no recomeço de um ciclo importante.

Finalmente, e convém não esquecer, gostem alguns ou não, se é certo que ao Celestino Sacramento todos, devemos estar reconhecidos e gratos pelo seu papel no processo e luta pela desagregação de freguesias, que nos trouxe a independência, não foi em nada menor a importância e o papel do Rui Giro nesse processo, bem como da lista do PSD na Assembleia da União de Freguesia que votou unanimemente a favor da desagregação, ao contrário de alguns elementos da mesma Assembleia, de Guisande ou com familiares em Guisande, que pelo PS votaram contra ou abstiveram-se. Está escrito e registado para memória futura. De resto, durante o processo, fui acompanhando de perto a evolução e o papel importante que teve o Rui Giro, nomeadamente já na parte final e depois de numa primeira apreciação a desagregação da nossa União de Freguesias ter sido reprovada. O seu papel formal e jurídico, bem como diligências informais junto de quem tinha poder de influência,  foi fundamental no agendamento da sessão extraordinária e clarificação da freguesia de Lobão, tornando possível, in extremis, que o processo fosse reapreciado e aprovado.

É pois, muito injusto que este papel do Rui Giro seja ignorado ou desconsiderado ou que apenas se atribuam os louros ao Celestino Sacramento, mesmo que merecidos. De resto, este, em conversa pessoal, reconheceu o papel importante do Rui Giro. O Celestino Sacramento pode ter perdido agora um acto eleitoral, democraticamente e que o enobreceu, mas é um homem de honra e palavra e por isso teve esse reconhecimento a favor do papel do Rui Giro. Mesmo quem não se simpatize com a figura do Rui Giro, e não temos que simpatizar ou ser amigos de toda a gente, só não reconhece este papel importante e dedicação às causas da freguesia quem estiver de má fé e ronha pessoal.

Dos fracos não reza a história, mas o Celestino Sacramento e o Rui Giro, goste-se ou não, farão parte do lado certo e nobre da história de Guisande e isso não pode ser negado nem apagado, no presente e no futuro. Quem não gostar, que se amanhe e que se coce.

Diz-nos a Bíblia e o Evangelho que ninguém é reconhecido como profeta na sua terra, mas alguma má impressão, antipatia ou mesmo preconceito de uma franja de guisandenses contra o Rui Giro, repito,  é de todo injusta, imerecida e mesmo sem fundamento. Mas é o que é e mal estaríamos se fôssemos condicionar a nossa vida e a nossa forma de ser e estar, ao sabor do vento e dos humores de algumas pessoas incapazes de dar mérito a quem o merece. Gente assim, invejosa e incapaz de reconhecer o mérito a terceiros há em todo o lado e também em Guisande. É o que é!

13/10/2025

A experiência (e competência) é um posto

Ontem nas duas secções de voto em Guisande, entre gente jovem, alguns dos quais não conheci (sinal de que estamos a ficar velhos), mas certamente competentes, foi com satisfação que voltei ali a ver o Jorge Ferreira. Sinal de experiência, competência e rigor. Ouvi contar que até aconteceu ali um episódio digno dos apanhados, mas que com a sua experiência soube resolver.

Velhos são os trapos e o Jorge ainda continua a ser das coisas boas na freguesia, pelo passado mas ainda pelo presente. De resto, se importa sempre dar lugar aos novos, por vezes é importante salpicar as coisas com experiência. 

O mal, por vezes, é não são sermos capazes de perceber este equilíbrio tão necessário quanto útil.

Parabéns ao Jorge Ferreira, mas também  a todos quantos, mesmo que pagos, contribuiram para mais este acto de democracia.

Parabéns aos vencedores e honra aos vencidos - A análise.

 


Ontem foi dia de eleições.

Feitas e fechadas as contas, na eleição para a Assembleia de Freguesia de Guisande, venceu a lista do PSD encabeçada por Johnny Almeida, obtendo 461 votos contra 333 da lista do PS, encabeçada pelo Celestino Sacramento. Uma diferença significativa, com 58% dos votos válidos.

Como já escrevi ontem, logo após serem conhecidos os resultados, devemos dar os parabéns aos vencedores e honrar os vencidos porque ambos numa disputa nobre.

Agora, neste que será o início de um novo e importante ciclo para a nossa freguesia, é momento de união, é tempo de unir a comunidade e dar-lhe as respostas e a proximidade que estiveram ausentes ou em défice nos 12 anos anteriores.

De resto, considerando a vitória do PSD nas três das quatro freguesias de ainda União, pois que em Lobão, como se esparava, venceu o PS com David Neves, de algum modo pode indicar que essas freguesias menores não estavam, de todo, satisfeitas com a gestão socialista mas sobretudo com o modelo falhado.

No que antes fui escrevendo e partilhando por aqui, mesmo que sem qualquer obrigação ou dever de isenção, procurei ser pedagógico e positivo tanto quanto possível, acima de tudo por respeito a ambos os candidatos e elementos de ambas as listas. Fui convidado pelo PSD e tendo recusado, indiquei como uma boa opção a figura do Johnny Almeida,  e também fui convidado posteriormente  pelo Celestino Sacramento, numa demonstração de confiança que agradeci e agradeço a ambos. Todavia, tinha-o dito, a única forma de eu participar seria no contexto de uma lista independente. Apesar dessa minha proposta, os partidos e as figuras principais a eles relacionados não a aceitarem ou mostraram desinteresse.

Apesar de tudo, porque já vi muitos filmes eleitorais, sempre tive a expectativa do desfecho ser mais equilibrado, e decidido por escassos votos. Pelo contrário, a diferença conseguida é significativa e categórica e creio que por isso poderá e deverá ajudar a união da comunidade se entendida num espírito democrático de valorizar quem venceu e pela diferença que foi.

Agora, se me é permitida uma análise pessoal, tanto dos resultados como dos momentos de pré campanha e campanha eleitoral, foi notória uma maior dinâmica e de forma incisiva, por parte do PSD e bem menos visível por parte do PS, tanto nas redes sociais como no terreno. Pelo PSD fui vendo uma campanha organizada, com equipas de acompanhantes e representativa da lista. Ao contrário, pelo PS fui vendo uma campanha desgarrada, com elementos sozinhos ou mal acompanhados e elementos da lista que nem sequer vi em acção. Na minha caixa de correio apenas apareceu um elemento de nível concelhio. Os elementos relacionados à freguesia fui eui próprio a pedir a um elemento da lista que andava sozinho a distribuir no lugar da Gândara. Nas redes sociais, vi os elementos da lista a apoiarem-se a eles próprios, numa manifesta falta de apoio e creatividade por parte de quem geriu a campanha na componente da imagem e comunicação. 

As campanhas valem o que valem, podem valer muito, pouco ou nada, mas em certos contextos podem fazer a diferença. Creio que neste contexto, em Guisande terá feito alguma diferença.

Também a composição das listas: Ambas com gente boa, gente nossa, gente válida, mas o PS e Celestino Sacramento não conseguiram rejuvenescer a sua lista, sobretudo em lugares cimeiros e elegíveis, por isso com uma média de idades muito alta comparativamente à lista adversária e incluindo elementos que notoriamente entraram apenas para fazer número, mesmo no importante terceiro lugar da lista. Mas compreendo que possa ter havido dificuldades na angariação de elementos. Cada vez mais são menos os que querem meter-se nestas coisas que exigem compromisso e responsabilidades.

Já o PSD, mesmo sem deslumbrar, conseguiu uma lista equlibrada, com uma equipa jovem, com gente formada e em teoria apta a um dinamismo diferente, sendo que naturalmente agora virá o tempo de dar provas disso.

Voltando aos motivos para este resultado, serão sempre subjectivos e por isso dados a diferentes análises e interpretações, mas creio, pelo que fui vendo, ouvindo e conversando com muitos guisandenses, que o Celestino Sacramento saiu penalizado por introduzir na campanha, de forma muito activa, uma figura ligada a um passado de deficiente gestão e com abordagens e métodos duvidosos ou mesmo já ultrapassados. 

Além disso, essa figura, falo do Sr, Elísio Monteiro, que até reconheço que sempre foi uma pessoa prestável e válida noutros contextos, nomeadamente no Guizande F.C., enquanto dirigente, no entanto na política foi sempre um quase desastre, com características muito singulares, com uma maneira de fazer política ultrapassada,  própria de década de 70 e 80, mas já não, seguramente, nos tempos actuais. Ademais, convém não esquecer que na gestão da Junta em que participou e foi figura predominante, na transição para a União de Freguesias, mesmo que com narrativas a negar as evidências, deixou um montante de dívidas não cabimentadas na ordem de 150 mil euros, valor que correspondia, grosso modo, ao orçamento anual. A maioria do eleitorado expressou-se agora, de forma categórica no sentido de dizer que não era este o método, a forma e "o bom caminho" a seguir.

Por conseguinte, parece-me que nesta campanha, esse elemento singular terá prejudicado mais do que o que conseguiu capitalizar. Mas não é ele o responsável, pois nem sequer constava da lista, mas sim o próprio Celestino Sacramento, que não só permitiu essa abordagem como com ele andou lado a lado e até com ele se fez representar em cartazes. Por conseguinte, não se deve envergonhar o cabeça-de-lista do PS de quem, à sua maneira, o pretendeu ajudar, porventura até fez bem mais que vários elementos da lista, mas, terminada a eleição e conhecidos os resultados, deve também tirar as devidas lições e ilacções. 

Para além do mais, ainda antes de ser conhecida publicamente a sua candidatura, já o Sr. Monteiro andava na rua, afanadamente, porta-a-porta, a falar e a prometer o que não devia falar nem prometer. Deveria, logo no primeiro momento, ser o Celestino, o comandante do barco, o cabeça-de-lista, a dar a cara, a apresentar-se a si e à sua lista, a expor as suas ideias e propostas. Mas não foi assim e só entrou em campanha tardiamente e nem sequer realizou uma apresentação pública perante o seu eleitorado de modo a galvanizar. Tudo soma numa campanha, o que se faz ou deixa de fazer, nas pequenas ou grandes iniciativas.

As coisas são como são, e como já escrevi, hoje em dia, a forma de ver a política, sobretudo ao nível de freguesias pequenas, como a nossa, onde as pessoas se conhecem relativamente bem, esse tipo de campanha com promessas e mais promessas, ainda por cima sem legitimidade, já não convencem ninguém. As histórias que fui ouvindo à volta desse tipo de abordagem, em algum sentido até são surreais e demonstrativas de que a coisa tinha tudo para correr mal.E correu.

Posto isto e apesar de tudo, considero que Celestino Sacramento também foi um vencedor no sentido em que cumpriu o que considerou ser uma missão e compromisso com as gentes de Guisande. Talvez o tenha feito de forma deficiente e com algumas lacunas e dificuldades, mas fê-lo. Honra lhe seja feita. Por isso e por mais, mantém-se todo o meu respeito e estima pelo Celestino Sacramento, que cumpriu o seu papel com honra e dignidade e passados os primeiros dias de desânimo da perda, voltará ao sossego do seu dia-e-dia, livre destas responsabilidades e canseiras, que bem sabe que são exigidas a uma Junta de Freguesia, onde nunca se agrada a todos e as necessidades são muitas e os recursos poucos.

Por mim, continuará sempre a ser uma pessoa que pela sua acção no processo de desagregação merecerá ser respeitado e lembrado na história da nossa freguesia de Guisande, que agora recomeça como freguesia independente.

Volto a repetir-me, pela parte que me toca, estarei disponível para apoiar e colaborar com a futura Junta, desde que seja útil e solicitado, mas também estarei atento e a apontar o foco para o que entender não corresponder a uma boa gestão, e para o que considerar como desleixo e incompetência.

Parabéns aos vencedores e honra aos vencidos, nomeadamente ao Johnny Almeida e ao Celestino Sacramento.

Agora. mãos à obra!

11/10/2025

Sejam bem-vindos e bem-vindas

A propaganda e a campanha eleitoral, de um modo geral mas também na nossa freguesia, vistas por um certo prisma e com alguma equidistância, até têm coisas engraçadas, mesmo que com laivos paradoxais.

Pessoas mais novas e mais velhas, todas boa gente, que nunca vimos mexer uma palheira na dinâmica da freguesia ou da paróquia, e até muito raramente vistas e aparecidas nas dinâmicas da freguesia, como uma festa ou evento, de repente, pela mão e imaginação dos iluminados profissionais do marketing político dos partidos, quiçá com recurso a Inteligência Artificial, são elevadas a um patamar de relevo, quase de santidade, dadas como dinâmicas, interessadas, apaixonadas pela sua freguesia, como se andemos todos cegos e incapazes de perceber a diferença entre o ser e o parecer.

Apesar de tudo, pessoalmente desejo que isso possa ser positivo e que se aproveitem a oportunidade e este palco da propaganda eleitoral para que essas mesmas pessoas, até aqui desaparecidas ou discretas nas suas vidas pessoais, passem a ser mais activas e dinâmicas no envolvimento da freguesia e nas suas diferentes acções, aparecendo e pondo-se ao serviço. Afinal de contas, não somos muitos e todos somos precisos. 

Sejam, pois, bem-vindos e bem-vindas!

10/10/2025

O que é que eu quero da futura Junta de Freguesia de Guisande


São conhecidas as listas, os protagonistas e as suas ideias, medidas e projectos embora, de um modo geral, ninguém tenha esclarecido de que forma algumas dessas ideias serão concretizadas, sobretudo as que dependem de vontades terceiras.

Asssim, neste próximo Domingo, dia 12 de Outubro, decidirão os eleitores guisandenses, escolhendo aqueles que nos próximos quatro anos farão a gestão da freguesia nos diferentes aspectos que a a lei e as competências conferem. 

Uns votarão de forma esclarecida e considerando as capacidades de cada lista, de cada elemento, sobretudo das três primeiras figuras. Outros escolherão apenas de forma convictamente partidária, clubista mesmo, independentemente da qualidade dos elementos da sua lista ou da concorrente. Outros, ainda, decidirão porque foram pressionados até à exaustão, quiçá com promessas com o interesse privado a sobrepor-se ao público.

Quanto a esta questão da pressão sobre as pessoas, em 2014, no sentido de ajudar a freguesia num ciclo de transição para a União de Freguesias, fiz então uma campanha quase solitária, falando com todos e todas, expondo as minhas ideias e sobretudo os motivos que me levavam a ter acedido a participar, num propósito de ajudar e minimizar a perda de proximidade. Nesse contexto, uma coisa posso garantir: A ninguém pedi ou pedinchei o voto, nem fiz promessas cujo cumprimento não dependia de mim cumprir, até porque era sabido que não seria mais que um vogal, sem competências. Ninguém, de boa fé, pode dizer-me o contrário. Em campanha não se devem pedir votos, mas apenas apresentar as ideias, os projectos, as propostas para que o eleitorado possa decidir de forma esclarecida. O resto, a decisão, é da livre vontade de cada pessoa. Considero, por isso, que é feio, muito feio, pedir o voto ou, pior do que isso, tentar comprá-lo ou condicioná-lo.

Por conseguinte, em 2014 o meu foco foi sempre esclarecer e sensibilizar as pessoas para a mudança que se avizinhava e que já antevia como prejudicial à nossa freguesia. Infelizmente não me enganei  e sendo que esse mandato de apenas 3 anos foi difícil, com pesados compromissos e dívidas herdadas, teve o mérito de assegurar a mudança de uma realidade para outra e colocar a união de freguesias a funcionar e ainda se fez alguma obra. Do pouco que dependia de mim, estive sempre próximo e atento e cumpri até para além das minhas competência, que eram nenhumas.

Certo é que, com essa atitude de transparência e de honestidade, sem sofismas, pressões ou promessas, consegui vencer por maioria, mesmo a lutar contra quem à frente e atrás realizava uma campanha suja, com recurso a ataques pessoais e até mesmo lutando contra uma imagem negativa ou com muitas reticências que o então candidato a presidente gozava na nossa freguesia, em muito devido a desinformação e a essa campanha suja que ía sendo feita à frente.

Apesar dessas dificuldades e do que foi possível realizar nesse mandato, considerei que o modelo de gestão seguido não correspondia ao que tinha perspectivado e que seria melhor para as freguesias, e daí que com toda a naturalidade recusei continuar.  Não era o meu modelo e o seguido não respeitava as freguesias e suas particularidades e necessidades.

Mais dois mandatos se seguiram e apesar de herdarem ambos bons saldos positivos, e com as coisas já a funcionar, as coisas não melhoraram, antes pelo contrário. Melhoraram nalguns aspectos mas no essencial ficou tudo na mesma.

Doze anos depois, chegados aqui, foi possível a desagregação e é com ela que agora contamos e assim vai iniciar um novo ciclo, já com a freguesia a ser gerida por guisandenses e a depender de si própria.

Retomando o pensamento inicial, a partir do próximo Domingo, ou mais concretamente depois da tomada de posse, que deverá ocorrer por meados de Novembro, teremos um Assembleia de Freguesia, como órgão de fiscalização e deliberação e uma Junta de Freguesia como executivo.

Considerando que em Guisande apenas concorrem duas listas, significa que bastará a qualquer uma delas vencer por um voto de diferença para alcançar maioria e assim governar sem necessidade de acordos. Num contexto de pluralidade, é pena que sejam somente duas listas, porque permitiria uma terceira opção. Numa analogia com cores, os guisandenses para além do branco e preto poderiam optar pelo cinzento.

Neste contexto, e independentemente de quem venha a formar Junta,  cada um falará por si mas por mim desejo que seja uma Junta de Freguesia a gerir com competência, com rigor no aspecto de contas, com proximidade, com inovação, com dinâmica e capacidade de ir além do quanto baste. Espero uma Junta que não nos envergonhe, dentro ou fora de portas, capaz de ajudar e dinamizar a cultura, o desporto, a valorizar o nosso passado e presente, a ser capaz de melhorar, requalificar e realizar obras necessárias. Que seja capaz de requalificar o monte do Viso, a envolvente da igreja matriz, na sede da Junta, modernizar os espaços, renovar e cuidar do arquivo, que não se percam livros de actas ou outros documentos como aconteceu num passado recente. Que toda a documentação, incluindo comunicações, ofícios, actas de reuniões de Junta e Assembleia de freguesia, seja feita com competência e qualidade e não apenas resumos mal escritos em meia folha A4, como também num passado recente.

Não é pedir muito e quem quer que aceite fazer parte de uma lista e por isso sujeito a vencer eleições e depois a assumir funções públicas, tem que ter capacidade e competência naquilo que tem de fazer. Os tempos actuais não se compadecem com amadorismo ou com iliteracias. O tempo de contas em papel de mercearia e pouca ou nenhuma transparência é do passado.

Espero também que os dinheiros sejam geridos de forma rigorosa e transparente, e que não sejam mal gastos, por vezes na tentação de coisas populistas, apenas baseadas em pão e circo, sem retorno, cuja utilidade se esgota num dia ou dois, ficando o essencial por realizar. Importa, pois, o equilíbrio e bom senso.

Em resumo, espero eu e certamente que muitos guisandenses, que a futura Junta seja mesmo capaz, para além das palavras bonitas e idealistas que se possam dizer e prometer em campanha. 

Como já escrevi por aqui noutro apontamento, repetindo-me, digo que pela parte que me toca, independentemente de quem venha a formar Junta, estarei disponível para apoiar e colaborar, desde que útil nos meus poucos talentos, e se solicitado, mas também estarei atento e  a apontar o foco para o que entender não corresponder a uma boa gestão, e para o que considerar como desleixo e incompetência. Acima de tudo quero ter orgulho na Junta da minha freguesia e não vergonha. Importará unir a freguesia e a comunidade e só com uma Junta capaz e competente é que isso será feito. 

Finalizo a expressar a pena de não ter sido possível concretizar com tempo uma lista independente, a unir gente boa de ambos os partidos, a remar para o mesmo lado. Nesse contexto daria o meu humilde contributo. Infelizmente, apesar do meu repto, feito por aqui e pessoalmente a quem poderia decidir, ficou sem efeito e preferiram dar prioridade aos partidos. Foi pena, mas a vida continua e de uma forma ou outra temos duas opções de escolha.

Desejo a todos e a todas que neste Domingo façam a escolha, livre, esclarecida e, se possível, sem clubismo, partidarismo, obrigações ou pressões.

09/10/2025

Bom senso e caldos de galinha

Nestas coisas, cada um é cada um e cada cabeça sua sentença. Admito que outros pensarão o contrário do que a seguir procuro reflectir.

Por mim, mesmo que até com risco e tentação em caír no mesmo pecado, procuraria não permitir que o que faço ou não ao serviço da paróquia e da Igreja fosse usado em contexto de campanha eleitoral. E por certas coisas que vou vendo, e conhecendo como julgo conhecer algumas pessoas, até fico na dúvida se essas coisas foram por elas  autorizadas ou se, pelo contrário, ao arrepio do seu conhecimento e autorizaçao, este o motivo para o qual me inclino.

Sem particularizar, as pessoas são o que são e valem pelo seu todo, e num meio pequeno como o nosso e nas pequenas freguesias, são por demais conhecidas, nas suas virtudes e defeitos, e não precisam de apresentações nem que um qualquer estratega de marketing político, até usando a Inteligência Artificial exagere e exacerba as suas virtudes como trunfo ou relevância em contexto político. Não havia mesmo necessidade.

Não me refiro a ninguém em particular, mas apenas pelo que tenho visto, com esta situação a ser explorada em várias campanhas e em várias freguesias. Considero que não é a melhor forma para quem de algum modo, por livre opção, decide entrar em contexto político e eleitoral , usar ou deixar usar em sua promoção o serviço que presta na Igreja, por mais valoroso e louvável que seja.

Admito, isso sim, que sejam destacados os aspectos de cidadania cívica de quem está à frente de uma associação, de um clube, de um movimento, os seus feitos culturais e sociais, etc, pois revelam interesse e dedicação pelas causas de uma comunidade, mas já quanto ao papel em contexto de serviço à Igreja, parece-me pernicioso e até perigoso pela mistura, pois se na parte civil é legítimo que cada um e cada uma tenha a sua opção politica e ideológica, já na Igreja as pessoas têm que se pautar por outros valores que não os políticos, desde logo o de serviço discreto, com humildade e na máxima evangélica de que "somos apenas servos inúteis no muito ou pouco que façamos".

Mesmo na sociedade civil, em defesa da laicidade e respeito por outras orientações religiosas e culturais, há muito que se retiraram os símbolos religiosos das nossas escolas e instituições públicas pelo que é neste sentido que também devem ser guardadas as devidas distâncias.

O bom senso, a humildade e a discrição ainda são valores que importa ter em conta.

Mas isto sou eu a opinar e não quero dar lições a quem quer que seja, mas pelo menos, num sentido geral. que se faça a reflexão quanto às vantagens e desvantagens.

Por mim, em contexto local, não preciso que me lembrem em panfletos políticos as virtudes das pessoas, desde logo porque as conheço. Iremos muito mal quando o nosso sentido de voto numa qualquer eleição política possa ter em conta quem anda mais ou menos pela Igreja, quem é católico, muçulmano ou de qualquer outra religião.

07/10/2025

Guisande - Aproxima-se a mudança


A data das eleições autárquicas será já no próximo Domingo, 12 de Outubro. Estamos, pois, a escassos dias de terminar a campanha eleitoral.

A nossa freguesia, como outras que almejaram a desagregação, está numa fase importante, já que Guisande voltará a ser independente, depois de um lesivo período de 12 anos numa união de freguesias que nada acrescentou, tendo sido objectivamente prejudicada, sem investimento em obras e melhoramentos compatível com pelo menos 1 milhão e 800 mil euros (contas por alto para o período de 12 anos), sabendo-se que antes da união a nossa freguesia já gerava anualmente orçamentos de 150 mil euros de receitas, por isso já não contando com a majoração das receitas da união de freguesia logo no primeiro ano nem com o aumento das receitas por parte da Câmara Municipal. 

Para aqueles que porventura ainda defendem as vantagens da união de freguesia, deixo o desafio de fazerem contas face ao que foi feito do orçamento da união de freguesia nos útlimos 12 anos, sendo que no primeiro mandato (apenas de 3 anos) até terá sido aquele em que mais se gastou em Guisande, desde logo com o pagamento das dívidas herdadas, num valor de cerca de 150 mil euros.

Neste contexto, a nossa freguesia está a poucas semanas de passar a tomar conta dos seus destinos, passando a ser gerida por guisandenses e todas as receitas nela aplicadas e já não a ser prejudicada em favor de outras freguesias, como efectivamente aconteceu. A panaceia de a União de Freguesias servir para mitigar assimetrias, foi isso mesmo, uma panaceia, uma descarada ilusão. Não só não foram limadas essas diferenças como até acentuadas.

Olhando agora para as duas únicas listas concorrentes, do PDS e PS, lideradas por Johnny Almeida e Celestino Sacramento, figuras que me merecem simpatia e consideração, tem sido notória uma grande diferença na dinâmica de campanha. Desde logo, Johnny Almeida fez uma apresentação pública da sua lista aos guisandenses, em Guisande, enquanto que Celestino Sacramento apenas o fez ao nível municipal, em Santa Maria da Feira.

Nas redes sociais tem sido notória uma maior dinâmica na lista do PSD. Pelo PS, vejo pouco destaque e sem grande imaginação, em que os próprios componentes da lista aparecem como apoiantes da mesma.

No porta-a-porta, o PSD tem-no feito em equipas enquanto que pelo PS tenho visto apenas alguns elementos sozinhos, desgarrados, incluindo um elemento que não fazendo parte da lista tem feito campanha em nome dela, fazendo promessas e mais promessas, mesmo que sem legitimidade para as fazer, deixando adivinhar que caso vença o PS poderá ser essa pessoa a fazer o papel  de presidente. Espero bem que não. Seria um retrocesso e algo nunca visto, alguém não eleito e nem sequer a integrar a lista, a fazer de presidente, de secretário ou tesoureiro ou seja lá o que for. A sua ligação a uma Junta de má memória e de pesadas dívidas para a União de Freguesias não deve ser esquecida. A memória não pode ter perna curta.

Apesar de tudo, bem sabemos que as campanhas a este nível local, valem o que valem. Podem valer muito, pouco ou nada. Por outro lado, se há eleitores que se vendem por pouco, por uma promessa de vantagem ou de outra natureza, ou até pela dimensão da campanha, a maioria ainda pensa pela cabeça própria e é capaz de decidir em função de valores e factores que considera como importantes.

Posto isto, está-se a esgotar o período de campanha e depois, no próximo Domingo, será a vez dos eleitores, esses, sim, a decidirem, bem ou mal, de acordo, ou não, com as percepções ou peso da campanha ou das figuras que fazem parte da lista, nomeadamente os três primeiros.

Por mim já decidi em quem votar. Será ou não uma decisão acertada? O tempo o dirá. Apesar disso, tenho, por enquanto, procurado ter alguma imparcialidade e não me pronunciar de forma directa, mesmo que tenha o direito de me declarar a favo de A ou B, com ou sem justificação. Se o farei, ou não, até ao final da campanha, é uma decisão minha. Espero que não venha a ser necessário até porque nem acho que isso seja relevante ou que possa influenciar quem quer que seja.

Espero, isso, sim, elevação e civismo no resto da campanha e que a aquipa vencedora, o Johnny Almeida ou o Celestino Sacramento, sejam capazes de fazer um trabalho competente, dinámico, até inovador, de proximidade, de união e e com muito rigor e transparência na gestão e contas. É pedir muito? 

Pela parte que me toca, independentemente de quem venha a formar Junta, estarei disponível para apoiar e colaborar, desde que útil e solicitado, mas também estarei atento e  a apontar o foco para o que entender não corresponder a uma boa gestão, e para o que considerar como desleixo e incompetência.

05/10/2025

Em Pigeiros como moderador de debate político


Ontem, Sábado, pelas 21:00 horas, no Centro Cívico Feliciano Martins Pereira, em Pigeiros, estive a moderar o debate entre candidatos à eleição para a Assembleia de Freguesia de Pigeiros. 

Apesar de ser um papel que, naturalmente, não estou habituado a desempenhar, aceitei por consideração aos candidatos e por concordância dos mesmos. Doutro modo não aceitaria.

De princípio o pressuposto era um debate com os três cabeças-de-lista, António Cardoso pelo PS, Tiago Afonso pelo PSD e Hélio Santos pela CDU. Não obstante, já na parte da tarde de ontem, tomei conhecimento de que o candidato pelo PSD, por motivos ou razões que não me compete avaliar ou tecer considerações, antes aos pigeirenses, porque uma decisão que se deve respeitar, o debate acabou por ser apenas entre as duas outras candidaturas.

Neste contexto, o debate foi fluído, num registo de civismo e cordialidade, no que me apraz registar.

É certo que todos os candidatos ao longo das últimas semanas já têm feito a sua campanha, com acções nas redes sociais, junto da população e até mesmo com um debate na rádio e lugar na imprensa escrita. Apesar disso, este momento de campanha permitiu uma outra forma dos candidatos, cara a cara, e presencialmente com os pigeirenses que entenderam participar, voltarem a traçar as linhas dos seus programas, dar a conhecer as ideias, os projectos, assinalar as necessidades e as respostas para as resolver ou mitigar.

Em suma considero que foi um debate muito positivo e gratificante. Para além de tudo, registo de forma particular o sentido de missão com que ambos os candidatos definem as suas candidaturas, como um corolário da luta que os pigeirenses e os próprios travaram no processo que, pela desagregação da sua união de freguesias, tornou possível a devolução a Pigeiros da sua autonomia, da sua independência. Como reiteraram os candidatos, mesmo com todas as dificuldades que se esperam neste novo ciclo que se prepara, a freguesia, independentemente de quem venha  a merecer a confiança dos eleitores, passará a ser gerida pelos pigeirenses. Demonstraram ainda o conhecimento profundo que têm da sua freguesia, em todos os aspectos e daí traçarem um retrato fiel das suas potencialidades mas também carências.

Posto isto, para mim foi uma experiência positiva, enriquecedora e um excelente exemplo por parte de todos os participantes, de maturidade democrática e um esforço suplementar em não deixar pontas soltas no processo de esclarecimento do eleitorado pigeirense de modo a que no próximo dia 12 de Outubro, possam fazer a sua escolha de forma mais esclarecida e fundamentada.

A sala esteve muito bem preenchida no que valorizou o debate.

Agradeço a confiança e a consideração pelo convite, numa consideração que é recíproca, pois tenho um carinho especial pela freguesia de Pigeiros e faço votos que o que falta da campanha eleitoral decorra dentro desse espírito de democracia e civilidade e que os pigeirenses escolham de forma consciente e esclarecida.

Quanto ao resto, nomeadamente quanto aos motivos que fundamentaram a ausência de um dos candidatos, qualquer juízo ficará por conta dos pigeirenses, pois é luta que não me diz respeito.

Obrigado a todos, pela consideração e pela lição de democracia!

03/10/2025

Buracos e barreiras

 


Está assim há meses. A Rua do Sebastião, em Cimo de Vila, tem estado interrompida ao trânsito e foi deixada por completar a pavimentação de que estava a ser alvo. O motivo, um abatimento do pavimento numa zona de passagem de água, que não resistiu ao peso dos camiões que forneciam o asfalto betuminoso para a pavimentação.

Estas coisas acontecem, tanto mais que na origem da abertura da estrada e sua pavimentação, há vários anos, não foi acautelada, com reforço adequado, a passagem de água. Por outro lado, o problema nunca foi a passagem de veículos ligeiros numa estrada com pouco movimento, mas precisamente a passagem de camiões com peso de várias toneladas.

Em resumo, não se previa, aconteceu e  tem que se resolver. Não obstante,  mesmo que passados já alguns meses, continua por resolver o buraco, a pavimentação  por concluir e a estrada interrompida, com os naturais transtornos, sobretudo dos moradores. 

Felizmente, para os moradores, há outro caminho alternativo, utilizando a Rua de Cimo de Vila, mas estreito e com uma curva acentuada no entroncamento com a Rua do Sebastião. Por este, só mesmo a pé, pois está impedido à circulação de veículos, com barreiras e um buraco à mostra. 

Noutros tempos, umas calças rotas, com buracos, eram motivo de vergonha e sinal de pobreza, mas nos dias que correm, os buracos, mesmo nas nossas ruas, fazem parte da moda, pelo que ninguém se espanta ou preocupa com eles. Ali, numa rua com pouco trânsito, a situção passa despercebida a quem tem de decidir a reparação. 

Apesar disso, uns vão dizendo que estão no bom caminho e outros que temos um concelho vibrante. Vamos lá nós entender o que é que isto quer dizer! Para já, a única certeza é que passarão mais uns meses e com eleições a pouco mais de uma semana é mais que certo que será um trabalho para outra administração. Nada mais resta que esperar, até porque, por agora, as preocupações dos autarcas candidatos são outras.



02/10/2025

Somos o que somos e isso é o que importa


É sabido, a partir das próximas eleições de 12 de Outubro próximo, e passados uns dias a tomada de posse dos vencedores, a nossa freguesia, como centenas de outras que almejaram conseguir a independência face às uniões de freguesia, que duraram 12 anos, voltará a ser dona dos seus destinos, dirigida por pessoas que, nascidas ou residentes, conhecem e gostam da sua freguesia.

Os vencedores formarão a Junta e farão a gestão pelos próximos quatro anos, e procurarão dar o melhor de si. Os vencidos ficarão como oposição da Assembleia de Freguesia e, seja quem for, espera-se que de forma construtiva, de fiscalização e escrutínio, a apoiar se eficiente ou a reclamar se a gestão for danosa, inócua ou desorganizada.

Em todo o caso, importa que todos remem para o mesmo lado e que logo depois dessa etapa da transição o foco seja a freguesia e a comunidade. Divisões, lutas partidárias e até algumas guerrilhas, como no passado, com mal-dizer e difamações pelo meio, felizmente condenadas e julgadas na Justiça, já não têm lugar, porque os tempos são outros e as velhas manhas e intrigas já não funcionam, porque quem  em 2013 tinha 6 anos e andava na escola primária e na catequese, hoje são eleitores, jovens, formados e esclarecidos.

Importa ter em conta que todos somos poucos e que a freguesia, o que tem, o que é, o que representa como território e comunidade, é fruto de várias gerações de guisandenses, de figuras dedicadas, mesmo que nas suas limitações e aptidões frágeis. Tempos houve em que uma acta de reunião de Junta testemunhava o arranjo de um caminho ou lavadouro e na maior parte das vezes, porque não havia tema, o senhor presidente logo depois de abrir a reunião fechava a mesma com a batida frase "...e não havendo mais nada a tratar, o senhor presidente deu por encerrada a sessão".

Mais à frente, as contas faziam-se à mão, com prova dos nove, num qualquer papel de mercearia e os ofícios a pedir dinheiro à Câmara, sem vergonha dos erros de ortografia, escreviam-se com pena de tinta e papel mata-borrão a chupar os excessos, que dinheiro faltava mas tinta sobrava. 

Hoje em dia, na era da informática, da digitalização, ferramentas online, armazenamento na núvem, correio elctrónico, redes sociais, wathsapp, video-conferência, inteligência artificial, etc, as exigências são outras e as de uma qualquer Junta já não se compadecem apenas com as limitações da velhinha e sabida quarta classe ou com iliteracia informática, financeira ou de outra natureza. Quaisquer que sejam aqueles que venham a servir os nossos órgãos de poder local, convém que estejam capacitados para estas modernices, para estas novas exigências porque é com essa música que agora se dançará.

Em resumo, somos nós próprios e as nossas circunstâncias. Somos aquilo que somos, e temos que trabalhar e valorizar o que somos e temos e potenciar com determinação e mesmo inovação o que poderemos ter e ser. Se não, pagaremos todos pelo que adiante não formos capazes de ser e de aspirar a ter. O momento, porque num novo ciclo, é de exigência e responsabilidade. Sejamos capazes, todos, de fazer as escolhas que mais importam. As contas, com ou sem prova dos nove, serão feitas daqui a quatro anos. 

Que seja um período de retoma, não só da independência enquanto território e comunidade, mas sobretudo de valorização e também de união, já não de freguesias mas dos guisandenses.

30/09/2025

Os paradoxos dos slogans eleitorais

Os "slogans" políticos, sobretudo os adoptados em campanhas eleitorais locais, raramente funcionam e quase sempre são meras banalidades, lugares comuns ou até mesmo se revelam como paradoxos.

Veja-se, por exemplo, o "slogan" do PS - Partido Socialista, para estas eleições autárquicas, em que se desdobra no "Há outro caminho", nas situações em que supostamente pretende inflectir o rumo da situação de quem governa, como na Camara Municipal e em alternativa ao PSD, e "No bom caminho", quando supostamente se pretende dar continuidade a uma governação do próprio partido que, mesmo que ao arrepio da boa verdade, se considere com bom trabalho.

Só que neste caso e em certas situações, a coisa apresenta-se como paradoxal ou até mesmo irónica. Tomemos como exemplo a nossa freguesia de Guisande, em que a lista do PS, liderada por Celestino Sacramento, também adoptou o lema "No bom caminho". No bom caminho? Mas então não se deu como provado que esta União de Freguesias estava no caminho errado, incerto?  E daí, o próprio Celestino Sacramento, com o apoio e voto da bancada do PSD na Assembleia da União de Freguesias,  não foi uma figura chave no processo de desagregação? Se, então, considerava o casamento da União de Freguesias estar "No bom caminho", porquê o ter contribuído para o divórcio?

Em suma, preferia que o PS em Guisande e o seu cabeça-de-lista tivessem adoptado outro "slogan", mais consentâneo com o novo ciclo,  porque este de facto não condiz nem rompe com a realidade. De resto, eu próprio não quero este "bom caminho" que já a menos de duas semanas das eleições (a 12 de Outubro), em quatro anos apenas limpou a rua na frente da minha casa uma única vez e neste momento, e desde então, está neste estado como mostra a foto acima, mesmo que, de quando em vez eu próprio, como os vizinhos,faça a limpeza. Mas há mínimos e nem sempre nem nunca. É este o "bom caminho" em que quanto à requalificação do Monte do Viso", prometida e esperada, nada passou de intenções, em nada mostrando ser diferente da anterior gestão? Não fossem as pavimentações de algumas ruas e a requalificação do rinque polidesportivo realizadas por acção e verbas do orçamento camarário e o que restava? Pouco, digo eu! 

Houve, concerteza, um esforço de proximidade por parte de um presidente com uma postura mais próxima, mais respeitadora das pessoas e grupos, sabendo ser ouvinte e interessado. Houve, de facto, uma melhoria substancial nesse aspecto face aos anteriores dois mandatos, então com um presidente desligado das freguesias para além do foco na sua.  Mas também considero que só essa melhoria foi insuficiente no todo. Mesmo o que poderia ser significativo para a freguesia, como o apoio cabal à instalação do piso sintético no campo de futebol do Guizande F.C., de resto com o compromisso assumido publicamente, para quem quis ouvir e gravar, acabou por caír, indo ao charco, e passará para a história como um compromisso falhado, não honrado. Ora com tudo isto somado, com franqueza, não podemos concluir que foi um "bom caminho" e mais do que isso, que seja esse o modelo agora a seguir pelo Celestino Sacramento e a sua lista do PS.

Acredito, com sinceridade, que ambas as listas concorrentes às eleições de 12 de Outubro, pretendem o melhor para a freguesia, mesmo que para já se notem diferentes ideias em situações várias, e diferentes dinâmicas de campanha, mas este "No bom caminho"  como slogan, não colhe" porque desfasado da realidade. 

Apesar de tudo, bem sei que para o Celestino Sacramento não é fácil este papel, porque por um lado contribuiu positivamente para a desagregação, e pessoalmente eu ficarei sempre grato e reconhecido por isso, mas não pode desligar-se da incapacidade da sua Junta da União de Freguesias, suportada por uma lista de que ainda faz parte, e por isso dos aspectos menos bons da governação ou do muito que ficou por concretizar, e que, tal como os anteriores executivos, mesmo aquele onde, sem poder nem competências decisórias, tomei parte, não foi capaz de  mostrar as vantagens de uma união a quatro, antes pelo contrário. Para além de uma melhoria na proximidade por parte do ainda actual presidente, que reconheço, mais pelo estilo do que pela substância do modelo, foi notória a falta de obras estruturais e a escassez de melhoramentos, particularmente dos suportados pelo  orçamento da Junta, sem ser capaz de limar as assimetrias, como se prometia com as uniões de freguesia. Uma falácia, porque as assimetrias anteriores à União mantiveram-se ou até se acentuaram!

Em suma, o papel do Celestino Sacramento nesta eleição não é fácil, porque pretende mostrar em campanha  que é possível outro caminho em alternativa a um caminho em que ele também fez parte e como tal é co-responsável.

Seja como for, todas estas considerações são apenas pessoais, minhas, e em bom rigor será o eleitorado no seu todo a escolher aqueles e aquelas que a partir das eleieções do dia 12 de Outubro e depois da tomada de posse irão gerir os destinos de uma freguesia já por conta própria, em que o caminho a seguir será, certamente, melhor caminho do que o até aqui percorrido.




29/09/2025

Quando se ignora a origem dos problemas


Os assistentes de Inteligência Artificial fazem-nos ser preguiçosos. Não mais inteligentes, porque quem é burro continuará a ser burro (salvo seja para os próprios), mas, sim, mais dados a fazer coisas sem cuidados, pesquisas, verificações das fontes etc. Mas, admitindo que os dados seguintes estão certos, até porque cruzei algumas fontes, quando está na ordem do dia a falta de habitações, o aumento das mesmas e das rendas, bem como a insuficiência de serviços de saúde, ou, melhor dizendo, dos profissionais que os servem, importa não esquecer o impacto do aumento quase exponencial dos imigrantes.

Nos últimos anos, o número de imigrantes em Portugal aumentou drasticamente, duplicando em três anos e quase quadruplicando desde 2017, com a população estrangeira a ultrapassar 1,5 milhões no final de 2024, segundo dados da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). Em 2017, havia cerca de 421 mil estrangeiros regularizados, e esse número passou para aproximadamente 1,55 milhões em 2024.

Evolução do número de imigrantes:
Em 2017: Havia cerca de 421 mil estrangeiros legalizados em Portugal.
Em 2023/2024: O número de imigrantes ultrapassou os 1,5 milhões, chegando perto dos 1,6 milhões no final do ano passado.
Duplicação em três anos: O número de estrangeiros mais do que duplicou nos últimos três anos.
Quase quadruplicou desde 2017: Comparado com 2017, o número de imigrantes quase quadruplicou.
Fontes:Dados da Agência para a Integração, Imigrações e Asilo (AIMA) confirmam este aumento significativo. Relatórios da AIMA e Público também evidenciam o crescimento.

Em resumo, estavam à espera de quê? Do milagre da multiplicção. Decorre daqui o problema de uma imigração descontrolada e sem regras, porque, precisamente, contribui para a incapacidade de resposta das necessidades inerentes. Por conseguinte, a imigração é precisa mas de forma regulamentada, controlada e não só em função das necessidades do mercado de trabalho mas também de forma a que os serviços sociais, de educação, saúde e habitação, possam corresponder e dar respostas.

Quando assim não acontece, como se passa em Portugal, não surpreendem as consequências e não há nenhum Governo que possa acudir, no imediato, a esta carência. Se sim, só com milagres para quem neles acreditar. Por regra, as oposições são férteis em descortinar milagres, sobretudo o da multiplicação. Uma vez nos governos, dão-se conta dessa incapacidade, e de deuses e santos, passam a falíveis seres terrenos.

28/09/2025

Apagões


Bem sei que por este Sábado, houve uma depressão, com nome de gente, e que fez por aí alguns estragos, como antes nos Açores. Não obstante, é preocupante que logo aos primeiros sinais de Inverno, na nossa zona tenhamos ficado sem electricidade durante mais de uma hora e antes disso com várias e curtas interrupções. Esta falta de resiliência da nossa infra-estrutura eléctrica deixa-nos, de facto, apreensivos.

Vamos indo e vendo, mas não auguro nada de bom sempre que o vento sopre mais forte e a chuva engrosse.

25/09/2025

Candidatos à Assembleia de Freguesia de Pigeiros - Debate

Ouvi, interessado, o debate na Rádio Clube da Feira, ontem, entre os candidatos concorrentes à Assembleia de Freguesia de Pigeiros, no caso António Cardoso, pelo PS e Tiago Afonso, pelo PSD. Faltou, pelos vistos sem justificação, o representante da CDU.

Devo dizer que gostei. Pela forma como decorreu e da clareza com que as questões aos diversos temas foram respondidas. Isso, parece-me, demonstra a qualidade de ambos os candidatos e das ideias objectivas que têm para a freguesia, mesmo que com as naturais diferenças.

O debate decorreu quase sempre com cordialidade e sem grandes embates porque as diferenças nas medidas propostas não são muito diferentes, mesmo que me pareça, pelo menos do que ficou exposto, que António Cardoso apresentou ideias estruturantes, nomeadamente para os acessos da Zona Industrial de Romariz à rotunda da A32 e desta ao PERM. Concerteza que serão obras a carecer do envolvimento e decisão de outras entidades, que não apenas a Junta de Freguesia, mas que de facto quando, e se, vierem a ser concretizadas, serão fundamentais. Pelo menos ficou a visão. Mas, no geral, ambos os candidatos com medidas interessantes e necessárias. De resto, como em todas as freguesias desagregadas, nomeadamente as que não tinham o papel de cabeça, como Guisande, Gião, Louredo, Vale, Vila Maior e Pigeiros, o atraso nestes últimos 12 anos tem sido notório, com perda de proximidade mas também de outras acções que antes da formação das uniões funcionavam relativamente bem e cujos modelos não foram seguidos e daí com maus resultados.

Se ouvi e percebi bem, a maior diferença de propostas tem a ver com o aproveitamento da zona desportiva no lugar do Barreiro, iniciada mas inacabada. O António Cardoso defende que a mesma seja concluída e revitalizada e que a Câmara Municipal honre os compromissos assumidos para com o equipamento, com carácter de municipal, o que na sua opinião ainda não aconteceu. Por sua vez o Tiago Afonso pretende a sua reconversão ou aproveitamento como espaço para habitação a custos acessíveis e, em contrapartida à zona desportiva, valorizar o actual e antigo Campo de Jogos Manuel Pé D´Arca, o qual tem vindo a sofrer obras de melhoramentos.

Como disse, o debate, ao contrário de muitos, foi enriquecedor. Apesar disso, e porque se trata de um debate de ideias, na parte final houve alguma tensão entre os candidatos quanto ao processo que inviabilizou a formação de uma lista independente, que integraria os agora dois candidatos, bem como ao que o António Cardoso considerou como pouco ético o envolvimento da Junta PSD numa acção promovida em período de pré-campanha, pelo Impulso Jovem, designação do grupo de jovens da paróquia de Pigeiros. Houve, de facto, alguma tensão e natural desacordo.

Apesar desta desconvergência final, e que poderá continuar num debate público em sede de campanha, os candidatos de Pigeiros mostraram ter qualidade e uma boa visão para a freguesia. 

António Cardoso tem e demonstrou ter a experiência, até porque foi autarca, presidente de Junta, vereador municipal e deputado na Assembleia da República e um profundo conhecimento das diferentes realidades da sua freguesia, do passado e do presente, bem como dos contextos de ligação face ao município e outras entidades. Tem ainda a seu favor a total disponibilidade com que se apresenta à população.

Por sua vez, o Tiago Afonso, que conheço circunstancialmente,mas que vou acompanhando a sua acção e pensamento, apesar de representar uma outra geração e não natural de Pigeiros mas residente, demonstra também já ter um bom conhecimento da freguesia, das suas necessidades e potencialidades e percebe-se que tem as qualidades pessoais e de formação para poder envolver e  desenvolver um bom trabalho. Entre vários aspectos, gostei da sua análise à forma como terá de ser encarado o problema da limpeza dos espaços públicos e ruas, ou seja, com antecipação e planeamento. De resto defendi este modelo quando fiz parte da Junta da União, mas sem acolhimento. 

Como um aparte, de facto, quanto a este aspecto das limpezas, pessoalmente também considero que é preciso planeamento  e antecipação, e que em muitas situações será mais vantajoso limpar com mais regularidade, antes da vegetação crescer para tamanhos que depois envolvem mais tempo a limpar, mais desgaste dos equipamentos e maior volume de vegetação a remover. Há também valetas, em certos locais, que pela sua natureza ou de passagem de águas, devem ser pavimentadas, com meias-canas, de modo a melhorar o escoamento das águas e a reduzir o impacto e o crescimento, como, em Guisande, onde tal se verifica na Rua da Fonte, entre as Quintães e Casaldaça e noutros locais onde há acumulação de terras.

Para resumir, o eleitorado da freguesia de Pigeiros tem de estar satisfeito por ter dois candidatos de qualidade e que em face da sua livre escolha em 12 de Outubro, terá a garantia de boa representação.

Desligando-me da consideração pessoal que confesso ter pelo António Cardoso, que naturalmente já vem de há muitos anos, e de qualquer tendência partidária, que não tenho, de todo, a este nível local, do que vou lendo e ouvindo e pelas minhas percepções, considero ambos os candidatos com muita qualidade e acima de tudo parece-me que ambos muito interessados em servir da melhor forma a sua comunidade.

Em 12 de Outubro, caberá aos pigeirenses fazer a análise e a escolha, desejando-se que de forma tão esclarecida quanto possível!


21/09/2025

A lei e a ética - O que valem?


Eu não sei se é eticamente censurável, com falta de transparência na gestão pública ou se configura nepotismo, a decisão de Emídio Sousa, actual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, enquanto presidente da edilidade de Santa Maria da Feira, de aprovação de uma nomeação por parte do seu vereador da Cultura, para um cargo político de uma sua familiar indirecta, no caso uma sobrinha, para secertária do gabinete do respectivo pelouro. Talvez seja, talvez não!

Talvez o ex autarca se tenha posto a jeito para a censura e para o escrutínio público, mas, de acordo com a lei, e disseram-no os especialistas, a aprovação da nomeação foi legal. De resto, uma nomeação política é isso mesmo, escolher alguém que se conhece e de quem se tem confiança. De resto, Emídio Sous não nomeou mas apenas aprovou, o que poderá dar ao mesmo, ou talvez não. Além do mais, do que conheço e me têm transmitido, a pessoa em causa, há mais de 10 anos que tem exercido a função com qualidade e competência, afinal que o que se espera do respectivo cargo.

A questão essencial aqui será esta? É legal? É ilegal? Se é ilegal, que actue a Justiça, ou deveria ter actuado no tempo próprio. Se é legal, então nada a opor. Se estão em causa questões de transparência, ética e nepotismo e se tal é censurável ou não, mesmo sendo um cargo de confiança política, então que se altere a lei para impedir estas coisas, estas dúvidas, este pasto para chamas, porque este não foi caso único e, de uma forma ou outra, aqui, ali e acolá, é prática corrente. Ademais, custa acreditar que num Estado de Direito, em que se defende a individualidade, alguém possa ser prejudicado no acesso a funções públicas só porque é familiar indirecto do presidente, do vereador ou do director. Terá menos direito que qualquer outro cidadão?

Talvez mais do que isso, é censurável, e mesmo eticamente reprovável, que sob um ponto de vista jornalístico, um assunto que foi público e legal, venha agora a terreiro através de um meio de comunicação social com estatuto de serviço público, quando passado mais de uma dezena de anos sobre o facto. A que propósito, com que objectivo? 

Reitero, o ex-presidente da nossa Câmara pôs-se a jeito, e eu não o faria, mas actuou apenas dentro do que a lei permite. Quanto à ética e aos outros valores que se procuram aqui debater, e se foi ou não censurável ou reprovável, revestem-se de subjectividade e interpretação de acordo com os interesses de quem critica, para além de que tais valores há muito que deixaram de ser considerados, sobretudo no contexto de serviço público e político. Porventura, quem agora defende que faltou ética no caso, é defensor de que um médico quebre o seu juramento e possa praticar o aborto e a eutanásia, ou que um jornalista revele as fontes, ou que um oficial de Justiça quebre o segredo de processos, e que a acção de um criminoso informático, invadindo o foro particular deterceiros, como a sua correspondência, seja elevado aos céus como benfeitor, só poque supostamente em nome do bem público, como se, em consonância, a um advogado seja legítimo revelar a confissão de um seu cliente, admitindo o crime, por mais banal ou hediondo que seja. Além do mais, se há sector da sociedade que há muito perdeu o crédito da ética, é precisamento o da comunicação social e do jornalismo, precisamente o que agora vem a terreiro fazer de juíz. O jornalismo, de um modo geral, não só os dos órgãos conotados com o sensacionalismo, como mesmo o da RTP, tem sido digno de retrete. É disto que se trata, mesmo que fique por clarificar o propósito.

18/09/2025

Os partidos políticos não gostam de partir nem repartir


Muito se fala em participação cívica e em aproximar os eleitores da política. Porém, quando olhamos para as regras do sistema eleitoral português, percebemos rapidamente que a balança está longe de ser equilibrada: os partidos políticos gozam de um claro favorecimento em relação aos movimentos de cidadãos.

Nas eleições legislativas e europeias, o monopólio é absoluto — apenas partidos ou coligações de partidos podem apresentar listas. Os cidadãos organizados em movimentos independentes estão pura e simplesmente excluídos. Nas presidenciais, embora as candidaturas sejam individuais, exige-se um número elevado de assinaturas, o que limita na prática a entrada de quem não tenha já notoriedade pública.

É nas autárquicas que se abre a única porta para a participação directa dos grupos de cidadãos eleitores. Mas mesmo aí as exigências são desiguais: enquanto os partidos apenas precisam de entregar listas, os movimentos de cidadãos têm de recolher assinaturas validadas. E mais: os partidos podem apresentar candidatos recenseados fora da freguesia ou concelho em que concorrem, ao passo que os movimentos de cidadãos são obrigados a que todos os seus candidatos estejam recenseados no território a que a candidatura se destina.

No financiamento e no acesso à comunicação social a desigualdade repete-se. Os partidos com representação parlamentar beneficiam de subvenções regulares e de maior tempo de antena. Já os movimentos de cidadãos só recebem apoio limitado e pontual, proporcional ao resultado eleitoral.

A Constituição define que os partidos são essenciais para a organização da vontade popular. Mas, na prática, essa centralidade transforma-se num privilégio que fecha portas a iniciativas cívicas independentes. O resultado é um sistema que dificulta a renovação democrática e que mantém a política demasiado dependente das lógicas partidárias tradicionais.

Volta e meia faz-se esta discussão mas, em bom rigor, os partidos, e sobretudos os do designado arco do poder, não estão interessados em facilitar o acesso ao poder a grupos de cidadãos. Não gostam, não querem partir nem repartir as benesses. Em muito, também brota daqui o cada vez mais crescente descrédito e desconfiança para com a classe política, o que favorece os movimentos populistas.

Em resumo, a nossa classe política, pelos maus exemplos, há muito que anda a pôr-se a jeito, gerando um cada vez maior número de cidadãos descontentes, sem confiança, sem esperança e por isso revoltados e susceptíveis de aderirem a candidatos extremistas e populistas.

17/09/2025

Campanha & Companhia - Louredo - Debate na rádio


Assisti ao debate entre os candidatos à Assembleia de Freguesia de Louredo, no caso apenas entre os candidatos pelo PS, Roberta Reis, e pelo PSD, Fernando Moreira. A IL esteve ausente.

No geral gostei. Naturalmente que candidatos diferentes, de geração e experiências. Não obstante, em muito concordantes quanto às necessidades e com ideias similares em vários temas, o que de resto tem sido tónica nos debates a que tenho assistido. 

A diferença poderá estar na capacidade e formas de aplicar as ideias e projectos e de dar respostas às necessidades e aí entre a confiança que o eleitorado coloca, ou não, nas diferentes listas. No resto é como nos melões, a qualidade só se verifica depois de se abrirem e provarem.

Todavia, neste aspecto, parece-me que Fernando Moreira e a sua lista partem com clara vantagem, pois o cabeça-de-lista do PSD já foi autarca de Louredo e reconhecidamente tendo feito um bom trabalho, até notável em vários aspectos, considerando a dimensão populacional da freguesia. Joga ainda a seu favor o historial de tendência ganhadora do PSD em Louredo.

Apesar disso, houve um interregno de 12 anos e agora é um novo ciclo e naturalmente que ambos os candidatos pretendem marcar posições e reorganizar a freguesia, que volta a estar por sua conta.

Quanto à forma como decorreu o debate, foi respeitoso e, de algum modo,  proveitoso para os que têm dúvidas na intenção de voto, que, não obstante, acredito que em Louredo sejam poucos. 

Nos comentários nas redes sociais, alguns visitantes queixavam-se de que Fernando Moreira monopolizava o debate mas, a meu ver, sem fundamento. Falou mais, muito mais, mas não porque a candidata pelo PS não o pudesse fazer. De resto admitiu isso quando chamada à atenção pelo moderador. Ou seja, Roberta Reis, falou tudo o que tinha a dizer no tempo e ritmo que quis. Falou quanto quis falar. Simplesmente as suas ideias e propostas foram apresentadas de forma mais genérica e sem grandes considerações ou acrescentos. Podia, naturalmente, demorar mais tempo nas diferentes intervenções, como sugerido pelo moderador. É, pois, injusto, parece-me, que no contexto descrito, se pretenda acusar o candidato pelo PSD de monopolizar o debate. Mesmo que assim fosse, a responsabilidade seria do moderador.

De resto, não deixa de ser paradoxal, que algumas das pessoas que deixaram comentários nesse sentido de vincar a suposta monopolização do debate, tenham, elas própria e à sua conta, dezenas de comentários. Parece-me que não é por uma mesma pessoa estar sempre a comentar e a dar razão a um candidato, que terá mais razão. De resto nem o ritmo nem o número dos comentários têm qualquer influência no debate e na decisão. Mas, nestas coisas como na bancada a ver futebol, há sempre adeptos mais ruidosos, mesmo que isso pouco conte para o que se passa no campo de jogo. Adiante.

Quanto à questão inicial, sobre a desagregação, tal como já aconteceu com a candidata do PS por Gião, que aprecio e tenho como uma excelente opção para os eleitores locais, a Roberta Reis não foi capaz de dizer de forma clara se esteve ou não contra a desagregação. E seria importante fazê-lo, pois o PS na actual Junta e Assembleia de Freguesia, esteve convictamente contra.  E creio que, para o bem ou para o mal, era importante que essa posição ficasse clara para os eleitores. Ao invés, limitaram-se a dizer que isso era passado e que agora é uma nova realidade e é com ela que têm de contar. 

Também neste aspecto, Fernando Moreira não me pareceu muito claro, se era objectivamente a favor ou contra a desagregação, no que pode ter sido interpretado como um "nim". Mas considerou de forma categórica que a União não funcionou, pelo que se pode daí deduzir que considera a desagregação como positiva e de resto foi o PSD quem votou a favor, mesmo com o fundamental contributo e papel do Celestino Sacramento, elemento do PS na Assembleia de Freguesia, como fez referência, e justa, o Fernando Moreira. Sem o Celestino mas também sem a posição favorável e activa do PSD, a desagregação não teria sido possível. Fosse pelo PS e continuaria a vigorar uma União que mostrou não funcionar como tal.

E mais disse, no que pessoalmente também concordo, a União não funcionou porque nos três mandatos da sua vigência, os presidentes eleitos não adoptaram o modelo correcto, que seria manter os esquemas já existentes nas fregueias, que funcionavam bem e que bastaria melhorar e potenciar. Ou seja, eu também defendia isso, que de algum modo, apesar de orçamento geral, cada freguesia deveria, tanto quanto possível, manter a sua dinâmica própria e com os representantes de cada freguesia a terem um papel mais activo e decisivo e com competências, que, no meu caso, nunca foram atribuídas. Mas foi uma vontade inglória porque não aceite pelo presidente.

Ao contrário, não se foi por aí, antes por uma gestão centralista, focada sobretudo em Lobão, porque a maior parcela, e deu no que deu. O facto de em três mandatos o presidente da Junta ter sido sempre da área de Lobão, e voltaria a ser num quarto, quinto ou sexto mandatos, diz muito sobre o falhanço, porque centralista, e, repito, focada na importância e peso de Lobão. Nunca se deveria ter adoptado uma União com freguesias tão desequilibradas em termos de peso eleitoral, potenciando esse centralismo negativo. Acredito que mesmo num cenário de Uniões, poderia funcionar melhor uma com Guisande e Louredo, Louredo e Vale, ou Guisande e Giãoo, ou até mesmo com Gião, Louredo e Guisande, mas nunca com Lobão, porque com um peso superior às demais, por isso já a adininhar-se algum "canibalismo" de preponderância de poder.

Um dos aspectos positivos que se apregoava para a vantagem da União, seria o desfazer das assimetrias, de modo a que todo o território se aproximasse no seu desenvolvimento. Provou ser uma completa falácia já que isso não aconteceu, como até se acentuaram as assimetrias bem como a perda de serviços e proximidade entre eleitores e eleitos, até porque estes foram reduzidos no seu número. 

Em resumo, um debate positivo, este de Louredo, com a identificação das necessidades mais ou menos iguais. No global, pela experiência, Fernando Moreira foi mais incisivo, pormenorizado e realista, com uma visão mais ampla, porque conhecedor das realidades autárquicas, mas também apreciei a postura da Roberta Reis, mesmo que num registo mais minimalista e sem entrar em detalhes quanto à forma como pretende realizar o que propõe. De resto a pecha em quase todos os debates. 

Ideias, projectos, intenções, quase tudo necessário e positivo, mas as dificuldades virão na prática porque entre o querer e o ser capaz de fazer, e como fazer, vai uma enorme diferença. Mas isto tanto para Louredo como para Guisande e demais freguesias, sobretudo as de menor dimensão, porque tendencialmente menos consideradas pelo poder central concelhio.

Para concluir, independentemente dos juízos ou análises, e no caso de alguém que apenas vê de fora, mas que de forma interessada, caberá aos louredenses a decisão no dia 12 de Outubro.

Encantadores de serpentes


No geral, os políticos de profissão, nacionais ou locais, falam bem, muito bem mesmo. Dominam a oratória, mostram dominar os temas, o fluxo do discurso e seu ritmo. Sabem onde tocar aos ouvintes, no orgulho de pertença, na exaltação das virtudes, ainda que escassas ou por provar, e mesmo, se preciso for, conseguem fazer brotar uma lágrima manhosa, ou desencadear um arrepio de pele aos mais sensíveis.

Todos esses atributos ganham ainda maior destaque quando periodicamente sabem que precisam daquelas coisas com que se compram os melões do poder: os eleitores e os seus votos. Então tudo parece ganhar mais sentido, mais afeição, mais proximidade, falando para o Zé da Esquina como se um amigo de longa data e para o Manel da Maria como se a mais importante pessoa do lugar ou da aldeia.

Em resumo, dominam o verbo, o tempo e as circunstâncias. Sabem-na toda, porque com muitos anos a virar frangos. E não surpreende, porque de facto fazem disso carreira, o seu ganha pão, a notoriedade, mesmo que debaixo da capa ou do eufemismo de serviço público, de cidadania. Até pode ser, mas convém que em casa nada falte e à hora de almoço ou jantar haja peixe ou carne no prato. Isto para dizer que a cidadania e o serviço público são bonitos, precisam-se e recomendam-se, devem ser valroizados, mas ninguém vive apenas do voluntarismo, de ar nem de água da chuva.

Não obstante tudo isso, uma vez alcançados os objetivos e confirmados os cargos ou as posições, o Zé da Esquina e o Manel da Maria voltam a ser descartáveis e apenas uns entre muitos anónimos. E se antes tudo eram simpatias, abraços, atenções, cortesias, promessas de estar ao serviço e ao dispor, num repente as portas fecham-se, as reuniões têm que ser marcadas com tempo, ou mesmo adiadas, ou, se feitas, curtas, rápidas e impessoais. Os contactos e canais de comunicação, antes abertos, directos, disponíveis, escancarados, ficam fechados, restritos, estreitam-se e desviam-se. Os telefones não atendem, não devolvem as chamadas ou, quando muito, dados recados por terceiros, assessores, a prometerem atenções que quase sempre não serão dispensadas. Os e-mails não funcionam e recebem-se respostas automáticas ou o link para formulários impessoais para o contacto.

Mas estas coisas, estas mudanças, só surpreendem ou decepcionam quem , de boa fé ou ingenuamente, acredita no que ouve, no que lhe dizem, certos de que ainda há gente séria, honesta e que leva a sério o valor da palavra e do compromisso. Quem tem uma melhor noção das coisas e da classe, até pode dar ares de confiança mas estará sempre de pé atrás, a ver para crer. No mínimo.

Ao contrário, os que são colhidos de frente pela locomotiva da realidade, esses sim, arriscam-se a ser trucidados, a perceberem no que se meteram só depois de já estarem num beco de sentido único.

É a vida! Importa pois, acreditar que ainda há gente boa e sem segundas caras, e há com certeza, até mesmo na classe política, por si tão desacreditada, mas com cautela, sem deslumbramentos em tudo o que seja relação com a mesma. 

Por conseguinte, ainda continuam a ser válidos certos ensinamentos antigos, do nosso povo, e não se perde nada em sermos como S. Tomé, a quer ver para crer. É certo que Jesus disse que “felizes os que acreditam sem terem visto”, mas isso é Jesus, que é de outro campeonato e de patamar inalcançável. Por cá, em tudo na vida mas sobretudo no contexto político e eleitoral, melhor é ver para crer, sem deslumbramentos fáceis, sem pôr todas as fichas num qualquer encantador de serpentes ou mágico a tirar coelhos da cartola, moedas das orelhas ou pombinhas brancas das algibeiras.

Tudo na justa medida! Quanto baste! Pão, pão, queijo, queijo! Depois é ver e comprovar se foi ou não merecida a confiança dada.