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13 de fevereiro de 2024

Carnaval em Guisande - Outros tempos

 



Momentos de vivência do  Carnaval na freguesia de Guisande - 1960


Poderão os mais novos pensar que nos antigamentes o Carnaval passava ao lado dos guisandenses, mas naturalmente que não. É certo que sem as modernices actuais, decorrentes da contaminação de carnavais de outras paragens, mas havia alegria porventura mais genuína e popular. 

É certo que em Guisande as manifestações ligadas ao Carnaval nunca foram marcantes nem consequentes e regulares no tempo a ponto de estabelecerem uma tradição com raízes, como, de resto, nas demais freguesias vizinhas. Manifestações mais ou menos organizadas e com regularidade são raras e relativamente recentes, nomeadamente na freguesia vizinha de Caldas de S. Jorge onde o contexto turístico das termas em muito ajudou a essa dinâmica e continuidade, com mais ou menos soluços.

Apesar disso, são conhecidas e ainda lembradas pelos mais velhos algumas carnavaladas episódicas e com preponderância num ou noutro lugar da freguesia e por vezes pelo impulso de uma ou outra figura mais característica desses lugares. As fotos de cima ilustram alguns momentos de crianças e jovens com ligações às dinâmicas da paróquia.

Por exemplo, no lugar do Viso, recordo que nos meus tempos de criança e adolescente, por isso pelos idos anos de 1960 e 1970, o Carnaval marcava sempre presença e sempre com a intervenção da criançada. grosso modo, o grupo tratava com tempo de ir ao mato colher um carvalho de porte adequado, que era arrastado para a borda do Monte do Viso, próximo da escola e ali era fixado ao alto. Depois era um arrastar contínuo de lenha do mato e tudo o que pudesse arder, incluindo velhos pneus e trapos, de modo a amontoar à volta do carvalho, como se de uma árvore de Natal se tratasse. No cimo da árvore pendurava-se um grande espantalho.

Ao princípio da noite, quase sempre após o jantar, era o momento esperado, o acender do fogueirão o qual pela sua dimensão seria visto em toda a parte baixa da freguesia. A imagem acima de algum modo ilustra o que de semelhante então acontecia no lugar do Viso. Claro, escusado será dizer, que quando o dia de Carnaval calhasse num dia de chuva era um cabo dos trabalhos para fazer arder a árvore e aí recorria-se a petróleo e a lenha e moliço secos para ajudar a engrenar. 

Nessa altura do acender da fogueira os mais velhos também vinham assistir. Noutros lugares da freguesia, como Estôze e Casaldaça, também era comum o acender de fogueiras ou borralheiras. Paralelamente, as habituais brincadeiras de crianças com o uso de bisnagas de água, algumas mais sofisticadas na forma de peixe e pistola e que por esse altura se compravam como brinquedos, na quitanda das Quintães. Também, para as meninas, o atirar do pó-de-arroz e outras matreirices. Era sem dúvida um dia de brincadeiras alegres e num tempo em que as crianças brincavam na rua, muito ou totalmente ao contrário do que sucede nos tempos modernos.

Era, pois, um simbolismo genuíno, mesmo que então pouco compreendido, do queimar do tempo velho e a preparação para o tempo novo ao qual se transitava pela carestia da Quaresma, a qual por esses tempos era vivida com algum rigor, no que respeita ao respeito pelo jejum e abstinência bem como da participação nos  serviços religiosos, como a reza do Terço e a Semana de Pregações.

4 de fevereiro de 2024

S. Brás e Senhora das Candeias - Vale

Festa a S. Brás e Senhora das Candeias.

Na bairrista freguesia de Santa Maria do Vale, numa tarde muito amena, uma festividade simples mas repleta de tradição. Programa de animação com dois bons ranchos folclóricos (de Ponte de Lima e Penafiel) e muita assistência. 


17 de janeiro de 2024

Juíz da Cruz 2024

Por um bom conjunto de razões e responsabilidades de muitos, também por um nítido desinteresse pela identidade, coisas e tradições, que há ainda alguns anos tínhamos como motivo de orgulho, desbaratamos todos, enquanto comunidade, a antiga tradição do Juíz da Cruz. Desinteresse e comodismo de uns, desleixo e incúria de outros, lá se foi a tradição para as masmorras da memória. Daqui a alguns anos, não fosse estar escrito e registado como era, poucos se lembrariam dela.

Mesmo assim, numa realidade que já nada tem a ver com a antiga tradição, com as particularidades da função, porque agora desconsideradas e apenas em serviços mínimos, lá vamos  tendo alguém por voluntarismo. Foi assim no ano passado e será também neste ano de 2024, em que, como voluntário, será Juíz da Cruz o Sr. Armindo Monteiro Gomes, natural do Viso - Guisande, e residente em Arosa - Lobão.

Não há muito mais  a dizer sobre este assunto, principalmente de minha parte, até porque quando chegou a altura e a oportunidade assumi, com canseira mas orgulho, as minhas responsabilidades inerentes à  função para a qual me escolheram. Parece que foi ontem mas já em 2013. Por isso, não foi por mim que a coisa chegou a este actual ponto de nítido desinteresse. Assim assumisse cada um o seu papel...

Em todo o caso, é de registar de forma positiva que tenha surgido alguém, porque certamente com gosto e com reconhecimento de que importa preservar, mesmo que já pouco ou nada tenha a ver com o brilho e entusiasmo que teve no passado onde ser-se nomeado para a função de Mordomo da Cera e depois Juíz da Cruz era um orgulho e prestígio pessoal perante a comunidade. Outros tempos!

Parabéns ao Armindo Gomes!

25 de dezembro de 2023

Feliz Natal de todos os tempos

Manda a boa e genuína tradição na nossa freguesia de Guisande que a consoada de Natal seja no próprio dia. Assim, com Jesus já (re)nascido, é hoje o dia grande e mais logo ao início da noite muitas famílias voltam a reunir-se à volta de mesas fartas e generosas com coisas boas. 

Com os novos tempos em que a fartura e diversidade trouxeram outras formas de viver o Natal e do convívio à mesa, certo é que ainda há coisas e pormenores que guardam a genuinidade e simplicidade de outros tempos em que certamente havia menos abundância mas mais essência no modo como eram preparadas bem como na sua vivência.

Não importa fazer comparações e esgrimir contrapontos porque os tempos são mesmo assim, de mudança, de evolução, independentemente do sentido que tomam. Interessá, sim, não perder de todo o espírito que herdamos dos tempos de nossos pais e avós e  geração após geração vamos transmitindo como nossos. A família sempre, e como pedra angular a matriz religiosa e seu significado do renascimento de Jesus Menino que nasce puro e humilde numa humanidade que se quer igual e fraterna. Todo o resto é acessório e ignição para o mercantilismo, que também é importante mas se colocado no devido lugar. Interessará sempre fazer essa destrinça porque se não, então o Natal não será mais que um mero evento carnavalesco.

Feliz Natal a todos os leitores e visitantes, regulares ou ocasionais deste espaço em que procuro que, para além da matriz pessoal, reflicta muito das coisas nossas, da nossa terra, sua gente, raízes e tradições.

24 de dezembro de 2023

Glória a Deus nas alturas!





Natal! 

Quando a humanidade se alevanta

No mais pequeno, humilde dos seus

Como rei de todas as criaturas;

Um coro de anjos ecoa e canta

Na plenitude de todos os céus:

- Glória! Glória a Deus nas alturas!


Natal!

A humildade, a esperança renascida

Como uma árvore a acordar, a florir,

Na alvorada de cada nova Primavera;

Renasce Jesus, como ímpeto da vida,

Messias já vindo mas sempre a surgir

Ao encontro fraterno de quem espera.

18 de dezembro de 2023

Espírito de Natal ou de Carnaval?

Um bonito e soalheiro dia de Domingo a pouco mais de uma semana do Natal. Depois do almoço caseiro, decidi ir tomar café ao centro da vila de Arouca na expectativa de ali encontrar o espírito de Natal, mas prevenido de que anda fugidio. 

Em pouco mais de meia hora lá estava e não tive dificuldade em estacionar no parque. Mas logo aos primeiros momentos percebia-se que o espírito natalício já dali andava arredado. No que parece ser já uma tradição, talvez uma ou duas centenas de motards e motorizadeiros vestidos com trajes chineses de pais natais, andavam por ali para cima e para baixo a encher as ruas de roncaria e cheiro a gasolina queimada. Tomamos um bom café mesmo no centro, a 80 cêntimos com direito a uma pequena "castanha doce". 

Em frente ao convento e na Praça Brandão de Vasconcelos, os ditos pais natais emprestavam ao local e ao ambiente um ar de Carnaval e fiquei na dúvida se por ali andava o espírito dele. Pareceu-me que não! Na igreja imponente, ladeada de motos e motorizadas, dentro dela apenas duas ou três pessoas e nem um único daqueles que lá fora se exibiam. Apesar da imponência da igreja e do seu ar barroco, o presépio era do mais simples possível, digno de uma qualquer ermida isolada no alto de uma serrania e ali captei um bocadinho do espírito natalício. Mas o ambiente de silêncio tão característico desse local de culto era apenas uma falsa sensação pois lá fora o barulho de motorizadas a roncar e motas a estourar com os escapes era ensurdecedor e remetia-me para um poço da morte numa qualquer feira popular ou para um Carnaval de Ovar ou de Torres Vedras.

Bem ao lado do convento, na sede da Associação dos Amigos de Arouca, estava patente, com entrada gratuita, uma exposição de presépios, mas ninguém a visitar, apenas o responsável que nos acompanhou para servir de cicerone. Uma amostra muito interessante e diversificada mas ignorada pelas centenas que enchiam as ruas e praças.

No átrio exterior do lado poente do convento, uma enorme tenda aquecida com muitos e variados quiosques dispostos lateralmente com bons produtos desde artesanato aos hortículas, com frutas, legumes, nozes, castanhas, azeite, charcutaria, bebidas e licores, etc. Tudo coisas boas e dos produtores locais para ajudar a uma boa ceia de Natal. Um bom espaço e bem organizado. Ali vi um bocadinho do espírito de Natal e até gastei algum dinheiro em nozes e artesanato alusivo à quadra.

Na ilusão de que entretanto os carnavalescos pais natais já se tinham ido embora, afinal devem ter ido reabastecer os depósitos e regressaram com todo o barulho, confusão e mau cheiro pois limitavam-se a andar por ali para trás e para a frente a mostrarem-se como se fosse algo extraordinário. Não foi, apenas uma vulgaridade bacoca, porventura mais adequada a carnavais ou desfiles de paradas gays. Mas isto sou eu a falar, que fui ali áquela bonita vila à procura de outro Natal, mesmo que com as expectativas baixas, mas percebi que isto do Natal simples, genuíno e ligado às origens e de matriz religiosa e espiritual, é apenas um faz de conta e coisa já passada, do antigamente. Agora os tempos são outros, mais dados ao antes parecer que ser  e que a generalidade das pessoas gosta! 

Ao deixar o parque de estacionamento tive dificuldades em saír,  porque à boa maneira portuguesa os espaços destinados a acessos estavam ocupados. Mas polícias e guardas, porque também mascarados ou simplesmente ausentes, não os vi por ali a manter a ordem na desordem. Com dificuldade e várias manobras lá saí e regressei. 

Em resumo, uma bonita tarde de Carnaval!

17 de dezembro de 2023

Quando do Natal se faz um Carnaval

 












Não deve haver nada com mais de espírito natalício que o encher o centro de uma vila com barulho, ruído e fumo de gasolina e obstrução ao trânsito. Polícias, nem vê-los. Mas quando o Natal se confunde com o Carnaval tudo é possível. Por estas e por outras o Natal já foi um ar que lhe deu...

7 de dezembro de 2023

Natal sempre, mas do verdadeiro

 


Entrados em Dezembro e com o início do Tempo do Advento, como caminho de preparação para o dia grande e renovado do Natal, em que Jesus renasce como modelo de um caminho novo, já estamos em contagem decrescente. Ao Natal mercantilista e mesmo desprezado nos seus valores constituintes, como se fora apenas um banal entretenimento e comércio, há que responder com a preservação dos bons velhos e sempre actuais valores do Evangelho.

A imagem acima é da coroa do Advento feita cá por casa. Simples e com os elementos vegetais tão tradicionais, incluindo o azevinho e outras bagas cá do próprio jardim.

11 de novembro de 2023

Magusto da Catequese 2023


A Catequese da paróquia de S. Mamede de Guisande leva hoje a efeito o seu tradicional Magusto, coincidindo neste ano de 2023 com o próprio dia de S. Martinho, 11 de Novembro.

Pelas 14:30 horas será celebrada a missa na capela do Viso seguindo-se o convívio. 

Como as coisas na realidade já pouco têm de tradicional, as castanhas já serão servidas assadas e limpas, desenfarruscadas, sem cinza, pelo que as velhinhas fogueiras de moliço de pinheiro são coisa do passado. De resto o tempo também tem andado molhado e o Verão de S. Martinho não se vislumbra, pelo que o Centro Cívico estará de portas abertas para o convívio.

Como memória de tempos passados, na fotografia acima, o grupo da Catequese num magusto também no monte do Viso, no dia 27 de Novembro de 1960, por isso há quase 63 anos. Ao fundo percebe-se a escola primária, hoje em dia integrada no Centro Cívico..

6 de novembro de 2023

Festa do Viso - Comissão de Festas para 2024


Conforme é público, dos elementos nomeados pela Comissão de Festas cessante, Henrique Cunha - Juíz - Fornos, Márcio Silva - Tesoureiro - Casaldaça, Raúl Almeida - Secretário - Casaldaça, Carlos Oliveira - Vogal - Gândara, Vera Henriques - Igreja e Ana Catarina Bastos - Casaldaça, apenas as duas raparigas, mordomas, se dispuseram a assumir. Os elementos masculinos não assumiram, por diferentes motivos pessoais, mais ou menos fundamentados, mas todos legítimos, porque em rigor ninguém é obrigado a assumir, tanto mais quando por contextos pessoais ou profissionais inconciliáveis.

Felizmente, com um ligeiro atraso mas ainda a tempo, surgiu uma lista de elementos voluntários e voluntariosos, alguns deles que já haviam exercido a função em anteriores edições, como é o caso do Nelson Valente (que organizou em 2007), o Carlos Almeida e o Johnny Almeida (que organizaram em 2020/2022). 

Merecem, pois, particularmente os que são repetentes na organização, um voto de louvor e todo o apoio e colaboração da comunidade. 

Com a natural perda de população na freguesia, alguma erosão e desinteresse pelos nossos valores tradicionais, e com uma franja da população que nela vive mas não se integra nem socializa, pouco disponível para actos de cidadania, começa de facto a ser muito difícil, de acordo com as antigas regras, nomear comissões de festas e sobretudo que estas aceitem a função com sentido de dever e de preservação desta nossa tradição.

Por conseguinte, com um grupo mais alargado de elementos, como agora no caso, as diferentes tarefas e acções de angariação de verbas e até mesmo nos próprios dias da festa, serão menos difíceis e não haverá uma sobrecarga de trabalhos e responsabilidades pelos seus elementos.

Em resumo, parabéns ao voluntarismo do grupo que se dispôs a esta responsabilidade, e agora é colaborar e ajudar. De minha parte, para além da oferta fico ao dispôr da equipa no que me for possível, como desde sempre, quando solicitado.

Segue-se a lista.


Nelson António Alves Valente - Juíz - Rua da Fonte

Manuel Victor Santos Bastos - Tesoureiro - Rua da Fonte

Jacinto da Conceição Fonseca - Secretário - Rua de S. Lázaro

João Pedro Valente Lopes - Vogal - Rua de Cimo de Vila

André Dinis de Almeida e Sá - Vogal - Rua 25 de Abril

Carlos dos Santos Almeida - Vogal - Travessa de Fornos

Johnny Davis Baptista de Almeida - Vogal - Rua das Quintães

Sandro Nuno Costa Mota - Vogal - Rua da Ponte

Rufino Alves Valente - Vogal - Rua de Cimo de Vila

Ana Catarina Silva Bastos - Juíza - Rua da Fonte

Vera Lúcia Ferreira Henriques - Procuradora - Rua da Igreja

10 de abril de 2023

Páscoa 2023

 








Visita Pascal na nossa paróquia de S. Mamede de Guisande. Num bonito dia de Primavera, foram três equipas que percorreram da forma habitual as ruas e lugares da nossa freguesia levanda a cada casa (às poucas que abrem) a mensagem de Cristo Ressuscitado.

A visita pascal ou Compasso, é uma tradição importante na nossa comunidade como em muitas outras, mas bem longe da importância e vivência que se lhe dava noutros tempos. Nas zonas urbanas já pouco significado tem porque as pessoas são desconhecidas sentre elas, mesmo que vizinhas da mesma rua, do edifício ou andar. Vai ainda resistindo nas zonas mais rurais e menos povoadas, como Guisande, mas mesmo aqui já sem o fulgor e autenticidade de outros tempos. Aos poucos algumas das marcas que definiam esta tradição foram-se perdendo e agora só mesmo em serviços mínimos. 

Apesar disso, para quantos participam dedicadamente nas equipas e para quantos abrem com alegria as suas portas, ainda é possível sentir o essencial da mensagem de que Cristo ressuscitou! Ainda os momentos de partilha e convívio familiar no que é sempre positivo. Esses são sempre valores que importa manter e dignificar.

9 de abril de 2023

Juíz da Cruz em 2013

 


Parecendo que não, passam dez Páscoas sobre o ano em que tive o privilégio e orgulho de ser o Juíz da Cruz na nossa paróquia de S. Mamede de Guisande. 

Acima, duas imagens da pagela que então mandei imprimir e que se distribui pelas diversas casas que receberam o Compasso. Foi um dia bonito, apesar de alguma chuva.

Na Segunda-Feira, lá organizei o tradicional Almoço do Juíz da Cruz, que depois do encerramento do restaurante "O Algarvio", ocorreu no lugar do Pomar em Gião. Consegui reunir à volta de 120 pessoas.

Infelizmente, esta tradição parece que terminou de forma inglória e neste ano já não se realiza. Não acredito que venha a ser retomada e mesmo que sim, nunca mais será a mesma coisa. Uma árvore depois de abatida jamais poderá ser posta de pé e trazida à vida. E esta árvore da nossa tradição, tinha já muitos anos.

Cristo Ressuscitou! Aleluia!

8 de abril de 2023

E lá fomos ao ló

 





Pequeno almoço na Casa do Pão de Ló de Arouca e compra do próprio, na versão tradicional e húmido e ainda a companhia dos melindres e amêndoas caseiras. Há tradições que ainda valem.

4 de abril de 2023

Nota de partida do Sr. Almoço do Juíz da Cruz

De partida tristinha mas não totalmente inesperada, porque após maleita prolongada, "bateu a bota" na nossa comunidade  o Sr. Almoço do Juíz da Cruz, dono de uma mui antiga e respeitável tradição da nossa não menos velhinha paróquia. 

Tinha já uma vetusta idade, pelo que o ancião já há algum tempo, principalmente devido à pandemia, vinha dando sinais de debilidade, em certa medida por alguns maus tratos de alguns paroquianos mais ariscos e menos dados a estes sentimentalismos de comunidade, que se recusaram a dar-lhe os devidos tratamentos, negando-lhe mesmo, alguns, o dever cristão de o amparar, deixando-o abandonado à sua sorte.

Merecia bem mais respeito este nosso velho ansião, até porque ainda eram muitas as pessoas de sua relação, que o estimavam, mas as coisas complicaram-se e acabou mesmo por ser deixado à sua sorte. 

As exéquias não têm dia nem hora marcada porque provavelmente será congelado e exposto numa vitrine do melhor cristal de Alcobaça, para que os paroquianos mais sensíveis lhe possam prestar as devidas homenagens e expressar as saudades e ainda  na ténue e cristã esperança de que um dia possa milagrosamente  ressucistar do reino das tradições desaparecidas e voltar ao convívio dos vivos.

Tenhamos fé! Amém!

Pessoalmente, num tom mais sério, fico algo triste, porque completam-se neste ano de 2023 precisamente 10 anos após o ano de 2013 em que com ele convivi proximamente e nessa altura ainda estava forte e pujante e em seu nome conseguiu reunir 120 almas masculinas à volta de uma mesa farta no que foi um bom convívio e reviver dessa velha tradição que nos honrava.

3 de abril de 2023

Páscoa 2023 - Horários dos serviços religiosos


 Horários dos serviços religiosos marcados para esta Semana Santa na nossa paróquia de S. Mamede de Guisande. Todos os serviços na igreja matriz:

- Quinta-Feira, 6 de Abril - 20:00 horas - Celebração da Ceia de Cristo e cerimónia do lava-pés- Segue-se vigília.

- Sexta-Feira, 7 de Abril: 20:00 horas - Cerimónias de Sexta-Feira Santa, seguida de Via Sacra.

- Sábado, 8 de Abril: 20:30 horas - Missa de Vigília Pascal

- Domingo, 9 de Abril: 08:00 horas - Misse solene de Páscoa - Segue-se a saída do Compasso Pascal, aproximadamente pelas 09:30 horas, com 3 Compassos e da forma e percursos habituais.

21 de fevereiro de 2023

Cozido de Carnaval - Enquanto dura...

 




Num tempo em que algumas das nossas tradições se estão a desfazer, outras ainda subsistem, como comer um cozido-à-portuguesa no dia de Carnaval, marcando simbolicamente o tempo de Quaresma que começa precisamente no dia seguinte, Quarta-Feira de Cinzas.

É certo que um cozido-à-portuguesa com carnes caseiras é um prato já raro eonde ainda é possível,  é paga a peso de ouro, mas com algum cuidado e pre-preparação, incluindo salga e aplicação de algumas horas de fumo, ainda é possível um vislumbre dos sabores e saberes dos antigos cozidos, quando era comum  acriação de porcos que comiam das sobras e do que a terra dava.

Mas não tenhamos ilusões: daqui a mais uma ou duas décadas o prato tradicional neste dia de Carnaval será constituiído por pizas, atum em lata, salsichas, hamburgueres e outras fasts-foods tão do agrado das novas gerações. É o que é e não há volta a dar!

17 de fevereiro de 2023

Era uma vez uma bonita tradição

A tradição da Páscoa na nossa paróquia e o papel do Juiz da Cruz no contexto da mesma, está em agonia ou mesmo já sepultada. Abandonada que foi a velhinha tradição do processo de eleição ou escolha, foi solicitado de forma reiterada à comunidade que alguém se voluntariasse para tal cargo. Não sei se apareceu alguém e quem, mas tudo indica que ninguém, pelo menos reunindo os critérios que pautavam a escolha, desde logo pelo critério de nunca ter sido juiz.

Pode-se assim dizer que a paróquia e mesmo a freguesia aos poucos está-se a descaracterizar no que de tradições se orgulhava e parece não haver volta atrás. É certo que as coisas têm que ser adaptadas aos novos tempos e circunstâncias mas parece mais que evidente que essa adaptação é mais no sentido de atenuar os estragos e de ajustar as coisas às limitações do que propriamente uma renovação com enriquecimento e valorização.

Todos somos responsáveis desta letargia porque desde a morte do Pe. Francisco, já há 25 anos, que a paróquia nunca encontrou um rumo certo, congregador e agregador. Foi meio século de descaractrização, de erosão e perda dos valores tradicionais de que nos orgulhavam enquanto comunidade. Parece-me, repito, que responsáveis somos todos nós, mas em muito também pelos critérios da Diocese e suas autoridades que olham para estas coisas das paróquias apenas como fontes de receitas.

No que respeita a esta tradição da Páscoa e do Juiz da Cruz, a coisa foi-se e já nada será como dantes. Os caminhos que vinham a ser seguidos só podiam dar a este destino. Desvalorizamos as coisas, desleixamo-nos e até alguns de nós andamos a mandar cartas registadas dirigidas à Comissão Fabriqueira a demitir-nos dessas responsabilidades como se nada tivéssemos a ver com elas. E não por razões de fundo mas tão somente por não gostarmos de assumir compromissos, de canseiras, de responsabilidades. Quem assim pensa e age não tem qualquer sentido de vivência em comunidade. É um direito legítimo de cada um, certamente que sim, mas que em muitos aspectos empobrece uma comunidade. É uma filosofia de "cada um por si".

Assim vamos indo e andando e esta freguesia não tarda a não ter ponta por onde se lhe pegue no que diz respeito à sua antiga e forte identidade e personalidade. Certamente que por sinais dos tempos, num contexto e realidade de estagnação em que damos conta que por ano morrem uma dúzia de pessoas (e só nos últimos 2 meses foram metade disso) e quanto a nascimentos apenas ou ou outro como amostra. Já se adivinha onde vamos parar. 

Numa altura em que se aguarda pelo desfecho do processo de pedido de desagregação da nossa freguesia da actual união, é de questionar que caso a coisa seja concretizada, quem é que dará a cara e o corpo ao manifesto e ao exercício de cidadania para liderar e defender os interesses da freguesia e da sua população? Porventura os mesmos que mandaramn cartas a demitir-se de outras responsabilidades? Quem apenas vive para si, como se a responsabilidade de cidadania e serviço público seja um dever e obrigação apenas dos outros? Mas quem são os outros? Os outros não serão também cada um de nós?

Pessoalmente, nesta matéria, não dou lições de moral a ninguém mas também as dispenso receber de outros porque creio que já fiz a minha parte no que diz respeito a participação na comunidade e na cidadania: Fiz parte de Grupo de Jovens, fiz parte do grupo de Leitores, só não fui Ministro da Comunhão porque a seu tempo alguém não quis, fiz parte do Grupo Coral, fiz parte da LIAM, fiz parte das comissões de festas de todas as festas religiosas, fiz parte da Comissão de Festas do Viso, fui Juiz da Cruz, fiz parte de duas associações culturais e da direcção do Guisande F.C. Colaborei com as diversas Juntas de freguesia em diversos momentos e acções e participei em eleições e fiz parte de uma Junta de Freguesia, mesmo que em condições difíceis. Apesar disso, sempre que posso e sou solicitado, procuro ajudar e contribuo para as despesas e eventos religiosos ou outros.

Como disse, não é nada de mais e muitos mais guisandenses também tiverem e têm este tipo de participação cívica e comunitária, mas tomara que todos, tanto os que ainda nada fizeram como os mais novos, tenham pelo menos alguma desta intervenção. Mas sabemos que tendencialmente não é este o caminho que as pessoas de um modo geral tomam nos dias de hoje. Isso dá trabalho, canseira,  perda de de tempo pessoal e até mesmo despesas e, para mal dos pecados, quase sempre sem reconhecimento público e até com críticas, na maior parte das vezes injustas e injustificadas.

Por todo este conjunto de coisas e situações, é que estamos neste estado. Como diria alguém conformado com a situação, "é o que é!" . A ver vamos no que dá mas as perspectivas e expectativas são baixas. Estamos em crise!