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7 de setembro de 2022

O buxo e o luxo

 


Hoje em dia, em qualquer cemitério, mesmo no de Guisande,  impera o luxo e a ostentação. Cada vez os jazigos são mais polidos, com decorações e inscrições feitas, não pela mão do artista e do seu cinzel, mas por máquinas comandadas por computadores, com sistemas de laser e outras tecnologias. Arte sem arte.

Mas são sinais dos tempos e, sem julgamentos, nem sempre a ostentação corresponde à memória serena e sentida dos nossos entes queridos. 

Noutros tempos, os mausoléus, capelas e jazigos vincavam a riqueza e importância social dos seus proprietários, mas hoje em dia, se é certo que já ninguém os manda fazer em pedra lavrada, a coisa está mais nivelada e a mais humilde família é capaz de mandar assentar um jazigo de pedra cara e todo luzidio.  

Na foto acima, no cemitério de Guisande, pelo início dos anos 1960 predominava a simplicidade das campas rasas, apenas com uma simples lápide em lousa. Os canteiros eram delimitados com o buxo, arbusto sempre verde, tão característico dos cemitérios por esses tempos. 

Porventura, os cemitérios deveriam ser sítios singelos e tão despidos quanto possível, até em consonância com a simbologia de nada mais sermos que pó. Há culturas que assim fazem.

Mas, de um modo ou outro, as coisas são como são e no fundo o nosso modo de vida em sociedade leva-nos a acompanhar as modas e as tendências, com os seus defeitos e virtudes, e quanto a isso pouco ou nada há a fazer. 

Para quem ali é sepultado tudo termina, mas para os que cá ficam, continua a roda do dia-a-dia e com ela a engrenagem lubrificada pelas nossas vaidades, na demonstração do antes parecer que ser. 

Assim, como paradoxo, e mesmo reflexão, a singeleza do buxo em contraposição com o luxo.

20 de abril de 2022

Comparações


Entre uma e outra fotografia, quase 62 anos.

Aquele canteiro do lado norte da na nossa igreja matriz,  em 21 de Maio de 1960, um Sábado, acabara de ser preparado pelos trolhas, sendo feita no piso uma Cruz da Ordem de Cristo a envolver o cruzeiro ali existente. Tanto a cruz como o cruzeiro ainda existem como o demonstra a foto tirada precisamente ontem. Apenas se alterou a vegetação em redor (que já teve melhor aspecto, com os arbustos a fazerem arco, e, claro está, o tempo passado. 

Quem terão sido os trolhas? Sinceramente não os consigo reconhecer, mas certamente pessoas dedicadas à causa de fazer pela freguesia, o que vai faltando hoje em dia.

27 de março de 2022

Grupo de Jovens de Guisande

 


O Grupo de Jovens de Guisande voltou a renascer. Ontem, na missa vespertina, por ele dinamizada, teve início a sua caminhada. Entre outros objectivos, a preparação para a sua participação na Jornada Mundial da Juventude que terão lugar em Lisboa no próximo ano, entre 1 e 6 de Agosto.

De que tenho memória (sim, já fui jovem), pertenci desde os 17 ao Grupo de Jovens de Guisande, então dinamizado pelo saudoso Pe. Alves do Seminário dos Passionistas. Desse grupo, entre outros, faziam parte o Cesário Almeida, o Orlando Lopes, a Georgina Santos a sua irmã Fátima, a Cisaltina Coelho, o saudoso Tomé, o Rui Giro e tantos outros.

Depois dessa excelente fornada, houve outros grupos de jovens, mas certo é que em rigor nunca houve um Grupo de forma continuada, no que naturalmente seria positivo, com os mais novos a integrarem-se com os mais velhos, numa natural sequência e sucessão etária.

Desse meu Grupo, não há muitas fotos, até porque por esses tempos as máquinas fotográficas eram um luxo e não havia telemóveis. Acima uma foto, junto ao balneário das Caldas da Rainha, de uma excursão de dois dias a Lisboa, em que para além de alguns elementos do grupo de Guisande participaram jovens de outras freguesias como de Louredo, Lobão, Gião, Canedo, Caldas de S. Jorge e S. João de Ver. 

Fica o registo e com ele os votos de longa vida a esta nova colheita do Grupo de Jovens de Guisande.


Sobre o Pe. Alves:

O padre Manuel Alves Pereira, filho de José Pereira de Oliveira e Nazaré Alves de Azevedo, nasceu 13 de Julho de 1938 – nascimento em Alvarães (Viana do Castelo). 

Foi baptizado e crismado em Alvarães (Diocese de Viana do Castelo). Entrou no Seminário Passionista de Peñafiel (Espanha) a 17 de Outubro de 1953. 

Entre 1957 e 1958 fez o noviciado em Peñafiel, emitindo a Primeira Profissão a 08 de Dezembro de 1958 (Corella-Espanha) e a Profissão Perpétua a 29 de Setembro de 1961 (Villareal de Urréchua-Espanha). Foi ordenado presbítero a 09 de Março de 1963, em Bilbau.

Foi Superior da Comunidade em Barroselas de 1967 a 1970; em Santo António (Barreiro) de 1994 a 1998. Foi Ecónomo Local em Arcos de Valdevez de 1965 a 1967; 

Em Santa Maria da Feira de 1980 a 1984; 

Em Barroselas de 1984 a 1987 e 1994 a 1994. 

Deu aulas em Antuzede (Coimbra) de 1964 a 1965; Santa Maria da Feira de 1970 a 1979; em Barroselas de 1987 a 1990. Desenvolveu intensa atividade em vários grupos e ação pastoral: Escuteiros (Fundador do Escutismo em Santa Maria da Feira), Grupos Corais (Barreiro, Barroselas), Pastoral Vocacional… Foi um grande missionário, tendo pregado em diversos pontos do país e estrangeiro.


Faleceu a 22 de Maio de 2016, em Viana do Castelo.

19 de março de 2022

Quando o Monte do Viso era o teatro dos sonhos

 


Nesta fotografia de 1961 vemos um grupo de crianças a celebrar o magusto no terreiro do monte do Viso ao lado da escola e da capela.

Por esses tempos o monte era o verdadeiro teatro dos sonhos da rapaziada porque ali era o palco de tudo quanto era brincadeira, tanto na hora do recreio da escola como aos fins-de-semana.

Nesse tempo havia, escola, havia crianças, muitas. Não havia telemóveis nem internetes. Nem tudo era bom, pois não, mas nem tudo era mau. 

Esta velha foto, mesmo que sem definição HD, mostra o que hoje é impensável, crianças à roda, alegres e felizes numa irmandade sadia e genuina. Havia por ali valores que hoje estão de todo perdidos. Mas as coisas são como são e não são mais que a conseqência natural do andamento do tempo e das mudanças inerentes.

Como se vê pela fotografia, a escola não aparece pois está nas costas de quem fotografou e mesmo a capela aparece apenas parcialmente do lado esquerdo. Mesmo assim é perceptível que a escadaria frontal tem mais degraus e por conseguinte mais desnível bem como o monte, rude e irregular tinha várias árvores nos lados.

A configuração actual resulta de obras de requalificação realizadas pelo final dos anos 1990 e seguintes.

30 de dezembro de 2021

O velho Monte

 


Olha lá o velho monte, 

como agora, então bonito,

e nele, bem assente,

linda e simples, a capela.


Não tinha, então, fonte,

nem calçada de granito,

mas crianças e mais gente

à fresca sombra dela.

14 de novembro de 2021

Velho cemitério nos anos 60

 



Já havíamos publicado fotos antigas do cemitério paroquial de Guisande, dos anos 1960, mas a preto/branco. Agora numa versão a cores. Em ambas é possível visualizar a lápide da sepultura do Padre Manuel Carvalho, fundador da secular Confraria da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, que por desleixo ou incúria, foi destruída ou desencaminhada, num verdadeiro atentado à história, ao património e  sobretudo à memória de quem tanto se dedicou à paróquia.

12 de agosto de 2020

Grupo da Cruzada Eucarística de Guisande

A fotografia acima, datada de 25 de Outubro de 1942, corresponde à data da inauguração do Grupo da Cruzada Eucarística de S. Mamede de Guisande. 

Foto obtida defronte da residência paroquial. Ao centro,  entre as crianças, o Pároco Padre Francisco de Oliveira, nos seus primeiros anos como guia espiritual da paróquia de S. Mamede de Guisande.


Nas fotos acima, datadas de 30 de Outubro de 1955, mais um registo do Grupo da Cruzada Eucarística de Guisande, defronte da residência paroquial e à sombra da então ainda existente cerejeira do adro. Contadas por alto, aproximadamente setenta crianças, entre rapazes e raparigas, certamente que com idades entre os oito e dez anos. Não deixa de ser significativo um número tão grande de crianças.

Ainda não conseguimos apurar os dados relativos à data da extinção desde grupo, mas creio que tal ocorreu pelo final dos anos 1970. Será um dado a confirmar. Todavia, este movimento eucarístico, conhecido popularmente pelo Grupo da Cruzada, ainda está bem vivo na memória de várias gerações de guisandenses.

A Cruzada Eucarística das Crianças era formada por crianças em idade da escola primária, rapazes e raparigas, que vestiam roupas brancas, camisa ou camisola, eles, e vestido ou blusa, elas. Sobre a roupa era costurada a tradicional Cruz de Cristo, em tecido vermelho. Nos primeiros tempos as meninas usavam ainda uma espécie de lenço, preso à cabeça por uma cinta. 

Já na parte final da existência do grupo, era frequente que os elementos usassem cruzando o tronco, na diagonal, do ombro esquerdo à cinta na direita, apenas uma faixa igualmente branca e com a Cruz de Cristo também costurada em tecido vermelho.

Este movimento era coordenado por mulheres, ligadas normalmente à Catequese, a quem se dava o nome de zeladoras. Pessoalmente nunca estive integrado nesse movimento, mas recordo perfeitamente a sua existência onde participavam alguns meus colegas. Entre outras actividades, o grupo da Cruzada tinha que acompanhar os funerais, participando no respectivo cortejo fúnebres. 

Naquela época, e ainda durante vários anos, os funerais eram realizados em cortejo pedestre, desde a casa do falecido até à igreja matriz. Em cada cerimónia, a cada criança da Cruzada era oferecida uma espécie de senha de presença, que mais tarde daria direito a algumas prendas ou lugar gratuito numa das excursões realizadas anualmente pelo pároco. Mensalmente, quase sempre no final da reza do terço ao Domingo, as crianças da cruzada presentes tinham direito a receber o jornalinho "O Clarim". Claro que não chegava para todos pelo que o Pe. Francisco recomendava que o lessem e o passassem aos colegas.


Em finais dos anos 70, o movimento na nossa freguesia acabou por se extinguir de forma natural, entre outros motivos, devido à cada vez menor indisponibilidade das crianças em participarem com regularidade nos diversos eventos e cerimónias religiosas. 

Sobre o movimento da Cruzada Eucarística:

O movimento da Cruzada, a exemplo de muitas paróquias de Portugal, também existiu aqui em Guisande, desde  25 de Outubro de 1942, até pelo menos finais  dos anos de 1970, conforme já referi. É possível que na sua origem, na sua génese estejam reminiscências da lenda da Cruzada das Crianças.

De todo o modo, sabemos que este movimento da Cruzada teve origem concreta no apelo do Papa Pio X, que, em plena I Guerra Mundial (1914/1919), pediu que as crianças, adolescentes e jovens de todo o mundo se organizassem numa Cruzada Universal, com o objectivo primeiro de rezar pela paz no mundo. Este movimento parece ter chegado a Portugal no início dos anos 20. Foi um sucesso e nos anos 30 o movimento agrupava quase três milhões de jovens, principalmente crianças.

11 de agosto de 2020

Quando a Escola do Viso estava quase novinha

 


Como se pode ler na legenda na própria foto acima, a mesma refere-se ao Natal de 1956. Nessa altura realizou-se ali, na Escola Primária do Viso e no envolvente monte, um evento recreativo, a Festa Escolar, com danças populares e mesmo um auto dos pastores. Estas festas escolares naturalmente tinham na organização as professoras, concretamente a Professora Georgina que então ali leccionava.

Não deixa de ser significativo que esta iniciativa tenha ocorrido junto à escola e no monte, mas convém lembrar que por essa ano o salão paroquial de Guisande ainda não existia, pelo que estes convívios da freguesia ocorriam invariavelmente ao ar livre.
De notar ainda o rigor dos trajes usados. O José Almeida, que cedeu as fotos (estas captadas pelo Pe. Francisco), e que era então um dos participantes, recorda-se que os trajes eram pedidos às mães ou avós. Também que eram os rapazes a fazer de raparigas, o que é curioso. Lembre-se que por esses tempos havia sala para rapazes e salas para raparigas pelo que as "misturas" eram evitadas.

Também de notar que por esse ano a Escola Primária do Viso estava construída apenas há poucos anos pois terá sido edificada no ano de 1949 e entrado em funcionamento ainda nesse ano ou no seguinte (1950). 




[fotos facultadas por José Almeida]

25 de janeiro de 2020

A porta que importa abrir



Da Sr.ª Lúcia, sobra a saudade. Que Deus a tenha! Do Ti Alcino, ainda por cá na caminhada da vida. Permitir-me-á que partilhe um momento que certamente foi de felicidade para ambos, então jovens, acabados de casar. Foi em 20 de Outubro de 1962, num Outono soalheiro. Por esses dias, estava eu a espernear,  para ver a luz dali a poucos dias.

Não deixa de ser curioso que o Ti Alcino esteja a abrir a porta do carrão conduzido pelo saudoso Elísio Santos, que os aguardava, sabendo-se que na sua profissão, como ajudante de motorista e revisor da empresa de transportes de passageiros "Feirense", tenha, pode-se dizer, levado a vida a abrir as portas  a senhoras, como bom profissional e cavalheiro. Até mesmo nos muitos passeios de autocarro que organizou, ajudou a abrir as portas dos fundos para o assalto aos farnéis.

Gente nossa. Gente boa!

1 de janeiro de 2020

Guisande foi ao sítio de camioneta da carreira


É sabido que o saudoso Pe. Francisco adorava fazer passeios e de modo especial acompanhar os seus paroquianos, levando-os a visitar os mais diversos recantos do nosso belo Portugal. Foi assim praticamente durante todo o seu longo reinado como pároco da nossa freguesia.
Normalmente num dos meses de Verão, alugava um autocarro na Feirense e lá ia meio Guisande ao passeio do padre.
Na fotografia acima, aconteceu em Agosto de 1957, com os participantes alinhados em frente ao imponente veículo, no tempo em que a Feira era Vila, nesse tempo mais conhecido por camioneta da carreira.
Quanto ao sítio, cenário do "boneco"é mesmo esse, o Sítio da Nazaré, como ajuda a provar a imagem mais ou menos actual em baixo.

7 de novembro de 2019

33 anos


O tempo e os seus dias, as suas datas, podem ser escritas a giz branco sobre um quadro preto, mas depressa passam e o tempo continua a fluir e os dias a galopar e tudo o que é ser vivo entra nessa roda frenética da mudança que passa quase despercebida no dia-a-dia mas significativa ou mesmo dramática quando o salto é de 33 anos.

É esse mesmo o tempo que decorreu após aquela data de 7 de Novembro de 1986, ali escrita no quadro, numa fotografia de grupo na Escola Primária da Igreja - Guisande, com a Professora D. Célia Azevedo com os então seus alunos. Passam precisamente, hoje, 7 de Novembro de 2019, 33 anos.

Todas aquelas crianças, de caras felizes e reguilas, andarão certamente por aí, já não despreocupadas das rotinas infantis e das coisas próprias da escola, mas certamente casados, com filhos, afinal com outras canseiras e responsabilidades, porventura já com algumas rugas que marcam os seus rostos mudados ou com cabelos a menos e a pintar.

Claro que, com vida e saúde, estarão prontos para mais 33 ou mais além, mas bastar-lhes-á que venha um de cada vez, porque eles, os anos, correm e somam depressa demais e por isso não há pressa de os contar.

Mas é apenas a vida e os efeitos do tempo. Uma fotografia antiga tem esta virtude de nos emocionar, como um pedaço de nós ou de alguém, presente ou ausente, que jamais o poderão repetir. Neste quadro com quadro, o máximo que podemos fazer é não matar as memórias mas antes ressuscitá-las.

14 de agosto de 2019

Nas riscas do tempo...


As feições, a pinta, da maior parte desta rapaziada equipada às riscas, não enganam. Alguns continuaram a "deitar corpo" e estão hoje mais altos, alguns mais barrigudos, outros mais carecas e grisalhos. Mas que se conste, todos por aí. Enfim, carregam o peso de quase 40 anos passados após esta fotografia datada de 1981, nos primeiros tempos no Campo da Barrosa, cenário deste "boneco". 

Esta equipa de rapaziada adolescente, treinada pelo Américo Santos, participava então num torneio de futebol juvenil de Verão, organizado pela malta do jornal "O Mês de Guisande", designado de "2º Torneio Emigrante 81", com o apoio do Guisande F.C.. A equipa apresentava-se por isso como Guisande F.C. Juvenil. Uns anitos mais tarde, esta ideia de um torneio juvenil  deu origem ao popular torneio "Guisandito".

Entre outros, para além do treinador e co-organizador Américo Santos, estão ali o Rui Giro, o Maximino Gonçalves (Minito), o Fernando Neves, o Vitor "Teixeira", o Pedro da Natália, o Orlando Santos, o Rui Costa, o Américo Silva (guarda-redes), o António Alves, o Domingos Sousa, o António do "Zarelhas", etc.

Veja-se abaixo a reportagem do evento, publicada na época no jovem jornal "O Mês de Guisande", na edição de Setembro de 1981.

O torneio que se prolongou pelo mês de Setembro, terminou no dia 4 de Outubro desse ano. A equipa vencedora foi o J.C.A.R. Romariz. O torneio foi disputado em sistema de "poule", jogando todas contra todas, mas com as duas primeiras a disputarem uma final na qual a equipa da casa defrontou a de Romariz, tendo a decisão sido resolvida por grandes penalidades já que no tempo regulamentar o resultado ficou empatado (1-1).

Assim a equipa do Guisande F.C. Juvenil apesar de favorita acabou na 2ª posição. Seguiram-se as equipas  do F.C. Azevedo, S. Jorge S.C. e Arcozelo (Caldas de S. Jorge).


7 de agosto de 2019

Aprender sobre a Escola do Viso







Poucos terão reparado, mas o edifício da Escola Primária do Viso ao longo do tempo da sua existência sofreu várias alterações, resultado de obras de conservação e requalificação. A primeira das fotos acima, com a data do ano de 1961, bem como a segunda, de 1982, são sensivelmente iguais à da construção original. 

Todavia, pelas obras realizadas já próximo dos anos 90, a configuração da cobertura foi alterada, passando do clássico de "quatro-águas" para "duas-águas". Também a zona do recreio foi fechada com caixilharias. Do mesmo modo as vedações exteriores, nomeadamente nas envolventes nascente, norte e poente foram alteradas.

Finalmente, com o encerramento da actividade escolar e com a exportação massiva dos nossos alunos para freguesias vizinhas, o edifício passou a devoluto. Felizmente, numa boa decisão e sentido de oportunidade, é integrado no edifício do Centro Cívico do Centro Social S. Mamede de Guisande, mantendo quase todas as suas características e sendo ampliado com as modernas instalações.

Quanto a alguns apontamentos sobre a história da Escola Primária do Viso, republico o que já há algum tempo por aqui publiquei, então um pouco a pretexto da água de nascente que vinda do Monte da Mó abastecia o edifício escolar.

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Escrevi então por aqui, alguns dados documentais sobre a construção do edifício da Escola Primária da Igreja, que ocorreu no ano de 1969. Fiz então uma referência ao período temporal em que terá sido edificado o edifício da  Escola Primária do Viso, tendo considerando por alguns testemunhos que entre o final dos anos 40 e princípio dos anos 50.

Para de algum modo confirmar esta suposição, tive a oportunidade de pesquisar o livro de actas da Junta de Freguesia de Guisande desse período, em que era presidente o Sr. António Leite de Oliveira Gomes, o Sr. Joaquim Gomes d´Almeida, secretário e o Sr. António Francisco de Paiva, tesoureiro.

A pesquisa foi curta e pouco exaustiva mas ainda assim dela colhi uma acta da sessão datada de 30 de Novembro de 1949, em que é mencionada a curiosa cedência/venda de direitos de abastecimento de água à escola do Viso, referida no documento como “novo edifício escolar”. 

Confirma-se assim que nessa data a escola já estaria edificada e concluída e por isso a necessitar de água. Por outro lado, considerando que a acta está reportada ao final do mês de Novembro, concretamente ao dia 30, será de supor que o ano escolar já teria começado, restando saber se já no novo edifício escolar, e se já com ou ainda sem  abastecimento de água, ou se a entrada ao activo aconteceria depois dessa data. Presumo que tendo este assunto sido motivo da acta da Junta em Novembro, o tal acordo de concessão terá ocorrido alguns meses antes, por conseguinte ainda a tempo de abastecer a escola por altura do começo do ano escolar (meados de Setembro, princípios de Outubro). 

É apenas uma suposição, mas não andará longe da verdade. Em todo o caso é uma situação a confirmar, eventualmente pesquisando o tal livro das actas a saber se há alguma referência quanto a esse pormenor ou então apelando à memória de alguém que tenha frequentado a escola no mesmo momento da sua entrada em funcionamento. Neste caso estamos a falar de pessoas que actualmente andarão na caso dos 74/75 anos, pois pressupondo uma entrada na primeira classe com 6 anos, para entrar em 1949 teria nascido em 1942/1943, por aí. Seja como for, é legítimo considerar e quase certo que a escola primária do Viso entrou em funcionamento em 1949 ou o mais tardar em 1950.

Voltando à questão do abastecimento de água à escola do Viso, é normal que fosse garantida uma solução de água de nascente, pois nessa época obviamente não havia rede pública e os poços eram poucos e os que havia necessitavam de rudimentares motores a petróleo, o mais vulgar, ou outro combustível, já que a freguesia por essa época  pós-guerra ainda não tinha rede eléctrica. Por conseguinte, entre a opção de encontrar água a uma cota elevada e pagar os respectivos direitos de exploração e passagem, o empreiteiro ou a entidade responsavável pela construção, acabou por encontrar uma solução no próprio local face à existência da rede de consortes. 

Independentemente do valor acordado como pagamento aos consortes, pelos tais 500 litros diários em dias de aulas, certamente que foi uma solução vantajosa para a entidade construtora ou adjudicante e com direitos perpétuos, tanto quanto se saiba. Obviamente que nessa altura ninguém suspeitaria que a então nova escola acabaria por fechar portas ao ensino passados mais ou menos 60 anos.

O contrato de concessão eventualmente poderia contemplar uma cláusula em que a mesma cessaria caso o edifício deixasse de ter a função de escola, por demolição ou por abandono. É uma questão a verificar caso ainda exista algum contrato da concessão, mas creio que não. De resto, mesmo tendo passado para a alçada do Centro Social, o edifício continua ainda a poder beneficiar da água, mesmo que já com ligação à rede pública.

Por outro lado, face a essa necessidade de água de nascente, não custa a crer que a localização do primeiro edifício escolar público em Guisande tenha sido escolhida em função da tal possibilidade de abastecimento por concessão de uma rede de consortes. de facto na época não seriam muitos os locais a beneficiar desse tipo de abastecimento. Por outro lado, na época procuravam-se para as escolas locais arejados e com boa localização, por isso com boas garantias no Monte do Viso e próximo à capela.

Quanto à referida rede de água de consortes, da qual foi concessionada uma parte ao edifício escolar, esta provém de uma nascente localizada na encosta poente do Monte da Mó, cujo percurso, da nascente à escola, ronda quase 1 quilómetro. A nascente  está na base de um poço com mais ou menos 20 metros de profundidade, por sua vez captada em três galerias que se desenvolvem em diferentes direcções e seguindo depois numa galeria com cerca de 100 metros de comprimento, do poço à boca da mina a partir da qual segue em tubagem.

Como se poderá perceber, à altura da edificação da escola do Viso, este abastecimento já existia há muitos anos e era à altura dos consortes referidos, dos quais se inclui o meu avô paterno. De resto a parte da água a ele pertencente ainda existe embora já dividida em quatro partes, uma das quais herdada pelo meu pai. A divisão da água pelas diferentes partes e consortes acontece num depósito distribuidor existente sobre o muro à face da habitação da Sr. Laurinda Almeida, minha tia. Dali parte para os diferentes consortes.

Esta rede de água originalmente estava entubada em tubos de grés, dos quais ainda há vestígios,  depois em tubos de ferro galvanizado e mais tarde entubada em tubo plástico. A nascente é abundante e nunca secou embora devido ao “raposo” e à seca no Verão por vezes o caudal sofra uma redução. Com a abertura da Auto Estrada A32, no lugar do Outeiro, o ramal foi afectado e maltratado, como outras estruturas na freguesia, e tem estado em parte a céu aberto no troço a montante da sua passagem debaixo do passeio do viaduto.

Depois do viaduto segue sempre enterrado até desembocar nos diferentes destinos. Entre o ponto mais alto (nascente) e o ponto mais baixo (Casa do Santiago) a rede tem um desnível de aproximadamente 60 metros (cota 290 até às cota 230). Já em relação à escola o desnível é de 40 metros. Em relação à caixa distribuidora o desnível é de 34 metros.

Quanto à referida acta da reunião de Junta, que abaixo se reproduz, para facilitar a leitura, a seguir transcrevemos a mesma na sua parte relacionada com o abastecimento de água ao edifício escolar. De notar que a importância  pelos direitos da água paga pelo empreiteiro aos consortes está com um espaço em branco, desconhecendo-se assim o respectivo valor e se tal foi deixado em branco de forma propositada ou por à data se desconhecer a quantia em concreto.

Acta da sesão da Junta de Freguesia de Guisande, concelho da Feira.

Aos trinta dias do mês de Novembro do ano de mil e novecentos e quarenta e nove, se reuniram em sessão ordinária presidente e vogais da referida Junta na sua sala de sessões pelas onze horas. Aberta a sessão disse o presidente que seria necessário e vantajoso constar no livro das actas, as condições que foram estabelecidas entre as autoridades da freguesia e os proprietários da água que abastece o novo edifício escolar.

Consortes da referida água são os seguintes: Joaquim Gomes de Almeida; Manuel Pereira dos Santos, António Alves Santiago e Elísio Ferreira dos Santos, fizeram esta concessão mediante a importância de (...) cujo a qual foi entrege pelo empreiteiro da mesma escola, tendo os referidos proprietários declarado que deixariam seguir para o tubo que a lá conduz cerca de 500 litros por dia, excepto aos Domingos, dias santificados e feriados, isto é, naqueles em que não há aulas, e além disso também durante todas as férias, só no caso se for preciso para lavagem da mesma. (---)


Saudosa escola do Viso,
À sombra do velho sobreiro,
Ecos de alegria e riso
Ressoam de um tempo primeiro.

Jogos, brincadeiras, folguedos,
Contas, ditados e escritas,
Tuas paredes guardam segredos
Memórias doces e bonitas.

Em ti aprendi a ler,
Nos livros que ainda guardo,
A fazer contas, a escrever
No caderno o ditado.

Professoras e meus colegas,
Rostos que ainda retenho;
Corridas, pião, cabra-cegas
Mas nas aulas, sempre empenho.

Por tudo isso, velha escola,
Saudades já tenho de ti,
Dos livros e lápis na sacola,
Letras e contas que aprendi.

Até agora, que morreste,
De tantos que partiram,
Quantas crianças acolheste,
Quantas lições te ouviram?

Já com as rugas da velhice
Regressam a ti de verdade;
Falta-lhes a cor da meninice,
Sobra-lhes a doce saudade.

- Américo Almeida

27 de julho de 2019

Outros tempos, outros olhares - 1




Outros tempos, outros olhares. Algumas coisas, inalteradas, outras nem por isso. É o caso destes olhares no início dos anos 80 em que a nossa igreja matriz não tinha na sua frente a actual alameda nem ao lado a capela mortuária, antes um sanitário incaracterístico.
Na foto de baixo, também algo mudou, neste caso o cruzeiro bem como os muros e acessos ao campo próximo.
Guardamos muitas coisas na nossa memória mas as fotografias, sejam a cores ou sem elas, ajudam a definir essas recordações, esses olhares.

25 de outubro de 2018

Bem a mim que és pequenino


Foto de meados de 1965. Nem mais nem menos que os irmãos Benjamim e Manuel. A foto foi naturalmente tirada pelo tio de ambos, Pe. Francisco. 
Benjamim, que chegou a padre, é o mais pequenito agarrado à mão direita da mãe. Nasceu a 28 de Agosto de 1963 pelo que na data da foto teria por isso à volta dos dois anitos.
Para além de tudo, repare-se que o adro já tinha os canteiros e arbustos já com bom tamanho, tendo os mesmos sido plantados pelo final dos anos 50. Também se percebe que o salão paroquial estava já concluído.
Uma fotografia pode contar-nos uma história ou mesmo várias. Depende sempre do ponto de vista.

11 de outubro de 2018

Parecendo que não, de hoje a um mês é S. Martinho




Ufa! Como corre o tempo. Ainda ontem marchava a procissão no Viso e daqui a um mês já anda o S. Martinho a dar castanhas e vinho. 
Talvez por isso, talvez por perceber que estas raparigas guisandenses (Juventude da Acção Católica Feminina) dançavam alegres à roda da fogueira e das castanhas, num Magusto de 1957, e de lá para cá voaram mais de 50 anos,  percebe-se que a vida são mesmo dois dias.

10 de outubro de 2018

Coralistas


E com apenas nove mulheres se cantavam glórias e hinos de louvor na igreja de Guisande. Era assim, por meados de Agosto do já distante ano de 1953, o nosso Grupo Coral. Reconheço uma ou outra, como a já falecida Srª Lúcia, em cima ao meio.
A avaliar pela fotografia, certamente num momento de convívio com piquenique, já que por ali se vêem melões,  regueifas e uma garrafa (já vazia ou ainda cheia ?). Na cesta, certamente mais alguma coisa.

28 de setembro de 2018

Olha o passarinho...


Esta fotografia de 16 de Junho de 1955, é porventura, das conhecidas, uma das mais antigas relacionada à nossa igreja matriz e zona envolvente a norte e nascente, com o adro e a residência paroquial. Como se poderá perceber, foi tirada a partir de um terraço da casa da família do Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, então conhecida como Casa do Sr. Moreira (sogro do Dr. Joaquim Inácio).
Pode-se observar vários pormenores, desde logo as árvores que existiam no adro, como a famosa e frondosa cerejeira, abatida em 1 de Dezembro de 1956, de que já falamos aqui. Também uma oliveira na parte mais central, à direita Por essa altura o adro estava ainda despido quanto aos arbustos que foram plantados em fase posterior, pelo início dos anos 60..
Ainda os pormenores interessantes da residência paroquial, nomeadamente a pintura da chaminé original (esta posteriormente demolida e edificada em seu lugar uma mais pequena, aquando de obras na cozinha) bem como um lambrim igualmente em pintura. Não o sabendo, seria natural que fosse em tom azulado.
Ao fundo, percebe-se ainda a antiga Casa dos Mordomos, que anos depois, no princípio dos anos 60, seria demolida parcialmente para dar lugar ao actual Salão Paroquial.
Por todos os aspectos que dela se podem obter, esta foto é em si mesma um importante documento e testemunha de um passado já algo distante (63 anos).

Abaixo a foto com a indicação do local onde foi obtida a foto de cima


Abaixo a foto com a vista geral do local, na actualidade, percebendo-se a ausência da referida chaminé existente na residência paroquial em 1955.



27 de setembro de 2018

E a mocidade de Guisande foi à praia


Verão de 1967. Parecendo que não, já passaram mais de 50 anos, meio século sobre o momento aqui retratado. Nesse Verão  parte da boa mocidade guisandense foi  a banhos, pelo menos molhar os pés. 
Infelizmente alguns dos aqui retratados já são apenas saudade. Curioso o pormenor de apenas dois homens entre onze mulheres. Se não me engano, o da esquerda é o Sr. José Santos, da Lama (ou talvez não) e o da direita parece-me falecido Sr. António Gomes, marido da Celeste Fonseca (ao seu lado esquerdo), de Cimo de Vila. 
Repare-se que por detrás deste grupo em pose quase de equipa de futebol, estão mais alguns "artistas", certamente também de Guisande. Claro que neste grupo há por ali muita gente conhecida, como a já falecida Lucinda Monteiro, mas fica o suspense para quem dos mais velhos quiser identificar as demais figuras.
Saudades!

10 de setembro de 2018

Saudades


Parece que foi ontem, mas já quase há 30 anos (15 de Agosto de 1989), aquando das Bodas de Ouro Sacerdotais do Padre Francisco Gomes de Oliveira. Em todo o caso, nesta correria que é o tempo, das pessoas aqui fotografadas três já partiram deste mundo (Padre Francisco, Germano Gonçalves e Elísio Mota). 
Os vivos, esses naturalmente entre nós, mas já mudados e moldados com a carga própria de três décadas, porque o tempo esse é democrático e envelhece tanto crianças como adultos, tanto presidentes de junta como de câmara.