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18 de setembro de 2025

Os partidos políticos não gostam de partir nem repartir


Muito se fala em participação cívica e em aproximar os eleitores da política. Porém, quando olhamos para as regras do sistema eleitoral português, percebemos rapidamente que a balança está longe de ser equilibrada: os partidos políticos gozam de um claro favorecimento em relação aos movimentos de cidadãos.

Nas eleições legislativas e europeias, o monopólio é absoluto — apenas partidos ou coligações de partidos podem apresentar listas. Os cidadãos organizados em movimentos independentes estão pura e simplesmente excluídos. Nas presidenciais, embora as candidaturas sejam individuais, exige-se um número elevado de assinaturas, o que limita na prática a entrada de quem não tenha já notoriedade pública.

É nas autárquicas que se abre a única porta para a participação directa dos grupos de cidadãos eleitores. Mas mesmo aí as exigências são desiguais: enquanto os partidos apenas precisam de entregar listas, os movimentos de cidadãos têm de recolher assinaturas validadas. E mais: os partidos podem apresentar candidatos recenseados fora da freguesia ou concelho em que concorrem, ao passo que os movimentos de cidadãos são obrigados a que todos os seus candidatos estejam recenseados no território a que a candidatura se destina.

No financiamento e no acesso à comunicação social a desigualdade repete-se. Os partidos com representação parlamentar beneficiam de subvenções regulares e de maior tempo de antena. Já os movimentos de cidadãos só recebem apoio limitado e pontual, proporcional ao resultado eleitoral.

A Constituição define que os partidos são essenciais para a organização da vontade popular. Mas, na prática, essa centralidade transforma-se num privilégio que fecha portas a iniciativas cívicas independentes. O resultado é um sistema que dificulta a renovação democrática e que mantém a política demasiado dependente das lógicas partidárias tradicionais.

Volta e meia faz-se esta discussão mas, em bom rigor, os partidos, e sobretudos os do designado arco do poder, não estão interessados em facilitar o acesso ao poder a grupos de cidadãos. Não gostam, não querem partir nem repartir as benesses. Em muito, também brota daqui o cada vez mais crescente descrédito e desconfiança para com a classe política, o que favorece os movimentos populistas.

Em resumo, a nossa classe política, pelos maus exemplos, há muito que anda a pôr-se a jeito, gerando um cada vez maior número de cidadãos descontentes, sem confiança, sem esperança e por isso revoltados e susceptíveis de aderirem a candidatos extremistas e populistas.

12 de setembro de 2025

Eleições Autárquicas 2025 - Guisande - Análise ao debate na Rádio

Ouvi ontem, em directo, o debate na Rádio Clube da Feira, pelas 19:00 horas, entre os candidatos à Assembleia de Freguesia de Guisande, Johnny Almeida, pelo PSD, e Celestino Sacramento, pelo PS, cuja eleição em 12 de Outubro próximo determinará quem formará a Junta de Freguesia e, por conseguinte, fará a gestão de Guisande nos próximos quatro anos, num mandato importante, porque o primeiro depois de uma falhada União de Freguesias que durou 12 anos.

Antes de mais, tenho em conta que os candidatos não estão habituados a ser entrevistados em directo para a rádio, pelo que naturalmente o nervosismo e as condicionantes do debate não ajudam à maior clareza. Mesmo com alguma preparação prévia, as coisas na hora tendem a ser esquecidas ou expostas de forma menos adequada.
Por conseguinte, acredito que ambos procuraram fazer o seu melhor nas respectivas condições.

Posto estas impressões iniciais, no geral, e é apenas a minha opinião, o debate ficou aquém do que eu esperava. Em vários temas pareceu-me um pouco pobre. Ambos mostraram ter praticamente as mesmas ideias, concordantes nas principais necessidades ( o que não é defeito) mas não foram capazes de se diferenciar quanto à substãncia e forma de as expor e como resolver. Pareceu-me que o debate foi pouco preparado ou, se foi,  pelo menos apresentado de forma pouco clara, muito superficial.
Houve até, de parte a parte, vários exageros, algumas confusões, certas omissões e diversas informações erradas em aspectos que me parecem importantes, nomeadamente os seguintes:

Edifício sede da Junta

Quanto às condições do edifício sede da Junta de Freguesia, houve um claro exagero de ambos os candidatos. O edifício tem condições de funcionamento e tem servido como pólo da actual Junta da União. O que de facto necessita é de obras de requalificação, com substituição da cobertura em chapas de fibrocimento, melhoramento das condições térmicas, criação de acessibilidades, renovação estética dos espaços, melhorar e modernizar o arquivo e sala de atendimento, bem como modernização da fachada principal. Mas, repito, daí a considerar-se que não tem condições de funcionamento ao ponto de se equacionar a mudança para o Centro Cívico é um exagero. O edifício não mete água nem está a ruir.

Envolvente da igreja matriz

Foi exagerado dizer-se que não há espaços de estacionamento. Claro que há: no Adro Padre Francisco de Oliveira, na Alameda Dr. Joaquim Inácio da Costa e Silva, na baía junto aos Ecopontos e nos arruamentos envolventes. Para o dia a dia das actividades da paróquia, têm chegado e sobrado. Em situações de maior afluência, como alguns funerais, o Dia de Todos os Santos ou celebrações mais significativas, será importante haver mais lugares. Ou seja, há estacionamento e nunca foi um sério problema, mas concordo que, havendo possibilidade, será positivo ampliar os lugares existentes. No Adro, não há árvores enormes a dificultar o trânsito. Apenas alguns arbustos que merecem cuidado e poda. No entanto também considero que é possível melhorar. Talvez não se justifiquem os separadores centrais, e a sua eventual remoção, e delimitação com pintura no pavimento, permitirá um espaço mais adequado à circulação e estacionamento.

Por outro lado, ambos falaram dessa necessidade, bem como de um parque de lazer, mas ninguém explicou de forma séria como o fazer, dado que o terreno contíguo, a sul da Alameda, é privado e necessita de negociação. Se for adquirido — o que não será barato, certamente — poderá ser agregado ao terreno já pertencente à Junta, do lado sul e poente do cemitério, adquirido no mandato de 2014/2017, quando fiz parte da Junta.
Em resumo: será uma obra interessante se for possível, mas carece de negociação com privados e, sem apoio da Câmara, representará um grande esforço orçamental, pelo que terá de ser uma obra para mais do que um mandato.

Monte do Viso

Ambos concordaram na necessidade de obras, incluindo um parque infantil, mas foram vagos e pouco objectivos quanto à forma e ao conteúdo O espaço está mais ou menos definido mas há opções que devem ser tomadas, por exemplo considerar a reformulação da zona central onde está o pequeno lago e várias árvores e arbustos, de modo a no futuro optimizar um melhor local para o palco aquando da Festa do Viso, mas compensar com a plantação de árvores de sombra. Como está, esse espaço separa o arraial em duas zonas e não contribui para a hamonização do conjunto. Requer um bom estudo, bem pensado.

Ambos falaram na necessidade de alargar a rua de Santo António, do lado norte, e creio que é possível até porque no mandato de 2014/2017, obteve-se a concordância dos proprietários marginais. Infelizemnte, o executivo do 2.º mandato ignorou por completo essa necessidade mesmo não comportando custos significativos. A realizar-se será um melhoramento importante.

Auditórios e Centro Cultural

Questionados sobre a existência de auditórios, ambos disseram não haver nada na freguesia além do apoio do Centro Cívico. É verdade que a Junta não tem equipamento próprio, mas existe um pequeno auditório no Centro Cívico, onde já se realizaram actividades, e sobretudo o Salão Paroquial, recentemente requalificado, que há mais de 60 anos tem sido espaço nobre para teatro e outros eventos. Não é da Junta, mas é da paróquia e da freguesia.

Quanto à ideia do Centro Cultural, lançada por Johnny e à qual Celestino disse não acreditar, é de facto um sonho. Antes disso, será fundamental apoiar a reactivação da Associação Cultural de Guisande “O Despertar” e os grupos já existentes, para que no futuro o sonho de um Centro Cultural faça sentido.
Ninguém lembrou que existe, no lugar de Fornos, um terreno pertencente à Câmara, adquirido no final da década de 1980 precisamente para acolher um Centro Cultural, então pensado para a sede de “O Despertar”. Será, pois, um projecto de futuro, mas só fará sentido com um tecido associativo à altura.

Campo de futebol e desporto

Houve desinformação quanto à propriedade do terreno, supostamente o entrave à instalação do relvado sintético. Celestino Sacramento disse tratar-se de terreno particular, o que é falso na substância: foi doado na década de 1980 à Junta de Guisande. Existe escritura, embora, por desleixo da Junta de então, nunca tenha sido registada na Conservatória. Com o falecimento da doadora, não tendo sido feito o registo na década de 1980, o prédio entrou em herança. A situação detectada passou a exigir a regularização burocrática, da qual têm surgido divergências entre herdeiros e Junta, quanto à forma de regularizar, com cada parte a travar-se de razões. Apesar disso, a herança nunca se opôs à legitimidade da escritura nem da regularização necessária nem ao entrave no processo de candidatura ao projecto do arrelvamento. Ora este esclarecimento ficou por fazer no debate e o que foi dito só aumentou a confusão de quem está por fora do processo.

Faltou dizer, também, que a actual Junta da União recuou no compromisso público de apoio financeiro. Em Dezembro passado, no jantar de Natal do Guisande F.C., o presidente da Junta afirmou que o apoio seria garantido, na ordem dos 100 mil euros, independentemente do que viesse a ser decidido no processo de desagregação. Meses depois, com a desagregação consumada, a Junta recuou no compromisso público ao clube e à comunidade,  limitando a perspectivar um apoio de apenas e cerca de 20% desse valor. Ora para concretizar a obra, temos que admitir que gace a este recuo será um esforço grande para a futura Junta, o que obrigará a uma engenharia financeira pluri-anual, parece-me. Em todo o caso, importa que a futura JUnta não se desvie desta objectivo.

Creio que também nada falaram sobre o rinque polidesportivo de Casaldaça, requalificado pela Câmara com investimento de cerca de 180 mil euros, mas cujas obras no balneário ficaram de fora. Não se ouviu o que pretendem fazer para dinamizar o espaço que continua sem qualquer movimento, salvo um torneio organizado pela cessante Comissão de Festas  do Viso.

Cultura - Associativismo

Ambos prometeram apoiar logisticamente e financeiramente as associações existentes, mas nada disseram sobre reactivar “O Despertar”. É importante que a Junta, para além de apoiar e acarinhar os grupos que existem, com o seu poder agregador, possa incentivar e criar condições para reerguer aquela que foi a mais importante associação cultural e recreativa da freguesia, porque faz falta.

Urbanismo e PDM

Ambos traçaram o retrato das dificuldades do urbanismo e da esperança em reverter a quebra populacional, constatando a construção de várias habitações nos últimos tempos e a perspectiva de novas edificações. Mas não abordaram nem censuraram aspectos cruciais, como a revisão do PDM, supostamente ainda em curso, onde os técnicos da Câmara, em contra senso com os objectivos da Lei dos Solos, que é promover mais terrenos para construção, prevê reduzir espaços urbanos, classificando-os como rurais, mesmo em arruamentos centrais à freguesia e já dotados de infra-estruturas, nomeadamente em parte da Rua Cónego Ferreira Pinto, Rua da Zona Industrial, Rua do Viso e outras. Mostraram desconhecer o assunto pelo que se desconhece se ainda vão a tempo de, em se de de consulta pública, atalhar estas reduções injustificadas e penalizantes para o crescimento urbano da freguesia a curto prazo.

Aspectos gerais:

Ambos não conseguiram, no geral, avançar com outras ideias e projectos, mesmo que simples, mas diferenciadores. Uma ou outra ideia, já em vigor na União de Freguesias, bem como, no que concordo, com a possibilidade de em protocolo manterem o evento Corga da Moura, se nas mesmas condições e com uma participação proporcional, embora com reservas por parte do Celestino Sacramento. Não obstante, no geral, eu esperava mais ideias e iniciativas diferenciadoras. Algumas, até já as sugeri por aqui.

Aspectos positivos ou menos positivos

De Johnny Almeida: Citou várias vezes o actual presidente da Câmara como apoiante dos projectos para Guisande, e que ciente do atraso da freguesia, mas esquece que este  ainda terá de passar pelas eleições. Por enquanto o actual presidente é apenas um de vários candidatos. 

Além disso, pareceu desculpar demasiado a União de Freguesias, ignorando que esta está a concluir 12 anos de governação e seria interessante procurar saber onde foi aplicado no nosso território, pelo menos 1 milhão e 200 mil de euros a que Guisande,, por proporção do orçamento teria direito. 

Parece-me que, se é facto que houve uma óbvia melhoria no aspecto de  proximidade do presidente aos grupos e às pessoas, honra lhe seja feira, quanto a obras registam-se alguns melhoramentos com desvio de águas pluviais, a construção de mais sepulturas no cemitério, uma ou outra intervenção, mas no geral pouco de substancial foi feito e as mais significativo, como pavimentações e requalificação do rique polidesportivo, e saneamento e pavimentação da Rua de Trás-os-Lagos foram do orçamento da Câmara Municipal ou de apoio substancial desta. 

Mesmo a limpeza dos espaços públicos, numa boa parte da freguesia tem sido muito descurada nesta parte final do mandato. Alguns melhoramentos ainda estão por concretizar, como as sarjetas na Rua Nossa Senhora de Fátima entre os lugares da Leira e Gândara. Não confirmei nos últimos dias, mas há uma rua interrompida há meses e sem fim à vista (Rua do Sebastião, em Cimo de Vila). A obra do saneamento e a repavimentação da Rua da Zona Industrial já não vai ser realizada neste mandato nem deixada verba cabimentada para tal. Por conseguinte, a União de Freguesias, em 12 anos, com o PSD (2 mandatos) e o PS (1 mandato) não conseguiu ser diferenciadora nem resolver assimetrias. Foi muito pouco face às expecativas dos arautos e defensores da União.

No geral, mesmo que de forma muito suscinta, o Johnny Almeida mostrou ter vontade e espírito de iniciativa e com algumas ideias ambiciosas como o Centro Cultural e o melhoramento da ligação de Gião a Guisande para potenciar a ligação à A32 e algo diferenciadoras em relação ao Celestino Sacramento.

Finalmente, no minuto reservado para a declaração final, foi muito rápido gastando apenas 23 segundos. Poderia, a meu ver,  aproveitar todo o tempo previsto para enriquecer a mensagem. Foi a despachar.

De Celestino Sacramento: Tal como o colega de debate, disse ter muitas ideias mas na verdade foram abordadas muito pela rama, sem qualquer sustentação de como as realizar e cabimentar no orçamento da Junta. Não apresentou nada de diferenciador.

Apontou o dedo ao anterior executivo de ter terminado com o serviço de enfermagem (no mandato anterior pois ainda funcionou de 2013 a 2017)  mas ignorou que o executivo que apoia não foi capaz de o retomar. 

Creio que todos, a começar por mim, reconhecemos a importância que o Celestino Sacramento teve no processo de desagregação e obtenção da independência da freguesia. Mas não lhe ficou bem  chamar apenas a si esse papel e mérito. Teve-o, foi importante, como também importante e decisivo foi toda a bancada do PSD na Assembleia de Freguesia, que votou a favor, ao contrário dos colegas de bancada do Celestino. Alguns elementos da bancada do PS, residentes ou com origens familiares em Guisande, votaram mesmo contra ou abstiveram-se. Sem a posição e o voto do Celestino nada se conseguiria como também é verdade que nada se alcançaria sem a votação da bancada do PSD.

Por conseguinte, neste puxar dos louros, faltou ao Celestino Sacramento dizer que também o Dr. Rui Giro teve um papel fundamental na orientação e preparação do processo e da parte jurídica, e mesmo na recta final, quando já se dava por perdida a desagregação, foram o seu papel e intervenção fundamentais ao promover a sessão extraordinária da Assembleia de Freguesia, pelo final do ano de 2024, que veio clarificar a situação e ainda ir a tempo de ser apreciada e votada favoravelmente na Assembleia da República. Creio que sem lhe retirar o mérito, o apreço e o reconhecimento, e disso nunca esquecerei, ficou mal esta omissão ao Celestino Sacramento, porque era de justiça. Acredito que foi  sem intenção de ignorar o papel e importância dos demais, e do Dr. Rui Giro, mas foi essa imagem que passou.

Quanto ao Centro Social, esteve bem o Celestino Sacramento ao apontar a falta de cumprimento pela Segurança Social do programa de apoio para Centro de Dia, bem como da parte política, mas falhou ao equacionar o encerramento do Centro Social. Ora para quem for presidente da Junta deve desenvolver todos os esforços no sentido de fazer crescer e funcionar os equipamentos e nunca baixar os braços ou equacionar pelo seu encerramento.

Resumo

Não obstante a minha análise, os candidatos deram o seu melhor, embora o nervosismo em directo condicione sempre a clareza. Foi um debate educado, sem atropelos e com respeito mútuo, entre dois candidatos que certamente desejam o melhor para a freguesia. Concordaram nas principais necessidades, diferindo pouco na apreciação às mesmas.
A diferença entre ambos os candidatos e respectivas listas poderá estar na capacidade de concretização. Contudo, na substância e forma, o debate ficou um pouco aquém do que eu perspectivava. Talvez por elevar as expectativas. Foram algo superficiais, mas mesmo assim ficaram no crivo várias ideias que podem e devem ser desenvolvidas durante a campanha eleitoral.

Concluindo, e esta é apenas uma análise pessoal, e de forma isenta tanto quanto possível, se tivesse de decidir o meu voto apenas com base no debate, confesso que ficaria com dúvidas, pelo que aguardo os futuros desenvolvimentos da campanha de ambos os partidos e candidatos e suas dinâmicas. Hoje em dia o eleitorado exige clareza e já não alinha em métodos de campanha manhosos.

Para fechar mesmo, destaco e enalteço a postura respeitosa de ambos e agradeço-lhes a disponibilidade para servir a freguesia e a comunidade. Bem hajam!

10 de setembro de 2025

Autárquicas 2025 - Guisande - Sondagem / Inquérito


Costuma-se dizer que as sondagens valem o que valem, mas também é certo que podem ser um indicador de intenção de voto ou de escolha. Neste sentido, abro aqui uma sondagem onde os guisandenses com direito a voto podem responder a algumas questões que podem ajudar a traçar um retrato do eleitorado e suas percepções.

Inicialmente pretendia apenas abrir uma sondagem com a simples questão quanto à intenção de voto, se no Johnny Almeida, pelo PSD, ou se no Celestino Sacramento, pelo PS.  Todavia, sabendo do que a casa gasta e das limitações técnicas do sistema que podem fazer com que votem eleitores fora de Guisande, ou mesmo sem idade de voto, ou ainda, quem souber, votar várias vezes, contornando as verificações do sistema, optei por não lançar a sondagem nesses moldes pois assim poderia ser, em muito, desvirtuada, e isso não seria positivo para qualquer um dos candidatos nem para o objectivo pretendido, isto é, de forma rigorosa, com isenção e apenas uma escolha por eleitor.

Por conseguinte, a presente sondagem nem é tanto isso, mas antes um inquérito, em que se procura traçar um retrato geral e perceber o entendimento e percepções dos eleitores guisandenses, mesmo daqueles que ainda sem idade para votar mas com um entendimento claro e futuros eleitores, por isso os adolescentes.

Neste inquério, a cada questão é orbigatório responder com uma opção. As escolhas são registadas pelo sistema de forma anónima, pelo que não são colectados quaisquer dados pessoais e nem mesmo eu, o autor, saberá quem vota. O sistema apenas faz a verificação do IP de modo a impedir ou a dificultar múltiplas escolhas na mesma origem.  Todavia, pede-se o favor dos participantes procurarem responder de forma consciente e honesta para que o resultado seja o mais real possível.


VOTE AQUI


Os resultados vão sendo exibidos e actualizados online conforme as votações, em número e em percentagem.

8 de setembro de 2025

Jogar às claras, olhos nos olhos


Para uma eleição para uma qualquer Assembleia de Freguesia, tanto mais numa pequena freguesia como a nossa ou similares, é das regras que é importante uma campanha de proximidade, porta-a-porta, para com realismo transmitir as ideias e os projectos e a forma como os concretizar. Importa dar-se a conhecer, ouvir opiniões, sugestões e até queixas, de modo a definir estratégias e soluções para, uma vez assegurada a eleição, passar à acção e dar respostas tanto quanto possível.

Em todo o caso, uma campanha de proximidade, porta-a-porta, deve ser feita pela equipa e sobretudo pelo líder, pelo cabeça-de-lista, aquele que, em caso de vencer as eleições, será indicado como presidente de Junta. É a ordem natural das coisas e de facto dá a cara e responde quem é o líder, a figura principal.

Ora quando assim não acontece, e à frente, sem se saber com que legitimidade ou a mando de quem, anda alguém que nem sequer faz parte de uma lista, por isso como um pau mandado ou arvorado por uma legitimidade que não tem, pergunta-se se isso é positivo ou negativo para o respectivo cabeça-de-lista e respectiva equipa e por, conseguinte, se para o resultado final? Tanto mais quando sem qualquer legitimidade e garantia de cumprimento, se procura aliciar com promessas de carácter privado em que nem sempre o bem público e comum é resguardado do benefício privado e particular.

Deve, pois, haver cuidado bastante neste tipo de tática, principalmente quando se constata que no passado não deu resultados e ainda por cima por parte de quem contribuiu  para uma pesada herança que outros tiveram de pagar à frente, por mais que  usados argumentos de negação, na velha máxima de que uma mentira dita muitas vezes passa a ser verdade.

Este pensamento é num contexto geral e cada um conclua o que quiser. Além do mais, quem vive estas coisas apenas com o fanatismo partidário não conseguirá fazer a destrinça. Afinal, o pior cego é o que não quer ver, diz o povo.

As campanhas eleitoraias, de um modo geral, não têm grandes segredos e devem basear-se na humildade, na capacidade de dar uma esperança fundada aos eleitores e num firme propósito de servir e estar próximo, mesmo que dentro dos condicionalismos e dificuldades de uma Junta de uma pequena freguesia. Não há milagres e quem já fez parte duma Junta sabe disso.

Não há nada para inventar e iremos mal quando cada um de nós não formos capazes de pensar e decidir pela nossa própria cabeça e capacidade de análise, mas apenas a não resistir a receber rebuçados ou outras coisas doces, que no futuro outros terão de pagar amargamente.

Haja, pois, de parte a parte, bom senso e nada de procedimentos rasteiros e manhosos, tantas vezes conspurcando a vida pessoal de quem se mete nestas coisas apenas com o propósito louvável de servir a freguesia e a comunidade. Não somos muitos pelo que todos são precisos e a unidade de uma comunidade como a nossa não ganha nada em dividir-se fora do jogo limpo e das regras de civismo e democracia.

Por isso, respeito, frontalidade, civismo e jogo às claras, sem alguém a minar ou a sabotar o terreno, deseja-se. 

Não recebo nem dou lições de moral a alguém, mas quando em 2014 andei literalmente porta-a-porta, dialogando com cada um e cada uma, a fazer campanha pelos valores em que acreditava em poder ajudar a freguesia na transição para a famigerada União, tive que lutar contra a má impressão em relação ao cabeça da minha lista, em que entrei como independente, bem como andar a esclarecer e a desfazer boatos e badalhoquices que alguém andava à frente e atrás a espalhar, mesmo com ataques e suspeitas de foro pessoal. Por isso sei do que falo e, em muito por isso, como gato escaldado, entendi desde a primeira hora que a solução para este ciclo seria uma lista independente, a unir, a não separar. Com pena minha, porque nessa condição poderia ajudar, não se foi por aí, antes pela forma habitual por via partidária, pelo que, de minha parte, desejo que a campanha seja o mais respeitosa  e clara possível, sem táticas manhosas, tão próprias de um tempo que já passou.  

Como qualquer um, na eleição vou ter que optar por uma das listas, porque votar em ambas é voto nulo, mas em ambas as listas tenho gente em quem confio e com reconhecido amor pela terra e capacidade. Outros, nem por isso e são meros desconhecidos ou desconhecedores da freguesia. Mas também aqui é necessária a inclusão e com isso uma possibilidade de haver uma maior ligação por parte de quem não a tem.Todos somos poucos.

Se em qualquer momento eu decidir expressar publicamento o meu apoio, será ao Johnny Almeida ou ao Celestino Sacramento, e não ao PSD ou ao PS. Será sempre uma decisão livre e pensada nas melhores opções e perspectivas, incluido capacidade de decisão, vigor nas acções, da qualidade das ideias e projectos,  mas sem nunca perder o respeito, consideração e estima pessoais  pelos que integram a outra parte. 

Haja, pois, respeito, porque todos devem querer o bem comum, o da nossa comunidade e das nossas pessoas. Táticas e campanhas manhosas, próprias do passado, não devem ter aceitação por quem se considera capaz de decidir por si próprio.

3 de setembro de 2025

Campanha Eleitoral em Guisande - Primeiros sinais


Quanto a mim, tarde, mas já temos o primeiro sinal de campanha eleitoral na nossa freguesia de Guisande. Pelo PSD, Johnny Deivis Almeida apresenta-se como candidato encabeçando uma lista com "nova energia" e "novas ideias" por um "Guisande mais nosso".. 

Os slogans valem o que valem, mas independentemente de quem vier a merecer a confiança da maioria dos guisandenses, e maioria nesta caso pode significar apenas mais um voto, importa que de facto seja uma junta com energia, motivação e ideias boas ao serviço da freguesia e da comunidade, sendo certo que as necessidades são muitas e os recursos financeiros, logísticos e humanos são escassos. Por conseguinte a tarefa da futura Junta não será fácil pelo que importa valorizar os que se dispõem a este serviço público.

Ficamos à espera dos primeiros sinais da lista do Partido Socialista liderada pelo Celestino Sacramento.

29 de julho de 2025

Por entre a fumaça

 


Meio país está a arder, o que não espanta. Todos os anos, este caldo é preparado com os ingredientes do costume: Criminalidade relevada e sem penas adequadas, más políticas, falta de meios, recursos escassos e contextos climáticos cada vez mais adversos. 

O resto, as limpezas florestais e sua obrigatoriedade, é apenas um faz-de-conta, já que são poucos os que cumprem e muitos os que assobiam para o lado, face a um misto de impassividade e impotência das autoridades. Em Guisande, é só dar uma voltinha, apenas pelas ruas e deixando de lado os caminhos, para se ver com ambos os olhos os desrespeitos, com denso arvoredo até às valetas e mesmo sobre as estradas. Não obstante, com as limpezas a custarem mais que o valor de alguns dos prédios, convenhamos que a coisa não vá lá.

Assim, num céu enegrecido, quiçá com o incêndio que lavra por Arouca,o astro rei é por esta manhã um disco vermelho.

Ali, na berma da estrada, há cartazes políticos. À direita promete-se um concelho vibrante, seja lá o que isso queira significar. À esquerda diz-se que há outro caminho. Curiosamente, onde reina o PS vai-se dizendo que "no bom caminho", como se uma vez encontrado o caminho, seja esse o certo, sem alternativas, como a desmentir que "todos os caminhos levam a Roma". Além do mais há sempre o risco de quem se meter em atalhos meter-se em trabalhos, pelo que a analogia dos caminhos pode ser confusa. Quanto ao vibrante deve ter sido obra de algum iluminado publicitário, porque também não funciona, já que o quadro com que se vai pintando o território nem sempre é a cores e não faltam pontos ou manchas negras.

Por conseguinte, é apenas política e os slogans, na realidade, valem pouco ou nada, porque andamos nisto há 50 anos e sempre com os mesmos resultados. Já sabemos ao que vêm.

Mas importa haver sempre gente disposta, com pretensões a governar, tão bem quanto possível, e por isso há que fazer opções, se não todos, pelo menos a metade que costuma votar.

Felizmente que ao centro temos o anúncio da nossa festa, que sabemos que será já neste fim-de-semana. Assim, nesta exposição de cartazes, nem tudo são analogias!

22 de julho de 2025

A recta final com muitas curvas



Estamos já em pré-campanha para as eleições autárquicas de Outubro próximo. Já são conhecidos vários dos cabeças-de-lista concorrentes às diversas freguesias, tanto pelo Partido Socialista como pelo PSD. É certo que pela parte de Guisande ainda nada foi anunciado de forma pública, mas acredito que entretanto.

O processo da desagregação da nossa União de Freguesias está em curso e a partir da tomada de posse da Assembleia de Freguesia e Junta, Guisande, como todas as freguesias saídas das uniões, passará a ter vida própria e a ser dirigida por gente da terra.

No caso da ainda nossa União de Freguesias, é sabido que o actual presidente ja foi anunciado como candidato pelo Partido Socialista à Junta de Freguesia de Lobão. Queira-se, ou não, daqui até às eleições estará a pensar no futuro e, por conseguinte, empenhado em criar condições para ser reeleito, o que, creio, não será difícil. 

Em todo este contexto, intencional ou não, e quero crer que não, começa a ser difícil perceber se temos o actual presidente da Junta apenas como tal ou se mais como candidato pelo PS à futura Junta de Lobão. 

Começo a perceber que a dinâmica da Junta na nossa freguesia já não é a mesma desde que a desagregação se tornou uma inevitabilidade. Começou com o recuar do compormisso na comparticipação financeira para o relvado sintético no campo de jogos no Guizande F.C., reduzindo drasticamente o apoio, pondo em causa a obra, apesar de ter sido assumido o apoio de forma pública e categórica. 

A limpeza nos espaços públicos, nomeadamente nas ruas, está a atingir um desmazelo nunca visto. Algumas fotos abaixo são elucidativas. É passar pelas ruas da freguesia, sobretudo Rua Nossa Senhora de Fátima, Rua 1.º de Maio, Rua de Trás-os-Lagos, Rua da Fonte, mas várias outras, para perceber do que falo. 

Há algumas situações ainda por resolver, como os remates no pavimento nas sarjetas feitas na Rua Nossa Senhora de Fátima, no lugar da Gândara. A Rua dos Sebastiões está cortada ao trânsito, vai para meses, devido a um abatimento no piso, tendo também, por isso, sido interrompido o respectivo asfaltamento. Também já percebi que a instalação das redes de água e saneamento na Rua da Zona Industrial, e respectiva pavimentação, vão ficar para a futura Junta. Está esta rua num estado lastimável e vergonhoso. Mesmo algumas simples situações que fui reportando oficialmente por email, não têm merecido nem resposta nem resolução, apesar de fáceis, como o colocar de um sinal de STOP em falta.

Por conseguinte, oxalá que esteja enganado e até dou o benefício da dúvida, mas, experimentado, começo a perceber que algumas dessas situações já não irão ser resolvidas até às eleições e vão ficar mesmo  para a futura Junta de Freguesia, na velha filosofia de "quem vier atrás que feche a porta". 

Não obstante, nada disto me surpreende, porque, no fim das contas, apesar de melhoramento de alguns aspectos, reconheça-se, como a proximidade às pessoas e aos grupos, todo o período de vigência da União de Freguesias não foi muito diferente nas coisas essenciais, nas obras e melhoramentos, e só não percebe que a freguesia de Guisande foi sempre o parente pobre quem andar desfazado da realidade ou  ofuscado por eventuais militâncias e simpatias pessoais. Eu próprio tenho simpatia e consideração, mas procuro manter alguma clarividência na análise geral. Além do mais, quando fiz parte da Junta no primeiro mandato da União, com graves problemas herdados e com menos recursos financeiros, o executivo foi alvo de constantes queixas por parte de quem agora governa, sem que, contudo, faça melhor e diferente, nomeadamente nas limpezas das ruas, como é fácil verificar. Só não vê quem não percorre a freguesia ou fecha os olhos. Além do mais, o que se vai limpando é já depois de meses de desmazelo e mau aspecto.

De resto, nunca houve milgares, porque seja numa União de Freguesias, seja numa freguesia, as dificuldades e carências são muitas face aos poucos recursos, tanto mais quando se tem uma política de gestão em dispersar uma parte substancial dos recursos em coisas bonitas, do agrado de foliões mas efêmeras, como o fogo de artifício, que deslumbra mas nada sobra, nem as canas. 

Com todas estas dúvidas e receios, vou, mesmo assim, esperar que o pouco tempo que resta até às eleições não seja mesmo de total abandono da freguesia. Esperar para ver.







23 de junho de 2025

Visto de fora - David Neves candidato pelo PS à Junta de Freguesia de Lobão


Adivinhava-se e confirma-se: David Neves, actual presidente da Junta da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, apresentou-se publicamente como candidato pelo Partido Socialista à futura Junta de Freguesia de Lobão. 

Visto de fora, e ainda sem conhecer os candidatos pelas demais listas concorrentes, nomeadamente pelo Partido Social Democrata, não tenho dúvidas que será o vencedor das próximas eleições autárquicas e o futuro presidente da Junta daquela freguesia, num novo ciclo, depois da desagregação da União de Freguesias.

Conheço o David Neves ainda antes destas coisas da política e nutro por ele uma simpatia e consideração pessoal, que creio que é recíproca. Mas nestas coisas da política procura-se não se misturar as questões e considerações pessoais e sob esse ponto de vista, e por conseguinte, quaisquer impressões aqui expressas são  apenas nesse sentido de opinião política.

Para contextualizar e em retrospectiva, eu fiz parte da Junta no primeiro mandato da União de Freguesias (2014/2017), num cenário de muitas dificuldades, tanto pela novidade e particularidades do que era uma nova realidade, um novo ciclo, bem como, ainda, da pesada carga de dívidas, obrigações e compromissos herdados de algumas freguesias, nomeadamente de Guisande e Gião, que em muito limitaram a acção da Junta, ainda com o facto de terem sido apenas três anos. Apesar disso, desse leque de dificuldades e entraves, a Junta no geral fez o trabalho possível e creio que razoável e ainda transmitiu um saldo positivo à futura Junta do segundo mandato.

Por opção  pessoal, essencialmente por não me rever em alguns dos aspectos seguidos no modelo de gestão da União de Freguesias, muita centralizada na figura do presidente, em que os representantes das freguesias eram meros moços de recados, sem competências atribuídas para chamar a si algumas das ideias e projectos que tinhm para cada uma das freguesias, contrariamente ao que tinha como expectativa quando decidi participar e dar a cara por Guisande, naturalmente que não aceitei fazer parte da lista concorrente a um segundo mandato. Do modelo seguido no primeiro mandato, nada concorria para sequer pensar em mudar de opinião. Estava mesmo fora de questão.

Ora esse segundo mandato que se seguiu, ainda pelo PSD, que voltou a vencer as eleições com maioria, foi, a meu ver, o mais pobre e ineficaz dos três mandatos de vigência da União de Freguesias, mesmo considerando que ainda faltam alguns poucos meses para a conclusão deste terceiro, já sob a governação do PS. 

Como "o algodão não engana", esse segundo mandato do PSD, sobretudo em Guisande, foi tão oco de obras e melhoramentos e com um agravamento na proximidade dos eleitos aos eleitores, que só podia ditar o afastamento de quem, pelo mesmo partido, se propunha a um terceiro mandato e como tal, David Neves, de novo candidato pelo PS, mesmo derrotado nos dois anteriores processos eleitorais, pode, finalmente, vencer e governar a Junta da União de Freguesias, com maioria. Como "prenda" ou "herança" da ineficácia da Junta anterior, que nem sequer soube gastar o seu dinheiro em obras e melhoramentos, recebeu um saldo superior a 300 mil euros, como um filho de papá que ao fazer 18 anos recebe de prenda um Ferrari.

Foi, pois, neste contexto, de casa orientada e cofre cheio, que o David Neves e a sua equipa socialista, entrou a governar a Junta da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande. Tinha tudo para fazer um bom mandato, desafogado e com isso marcar a diferença. 

Procurando fazer um resumo, pessoalmente, no geral e do que me é possível percepcionar, acho que tem feito um bom trabalho e sobretudo valorizou muito a questão da proximidade e fez por ser um presidente presente, ao lados dos grupos e das pessoas, num estilo e registo político e de gestão  totalmente diferente do estilo da anterior Junta.  Consolidou a estrutura da Junta e da sua eficácia e mostrou que, a continuar a União de Freguesias, como era sua forte vontade, haveria margem para melhorar.

Apesar disso, e agora olhando apenas para a sua acção em Guisande, e do esforço exclusivo do orçamento da Junta, no aspecto de obras e melhoramentos, e já lho disse pessoalmente, parece-me que se fez pouco, sobretudo no contexto de um mandato com todas as condições financeiras, de organização e estrutura favoráveis. Há ainda situações por resolver mas no cenário confirmado da desagregação,  já duvido que sejam resolvidas até ao final do mandato, feitas obras de monta ou realizados melhoramentos ainda que ligeiros, até porque o tempo já é escasso e o presidente vai passar andar ocupado com questões de campanha e promoção de imagem. Mas oxalá que me engane e que ainda seja possível concretizar alguma coisa, em obras ou apoios.

E eu teria esta mesma apreciação se o que foi feito em Guisande tivesse sido apenas no âmbito de uma própria Junta de Freguesia de Guisande, com um orçamento anual inferior, mesmo que apenas na casa dos 150 mil euros. Continuaria a ser pouca a obra e escassos os melhoramentos.

Para além disso, no que seria algo de valor significativo no mandato quanto à nossa freguesia, acabou por recuar no seu compromisso público de apoio financeiro à obra do relvado sintético no campo de jogos do Guisande F.C., ficando-se agora e apenas com uma parte do que seria o valor total previsto. Todos, principalmente o Guisande F.C. lamentam esta inversão de compromisso assumido. Até posso tentar compreender a sua posição e justificação já dada, mas parece-me que será uma nota negativa na apreciação do seu mandato, sobretudo no que se refere a Guisande. 

No resto, no global, parece-me que o David Neves esteve quase sempre bem, próximo, atento, e respeitando as freguesias e as suas particularidades identitárias, sociais e culturais, num registo totalmente diferente do anterior mandato de gestão do PSD. Já o escrevi noutra altura, o David Neves mostrou ser um bom exemplo de um presidente com atitude e perfil mais adequados  à presidência da Junta de uma União de Freguesias. De resto, continuasse a União de Freguesias,  não teria eu problema em trabalhar com ele, caso fosse convidado a fazer parte da sua lista. Digo-o sem qualquer hipocrisia e na certeza de que seria feito um bom trabalho, incluindo em Guisande. Todavia, sabemos que o caminho não será esse e que as freguesias da União a partir de Outubro próximo iniciarão uma nova realidade, cada uma por si.

Não obstante, mesmo com esta apreciação positiva e global da acção da actual Junta da nossa União de Freguesias e particularmente do seu presidente, obviamente que nem sempre concordei com alguns aspectos da gestão, a meu ver muito focalizada em acções de eventos, medidas mediáticas e entretenimentos, que reconheço que são populares e dão votos, como o Corga da Moura (um êxito), mas que pela sua natureza e efemeridade, sem o justo equilíbrio levaram a comprometer outras necessidades conjunturais ou estruturais de obras e melhoramentos, como o caso do relvado sintético no campo de jogos do Guisande F.C. a que acima fiz referência. 

Mesmo quanto à sempre problemática questão das limpezas das ruas e espaços públicos, apesar de uma óbvia melhoria na primeira metade do mandato, parece-me que nesta parte final as coisas não têm sido muito diferentes dos anteriores mandatos. Neste momento, e olhando apenas para Guisande, são várias as ruas com necessidades de limpeza, algumas de forma notória, como na Rua Nossa Senhora de Fátima (Leira, Pereirada e Estôze),  Rua de Trás-os-Lagos, Rua da Fonte, Rua 1.º de Maio, e outras. Do mal o menos, tem correspondido e actuado nos espaços e ruas em momentos de actividades ou eventos o que não é mau. De resto, sempre foi assim e sempre assim será, porque há dificuldades que se repetem e quem na oposição as criticou ou critica, uma vez no poder não conseguem fazer muito diferente. É, afinal, o resultado quando não há recursos nem meios suficientes para o tamanho das necessidades.

Agora a realidade é outra, e recuando ao primeiro parágrafo, não tenho dúvidas que o David Neves sairá vencedor das próximas eleições e que irá ser o presidente da Junta de Freguesia de Lobão. Tem experiência, competência e perfil de próximidade da população e das suas forças vivas e bom conhecedor do território e suas potencialidades.

Até lá, faço votos de uma boa campanha e mesmo votos de vitória, mas que não se esqueça que tem ainda um mandato por completar ao serviço de uma União de Freguesias e que há trabalho por fazer em todo o território, incluindo aqui em Guisande. Que não se distraia no papel de candidato, agora assumido.

22 de junho de 2025

Quem parte e reparte...

Bem sei que não há outra forma de o fazer, todos o fazem, não é ilegal, eticamente vale o que vale, mas torço sempre o nariz a quem na política, é simultaneamente candidato por um partido a um cargo de poder, seja a uma Junta de Freguesia, Câmara Municipal, Primeiro Ministro ou chefe de Estado, quando já exerce esse mesmo cargo e ainda tem pela frente uns meses de gestão que tantas vezes se confunde com campanhas eleitorais.

Pede-se sempre ética, imparcialidade, bom senso e respeito pelo que falta fazer em nome de todos, mas a experiência diz-nos que "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é burro ou não não sabe da arte". Ora, quem está nessas situações, procura não ser tolo nem burro e, mesmo que disfarçadamente ou de forma óbvia, aproveitar a arte.

Resulta daqui, que, obviamente, os concorrentes, têm uma missão dificil, tantas vezes impossível, e notoriamente partem em desvatagem em certas corridas.

Mas é o que é, e por isso pouco importam os sermões e quanto à moral o seu valor anda mal cotado. Porventura a lei deveria, nestes casos, impor a cessação de funções, mas como regra geral os beneficiários são sempre os mesmos dos dois principais partidos, PSD e PS, ora tu, ora eu, ninguém tem interesse em mexer na lei e alterar as regras.

19 de maio de 2025

LEGISLATIVAS 2025 - GUISANDE

Inscritos: 1174

Votantes: 776

Brancos:9

Nulos: 14

Abstenção: 33,89%


AD: 317

PS: 177

CHEGA: 143

IL: 41

LIVRE: 21

BE:16

PAN: 12

ADN: 12


Que análises? Exaustivamente que as façam os entendidos. De resto não há muito a analisar, e a tendência em Guisande e na nossa União de Freguesias, foi a mesma do concelho (todo de laranja), do distrito e do país.

Como percepção pessoal, o tema da imigração, que numa política de portas escancaradas, sem controlo, sem assegurar o equilíbrio de legalidade, de procura e oferta e garantia de integração plena, com acesso a direitos e cumprimento de deveres e obrigações, num curto prazo aumentou a nossa população em mais de 10% , quase triplicando na última década, parece ter sido um factor que fez crescer quem explora o medo e a insegurança que essa mundança social implica para uma fatia significativa da população.

Também, parece-me, a esquerda tem perdido porque continua agarrada a conceitos ideológicos e sociais que há muito têm perdido importância e significado no mundo ocidental. Os anos 70 e 80 já são de um passado distante. Os revolucionários de farda e boina já se extinguiram.

Os extremismos não ajudam e começam a fazer falta figuras moderadas, com verdadeiro sentido de Estado, e menos presas aos rígidos cânones ideológicos e partidários. Parece evidente, mesmo a figuras pensantes do partido, que o PS quando se afasta do registo de moderação ao centro e pende demasiado à esquerda, perde.

Pedro Nuno dos Santos (outros pensarão o contrário) nunca me pareceu ser a figura de moderação de que precisava o Partido Socialista e o país, mesmo quando ainda como putativo sucessor de António Costa. Em muito. é o principal responsável por esta hecatombe eleitoral do seu partido. Veremos se o PS encontrará uma nova direcção e um rumo mais de acordo com a sua importância, porque continua a ser preciso à estabilidade necessária. Mas moderação precisa-se.

No resto, goste-se ou não, é a democracia a funcionar.


10 de abril de 2025

Dinamização cultural e...política

DINAMIZAÇÃO CULTURA...E POLÍTICA - O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!!! (MAS TEM SIDO SEMPRE)

Num recorte de jornal de 5 de Abril de 1975, dava-se conta de uma sessão de Dinamização Cultural Promovida pelo Movimento das Forças Armadas, no Salão Paroquial de Guisande, em 22 de Março desse ano e no dia seguinte, 23, realizou.-se uma sessão de esclarecimento pelo MDP/CDE.

Diz-nos a notícia que ambos os eventos decorreram com boa assistência, com educação e ordem. Recordo-me de estar presente mas, como criança mais curiosa que interessada, retive poucos pormenores, para além algumas intervenções inflamadas de jovens com bigodaças, golas altas e calças à boca de sino, e de vivas ao povo e às forças armadas como então era corrente. De cultura propriamente dita, de nada me recordo, apenas política.

CONTEXTO:

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, foram concebidos diversos programas, tanto públicos como privados, com o objetivo de promover a melhoria das condições sociais, económicas e culturais da população portuguesa. Entre essas iniciativas destacavam-se o Serviço Cívico Estudantil, as Campanhas de Alfabetização, a Educação Sanitária, o Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), o Serviço Médico à Periferia e as ações da Pró-UNEP no domínio da alfabetização.

Neste mesmo contexto inseriam-se as Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica, levadas a cabo pelo Movimento das Forças Armadas (MFA). Assumindo o papel de agente libertador de uma sociedade submetida a quase cinco décadas de ditadura, o MFA, em articulação com a Direção-Geral da Cultura Popular e Espectáculos, impulsionou estas campanhas com o intuito de divulgar e explicar os princípios do seu programa revolucionário – considerando-se que: «era preciso explicar ao povo português o programa do MFA».

Acreditava-se que, através destas ações de dinamização cultural, seria possível dar resposta às carências das comunidades locais e, ao mesmo tempo, fomentar a sua participação activa no processo revolucionário. Pretendia-se ainda transformar a percepção das Forças Armadas, tradicionalmente associadas ao aparelho repressivo do Estado Novo, promovendo uma nova relação de proximidade e confiança com a população. Claro está que, em rigor nada disso se concretizou nesse período revolucionário e só depois de consolidade a democracia e da adesão à UNião Europeia, é que as coisas foram evoluindo mas ainda hoje, passados 50 anos, com muito por cumprir e com o país a viver sempre acima das suas possibilidades, com uma enorme dívida pública. Não temos tido políticos nem políticas à altura.

QUANTO AO MDP/CDE:


O Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) destacou-se como uma das principais forças da Oposição Democrática ao regime do Estado Novo em Portugal, antes da Revolução de 25 de Abril de 1974. Criado em 1969, operava através de comissões democráticas eleitorais, com o objetivo de intervir nas eleições legislativas e afirmar uma alternativa política ao regime.

Em 1973, marcou presença no Congresso Democrático de Aveiro, um acontecimento simbólico e decisivo na resistência à ditadura.

Com a queda do regime, o MDP evoluiu para partido político e participou em todos os Governos Provisórios, à exceção do VI. Concorrendo de forma autónoma à Assembleia Constituinte de 1975, viria posteriormente a integrar, a partir de 1976, a coligação Aliança Povo Unido (APU), juntamente com o Partido Comunista Português (PCP).

A cisão com o PCP em 1986 motivou a saída do MDP da Coligação Democrática Unitária (CDU) e a apresentação de listas próprias nas legislativas de 1987. Foi nesse contexto que um grupo de militantes dissidentes fundou a Intervenção Democrática (ID), que permanece até hoje como membro da CDU, ao lado do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).

Finalmente, em 1994, o MDP uniu-se ao colectivo responsável pela revista Manifesto, dando origem ao movimento Política XXI, uma das forças fundadoras do Bloco de Esquerda.

Em resumo, as campanhas de dinamização cultural, que se iniciaram em outubro de 1974 e se estenderam até 1976, tinham como objectivos estratégicos promover o programa do MFA, informar as populações sobre a importância do voto como acto cívico e dar visibilidade nacional ao 25 de Abril. Ao longo desse período, foram realizadas mais de 2.000 ações de dinamização cultural e de intervenção cívica.

Em rigor estes eventos em Guisande, como um pouco por todo o país, eram essencialmente eventos de cariz político e mesmo doutrinário, e por esse tempo este movimento MDP/CDE, porque com alguns simpatizantes na freguesia, teve alguma acção ao nível da propaganda, com uma certa actividade, nomeadamente na distribuição de panfletos, pinturas nas estradas e muros.

Passado algum fulgor desses primeiros tempos pós revolução, o movimento perdeu gás e acabou mesmo por se extinguir derivando para o que veio a ser o BE-Bloco de Esquerda.

Vários desses elementos de Guisande mantiveram-se como de esquerda mas na generalidade derivando para uma esquerda menos radical, nomeadamente para o PS - Partido Socialista. Alguns, mais ferrenhos, mantiveram a ligação ao Partido Comunista, mas, como o provam os resultados, sem qualquer expressão eleitoral ou social e os votos nunca passaram de meia dúzia.

Em todo o caso, é com saudade que pessoalmente recordo esses tempos pós revolução embora vistos com os olhos de criança.


13 de fevereiro de 2025

Como em tudo, esperar para ver.


O papagaio-mor do reino, mestre das selfies e beijocas forçadas, está em fim de mandato e não surpreende que esteja a ser penoso, já a fazer caca por todos os lados. Acaba de vetar e devolver ao Parlamento a Lei da desagregação de freguesias, que com tão alargado concenso havia sido aprovada a 17 de Janeiro. Justifica ter encontrado dúvidas em várias questões nomeadamente na aplicabilidade da lei em um prazo de pouco mais de 6 meses.

O argumento, mesmo que  eu admita que com alguma razão de fundo, todavia, como já alguém escreveu (Salvador Malheiro), mesmo que o Projecto de Lei tivesse sido aprovado há um ano a comissão instaladora só pode tomar posse 6 meses antes das eleições. A complexidade seria a mesma. E o Senhor Presidente da República não viu então qualquer problema quando aprovou a lei quadro que fixou o referido prazo de 6 meses. De facto este presidente diz uma coisa e o contrário no dia seguinte. Esta postura é normal num qualquer zé da esquina mas não em quem desempenha o mais alto cargo da nação. Não passa, por isso, de um troca-tintas, homem sem palavra.

Pessoalmente nunca deixei de ter reservas quanto à sua decisão, não dando por adquirida a desagregação, tanto mais sabedor do pouco valor da palavra entre tal classe de gente. Se esta valesse alguma coisa, em 7 de janeiro 2025 o dito cujo declarou publicamente que rejeitava querer impedir separação de freguesias em ano de autárquicas. Mas como tal afirmação não valeu um pataco furado, agora, pouco mais de um mês depois da lei ter merecido uma larga aprovação, mesmo envolvendo os dois maiores partidos, como um qualquer borra-botas, deu o dito por não dito e vetou politicamente o documento, devolvendo-o ao Parlamento.

Sem ser expert no assunto, e outros melhor saberão, presumo que agora será assim: 

Veto Político: Se o Presidente vetar um diploma (que não seja de revisão constitucional), ele devolve-o à Assembleia da República com uma mensagem a justificar o veto. Terá sido este o caso.

Nova apreciação pela Assembleia: A Assembleia pode modificar o diploma para atender às preocupações do Presidente ou pode reaprová-lo sem alterações.

Confirmação por Maioria Absoluta: Se a Assembleia reaprovar o diploma por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções (creio que 2/3), o Presidente é obrigado a promulgar a lei no prazo de oito dias.

Excepção – Veto por Inconstitucionalidade: Se o veto for por razões de inconstitucionalidade (após fiscalização do Tribunal Constitucional), a lei não pode ser promulgada a menos que seja reformulada para corrigir as inconstitucionalidades.

Portanto, o veto do papagaio-mor  pode ser ultrapassado nesta questão, desde que a Assembleia reafirme a sua decisão com a maioria necessária, sendo que aqui também coloco reservas pelo pouco crédito que dou aos políticos.

Uma vez mais, é esperar para ver. Certo é que enquanto o pau vai e vem aperta-se o tempo, precisamente um dos "entraves" pescado pelo ocupante do palácio de Belém.

Da figura, esperava-se que tivesse igual desembaraço e frontalidade no assunto que o relaciona ao caso das meninas brasileiras. Mas aí, encolheu as garras, fechou o bico e entedeu não enfrentar pessoalmente a Comissão de Inquérito. Será sempre assim entre este tipo de gente.

Mesmo que não tendo concordado com a atitude, acabo por considerar que bem fez a Marta Vidal ao recuar à investida. Um homem sem palavra é perigoso.

Entretanto, Nuno Pedro Santos, já reafirmou que o PS vai confirmar a votação de 17 de Janeiro. Pode ter muitos defeitos políticos, mas para já mantém a coerência. PCP e BE vão pelo mesmo caminho. Ambos mostram-se surpreendidos com a posição do mestre de cerimónias. É um bom sinal. Falta saber da coerência do PSD.

1 de fevereiro de 2024

Coragem ou falta dela

Em comentário a alguém que pela blogosfera considerou como falta de coragem o facto de Luís Montenegro não defrontar directamente Pedro Nuno Santos pelo ciclo de Aveiro, preferindo encabeçar Lisboa, também acho que deveria concorrer por esse ciclo de residência, e apenas por esse princípio, legítimo. De resto não me agradam paraquedistas a encabeçar listas em distritos onde porventura nunca, ou raramente, lá puseram os pés.

Em todo o caso, em termos meramente estratégicos, parece-me que a escolha de Emídio de Sousa como cabeça-de-lista é acertada. Afinal, é só o presidente da Câmara do município (Santa Maria da Feira) de longe o mais populoso do distrito e que  tem gozado de popularidade bastante para ter vencido com vitórias amplas.

Mas vale o que vale. No resto, no toca a coragem, porque era dela que se falava, gostaria de ver estes candidatos a chefes de governo, Pedro Nuno Santos e Luis Montenegro, mas mesmo líderes de outros partidos, a intregrarem as listas em círculos de menor implantação e em posições de eleição não garantida. Aí sim, era de homens e, claro, de mulheres. 

28 de janeiro de 2024

Não há pachorra


Entre o que se vai passando na Madeira  dos Albuquerques e Calados, com os Cafofos já a aprontarem-se para um segundo round, e a campanha eleitoral nos Açores com Cordeiros e Bolieiros nos lados opostos da barricada, por cá também em pré-campanha, de um lado e doutro vamos ouvindo umas fogachadas, como se nós, eleitores, sejamos todos uma cambada de mentecaptos incapazes de distinguir certas coisas.

Por exemplo Pedro Nuno dos Santos, o neto do sapateiro, candidato a primeiro ministro pelo partido Socialista, diz que há cinco autoestradas (SCUTs) em que vai deixar de se pagar portagens no caso de o PS formar governo nas próximas eleições. E justifica-se de que os anteriores governos fizeram uma "maldade aos portugueses". E afirma-o com uma convicção tal que parece alheio ao facto do seu partido ter governado o país nos últimos 10 anos, dele fazendo parte, como se não fora tempo bastante para, logo no primeiro ano, concretizar o que uma década depois promete. Parece igualmente ignorar, ou esperar que não nos lembremos, que tal promessa havia sido já feita pelo seu correligionário António Costa em 2015 e que nunca foi cumprida. Realmente, uma maldade nunca vem só asim como a falta de memória.

Da esquerda à direita, passando pelos extremos, vamos assim assistindo a um bombardeamento de atoardas que mais do que incentivarem ao voto quando o calendário marcar 10 de Março, convidam, em boa verdade, à abstenção, ou então ir votar e nos boletins, em vez da cruzinha no sítio certo, desenhar uns manguitos ou uns erectos marsapos.

Não há pachorra!

17 de janeiro de 2024

TAP - Tenham Alguma Paciência (que isto ainda dura)

Quem segue as notícias sabe mais ou menos das broncas e grandes trapalhadas que têm voado à volta da TAP, uma empresa que alguns políticos teimam em classificar de estratégica para o país, mesmo que a maioria dos portugueses, os mesmos de cujos bolsos comuns saíram 3 mil e 200 milhões de euros para a sua dita reestruturação, nunca tenha posto o cu nos assentos dos aviões nem viajado sequer de Lisboa ao Porto ou vice-versa. É ruinosa mas é estratégica!

Dessas trapalhadas, incluindo uma indemnização milionária a uma gestora, assinada pelo então ministro das Infra-Estruturas, um tal de Pedro Nuno Santos, agora candidato a patrão dos ministros, mas que se esqueceu disso e que depois de se demitir lá se lembrou, ainda um filme de acção e comédia a envolver  o roubo de um computador e um ministro Galamba e a demissão de Christine Ourmiéres-Widener, a CEO da TAP, por suposta justa causa e pelo meio uma Comissão Parlamentar de Inquérito que foi assim uma espécie de Big Brother a entreter o país.

No entretanto, enquanto aguardamos pelo desfecho do processo judicial do pedido de indemnização pela gestora francesa, que levou a mal o despedimento, vem agora a público um conjunto de considerações pela própria TAP em que grosso modo deita por terra a situação da CEO francesa na empresa, que afinal nada fez para além de ter um vínculo e um ordenado ilegais, bem como contradiz e descalça a posição política do governo do PS. Tudo o que sobre esta questão foi agora escrito e noticiado é grave de mais e vem adensar sobremaneira tudo o que já nos parecia como uma valente dose de borradas. 

Espera-se agora, para mais já em pré-campanha eleitoral, que o PS, António Costa, Fernando Medina, Pedro Nuno dos Santos, Galamba, etc, etc, venham dar explicações e prendar-nos com habilidosos números acrobáticos porque, convenhamos, começa a ser difícil considerar como séria e lógica qualquer justificação. É daqueles casos em que em cada cavadela, cada minhoca, em cada tiro, cada melro.

Mas lá vamos indo sorridentes e os nossos 3 mil e 200 milhões ainda a voar. Não esqueçam de que há eleições para 10 de Março!

16 de janeiro de 2024

Emídio Sousa na Assembleia da República


Soube pela comunicação social de que o actual presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, o Dr. Emídio Sousa, foi escolhido como cabeça-de-lista pela AD - Aliança Democrática, pelo círculo eleitoral de Aveiro. O ainda presidente da Câmara de Vagos, Silvério Regalado, é o número dois na lista a qual integra, entre outros, Ângela Almeida e Salvador Malheiro, presidente do município de Ovar.

Impedido pela lei de se recandidatar a um novo mandato como presidente do município, o Dr. Emídio Sousa continuará assim ligado à alta política e tendo em conta o posicionamento na lista é segura a sua eleição.

Do que conheço do seu currículo, postura pessoal e política, acredito que tem competência de sobra para o cargo e saberá defender os interesses da Feira e seu território, embora saibamos que estes estão sempre dependentes de outros interesses e vontades partidárias ou governamentais. Será difícil e nada certo que a AD venha a formar governo mas, em todo o caso, pelo psicionamento na lista a sua eleição é certa.

O lado menos positivo desta candidatura será, naturalmente, o ter que deixar a presidência da Câmara Municipal pouco mais que a meio do mandato. Por princípio, os mandatos devem ser cumpridos até ao final sob pena de defraudar as expectativas dos eleitores. 

10 de janeiro de 2024

Cinzento, mas um bom retrato

(...) Uma regra de ouro é a de não votar em alguém simplesmente pelo que é ou parece. Ou porque é um hábito. Aliás, em Portugal, hoje, nenhum partido merece que se vote nele pelo que é. Nem a direita, nem a esquerda, com currículos pouco recomendáveis após as últimas décadas.

O PS tem muito pesadas responsabilidades na degradação da vida nacional. Contribuiu, mais do que os outros, para os êxitos dos últimos 50 anos. Mas esse facto não desculpa a deterioração sistemática dos serviços públicos, a perda de capacidade para criar riqueza de modo consistente, nem a partilha de autoria e de culpas em todos os processos de corrupção e nepotismo.

O PSD tem enormes responsabilidades no declínio da vida nacional, tanto da economia como da cultura, da sociedade e da política. Depois de, com mérito indiscutível, ter contribuído para a consolidação da pertença europeia e para a afirmação democrática da direita portuguesa, este partido desinteressou-se da independência nacional e da afirmação da empresa portuguesa pública ou privada.

Em conjunto, PS e PSD, deixaram afundar o Serviço Nacional de Saúde e a educação pública. Um a vegetar na mais inacreditável desordem que se possa imaginar. Outra entregue à futilidade lúdica e a exibir os piores resultados de sempre.

O PCP, sempre o mesmo, tão irredutível e seguro de si! É-lhe indiferente ter 20%, 10% ou 3% dos votos, ou 40, 20 ou 5 deputados. Garante que tem sempre razão contra a população que não vota nele, que é quase toda. Persiste em afirmar que representa todos os trabalhadores, que a história sempre lhe deu razão. Até à derrota final. Até ao desaparecimento eleitoral.

O Bloco, moralmente superior e arrogante, convencido, presunçoso como poucos, firme na sua beatitude política e seguro da sua virtude ideológica, nunca fez nada de jeito que lhe dê qualquer espécie de currículo, qualquer folha de serviços prestados à sociedade.

O Chega não merece o voto só porque protesta, denuncia e ataca. Não é convincente, não tem políticas, não dá sinais de qualquer género de competência ou de saber. Utiliza as mais baratas receitas disponíveis, do nacionalismo ao grito dos descamisados.

A IL parece saída de uma produção laboratorial. É só mais um partido, sem currículo nem experiência, a vender camisolas de lã no deserto.

Nas próximas eleições, o momento é calhado, mais propício do que nunca, para votar de acordo com compromissos, em vez de repetirmos os gestos do sonâmbulo. Votar em compromissos é melhor do que votar em rebanho.

[António Barreto - in Sorumbático]

7 de janeiro de 2024

O bacalhau quer alho...

Terminou mais um congresso do PS - Partido Socialista. Não sou, de todo, consumidor de congressos partidários e o que vejo e ouço é apenas pelas notícias, resumos e análises. E entre um concurso "O Preço Certo" e um qualquer congresso político a diferença pode ser de conteúdo mas não de formato, porque em grande medida ambos entretenimentos de baixa qualidade.

Mas do que vi ou ouvi nessa forma condensada, acho que por ali se falou exageradamente do PSD. Não sei que leitura isso possa ter, mas pareceu-me em muito com os portistas a falarem mal dos benfiquistas e vice-versa. Por conseguinte, na política como no futebol, mais do que sermos nós próprios e as nossas ideias, somos sobretudo contra os outros, porque temos e não nos descolamos dos nossos ódios de estimação.

Hoje ao fim da manhã, já no encerramento do dito congresso, com o passeio do herói PNS e com uma musicazinha de fundo a puxar para a emotividade e os olhos embaciados de militantes mais dados a emoções, pensei que bastaria mudar a música de fundo para termos uma comparação literal com um circo, com acrobatas, malabaristas, ventríloquos e palhaços, muitos. Que tal se fosse a cantiga do Quim Barreiros, "Eu gosto de mamar nos peitos da cabritinha" ou então a do pequeno Saúl, "O bacalhau quer alho..." ? Só tinha a ganhar um congresso, do PS, do PSD ou PCP, etc, se a banda sonora fosse deste calibre porque retrataria de forma mais fiel o verdadeiro sentido destas coisas em que os políticos e as suas massas adeptas se reúnem para se mostrarem ao país em largos tempos de antena.

Seja como for, estas coisas fazem parte da nossa sociedade, e dizem que a democracia precisa de partidos e de politicos e tal como as gripes e as constipações é difícil escapar a elas, mesmo que devidamente pré-vacinados. 

Certo é que perante estes festivais, a vontade de votar nas próximas legislativas é neste momento menor do que tomar óleo de fígado de bacalhau mesmo que os nossos pais teimassem que era para nos fortalecer a saúde.

28 de dezembro de 2023

A raposa vai continuar dentro do galinheiro

As notícias por estes dias abrem com o caos que se regista nas urgências dos principais hospitais do país, sobretudo da Grande Lisboa, em que doentes urgentes chegam a esperar entre 12 horas (Santa Maria) a 20 horas (Beatriz Ângelo) pelo atendimento. 

Concorrem para esta situação os habituais episódios nesta altura do ano, devido às variações de gripe que originam problemas respiratórios. Mas não só, até porque ainda hoje de manhã ouvi um médico de uma associção de profissionais de medicina geral a dizer que a afluência não é significativamente superior à de anos anteriores, mas que o agravamento das condições de atendimento e tempo de espera, esse sim, resulta, em muito, dos problemas crescentes que o SNS atravessa e que o Governo não tem sabido resolver.

Por sua vez, o ministro da Saúde, mesmo que já a prazo, não faz outra coisa que não relativizar, a recusar alarmismos, e dizer que lá para o fim de Janeiro talvez os portugueses já andem melhorzinhos da saúde e com isso reduzir o impacto no sistema. Assim com esta incapacidade e ineficácia também eu poderia ser ministro neste país.

Em resumo, uma situação que cada vez mais parece ser normal. A anormalidade está ser normalizada. O pior de tudo é que a avaliar por algumas sondagens os portugueses, ou pelo menos os que pretendem votar nas próximas legislativas em 10 de Março, preparam-se para continuar a legitimar a raposa dentro do galinheiro. Assim sendo, é mesmo aguentar porque dali não virão mudanças substanciais e será mais, muito mais, do mesmo.

António Costa despediu-se do país com uma mensagem natalícia em que fala de um país irreal, só com coisas boas e bonitas. Deste caos que tem abalado o SNS, dos muitos  tiros nos próprios pés bem como das grandes e pequenas trapalhadas que fizeram ruir por dentro um Governo que (des)governava em maioria, não falou, nem sequer ao de leve. 

Agora, democraticamente, é aguentar porque já se percebeu que os portugueses na sua maioria gostam deste estado de coisas. Eu não gosto, mas pelo menos não os legitimo.

12 de dezembro de 2023

Mais do mesmo e 2+2 continua a ser 4

Não ouvi a entrevista que o cessante primeiro ministro, António Costa, concedeu ontem à CNN - TVI. Ouvi apenas, já hoje, as reacções dos partidos. Como se esperava o PS a enaltecer a acção e a figura  e os opositores a depreciarem, e nestes a tónica de que António Costa disse muito e não disse nada, jogando com números que não batem certo com a realidade, fazendo-o com arrogância e sobretudo sem reconhecer os erros.

Uns e outros, entrevistado e partidos, disseram o que se esperava que dissessem. Isto é, dali não vem qualquer novidade. Sempre foi assim e sempre assim será no jogo político. É um entretenimento. É como irmos ver um jogo de futebol sabendo previamente qual vai ser o resultado final, indo apenas quem gosta de rever o que já viu.

Mas de facto António Costa, que reconheço como uma boa pessoa mas melhor político na acepção da palavra, porque experiente, ardiloso e habilidoso, sabe jogar com vários naipes, mas quase nunca a reconhecer erros e neste mandato de maioria foram mais que muitos. Para além do mais, os números que aponta como um sentido positivo, crescimento e aumento de rendimentos na realidade não se traduzem em melhores condições de vida das pessoas e basta atentar nas realidades que todos os dias são notícia, desde logo o colapso do Serviço Nacional de Saúde, do INEM, da Educação, bem como de muitas outras maleitas que de tão óbvias se torna fastidioso a todas enumerar.

Mas isto é política, meus senhores! Venha o PS, PSD ou qualquer outra geringonça dita parlamentar, será mesmo para lamentar porque mais do mesmo! Habituem-se!