23 de junho de 2025

Visto de fora - David Neves candidato pelo PS à Junta de Freguesia de Lobão


Adivinhava-se e confirma-se: David Neves, actual presidente da Junta da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, apresentou-se publicamente como candidato pelo Partido Socialista à futura Junta de Freguesia de Lobão. 

Visto de fora, e ainda sem conhecer os candidatos pelas demais listas concorrentes, nomeadamente pelo Partido Social Democrata, não tenho dúvidas que será o vencedor das próximas eleições autárquicas e o futuro presidente da Junta daquela freguesia, num novo ciclo, depois da desagregação da União de Freguesias.

Conheço o David Neves ainda antes destas coisas da política e nutro por ele uma simpatia e consideração pessoal, que creio que é recíproca. Mas nestas coisas da política procura-se não se misturar as questões e considerações pessoais e sob esse ponto de vista, e por conseguinte, quaisquer impressões aqui expressas são  apenas nesse sentido de opinião política.

Para contextualizar e em retrospectiva, eu fiz parte da Junta no primeiro mandato da União de Freguesias (2014/2017), num contexto de muitas dificuldades, tanto pela novidade e particularidades do que era uma nova realidade, um novo ciclo, bem como, ainda, da pesada carga de dívidas, obrigações e compromissos herdados de algumas freguesias, nomeadamente de Guisande e Gião, que em muito limitaram a acção da Junta, ainda com o facto de terem sido apenas três anos. Apesar disso, desse leque de dificuldades e entraves, a Junta no geral fez o um trabalho razoável, o possível, e ainda transmitiu um saldo positivo à futura Junta. 

Por opção  pessoal, essencialmente por não me rever em alguns dos aspectos seguidos no modelo de gestão da União de Freguesias, muita centralizada na figura do presidente, em que os representantes das freguesias eram meros moços de recados, sem competências atribuídas para chamar a si algumas das ideias e projectos que tinhm para cada uma das freguesias, contrariamente ao que tinha como expectativa quando decidi participar e dar a cara por Guisande, naturalmente que não aceitei fazer parte da lista concorrente a um segundo mandato. Do modelo seguido no primeiro mandato, nada concorria para sequer pensar em mudar de opinião. Estava mesmo fora de questão.

Ora esse segundo mandato que se seguiu, ainda pelo PSD, que voltou a vencer as eleições com maioria, foi, a meu ver, o mais pobre e ineficaz dos três mandatos de vigência da União de Freguesias, mesmo considerando que ainda faltam alguns poucos meses para a conclusão deste terceiro, já sob a governação do PS. Como "o algodão não engana", esse segundo mandato do PSD, foi tão oco de obras e melhoramentos e com um agravamento na proximidade dos eleitos aos eleitores, que só podia ditar o afastamento de quem, pelo mesmo partido, se propunha a um terceiro mandato e como tal, David Neves, de novo candidato pelo PS, mesmo derrotado nos dois anteriores processos eleitorais, pode, finalmente, vencer e governar a Junta da União de Freguesias, com maioria. Como "prenda" ou "herança" da ineficácia da Junta anterior, que nem sequer soube gastar o seu dinheiro em obras e melhoramentos, recebeu um saldo superior a 300 mil euros, como um filho de papá que ao fazer 18 anos recebe de prenda um Ferrari.

Foi, pois, neste contexto, de casa orientada e cofre cheio, que o David Neves e a sua equipa socialista, entrou a governar a Junta da União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande. Tinha tudo para fazer um bom mandato, desafogado e com isso marcar a diferença. 

Procurando fazer um resumo, pessoalmente, no geral e do que me é possível percepcionar, acho que tem feito um bom trabalho e sobretudo valorizou muito a questão da proximidade e fez por ser um presidente presente, ao lados dos grupos e das pessoas, num estilo e registo político e de gestão  totalmente diferente do anterior presidente.  Consolidou a estrutura da Junta e da sua eficácia e mostrou que, a continuar a União de Freguesias, como era sua forte vontade, haveria margem para melhorar.

Apesar disso, e agora olhando apenas para a sua acção em Guisande, e do esforço exclusivo do orçamento da Junta, no aspecto de obras e melhoramentos, e já lho disse pessoalmente, parece-me que se fez pouco, sobretudo no contexto de um mandato com todas as condições financeiras, de organização e estrutura favoráveis. Há ainda situações por resolver mas no cenário confirmado da desagregação,  já duvido que sejam resolvidas até ao final do mandato, feitas obras de monta ou realizados melhoramentos ainda que ligeiros, até porque o tempo já é escasso e o presidente vai passar andar ocupado com questões de campanha e promoção de imagem. Mas oxalá que me engane e que ainda seja possível concretizar alguma coisa, em obras ou apoios.

E eu teria esta mesma apreciação se o que foi feito em Guisande tivesse sido apenas no âmbito de uma própria Junta de Freguesia de Guisande, com um orçamento anual inferior, mesmo que apenas na casa dos 150 mil euros. Continuaria a ser pouca a obra e escassos os melhoramentos.

Para além disso, no que seria algo de valor significativo no mandato, acabou por recuar no seu compromisso público de apoio financeiro à obra do relvado sintético no campo de jogos do Guisande F.C., ficando-se agora e apenas com uma parte do que seria o valor total previsto. Todos, principalmente o Guisande F.C. lamentam esta inversão de compromisso, da quebra da palavra assumida. Até posso tentar compreender a sua posição e justificação já dada, mas parece-me que será uma nota negativa a manchar o seu mandato, sobretudo no que se refere a Guisande. Não há como o dizer de outro modo.

No resto, no global, parece-me que o David Neves esteve quase sempre bem, próximo, atento, e respeitando as freguesias e as suas particularidades identitárias, sociais e culturais, num registo totalmente diferente dos anteriores mandatos de gestão do PSD. Já o escrevi noutra altura, o David Neves mostrou ser um bom exemplo de um presidente com atitude e perfil mais adequados  à presidência da Junta de uma União de Freguesias. De resto, continuasse a União de Freguesias,  não teria eu problema em trabalhar com ele, caso fosse convidado a fazer parte da sua lista. Digo-o sem qualquer hipocrisia e na certeza de que seria feito um bom trabalho, incluindo em Guisande. Todavia, sabemos que o caminho não será esse e que as freguesias da União a partir de Outubro próximo iniciarão uma nova realidade, cada uma por si.

Não obstante, mesmo com esta apreciação positiva e global da acção da actual Junta da nossa União de Freguesias e particularmente do seu presidente, obviamente que nem sempre concordei com alguns aspectos da gestão, a meu ver muito focalizada em acções de eventos, medidas mediáticas e entretenimentos, que reconheço que são populares e dão votos, como o Corga da Moura, mas que pela sua natureza e efemeridade, sem o justo equilíbrio levaram a comprometer outras necessidades conjunturais ou estruturais de obras e melhoramentos. 

Mesmo quanto à sempre problemática questão das limpezas das ruas e espaços públicos, apesar de uma óbvia melhoria na primeira metade do mandato, parece-me que nesta parte final as coisas não têm sido muito diferentes dos anteriores mandatos. Neste momento, e olhando apenas para Guisande, são várias as ruas com necessidades de limpeza, algumas de forma notória, como na Rua Nossa Senhora de Fátima (Leira, Pereirada e Estôze),  Rua de Trás-os-Lagos, Rua da Fonte, Rua 1.º de Maio, e outras. Do mal o menos, tem correspondido e actuado nos espaços e ruas em momentos de actividades ou eventos o que não é mau. De resto, sempre foi assim e sempre assim será, porque há dificuldades que se repetem e quem na oposição as criticou ou critica, uma vez no poder não conseguem fazer muito diferente. É, afinal, o resultado quando não há recursos nem meios suficientes para o tamanho das necessidades.

Agora a realidade é outra, e recuando ao primeiro parágrafo, não tenho dúvidas que o David Neves sairá vencedor das próximas eleições e que irá ser o presidente da Junta de Freguesia de Lobão. Tem experiência, competência e perfil de próximidade da população e das suas forças vivas e bom conhecedor do território e suas potencialidades.

Até lá, faço votos de uma boa campanha e mesmo votos de vitória, mas que não se esqueça que tem ainda um mandato por completar ao serviço de uma União de Freguesias e que há trabalho por fazer em todo o território, incluindo aqui em Guisande. Que não se distraia no papel de candidato, agora assumido.