30 de setembro de 2025

Os paradoxos dos slogans eleitorais

Os "slogans" políticos, sobretudo os adoptados em campanhas eleitorais locais, raramente funcionam e quase sempre são meras banalidades, lugares comuns ou até mesmo se revelam como paradoxos.

Veja-se, por exemplo, o "slogan" do PS - Partido Socialista, para estas eleições autárquicas, em que se desdobra no "Há outro caminho", nas situações em que supostamente pretende inflectir o rumo da situação de quem governa, como na Camara Municipal e em alternativa ao PSD, e "No bom caminho", quando supostamente se pretende dar continuidade a uma governação do próprio partido que, mesmo que ao arrepio da boa verdade, se considere com bom trabalho.

Só que neste caso e em certas situações, a coisa apresenta-se como paradoxal ou até mesmo irónica. Tomemos como exemplo a nossa freguesia de Guisande, em que a lista do PS, liderada por Celestino Sacramento, também adoptou o lema "No bom caminho". No bom caminho? Mas então não se deu como provado que esta União de Freguesias estava no caminho errado, incerto?  E daí, o próprio Celestino Sacramento, com o apoio e voto da bancada do PSD na Assembleia da União de Freguesias,  não foi uma figura chave no processo de desagregação? Se, então, considerava o casamento da União de Freguesias estar "No bom caminho", porquê o ter contribuído para o divórcio?

Em suma, preferia que o PS em Guisande e o seu cabeça-de-lista tivessem adoptado outro "slogan", mais consentâneo com o novo ciclo,  porque este de facto não condiz nem rompe com a realidade. De resto, eu próprio não quero este "bom caminho" que já a menos de duas semanas das eleições (a 12 de Outubro), em quatro anos apenas limpou a rua na frente da minha casa uma única vez e neste momento, e desde então, está neste estado como mostra a foto acima, mesmo que, de quando em vez eu próprio, como os vizinhos,faça a limpeza. Mas há mínimos e nem sempre nem nunca. É este o "bom caminho" em que quanto à requalificação do Monte do Viso", prometida e esperada, nada passou de intenções, em nada mostrando ser diferente da anterior gestão? Não fossem as pavimentações de algumas ruas e a requalificação do rinque polidesportivo realizadas por acção e verbas do orçamento camarário e o que restava? Pouco, digo eu! 

Houve, concerteza, um esforço de proximidade por parte de um presidente com uma postura mais próxima, mais respeitadora das pessoas e grupos, sabendo ser ouvinte e interessado. Houve, de facto, uma melhoria substancial nesse aspecto face aos anteriores dois mandatos, então com um presidente desligado das freguesias para além do foco na sua.  Mas também considero que só essa melhoria foi insuficiente no todo. Mesmo o que poderia ser significativo para a freguesia, como o apoio cabal à instalação do piso sintético no campo de futebol do Guizande F.C., de resto com o compromisso assumido publicamente, para quem quis ouvir e gravar, acabou por caír, indo ao charco, e passará para a história como um compromisso falhado, não honrado. Ora com tudo isto somado, com franqueza, não podemos concluir que foi um "bom caminho" e mais do que isso, que seja esse o modelo agora a seguir pelo Celestino Sacramento e a sua lista do PS.

Acredito, com sinceridade, que ambas as listas concorrentes às eleições de 12 de Outubro, pretendem o melhor para a freguesia, mesmo que para já se notem diferentes ideias em situações várias, e diferentes dinâmicas de campanha, mas este "No bom caminho"  como slogan, não colhe" porque desfasado da realidade. 

Apesar de tudo, bem sei que para o Celestino Sacramento não é fácil este papel, porque por um lado contribuiu positivamente para a desagregação, e pessoalmente eu ficarei sempre grato e reconhecido por isso, mas não pode desligar-se da incapacidade da sua Junta da União de Freguesias, suportada por uma lista de que ainda faz parte, e por isso dos aspectos menos bons da governação ou do muito que ficou por concretizar, e que, tal como os anteriores executivos, mesmo aquele onde, sem poder nem competências decisórias, tomei parte, não foi capaz de  mostrar as vantagens de uma união a quatro, antes pelo contrário. Para além de uma melhoria na proximidade por parte do ainda actual presidente, que reconheço, mais pelo estilo do que pela substância do modelo, foi notória a falta de obras estruturais e a escassez de melhoramentos, particularmente dos suportados pelo  orçamento da Junta, sem ser capaz de limar as assimetrias, como se prometia com as uniões de freguesia. Uma falácia, porque as assimetrias anteriores à União mantiveram-se ou até se acentuaram!

Em suma, o papel do Celestino Sacramento nesta eleição não é fácil, porque pretende mostrar em campanha  que é possível outro caminho em alternativa a um caminho em que ele também fez parte e como tal é co-responsável.

Seja como for, todas estas considerações são apenas pessoais, minhas, e em bom rigor será o eleitorado no seu todo a escolher aqueles e aquelas que a partir das eleieções do dia 12 de Outubro e depois da tomada de posse irão gerir os destinos de uma freguesia já por conta própria, em que o caminho a seguir será, certamente, melhor caminho do que o até aqui percorrido.