2 de outubro de 2025

Somos o que somos e isso é o que importa


É sabido, a partir das próximas eleições de 12 de Outubro próximo, e passados uns dias a tomada de posse dos vencedores, a nossa freguesia, como centenas de outras que almejaram conseguir a independência face às uniões de freguesia, que duraram 12 anos, voltará a ser dona dos seus destinos, dirigida por pessoas que, nascidas ou residentes, conhecem e gostam da sua freguesia.

Os vencedores formarão a Junta e farão a gestão pelos próximos quatro anos, e procurarão dar o melhor de si. Os vencidos ficarão como oposição da Assembleia de Freguesia e, seja quem for, espera-se que de forma construtiva, de fiscalização e escrutínio, a apoiar se eficiente ou a reclamar se a gestão for danosa, inócua ou desorganizada.

Em todo o caso, importa que todos remem para o mesmo lado e que logo depois dessa etapa da transição o foco seja a freguesia e a comunidade. Divisões, lutas partidárias e até algumas guerrilhas, como no passado, com mal-dizer e difamações pelo meio, felizmente condenadas e julgadas na Justiça, já não têm lugar, porque os tempos são outros e as velhas manhas e intrigas já não funcionam, porque quem  em 2013 tinha 6 anos e andava na escola primária e na catequese, hoje são eleitores, jovens, formados e esclarecidos.

Importa ter em conta que todos somos poucos e que a freguesia, o que tem, o que é, o que representa como território e comunidade, é fruto de várias gerações de guisandenses, de figuras dedicadas, mesmo que nas suas limitações e aptidões frágeis. Tempos houve em que uma acta de reunião de Junta testemunhava o arranjo de um caminho ou lavadouro e na maior parte das vezes, porque não havia tema, o senhor presidente logo depois de abrir a reunião fechava a mesma com a batida frase "...e não havendo mais nada a tratar, o senhor presidente deu por encerrada a sessão".

Mais à frente, as contas faziam-se à mão, com prova dos nove, num qualquer papel de mercearia e os ofícios a pedir dinheiro à Câmara, sem vergonha dos erros de ortografia, escreviam-se com pena de tinta e papel mata-borrão a chupar os excessos, que dinheiro faltava mas tinta sobrava. 

Hoje em dia, na era da informática, da digitalização, ferramentas online, armazenamento na núvem, correio elctrónico, redes sociais, wathsapp, video-conferência, inteligência artificial, etc, as exigências são outras e as de uma qualquer Junta já não se compadecem apenas com as limitações da velhinha e sabida quarta classe ou com iliteracia informática, financeira ou de outra natureza. Quaisquer que sejam aqueles que venham a servir os nossos órgãos de poder local, convém que estejam capacitados para estas modernices, para estas novas exigências porque é com essa música que agora se dançará.

Em resumo, somos nós próprios e as nossas circunstâncias. Somos aquilo que somos, e temos que trabalhar e valorizar o que somos e temos e potenciar com determinação e mesmo inovação o que poderemos ter e ser. Se não, pagaremos todos pelo que adiante não formos capazes de ser e de aspirar a ter. O momento, porque num novo ciclo, é de exigência e responsabilidade. Sejamos capazes, todos, de fazer as escolhas que mais importam. As contas, com ou sem prova dos nove, serão feitas daqui a quatro anos. 

Que seja um período de retoma, não só da independência enquanto território e comunidade, mas sobretudo de valorização e também de união, já não de freguesias mas dos guisandenses.