23 de abril de 2020

Nota de falecimento


Faleceu Maria da Conceição Ferreira Fontes, do lugar do Viso, com 94 anos de idade.
Cerimónias fúnebres de acordo com o expresso na pagela acima publicada.
Sentidos sentimentos a todos os seus familiares.
Paz à sua alma!

Nem tudo bem, nem tudo mal, antes pelo contrário


Todos os dias lá temos a conferência de imprensa do Ministério da Saúde e da Direcção Geral da mesma. Não tarda, começará a haver apostas sobre os números a divulgar.

Para lá da questão dos números e das curvas, e porque os números são pessoas em concreto, pode-se ficar com a ideia de algum aligeiramento da gravidade da situação, mas há outras realidades que só se percebem por portas e notícias travessas. 

Como ontem se noticiava, de casos não ligados à Covid-19, terão morrido pessoas em número substancialmente superior se comparativamente aos números médios da mortalidade no país numa amostra entre 2009 e 2020. Os números relativos a Março deste ano, não contando com os referenciados à Covid-19, têm sido avassaladores e para o caso não contam os de acidentes de viação os quais têm reduzido. Nunca os seguros automóveis pouparam tanto.

Ora não é difícil perceber as causas nem é preciso ser-se doutor e especialista para as conclusões. Desde logo porque alguns, muitos, morrerão vitimados pelas consequências do vírus de que se fala, sem que a elas fique relacionado. Por outro lado, o sistema puxou demasiado o lençol para a cabeça e descobriram-se os pés, pelo que o nível geral de acesso ao sistema de Saúde e aos seus serviços decaiu sobremaneira, a ponto de a população por estes tempos não poder ficar doente. Cirurgias, análises, exames e consultas desmarcadas e adiadas. Uma deterioração geral da qualidade na Saúde, física e mental, incluindo a saúde oral, vacinação (ainda ontem se noticiava um retrocesso na vacinação de crianças, nomeadamente contra o sarampo), redução da prontidão e eficácia dos serviços de urgência. Recomendações para não se recorrer aos serviços de urgências, mesmo com casos de sintomas claros, etc, etc.

Em resumo, como diria alguém, as coisas por cá não estão bem nem mal, antes pelo contrário. Poderemos ter motivos para estarmos optimistas na evolução do controlo da pandemia, mas classificar a actuação do Governo como exemplar parece-me francamente exagerado, já não falando no tal "estamos preparados" que dele se ouvia com optimismo no final de Fevereiro e que se mostrou uma autêntica falácia e que de algum modo ilustra todo o actual contexto. Como um aprendiz de atirador, entre tiros nos pés e muitos ao lado, vai sendo tempo do Governo acertar alguns no alvo, mesmo que não se espere que no centro.

Depois há a questão de economia, mas essa é outra luta, sendo que ambas estão naturalmente ligadas.

A ver vamos.

21 de abril de 2020

Frei João de cravo na lapela


"Da imprensa: A líder parlamentar do PS,  defendeu hoje a importância reforçada de assinalar o 25 de Abril no parlamento em período de emergência, considerando que as críticas feitas têm uma motivação "ideológica" e não de defesa da saúde pública."

Perante tais considerandos de Ana Catarina Mendes (Ferro Rodrigues não diria melhor), não temos hipótese para com estes democratas. Basta-lhes colocar um cravo vermelho na lapela para que fiquem dotados de super-poderes, quais super-heróis detentores de toda a reserva da boa ideologia, a do lado certo da História. Os outros, os não alinhados, são todos uns arruaceiros, uns fascistas, ideologicamente impuros. 

Felizmente, podemos sempre optar entre o assistir à celebração e aos discursos sempre tão entusiásticos quanto previsíveis e o ir ao mato arriar o calhau, porque liberdade é também poder baixar as calças, não para gestos de subserviência, para tão fisiologicamente apenas cagar.

Deixem, pois, que o Frei João pregue aquilo que não toma como exemplo. Celebrações da Páscoa, missas, funerais, não? Celebrações políticas e revolucionárias, com políticos muito bem remunerados, com boas pensões, vitalícias, sim, concerteza!

19 de abril de 2020

A democracia é um canivete suíço.


Eu não sei se partidos e figuras como o CHEGA e André Ventura vão subir nas intenções de voto com o contexto da pandemia e das crises que dela já veio e virão. É assunto que me merece tanta preocupação como saber quem vai ser o campeão do nosso futebol. Mas sei, ou pelo menos parece-me na minha modesta opinião, que se sim, figuras e personalidades como as de Ferro Rodrigues têm dado um importante contributo. O homem tem feito pela vida para que cheguemos todos para lá.

Em todo o caso, como o recado que o nosso presidente da Assembleia da República não resistiu a dar a um representante do CDS, que se mostrava contrário à cerimónia presencial da celebração do 25 de Abril, é apenas a democracia a funcionar e  a cerimónia vai ter lugar, doa a quem doer, porque a maioria dos deputados assim o determinou. 

Nada, pois, a obstar. Afinal, Ferro Rodrigues, como Trump, Bolsonaro e outros que tais, podendo estar em lados opostos e com funções diferenciadas, são frutos da mesma democracia, na mesma dose de cretinice ou no mesmo extremismo. Como num canivete suíço, mostram diferentes garras mas acomodam-se todos, aconchegadinhos no mesmo corpo.

16 de abril de 2020

O que não precisamos é de Fest

Pode não ser pela cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina, mas seguramente não será pela música a esmo nas redes sociais que lá vamos no combate à Covid-19. Chego a questionar se as rádios estarão fechadas em quarentena. 

Em todo o caso, ao contrário das referidas drogas, tal como as velhinhas pastilhas Melhoral, a música nas redes sociais não fará bem nem mal, antes pelo contrário.

Mais grave seria a TV Fest,  o festival da monumental estupidez, como o classificou o João Miguel Tavares. Felizmente foi cancelado. Houve pelo menos algum decoro, sendo que a nódoa lá ficou e custa a crer que no actual contexto tenha sequer sido equacionado gastar 1 milhão de euros com alguns artistas a dar-nos música.

Portugal inteiro


De algum modo procurando compreender quem não concorda, parece-me que esta história do norte e do sul, a propósito de um legenda infeliz por parte da TVI, que num trabalho jornalístico relacionou uma maior incidência de Covid-19 no norte de Portugal com uma população "com menor educação, mais pobre e envelhecida", tem de algum modo mostrado muito do que somos, uns exagerados, para o bem e para o mal, reagindo muitas vezes de forma desproporcional e num seguidismo de "a Maria vai com as outras". Porventura, digo eu, tendo sido infeliz, a TVI não merecia tanta importância e destaque.

Criticamos os países do norte da Europa por criticarem os do sul, por os catalogarem com o cliché de apenas gostarem de "siestas", vinho e mulheres, mas quando a coisa nos toca, lá vêm posições de críticas a Lisboa e ao sul, porque o norte é que trabalha, porque Lisboa é que gasta, mouros, corruptos, etc.

Em resumo, para além da gaffe da TVI, que por ela já pediu desculpas, parece-me que muitas das reacções de um modo geral se nivelaram por baixo, desde logo porque mesmo admitindo que o fez de forma infeliz e irreflectida e sem medir as consequências e devia saber que se vivem tempos em que um peidinho nas redes sociais se torna rapidamente num trovão seguido de tempestade da grossa, a TVI não representa, de todo, o sul nem o seu pensamento quanto ao norte. E nestas coisas de ofender gratuitamente, sem procurar expor posições fundamentadas e racionais, somos todos uns ases. Em suma, mesmo acreditando na boa fé da TVI, creio que se pôs a jeito e não havia necessidade. Mas também não foi caso para reacções tão fundamentalistas e agressivas.

Por outro lado, estas aparentes divisões, que não fazem qualquer sentido 900 anos depois do estabelecimento da nação por D. Afonso Henriques e sua prole, mostram que muita gente não reconhece de que massa se faz um país, mesmo que territorialmente pequeno como Portugal. São as suas diferentes idiossincrasias, as diversas culturas e delas as características próprias, moldadas por diferenças geográficas, em suma, a diversidade, que fazem a riqueza de um país, de uma nação. 

Andamos bairristicamente a cantar virtudes de cada uma das nossas pequenas aldeias, porque os de Guisande consideram-se diferentes e melhores do que os de Lobão, das Caldas e de Louredo, e vice-versa, e depois vimos para aqui com estas reacções despropositadas e mesmo desproporcionais que em muito desautorizam quem pretende falar com alguma moralidade.

Mas haja alguma tolerância porque é disto que a casa gasta, e num tempo propício à paranóia, estas quezílias servem para alimentar os fazedores de "memes" e frases feitas.

Somos todos Portugal e este é feito, se quisermos, por Norte mas também por Centro, Sul e Ilhas. Somos e devemos ser um Portugal inteiro!

15 de abril de 2020

Dançar conforme a música

De "uma falsa sensação de segurança", a uma "recomendação de uso geral".
Quando se pensava que o Governo só sabia dançar o "Vira", afinal parece que já sabe e recomenda a dança do "Fandango". Daqui a duas semanas já saberá dançar o "Corridinho". 
Quando a coisa terminar já será mestre em danças de salão.
Não havia necessidade, desde logo porque até qualquer leigo percebia que o uso da máscara generalizado era um aspecto positivo contra a propagação do vírus. Qual o preço desta teimosia e desacerto do passo?