14 de março de 2022

Marcha lenta, lenta, lenta


Todos nós que circulamos na estrada e detentores de cartas de condução, sabemos e compreendemos a importância dos limites de velocidade. Já quanto ao cumprimento desses limites, em regra somos muito mal comportados e desse desrespeito residem muitos dos acidentes de viação e mesmo da mortalidade e ferimentos associados.

Posto isto, o que não faltam por aí são pilotos de Fórmula 1 e Moto GP, fazendo das estradas locais autênticas pistas e onde o limite é 40 circulamos a 60, onde é 50, vamos aos 80 e por aí fora, sempre de pé no acelerador.

De um modo geral o que está sempre em causa são os limites máximos de velocidade e de resto o nosso código da estrada apenas estabelece um limite mínimo para a circulação nas auto-estradas, no caso 50 Km.

Em contrapartida, para as demais vias de circulação, tanto dentro como fora das localidades, nada está estabelecido quanto a limites mínimos (admitindo que possa estar equivocado), existindo apenas a referência à proibição de marcha lenta por ela prejudicar a fluidez do trânsito, conforme o estipula o Artigo 26.º do Código da Estrada: 1 - Os condutores não devem transitar em marcha cuja lentidão cause embaraço injustificado aos restantes utentes da via. 2 - Quem infringir o disposto no número anterior é sancionado com coima de € 60 a € 300, se sanção mais grave não for aplicável por força de outra disposição legal.

Mas, reconheçamos, conforme está definida a questão da marcha lenta, dá interpretações subjectivas. De facto, uma coisa é um condutor que circula em marcha lenta por uma circunstância ocasional, devido a avaria ou outro motivo que possa ser considerado como justificado pelas autoridades, outra coisa é conhecer alguém que o faz de forma diária, corrente, reiterada, e durante largos quilómetros, não se desviando ou parando na berma de modo a permitir que o trânsito flua com normalidade.

Pergunto, pois, como é que as autoridades conhecendo estes casos (e quem os não conhece) continuam a permitir que alguém circule sistematicamente dessa forma sem as correspondentes coimas ou outra sanção, passando mesmo pela retirada da licença de condução?

Será preciso fazer um desenho?

A singeleza da Primavera


No verde pousio dos campo

Emergem estrelas cintilantes,

Florzinhas brancas na verdura;

Nesse carrocel de encanto

As aves tornam-se amantes

Numa Primavera de frescura.


Mil flores enlaçadas, singelas

Numa paleta de cores sadias

Que o artista semeou no acaso;

Manhãs frescas, doces e belas,

Na serenidade de todos os dias,

Da liberdade fora do vaso.


A Primavera chama-se liberdade,

A das coisas, da natureza

e outras mais que nos consomem.

Afinal, é uma só a verdade,

Que se cumpre plena de certeza,

Quando se une a terra ao homem.


A.Almeida

13 de março de 2022

Pleno de nada


Eu queria ser o que não sou,

Ter o que não tenho,

Amar o que não amei.

Mas sou o que disso sobrou

Sem esforço ou empenho,

Tão somente pelo que sei.


Há vazios que não se preenchem,

Oceanos de solidão salgada,

Rios que desaguam nos montes;

Tais medos, plenos, me enchem,

Num imenso lago de nada

Onde a sede nasce nas fontes.


A. Almeida

A cabidela e o destino


Entre muitas outras definições, a enciclopédia livre, conhecida como a Wikipédia, diz-nos que " O destino é geralmente concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos relacionada a uma possível ordem cósmica. Portanto, segundo essa concepção, o destino conduz a vida de acordo com uma ordem natural, segundo a qual nada do que existe pode escapar".

Assim, sem grandes empirismos, o destino é o desfecho das coisas e das pessoas. Por mais voltas que demos à nossa vida, todo o desfecho dela é um destino. Em resumo, o destino é uma fatalidade, uma inevitabilidade. Como um buraco negro na astronomia, não há como fugir a ele, nem que luz fôssemos, porque a sua condicionalidade é impossível.

Em todo o caso, a forma como vemos ou interpretamos o destino e as coisas que para ele concorrem, é no fundo um mistério insondável, mesmo que o seu desfecho ocorra por decisões próprias, nossas, individuais.

Assim, sendo certo certo que todos os nossos actos, concorrem necessariamente para o nosso destino, também é verdade que por vezes, porventura muitas, também decidimos o destino dos outros.

Vejamos um caso tão paradigmático quanto real: A D. Brilhantina (e já é abusar do destino dar a uma filha tal nome) decidiu prendar os filhos, noras e genros, com um fausto arroz de cabidela e vai daí, agarrou pelo pescoço do galo maior da capoeira, daqueles com espigões nas patas maiores que navalhas, e num ápice e sem qualquer estremecimento, sangrou-o para a tijela imaculada como numa oferenda bíblica. Mas, coisas do destino, a Brilhantina foi pouco brilhante de tanta rudeza no apertar do gaulês que este estremeceu como se ainda a anunciar a derradeira aurora, e nesse esbracejar alado lá se foi para o caneco, em cacos, o pequeno alguidar e com ele a vitalidade líquida ali sangrada.

Mas, o destino tem destas coisas e o que não tem remédio, remediado está, e o segundo galo na hierarquia da capoeira, que já se preparava para usufruir dos prazeres de tão vasto harém, viu-se logo destronado, agarrado pela manápula dura da Brilhantina e pouco depois o seu sangue já estava reservado para a cabidela. 

Há destinos assim, que se escrevem num instante, como num fogacho de palha seca, que tudo transforma e que não permitiu que o reinado de um galo durasse mais que um golpe de faca afiada. 

11 de março de 2022

Nota de falecimento

 



Faleceu Laurinda da Silva Baptista, de 88 anos de idade (07 de Abril de 1933-11 de Março de 2022). Residia no lugar da Barrosa - Guisande.

Cerimónias fúnebres no Domingo, dia 13 de Março de 2022, pelas 10:00 horas, na igreja matriz de Guisande, indo no final a sepultar em jazigo de família no cemitério local.

A missa de 7º Dia terá lugar na igreja matriz de Guisande na próxima Sexta-Feira, dia 18 de Março às 19:00 horas.

Sentidos sentimentos a todos os familiares. Paz à sua alma! Que descanse em paz!

A hipocrisia é fodida...


Acredito que no recente caso de Mariana Mortágua (que acumulou regime de exclusividade na AR com programa remunerado na SIC), como aconteceu com o seu camarada Robles, ambos não pretenderam de má fé cometer qualquer ilegalidade. No fundo serão ambos boas pessoas e honestass quanto baste. E têm que mostrar isso porque enquanto figuras públicas são escrutinadas.

Todavia, o que irrita, neles e no seu BE - Bloco de Esquerda, é uma profunda hipocrisia nas lições de moral que constantemente estão a pretender dar a outros, nomeadamente à Direita, quando na realidade eles próprios têm telhados de vidro e mesmo que inadvertidamente também estão sujeitos a estas fífias. Ou seja, calha a todos, mesmo aos mais cautelosos.

Não basta, pois, vir de seguida fazer figuras de anjinhos, prontificando-se a regularizar, pois é o mínimo que se espera. É preciso um pouquinho mais, porventura menos hipocrisia e um boa pitada de humildade.

À passagem do 11 de Março



 Lugar à dor

 

De novo a onze,

Ontem de Setembro,

Ao alvorecer do Outono,

Hoje de Março,

Ás portas da Primavera.


Não, não há nada a dizer,

Chorar, talvez…

Quero dar lugar à dor

Certo de que outros onzes

Continuarão a matar, a matar,

Só a matar…


A. Almeida


(À passagem do 11 de Março de 2004 - Atentados terroristas em Espanha)