6 de outubro de 2022

Andamos tapados


A malta da TAP é muito eficiente. Vai-se fazer transportar em carrões e diz que com isso vai poupar uns milhares. 

É assim mesmo. Esta TAP é um exemplo exemplar. Não são Porches como o que já teve o ministro da tutela, mas convenhamos que BMWs acima dos 52 e 65 mil euros são um bacadito melhores que o meu Citroen Saxo de 2001.

Até para voar é preciso sonhar alto.

Paga Américo, tu que nunca puseste o cu num aviãozinho da TAP!

Desagregação de freguesias


Sou assinante online do jornal "O Correio da Feira". 

Do que li sobre a sessão da Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira, de 23 de Setembro último, quanto à votação que aprovou a desagregação da nossa ainda União de Freguesias de Lobão, Gião, Louredo e Guisande, pareceu-me que o deputado Carlos Martins da Iniciativa Liberal, face à troca mútua de responsabilidades entre o PS e PSD, terá sido o mais assertivo na questão dos argumentos ao dizer não entender  a"necessidade de partidarização do tema”. “As populações quando o fizeram não foi para defenderem este ou aquele partido, mas defenderem aquilo em que acreditam”.

Na realidade, a agregação foi feita ao arrepio da generalidade das populações e teve nos principais partidos, como PS, PSD e CDS os grandes responsáveis. 

Por conseguinte aberta agora a possibilidade de rever algumas das situações, deve ser numa base supra-partidária porque os valores ou interesses que estão em causa nada têm a ver com facções políticas.

Ao PS louva-se a possibilidade criada para poder ser possível reverter e ao PSD louva-se o entendimento natural de não obstacularizar.

Assim sendo, a partir deste momento importa de facto não partidarizar a questão, entende-la como da vontade da maioria das populações e aguardar o desfecho na sua etapa final. 

Se se vier a concretizar, depois teremos outras questões por resolver, que não são menores.

[foto: Correio da Feira]

5 de outubro de 2022

O Tino, rapaz com tino


O Tino é assim: Um rapaz simples, quase primordial, despido do espartilho que adelgaça as noções do bom senso ou do juízo perfeito. 

Dizem os especialistas que o Albertino tem algum atraso cognitivo, mas o povo, menos dado a estes conceitos técnicos, diz, apenas, que terá umas quartas-feiras a menos, mas um bom rapaz, do melhor.

Pela minha parte, acho que nem uma coisa nem outra. O Tino tem sobretudo uma simplicidade genuína no pensar e no falar. Pela parte física é um touro de força e destreza e como tal é requisitado como jornaleiro quando se trata de cavar leiras, rachar lenha, limpar matos, apanhar espigas ou batatas. Quanto a ser um bom rapaz, em total acordo.

Em resumo, anda por aí muita boa gente com as quartas e quintas-feiras todas e demais dias da semana e ainda assim com menos tino que o Tino. Como pessoas e quanto a juizinho, em nada são mais ou melhores que o Tino.

Mas o Tino, insisto, é mesmo assim, e nessa simplicidade toda troca-nos as voltas e as ideias. Daria para feirante, capaz de vender botas a quem procura peúgas ou casacos a quem quer comprar cuecas.

Assim, quando nos cruzamos, lá meto conversa de circunstância: 

- Então Tino, está calor?

Mas o Tino responde com outra pergunta: 

- Então houve mais um acidente na Gandarinha? 

- Ai houve? - pergunto interessado.

- Pois houve, e deu um prejuízo do caraças. Podia ter havido mortes! Um carro ficou todo encartado. Vai p´rá sucata direitinho!- responde com ar sério e de quem testemunhou o embate.

Mas mudo de conversa, mostrando-me interessado nas inconstâncias do tempo: 

- Mas, ó Tino, amanhã virá chuva? 

O Albertino responde, novamente, com outra pergunta: 

- Sabias que roubaram quatro galinhas ao Zé Ferreiro?

- Quatro galinhas? - perguntei admirado.

- Sim, e foi de noite e com um cão à porta! - esclareceu abanando a cabeça com ar de quem contava uma impossibilidade.

- Mas então, quem terá sido? - questionei, curioso.

- Foi a viúva do Neca! Era de saber. Já não é a primeira vez! - esclareceu com ar de quem já viu o filme repetidas vezes.

- Mas como é que se sabe que foi ela? Houve testemunhas? - perguntei para esclarecer essa sua convicção.

- Ah, foi o próprio Ferreiro que a viu a meter os frangos, já com o pescoço torcido, num saco.

- Mas foi ele quem te contou? - questionei interessado?

- Ele contou tudo na loja da Nandinha. - disse. - Ele bem deu por ela, mas como caminha mal e estava em ceroulas, não foi atrás dela.

- Mas então ele não vai fazer queixa à guarda? - quis saber.

- Não vai nada! Se calhar não se importa, pois ela roubou-lhe as galinhas mas ele rouba-lhe o pinto!

- Ai é? Bem, eles que se entendam! - respondi já  pela estrada abaixo, mas ainda intrigado a pensar no raio da sua resposta, como se nela justificasse a permuta de galináceos.

O Tino também seguiu para cima, mas ainda a recomendar: 

- É preciso é ter cuidado com as portas abertas. Ela tudo o que vê, tudo rouba. E é pôr à porta dois cães bravos, com fome e com os dentes afiados!

E pronto! O Tino lá continuou desenvolto a caminho de casa. 

De rajada, fiquei a saber de duas novidades que desconhecia, mas continuei sem saber se no dia seguinte choveria. 

Já sei! Para a próxima se quiser saber do Tino se vai chover, tenho que lhe perguntar se o Benfica ganhou ou perdeu. 

Noite



Chega a noite e a aldeia cega,

Sem dissipar esta melancolia,

De um caminho envolto em treva

Até que a luz rompa a fazer dia.

Passadiços e feira de diversões

Dizem as notícias que os Passadiços do Paiva, em Arouca,  receberam prémio nos World Travel Awards, tendo sido considerados a melhor atração turística da Europa.

Desconheço quais os critérios, mas espanta-me a classificação, desde logo porque no que toca a passadiços e enquadramentos naturais e paisagísticos há obviamente muito melhor na Europa, em Portugal e até mesmo no território de Arouca.

Mas estas coisas de gostos parece que não são discutíveis e por isso estes prémios valem o que valem quanto à sua justeza. Valem, obviamente, porque dá mais notoriedade internacional e reforçará a massificação de visitantes ao local, com todos os prós e contras.

Pela parte que me toca não sou apologista da política que tem vindo a ser seguida por Arouca. Valorizar o existente, as mil facetas de um território paisagisticamente riquíssimo, sim, mas fazer disso um parque de diversões, acrescentando-lhes pingarelhos como a ponte, é francamente exagerado. O que virá a seguir?

Ademais, Arouca tem tido algum desenvolvimento mas continua com enormes assimetrias, ainda com pouca rede de água e esgotos e com estradas miseráveis. Na Freita continua muita coisa por fazer e valorizar, nomeadamente na reflorestação.

De resto sobre esta disparidade, não resisto a reproduzir um comentário ao prémio,  de alguém que conhece e vive a realidade da Serra da Freita, como poucos, a Teresa Markowsky Maré:

"...se olhassem mais pela serra da Freita e nos dessem, ao movimento Gaio, uma pequena ajuda para recuperar o que ardeu, plantando árvores nativas, criando prados de flores para os polinizadores, cuidando das turfeiras, criando bebedouros para o gado não andar a cagar e mijar mas zonas de nascente dos rios... proibindo plantações de eucalipto em zonas de rede natura e o corte de árvores nativas centenárias.... a Câmara dê Arouca está de costas viradas para a serra e todos os problemas que lá existem.

4 de outubro de 2022

Água e bananas

Na sequência do caso de suspeição de práticas proibidas por alguns atletas da equipa de ciclismo da W52- F.C. Porto, a imprensa está a noticiar que o atleta João Rodrigues, vencedor do Volta a Portugal de 2019, foi suspenso por sete anos e outros seis colegas ciclistas, entre eles Rui Vinhas e Ricardo Mestre, vencedores da Volta a Portugal em 2016 e 2011, respetivamente, por três anos, pela União Ciclística Internacional.

Ainda não li se a decisão é definitiva ou se passível de recurso.

A propósito, e este é um problema para além de rivalidades clubísticas, o episódio não é novidade e o que não faltam é casos similares no mundo do ciclismo, desde logo à cabeça, o que envolveu o norte-americano Lance Armstrong.

Quando o desporto deixou de o ser, e passou a ser uma indústria de milhões, em que a tentação de vencer a qualquer custo e preço leva a situações destas, tudo deixa de fazer sentido.

E surpreendemo-nos, nós, com estas aldrabices a este nível quando todos bem sabemos que até mesmo entre meros amadores e ciclistas de fim-de-semana há essas tentações de mostrar serviço.

Porque também pedalo e corro, sei de episódios, contados por quem conhece o meio, que para além das vulgares geleias ou gelatinas e outras vitaminas concentradas, para dar poder à coisa, há em alguns grupos partilha de umas certas pastilhitas que dizem dar muito power. 

Obviamente que não generalizando, era o que faltava, mas esta prática extende-se também a outras provas e competições amadoras onde não há qualquer controlo sobre o uso de substâncias inadequadas, em que o artista aldrabão supera o atleta que não se mete em tais aventuras.

Quer isto dizer que o desporto é bom, é salutar ao corpo e à alma, na justa medida e peso, mas quando se pretende fazer dele algo mais, como uma demonstração de super-poderes, de fazer e mostrar coisas bonitas, ainda por cima numa época em que o culto do ego está em alta, todos estamos sujeitos a estas tentações, que mais não seja a reboque da curiosidade, do "deixa-me experimentar". Ora todos sabemos que os vícios nascem sempre dessa curiosidade, dessa experimentação.

Pelo sim e pelo não, até porque nestas coisas não tenho de todo um espírito competitvo, de bicicleta ou a correr, mantenho-me fiel à água da torneira, e muito raramente a uma banana. 

Quanto a gelatinas, compro-as, mas só para os gatos.

O poste


Deste poste, há quem goste.

Eu não gosto, mas aposto,

Porque é o que eu acho,

Que num destes dias,

O poste vem abaixo.

Assim carregado,

Todo pendido,

Por fim cansado,

Cai de vencido.

Então dirão: - Ó poste, já foste!