7 de setembro de 2023

1.º Direito e 2.º Esquerdo

A propósito, ou não, de um certo programa de apoio e acesso à habitação, em sequência ou consequência de uma certa  estratégia local de habitação, que grosso modo aproveita financiamento da teta europeia do dito Plano de Recuperação e Resiliência (PRR):

O tal programa visa apoiar a promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivem em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada. Coisas bonitas.

Mesmo tendo lido na diagonal os documentos e apesar dos bons pressupostos, há à partida, parece-me, um princípio de igualdade que não é lá muito bem equacionado.

Um exemplo: Um agregado familiar que reúna os requisitos de baixos rendimentos para ser apoiado, mas que tem uma habitação de razoável qualidade e com todas as condições de habitabilidadde, e têm-na porque para a construir ou comprar contraiu um empréstimo ao Banco, à qual está hipotecada, e que paga mensalmente até à sua idade da reforma, fica de fora desta equação apesar de continuar com as dificuldades económicas inerentes ao peso da prestação do crédito habitação. 

Assim vamos tendo gente em habitação social acomodada, com bons carros, bom viver e a escapar aos inconvenientes de comprar terreno, fazer projecto, construir casa e pagar o crédito habitação e ainda os injustos IMIs como uma renda. Em rigor, o Estado e muitas autarquias limitam-se a apoiar a habitação a quem pouco ou nada faz por tê-la, mesmo que com as mesmas condições e rendimentos de milhares que o fizeram. Os exemplos estão à vista de todos. O pior cego é aquele que não quer ver.

Em resumo, estas políticas apresentam-se como boas intenções, e aproveitará sempre a uns quantos, mas que depois na realidade não servem nem se adaptam à generalidade dos casos.

Além do mais, muitos dos pressupostos do programa cheiram a esturro porque casos há em que os cidadãos se metem a requalificar uma velha habitação e só porque abrem uma janela ou uma porta extra, são esbarrados, coimados e confrontados com a  necessidade de licenciamentos que regra geral são demorados e caros, desde os projectos às taxas de urbanização e licenças. Poderia passar por aí alguma ajuda até porque os ditos planos de reabilitação dos nossos núcleos urbanos não passam dos PDFs e das intenções.

Por conseguinte, é tão bonito passar as ideias para PDFs e lançar uns programas jeitosos que depois, na realidade, servirão a poucos. Um pouco como certas câmaras municipais e juntas de freguesias a darem cheques a mamás e e papás, pobres ou ricos, como se isso sirva para alterar os problemas de fundo da natalidade e demografia. Quem não gosta de prendas? Todos gostamos e tiramos fotografias sorridentes a recebê-las. Mas isso, para além de poder render mais uns votos futuros aos promotores, resolve o quê em concreto? 

Seja como for, tudo o que se possa fazer por quem realmente tem necessidades e dificuldades nesse direito básico que é a habitação condigna, é sempre positivo, mas dispensa-se o folclore e acima de tudo que haja um critério rigoroso para ajudar a quem realmente precisa. 

Dignidade


Sobe, sobe mais, até mesmo ao cume!

Quando lá chegado terá valido o suor,

Mais o sabor que se obtém da vista.

Fica bem ao homem quando se assume

No seu esforço tenaz, na luta, na dor

Porque se resume a isso a conquista.


Nunca desista, pois, dessa sua ânsia,

De querer mais, bem mais, mas justo,

Sem mácula,  remorso ou falsidade;

São nobres a vontade e a constância

Mesmo que elas contenham um custo:

O de se viver com honra e dignidade.


A. Almeida - 07092023


Uma possível interpretação:

Este meu simples e despretencioso poema pretende apresentar uma perspectiva filosófica que pode ser relacionada com temas como a ética, a busca da excelência, a realização pessoal e a moralidade. Numa perspectiva filosófica podemos ter a seguinte interpretação:

Ética e Moralidade: O poema aborda a importância da ética e da moralidade nas nossas acções. Ele sugere que é digno e nobre procurar mais e alcançar objetivos ambiciosos, desde que essa busca seja justa, sem mácula, remorso ou falsidade. Isso implica que a virtude e a integridade são princípios essenciais na jornada em direção ao sucesso.

Vontade e Constância: O poema enfatiza a importância da vontade e da constância. A busca de objectivos significativos muitas vezes requer determinação e persistência, e essas qualidades são vistas como nobres. Isso se relaciona com conceitos filosóficos como a virtude aristotélica, que valoriza a busca da excelência e a formação de hábitos virtuosos.

Conquista e Realização: O poema sugere que a verdadeira conquista não está apenas no resultado final, mas também na jornada em si. A ideia de que "o sabor que se obtém da vista" é uma recompensa pelo esforço e pelo suor investidos e pode ser vista como uma expressão do valor da experiência e do processo, em vez de apenas do resultado.

Procura da Excelência: A mensagem central do poema está relacionada com a busca da excelência e da realização pessoal. Ele encoraja as pessoas a não desistirem de seus desejos de conquistar mais e de alcançar seus objetivos, desde que isso seja feito com integridade e dignidade. Isso pode ser interpretado como uma chamada para que as pessoas procurem o melhor de si mesmas nas suas vidas.

Em última análise, o poema pode ser visto como uma reflexão filosófica sobre como viver uma vida virtuosa e significativa, alcançando objetivos elevados, mantendo a integridade e a ética, e valorizando a jornada tanto quanto o destino. Ele ressalta a importância da vontade, da constância e da honra no processo de autodescoberta e crescimento pessoais.

5 de setembro de 2023

Como no jogo da toupeira e do martelo...


O Facebook aparentemente tem opções que permitem ao utilizador ver menos publicações de um determinado tipo, como publicidades, como os reles vídeos reels, etc. 

Mas é uma tarefa inglória e faz-nos lembrar aquele jogo do martelo e da toupeira em que batemos com o martelo num buraco mas a toupeira aparece logo noutro e assim sucessivamente. 

Por conseguinte, todas as opções nas configurações são na realidade inutilidades, porque por cada assunto que denunciemos como imprórpio ou irrelevante, o sistema tem milhares de outros prontos a entrar em acção. Está mesmo infestado de toupeiras. De resto não os dispensa porque é disso que obtém lucros astronómicos.

Em resumo, a solução para de algum modo fugir a tanta contaminação nesta rede social, é mesmo, de vez em quando, fazer umas boas pausas, como de resto tenho feito ou, de forma mais eficaz,  desactivar a conta e a página. 

A continuar assim...

4 de setembro de 2023

Pergunta sem resposta

Num destes dias, na semana passada, a Rua de Fornos (EN223) voltou a ser rasgada de lés-a-lés, creio que em dois diferentes sítios. Presumo que à procura de ouro, pois já por várias vezes no mesmo sítio sem que descortine o verdadeiro motivo. 

Mas verdade se diga, quase em simultâneo foram repostos os pavimentos que, mesmo sendo  remendos, ficaram com qualidade similar à restante estrada.

Não que espere resposta, mas pergunto a mim mesmo porque é que este tipo de procedimento consecutivo (rasgar, repavimentar) não acontece nas restantes ruas? Por exemplo, na Rua de Trás-os-Lagos, que continua ali com valas por repavimentar, vai para meio ano?

Como disse, não espero respostas porque a quem cabe dá-las porventura também não saberá ou não convirá responder. 

É assim que as coisas funcionam, devagar, devagarinho, quando não paradas. Para além dos mais, gente como eu, que vem escarafunchar estas feridas, são poucas, porque a maioria essa já nem quer saber de tão dormente que está no que toca à desconsideração.

Santa farturinha ou vender cabritos sem ter cabras

Creio que já abordei por aqui esta particularidade, mas tenho para mim que um dos bons indicadores da saúde financeira dos cidadãos, tanto ou mais que o INE - Instituto Nacional de Esatatística, é o ligar para alguns dos restaurantes cá da zona e mesmo que com duas horas de antecedências, e outros de dias ou semanas, e de lá informarem recorrentemente que estão cheios em reservas. 

Ainda um dia destes, num dos locais envolventes à ria de Aveiro, à porta de um certo restaurante onde se diz comer bom "peixinho", antes duas horas de abrir ao meio-dia informou estar todo reservado e com lista de espera para depois das 14 horas. Arranjei um alternativo, próximo, mas mesmo esse a partir das 12 horas começou a encher e ainda antes das 13 estava a abarrotar.

Mesmo por cá, ainda no Sábado, para jantar, dos três que contactei uma hora antes, já estavam reservados na totalidade. Na insistência e com o compromisso de estar à mesa às 19, e a despachar, lá se conseguiu mesa para dois num deles. Escusado será dizer que saí e ainda havia mesas vazias, porque isto de reservas tem que se lhe diga, sobretudo quando os restaurantes aceitam que uma mesa reservada fique ali vazia até que os senhores doutores lá cheguem às horas que entenderem. Coisas, mas é lá com eles. Por mim, as reservas teriam que ser preenchidas logo à primeira hora. 

É certo que este meu indicador de boa saúde nos bolsos e carteiras da nossa malta, por vezes são tiros ao lado, pois o que não falta por aí é rapaziada boa que goza férias à grande e à francesa, em locais mais ou menos paradisíacos, e fazem por o mostrar nas redes sociais, com empréstimos contraídos para o efeito. Mesmo que nunca o tenha feito (credo em cruz), é legítimo e nada contra com quem o faz, mas é uma situação que nos faz ter em conta que nem sempre o que parece, é. De resto a este propósito, gosta de dizer o meu amigo  José H. que o seu carro é modesto mas que não está em nome de um qualquer Banco ou empresa de leasing. - Estás fora de moda, caro JH!

Mas como é tão típico dos portugueses, primeiro gozar, segundo gozar e depois logo se vê, quem sabe se com uma ajuda do Governo...

Seja como for, a malta no geral ainda anda folgada, pelo menos o suficiente para encher depósitos de combustível dos seus bons carros, ocupar alojamentos e reservar restaurantes. Perante estas evidências, que dizer? É positivo, digo eu, que, com desconsolo, ainda não descobri como vender cabritos sem ter cabras.

Viva la vida! Olé, olé!

Pe. Amaro Ferreira celebrou em Guisande

 


Com o nosso pároco Pe. António Jorge em período de merecidas férias até 15 deste mês, a missa deste Sábado, 2 de Setembro, pelas 17:30 horas, na nossa paróquia, foi celebrada pelo Pe. Amaro Ferreira, que disse nunca cá ter estado. Trata-se de um jovem sacerdote da Sociedade Missionária da Boa Nova, de Cucujães.

Este padre, natural de Oliveira de Azeméis foi ordenado em Fevereiro de 2008. De seguida, em missão, esteve em terras de Moçambique, encontrando-se actualmente em Portugal onde entre outras tem funções de dinamização de grupos.

Os Missionários da Boa Nova constituem uma Sociedade Missionária de Padres e Irmãos, fundada em Portugal em 1930 pelo Papa Pio XI, o Papa das Missões, dando-lhe o nome de Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas. Hoje esta comunidade de padres e irmãos missionários chama-se Sociedade Missionária da Boa Nova.

Pessoalmente gostei da sua participação, nomeadamente da homilia onde de forma simples, directa e eficaz, transmitiu o sentido da mensagem da liturgia, sobretudo a relacionada ao Evangelho do dia em que Jesus anuncia aos discípulos a Sua Paixão e apresenta uma instrução sobre o significado e as exigências de ser Seu discípulo. Quem quiser ser Seu discípulo, tem de “renunciar a si mesmo”, “tomar a cruz” e segui-lo no Seu caminho de amor, de entrega e de dom da vida. O Pe. Amaro salientou a ideia base de que nesse contexto de exigência devemos seguir Jesus, mas sempre atrás de Si e nunca à frente. Afinal Jesus apresenta-se como o Caminho, a Verdade e a Vida.

3 de setembro de 2023

Recordando - Festa do Viso - 1960


Na edição do jornal "O Mês de Guisande" de Julho de 1982, foi feita uma entrevista ao Sr. Leandro Ferreira das Neves, sapateiro, do lugar de Casaldaça. Nela, entre outras coisas, é referido que ele fez parte da Comissão da Festa do Viso, em 1969, sendo que na realidade se pretendia dizer de 1960, pois foi o ano em que efectivamente o Sr. Leandro tomou parte. 

Mas para além desse lapso, tem importância sobretudo os pormenores que foram lembrados pelo entrevistado quanto à festa. Assim, foram três dias, sendo que no Sábado apenas houve música gravada a passar nos altifalantes, pois esse dia era necessário à preparação dos enfeites, ornamentos e outras logísticas no arraial, como montagem do palco e vedações. 

No Domingo de manhã actuou a Banda Musical de Santiago de Riba Ul, à qual à tarde também se juntou a do Loureiro, ambas do concelho de Oliveira de Azeméis. Na parte da noite houve actuação de ranchos bem como na Segunda-Feira.

Foi ainda referido que a procissão solene contou com apenas três andores, não mencionados mas certamente os de Nossa Senhora da Boa Fortuna e Santo António e presumivelmente o do padroeiro S. Mamede.

Estas memórias ajudam a perceber que a nossa festa, como todas as outras em diferentes terras, foram sofrendo evoluções ao longo dos anos, sobretudo pela maior disponibilidade de recursos financeiros. Também lembra que por esses tempos as partes musicais e recreativas das festas e romarias eram essencialmente preenchidas com actuações de bandas filarmónicas e ranchos folclóricos. A partir de meados dessa década de 1960 começaram a generalizar-se os conjuntos típicos, que passaram a fazer parte regular dos programas das nossas festas e só mais tarde, sobretudo a partir da década de 1990, é que apareceram os artistas ditos da rádio e televisão e depois todo o catálogo dos ditos cantores "pimba", os quais, em boas doses, vão preenchendo, tantas vezes sem qualidade, os programas das nossas festas.

Fica de seguida a composição da Comissão de Festas nesse ano de 1960:

Leandro Ferreira das Neves – Casaldaça

José Alves – Pereirada

Albertino da Silva Santos – Casaldaça

Manuel de Almeida Azevedo – Quintães