28 de setembro de 2023

Marinho Ferreira Coelho - Gente nossa

Dizem-nos na rede social Facebook, que o Marinho Ferreira Coelho está de parabéns neste dia! Pois que se repita de forma feliz por muitos mais anos junto dos seus. Dizem que faz setenta e picos pois nasceu em 28 de Setembro de 1947. Um jovem.

Filho de Maria Rosa Ferreira Coelho, e de pai incógnito, é neto materno de Joaquim Ferreira Coelho e de Maria Rosa de Jesus. Tem vários irmãos de que conheço o Delfim, a Emília, esposa do Abel Rodrigues de Paiva, o António, a Cisaltina e a Isaura, esposa do Fernando Santiago. A sua mãe veio a casar com Delfim Pinto dos Santos.

Pessoalmente, mesmo que um pouco mais novo, tenho por ele uma elevada estima e consideração porque reconheço e valorizo  o seu papel de cidadania na sua e nossa freguesia. Tem os seus defeitos, pois tem, e quem os não tem, começando por mim? mas tem mais virtudes e estas é que pesam na balança do deve e haver. 

Se não estou atraiçoado pela memória, ainda me lembro dele, novo, quando chegava com a sua mota a Casaldaça quando já namorava a sua esposa, a Felisbela (casaram a 31 de Agosto de 1974), quando ela vivia com a sua família junto ao caminho que é hoje a Rua da Fonte. Quando ali passava em recado à mercearia da Senhora Amélia, ficava eu a admirar aquela moto que na altura me parecia imponente. De resto, já com o Marinho com toda aquela altura, que ainda hoje tem, não ficaria bem em qualquer motorizadeca. Logo só mesmo uma moto. De resto, do seu porte físico, recordo-me de em algumas situações comunitárias impor o seu respeito e era homenzinho para pegar nalgum desordeiro pelas golas e pô-lo no olho da rua.

Sei que fez pela vida e esteve emigrado por terras de França, onde lá terá nascido a sua filha a Carina, que assim é francesa. Voltou passados uns anos e tomou conta do pequeno negócio do Joaquim Ferreira Coelho, que vendia adubos, sementes, rações e pesticidas, mas que logo tratou de ampliar e dinamizar e hoje é um bom estabelecimento que explora com o seu filho Filipe, servindo toda a freguesia de Guisande e não só, num apoio imprescindível ao cultivo das terras, alimentação de animais, sementes e tratamento de plantas e muito mais, numa grande variedade de produtos e artigos.

O Marinho foi sempre uma pessoa envolvida com a freguesia fazendo parte do Guisande F.C. um seu  interessado sócio, adepto e patrocinador. Para ele pintei no campo de jogos do Guisande F.C. um painel publicitário à  sua loja. Já passaram pelo menos 35 anos. Também pintei a inscrição que tinha na fachada do seu estabelecimento, no tempo em que os números dos telefones tinham 6 algarismo.

Marinho Ferreira Coelho também se envolveu na política a nível da freguesia,  tendo sido tesoureiro da Junta de Freguesia de Guisande no mandato de 1993/1997, trabalhando com o Manuel Ferreira (presidente) e o Rodrigo Correia (secretário). No mandato anterior, de 1989 a 1993 foi presidente da Assembleia de Freguesia. Não era político mas apenas um interessado no desenvolvimento da freguesia e por isso, avesso a certas coisas da política, optou por não continuar.

Por tudo isto e não só, o Marinho Ferreira Coelho, mesmo com aquele ar de quem está zangado com ele próprio e com o mundo, é uma alma generosa, e creio, a avaliar pelos sinais dos seus, um bom marido, um bom pai e avô. Ainda, como eu, adepto do Benfica. Merece o nosso reconhecimento por em diferentes tempos ter dado o seu contributo à nossa freguesia e comunidade, continuando a ser um guisandense de corpo e alma apesar de ter feito casa e estabelecido o negócio ali no limite com Lobão, o que para ele e para nós é irrelevante. 

Parabéns, pois, Sr. Marinho e que venham mais anos e bons junto dos seus e de todos nós!

25 de setembro de 2023

Casamentos? Nem por isso...

 


Ao contrário do que se possa pensar, noutros tempos, mesmo quando era grande o número de filhos em qualquer família, e 6, 7, 8, 9 ou 10 eram números normais, não se realizavam muitos casamentos. Por exemplo, aqui em Guisande, os assentos paroquiais dos anos 1901 e 1902 não registam qualquer enlace e mesmo no ano seguinte, em 1903, apenas se realizaram 3.

Mesmo quanto a filhos, eram comuns os filhos de mães solteiras. Numa época em que não havia planeamento familiar nem prática de métodos contraceptivos, e a pílula só veio a ser criada já na década de 1960 e a generalizar-se entre nós sobretudo a partir da década de 1980, os constrangimentos morais e religiosos conduziam ao forçoso respeito pela vida que assim prevaleciam sobre a "vergonha" social. Os casos de abortos ou "desmanchos" voluntários eram reduzidos, pelo menos nos meios rurais.

Não supreende que em face do elevado número de filhos e da falta de condições de higiene, de assistência médica, nomeadamente durante a gravidez e parto, e meios de tratamento, e por conseguinte à mercê de doenças mais ou menos infecciosas, a mortalidade infantil por esses tempos era alta e mesmo nos adultos eram frequentes os falecimento em idade jovem ou meia idade.

Nas minhas pesquisas de genealogia, são vários os casos em que um qualquer Manuel ou uma Maria, nomes muito vulgares, serem baptizados como segundos ou terceiros de nome, isto é, que vinham substituir outros filhos a quem já havia sido dado esses nomes mas que faleceram com idades de criança ou mesmo de bébés.

Em resumo, pesquisar este tipo de documentos nos velhos assentos paroquiais de baptizados, casamentos e óbitos, é simultaneamente uma forma de observar outros apontamentos sociais e demográficos.

23 de setembro de 2023