11 de outubro de 2023

Noite de cinema - Sábado 14 de Outubro de 2023



Noutros tempos que já lá vão, ali por meados da década de 1970 e anos seguintes, o nosso velhinho Salão Paroquial enchia, atestava de gente, mesmo a pagar bilhete, para assistir a sessões de cinema, não em vídeo ou do computador projectado numa pequena tela, mas mesmo daqueles com bobines projectados à moda antiga e que enchiam todo o cenário. 

Por ali passaram comédias e filmes épicos, como "Os Dez Mandamentos" (1956), "Ben-Hur" (1959) e "Jesus de Nazaré" (1970) de Franco de Zeffirelli, mas sobretudo filmes de western, cowboiadas como dizíamos.

Os tempos mudaram, vá lá saber se para melhor ou pior, mas mudaram. Hoje continuamos a ter boas e cómodas salas de cinema, mas temos sobretudo em casa, na televisão e com canais exclusivos, no computador, no telemóvel, etc. É uma farturinha!

Retomando o cinema no Salão Paroquail, o nosso Grupo de Jovens de Guisande vai promover a exibição de um filme do género de animação 3D, mas certamente que com o objectivo paralelo de animação e convívio. 
A entrada é livre e com direito a petiscos, bebidas e animação. O filme é para todas as idades e a entrada é livre.

Esperemos que a sessão seja concorrida e animada.

Venda da residência paroquial em 1923

 


Passa nesta dia de hoje, 11 de Outubro de 2023, um século após a data da escritura de venda do edifício da residência paroquial de Guisande, conforme o atesta o cabeçalho da escritura acima reproduzido.

A venda foi realizada pelo então pároco Pe. Abel Alves de Pinho a um outro sacerdote, o Pe. Joaquim Esteves Loureiro, de Ramalde - Porto, sendo que este representado no acto pelo então pároco de Pigeiros, Pe. António Inácio da Costa e Silva.

Todo este processo relacionado à residência paroquial é conturbado e ainda com vários segredos ou mistérios por desvendar. Oportunamente, por aqui ou no livro que tenho em preparação, procurarei transmitir o que se sabe sobre o assunto, sendo que ficarão sempre pontas soltas e enigmas por resolver.

Em todo o caso, o processo passa pela edificação da residência, dada como concluída em 1907, depois a compra da mesma à paróquia pelo então pároco Pe. Abel, e posteriormente a venda, de algum modo forçada, aquando da saída do referido padre, e ainda o mistério de ter sido vendida a um desconhecido do Porto, sendo que em princípio com ligações à Diocese e à Sé, presumindo-se que agindo como um testa-de-ferro. Posteriormente esse Pe.Loureiro, conforme previsto, veio também ele próprio a vender à paróquia, pelo que desde então lhe pertence. Foi depois no tempo do Pe. Francisco que a situação de propriedade, em termos de registo na Conservatória e Finanças se veio a resolver a favor do Benefício Paroquial, equivalente então à Comissão Fabriqueira.

É, pois, um processo obscuro e com contornos interessantes mas misteriosos e que, à falta de outros documentos, pelo falecimento dos intervenientes e pelo tempo decorrido, será difícil resolver de forma definitiva.

10 de outubro de 2023

Incerteza


Bem queria que o caminho só

Fosse largueza, tapete florido,

Macio, doce e perfumado.

Mas tem pedras, lama e pó,

Duro, amargo em ser vencido

Sem que se chegue cansado.


Não espere, pois, o peregrino,

Que a jornada se faça de sorte;

Se na torre canta e geme o sino,

Anuncia a vida ou talvez a morte

9 de outubro de 2023

Trocam-nos as voltas e a torre


Em 1998, era presidente da Junta de Freguesia de Guisande o Celestino Sacramento, então com a jovem idade de 48 anos, quando uma certa empresa fez publicar uma revista sobre as freguesias do concelho, onde se integrava Guisande. No fundo, não eram nem foram novidades as empresas que viviam e vivem essencilamente de negócio de angariação de receitas de publicidade e usam como motivo e pretexto a divulgação das terras. Marketing publicitário.

Em princípio é um negócio como outro qualquer, mas tantas vezes, feito de forma muito ligeira e se não completamente sem rigor, pelo menos com algumas imprecisões e asneiras, algumas até grosseiras.

Neste caso, e num exemplar que até pode ser visualizado no serviço online da Biblioteca Municipal, a nossa igreja matriz, então com a alameda frontal ainda a cheirar a novo, porque realizada uns poucos anos antes, foi retratada, imagine-se, com a torre sineira ao contrário, por isso do lado sul. Asneira da grossa mas, tanto quanto se saiba, não foi feita edição a rectificar e até presumo que poucos terão dado pelo erro crasso. Porventura um sorriso e a velha desculpa que assim a coisa é mais reparada.

Apesar disso, por esses tempos com as internetes ainda a dar os primeiros passos em Portugal e acessível a poucos, por isso ainda fora do horizonte dos meios fáceis e generalizados com que hoje divulgamos as nossas coisas, as juntas de freguesia, num modo geral, alinhavam facilmente nesses negócios de marketing publicitário, porque viam nisso uma forma de divulgar as suas realidades. Houve até negócios a envolver encomenda de pratos e travessas com estampagem dos elementos considerados mais significativos, como a igreja, a capela, etc. e que a poucos, presumo, interessou e que não passam de pingarelhos com qualidade artística duvidosa e sobretudo sem qualquer função. Ainda devem andar pela sede alguns exemplares. 

Outra asneirola da referida publicação, diz que Guisande tinha 3780 quilómetros. A serem quadrados seríamos um pequeno país, mesmo maior que o Luxemburgo. Mesmo que usassem a vírgula ou o ponto a seguir ao primeiro algarismo, ainda continuava a asneira mesmo que já menos grosseira.

Por outro lado constatam-se as vicissitudes do tempo e a prova provada de que o que hoje é uma verdade amanhã pode ser uma valente mentira, uma nova realidade ou algo anacrónico. Veja-se que o nosso presidente enaltecia e vangloriava-se, com razão, de então ter sedeada em Guisande uma das maiores empresas de construção do concelho da Feira. Contudo, o tempo passou, a coisa foi ao charco e os tais "muitos empregos" que de guisandenses nunca passaram de poucos, cairam no desemprego. Durante anos foi um elefante branco (azul)  nascido na completa ilegalidade e permissividade de autoridades, e subsistiu como um monumento às consequências de se dar passos maiores que as pernas. Actualmente já mexem por lá algumas empresas mas os guisandenses nelas empregados contam-se pelos dedos de uma mão e sobram dedos. Em conclusão, os ganhos económicos de tal coisa para a freguesia foi absolutamente zero. Os impactos negativos, com a poluição da ribeira e ocupação de terrenos da reserva agrícola, esses foram muitos, mas em nome desse efêmero interesse económico fecharam-se olhos, taparam-se ouvidos e igoraram-se leis e regulamentos e a coisa foi andando como se tudo estivesse em conformidade.

Em resumo, estas coisas vistas à distância, e parecendo que não, passaram já 25 anos, acabam por ser nostálgicas e vistas até com um sorriso. Não fose coisa séria e até daria para rir. 

Quanto aos efeitos do tempo, basta ver as fotos que ilustram a publicação, o Celestino com um ar ainda jovem e o meu tio Neca, que neste Sábado completou 100 anos de vida, então ali ainda com os seus 75 anos, encostado ao cruzeiro no monte do Viso e de serrote a tiracolo.

Bons tempos em que éramos felizes e não sabíamos, mesmo que a trocarem-nos as voltas e até a torre da igreja.

Vale o ser


Não! Não há volta a dar

Nas voltas que a vida dá

Se nelas não houver doação.

Todo o rio precisa de mar.

O futuro anseia o amanhã,

Vive a fé da sentida oração.


Que importa ao homem ter

Riqueza, honras como herança

Se não tiver como as repartir?

Mais do que ter, vale o ser

Como pura, inocente criança,

No seu berço, serena, a dormir.

Rua de Trás-os-Lagos, reposição do pavimento

Já expressamos por aqui a dificuldade em compreender o facto da Rua de Trás-os-Lagos, aqui em Guisande, estar há tanto tempo sem ser repavimentada, pelo menos nas valas resultantes da colocação dos ramais das redes de águas e saneamento. Em rigor foi pelo menos meio ano após a colocação das redes.

A meu ver, tecnicamente nada justificou este atraso e transtorno para os moradores afectados e a dona da obra, presumo que a Indáqua ou Câmara Municipal, devia exgir responsabilidades ao empreiteiro pela longa demora na reposição dos estragos. Não creio que tenha contratado apenas meio trabalho. 

Eu próprio não fui dos mais penalizados porque com a habitação no troço não intervencionado, mas deixei de nela circular, pois quatro vezes ao dia atravessar aquelas valas fundas era despesa garantida na oficina automóvel.

Finalmente, começaram a repor a situação, estando, à data, parte das valas já repavimentadas. Ainda bem mesmo que peque por tardia.

Em todo o caso, tal como a perpendicular, a Rua da Zona Industrial, está a precisar de uma repavimentação geral, porque degradada, sobretudo no entroncamento com a Rua Nossa Senhora de Fátima, mas isso, parece-me, não será seguramente para já. É esperar!

Tio Neca - 100 anos


Completar um cento de anos de vida é um dom que Deus concede apenas a poucos e com ainda alguma capacidade de sorrir, ainda a menos. Uma benção dessas calhou ao meu tio Neca Almeida.

É certo que se a idade não tem medida, tem seguramente peso e por isso esperar que o tio Neca ainda fosse capaz de dançar um vira ou de manter um diálogo coerente e lúcido era pedir demais. A sua audição, ou falta dela, também não ajuda a qualquer comunicação.

Se ainda tem dias em que a memória, como num denso mar de água, ainda vem à tona respirar sofregamente e ser capaz de identificar quem se apresenta na sua frente, hoje, porém, talvez pela ida ao barbeiro, deixou-o mais distante das memórias e dos rostos de quem durante uma vida se habituou a partilhar e a rever. 

Ainda assim, o sorriso a acompanhar uma cantoria cuja melodia e letra só ele sabe onde compostas.

Mas teve a sua festinha onde conseguiu soprar as velas. Não as 100, porque não caberiam no bolo, mas uma sobre cada algarismo.

No fundo ficamos com a alegria de saber que naquele espaço está bem tratado e cuidado, com uma equipa de colaboradores dedicados e em boas instalações.

 Obrigado a todos, para além dos vários sobrinhos, que tiveram a oportunidade deste simples mas significativo momento.

Obrigado ao Sr. presidente da União de Freguesias, David Neves, e sua colaboradora, por também se associar com genuíno interesse a este momento, que é naturalmente privado e pessoal mas simbólico para toda uma comunidade. Afinal é o seu elemento mais velho, de todos entre todos.

Obrigado ao meu irmão Adérito e minha cunhada Madalena que em muito têm feito pelo nosso tio, no que toca a dedicação e cuidados. Tivesse ele filhos e não seria garantida melhor dedicação.

Parabéns, tio Neca! Talvez, quem sabe, lá no fundo do espaço misterioso que nos rodeia e nos faz seres humanos, de algum modo consiga percepcionar a importância deste dia e desta data.

Os que virão pouco interessa, desde que permitidos por quem rege os mistérios insondáveis da vida.















Nota posterior:

A todos quantos sentidamente expressaram pelo Facebooke por mensagem privada os parabéns pelos 100 anos de vida do meu tio Neca, em meu nome e dos demais familiares e naturalmente dele próprio, quero transmitir o agradecimento. 

É certo que como comunidade vamos andando cada vez mais dispersos e alheados do essencial e muito voltados para nós próprios, mas importará sempre guardar uns segundos a olhar para os demais, sobretudo para os mais velhos e que ao longo dos anos e das gerações, cada um no seu lugar,  ajudaram a tecer a teia que é uma comunidade. Mesmo que em rigor não os conheçamos ou há muito tempo que não os vejamos.

Não devemos esquecer o nosso passado e o passado dos nossos nem, sobretudo, trocá-los por coisas que, parecendo espampanantes, espremidas não valem um centavo furado.
Obrigado a todos quantos compreenderam esse sentido primordial do respeito e carinho para com os nossos anciãos e que neste caso em concreto o expressaram aqui.