23 de junho de 2023

À vontade e à vontadinha

O que impressiona de todo este caso relacionado à imigração ilegal, tráfico de pessoas, exploração laboral e apanha ilegal de bivalves no estuário do Tejo, na zona do Samouco - Montijo, bem como noutras zonas do país, é a indiferença e incapacidade das nossas diferentes autoridades. Pois se então toda esta situação era conhecida de há muito, a envolver várias centenas de pessoas e de forma pública, visível e descarada, como é possível que a mesma perdurasse no tempo. Para que serve o SEF, as autoridades marítimas, ambientais e policiais? Não teria sido possível acabar com aquilo logo nos primeiros dias?

Com o aparato desta recente operação que conduziu à constituição de vários arguidos, supostamente da organização criminal, em rigor depois de feitas todas as contas, daqui a largos meses, poucos ou ninguém serão criminalizados. Mesmo por parte dos pobres imigrantes, compreendendo-se a sua situação de fragilidade, mas, porra, também eles, na sua larga maioria, sabiam desde o primeiro momento que estavam no país em situação ilgal e também a exercerem uma actividade igualmente proibida. Por conseguinte, largas dezenas ou mesmo centenas são também eles ilegais e que devem, quanto antes, serem remetidos à procedência. Mas em rigor, à larga maioria isso não vai acontecer e vão ficar por cá, já não às mãos dos supostos cabecilhas das redes mas ao encargo de todos nós. Mais uma vez o Zé Tuga vai ajudar a subsidiar gente ilegal e que exercia actividades ilegais.

Somos assim uns mãos largas, uns bonacheirões que deixamos que os imigrantes ilegais e respectivas redes de tráfico e ajuda à imigração ilegal andem por aí com relativo à vontade, ou mesmo à vontadinha. Podem ser pessoas pacíficas e que apenas pretendem melhores condições de vida do que a que viviam nos seus países, mas com este à vontade por parte das autoridades, bem que podiam ser todos terroristas e criminosos de primeiro grau que à rédea solta continuariam.

Assim não! Pessoalmente sou a favor da imigração, até porque somos um povo de emigrantes, mas de forma controlada, sustentada, integrada e que se saiba o nome, origem e morada de cada um. E, claro, com visto de residência com base em contratos dignos de trabalho digno.

Para além de tudo, custa a crer que tenhamos entre nós políticos e políticas que defendem o escancaramento das portas deixando entrar tudo e todos, sem qualquer controlo ou escrutínio. Podemos ser um país acolhedor mas não precisamos de andar sem cuecas de rabo no ar a apnhar sabonetes.

Não é pedir muito!

21 de junho de 2023

Meter água...

Um cliente da Indáqua Feira paga a sua factura com 15 dias de antecedência e nada recebe de juros. Pelo contrário, atrasa-se no pagamento da factura em apenas 1 hora, e porque a referência multibanco emitida não tem qualquer dia de prazo adicional, ao contrário de, por exemplo, outros serviços como a MEO, e permite-se cobrar juros de mora, mesmo que apenas o ridículo valor de 0,01 euros.

Há limites para a falta de bom senso e acima de tudo de pouca vergonha. Não é um bom relacionamento com o cliente. Mas isto, em grande ou em toda a parte, acontece porque este tipo de empresas concessionárias de serviços exclusivos permitem-se a arbitrariedades ou a estas desproporcionalidades.

Por conseguinte, uma empresa destas só pode merecer a desconfiança e pouco apreço por parte dos clientes.

20 de junho de 2023

Quando a genialidade é interrompida demasiado cedo

Wolfgang Amadeus Mozart [Salzburgo - Áustria, 27 de Janeiro de 1756 – Viena, 5 de Dezembro de 1791], foi um dos maiores compositores clássicos da história, que faleceu aos 35 anos. Sua morte prematura privou o mundo de um gênio musical em pleno desenvolvimento. Mozart, mesmo com idade tão jovem, deixou um legado extraordinário de obras-primas em uma variedade de gêneros musicais, mas sua morte interrompeu um potencial ilimitado de criação. Sua música, caracterizada pela beleza, complexidade e inovação, influenciou gerações de compositores e continua a encantar e inspirar até os dias de hoje. Imaginar o que Mozart poderia ter composto se tivesse vivido mais tempo é uma fonte de constante fascínio e lamentação para os amantes da música clássica, de que me incluo.

Carlos Paião [Coimbra, 1 de Novembro de 1957 — Rio Maior, 26 de Agosto de 1988], um talentoso cantor e compositor português, faleceu aos 30 anos. Tal como Mozart, embora em diferentes tempos,  estilos e diemnsões na arte musical, deixou uma marca indelével na música popular portuguesa com suas letras inteligentes, melodias cativantes e performances carismáticas. Carlos Paião foi uma figura única e irreverente na cena musical portuguesa, e sua morte prematura foi sentida profundamente por seus fãs e pela indústria musical como um todo. Suas canções alegres, como "Playback", "Pó de Arroz", "Cinderela" e tantas outras, são clássicos intemporais que capturam a essência do seu talento artístico. A perda de Carlos Paião representou a interrupção de uma carreira em ascensão, privando-nos de sua criatividade contínua e do potencial de influenciar novas gerações de músicos em Portugal.

Quando músicos talentosos como Mozart e Carlos Paião morrem jovens, perdemos não apenas suas obras-primas imediatas, mas também a oportunidade de testemunhar seu crescimento artístico e suas contribuições futuras. A música é um processo contínuo de exploração, evolução e experimentação, e é profundamente triste quando essa jornada é abruptamente interrompida. O legado deixado por esses músicos talentosos é inegável, mas é impossível não imaginar o que mais eles poderiam ter realizado e como suas obras poderiam ter evoluído ao longo do tempo.

A partida precoce de artistas geniais como Mozart e Carlos Paião serve como uma recordação permanente da fragilidade da vida e da perda imensurável do legado artístico e musical que poderia representar caso vivessem muitos mais anaos. Para além da genialidade do que ficou escrito, quantas mais obras primas ficaram por escrever e deliciar todos quantos apreciam a arte musical?

Sem dúvida que nas devidas distâncias e particularidades, a memória e a influência desses músicos talentosos permanecem vivas, mas também carregam a dor daquilo que poderia ter sido, deixando-nos com um senso de perda profunda e uma lembrança da efemeridade da vida.

19 de junho de 2023

Factos e perguntas - Condecorações e motos


Facto: O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou esta quinta-feira o Rei Carlos III do Reino Unido, em Londres, com o Grande-Colar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, anunciou a Presidência. 

Pergunta: A que propósito? O que é que de relevante para o nosso país fez sua excelência o king Charles III? Não teria sido mais proveitoso condecorar um trolha ou pedreiro que por este país fora ajudam a construir casas e muros?

Facto: Um tal de Miguel Oliveira, corredor de motos, parece que ficou em 10.º lugar numa corrida de GP na Alemanha.

Pergunta: E porque é que a imprensa portuguesa continua a dar tanto destaque a alguém que ou desiste ou faz lugares longe do pódio? Bem sei que já fez umas classificações engraçadas, mas no geral e em média, parece-me, a coisa não merece notícia quanto mais destaque. Mas deve ser algo muito importante para a nação, assim como noticiar que o Al-Nassr do Ronaldo jogou com o Al-Fateh ou que o tenista português João Sousa somou a 9.ª derrota consecutiva.

Enquanto isso, o Quim da Nanda fez equipa com o Inácio dos Diluentes e venceram o 10.º Torneio de Sueca do Café Primavera e nem uma noticiazinha em roda-pé. Como dizia o Calimero: - Mas é uma injustiça, pois é!

18 de junho de 2023

Olha p´ra nós conectados e estimulados à natureza

Neste Sábado, nova caminhada num trilho repleto de pontos de interesse. Por terras férteis e verdejantes de Penafiel onde o Sousa é rio que aglutina toda uma rede de ribeiras frescas que fecundam  leiras e várzeas. Como diria qualquer mestre das coisas transcendentes, foi uma jornada conectada e estimulante com a natureza, repleta de good vibes, ou lá o que isso queira dizer para quem não é camone. Mas estimulante na justa medida, porque com estimulação a mais pode-se perder o rumo das coisas.

Trilho muito interessante com o nítido contraste dos íngremes caminhos que o Criador numa revolta transcendente de matéria primordial em lava pavimentou de xisto crespo, e carreiros frescos por entre sombras de carvalhos, castanheiros, choupos e loureiros entrelaçados de madre-silva, talhados ao sabor das levadas aguarentas que roubando as águas ao límpidos ribeiros, onde felizes coaxam rãs, matam a sede estival ao milheirais, cebolais, feijão de vagem ou tomateiros que povoam hortas e quintais de aldeias ainda marcadamente rurais.

No ponto mais alto da jornada, pegados na Pegadinha, onde é rei e senhor o xisto negro e luzidio, há um baloiço para balançar e miradouro para mirar aldeias, torres de velhas igrejas e campanários de novos templos em betão. Ainda um banco do amor onde deve ser aproveitado a propósito.

Naqueles montes, qual reino inóspito de fragas onde só a carqueja encontra fraco sustento, também a Aveleda encontrou lugar para o plantio de hectares e mais hectares de vinha verde, em cachos de loureiro de arinto e avesso, que lá para Setembro, depois de os dourar o S. Tiago, há-de produzir o melhor verde da região. Um exemplo de que com investimento, tecnologia e trabalho duto, é possível transformar montes e encostas crespas em riqueza e oportunidade de trabalho e emprego, isto, claro, para quem quiser trabalhar. E se os indígenas portugueses já são esquisitos e não se vergam a apanhar cachos de uvas ou mirtilos a preço de uva chorona por 5 ou 6 euros à hora, é vê-los, alojados em contentores xpto, nepaleses, africanos e de outras migrações, a conformarem-se com dois euros à hora, que bem aproveitados, em meia dúzia de meses os transformam nos ricos senhores das pobres terras de onde vieram. Mirtilos, uvas e até mesmo kiwis baby ou anões, dos quais dizem que lá para Agosto estarão á venda mais caros que a cereja do Fundão ou das melhores trufas  da Provença francesa.

As coisas são mesmo assim. Andamos para aqui feitos morcões a trilhar caminhos nunca dantes navegados, quando a maioria, não larga os modernos cruzeiros de quatro rodas que silenciosos e fresquinhos passam nas estradas sem se deter, olhando apenas o que a vista alcança, quando o que é preciso é parar e pôr pés e pernas ao caminho e de encontro à carqueja, urze, granito  e xisto. Outros, daqueles que pagam para correr, não o fazem com a devida calma e o relógio vibra a cada quilômetro a avisar do ritmo e do tempo. Os olhos apenas descem para baixo para calcular o terreno onde vai assentar a sola das nikes, adidas e asics. Ao longe ou ao perto não há tempo nem lugar a apreciar a verdura magra da carqueja, os olhos da esteva, ou identificar que pássaros que no bosque nos presenteiam com uma matinal sinfonia polifónica. Siga! O dorsal custou dinheiro e o chip preso ás botas anseia por transpor  a meta que dita lugares no pódio e que hão-de servir para inflamar alguns egos. Siga!

O restabelecimento, o restauro, recomendado num sítio que a sabedoria do povo trabalhador procura a horas certas e onde não há lugar a provas ou tempo para os gestos da praxe para aceitar o vinho todo xpto, ou torcer o nariz em sinal de que sabe a rolha. Siga!

Ali, no Ruli, um almoço é isso mesmo, comer uma refeição rápida, tradicional, saborosa e ainda econômica, mas simultaneamente uma lição de como é possível conciliar eficiência com saber. Um autêntico homem polvo. Ali não há tempo para descrever a lista das refeições, dos ingredientes e da forma do preparo. Franguinho sob caminha de batatinha nova, untado com azeite extra-virgem aromatizado com louro e tomilho e com uns filamentos de cebola vermelha. Foda-se! Isso é para quem está disposto a pagar 50 euros por cabeça e não para quem se contenta a pagar 7. Ali pergunta-se de rajada: - Feijões ou frango? E basta olhar para os vizinhos comensais para se perceber que feijões é feijoada à transmontana e frango é ele mesmo, assado no forno com batata, acompanhado delas, arroz e salada de alface e cebola de Penafiel. Siga! Nem há terceira escolha porque isto de menage à trois sai bem é na cama. À mesa é uma perda de tempo e desiquilíbrios de binómios.

O vinho é bom,  fresco e barato, e escorrega como a cascata de Castelões na ribeira de Lagares ou de Ribas, produzido de encomenda para a casa. Se pedir mais um copo vem a garrafa e paga o mesmo. Na terra de bom vinho verde não se perde tempo a discutir preços e quantidades. Cada minuto conta e o homem mesmo parecendo ter oito braços, não tem dez.

Também na sobremesa não se esbanja o precioso tempo a distribuir cadernetas de cromos de gelados da Olá nem a repetir vezes sem conta as iguarias e doces. Vem a travessa com uma carrada de taças iguais de mouse e de outras coisas de que nem vale a pena perguntar de que são feitas. Se agrada ao olhar é pegar e andar.

Na mesa é escusado pedir café e depois a conta. É levantar o cu e ir tratar disso no balcão. Lá toma-se, paga-se e vai-se à vida, porque lá diz o ditado que "amigo não empata amigo".

Sem querer, ficamos amigos e clientes do Ruli da Fonte da Arcada. E já como clientes, bem como os amigos e fornecedores, só não ficamos para a comemoração do 24.º aniversário do espaço, programada lá mais para meio da tarde, porque apenas em solidariedade com o porco, o qual apesar de ir para a matança, não tinha sequer sido convidado e na aldeia seria o único que não sabia o que lhe ia acontecer. Dali a horas estaria a ser servido em fêveras e rojões regados com o verde a jorros.

A vida é mesmo assim e dela até a morte, de gente ou de porco, faz parte. Dá-nos pena, pois dá, mas a celebração da existência é feita destas pequenas e grandes coisas, de alegrias e tristezas mas também de vida e morte. Sem  deslumbramentos supérfluos. Sem tops, sem uaus, sem emojis sorridentes e outras lambe-cuzices. 

Feita a crónica, de seguida estampam-se alguns dos muitos olhares colhidos na jornada. Mas isto de tirar fotografias a bosques, ribeiras,  calhaus, flores e passarinhos, dá cabo das médias. Que se foda!