18 de março de 2024

Nossa Senhora da Conceição como madrinha de baptismo


Nos velhos assentos paroquiaIs há sempre coisas interessantes ou curiosas a descobrir. Por exemplo, neste assento de baptismo de Custódia, filha de Custódio António de Pinho e de Joaquina Maria Baptista de Jesus, da Casa da Quintão, do lugar do Outeiro, nascida a 19 de Setembro de 1870, para além de outras informações, ficou-se a saber que teve como padrinho Manuel António de Pinho, avô paterno da baptizada,  e como madrinha, nem mais nem menos que Nossa Senhora da Conceição, sendo tocada com a sua coroa segurada por um João Cando, jornaleiro.

Não deixa de ser inédita esta situação pois de centenas de assentos já analisados não detectei esta situação em outros baptismos.

Seria vulgar? Qual a legitimidade canónica de tal acto? Desconheço mas a investigar mas certamente que não será caso único.

Maria Celeste da Conceição Guedes - Mulher centenária



Maria Celeste da Conceição Guedes, nasceu no dia 18 de Março de 1924, no lugar da Leira da nossa freguesia de Guisande. Está pois, neste dia de hoje, de parabéns, porque a celebrar o seu 100.º aniversário, no que certamente é um motivo de alegria para ela própria, para as filhas e todos os seus familiares..

A Maria Celeste é filha de António Augusto Guedes e de Maria da Conceição, da Casa do Ferreiro, da Leira.

É neta paterna de Manuel Augusto Guedes e de Rosa Gomes da Silva.

É neta materna de Bernardino Caetano de Azevedo e de Clemência Rosa.

Teve como padrinho de baptismo o seu tio paterno Pe. Delfim Augusto Guedes, o qual paroquiou S. Vicente de Louredo, Santa Eulália de Sanguedo e Santo André de Escariz, em cujo cemitério local está sepultado.

A Maria Celeste casou em 17 de Agosto de 1946 com Manuel Fernandes Coelho, falecido em 20 de Março de 1973 quando tinha apenas 50 anos de idade.

Tiveram várias filhas, de que me recordo a Odete, a Conceição, a Deolinda, a Rosa (com quem cheguei a trabalhar), a Jerónima, a Manuela e a Celeste. Não sendo caso único, é, todavia, e de algum modo, pouco vulgar um número tão grande (sete) de apenas raparigas.

100 anos representam uma longa vida que faz dela a mulher e mesmo a pessoa mais velha da nossa freguesia, já que o homem que até há pouco detinha o estatuto do mais velho, o meu tio Neca Almeida, do Viso, faleceu em meados de Fevereiro depois de ter celebrado o centenário em Outubro passado.

A Maria Celeste tem ainda a sua irmã Palmira, no lugar da Gândara, também ainda viva e a caminho do centenário, que dizem estar bem de saúde apesar de cega há já vários anos. Que Deus também a conserve se for essa a Sua vontade.

Por tudo, pela sua longa vida e família que constituiu e criou, apesar de ter perdido o marido muito cedo, é uma graça e benção de Deus. Para além da generosa idade, dizem que ainda tem uma relativa mobilidade e com lucidez bastante para fazer o seu dia-a-dia, mesmo que com as naturais limitações. É de facto uma benção para ela, para as filhas e família, bem como também para a nossa comunidade, que assim também deve rejubilar-se, agradecer a Deus e sentir orgulho por ver uma das suas pessoas a atingir este marco e este exemplo de vida.

Que Deus a conserve pelos anos que ainda quiser! Bem haja e parabéns!

16 de março de 2024

O "rapa orelhas"

Há dias confidenciou-me o Ti  Manuel do Mouco, sem qualquer assomo de cristandade e sem dar crédito ao ensinamento evangélico da necessidade de perdoar 70 vezes 7,  que se houver juízo e sentido de justiça no Além, deve estar a arder nas labaredas do inferno, desde há cinquenta e tal anos, a besta quadrada que a ele e a outros mártires ensinou a ler, a escrever e a fazer contas na pobre e única escola da aldeia. Era o professor o terror da criançada e era entre ela conhecido como o "rapa orelhas",  já que com a negra cana de bambu, colhida do canteiro que mantinha na horta só para o abastecer desse apetrecho disciplinador, lhes ceifava sem dó nem piedade as orelhas ou o que restava delas. E daí, quem se surpreende por alguns dos nossos mais velhos apresentarem-se com orelhas caídas como perdigueiros ou calejadas?

Mesmo que não quisesse dar crédito ao azedume ou mesmo ódio do Ti Manuel ao "rapa orelhas", devia ter sido mesmo verdade a ter em conta outros iguais testemunhos de quem teve tão duras lições nessa velha escola. Eram as orelhas, eram as mãos, a cabeça e tudo quanto fosse carne e osso a merecerem os impiedosos castigos do irado professor, com tareias acompanhadas de "elogios" que mais pareciam uma lista de todos os animais domésticos e selvagens, desde o burro e porco ao urso e ao camelo. Até nessa lengalenga era uma lição de fauna a que aqueles pobres coitados aprendiam de cor e salteado de tanto ser repetida.

As crianças faziam de tudo para fugir à escola, como fingir que estavam doentes, chegando mesmo a ferir-se e a emborcar azeite para ficarem de caganeira, mas em regra pouco compaixão encontravam nos pais que não raras vezes aos castigos do professor somavam outras tantas tareias em casa. Por isso queixas era melhor não as fazer quanto mais queixinhas.

Tempos duros esses, com exageros. Nem todos os professores eram assim, mas em boa verdade, quase todos. Deviam ter em comum a disciplina de como bem arriar na canalha.  Hoje em dia os absurdos são outros e o barco deu uma volta de 180 graus e são agora os alunos a pôr em sentido os professores e se preciso for vão lá alguns dos pais acrescentar a disciplina a quem a devia administrar.

Estará, pois, a arder, desde há mais de meio século o professor franzino mas de mãos e braços duros e implacáveis na arte de ensinar á moda antiga e de como matar piolhos à canada e por sentença do Ti Manuel do Mouco continuará a arder por mais uns séculos. Mas haverá  mesmo inferno? Chegou a arrepender-se? Ou, em vez de estar a arder nas labaredas alimentadas a enxofre e alcatrão anda por lá a pôr o diabo em sentido e também a castigá-lo nas orelhas e nos chifres?. É que sempre ouvi dizer que certas pessoas são tão más que nem o diabo consegue lidar com elas.

Partiu o Chico

O meu gato, de que aqui há poucos dias dei conta de não aparecer em casa, como lhe  era habitual, encontrei-o hoje, morto, na valeta, com todos os sinais de ter sido envenenado.

Não longe de casa. Naturalmente não sei quem para isso contribuiu, nem quero saber, porque a quem foi não lhe perdoarei. Não é próprio de cristão, mas por ora, com este sentimento de alguma raiva e frustração por ver um animal tão bonito e delicado, com menos de dois anos de vida, resgatado à nascença de uma morte certa por abandono da mãe, morrer assim, custa e dói.

Mas é assim a vida dos animais e dos gatos e o preço de ser livre tem custos, como este. Ainda há dias, já na procura, por indicação de alguém, a que volto a agradecer, ali no lugar de Azevedo no limite com Guisande, também um outro gato morto, parecido nas cores, mas que não era o meu.

Já está sepultado o Chico, ao lado de outros, da Chica, da Lira e do Pança, à sombra da laranjeira e de touças de cidreira e loureiro.

Preferia que estivesse vivo, mesmo que roubado por alguém, mas a morte por vezes é retemperadora porque mesmo que dolorosa encerra a dor maior que é a angústia e a dúvida sobre alguém que não sabemos onde pára, onde está, com quem, se morreu e em que circunstância. Isto para um animal de estimação, mas obviamente que com todo o sentido sobre uma pessoa, e por isso percebe-se a angústia de um pai ou uma mãe que vê um filho ou filha desaparecer sem lhe saber o rasto e destino.

Já descansa o Chico, em paz. Não teve sete vidas como dizem que têm os gatos, e a que teve foi curta mas feliz. Podia durar, pois podia, mas o seu instinto de gato queria andar por fora e ser livre. Foi-o!

O meu agradecimento aos poucos que no Facebook se preocuparam com o assunto e partilharam. Bem hajam! A maioria já não liga a estas coisas e apenas as boçalidades e banalidades têm eco. É o que é e de uma laranjeira não se pode esperar que produza azeitonas.

14 de março de 2024

O carteiro já não toca duas vezes


Vão longe os tempos em que o carteiro nos merecia tanta confiança quanto o médico ou o padre. 

Como sou rapaz que já não vai para novo, ainda sou do tempo em que o carteiro andava de bicicleta e quando passava ao fundo do lugar, o toque da sua corneta chamava a gente que esperava carta. Era assim diariamente e quase sempre com pontualidade.

Mas isso já foi há muito, num tempo em que havia a mania das pessoas serem sérias e responsáveis cumprindo a sua profissão, sobretudo quando implicavam serviço público, com honra e sentido de dever.

Hoje em dia todos sabemos  como é que andam os correios, o CTT, numa balbúrdia tal que já nem sabemos se é carne, peixe ou nem uma coisa ou outra. Terá dono? Quem manda? Quem responde pelo reles serviço prestado?

Por conseguinte, pelo menos por cá, anda tudo ao sabor do vento e a correspondência vai sendo distribuiída conforme dá mais jeito. Assim, não raras vezes, alguma dela chega tarde e a más horas e mesmo com prejuízo. Ainda agora, nesta semana, a minha esposa recebeu uma convocatória para um rastreio já depois da data. Mesmo para a entrega de uma carta registada não se perde tempo a verificar se está alguém em casa. É mais fácil e rápido e colocar o aviso de que terá que ser levantada no posto, com a fácil justificação de que ninguém atendeu. 

Certamente que para além de um eventual mau profissionalismo,  no geral os próprios carteiros são vítimas do sistema e desorganização da empresa, que não lhe dá as devidas condições de trabalho e de acordo com as responsabilidades, porque não raras vezes andam assoberbados de correspondência para circuitos extensos e horários apertados.

Com frequência há relatos de atrasos nas cartas de cobrança de serviços, como dos telefones, da água e electricidade, levando, por falta de pagamento atempado, à aplicação de coimas, ameaças de cortes e de todos os incovenientes para pagar depois dos prazos.

Uma autêntica balbúrdia e obviamente que não há como fazer queixa porque é causa e tempo perdidos. Posto isto, e para além da questão da desorganização dos postos, que vão sendo suprimidos ou mudados de poiso, o carteiro já não toca duas vezes e na maior parte das vezes já nem toca vez nenhuma.

13 de março de 2024

Estar na horta e não ver as couves


É velho o provérbio de que andamos sempre a aprender. Independentemente do tamanho do rei que alojamos na barriga, mais ou menos viajados, estudados ou analfabetos, somos levados a concluir que já vimos de tudo no mundo e que já nada nos surpreende na vida e muitos até garantem que já viram um porco a andar de bicicleta, uma vaca a voar ou uma bicha de sete cabeças.

Certo é que passe os exageros e os exagerados, há realmente coisas que, fora do foro da fantasia, não deixam de nos surpreender e se não de completo pasmo ou de boca aberta, pelo menos o bastante para ficarmos a matutar como tal é possível. E o que não faltam são casos ou episódios a merecerem tamanha surpresa. 

E não estou a falar de alguém que, sabe-se lá com que motivação, anda a varrer a estrada em frente à sua porta, o que nem seria descabido, mas para além dela em largas dezenas de metros. Tivesse a Junta de Freguesia funcionários assim tão zelosos e tudo andaria num brinquinho. Ou mesmo se toda a gente varresse a rua na frente da sua porta. Mas o que me prendeu mesmo a atenção com mais espanto, foi o verificar que agora as pessoas enchem literalmente contentores de resíduos sólidos domésticos, incluindo com troços das couves da horta. Atestadinho. E surpreso, porque imaginei que quem tem uma horta com couves galegas saberá que os troços depois de secos até ardem na lareira, numa fogueira ou mesmo adequados para compostagem. Mas não. Bóra lá encher o contentor!

É de facto espantoso ver o que as pessoas conseguem colocar nos contentores do lixo ou junto dos eco-pontos. Já vi de tudo mas um dia destes vamos dar de caras com um porco amarrado a uma velha bicicleta pasteleira ou uma vaca presa a uma bigorna para não levantar voo.

Reunião interparoquial para definição do programa da Visita Pastoral.


Conforme havia sido previamente agendada e anunciada, decorreu ontem, Terça-Feira, 12 de Março, pelas 20:00 horas, na residência paroquial de Pigeiros, uma reunião interparoquial (Caldas de S. Jorge, Guisande e Pigeiros) que contou com a presença do pároco Pe. António Jorge, o diácono António Avelino Valinho e os delegados das três paróquias ao Conselho Pastoral Vicarial, Eng.º António Cardoso, A. Almeida e Paulo Valinho.

A reunião teve como objectivo a elaboração da proposta do programa da Visita Pastoral, pelo bispo auxiliar do Porto, D. Roberto Mariz, que ocorrerá na semana de 24 a 30 de Junho próximo e que culminará com a administração do sacramento do Crisma.

Dentro do possível foram considerados os momentos antes propostos em reuniões com os representantes dos diversos grupos paroquiais. Alguns dos temas considerados abrangem o acolhimento no primeiro dia (de S. João), Segunda-feira, 24, que em princípio será em Guisande, no Monte do Viso e Centro Cívico, com missa campal e convívio partilhado e sardinhada, encontros com os grupos paroquiais e demais colectividades das freguesias e poder local. 

Seguir-se-ão nos demais dias, visita a bairros sociais e encontro com idosos e doentes e grupos de cariz sócio-caritativo, visitas a algumas empresas e comunidades escolares, encontro e convívio de jovens e crismandos, na Várzea - Pigeiros, na Sexta-Feira, 28, encontro com a catequese e encontro com crismandos no Sábado, 29. 

Também as celebrações religiosas  nas diferentes paróquias e mantendo os mesmos horários das missas e finalmente a celebração e administração do Crisma, no último dia da visita, Domingo, 30 de Junho, que deverá ocorrrer na igreja matriz das Caldas de S. Jorge, sendo que antes e nos horários habituais serão realizadas as missas dominicais, tanto em Guisande como em Pigeiros. Será ainda realizada missa campal na festa que ocorrerá no lugar de Azevedo, em honra de N.ª S.ª de Fátima e S. Pedro.

O programa agora esquematizado será ainda apresentado em novo encontro interparoquial a acontecer no próximo dia 21 de Março, pelas 21:00 horas no Centro Cívico em Pigeiros, onde certamente, sob consulta dos presentes, serão ajustados e definidos alguns pontos. Depois, o programa será proposto ao Sr. Bispo, pelo que ficará ainda sujeito a ajustamentos em função da sua agenda. Só depois é que será dado como fechado e divulgado na íntegra.

A reunião de ontem foi demorada mas proveitosa, tendo durado quase quatro horas, já que eram muitas as questões e momentos a definir e enquadrar com ponderação e algum fio-condutor nos diferentes dias da visita.