18 de julho de 2017

As minhas responsabilidades

Até ao momento não conheço na totalidade a composição e distribuição dos elementos na lista do PSD, candidata à Assembleia/Junta da nossa União de Freguesias, nas próximas Eleições Autárquicas de 1 de Outubro. Sei, sim, que da equipa do actual executivo apenas o presidente será recandidato, de resto foi já apresentado oficialmente na última sexta-feira (14 de Julho) em jantar-comício no Europarque.

Por conseguinte, percebe-se que não se recandidatam os restantes elementos, a secretária (Louredo), o tesoureiro (Gião) e os dois vogais (Guisande e Lobão), nos quais me incluo. Independentemente das razões e motivos de cada um, pela parte que me toca, para além de outras razões, incluindo as pessoais, obviamente que saio porque desiludido e decepcionado. As coisas não correram de acordo com as minhas expectativas iniciais nem com as expectativas que em campanha, cara-a-cara, transmiti à generalidade dos eleitores, numa fundada esperança de mudança para melhor. Do programa eleitoral apresentado à população, dos sete pontos principais definidos para Guisande, em rigor nenhum foi ainda cumprido, apenas um ou outro parcialmente, e já faltará tempo para que ainda se concretizem no presente mandato. Por outro lado não custa reconhecer que a Junta mostrou incapacidade nalguns aspectos básicos como a limpeza regular de valetas, ruas, espaços ajardinados e tapamento de buracos. Para estas dificuldades e incapacidades em muito contribuíram as responsabilidades e dívidas transmitidas por anteriores juntas, incluindo a de Guisande, que condicionaram o alargamento do reduzido quadro de pessoal e algumas obras perspectivadas, bem como um mandato encurtado devido às eleições intercalares, pois o que seria o primeiro ano foi gasto numa gestão corrente que adiou ou agravou algumas necessidades da União. Com mais um ano no mandato certamente que ainda muito seria concretizado. Por outro lado, os inerentes obstáculos e custos com as mudanças decorrentes da nova organização administrativa que já tendo sido ultrapassados em muitos aspectos, ainda há situações a resolver e que certamente passarão para o futuro executivo. Mas percebe-se que estas dificuldades e constrangimentos surgidos são situações que a generalidade dos eleitores ignora ou não quer reconhecer, o que de resto é condizente com o desinteresse e pouca participação do público nas assembleias de freguesia.

Por conseguinte, mesmo que ocupando um cargo menor e sendo apenas um elemento numa equipa de cinco, sem responsabilidades directas no modelo de gestão seguido, diferente até do que desde o início preconizei, em que defendia alguma autonomia e distribuição de poderes e competências para cada um dos representantes de cada freguesia e no âmbito de cada uma, e porque entendo que as coisas não se resolviam com "pressões", "murros na mesa" nem com ameaças de demissão, sempre procurei cumprir as minhas obrigações, porventura acima do exigível a um simples vogal. Procurei privilegiar o diálogo e a cooperação em detrimento do confronto ou da ruptura, colocando sempre as questões e alertando para as necessidades que iam surgindo no dia-a-dia.

Neste contexto e num sentido geral, entendo que quando termina um ciclo e quando consideramos que nele não cumprimos os objectivos propostos e as expectativas criadas, mesmo que com naturais e pesadas condicionantes, temos que ter a ombridade de reconhecer o que falhou, assumir as nossas responsabilidades e sair de cena para dar lugar a outros. Porque esta é a minha maneira de pensar, e cada um pensará pela sua própria cabeça, pela parte que me toca é o que farei terminado o mandato e com ele um ciclo de participação e cidadania. Entendo que é assim que funciona em democracia a disputa de cargos públicos. O importante é que em todo o processo cada um tenha a sua consciência tranquila e sentimento de dever cumprido, e eu tenho seguramente. Daí, em grande parte, pela assunção desta minha responsabilidade, a decisão de não me recandidatar na mesma lista onde há três anos entrei como independente. Para o futuro, noutro ciclo, com outras pessoas e com outros projectos, tudo será possível.

Quanto a quem fica, a quem sai e a quem entra, mesmo que tenha opinião, por enquanto é assunto que não me preocupa e sobre o qual não me quero pronunciar. Mas, para todas as listas, desejo que façam obviamente o seu papel e deem o seu melhor e que o povo escolha, tanto quanto possível, ciente, consciente e esclarecido. O importante é que o território e a população sejam sempre tidos em conta, independentemente de quem venha a vencer e ser chamado a comandar os destinos da nossa União de Freguesias nos próximos quatro anos. Não tenho dúvidas que todos, por diferentes projectos e modelos de gestão, quererão o melhor para a nossa União e para cada uma das suas quatro freguesias, como não tenho dúvidas, também, de que independentemente de quem venha a dirigir a Junta no próximo mandato, terá bem melhores condições para realizar um bom trabalho, desde logo porque muito caminho já foi arrepiado, e porque certamente a actual tesouraria não transmitirá calotes nem pesados compromissos que condicionem a sua acção.

Américo Almeida

Post Scriptum:
Como o próprio título do artigo expressa, esta minha reflexão é obviamente  pessoal e apenas diz respeito à minha posição e opinião e não pretende ser mais do que isso. Não está implícita qualquer crítica ou julgamento a quem quer que seja, mas apenas ao que penso num sentido particular e até mesmo geral. De resto, em democracia e em eleições, em primeira e última análise é o povo, o eleitorado, quem decide ou faz as escolhas a partir do direito legítimo e secreto do voto.  Fazer segundas leituras ou interpretações ficam sempre à responsabilidade e suposições de quem a fizer.